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29 DE ABRIL DE 2017
CapÍtulo um
Izabel
º
Ã
Victor e Niklas trocam um olhar. Olho para trás e para frente entre
eles, o cartão dobrando entre meus dedos apertados. Noto, pelo canto
do meu olho, um corpo deitado no chão atrás do sofá, uma bota preta
no final de uma longa perna sai no chão. Mas eu não digo nada porque
Niklas e Victor já o viram. Eles sabem que é o guarda que eles enviaram
aqui para vigiar Dina e não há nada que precisa ser dito além do óbvio
— quem raptou Dina o matou quando eles invadiram e a levaram.
— Então, é a ex-mulher de Dorian? — Eu digo. — Ela fez isso? —
Olho para Victor. — Quem é ela e onde ela mora?
Victor pega seu celular no bolso do paletó e passa o dedo indicador
pela tela de vidro.
— Victor!
Ele levanta a mão para mim, quando quem está do outro lado do
telefone responde — provavelmente Dorian — e chama a sua atenção.
Aperto meus dentes atrás dos lábios fechados e espero
impacientemente.
— Sim, havia outra nota — Victor diz para o telefone e depois lê
de novo a nota para Dorian lembrando palavra por palavra. — Sua ex-
mulher é capaz de...
— Coloque-o no alto-falante — corto com urgência, aproximando-
me de Victor.
Sem hesitar, Victor desliza o polegar sobre o ícone do alto-falante
e a voz de Dorian entra na sala.
— Tessa não podia lutar nem contra um chihuahua — diz Dorian.
— Não há nenhuma maneira ela possa estar envol... -Ele parece ter
sido surpreendido para ficar em silêncio.
Victor, Niklas e eu olhamos um para os outros.
— Dorian? — Falo mais alto.
Leva um momento, mas finalmente diz:
— Deixe-me ligar para você depois — e imediatamente desliga,
nem mesmo dá tempo a Victor para dizer qualquer coisa se ele tivesse
a intenção.
— O que diabos está acontecendo? — Niklas diz distraidamente.
Dá um passo ao redor do sofá com suas botas pretas de
motociclista de couro e se agacha ao lado do homem morto, com sua
arma saindo da parte de trás de suas calças. Então ele acende um
cigarro.
— O que você está fazendo, idiota? — Aproximo-me resolutamente
e o golpeio, arrancando o cigarro de sua mão. Ele atinge o piso de
madeira; manchas de brasas queimando faíscam do final e se
consomem quando tocam a madeira. — Esta é a casa de Dina, Niklas!
Ela não fuma e você não vai fumar em sua casa!
As mãos de Victor se fecham ao redor da parte de trás dos meus
braços e me afasta com cuidado.
— Controle sua garota, irmão — diz Niklas, seu sotaque alemão
sempre infiltrando-se através do seu perfeito inglês, mas, agora, eu
estou tão acostumada com isso que eu quase não percebo mais. Ele
rosna e pega o cigarro de volta em seus dedos. Então ele vira a cabeça
em um ângulo para me ver e diz: — Eu sei que você está chateada
agora, Izzy, mas não tire isso de mim.
— Pare de me chamar assim!
Victor sussurra perto da minha orelha
— Brigar com Niklas não vai ajudar a encontrar a Sra. Gregory.
Se acalme, ou te levarei de volta para Boston e te deixarei lá.
— Você não faria isso — eu digo sem respirar e sem me virar para
encará-lo, sei que ele faria.
— Eu vou, Izabel — ele diz calmamente e suas mãos escorregam
para longe dos meus braços. — Se você está muito emocionalmente
investida nisso, pode ser que você faça com que a Sra. Gregory seja
morta. Coloque o seu ódio pelo o meu irmão de lado e concentre-se no
que é importante.
Olho para Niklas que ainda estava agachado na frente do corpo.
Ele coloca o cigarro no lado da bota, se afasta de mim e começa a
verificar os bolsos do morto.
— Você ficou macio, irmão — Niklas diz de costas para nós. —
Deixando uma mulher lhe dizer o que fazer. — Ele se levanta e olha
para Victor. — Isto não é o tipo de coisa que fazemos — prossegue. —
Salvar pequenas senhoras. Salvando bichas inteligentes da boca dos
traficantes de drogas mexicanos. Qual é o próximo gato na árvore?
Filhotes em cachimbos?
Levanto o meu queixo, mas não digo nada. Victor facilmente
mantém a calma porque Niklas é seu irmão e até agora ele está mais
do que acostumado com seu comportamento.
Niklas passa por nós.
— Izabel não é a única emocionalmente envolvida também, Victor
— acrescenta com acusação. Ele desliza em torno da esquina e
desaparece. Momentos depois, ouço o som da porta traseira abrindo e
fechando quando ele sai.
Viro-me para enfrentar Victor.
— Este não é o momento — diz ele, já sabendo o tipo de coisas
que eu gostaria de dizer em retaliação.
Mas ele está certo, concentro-me em Dina e esta pessoa misteriosa
ou pessoas que a levaram.
— O que você acha que eles querem? — Pergunto, meus olhos
varrendo o resto do covil por qualquer outra coisa fora de lugar.
— Pode ser um monte de coisas — Victor responde.
Dá um passo ao meu redor para verificar o corpo por si mesmo,
agachado ao lado dele como Niklas fez.
— Não estamos escassos de inimigos, eu temo.
Isso é um eufemismo.
Engulo nervosamente e vou até a mesa de café. A taça de vidros
de doces favorita de Dina está até o topo cheia com os chocolates. Ela
já tinha aquela tigela desde antes de eu conhecê-la, e sempre a
mantinha cheia dos meus doces favoritos — Sweet Tarts1, quando eu
era mais jovem e, em seguida, mini Reese’s Peanut Butter Cup 2 quando
eu crescia. Sento-me na mesa de café ao lado dele, apoiando meus
cotovelos no topo das minhas pernas e descansando minha cabeça em
minhas mãos exaustivamente.
Victor se levanta e se vira para mim, a luz da tela do seu celular
brilhando em sua mão.
Ele responde e coloca Dorian novamente no alto-falante.
— Tessa não está respondendo — Dorian diz, suas palavras cheias
de preocupação. — Vou para a casa dela. Voltarei a entrar em contato
com você assim que eu souber de alguma coisa.
Eles desligam.
Estamos todos pensando a mesma coisa, até Niklas, que acabou
de voltar a entrar na sala de estar depois de vim pela porta dos fundos.
— Acho que estamos fazendo dois sequestros, então? — Pergunta
Niklas, depois de ter ouvido casualmente.
Victor acena com a cabeça e então desliza o telefone de volta
dentro de sua jaqueta.
2
— Quem quer que seja — Victor diz — eles não são amadores. —
Ele suspira. — Eles sabiam onde encontrar a Sra. Gregory mesmo
depois de termos a mudado três vezes no ano passado. — Ele aponta
para o morto. — E duvido que tenha alguma coisa a ver com isso.
— Mas, por que levar Dina e a ex-esposa de Dorian? — Pergunto.
— A conexão é — Victor diz, — que você e Dorian são ambos parte
desta organização. Então, o que eles querem tem a ver com a
organização.
— Você acha que eles vão levar mais alguém? — Levanto-me da
mesa de café.
— É uma possibilidade — diz Victor. — Suponho que depende de
quantos de nós nós ainda têm pessoas em nossas vidas no mundo
exterior que nós nos preocupamos, mas esperamos que não vá tão
longe.
Olho entre Victor e Niklas, uma pergunta óbvia no meu rosto.
Niklas sacode a cabeça, manipulando seus lábios em um lado de
sua boca.
— Eu acho que vocês dois sabem agora que eu não dou uma
merda por mais ninguém. A única pessoa que me importa é o meu
irmão. — Ele olha para mim quando ele diz isso.
Sorrio para ele e me viro para Victor.
Mas Victor não se mete na conversa porque, como Niklas, Victor
tampouco tem outros laços com o mundo exterior.
— E quanto a Fredrik? — Pergunto, mas me sinto estúpida depois
de fazer isso.
Niklas ri ligeiramente, sacudindo a cabeça.
— Realmente, Izabel? — Ele diz com sarcasmo e deixa isso assim.
Não posso discutir com isso, ou criticá-lo por ser um idiota —
Fredrik perdeu a única pessoa no mundo exterior que ele amava, meses
atrás. Matou-a com as próprias mãos, forçada a sacrificá-la como um
cão raivoso. Fredrik Gustavsson é a pessoa menos emocionalmente
ligada em toda a nossa organização. E provavelmente sempre o será.
Três horas mais tarde, enquanto esperamos no nosso quarto de
hotel em New Brunswick, Nova Jersey, Victor recebe a chamada de
Dorian.
— Ela se foi — diz Dorian, tentando conter a trepidação em sua
voz. — A porra da casa foi saqueada. Eles a pegaram, Faust.
Nunca vi ou ouvi Dorian reagir dessa maneira. Para nenhuma
coisa. Eu nunca soube que ele tinha uma ex-mulher. Ele não parece o
tipo de ter uma esposa.
— Não houve nenhuma nota desta vez. Não há mais migalhas de
pão.
— Bem — Victor diz. — Com que rapidez você pode estar aqui
— Eu posso estar aí antes das duas da manhã — responde, —
aposte sua bunda nisso.
— Nos vemos logo — diz Victor, mas antes de terminar o
telefonema, acrescenta: — Traga Fredrik com você.
— Fredrik? Mas eu nem sei onde encontrá-lo — Dorian soava mais
preocupado do que antes, como se forçá-lo a perder tempo procurando
por Fredrik vai fazer com que ele perca a reunião as duas da manhã.
— Apenas tente encontrá-lo primeiro — diz Victor. — Se você não
pode fazê-lo até a próxima hora, venha sozinho e nós vamos descobrir
isso.
Dorian e Fredrik, embora já não eram mais parceiros, ainda
residem em Baltimore. E o parceiro que foi designado Dorian depois de
Fredrik, Evelyn Stiles, ex-CIA, Victor a mudou para algum lugar na
França.
Niklas não está acostumado a ver Victor ser tão indulgente — ele
fica ali com um olhar tem-que-está-me-fodendo no rosto, seus braços
cobertos por uma camisa preta de mangas compridas, cruzou
frouxamente sobre o seu peito, pousados sobre um par de jeans preto
sustentado por um cinto preto com uma fivela de prata, que é a única
parte do cinto que aparece. Niklas sempre usa cores escuras e as
mesmas botas de moto; um tipo robusto de homem que sempre tem
barba facial e não se preocupa com o estilo seu cabelo castanho. Ele
não se importa muito, realmente, certamente não sobre impressionar
ninguém. A coisa engraçada é, porém, ele parece atrair as mulheres
como merda atrai moscas, muito parecido com Dorian. Os dois têm
mais em comum do que qualquer um de nós. Mas, a diferença para
mim, é que Dorian eu posso tolerar — ele nunca tentou me matar.
— Acho que foi uma má idéia dizer a Fredrik que ele pode ficar
quieto por um tempo — Niklas fala.
— Suponho que sim — Victor diz, voltando a colocar o telefone no
casaco, — mas não poderíamos saber que algo assim aconteceria.
Podemos não precisar dele. Esperemos que não.
Olho para o relógio no criado-mudo entre as camas de casal.
— Bem, ele tem quatro horas para encontrá-lo — digo. — E de
alguma forma, eu não acho que ele vai ter muita sorte.
— Eu também não — Victor concorda. — Vamos trabalhar com o
que temos. — Ele olha para mim. — Você poderia tentar chamar
Fredrik. Ele pode responder para você.
Balanço a cabeça.
— Victor, ele não fala mais comigo. Não desde Seraphina. Já lhe
disse isso, mais de uma vez. Diabos, está começando a me fazer
sentir...
— Você tem razão, peço desculpas — diz ele, os olhos de Niklas
rolam para cima em sua cabeça. — Não se trata de confiança, Izabel.
Eu sei que você não está mentindo para mim sobre isso. Mas, o fato
permanece, eu ainda acho que ele iria falar com você.
— Não. Ele não vai — eu digo friamente, mantendo firme a
questão, porque eu já tentei falar com Fredrik e ele me desligou. E isso
machuca. — E além disso, se ele não responder para você, mesmo
quando você lhe deu algum tempo livre, isso é algo que você deve se
preocupar.
— Eu odeio dizer isso— Niklas diz — mas eu concordo com ela.
— Como eu disse — Victor responde — nós vamos descobrir
quando chegarmos a ele. Talvez nem iremos precisar de Fredrik.
Se o fizermos, provavelmente estaremos ferrados.
Fredrik, embora ainda seja um membro vital de nossa organização
— um dos membros mais vitais — também é o mais instável. Não com
seu trabalho — não, Fredrik é assustadoramente bom no que faz —
mas emocionalmente... ele não tem mais emoções. Desde que perdeu
Seraphina, a única mulher que ele já amou e que o compreendeu,
aparentemente a mulher que o ajudou a controlar seus impulsos, ele
não tem sido o mesmo desde então. Ele é agora o epítome da escuridão;
um homem perigoso, lindo, com um animal que vive dentro dele tão
assustador que ele me assusta. E eu não me assusto facilmente.
Eu nunca poderia ter imaginado antes, nunca teria dado um
segundo pensamento, mas eu sinto como Fredrik poderia me matar.
Não que ele fosse me atacar, ou arriscar seu lugar sob Víctor, mas que
se ele tivesse que me matar, ou me torturar por qualquer motivo, ele
faria isso sem questionar ou protestar.
O Fredrik que eu conheci estava morto.
Niklas sai pouco tempo depois e vai para seu quarto no corredor.
— Izabel — Victor diz da mesa em frente à janela, — você precisa
estar preparada para o que poderia acontecer.
— O que você quer dizer?
Levanto-me do fim da cama mais perto da porta e ando até ele,
sentado na sua frente na cadeira vazia. Ele está vestido com suas
calças e uma camisa branca com botões. As veias que correm ao longo
dos seus pulsos vêm de debaixo das mangas e movem-se ao longo das
partes superiores de suas mãos fortes enquanto se apoiam na mesa.
Eu já sei o que ele vai dizer, mas eu ouço de qualquer maneira, e
minha preocupação por Dina cresce muito mais.
— Eu sei que você se importa com a Sra. Gregory — ele diz, —
mas nós não podemos, em nenhuma circunstância, dar informações
sobre a nossa organização para quem a tomou.
— Não se negocia com terroristas — digo com sarcasmo. — Sim,
eu entendi. Mas, também não vou deixar Dina morrer.
— Você pode não ter escolha— Victor diz calmamente.
Aperto minha mandíbula.
— Izabel— ele diz, — você sabia disso. Você sabe disso desde o
dia em que foi oficialmente recrutada.
Suspiro e abaixo a cabeça, tentando segurar as lágrimas.
— Eu sei— eu digo suavemente e com arrependimento
insuperável. Sinto suas mãos segurarem as minhas sobre a mesa, mas
eu não olho para cima.
— Faremos tudo o que pudermos para mantê-la segura— diz ele,
— mas se se tudo se reduz a Sra. Gregory e a ex-esposa de Dorian e a
qualquer outro que eles possam ter levado, e o segredo de nossa
organização e seus membros, então temos que deixá-los ir. Você está
preparada para isso, Izabel?
Ergo a cabeça e encontro seus olhos; uma lágrima cai pela minha
bochecha. Aceno com relutância e engolindo duramente, mas não
consigo encontrar coragem em mim para dar-lhe mais que isso como
resposta.
Este pode ser o meu maior teste de lealdade e valor até agora —
eu só queria que, como no passado, este teste também fosse
orquestrado por Victor, porque então eu saberia que Dina iria ficar
bem. Mas isso não. Sei em meu coração que não é. Victor não tem
controle sobre essa ocasião; não há ninguém no interior como Niklas
estava quando tomamos Willem Stephens em Albuquerque no ano
passado. Dina poderia morrer. E eu posso não ser capaz de evitar.
Eu não vou deixá-la morrer...
CapÍtulo Dois
Izabel
4
diretamente para uma câmera escondida -— e mulher — ela acrescenta
com um sorriso afetado.
— OK, ela definitivamente sabe sobre o quarto estar grampeado
— eu digo, embora realmente não precisa ser dito neste momento.
— Mas nós não estamos aqui para isso — Nora continua, olhando
para Woodard novamente. — Você vai me contar sobre sua família.
— O-o que sobre eles? — Ele gagueja; Ele sempre gagueja quando
ele está nervoso. — O que você quer saber?
— Quero saber sobre seus filhos.
Woodard parece confuso.
Ela ajuda a avançar com ele.
— Olhe para mim, James— ela diz inclinada sobre a mesa e
olhando para ele sob os olhos encapuzados. — Eu não vou soletrar
nada para você. É seu trabalho me dizer o seu segredo por conta
própria.
— Mas eu não...
— Oh, sim, você sabe — ela diz e se inclina para trás novamente.
— Um homem como você, que não é tão estúpido quanto parece, aposto
que há muito sobre você que não sabemos. Não existe?
Ele não diz nada.
— Eu tenho observado você por um longo tempo— ela continua.
— Eu sei onde você mora com sua esposa e duas filhas. Sei sobre as
casas que você frequenta, deixando-as sozinhas... desprotegidas...
— Deixo para protegê-las — Woodard corta na defensiva. — Eu
amo a minha família. Eu nunca deliberadamente colocá-las em perigo.
— A gagueira diminuiu agora que ele está ficando com raiva.
— Claro que sim— diz Nora, — é por isso que suas filhas não
sabem onde, agora mesmo, amarradas a cadeiras — ela levanta as
mãos, as correntes chiam e então olha para si mesma — muito parecido
com isto, na verdade. Mas vamos avançar um pouco. Sobre as tuas
filhas e o segredo que você guarda.
Eu não estou gostando de tudo onde isso parece que está indo.
Victor e eu trocamos um olhar.
— Não sei do que você está falando.
Ela sorri.
— Eu acho que você faz.
Meu estômago está torcendo em nós, ouvindo isso. Se ele disser o
que eu acho que ele vai dizer,
— OK, eu vou te dizer — Woodard diz e abaixa os olhos.
Até agora, eu, Victor, Dorian e Niklas estamos todos pendurados
em sua confissão, provavelmente todos pensando a mesma coisa.
— Eu tenho seis outras filhas — diz ele — com outras quatro
mulheres. Tenho andado a enganar a minha mulher há quinze anos.
Eu... É... o que você queria saber?
Nora sorri com satisfação.
Nós quatro nos sentamos aqui em uma espécie de choque, mas
acredito igualmente aliviado que ele não estava prestes a confessar algo
mais imperdoável. James Woodard pode ter um ataque cardíaco
estúpido em duas pernas, mas todos nós gostamos muito dele.
— Merda, ele acabou de dizer que ele tem oito filhas com cinco
mulheres diferentes? — Dorian diz, surpreso.
— Acho que sim — responde Niklas com humor em sua voz. —
Quem poderia pensou que ele pega mais bocetas do que você, Flynn?
Dorian zomba e balança a cabeça, olhando para a tela.
Nora faz contato visual com a câmera escondida novamente.
— Veja como isso foi fácil? — Ela diz. — Na verdade, isso foi muito
mais fácil do que eu pensava que seria. — Ela entrelaça os dedos na
mesa. — Agora, Sr. Woodard, isso não foi tão difícil, foi? A verdade não
se parece liberadora? — Ela mordiscou seu lábio inferior e balançou a
cabeça para um lado com um encolher de ombros. — Claro, seria muito
mais libertador se contasse a sua esposa, mas você é muito covarde
para isso, não é?
Ele balança a cabeça nervosamente olhando para baixo,
enrolando seus dedos rechonchudos dentro de seu colo, seu pé
firmemente batendo contra o chão.
— A-As minhas filhas estão bem?
— Eu não sei — ela diz sem hesitar. — O agora não é realmente
importante. Como vai ser no momento em que tudo isso acabar é o que
você deve estar preocupado.
— É isso que você quer? — Ele diz. — Para eu confessar a minha
esposa? Para dizer a minhas filhas que eles têm irmãs? Eu não entendo
o que isso tem a ver com nada. Eu não vejo por que você as rapta.
Nora levanta um dedo.
— Você vai descobrir— ela diz com um pequeno encolher de
ombros. — Você tem muito tempo para pensar sobre isso.
As sobrancelhas franzidas de Woodard estavam em sua testa.
— É isso? — Ele pergunta, tão confuso quanto qualquer um de
nós está. — Isso é tudo o que você queria saber? Pensei que fosse tentar
forçar informações sobre o resto de nós...
— Eu não preciso de você para fazer isso— ela diz com confiança.
— Os outros vão me dizer o que eu quero saber, tudo por conta própria.
Confiança só pode ser a torção na armadura de Nora, porque, de
alguma forma, eu duvido que ela vá tirar muito da maioria de nós.
Dorian, talvez, porque a vida de Tessa está na linha e claramente ele
ainda ama sua ex-esposa. Eu — é uma possibilidade muito real que ela
me faça falar por causa de Dina, e porque se é apenas segredos
pessoais que ela quer e não informações sobre a nossa Ordem, então
estou disposta a desistir dos meus segredos para salvar a vida de Dina.
Já dormi com uma garota? Claro que já... eu vivi com dezenas
delas por nove anos quando eu estava presa no México. Nada para se
envergonhar, dormir com uma mulher, embora seja um pouco
embaraçosa. E eu não gostaria de dar Niklas e Dorian esse tipo de
munição para obter ficar sob a minha pele e meu amor mais do eles
estavam.
Já roubei alguma coisa? Bem, roubo é uma espécie de algo que
eu sou muito boa e eu usá-lo para minha vantagem no campo muitas
vezes. Mas Victor já sabe disso. Niklas e Dorian e Fredrik e qualquer
outra pessoa em nossa Ordem, não tanto, porque eu roubei de todos
eles para manter o controle de suas vidas pessoais para Victor. OK,
agora que pode ser prejudicial.
Talvez eu não esteja dando crédito suficiente a Nora.
Agora eu estou nervosa.
Mas Victor?
Ela nunca conseguirá nada com ele. Isso me assusta porque eu
quero Dina viva e se ela morrer, a última pessoa no mundo que eu posso
lidar com sendo a causa disso, é Victor. Se ela morrer por causa dele,
acho que nunca vou conseguir perdoá-lo.
Niklas?
Eu sacudo a cabeça pensando nisso comigo mesma. Niklas, eu
sinto que é exatamente como ele disse a ela que ele é antes de sair
daquela sala — um livro de merda. Então, eu não sei o que ela espera
sair dele, se há alguma coisa para chegar a todos.
Fredrik?
Oh, como é triste para esta mulher que realmente - perdoe o cliché
- mordida de uma maneira maior do que ela pode mastigar. Puxar
informações dos lábios como o sangue de uma veia é o domínio de
Fredrik, um que eu duvido que ela quer pisar.
— Isso foi muito fácil — fala Dorian.
Niklas ri ligeiramente em voz baixa.
— Sim, olha quem está no estande como a primeira testemunha.
Victor, você tem certeza de que testou completamente esse cara antes
de dar acesso a tudo?
Victor acena com a cabeça.
— James Woodard é confiável — diz ele. — Ele pode estar nervoso,
mas não deixe que isso o engane.
Nora sorri para a câmera.
— Quem está vindo para a confissão depois? — Ela diz.
Eu não quero ir. Essa puta me deixa desconfortável.
— Eu vou em seguida — eu falo contra meus pensamentos
internos.
— Tem certeza? — Victor diz.
Eu concordo.
— Sim, eu quero acabar com isso. — Pelo menos essa parte é
verdadeira.
Eu me levanto da cadeira de rodas, puxando as pontas do meu
vestido preto para trás sobre minhas coxas.
— Quanto mais cedo acabarmos com isso — digo, —mais cedo os
recuperarmos.
Dorian acena com a cabeça.
Niklas olha para mim sem nenhuma emoção em seu rosto.
Olho para Victor, uma espécie de contemplação silenciosa nos
meus olhos. Eu não quero que eles me escutem confessar qualquer
coisa a esta mulher, mas eu sei que eles precisarão manter o áudio
aberto no caso Nora dizer algo importante. Então, eu não me incomodei
dizendo o quanto eu não gosto disso, e eu saio do quarto e dirijo-me
para o elevador, passando por um confuso James Woodard no longo
trecho do corredor no meu caminho para baixo.
Quanta mulher poderia realmente saber, afinal? Então, o que se
soubesse o nome completo de Woodard, data de nascimento, tempo de
nascimento, e nome dos pais - todas essas informações podem ser
encontradas em um documento pouco útil chamado de certidão de
nascimento. Ela realmente não disse muito sobre qualquer outra coisa,
então talvez ela estava apenas blefando. Sim, isso é uma possibilidade.
Ela está blefando, e Woodard era a pessoa perfeita para usar para
mostrar ao resto de nós.
Duvido que ela realmente sabe nada sobre mim, muito menos
todos nós.
CapÍtulo Cinco
Izabel
Depois de perfurar o código de acesso no painel da porta, entro
no quarto armada com apenas a minha faca com punho de pérola
escondida dentro da minha bota direita. Levo o meu tempo fazendo o
meu caminho através do quarto e para a cadeira, mas eu não me sentar
uma vez que chego lá. Nora se senta confortavelmente de costas contra
a cadeira, seus braços descansando ao longo dos finos braços
metálicos, suas unhas pintadas de vermelho drapejadas elegantemente
sobre as bordas. Tudo exceto seu dedo mindinho esquerdo.
Eu sorrio pensando nisso sozinha, parando logo atrás da cadeira
vazia.
— Alguma coisa engraçada? — Pergunta Nora.
— Na verdade sim — eu digo com um sorriso.
Eu olho para seu dedo marcado apenas o tempo suficiente para
ela vislumbrar o que eu estou me referindo, e então para trás em seus
olhos castanhos brilhantes enquadrado por cílios escuros e contusões.
— Alguém se cansou de ouvir sua merda e corto-o?
Ela sorri.
Então ela levanta a mão esquerda e move seus longos dedos em
uma forma delicada.
— Eu sinto falta disso — ela diz despreocupadamente e então põe
a mão de volta para baixo no braço da cadeira. — Mas eu não sou a
única a responder a perguntas aqui. — Ela se dirige para minha
cadeira. — Sente-se.
— Acho que vou ficar de pé.
— Não, acho que você vai tomar um assento — ela diz
calmamente, mas com um ar de autoridade.
Ela sorri.
Eu não. E eu também não me sento.
— Eu realmente esperava que você fosse a última — diz ela. —
Quero dizer, vendo como seu segredo é um dos mais escuros.
Isso atrai minha atenção.
Ela inclina a cabeça.
— Eu realmente espero por sua causa que ninguém esteja
escutando nossa conversa desta vez.
— Você não sabe nada sobre mim — eu estalo, não confiante. —
Meu nome verdadeiro — e daí. Isso não é difícil de descobrir. Apenas
como a informação do registro do nascimento de James. Acho que você
é uma fraude.
Nora sorri e move para a cadeira novamente.
— Uma fraude, talvez — diz ela, zombando de mim como sempre,
— mas uma fraude que controla se Dina Gregory vive ou morre, no
entanto. Por favor, sente-se, para que possamos estar ao nível dos
olhos.
Eu torno meu queixo, rangendo meus dentes, mas uma vez mais
ela tem minha atenção.
— Você está perguntando ou dizendo?
— Estou perguntando — ela diz calmamente. — Por favor. Sente.
— Ela abre a mão em gesto.
Sua estranha mudança de atitude me pega de surpresa, mas é só
depois de eu finalmente sento que eu perceber que ela ainda me levou
a fazer isso. Ela não diz nada no modo de zombaria, mas eu sei, apenas
por aquele olhar fraco de satisfação em seus olhos que ela está
anotando outra vitória em seu caderno mental.
Eu não digo nada, e tento manter minha própria influência; o que
sobrou de qualquer maneira.
— Que tal isso — eu digo, cruzando minhas pernas e meus braços
— você me fala um pouco sobre você primeiro, apenas para que
possamos ficar mais... confortáveis uma com a outra. E então eu vou
te dizer o que você quer saber.
— Será que o meu sangue não é suficiente? — Pergunta ela com
um sorriso de satisfação. — Eu dei a eles livremente, você sabe. Porque
eles não encontrarão nada em mim. — Ela ergue as mãos, as palmas
das mãos voltadas para mim. — Impressões digitais? — Ela ri com uma
expressão elegante — também não vão encontrar nada nelas.
— Então vamos conversar — digo.
Nora se inclina para a frente, colocando os braços sobre a mesa,
embora eles só alcancem a partir do meio de seus antebraços, as
correntes enganchadas às algemas as impediram de ir mais longe.
— Eu disse a você — ela diz: — Eu não estou aqui para responder
às suas perguntas.
Eu me levanto e corajosamente movo minha cadeira o resto do
caminho e coloco-a na mesa ao seu alcance. Eu não tenho medo dela e
quero que ela saiba disso.
Ela sorri levantando o olhar para mim e seus olhos seguem os
meus de todo o caminho de volta para baixo quando eu tomo o meu
assento novamente, apenas um par de pés na frente dela. Então, eu me
inclino para a frente como ela, colocando meus braços sobre a mesa à
minha frente e fechando minhas mãos.
Olho para os meus dedos e depois a olho nos olhos desafiante.
— Eu tenho todos os meu — eu digo com zombaria cruel. Então
coloco minhas mãos sobre a mesa de metal fria, estendendo os dedos
para fora, com as unhas sem estar pintadas, um anel de ouro branco
no dedo mindinho com um diamante de três quilates e outra prata com
uma pedra de ônix preta em meu polegar direito. Deslizei o anel do dedo
mindinho direito e coloco-o na minha esquerda, depois, segurando
minha mão em frente de mim como se para admirá-lo.
Então eu viro-o ao redor, minha palma enfrentando-me, de modo
que pudesse a ver, demais.
— Há algo nas mãos de uma mulher que é irresistível para alguns
homens — começo, provocando-a em meu tom mais controlado. — O
mesmo tipo de homens que amam a forma do pescoço de uma mulher,
ou a inclinação de seus ombros, ou a delicadeza de seus pulsos. Estes
são os homens sofisticados, o tipo de homens que podem oferecer a
uma mulher um relacionamento mais... inteligente. — Eu viro a mão
para frente e para trás lentamente na nossa frente, olhando para aquele
anel brilhando no meu dedo mindinho, e quanto mais eu falo, mais
uma espécie de escuridão começa a mudar em seus olhos, eu estou
puxando me agarrando nisso aqui, mas parece estar funcionando. —
Então há os homens do peito e de bunda. A maioria deles apenas
amadores com tesão que não têm controle sexual. — Eu olho para seu
dedo mindinho novamente. — Você é uma mulher linda — digo. — Seios
agradáveis, bunda legal, mas aquela sua realmente não está lhe
fazendo nenhum favor. Espero que aquele que pegou o seu dedo receba
o que merece.
Nora desliza suas mãos da mesa e as descansa em seu colo. E
embora eu pareça ter comprimido um nervo um pouco, seu sorriso
malicioso permanece intacto.
Talvez a vaidade é a torção em sua armadura em vez de confiança.
— Você é exatamente como eu sempre imaginei que você seria —
diz ela, aparentemente ilesa. — Jovem, inexperiente, faladora,
excessivamente confiante, de temperamento rápido, e muito
sobrecarregada pela situação. — Ela se inclina para a frente
novamente, mas mantém as mãos em seu colo; a luz que irradia da
lâmpada em forma de cúpula centrada sobre a mesa faz com que seus
cabelos loiros e batom vermelho brilhem. — Mas você não vai durar
neste mundo subterrâneo, Sarai Cohen. Você acha que ser uma
escrava sexual durante nove anos, submetidos a terríveis abusos e da
morte e o lado mais escuro da natureza humana, faz com que você se
encaixe em um estilo de vida de matador profissional, adequada para
se sentar à mesa entre os homens que estão tão longe da seu Liga. —
Seu sorriso malicioso se estende entre seu rosto cremoso, mas
machucado. — Mas, mais do que isso, você está certamente fora de sua
liga quando se trata de mim. Então, se eu fosse você, eu deixaria a
tentativa desesperada de me atropelar no meu próprio jogo, e jogar a
única mão patética que você tem.
Suas palavras me espetaram, mais do que eu pensava que
podiam, mas eu não deixo isso aparecer em meu rosto. Pelo menos eu
espero que não.
Eu sorrio e coloco minhas mãos sobre a mesa novamente.
Sei bem no fundo que devo manter minha boca fechada, que eu
deveria deixá-la continuar com isso, mas estou chateada e não posso
evitar — ela tem a parte rápida, pelo menos.
— Apenas me diga quem foi, — eu digo, estimulando-a, — quem
cortou. Era um homem? Um ex-amante? Um marido? Não? — Eu
franzo os meus lábios. Ela se vira um pouco na cadeira. — Uma mulher,
então? Ah, deve ser isso... você é lésbica, não é? — Eu sorrio.
Mas eu acho que eu a perdi agora, fui muito longe da pista porque
seu sorriso retorna, então eu volto na direção oposta.
— Era seu papai então? — Meus olhos estão acesos com excitação,
meus lábios virando para cima em um lado, eu definitivamente atingi
um nervo. — Foi, não foi? Por que seu pai cortou a ponta de seu dedo,
Nora?
Seu sorriso desaparece de seu rosto em um instante. Sua
respiração se torna mais profunda, exalando audivelmente de suas
narinas flamejantes.
— Diga-me o seu segredo — eu digo, — e eu vou te dizer o meu.
Por que papai cortou o dedo pobre?
Dentes brancos foram descobertos por atrás dos lábios vermelhos
vêm em minha direção sobre a mesa tão rápido que meus olhos se
fecham e minhas mãos se levantam instintivamente para me bloquear
da força do golpe. Eu sinto que estou caindo apenas alguns segundos
enquanto minha cadeira vai para trás com Nora em cima de mim, até
que ela bate no chão duro. Um flash de luz e manchas de brotam diante
de meus olhos e dor pulsa através do meu crânio como minha cabeça
salta no azulejo.
Victor
Niklas e Dorian correram em direção à porta, com a intenção de
se apressar para ajudar Izabel.
— Pare! — Eu os ordeno, mantendo meus olhos na tela.
— Victor, ela pode matá-la — diz Dorian.
— Como diabos ela tirou as algemas de suas mãos?! — Niklas
grita.
Woodard fica à minha esquerda, observando a cena violenta se
desdobrar na tela, um braço cruzado sobre seu estômago arredondado,
a outra mão dançando em seus lábios nervosamente.
— Você não pode deixá-la ali — acrescenta Dorian com
determinação.
Izabel e Nora se revezam servindo golpes. Nora está em cima de
Izabel, chovendo seus punhos para baixo em sua cabeça, e enquanto é
bastante difícil para mim assistir, eu sei que devo deixar correr o seu
curso.
Volto-me para Niklas e Dorian.
— Izabel pode cuidar de si mesma — digo.
— Não tenho tanta certeza — diz Niklas, claramente preocupado
com Izabel. — Foram necessários três de nós para segurá-la no
auditório.
Eu olho direito para o meu irmão.
— Ela vai ficar bem.
Ambos hesitam antes de ceder e eles voltam para ficar em frente
às telas.
— Espero que tenha razão, irmão. - Niklas cruza os braços.
Mantendo meus olhos treinados na luta, tudo que eu posso
pensar é que... Eu espero que eu esteja certo também.
Izabel
A cadeira de metal em que eu estava sentado está virada para o
lado. Eu estendi a mão para ela cegamente com a mão direita,
esforçando-me para conseguir qualquer parte dela em meus dedos, e
quando eu finalmente fizer, eu não sei como, mas eu tenho força
suficiente com uma mão para levantá-lo o suficiente para cima do chão
e golpeando em um lado da cabeça com ele.
Nora cai de lado e fora de minha cintura, cobrindo sua cabeça
com as mãos que de alguma forma não estão mais presas por algemas.
Não desperdiçando nem um segundo, eu me ajoelho e agarro a
cadeira dobrada novamente com ambas as mãos desta vez e atinjo a
parte de cima da cabeça dela de novo.
Nora consegue sair do caminho pouco antes de a cadeira cair pela
terceira vez. Fica de pé enquanto eu deixo cair e fico de pé para ir atrás
dela. Ela tenta se empurrar em uma posição, mas os punhos e corrente
que a prendem nos tornozelos ainda estão no lugar, tornando difícil
para ela se mover em qualquer lugar mais alto do que o chão.
Estou em cima dela em um piscar de olhos, da mesma forma que
ela estava em cima de mim momentos atrás, com meus joelhos
arreganhados em ambos os lados dela.
Agarrando ambos os lados de sua cabeça, um estrondo soa
quando eu bato a parte traseira de seu crânio contra o chão. Uma vez.
Duas vezes.
— Ahhhnnn! Cadela! — Ela grita, com as mãos segurando meus
bíceps, cravando as unhas em minha carne e rompendo a pele. Seu
corpo se desloca sob o meu peso enquanto ela tenta levantar as pernas
dela por trás para trancá-las ao meu redor como fez no auditório, mas
ela não consegue ter as pernas abertas o suficiente por causa da
corrente entre os tornozelos.
Eu pulo longe dela, mordendo duramente o meu lábio inferior de
raiva, meus olhos girando com calor e raiva enquanto eu me inclino
sobre ela no chão e pego um punhado de cabelo louro, meus dedos
apertando contra a parte de trás de seu couro cabeludo, e eu arrasto
seu corpo através do chão de cerâmica em suas costas. Seus dois saltos
pretos saem, deixados em uma trilha atrás dela.
Antes de eu levá-la todo o caminho de volta para o seu lado da
mesa, eu perco o meu pé e vêm caindo quando ela agarra meu tornozelo
com as duas mãos e puxa para trás com toda a sua força. O sangue
brota na minha boca quando meu rosto entra em contato com o chão.
De repente eu não consigo respirar. Meus olhos rolam na parte de
trás da minha cabeça enquanto ela aperta a corrente entre seus
tornozelos em torno da minha garganta, suas pernas se fecham com
força enquanto ela se deita sobre o chão, seu corpo sustentado em seus
antebraços, todo seu poder deslocado para seus pés, me bloqueando
no lugar. Meus dedos surgem rapidamente enquanto eu tento
desesperadamente encaixá-los atrás das correntes. Eu sinto toda a
minha cabeça se tornando quente, inchando rigidamente no meu
pescoço e transformando beterraba vermelha e roxa.
Ela aperta ainda mais os tornozelos, deixando-me imóvel; o cheiro
de suas calças de couro apertadas pesado em minhas narinas. Eu
quero desistir, eu sinto que é tudo que eu posso fazer. Meu corpo
começa a me trair quando os meus membros começam a amolecer.
Suspiro por ar que apenas não virá e lágrimas de exaustão encherão
os cantos de meus olhos.
— Fora de sua liga — ouço a voz de Nora dizer em meio ao
bombardeio vociferante de sangue em minha cabeça.
Algo dentro de mim se encaixa, e meus olhos se abrem
abertamente no meu rosto. Grito para fora algo que eu não posso
mesmo decifrar e finalmente escavo meus dedos entre a corrente e
minha garganta. Puxo-o para longe com tudo em mim, estimulada pela
raiva, pela vingança e pela vontade de viver, até que eu a dominar e
afrouxo meu pescoço, batendo as pernas contra o chão.
Ela começa a rastejar para longe em suas mãos e joelhos na
direção da minha cadeira virada.
Eu salto para os meus pés, puxando a Pérola da minha bota antes
que eu estou completamente de pé, e eu estou de pé sobre ela com a
lâmina contra a garganta e parte de trás do seu cabelo no meu punho,
puxando o seu pescoço para trás na medida que posso sem que estale.
— Eu vou cortar mais do que seu dedo, cadela!
Ela congela. Seus quadris, pélvis e pernas estão pressionados
contra o chão, os brancos de seus olhos visíveis para mim enquanto eu
estou sobre ela por trás.
— Onde está Dina? — Eu puxo seu couro cabeludo, puxando seu
pescoço para trás ainda mais; se ela ainda se encolher do jeito errado,
a lâmina afundará a pele e ela sabe disso. — Foda-se esses jogos de
vocês! Diga-me onde você a levou!
— Aproxime-se e eu lhe conto — diz ela com dificuldade, sua voz
tensa.
Sem sequer pensar nisso eu faço, mas mantenho a lâmina contra
sua garganta quando eu sentar em suas costas.
— Tente qualquer coisa e eu vou matar você — eu rosno, meus
lábios ao lado de sua orelha.
Ela não tenta lutar, mas eu não estou sentindo a derrota nela. É
outra coisa. Essa confiança nela que eu tenho desprezado. Mesmo que
eu sou a pessoa sentada em cima dela, aquela com a faca pressionado
na sua garganta, não posso deixar de sentir como se ela ainda estivesse
no controle.
— Onde ela está? — Eu sussurro duramente contra o lado de seu
rosto.
— Nove anos como escrava sexual em um complexo mexicano —
ela sussurra de volta. — Algo me diz que eles não se importavam muito
com preservativos. Será que eles se importavam, Sarai?
Meu corpo inteiro, cada osso, cada músculo, solidifica em um
instante.
— Se você quer Dina Gregory viva — ela diz, ainda em um
sussurro muito baixo para o áudio pegar, — então você e eu precisamos
ter uma conversa sobre os detalhes do relacionamento que você teve
com Javier Ruiz.
Parece como uma eternidade eu me sentada em cima dela,
estendida em suas costas, perdida em algum tipo de submissão
atordoada. Não consigo encontrar palavras. Ou meus batimentos
cardíacos. E minha mente está fugindo de mim.
Então minha mão com a faca começa a tremer e a minha
respiração se torna instável.
Desligo a faca longe de sua garganta, empurro sua cabeça para
baixo violentamente contra a telha com a outra mão, empurrando-me
com raiva para meus pés e fora dela. Eu não olho para ela quando ela
se levanta, lutando em uma posição com seus tornozelos ligado. E eu
olho apenas para o chão quando ela passa por mim, pegando seus
saltos pretos ao longo do caminho, e volta para seu assento do outro
lado da mesa.
Eu mantenho minhas costas para ela, incapaz de me mover; meus
olhos começando a queimar com lágrimas de raiva empurrando seu
caminho para a superfície. Minha faca está agarrada firmemente na
minha mão, descansando ao meu lado. Eu sinto vontade de usá-la em
mim mesmo.
— Vamos começar? — Nora diz tão calmamente como sempre,
esperando por mim na mesa. — Estou ansioso para ouvir tudo sobre o
seu tempo no México. — Ela diz com uma voz mais audível, olhando
para a câmera.
Levantando a cabeça lentamente, olho para a pequena câmera
escondida fixada no respiradouro perto do teto à minha direita. Eu olho
direito para Victor, ou pelo menos eu espero que ele perceba que é isso
que eu estou fazendo, meus olhos cheios de pesar, vergonha e...
tristeza.
Uma lágrima cai em uma bochecha, mas eu não tenho energia
para limpá-la.
Meus olhos caem longe da câmera e olham para o chão em vez
disso.
Victor
— Desligue o áudio — eu instruo Dorian.
Niklas argumenta:
— Espere, precisamos deixá-lo no caso...
— Eu disse para desligá-lo.
Pela primeira vez desde que entrei nesta sala, sinto a necessidade
de me sentar.
— Victor, isso é um erro — diz Niklas. — Qualquer coisa que Nora
disser pode ser útil.
— Estou ciente, Niklas.
O áudio fica morto quando Dorian o desliga na mesa à minha
direita.
Eu mantenho meus olhos na tela. Um ódio oculto por Nora
começa a se revelar dentro de mim, fervendo sob a superfície e
crescendo mais escuro quanto mais ela machuca Izabel.
— Victor...
— Izabel sofreu bastante — eu cortei-o com ácido em minha voz.
Giro apenas a cabeça para olhar para o meu irmão. — Você não tem
ideia do que ela passou no México, Niklas, nenhum de nós realmente
tem. Esta mulher pode forçá-la a dizer-lhe coisas que eu tenho certeza
Izabel quer que ninguém saiba, muito menos todos nós, ou eu. Mas
não vamos ouvir sua confissão. Seja o que for, é o segredo dela. Seu
negócio. E quando ela estiver pronta para dizer a você ou a mim ou a
qualquer outra pessoa, só então a ouviremos.
Niklas cede com facilidade.
Acenando com a cabeça, ele diz:
— Não, você está certo. Além disso, se Nora disser algo que Izabel
pensa que podemos usar, ela nos avisará.
Eu aceno e volto para a tela.
Uma bolsa de batatas chacoalha atrás de mim perto de Woodard.
Irritado por isso, eu digo:
— Deixe-nos e veja se você conseguiu alguma coisa sobre o sangue
dessa mulher ou impressões digitais. Quero saber quem ela é antes que
esta noite termine.
— Sim, senhor — diz Woodard, saindo apressado do quarto.
Eu olho para a tela, com os cabelos ruivos de Izabel desgrenhados
sobre seus ombros; a dor em seus olhos verdes, e tudo o que posso
fazer é assistir quando ela é forçada a reviver algo que ela só queria
esquecer.
Capítulo seis
Izabel
Distraidamente eu estendo uma mão e limpo o sangue do canto
da minha boca, e então toco com a língua o tecido inchado no interior
onde meus dentes rasgaram a carne.
— Sente-se, Sarai — diz Nora.
— Meu nome é Izabel.
— O novo nome é Izabel — diz ela, surpreendentemente, com um
pouco menos de zombaria — mas você não pode enterrar quem você
costumava ser, não importa quão duro você tente. Nenhum de nós
jamais conseguirá.
Eu encobri minha faca e me sento, também posso parar de lutar
com o inevitável.
Eu não olho para ela.
— Que porra você quer saber... exatamente? — Eu pergunto
gelada.
— Você já sabe a resposta para isso.
Ergo a cabeça e olho para ela com olhos frios e encapuzados.
— Eu ainda vou precisar de você para elaborar — eu digo. — Eu
fiz um monte de coisas que eu não estou orgulhosa. E eu só estou
disposto a dizer a você que você está aqui, então, que tal você me ajudar
um pouco para que possamos acabar com isso.
Eu ainda não quero acreditar que ela realmente sabe alguma
coisa; talvez se eu continuar a sondá-la por pistas que ela acabará se
confundindo. Mas, no fundo, eu sinto que ela sabe muito mais do que
eu quero que ela saiba. E não posso arriscar a vida de Dina.
Nora empurra os dedos pela parte superior de seu cabelo,
empurrando os fios caídos longe do seu rosto. Outra contusão
acompanhada por um nódulo está se formando em sua maçã do rosto.
Uma pequena tira de sangue vertical é evidente no centro de seu lábio
inferior gordo; batom está manchado em sua boca novamente. Ela
levanta a mão e limpa tudo, deixando os lábios rosados e ligeiramente
inchados.
Nem mesmo me pergunto sobre as algemas. Se ela saiu delas uma
vez, ela provavelmente pode sair delas novamente. Quem vier a este
quarto em seguida terá o trabalho de detê-la.
— Você era uma escrava sexual de um traficante de drogas
mexicano — ela começa — durante a maior parte de sua vida
adolescente e adulta. A escrava sexual, Izabel. Diga-me... quantos você
teve?
Eu olho para cima, encontrando seus olhos castanhos.
Novamente, não há zombaria, apenas um rosto sério e determinado
olhando para mim como se eu estivesse sendo punida, forçada a dizer
a verdade para diminuir a minha sentença.
Engulo e sufoco um pouco, olhando para as minhas mãos sobre
a mesa.
E então eu confesso meu segredo mais escuro.
Nora olha para mim do outro lado da mesa, seus olhos castanho-
caramelo parecendo cheios de algo que eu nunca esperei, tristeza e
choque, talvez.
Sinto tanta vergonha que nem consigo olhar para a câmera
escondida no respiradouro. Meu estômago se contorce de preocupação
e culpa, só me pergunto o que Victor deve estar pensando em mim
agora.
Nora diz com uma voz suave e intencional:
— Isso deve ter sido muito difícil para você.
Eu não a honro com uma resposta. Eu odeio a cadela por me
forçar a experimentar tudo de novo.
— Quantos? — Nora pergunta calmamente.
Relutantemente, eu respondo.
— Essa foi a única que já viveu — digo. — Eu perdi um e, como
já disse, tive um nascido morto.
— Mas, você estava com ele por tanto tempo.
— Sim — eu estalo. — Eu estive. E daí.
Nora luta para encontrar as palavras certas para formar suas
perguntas.
— O que você fez o resto do tempo? — Ela pergunta.
Eu sorrio para ela com frieza, apenas desejando que ela deixasse
cair essas malditas perguntas e deixasse a minha vez acabar.
— E por que ele não iria deixá-lo ficar com o bebê? Seu bebê? —
Ela parece mortificado debaixo daquela pele cremosa, mas está
tentando manter o seu lugar dominante entre nós por não mostrar
muita emoção.
A minha única pergunta é: por que ela parece se importar em
tudo?
— Javier não queria crianças correndo pelo complexo — eu digo.
— Muitas das meninas engravidaram enquanto estavam lá. Os bebês
eram vendidos, como as meninas, embora fossem para famílias com
dinheiro que não pudessem ter filhos próprios e não quisessem passar
os anos esperando por sua chance de adotar. — Eu olho para a parede,
lembrando-me daquele dia em que vi meu bebê sendo levado para fora
daquele quarto. — Javier disse que no nosso modo de vida não havia
espaço para as crianças. Nem mesmo o seu próprio. Eu queria acreditar
que ele se assegurou de que nosso bebê fosse vendido para uma família
amorosa, a melhor família, mas, em meu coração e porque ele era um
homem tão cruel, como ele era amoroso às vezes comigo, eu nunca
poderia me convencer disso. Depois desse nascimento, eu não disse a
ele mais nada. Eu o esbofeteei mesmo. Eu gritei em seu rosto e eu não
me importei o que ele faria comigo como castigo. Mas eu não estava
tendo mais.
Eu paro, meu olhar duro e focado, lembrando aquele dia.
— O que ele fez como punição?
Olho para Nora, movendo apenas os olhos.
— Nada — eu digo. — Certa vez, Javier me amou. Ele nunca iria
me machucar. Isso foi durante esse tempo. Em vez disso, ele me enviou
a um bom médico e recebi pílulas anticoncepcionais e ele fez com que
eu nunca estivesse sem elas. Ele nunca usou preservativos, mas ele
começou a puxar para fora de mim. Nem sempre, mas às vezes. Tive
sorte de nunca engravidar novamente. Mas as outras meninas, elas
continuaram a dar à luz. Fábricas de bebê.
— Eram os bebês de Javier?
Eu balanço a cabeça.
— Não — pelo menos eu não penso assim. As meninas foram
violadas pelos guardas de Javier; algumas tiveram sexo com eles de
bom grado. Eu comecei a dar secretamente algumas para as meninas,
algumas que estavam mais perto de mim, minhas pílulas
anticoncepcionais. Eu tinha tantos delas que eu poderia poupar para
ajudar algumas por um tempo. Até que Izel descobriu o que eu estava
fazendo e ela começou a roubar minhas pílulas, deixando o suficiente
para eu passar todos os meses, e não havia nada que eu pudesse fazer.
— O que aconteceu com Izel?
As imagens do meu passado escuro desaparecem de minha mente
e eu olho para Nora.
— Eu disse que você queria que você quisesse ouvir — eu digo
com veneno em minha voz. — O que você é agora, meu maldito
psiquiatra?
Ela balança a cabeça e se inclina para longe da mesa, deixando
cair as mãos desassossegadas em seu colo.
As pernas da minha cadeira gritam no chão enquanto me levanto,
empurrando para trás de mim com raiva.
— Acho que terminamos aqui — digo, rosnando para ela. Empurro
as palmas das mãos contra a mesa e inclino-me para ela com um olhar
ameaçador. — Melhor que Dina esteja segura quando isso acabar, ou
você pode apostar seu traseiro que eu farei as coisas para você que
Javier fez para Izel mais tarde naquele dia depois que ele a encontrou
batendo em mim. E então você vai querer que eu te mate.
Minhas mãos deslizam para longe da mesa enquanto eu ergo ereto
e me afasto. Nora permanece sentada. Quando eu chego mais perto da
porta, só então eu mesma olho para a câmera escondida nas
proximidades, indicando que eles podem desbloqueá-la agora a sala de
vigilância. Abaixo os olhos rapidamente quando ouço o fechamento
clicando dentro do aço.
— Izabel — grita Nora.
Paro e me viro para olhar para ela.
— Se isso significa alguma coisa, eu realmente sinto muito por ter
que fazer você reviver isso.
— Não — Eu rejeito seu pedido de desculpas.
Então eu abro a porta, o cheiro de lixívia e limpador de limão de
um chão recentemente esfregado, se levanta em meu nariz.
— A resposta à sua pergunta, — Nora chama antes de eu entrar
no corredor, — é sim. Meu pai cortou a ponta do meu dedo.
Depois de uma breve pausa, deixo-a ali sem mais uma palavra e
fecho a porta atrás de mim.
CapÍtulo sETE
Victor
Niklas não se junta a nós na sala de vigilância depois que ele deixa
Nora. Nenhum de nós o esperava. Eu me sinto terrível por ele, e eu
realmente não tinha ideia de que ele realmente se preocupava comigo
em tudo. Não precisava dizer nada a Nora; ninguém ama ter sua vida
em risco. Porque ela já está morta.
Eu não sei o que pensar, ou não sei mais como me sentir quando
se trata de Niklas. Ele tentou me matar, afinal. Mas alguma coisa assim
pode ser perdoada? Pode uma pessoa simplesmente varrer uma coisa
sem coração e perversa como aquela debaixo de um tapete e deixar
passar algum tempo? Eu não sei se ele pode. Ou que eu quero. Mas
isso não muda o fato de que eu me sinto horrível sobre o que ele passou.
E eu me sinto culpada.
Sinto-me culpada porque estou viva e Claire não está.
Era muito mais fácil quando eu o odiava...
— Você já ouviu alguma palavra de Gustavsson? — pergunta
Dorian de sua cadeira na frente das telas.
Victor sacode a cabeça.
— Nada. Deixei uma mensagem em três dos seus telefones.
Nenhuma resposta.
— Vou tentar entrar em contato com ele — eu falo — mas Victor,
está mais provável que ele atenda as suas chamadas do que as minhas.
Você ainda se apega a essa ideia de que ele não desistiu de sua ligação
comigo, mas eu estou dizendo que ele desistiu. Eu sinto. Eu sei disso.
Mas eu tentarei.
Victor acena com a cabeça.
— Suponho que meu irmão está certo — diz ele sem olhar para
ninguém. — Gustavsson pode ter que ser tratado. Ele é meu amigo,
mas desde Seraphina, ele não é o mesmo homem que eu conheci. E
alguns homens quebrados estão muito quebrados para serem
colocados juntos.
Essas palavras que saem da boca de Vítor enviam um calafrio pela
minha costa. Porque uma vez que Víctor tenha colocado em sua mente
que ele tem que matar alguém, ele faz isso. Só em duas outras ocasiões
ele mudou de ideia que eu conheço: primeiro comigo quando eu estava
correndo com ele do México, e depois com Niklas quando ele pensou
Niklas tinha traído ele. Ele não seguiu adiante em me matar porque
nosso relacionamento era complicado, porque ele estava confuso por
seus sentimentos, e sua consciência tirou a melhor dele. Ele não matou
Niklas porque no último momento ele percebeu que Niklas nunca fosse
seu inimigo. Mas ele estava disposto e preparado para matar seu
próprio irmão, um irmão que ele ama tanto que ele matou seu pai
apenas para protegê-lo.
Fredrik pode ser seu amigo, mas o vínculo de Victor com Fredrik
não é nem de longe tão apertado como o seu irmão, ou comigo.
Tenho medo de Fredrik. E eu espero que não termine da maneira
que eu sinto como ele está indo terminar.
Nora acena para uma das câmeras ocultas, trava os olhos.
— Yoo-hoo! — Sua voz soou através dos alto-falantes na sala.
— Ligue o microfone — Victor diz a Dorian.
Dorian deixa cair seus pés da mesa e estende a mão, cobrindo o
mouse do computador com a palma da mão.
— Vou precisar de algo para dormir — diz ela em seu tom
confiante e exigente. — Nós vamos pegar o resto disso amanhã.
Victor se inclina, apoiando as mãos sobre a mesa na frente da tela
maior e diz para o microfone em um pequeno suporte na frente dele.
— Isso seria um desperdício de tempo. Quarenta e oito horas era
pouco tempo para começar.
Nora sorri com astúcia e empurra seu cabelo sedoso para longe
de seus ombros e fora dos seus olhos.
— Na verdade, é muito tempo para algo tão simples como
confissão, se você realmente pensar nisso. — Seu sorriso se alarga. —
A única razão pela qual você está se sentindo pressionado por tempo
agora é porque um de vocês ainda não apareceu. Estou errado?
Victor não se encolhe.
— Não, você está correta, mas apenas o mesmo, nós gostaríamos
de conseguir tanto quanto fosse possível desta maneira.
Ela anda de um lado para outro na frente da câmera lentamente,
seus braços cruzados, seus altos sapatos pretos batendo contra o chão.
Então ela pára e olha para a câmera e repete:
— Vamos pegar de onde paramos amanhã.
Victor acena para Dorian, indicando para ele fechar o microfone.
Ele volta para nós.
— Isso nos dará tempo para usar o que quer que tenhamos para
descobrir quem ela é — diz Victor.
James Woodard entra na sala então, seu rosto lê as mesmas
notícias sem saída de antes.
— Eu nunca vi nada parecido — ele diz, seus queixos balançando
com o tremor de sua redonda e calva cabeça. — Exceto com líderes de
organização, como com Vonnegut. Não consigo encontrar um pedaço
de nada dessa mulher. Ela é como um fantasma, senhor. E eu tenho
que dizer que me sinto um pouco inadequado. Eu-eu supostamente
sou capaz de encontrar qualquer coisa em qualquer um. Eu vou
entender se você quiser me demitir.
— Ninguém vai demiti-lo, Woodard — Victor diz, ainda olhando
para a tela, de pé na frente dele em seu terno preto. — E além disso, se
eu tivesse que demiti-lo dos seus deveres, infelizmente não estaria com
uma carta de demissão.
Woodard engole inquieto; ansiedade enchendo seus olhos e
tornando-os ainda mais redondos em seu rosto suado.
Começamos a fazer o intercâmbio de ideias sem Niklas.
— Talvez ela é um líder — eu digo, voltando ao que Woodard disse
anteriormente. — Eu não vejo como é que alguém não pode ter algum
tipo de fuga.
— E como ela sabe tanto? — diz Dorian.
— Ela não é uma líder — Victor diz com um traço de incerteza. —
Pelo menos duvido que ela seja.
— OK, o que sabemos sobre ela além de nada? — Eu pergunto,
andando pelo chão. Eu paro e olho para trás para eles, erguendo uma
mão, gesticulando. — Quero dizer, vamos apenas assumir que o que
pensamos que sabemos sobre ela é verdade: seu pai cortou a ponta do
seu dedo e é um assunto sensível; ela tem uma consciência apesar de
querer que pensemos que não; ela é muito hábil não só em lutar e nos
manipular para falar, mas ela saiu das algemas sem ninguém vê-la, ela
é um artista de fuga.
O silêncio enche a sala enquanto as engrenagens em nosso
cérebro começam a a rodarem. Mas nenhum de nós surge com teorias.
— Ela devia estar nos observando apenas alguns meses atrás —
diz Dorian, — para ela saber sobre o que aconteceu com Gustavsson e
Seraphina. A menos que ela esteja recebendo essas informações de
alguém de dentro, eu honestamente não vejo como ela saberia sobre
isso.
— Concordo — Victor diz. — É crível que ela poderia obter
informações sobre nossos passados através de muitos meios diferentes
ao longo de vários anos. Ela poderia ter entrado nos arquivos da
Ordem, James Woodard pode fazer isso, eu não vejo por que ela não
conseguiria fazer isso. Mas saber alguma coisa sobre Fredrik e
Seraphina...
— Então quem poderia ser a toupeira? — Eu pergunto. — Se
houver uma.
— O tempo dirá — Victor diz e deixa isso assim.
Damos por terminada a noite antes da meia-noite e Victor tem
homens levando uma cama estreita para Nora dormir. E um balde para
ela mijar, cortesia minha porque não há nenhuma maneira que ela está
deixando esse quarto para ser escoltada para um banheiro. Nós
assistimos a tela enquanto os homens vão para dentro, para nos
certificar de que ela não escorregue algo do passado, como ela fez com
as algemas — desta vez estamos esperando — e ter certeza de que ela
não os mate. Ela é cooperativa e não ataca ninguém ou tenta escapar.
Mas, novamente, eu acredito nela quando ela disse antes que ela nem
estaria aqui se ela não quisesse estar. Isso preocupa Victor também,
mas ele não vai dizer isso em voz alta.
— E se houver mais pessoas como ela? — Eu pergunto enquanto
me desnudo em nosso quarto no último andar do prédio. — Isso me
assusta, Victor, eu não vou mentir.
Os polegares e os dedos indicadores de Victor separam o último
botão de sua camisa e ele a desliza sobre os braços definidos pelos
músculos, colocando-a cuidadosamente sobre o encosto de uma
cadeira.
— Essa será a única coisa que a manterá viva depois que ela nos
disser onde encontrar Dina Gregory e os outros.
Ele caminha em direção à cama, seus pés descalços movendo-se
sobre o tapete, as extremidades de suas calças pretas penduradas
frouxamente sobre o topo dela.
Eu estou sentada no lado da cama, alcançando atrás de mim para
desprender o meu sutiã.
— Então você vai matá-la quando isso acabar?
— Sim, — ele diz, abrindo o botão em suas calças. — Precisamos
descobrir o que mais ela sabe primeiro, e quem está nisso com ela.
Vamos usá-la da mesma maneira que ela está nos usando, e uma vez
que temos o que precisamos, vou eliminá-la.
Eliminar. Victor ainda, de vez em quando, fala como se ele ainda
preenchesse contratos para a Ordem de Vonnegut. Incomoda-me às
vezes, como ele desliza de volta para aquele homem frio e calculado
com emoções enterradas, mas eu nunca digo nada. Eu sei, em primeira
não, como é difícil se despojar completamente de seu passado.
Deitei-me na cama usando apenas minha calcinha preta de renda.
Victor pisa para fora de suas calças e suas cuecas de boxer e fica nu e
totalmente ereto ao pé da cama. Não consigo pensar em sexo agora.
Quero dizer... OK, eu posso pensar sobre isso, e é difícil não pensar
quando ele olhando para mim assim, mas, o momento não é adequado,
há muito acontecendo. Então, novamente, é precisamente por isso que
isso é tudo para ele — o sexo é a fuga de Victor de todo o resto. E eu
estou mais do que feliz em deixá-lo lidar suas frustrações comigo.
— E Fredrik? — Pergunto. A cama se move embaixo de mim
enquanto ele faz o seu caminho em cima dela. — Tem certeza de que
pode matá-lo? Ou que você gostaria?
Ele começa a escorregar minha calcinha com as duas mãos.
— Sim, posso matá-lo — ele diz, suas mãos fazendo uma trilha
pelas costas das minhas coxas, quebrando minha pele em arrepios.
Eu suspiro quando sinto seus dedos dentro de mim; cada
polegada do meu corpo é devastada por um tremor cruel, mas feliz. Oh
meu Deus, eu vou morrer antes que ele me faça gozar. E então meu
estômago vibra quando ele rasteja em cima de mim, beijando seu
caminho em direção à minha boca. Seus lábios quentes caem
suavemente nos meus e seu beijo que me rouba o fôlego.
— Eu não quero matá-lo — diz ele quebrar o beijo pouco depois.
Meus olhos rolam na parte de trás da minha cabeça enquanto seus
dedos continuam a me explorar. — Mas vou fazer o que tenho que fazer.
Nunca demora para Vítor me deixar molhado. Nunca leva muito
esforço para me fazer doer com necessidade, para fazer minhas
entranhas tremerem em antecipação, frustração.
Minhas pálpebras se rompem lentamente e com dificuldade;
minhas coxas se fecham em torno de sua cintura esculpida.
— O que você acha... — estremeço e meus lábios se abrem,
quando ele empurra sua dura longitude lenta e profundamente dentro
de mim — oh meu Deus — ... acho que ela quer que você... confesse,
Victor — Minhas palavras soam mais como respiração agora. Meu
coração está correndo. Minhas coxas tremem em torno do seu corpo
firme.
Meus dentes apertam o seu lábio inferior suavemente enquanto
balança seus quadris contra mim com um abandono lento, mas
agressivo; minhas mãos agarraram os lados do seu rosto antes de eu
cavar minhas unhas na pele em suas costas.
— Eu não tenho ideia — ele sussurra calorosamente em minha
boca.
Sua língua emaranha com a minha e seu beijo é profundo,
faminto e quente.
— Mas e se...
— Fique quieta, Izabel — ele empurra com mais força, fazendo
com que eu perca a respiração — e deixe-me foder você.
Cinquenta por cento do tempo eu sempre faço o que Victor me diz
- isto é o cinquenta por cento do tempo.
CapÍtulo DEZ
Izabel
Paul Jackson Pollock, mais conhecido como Jackson Pollock, foi um influente
5
6 Paracord: corda de nylon levinha que é capaz de suportar uma carga de 500 libras
ou 250 kg.
— A sua ex-mulher é muito leal — diz Nora. — Nevosa e um pouco
estúpida, mas leal. Eu estava surpresa.
— O que você quer dizer? — Dorian diz com um sorriso sarcástico.
— Ela falou sobre mim. Quer dizer, eu compreendo... o que diabos você
tinha feito com ela?
Nora olha para ele com pena.
— Na verdade — diz ela, os lábios transformando-se nas bordas
— ela não era a pessoa que me disse algo — você era.
Dorian a amaldiçoa enquanto os homens o levam para fora,
lutando em seus apertos. Nós o ouvimos gritar todo o caminho até o
final do corredor até que suas maldições são fechadas pelas portas do
elevador.
Nora olha para nós, aparentemente desamparada em suas
ataduras, mas sempre a mais confiante na sala, apesar deles. Eu
desprezo essa puta. Eu quero ser a única, como todos os demais, tenho
certeza, que a matá-la quando tudo isso acabar.
— Isso deixa só você e o Chacal, não é? — Nora diz a Victor. — E
o tempo está quase acabando. De alguma forma, eu não vejo esse
término bem.
— Se não acabar bem para Dina — eu ameaço, — não vai acabar
bem para você também.
Ela faz uma cara que diz que tudo o que acontece, acontece, e
encolhe os ombros contido.
CapÍtulo ONZE
Victor
O piso da cela tem apenas dez celas que Victor queria manter por
razões como esta — detém traidores e outros tipos de prisioneiros. As
celas são nomeadas de A a J. Eu me dirijo para a cela C com um monte
de emoções misturadas e um coração pesado. Eu não quero pensar
sobre o que Dorian vai passar com Fredrik mais tarde, mas ao passar
pelo corredor sombrio e pelas celas A e B que estão abertas e vazias, é
tudo o que posso pensar. Eu não quero pensar que Dorian é um traidor,
que talvez as coisas que ele disse a Victor fossem verdadeiras. Talvez
ele não seja nosso inimigo e nunca pretendia ser. Mas ele mentiu. E ele
trabalhou conosco sob falsos pretextos. E ele deu informações sobre
nós ao governo e isso só é o suficiente para Victor para matá-lo.
Eu passo até a porta de aço pesada e empurro para cima em meus
dedos do pé para ver dentro através da janela janelinha.
Dorian está deitado contra a cabeceira de uma cama de metal que
se projeta da parede. Bandagens sangrentas estão envolvidas sobre
ambos os ombros. Tudo o que ele está vestindo é sua calça jeans escura
e seu Rolex. Suas botas foram chutadas para o chão, colocadas
descuidadamente com as cordas longas espalhadas contra o azulejo.
Estendendo a mão, toco na janela com a ponta do meu dedo.
Dorian ergue a cabeça loira e depois de um segundo olhando para
o rosto desfocado na janela e tentado distingui-lo, ele diz: "Izabel?" E
com dificuldade força seu corpo ferido do berço para sentar-se ereto.
Seu rosto se contorce de dor e ele para, respira fundo e empurra-se
para seus pés e caminha até a porta.
Eu me agacho em frente a ela e deslize o metal que cobre sobre a
abertura para comida que é longa e larga o suficiente para passar uma
bandeja.
— Como você está? — Pergunto.
— Sinta-me como uma merda — ele diz e se senta no chão em seu
traseiro, estremecendo com cada movimento abrupto. Tudo o que eu
posso ver agora são seus olhos azuis brilhantes e sua testa através da
abertura.
— Desculpe — eu digo. — Ei, eu queria vir aqui e dizer que Tessa
está bem.
Seus olhos se iluminam um pouco e o alívio passa por cima dele,
através de toda a dor e desconforto.
— Na verdade, — eu continuo, — ela estava bem o tempo todo.
Nora não a machucou.
— Onde ela está agora?
— James a levou de volta para casa.
Dorian acena com a cabeça.
— Obrigada, Izabel. Por me deixar saber.
Eu aceno de volta.
Depois de alguns longos segundos que se parecem mais como
minutos, quebro o silêncio com o inevitável.
— Você contou a verdade a Victor? Você sabe que ele vai descobrir,
certo?
— Sim, eu sei, — ele diz. — Mas eu lhe disse a verdade. Há mais
para contar a ele, como que tipo de informação eu passei para os meus
superiores, mas eu não estava segurando nada disso. Acho que Victor
não estava pronto para ouvir.
— Por que você quebrou depois de tudo? — Eu pergunto. — Quero
dizer... bem, eu pensei que caras como você foram treinados para não
quebrar, nem mesmo para salvar a vida de alguém que você ama.
Ponha de lado mentir sobre quem você é; o fato de você quebrar deixa
em seu caráter uma falha grave em seu personagem, Dorian. Você
desistiu de sua identidade não só por nós, mas por uma civil inocente.
Isso nos diz que você estaria disposto a se render sob certas
circunstâncias.
Dorian sacode a cabeça.
— Eu sei que parece assim — ele diz, — mas como eu disse a
Victor, eu ia eventualmente dizer a ele quem eu era,
independentemente se me seria dada a autorização. Eu só tenho que
fazer isso mais cedo do que o esperado.
— E se — eu digo, — você nunca recebesse essa autorização? Você
admitiria?
Ele suspira.
— Se eu dissesse que não, você acreditaria em mim? — Não era
realmente uma pergunta.
— E Tessa? Parecia fácil para você dizer a ela.
— Sim, bem, esse é um tipo diferente de fraqueza — admite. —
Ainda uma imperdoável, mas não tão imperdoável como ser um traidor.
Olha, eu sei que provavelmente vou morrer aqui. É um perigo nesta
linha de trabalho. Aceito e não tenho medo, mas não quero morrer
como um traidor.
Depois de um breve momento de pausa, eu digo:
— Eu gostaria de poder dizer que não acho que você é um traidor,
mas o que você fez... Eu não sei, é difícil para mim pensar em você
como qualquer outra coisa... mas como uma pessoa e um amigo, eu
acho que você é genuíno.
— Obrigado.
Ele faz uma pausa e pergunta:
— Ela está morta?
— Vou matá-la em breve.
— Sim, bem, ponha uma bala no ombro daquela cadela antes de
matá-la — ele agarra. — Faça a coisa toda dramática, diga a ela "isto é
por Dorian!" — Ele ri da própria brincadeira, mas se encolhe e um
barulho sibilante empurra seus lábios enquanto ele aspira uma
respiração bruscamente em resposta a mais dor.
Eu sorrio e vejo seus olhos caírem para a abertura da porta
enquanto ele abaixa a cabeça.
— Sua mãe vai ficar bem? — Ele pergunta.
— Sim, ela estava bem quando James a pegou, como todos os
outros.
— Essa deve ter sido as quarenta e oito horas mais fodidas — diz
ele. — Acho que você não tem a liberdade de me dizer qual era a grande
confissão que ela queria, e de qual de nós?
Eu balanço a cabeça.
— Desculpa.
Ele balança a cabeça.
— Compreensível — ele diz e depois de alguns segundos
tranquilos acrescenta: — Acho que isso significa que Gustavsson
apareceu depois de tudo.
— Sim. — É tudo o que posso dizer; eu não posso suportar dizer-
lhe o resto, onde se refere a ele e Fredrik estarem preocupados.
O som de sapatos batendo contra o chão ecoa pelo corredor —
dois pares para ser preciso. Eu engulo incômodo e olho de volta nos
olhos de Dorian através da abertura na porta. Ele sabe. Ele balança a
cabeça e ri largamente.
— Ele sempre quis me torturar — diz ele. — Eu acho que o cara
até tinha sonhos molhados sobre isso — ele não podia me suportar.
Eu me empurro para fora de uma posição agachada e fico de pé,
fazendo uma careta de dor e da rigidez nas minhas pernas por estar na
mesma posição por tanto tempo. Dorian está olhando para mim agora
através da janela embaçada no topo da porta.
Fredrik e Victor contornam a esquina na extremidade distante do
salão; dois homens altos e assustadores, todo negócios, em ternos
escuros contra as sujas paredes e chão brancos. Juiz e carrasco. Sem
emoção. Implacável.
Olho para Dorian.
— O que quer que aconteça comigo — ele diz, — faça-me um favor
e certifique-se de que Tessa receba todo o meu dinheiro. A chave para
minha caixa de depósito de segurança e outras coisas pessoais que eu
gostaria que ela tivesse está escondido na sola da minha bota esquerda.
Você vai dizer a Tessa que eu a amo e eu sinto muito por ser tão idiota?
— Eu vou — eu digo a ele.
Deixo Dorian e ando em direção a Victor e Fredrik enquanto eles
abrem caminho pelo centro do salão.
— Posso falar com você por um minuto? — Eu pergunto a Fredrik,
pisando bem na frente dele.
Estou cansada dele me evitando, e se eu não tentar forçá-lo a
falar, eu sei que ele nunca vai e ele pode escapar deste edifício logo
após o interrogatório de Dorian, e eu não vou vê-lo novamente por outro
mês.
Fredrik começa a caminhar e passar por mim, mas eu o
interrompi, parando-o em seu caminho.
— Izabel — diz Victor - temos assuntos importantes a tratar.
— Eu sei, mas isso vai demorar apenas alguns minutos. — Eu
olho para Victor através de olhos suplicantes.
Ele não quer me deixar para trás, mas faz, indo na direção da cela
de Dorian e me deixando sozinha com Fredrik. Eu ouço a chave chiar
na porta da cela e então o som da porta fechando soando quando Victor
vai para dentro.
— Eu não tenho tempo para isso — diz Fredrik.
— Faça tempo. Me dê dois minutos. É tudo que eu peço. Por favor.
Ele olha para mim agora, seus olhos azuis escuros enquadrados
pelos cabelos escuros, perfurando-me com irritação.
— Eu não posso gastar dois minutos.
— Sim, você pode — eu digo atentamente.
Ele começa a passar por mim novamente, mas eu agarro o seu
braço, o material de sua jaqueta preso entre os meus dedos. Sua cabeça
se vira de lado para olhar para mim e sua expressão fica mais escura.
Seus dentes estão rangendo atrás de um queixo raspado.
Finalmente, deixei o outro lado de mim assumir o lado que está
doente da sua merda, e em vez de ter uma conversa de coração com
coração com o homem que já foi meu irmão, não consigo parar de dizer-
lhe em vez disso.
— Você é um idiota, — eu solto, empurrando as palavras através
dos meus dentes. — Olha, eu entendo, eu realmente entendo, e se eu
fosse você eu sei que provavelmente eu me sentiria da mesma maneira.
Mas eu não iria empurrar as pessoas que se preocupam comigo. — Ele
empurra mais contra mim, com a intenção de me ignorar, mas eu me
movo na frente dele e empurro ambas as mãos contra seu peito,
empurrando sua estatura alta e sólida, mas ele apenas se move. Ele
apenas olha para o meu rosto furioso.
Mas ele para — não que ele queira ouvi-lo, mas que ele quer que
eu termine com isso para que ele possa estar livre de mim.
— Faça o que quiser — eu digo com ácido em minha voz, — Eu
não me importo mais. Se você quer me fechar para fora, tudo bem, mas
eu vou dizer o que tenho a dizer antes de ir lá e... fazer a sua coisa. —
Um grunhido manipula minha boca.
Fredrik só fica lá olhando para mim com sua pasta apertada ao
seu lado.
— Nora Kessler disse a Niklas alguma coisa quando ele estava no
quarto com ela, algo que ficou comigo por muito tempo depois que ele
deixou. E por mais que a despreze, não posso negar que ela estava
certa.
Aponto o dedo para o peito.
— Você precisa de amor para sobreviver, Fredrik — eu digo com
convicção dura. — Você é esse homem escuro, assustador, que é tão
frio para o exterior que o inferno congelaria se você fosse enviado para
lá... mas, do lado dentro, você é um homem quebrado que precisa de
amor mais do que alguém por causa da vida que você foi forçado a
viver, por causa das coisas terríveis que você foi forçado a suportar. —
Eu balancei minha cabeça com tristeza em meu coração. — Você
precisa de amor mais do que qualquer coisa, porque é a única coisa
que você foi privado. Você me empurrar para longe, porque eu queria
dizer alguma coisa para você, porque de todos nós aqui, você pensou
em mim como família. Você me ignorou por causa das quantidades de
vezes que o amor o destruiu.
Dou um passo para mais perto e meus olhos nunca saem dele, a
raiva neles nunca diminuem. Seu rosto frio, mas sem emoção, não
mudou.
— Todos precisamos de algo para sobreviver, Fredrik, Victor
precisa estar no controle; James precisa de aceitação; Niklas precisa
de algo para chamar se dele; Dorian precisa fazer as pazes com ele
mesmo... e eu... Eu preciso de um monte de coisas, mas eu ainda não
descobri qual delas eu mais preciso. Mas você... você precisa de amor,
e você não pode empurrá-lo para sempre. Não é da sua natureza.
Eu passo para trás e para longe dele e só para olhá-lo por um
segundo, estudando seu rosto inflexível, seus profundos olhos azuis,
procurando algo, qualquer coisa, mas ele não me dá nada. Estou tão
zangada! Eu quero que ele diga alguma coisa. Discuta comigo, diga-me
como estou errado. Diga-me que eu sou estúpida e jovem e eu não
posso saber como ele está se sentindo ou o que ele está passando.
Absolutamente nada.
Balançando a cabeça com um olhar amargo no meu rosto e
rendendo ao meu coração, eu gesticulo com a mão na direção da cela
de Dorian.
— Eu acho que vou te ver por perto — eu digo, viro meus
calcanhares e saio.
Eu não olho para trás enquanto ando pelo comprimento do longo
corredor, mas posso sentir que Fredrik fica lá no mesmo lugar, pelo
menos, até que eu vire a esquina no final.
O que está acontecendo conosco? A todos nós.
Niklas está longe de ser encontrado. Eu tentei ligar para ele, saí
do prédio e dirigi por Boston, verificando os bares que ele gosta, mas é
uma hora antes do amanhecer e eu ainda não encontrei nada. Niklas
não quer ser encontrado e eu não posso deixar de me perguntar e me
preocupar por quanto tempo. E se ele realmente nunca voltar? E se ele
não puder "entender" porque Victor fez o que ele fez, e eles se tornaram
inimigos? As coisas não podem ser deixadas desta maneira, elas
apenas não podem...
Dorian pode estar morto, ou a caminho. Fredrik é uma causa
perdida que eventualmente se autodestruirá. Niklas desapareceu. Pode
a nossa organização, nossa família, se recuperar do que Nora Kessler
fez, ou o que ela desempenhou em grande parte para fazer?
Estou começando a pensar que não pode.
CapÍtulo VINTE E UM
Izabel
Com minha arma na mão, eu abro a porta para a sala onde Nora
estava enjaulado por mais de dois dias.
Ela olha para mim da cadeira.
— Vamos — eu digo a ela com uma inclinação para trás da minha
cabeça.
— Para onde? — Ela diz, curiosa, enquanto ela se levanta em suas
calças de couro, rosto manchado de sangue e cabelo loiro. Havia
colocado também a blusa de seda, apesar dos cortes nas costas.
— Você sabe onde, — eu digo a ela calmamente.
Nora caminha até mim com seus pés descalços — seus saltos altos
foram jogados contra o chão — e ela faz uma careta pela dor em suas
costas e em qualquer outro que Fredrik a machucou, discutem com
sua decisão de se mover.
— Por que você não atira em mim aqui? — Ela pergunta.
Eu não respondo, jogando fora como sem importância, mas a
verdade é que antes de eu matá-la há algumas coisas que eu quero
dizer a ela, coisas que eu não quero que ninguém ouça.
Caminhamos pelo corredor de forma lenta e deliberada, Nora na
minha frente, eu em suas costas com minha arma no meu lado, e a
conduzo para fora da parte de trás do prédio, na escuridão e no silêncio.
— De joelhos — eu digo a ela, apontando a arma para o chão ao
lado de um lixo.
Sem dúvida, sem argumentos ou com um pingo de medo, ela cai
de joelhos, já sabendo que devolverá a mim.
— Eu perguntaria por que você não vai implorar por sua vida —
eu digo, apontando a arma na parte de trás da cabeça enquanto eu
estou a poucos metros de distância, — mas eu já sei a resposta.
— Qual é a resposta? — Ela pergunta, olhando para a parede de
tijolos na frente dela.
— Você nunca iria implorar por sua vida.
Eu enrolo meu dedo indicador em torno do gatilho.
— E você estaria certa — ela confirma.
O oceano e o som distante dos carros apressados sobre a
autoestrada são fracos, mas são os únicos sons que são ouvidos. O
fedor do deposito de lixo aos pés de Nora, e dos outros cinco que
alinham na parte traseira dos edifícios próximos fazem sentir falta de
ar. Uma única luz brilha a distância de um poste, radiante na entrada
de uma garagem de estacionamento, mas a única luz aqui é da lua,
fazendo a figura escura de Nora parecer como uma sombra, com
exceção de seu cabelo loiro que cobre suas costas e ombros como uma
bagunça desgrenhada de palha branca.
Eu olho para ela por um longo tempo, quase sentindo como se eu
sevesse forçá-la a me enfrentar, porque se eu vou executá-la eu deveria
ter a coragem de olhá-la nos olhos. Mas eu não tenho. Eu não sou
corajosa o suficiente para olhar alguém nos olhos e então tirar a vida
deles — não assim. Uma mulher desarmada. De joelhos. Atrás de um
edifício. Ao lado de um lixo fedorento. Isso me assombraria para
sempre.
O tempo passa e eu não percebo o quanto até Nora começa a virar
a cabeça em um ângulo para obter um vislumbre de mim atrás dela.
— Algo me diz que você não tem medo de me matar — ela diz, —
então, qual é da demora?
Faço uma pausa e digo:
— Eu queria te perguntar algo primeiro.
Ela riu levemente.
— Ah, claro, — ela diz sarcasticamente com o encolher de ombros,
— porque eu estou tão inclinada a responder às suas perguntas antes
de explodir meus miolos. — Ela olha para trás uma vez com um sorriso
e se vira para a parede novamente. — Vá em frente e pergunte o que
quiser, mas você pode esperar apenas um tipo de resposta de mim.
— Que tipo isso seria?
— O tipo verdadeiro — diz ela.
— Esse é o único tipo que eu quero.
- Então, por todos os meios - ela gira a mão com o dedo mindinho
cortado no ar ao lado dela — pergunte.
Hesitando por um longo e tenso momento, penso na minha
pergunta e no que sua resposta verdadeira poderia significar.
— Você acha que um homem como Victor Faust pode estar
realmente apaixonado?
Nora está muito quieta, como se a minha pergunta tivesse tirado
o sarcasmo dela e substituído por intriga. Então ela vira a cabeça para
o lado novamente, permitindo-me ver o contorno de seu nariz e
bochecha na escuridão enluarada que envolve ela.
— Essa é uma pergunta ousada — diz ela. — E uma que eu acho
que você já sabe a resposta.
— Talvez sim, mas eu quero conhecer a sua.
— Você quer dizer — diz ela, como se para me corrigir, — você
quer saber a razão por trás da minha resposta.
- O que quer que seja... basta me dizer.
Eu sinto ela sorrindo, mas eu não vejo isso em seu rosto, e eu não
sinto qualquer rancor ou prazer nos sentimentos dela - apenas
honestidade.
Ela olha para a parede na frente dela novamente.
— Qualquer um pode estar apaixonado, Izabel — ela diz com uma
voz plana, — e posso dizer pelo olhar nos olhos daquele homem que ele
é apaixonado por você — (eu quero estar satisfeito com essa resposta,
mas eu não estou porque eu sei que não é tudo) — mas um homem
como Victor Faust — continua ela, — não pode ficar apaixonado para
sempre. Como o tipo de Fredrik não pode viver sem amor, o tipo de
Victor não pode viver com ele. E por mais que ele fique no caminho de
seus deveres, e quanto mais humano você o torna, mais perto você o
empurra para o seu ponto de ruptura.
— O que é que isso quer dizer? — Minha mão com a arma está
tremendo. — Você está dizendo que não importa o quê, ele vai acabar
conosco?
— Não — ela diz, — mas se você quer mantê-lo e o que você tem
com ele intacto, você precisa perder o que resta da sua vida pessoal,
sua humanidade. Seu amor por Dina Gregory. Seu ciúme juvenil. Sua
consciência. É o suficiente que ele te ame e tenha que protegê-lo, mas
ele não continuará, não pode, protegê-la e levar em consideração tudo
o que você arrastar com você do lado de fora.
— O que faz você pensar que ele não pode? — As lágrimas picam
a parte de trás dos meus olhos, mas eu não as deixo cair.
Nora vira a cabeça para olhar para mim novamente.
— Porque ele é como eu — diz ela não com malícia, mas com
verdade. — E de uma forma ou de outra, ele instintivamente fará o que
for preciso para restaurar o equilíbrio da única vida que ele já
conheceu.
Eu balanço a cabeça repetidamente, não querendo acreditar nela,
querendo ir em frente e atirar nela apenas por dizer essas coisas para
mim. Mas eu não posso. Ainda não.
Um nó duro desce pelo centro da minha garganta.
— Mas você amava Claire — eu aponto, me agarrando a qualquer
coisa que eu possa para virar a verdade em sua cabeça. — Você teria
feito qualquer coisa por ela.
— Sim — ela admite, — eu teria... e é por isso que todos os dias
que ela estava viva eu contemplei em matá-la.
Meu coração para de bater, como se ela tivesse apenas puxado o
tampão em mim.
— Eu amava tanto a minha irmã — ela começa, — que eu sabia
que não podia deixá-la viva porque sempre me preocuparia com ela e
estava me deixando fraca.
— Você ia matá-la? — Eu mal posso acreditar, mas mais uma vez
eu posso. — Você ia matar a sua própria irmã? Sua irmã inocente que
nunca fez nada para você e que não tinha ideia em que você estava
envolvida? — Minhas palavras são atadas com descrença e nojo.
— Sim. Se Victor não tivesse matado Claire, eu teria feito isso
sozinha, eventualmente, e sim, eu estava vingativa porque ele matou
ela, mas ela era minha irmã e ela era minha para matar, não de Victor.
— Ela faz uma pausa e diz com sinceridade, — Eu sei que é muito
estômago, Izabel... eu sei. Eu sei que é impossível para você entender.
Mas eu não sinto emoções ou vejo as coisas da maneira que você faz.
Eu nunca vou, porque eu fui criado a partir do momento em que nasci,
para ser do jeito que sou, não é diferente de você ser do jeito que é.
Todos nós temos nossas falhas "imperdoáveis", eu suponho que isso só
passe a ser mais aparente em mim.
Minha boca está incrivelmente seca. Meu coração não está
batendo rápido ou lento, mas não está batendo bem, é como se ele não
consegue descobrir como. Victor contempla me matar como Nora
contemplou matar Claire? Ele poderia realmente se livrar de mim
porque eu estou interferindo em sua vida como um assassino? Ele
poderia matar Niklas? Uma parte de mim me diz que ela é apenas louca
e que Victor pode ser como ela em muitos aspectos, mas não nos modos
mais extremos — e eu acredito nisso! Meu coração me diz que ele nunca
iria recorrer a isso. Ele me mandou embora uma vez, de volta ao
Arizona, e não tinha intenção de me ver nunca mais... mas... mas ele
fez. Ele cuidou de mim o tempo todo.
Não! Eu não posso deixá-la chegar a mim assim. Eu não vou
deixá-la.
Tremo o meu queixo e recupero meu controle.
Nora provou que suas habilidades de manipulação ultrapassam
as minhas ou de alguém que eu já conheci. Ela pode fazer uma pessoa
acreditar apenas em qualquer coisa que ela queira, fazer a pessoa com
a mente mais forte duvidar de si mesmo, ou a pessoa mais fraca de
mente acreditar que ela é algo extraordinário. Eu sei como ela funciona
— eu experimentei em primeira mão — e eu não vou cometer esse erro
novamente. Talvez as coisas que ela está me dizendo não são uma
tática de manipulação em tudo, e eles são verdadeiramente nada mais
do que suas opiniões, mas eu não estou tomando quaisquer chances.
Vou ouvir meu coração, e meu coração está me dizendo que... apenas
algumas das coisas que ela está dizendo são verdadeiras... e a parte
sobre perder o que resta da minha vida pessoal, creio que é uma delas.
— Ele não sabe... — eu digo, embora eu não tenho certeza por que
eu estou dizendo a ela. Eu olho para a parede acima da sua cabeça; a
arma ainda está apontada para ela, mas minha mente está em outro
lugar.
— Ele não sabe o que? — Nora pergunta.
Muito tempo passa antes de eu responder.
— ... Ele desligou o áudio da sala quando eu confessei para você
— eu digo distante, vendo apenas os tijolos na minha frente. — Ele não
sabe que eu tive um bebê com Javier... que eu tenho um filho de sete
anos ou filha lá em algum lugar.
— E você acha que é melhor manter assim. — Eu acho que é a
maneira dela também de me dizer que ela vai manter meu segredo.
Olho para ela, surpresa por ela não ter se movido, porque no meu
breve momento de distração, alguém com habilidade de Nora poderia
ter reagido com rapidez o bastante para me derrubar dos pés e tirar a
arma de mim.
Eu seguro a arma com mais firmeza, percebendo.
Ela olha para a parede novamente, esperando e pronta para eu
matá-la. Sem medos. Sem arrependimentos. Nenhuma tentativa de
salvar sua própria vida. Nora Kessler aceitou seu destino.
— Confio no seu julgamento, Izabel — diz. — Quando se trata dos
outros, você é uma boa juíza de caráter.
Eu sinto como se estivesse presa dentro da minha própria mente
giratória. Olho para o cano da minha arma e as costas da cabeça de
Nora.
— Quão importante é a honestidade para você? — Eu pergunto a
ela.
— Não tenho nenhuma razão para mentir — diz ela, — a menos
que seja meu trabalho mentir, por que você pergunta?
— Então me diga — digo, ignorando seu inquérito, — vire-se e me
enfrente para que eu possa ver seus olhos, e me diga por que você quer
fazer parte de nossa organização.
Depois de um momento, Nora se vira, ainda de joelhos, para me
encarar. Ela olha para mim com curiosidade.
Então ela sorri com descrença e sacode a cabeça.
— Antes que você se faça de idiota, Izabel — diz ela, — se você
quer que eu fique por perto para treinar você só porque você quer
manter Victor, você pode muito bem me matar.
Empurro a arma para ela ameaçadoramente.
— Apenas responda a pergunta — exijo.
Seus olhos curiosos estudam o meu rosto, minhas reações, e
então ela diz:
— Eu entrei em um monte de problemas para me provar a Victor
Faust — a todos vocês. Eu poderia ter ferido ou matado as pessoas que
você ama, mas eu não fiz e não tive nenhuma intenção em fazê-lo. Eu
posso ter forçado a todos vocês para expor pelo menos um dos seus
segredos mais obscuros, e eu pode ter feito mais danos do que o
pretendido, mas nenhum de vocês pode me culpar pelas coisas que
você tem feito, os segredos você manteve um do outro - aqueles são os
seus erros, não meus. — Ela faz uma careta e ajusta a sua posição
ajoelhada apenas um pouco. — Mas para responder a sua pergunta,
eu quero ser parte desta Ordem porque eu perdi o único lugar que eu
pertencia quando eu deixei a FC-4. Eu não posso simplesmente sair
para o mundo, encontrar um emprego, encontrar amigos, me apaixonar
e agir como um ser humano normal. Porque eu não sou. E eu nunca
serei. E eu não posso voltar para a Sect porque eles vão me matar no
local por deserção. Para não mencionar por matar Solis. — Finalmente,
senta-se completamente em seu traseiro, incapaz de permanecer em
seus joelhos por mais tempo. — Eu nasci, literalmente, para fazer isso.
É tudo que eu sei. E isso é tudo o que tenho a dizer.
Eu acredito nela. Independentemente de quão manipuladora ela
seja, os fatos também não mentem.
— Então por que você não se mata? — Eu pergunto. — Se você
não tem medo da morte, e você não pode viver de outra maneira, por
que não acabar com ela?
— Porque o suicídio é o caminho do covarde.
Eu aceno com a cabeça e deixo isso assim.
— Mas o que o impede de tentar matar um de nós? — Inclino a
cabeça pensativamente, olhando para ela com desafio. — Já que você
parece não ter consciência.
— Eu sou toda negócios, Izabel, — ela responde imediatamente.
— E eu sou leal. Está no meu sangue fazer o que me disseram os meus
superiores. Eu faço isso sem questionar ou argumentar, e faço-o bem.
E se eu quisesse te matar, eu poderia ter isso no segundo em que você
me trouxe aqui. Eu poderia ter tomado essa arma de você momentos
atrás, quando você estava fora na terra pensando nos segredos de vocês
e decidir não contar Victor sobre isso, como se fosse fazê-lo.
Provavelmente esta noite está prevendo dormir com ele. — (Como ela
sabe essas coisas?) — Se eu quisesse matar qualquer um de vocês, eu
não teria passado seis anos planejando esta noite. Eu teria matado você
todas as vezes que eu segui você.
— Mas, e quanto a Claire? — Eu digo, ainda precisando de mais.
— Ela comprometeu você. Você a amava. Você ia matá-la. E você deixou
a única casa que você já conheceu, arriscou tudo, por causa dela. O
que quer dizer que não vai acontecer de novo?
— Porque as pessoas como eu só amam uma vez — ela responde
sem sequer ter que pensar sobre isso. — Para nós, a experiência é como
uma criança tocando uma panela quente.
Eu não digo nada por um tempo.
— Mas quando você está calma e não agi por raiva ou vingança,
você sabe o que está fazendo. E confio em você cem por cento.
— Você disse que me treinaria.
Nora acena com a cabeça.
— Eu fiz.
— Então por que você disse...
— Eu vou treiná-lo se a sua necessidade de aprender não é ditada
pelo seu amor de um homem — ela corta. — Isso não é diferente de
uma menina engravidar apenas para manter seu namorado, ou um
homem casando-se com uma mulher que ele não ama porque a
engravidou, nunca funciona. E não vou perder meu tempo com tolices.
— Victor não é a única razão pela qual quero aprender — digo. —
Eu não vou mentir e dizer que ele não é parte dela, mas ele não é tudo
isso. Eu sou diferente de você em quase todos os sentidos, — continuo
— mas a única maneira que nós somos iguais é que eu sei que esta é
a única vida para mim. Já fui por esse caminho normal e eu não acho
que posso fazer isso de novamente. Esta é a minha vida, e eu só quero
aprender para me manter viva nele por tanto tempo quanto que eu
puder. Victor nunca teve muito tempo para me treinar como eu preciso
ser treinada. Ou ele me enviou para outra pessoa — eu silenciosamente
me lembro de Spencer e Jacquelyn no estúdio Krav Maga — ou
começou a ficar tranquilo depois de um tempo, porque ele não queria
me machucar.
— Eu nunca iria ser fácil com você. — Nora sorri.
— Eu sei.
Então eu digo:
— Mas lutar não é a única coisa que quero aprender — quero
aprender tudo o que você pode me ensinar: técnicas de manipulação,
controle da dor, tudo...
Nora levanta uma sobrancelha.
— Você nunca será capaz de aprender todas essas coisas — diz
ela, — a menos que você queira perder a sua capacidade de amar
alguém e ser capaz de matá-los em vez disso, mas vou ensinar-lhe o
que eu puder.
— Mais uma pergunta.
— Hmmm?
— Apenas por curiosidade — começo, — quando confessei a você,
você parecia... simpática. Até mesmo aos sentimentos de Niklas. Se
você é tão... sem emoção... por que você parece se importar? Por que
zombar do seu pai e seu dedo desencadeia tanta raiva que
desencadeiam suas emoções tão controladas? E ausente.
— Eu ainda sou humana — ela diz simplesmente.
Eu penso nisso muito e muito. Sobre tudo.
E então dou a ela a minha arma.
Nora olha para ela brevemente e depois a leva para seus dedos
manchados de sangue.
— Então, bem-vindo a bordo — eu digo.
E o fato de que ela não atira em mim nas costas ou foge para as
ruas de Boston, quando eu a deixo sentada lá e volto para dentro, mais
prova que ela está dizendo a verdade que eu já sabia.
CapÍtulo VINTE E DOIS
Izabel
Serafina. Meu anjo com asas pretas. Ela sorriu; um brilho carmesim
nos lábios, emoldurado por cabelos tão negros como a minha alma, os
olhos tão profundos como o poço sem fundo que é o meu coração. Ela se
deitou perto do corpo quente, seus dedos longos e brancos enrolados no
sedoso cabelo loiro da menina. Seus seios pródigos e cheios,
pressionados contra os menores da menina. Ambos estavam nus,
enrolados um ao lado do outro. Eles estavam esperando por mim.
— É muito simples — Seraphina disse e ela arrastou a ponta de
sua língua através do pescoço da menina, olhando através do quarto
para mim com aquelas piscinas escuras de pecado e salvação. — Nós
fazemos tudo juntos, meu amor — sua língua traçou o lábio inferior da
garota e a menina devolveu o gesto — meu diabo, meu príncipe negro.
Eu pisei para frente, quebrando os botões da minha camisa.
Seraphina prosseguiu:
— Nós buscamos vingança juntos. Nós fodemos, nós amamos, nós
condenamos e destruímos juntos até o dia em que morreremos juntos.
Ela estendeu a mão delicada, mas mortal e gesticulou para mim,
curvando seus dedos em direção à sua palma, lentamente e
sugestivamente.
— Venha cá e prove-a — disse ela, e então deixou cair a mão entre
as coxas da garota. — Você tem que prová-la.
A garota gemeu com o toque de Seraphina, sua cabeça loira
pressionando o ombro da minha esposa, seus peitos pequenos e macios
empurrando para a vista da luz fraca no pequeno qiarto.
Fiquei de pé ao pé da cama, observando-os, como os dedos de
Seraphina se moviam com tanta precisão artística, como as pernas da
menina se separaram para ela, expondo seu lugar mais secreto para
mim e para o ar fresco da noite.
— Eu disse para você não trazê-las aqui. — Eu finalmente digo
enquanto escorregava meu cinto dos laços da minha calça preta, o som
do couro se movendo contra a tela em um movimento lento e deliberado.
— Nunca sem minha permissão. E nunca aqui. — Eu estava furioso, mas
mantive-o contido.
Os lábios vermelhos escuros de Seraphina se espalharam em um
delicioso sorriso. A moça acariciou os seios de Seraphina, colocou a
cabeça no seu pescoço; ela tentou tocar embaixo Seraphina, mas não foi
permitida, então ela puxou a mão dela, arrastando as pontas dos seus
dedos em seu estômago.
— Oh, Fredrik — disse Seraphina, levantando as costas da cama -
você não pode dizer isso o tempo todo. Estou tentando te ajudar. Isso é
apenas parte do processo.
— Mas, da mesma forma — disse eu — disse-lhe para não trazê-
las para nossa casa.
Seraphina e eu compartilhamos um olhar, seu sorriso escurecendo
com desapontamento; meu rosto sem emoção não tinha mudado. Mas
minha esposa nunca desistir tão facilmente. Ela nunca fazia o que eu
dizia com um estalar de dois dedos, porque ela era ousada e desafiante
e eu adorava isso sobre ela.
Ela se levantou da cama.
A menina ficou alerta e sentou-se quando notou a tensão crescente
na sala.
— Quero que você a foda — disse Seraphina. — Eu a trouxe aqui
para você. Olhe para ela — ela acenou para a menina, que era muito
bonita com lábios cheios e grandes olhos castanhos e quadris curvilíneos
— Eu achei que você ia gostar dela. Eu gosto dela.
A menina olhou para trás e para frente entre nós nervosamente.
— Mas esta é a nossa casa, Seraphina. — Eu me aproximei de sua
forma alta e nua. — Você sabe que eu não gosto de fodê-los aqui, onde
dormimos, onde eu te fodo.
— Eu... acho que vou embora agora — disse a moça, levantando-se
da cama.
— Não! — Seraphina estalou, apontando para ela. — Sente-se,
caralho. — Ela olhou para mim, fulminando-me, rangendo os dentes.
Seus olhos castanhos brilharam em seu rosto oval irritado; O preto de
seu cabelo curto brilhando contra o branco cremoso de suas bochechas.
A menina estava com muito medo de se mover. Ela permaneceu na
cama, puxando os joelhos para ela e cobrindo seus seios com seus longos
cabelos.
— Você pode ir — eu disse a menina, empurrando minha cabeça
para trás, indicando a porta aberta atrás de mim.
— Eu disse que ela fodidamente fica, Fredrik!
Seraphina começou a se esgueirar através da cama para a garota,
mas eu a agarrei por trás, segurando-a firmemente em torno de sua
cintura. A moça levantou-se rapidamente com os olhos arregalados e
agarrou suas roupas do chão.
Seraphina lutou comigo a cada passo, a cada momento, até que a
menina saiu correndo e ouvi a porta da frente de nossa pequena casa
fechada atrás dela.
— Desgraçado!
Arrancando as mãos de Seraphina atrás de suas costas, eu a
empurrei para a frente na cama.
— Por que você faz isso, Seraphina? — Eu perguntei a ela, minha
voz sufocada de raiva e desespero. Ela lutou contra a cama, mas eu a
segurei ainda, pisando entre suas pernas e separando-as com a minha.
— É a minha única regra e você a quebrou. Por quê?
— Porque é uma regra fodidamente estúpida! — Ela gritou, uma
face pressionada contra o colchão.
Inclinando-me sobre seu corpo com os pulsos ainda presos atrás
dela em uma das minhas mãos, eu sussurrei em seu ouvido:
— É estúpido que eu te ame, Seraphina? — Meu aperto aperta em
torno de seus pulsos — É estúpido que eu nunca queira compartilhar
você ou eu com alguém em nossa casa?
— Que diferença faz? — Perguntou ela em uma voz mais calma,
mas amarga. — Não importa onde nós fazemos.
— É importante para mim. — Eu beijei o lado de sua boca.
— Por quê?
— Porque deve haver limites — eu disse e me levantei novamente.
— Nós não vamos foder, matar ou destruir qualquer pessoa em nossa
casa. Você entende?
Ela balançou a cabeça ainda pressionada contra o colchão.
— Agora você vai ficar quieta ou eu vou ter que amarrar você?
— Vou ficar quieta — disse ela.
Eu soltei seus pulsos e ela moveu seus braços para fora e
descansou-os sobre o colchão acima de sua cabeça.
— E por que você vai ficar quieta? — Perguntei quando peguei
firmemente o cinto em minha mão.
— Porque eu mereço — ela disse, da mesma forma que ela havia
dito as vezes antes que eu tinha que puni-la.
Agachei-me entre as pernas e, com ambas as mãos, separei um
pouco mais para a expô-la a mim.
— Eu não sei o que vou fazer com você — eu disse e beijei a carne
quente de seu traseiro.
— Você não sabe o que você faria sem mim — disse ela em troca.
Eu beijei a outra bochecha.
— Não, eu não, e eu nunca quero descobrir.
Ela gemeu e seu corpo se enrijeceu quando minha língua
serpenteou para fora e lambeu seu clitóris.
Eu me ergui em uma posição e pisei de entre suas pernas. Ela ficou
quieta, esperando, sabendo, preparando-se. Eu a observei por um
momento. Ela empurrou os dedos dos pés um pouco, o suficiente para
segurar suas pernas enquanto ela estava deitada de costas contra o
colchão da cintura para cima. Eu queria tanto colocar meu pau nela, eu
queria espremer seu traseiro em minhas mãos e fodê-la até que nenhum
de nós pudesse ver em linha reta, mas ela tinha que ser tratada primeiro.
Eu nunca poderia deixá-la ter seu caminho quando se trata dessas
coisas ou ela se tornaria incontrolável. Seraphina pode ter me ajudando
a controlar meus impulsos torturantes, meus impulsos assassinos, mas
eu não era o único de nós que precisava ser ensinado, controlado e
guiado por que Seraphina era uma mulher perigosa e perversa que
poderia se perder em qualquer momento e nunca poderia ter muito
controle.
O som da pele marcada pelo couro rasgou através do ar e
Seraphina gritou alto. Mas ela não se mexeu. Duas vezes. Quatro vezes.
Seis vezes. Dez vezes, o cinturão golpeou sua carne, deixando marcas
em sua bunda. Ainda assim, ela nunca se moveu; apenas seus dedos se
agarraram a cama, rasgando o lençol do colchão e esmagando-o em suas
mãos.
Onze. Doze. Treze.
Eu não cedi. Eu nunca poderia deixá-la ver a fraqueza em mim ou
eu iria perdê-la. Atacar Seraphina levemente, tendo piedade dela, só a
desligaria. Era uma coisa boa porque eu nunca teria tido piedade dela.
Eu gostava de infligir a dor tanto quanto ela gostava de tomá-la.
— Fredrik, por favor! — Ela implorou com uma voz chorar lágrima.
— Por favor pare…
Eu bati o couro novamente, e novamente, e novamente até chegar
a vinte. Era sempre vinte. Ela sabia que sempre haveria vinte chicotadas,
não importa o quanto ela me implorasse para parar.
Eu coloquei o cinto de lado na cama e agachado entre suas pernas
mais uma vez. Seu corpo tremia debaixo de minhas mãos cuidadas,
resistido por apenas segundos sob meus lábios quentes. Eu beijei cada
centímetro de sua dor, cada pedaço, cada minúsculo corte onde a pele
tinha quebrado. E então eu delicadamente puxei seus lábios separados
com meus dedos e arrastei a ponta da minha língua quente entre eles.
Lentamente. Atentamente. Seraphina gemeu e choramingou e cavou
seus dedos no colchão.
Ela já não sentia a dor.
Tudo que ela sabia era o prazer.
Eu a fodi duramente, a única maneira que qualquer um de nós
queria sempre — duro e violento. E depois que eu gozei, eu deitei em
suas costas, ainda enterrado dentro dela.
Eu a beijei de volta, sua coluna, seus ombros e seu pescoço. A
lâmina de barbear me acenou na mesa de cabeceira, mas esperei. Só
mais um pouco.
— Não há ninguém mais no mundo como nós, meu amor — ela disse
em uma voz suave, olhando para nada com seu rosto pressionado contra
o colchão. — Eu morreria sem você.
Distraidamente, eu continuei a me empurrar profundamente dentro
dela lentamente.
— Você nunca estará sem mim — eu disse e beijei a nuca. — E
como você disse antes, morreremos juntos.
— Você promete, Fredrik? Você vai junto comigo se eu morrer antes
de você?
Eu beijei o lado de sua boca, pressionando meus quadris contra
ela. Ela ofegou.
— Quando você morrer, eu também morro — eu sussurrei contra
sua orelha. — Você é o amor da minha vida. Meu lindo cisne. E você será
minha destruição.
Entrei dentro dela. Seus lábios se separaram em um gemido
silencioso e ofegante e seus dedos encontraram o topo do meu cabelo
escuro.
— Ninguém pode te amar como eu te amo — disse ela. — Nenhuma
mulher neste mundo conhece você como eu conheço você, entende suas
necessidades, sua dor, seu passado. Nenhuma mulher pode dar a você
o que eu lhe dou.
E ela estava certa.
Eu empurrei mais e mais e, de repente, a lâmina de barbear estava
presa entre as pontas dos meus dedos e o polegar.
Eu levantei meu peito de suas costas, apenas o suficiente para que
eu pudesse vê-la.
Seraphina choramingou e agarrou a cama quando eu fiz o primeiro
corte, verticalmente abaixo suas costas cerca de dois centímetros. Logo
iria curar e tornar-se como as outras cicatrizes que eu tinha deixado lá.
Então me inclinei e lambei o sangue que escorria da ferida com a língua.
Seraphina levantou seu traseiro contra mim, me forçando mais fundo.
Meus dedos feriram firmemente dentro de seu cabelo.
Inclinei-me mais um pouco, procurando sua boca com a minha, e eu
a beijei longa, dura e sangrenta.
— Ninguém, Fredrik, — ela sussurrou e lambeu minha língua, —
ninguém jamais te amará como eu.
O que será de Dorian Flynn? Você acha que Victor deve levar
Dorian em cima de sua oferta para trabalhar com a Inteligência dos
EUA?
Será que o Niklas voltará à Ordem de Victor? Ele pode (ou deveria)
perdoar seu irmão?
Que impacto você acha que Nora Kessler terá na Ordem de Victor,
positiva ou negativa? E quanto a Izabel?
Você acha que Nora estava certa em dizer a Izabel que seu
relacionamento com Victor está praticamente condenado?
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