APELAÇÃO Nº 0011015-12.2010.8.19.0001
8º Turma Recursal Criminal do Rio de Janeiro
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PAGE 1
junto ao SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL – STF, fazendo-o amparado
nas razões que se seguem, motivo pelo qual requer seja admitida a
presente peça impugnativa, com conseqüente envio dos autos ao
Pretório Excelso, para conhecimento e decisão .
P. DEFERIMENTO,
ALDO LUDOGERIO
Estagiário DPGE
Mat.092871
PAGE 2
RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO
DO PROCESSO CRIMINAL
PAGE 3
III. Data máxima vênia o entendimento da Conselho Recursal, entende a
defesa que o debate ainda não está encerrado eis que, a nosso ver, a
conduta prevista no art. 28 da nova Lei de Drogas não configura ilícito
penal. Mesmo que assim não fosse, a quantidade apreendida é
insuficiente para manejara Justiça Penal, razão pela qual se socorre do
presente recurso excepcional para buscar a absolvição do acusado, pelos
motivos abaixo elencados.
DO REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PAGE 4
senão passar à esfera extraordinária do Poder Judiciário, estando, pois,
preenchido o requisito de CABIMENTO.
PAGE 5
comportamento de toda a sociedade, que necessita de um
posicionamento definitivo da Corte Maior acerca da eventual ilicitude do
fato.
PAGE 6
novel lei, nos termos abaixo.
“ art. 1º - Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contravenção, a infração penal a que e lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. “
PAGE 7
Assim, conclui-se que a nova legislação das drogas, de forma inexorável,
descriminalizou a conduta em exame, para dar-lhe tratamento não penal,
deixando de configurar ilícito penal.
PAGE 8
III , parágrafo 1º e 6º , bem como no art. 29, o que nos leva a confirmar
a impossibilidade da aplicação das sanções de caráter aflitivas.
PAGE 9
Mesmo essa última, que, em última ratio, poderia ser vista sob o ângulo
aflitivo, será cumprida em programas comunitários, entidades
educacionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de
usuários e dependentes de drogas, o que se significa método indireto de
aprendizagem.
PAGE 10
de natureza cível não estão relacionadas com o direito repressivo,
somente podendo-se admitir um “DIREITO JUDICIAL SANCIONADOR”.
Da mesma forma, as decisões proferidas no âmbito do julgamento das
Ações por Improbidade Administrativas, que, apesar de condenatórias,
“não se trata de sentença condenatória que produza efeitos penais „ (fls.
134).
PAGE 11
despenalização (evitou-se a pena de prisão para o usuário de droga). O
fato (posse de droga para consumo pessoal) deixou de ser crime
(formalmente) porque já não é punido com reclusão ou detenção (art. 1º
da LICP). Tampouco é uma infração administrativa (porque as sanções
cominadas devem ser aplicadas pelo juiz dos juizados criminais). Se não
se trata de um crime nem de uma contravenção penal (mesmo porque
não há cominação de qualquer pena de prisão), se não se pode admitir
tampouco uma infração administrativa, só resta concluir que estamos
diante de infração penal sui generis. “ (in Posse de drogas para
consumo pessoal: crime,infração penal "sui generis" ou infração
administrativa?
PAGE 12
Apesar de termos ciência de que a tese já foi debatida no julgamento do
Recurso Extraordinário nº 430105/RJ, Rel. Ministro Sepúlveda Pertence,
entendemos que a questão não foi julgada de forma definitiva, eis que
decidida em Questão de Ordem, bem como acreditamos que os
argumentos jurídicos que ora se esboçam, possam acalorar a discussão e
ajudar na mudança do entendimento deste Colendo Tribunal.
PAGE 13
de ponderação de valores fundamentais, dando-se ênfase ao princípio da
unidade da Constituição.” (Christine Oliveira Peter da Silva, in
Hermenêutica de Direitos Fundamentais. Brasília Jurídica, 2005, p. 112-
113.
PAGE 14
Assim, deve ser repensado se o Estado realmente tem o direito de, sob o
argumento de estar protegendo a saúde, invadir o direito à intimidade e
à vida privada, sem atropelar essas garantias fundamentais
constitucionalmente asseguradas.
PAGE 15
O PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE, corolário do princípio
constitucional da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, consagrado no
artigo 1 º, III da Constituição Federal, impede a criação de condutas
penais que não ofendam seriamente algum bem jurídico.
PAGE 16
A diferenciação entre o conceito de crime e de contravenção não assenta
simplesmente numa questão puramente formal. A impossibilidade de
aplicação de pena privativa de liberdade induz ser ainda a conduta de
usar drogas de categoria inferior ou de menos expressão, no âmbito
penal, não se podendo admitir que conduta menos valorada pelo
preceito secundário da norma, possa ter efeitos maiores que as
contravenções penais que, em tese, admite prisão simples.
LUIZ FLAVIO GOMES, mais uma vez ao falar da atipicidade formal, nos
leciona: “ O conteúdo da sanção (prisão) , por força do PRINCÍPIO DA
PAGE 17
PROPORCIONALIDADE, nos conduz obrigatoriamente a sustentar
mais exigências para configuração de um crime. Hoje isso se resolve
pela tipicidade material que, como novo requisito do fato típico, requer
reprovação da conduta (Roxin-Frish) resultado jurídico desvalioso
(Zaffaroni L. F. Gomes etc.) e imputação objetiva do resultado (Roxin)...
Em outras palavras, a gradualidade do injusto penal (Palero) tem
total correspondência com a gradualidade da sanção penal.”
(g.n.- obra citada, pág. 133 e 134)
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
PAGE 18
Nunca é demais as palavras do Ministro Celso de Mello que, de sua
cátedra nos ensina: “O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima
circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do
indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à
própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos
que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os
valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial,
impregnado de significativa lesividade. O direito penal não se deve
ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor - por não
importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não
represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem
jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. (ao relatar o
HC 84.412/SP perante o STF)
PAGE 19
Pedimos vênia para citar :
PAGE 20
caso se impõe, a uma, porque presentes seus requisitos, de natureza objetiva;
a duas, em virtude da dignidade da pessoa humana. Ordem concedida. ( STF -
Segunda Turma - HC 92961/ SP - Relator(a): Min. EROS GRAU -
DJ 22-02-2008 - EMENT VOL-02308-05 PP-00925)
PAGE 21
DO PEDIDO
Termos que
Pede deferimento.
ALDO LUDOGERIO
Estagiário DPGE
Mat.092871
PAGE 22