Você está na página 1de 11

Diplomacia 360o – Módulo Atena – Economia – Aula 08

Prof. Daniel Sousa – 19.09.2018

MACROECONOMIA → POLÍTICA MONETÁRIA

A política monetária está relacionada com o mercado de fundos emprestáveis, ou seja, o


mercado de fundos disponíveis para empréstimos.

Há uma determinada quantidade de moeda (q) e há também o preço da moeda – chamado de


juros (r de rate). Há uma oferta de fundos emprestáveis (O) e uma demanda de fundos
emprestáveis (D). A interação entre oferta e demanda, nestes casos, levará a uma taxa de juros
de equilíbrio (JE) e também a uma quantidade de equilíbrio (qE).

A política monetária do BACEN altera a disponibilidade da oferta de fundos emprestáveis.

→ Quando for realizada uma política monetária expansionista, a oferta de fundos emprestáveis
irá aumentar, a taxa de juros de equilíbrio vai cair e a quantidade de equilíbrio vai aumentar.

→ Quando for realizada uma política monetária contracionista, a oferta de fundos emprestáveis
irá se contrair, a taxa de juros de equilíbrio vai aumentar e a quantidade de equilíbrio vai cair.

Quando o BACEN utiliza a política monetária como mecanismo de política macroeconômica,


haverá impacto sobre os juros do mercado de fundos emprestáveis. Não é a taxa SELIC. São os
juros com que o correntista se depara quando vai obter um empréstimo nos bancos comerciais.
Existe, portanto, um efeito real sobre a economia, quando se realiza a política monetária, seja
ela expansionista ou contracionista.

A política monetária expansionista pode ser feita por meio de:


→ Redução da taxa de redesconto;
→ Redução da taxa do compulsório; e
→ Reduzir venda de títulos e comprar títulos.

A política monetária contracionista pode ser feita por meio de:


→ Aumento da taxa de redesconto;
→ Aumento da taxa do compulsório; e
→ Aumentar a venda de títulos e reduzir a compra de títulos.
VISÃO CLÁSSICA → horizonte de longo prazo

Tem-se um PIB (Y) e um nível de preços (P). A oferta agregada (OA), que é vertical, define um
PIB potencial (YPot), de pleno emprego. Há também a demanda agregada (DA), que é
negativamente inclinada como qualquer demanda.

O ponto de equilíbrio entre a oferta agregada e a demanda agregada definirá um nível de preços
denominado (P0) e o PIB potencial (YPot).

→ Quando há uma política monetária expansionista, verifica-se o aumento da oferta de fundos


emprestáveis e, consequentemente, uma expansão da demanda agregada, com um nível de
preços mais alto (P1) e o PIB inalterado.

→ Quando há uma política monetária contracionista, verifica-se a diminuição da oferta de


fundos emprestáveis e, consequentemente, uma retração da demanda agregada, com um nível
de preços mais baixo (P2) e o PIB inalterado.

Segundo a lógica classicista, se houver uma política monetária expansionista, aumentará a


oferta de fundos emprestáveis (aumento do multiplicador bancário, independente do
instrumento utilizado).

Como consequência, ocorrerá uma expansão da demanda agregada, que vai gerar mais
inflação, já que os preços irão subir devido à expansão da demanda. Essa expansão da demanda
agregada vai levar, momentaneamente, em um ambiente de curto prazo, a um maior emprego
dos fatores de produção, gerando mais crescimento. Nesse cenário de mais emprego e mais
crescimento, vai-se chegar a um PIB potencial que vai estabilizar nesse patamar.

Com uma política monetária expansionista, haverá, portanto, um crescimento momentâneo e


efêmero, mas não sustentável. Como consequência de longo prazo, os preços ficarão mais altos,
mas o PIB continuará no mesmo lugar.
Segundo a lógica classicista, se houver uma política monetária contracionista, reduzirá a oferta
de fundos emprestáveis (juros mais altos). Como consequência, esses juros mais altos levarão
a uma queda da demanda agregada, que vai fazer com que os preços caiam.

Com os preços mais baixos, haverá menos emprego e menos produção, que representará
menos crescimento. Nesse cenário de menos emprego dos fatores de produção e menos
crescimento, haverá uma redução de custos, que levará a uma recuperação da economia e do
crescimento. Chegaremos também a um PIB potencial, de pleno emprego, que também irá se
estabilizar nesse patamar.

Conclui-se, segundo a lógica classicista, que moeda não gera nada além de inflação. A política
monetária nada mais é do que uma política de administração de demanda, de tal maneira que
ela não venha a gerar inflação. Política monetária não gera empregos ou crescimento do PIB,
apenas mais ou menos inflação no horizonte de longo prazo, que é aquele que nos interessa.

PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE DA MOEDA


→ Colocar mais ou menos moeda em circulação não tem efeito real (sobre quantidade), e sim
efeito nominal (sobre preços).

TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA


→ Essa teoria argumenta que a oferta de moeda (M) multiplicada pela velocidade de circulação
da moeda (V) é igual ao nível de preços (P) multiplicado pelo PIB (Y) real de uma economia.

Em outras palavras, a moeda circula, comprando produtos em um determinado nível de preços.

O argumento classicista é que, num horizonte de longo prazo, tanto o PIB, que atinge seu
potencial (patamar de pleno emprego), quanto a velocidade de circulação da moeda são
constantes. Dessa forma, aumentos na oferta de moeda terão como consequência direta
aumentos proporcionais no nível de preços – e apenas isso.

De acordo com essa lógica, a política monetária serve exclusivamente como instrumento de
controle da inflação. Uma política monetária classicista implantará um regime de metas de
inflação, que é adotado por quase 100 países, e também pelo Brasil, desde 1999.
REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO

→ CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN)


- Determina as diretrizes de política monetária a serem seguidas pelo Brasil.
- CMN = Presidente do BACEN + Ministro da Fazenda + Ministro do Planejamento.
- CMN estabelece as metas de inflação, que são recebidas pelo BACEN.

→ IPCA – Índice de Preços ao Consumidor (IBGE)


- Janeiro a dezembro – meta anual e estática.
- Meta de inflação escolhida para o Brasil em 2018: 4,5 % (tolerância entre 3% e 6%).
2019: 4,25%
2020: 4,00%
2021: 3,75%

Para cumprir a meta de inflação, o BACEN tem reuniões periódicas (a cada 45 dias) do COPOM
(Conselho de Política Monetária) para avaliar o cumprimento da meta de inflação.

Análise pelo COPOM da expectativa de inflação x meta de inflação – possíveis cenários:

A) Expectativa de inflação ACIMA DA META – aumentar a SELIC.


- COPOM decide “apertar” a política monetária.

B) Expectativa de inflação DENTRO DA META (ou próxima) – manter a SELIC.

C) Expectativa de inflação ABAIXO DA META – há espaço para a redução da SELIC.

O regime de metas de inflação tem como vantagens:


- Grande previsibilidade;
- Compromisso formal com o combate à inflação; e
- Convergência de expectativas (profecia autorrealizável).
INFLAÇÃO RECENTE NO BRASIL

2008: CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL!


- Escalada da taxa de cambio e pressão inflacionaria; inflação mais próxima do topo da meta.

2009: mais tranquilidade.

2010: inflação dispara devido ao forte crescimento do PIB, causado pelos incentivos do governo.

Na campanha eleitoral de 2010, ambos os candidatos à Presidência da República (Dilma Rousseff


e José Serra) prometeram reduzir a autonomia do BACEN. Dilma Rousseff escolheu como
presidente do BACEN um técnico, Alexandre Tombini, mas que foi visto como subordinado à
Presidente (era visto saindo do Palácio do Planalto às vésperas de reuniões do COPOM).

2011: Dilma reduziu a taxa SELIC em ambiente de alta da inflação. Promoveu também o
represamento de reajustes de tarifas de serviços públicos, como eletricidade.

2015: após a reeleição de Dilma, o aumento de tarifas que estava represado foi liberado, e os
preços dispararam, descumprindo a meta de inflação.

2016: a recessão ajudou, juntamente com os juros muito altos, na derrubada da inflação.

Com a nomeação de Ilan Goldfajn para a presidência do BACEN, foram estabelecidas margens
de tolerância menores e reduzidas as metas de inflação para os anos seguintes. Há hoje uma
expectativa de autonomia do BACEN.
VISÃO DE KEYNES

Segundo a visão keynesiana, a demanda efetiva é o que impulsiona o emprego de fatores de


produção e o crescimento econômico. A política monetária é uma forma de se criar demanda
efetiva, expandindo o próprio crescimento econômico.

O aumento da demanda efetiva pode pressionar a inflação, mas faz parte do processo. O
governo está disposto a tolerar mais inflação para abrir espaço a mais crescimento econômico.
A expansão da demanda efetiva causará, na prática, uma alta nos preços, que fará com que
empresas empreguem mais fatores de produção, gerando mais crescimento econômico.

Na visão keynesiana, a política monetária não deve, necessariamente, estar comprometida com
o combate à inflação. O governo pode, nesse contexto, criar alguma política de contenção de
demanda quando a economia estiver próxima do pleno emprego. Keynes não nega a existência
do conceito de pleno emprego. Ele nega, em verdade, que exista uma convergência em direção
ao pleno emprego, garantida pela flexibilidade de preços. Keynes alega que só é possível
aproximar-se do pleno emprego com a expansão da demanda efetiva.

A política monetária é capaz de gerar crescimento econômico. A expansão da oferta de moeda


tem impacto nominal (sobre os preços), mas também tem impacto real (sobre a quantidade).

Segundo Keynes, a moeda não é neutra, pois existe uma preferência pela liquidez (“teoria da
preferência pela liquidez”). Quando se coloca mais moeda em circulação, uma parte dessa
moeda será entesourada e não existe impacto proporcional sobre os preços. As pessoas têm
preferência pela liquidez e retêm um pouco de moeda por precaução, para as transações que
precisam ser feitas e para a especulação (aproveitar as oscilações do mercado).

Keynes desenvolveu o conceito da armadilha de liquidez, provando que a neutralidade da


moeda não existe. Seria um cenário de extrema incerteza em relação ao futuro, em que pessoas
entesouram moeda, cada vez mais, por precaução. Esse entesouramento desaba a demanda
efetiva, o que leva a um cenário recessivo. Nesse cenário, a política monetária fica sem efeito,
pois, se mais moedas são injetadas na economia, as pessoas vão entesourar essa moeda.

Se a Empresa A estiver com medo do futuro, ela


começa a entesourar moeda em seu caixa, parando de
investir e de contratar. A Empresa A demite o
Consumidor B, que, com medo de continuar
desempregado, também irá entesourar moeda. Esse
Consumidor B, que passou a entesourar, para de
comprar produtos da Empresa C, que, devido à queda
em suas vendas, também vai entesourar, deixando de
comprar produtos da Empresa A.

Esse processo recomeça e se retroalimenta, assim sucessivamente, devido a uma armadilha


causada pelo excesso de retenção de liquidez. Numa situação como essa, os juros podem ser
zero, mas as pessoas continuarão retendo moeda. Nesse cenário, a demanda por moeda é
infinitamente elástica à taxa de juros.

Você também pode gostar