Você está na página 1de 23

1

Projeto Sax Chorando


Prof. Rafael Velloso

O projeto de extensão Sax Chorando é voltado para saxofonistas


profissionais, amadores e para o público em geral. Tem como foco apresentar
um panorama do saxofone no choro, tratando das transformações estéticas
sofridas neste gênero, apresentando seus principais compositores e
instrumentistas.

O objetivo deste encontro é de apresentar o contexto histórico da introdução do


saxofone no Brasil e a importância do instrumento e de seus interpretes nos
processo de consolidação de diversos gêneros de música popular, além
de desenvolver a leitura e a interpretação musical. A presença nas atividades do
curso é livre e aberta a comunidade, quem tiver interesse em assistir as
atividades do curso podem se inscrever na hora, mesmo que não possuam o
instrumento.

O saxofone

O saxofone foi concebido como uma família de instrumentos de sopro,


orquestrais e de banda militar, inventada pelo belga construtor de instrumentos
de sopro Adolphe Sax na década de 1840. Criados em um corpo de metal, esses
instrumentos são fruto dos experimentos do inventor com o clarinete baixo,
modificado pelo tubo cônico a maneira do oboé, preservando contudo
a embocadura simples de apenas uma palheta, igual ao clarinete. Seu dedilhado
foi inspirado no sistema criado 10 anos antes pelo alemão Theobald Boehm,
inventor da flauta transversa moderna.

O saxofone veio a ser conhecido no Brasil apenas em 1885, através de José


Freire, que executava no saxofone valsas em tom menor com o
acompanhamento de instrumentos de corda e de metal. Naquela época já
existiam no Brasil músicas compostas especialmente para o instrumento, tais
como "Tango Batuque" ou "Turuna" de Luciano Gallet. Desde sua criação até a
década de 1960 o saxofone permaneceu como um instrumento de ligação entre
as madeiras e metais das bandas militares. Aos poucos novos adeptos do
saxofone foram aparecendo e popularizando o seu som através dos solos,
principalmente pela facilidade de seu dedilhado em relação ao clarinete e ao
oficleide, pois apresentava uma afinação mais precisa e um som mais
brilhante que atendia as demandas timbrísticas dos instrumentistas e
compositores modernos. Com a solidificação do choro como gênero, à partir do
século XX o saxofone começou a ser utilizado como instrumento de solo, tanto
em gravações como apresentações.
2

Os pioneiros

O saxofone só veio a ser conhecido e apreciado como instrumento solista no


choro à partir do séc. XX. O primeiros chorões que utilizaram o saxofone foram:

André Vítor Correia, André Saxofonista (1888-1948) - André era


funcionário da Imprensa Nacional, compositor de marchas-rancho, choros e
sambas. Participou ativamente de ranchos no início do século, foi diretor de
harmonia do rancho Ameno Resedá (1925) para qual compôs várias marchas.
Trocou a clarineta pelo saxofone, na época em que dirigiu uma Jazz-Band, é
autor do conhecido choro André de sapato novo de 1947, sua composição mais
importante.
* André de sapato novo (André Victor Correia) Gravação feita por Pixinguinha e Benedito Lacerda (1947)

Romeu Silva (1893-1958) - Funcionário dos correios tocava saxofone no


rancho de Ameno Resedá, na orquestra da sociedade dançante carnavalesca
Ninho do Amor, e foi diretor de harmonia e líder da orquestra do rancho Flor do
Abacate onde tocou em 1913. Dez Anos depois formou a sua própria orquestra o
Jazz-band Sul -Americana, tocando em festas cabarés e na sala de espera do
cine Palais. Em 1924 gravou pela primeira vez dois maxixes intitulados, Tênis
Clube de Petrópolis de (Silvio de Sousa) e Lolote Estrilando (Mario Silva). É
descrito no Livro de Alexandre Gonçalves Pinto como "Hoje um maestro, um
interprete das nossas músicas no estrangeiro, razão porque tornou-se admirado
e considerado celebridade pelo seu talento musical e patriotismo consumado,
fazendo sobressair com vantagens pelos mundos civilizados, tudo que é nosso.
O seu saxofone tem a magia da melodia, ele é um habilitadíssimo diretor de
Jazz-band". Compôs dois maxixes Tricolor e Se papai souber que foram
gravados pelo grupo de Pixinguinha, os Oito Batutas, em Buenos Aires quando
foram excursionar em 1923. Nesta gravação Pixinguinha utiliza-se pela primeira
vez do saxofone tenor dado a ele pelo milionário Eduardo Guinle em Paris.

* Tricolor, Romeu Silva, Maxixe, Pixinguinha (Sax Tenor) os Oito batutas, 1923 Vitor.

O Grupo Sulferino (1910 - 1920) De formação e estilo semelhante ao Terror


dos Facões do compositor gaúcho Otávio Dutra, gravou alguns títulos para a
Casa Elétrica de Porto Alegre tendo como solista convidado Luiz Americano. O
repertório variava entre tangos e choros, e segundo a pesquisadora Luana
Santos foi formado para atender as demandas fonográficas solicitados por
Gustavo Figner da Casa Edson de São Paulo, pois a pesquisadora não
encontrou sinal da trajetória do grupo no cenário musical porto-alegrense.

* Carinhos Santos - (Romeu Silva) Grupo Sulferino para Casa Elétrica Porto Alegre 1917.
3

Severino Rangel de Carvalho, o Ratinho (1896-1972) - Nasceu em


Itabuna, na Paraíba no dia 13 de abril de 1896. Ganhou o apelido, devido a sua
insistência em tocar a polca Rato-Rato no pistom. Ratinho, desde a infância,
demonstrou profunda inclinação musical, gostava de fazer instrumentos musicais
com pedaços de pau, lata ou qualquer outro material que pudesse ser utilizado.
Observando a sua tendência musical seus padrinhos o incentivaram a entrar
para a banda local, a Euterpre Itabaianense, em Itabaiana. Começou no tarol,
instrumento de percussão com o qual não se identificou, então pediu ao mestre
de banda que lhe ensinasse outros instrumentos, recebeu então um saxofone,
cuja escala aprendeu em um dia. Aprendeu outros instrumentos de sopro como
o pistom, durante dez anos, mas acabou mesmo tocando o saxofone soprano no
qual foi considerado um dos melhores. Já em Recife começou a tocar
profissionalmente, atuando ao mesmo tempo como oboísta na Orquestra
Sinfônica e saxofonista na orquestra de frevo com compositor Nelson Ferreira.

Em 1919 conheceu José Luiz Rodrigues Calazans (1896-1977), o


Jararaca, com quem depois formaria a dupla sertaneja Jararaca e Ratinho, de
enorme sucesso na rádio. Os dois fizeram parte do Bloco dos Boêmios, que deu
origem aos Turunas Pernambucanos. Segundo Sérgio Cabral em seu livro
Pixinguinha, vida e obra, a Cidade de Recife recebeu em julho de 1921
Pixinguinha e seu grupo os Oito Batutas. O Bloco dos Boêmios, no do qual
participava Ratinho e jararaca, apresentou-se para completar o show do grupo
de Pixinguinha. Pixinguinha gostou tanto dos músicos pernambucanos que além
de incluir uma musica nos shows, convidou o grupo para ir ao Rio se apresentar.
E assim foi, em 1922 Ratinho se apresenta no Rio de Janeiro pela primeira vez
com o grupo Turunas Pernambucanos no centenário da proclamação da
república, obtendo grande sucesso. Depois de uma temporada de um ano no
Rio, tempo em que gravaram e tocaram bastante, o grupo parte para a Argentina
e lá antes mesmo do final da temporada se dispersaram.

Somente em 1929 é que a dupla com jararaca assume um papel importante


em sua carreira, a partir do seu trabalho de composição pioneiro em música
sertaneja. Ratinho contudo não deixa de lado o saxofone, seu instrumento de
criação. Em 1930, já então um sucesso na radio com a dupla, lança também
discos instrumentais, gravando alguns de seus choros dentre eles o famoso
Saxofone, porque choras?, que representa toda a versatilidade do choro e a
nova linguagem que começava a surgir para o saxofone.

Segundo Alexandre Gonçalves Pinto, "Ratinho faz naquele instrumento cousa de


estarrecer o público, quando apresenta-se no palco. Ninguém o imita tal a sua
habilidade nos contornos que faz no mesmo. Tem um folego de admirar, pois
sustenta quatro mínimas ligadas sem parar. O que toca, é sempre cheio de
graça e de uma beleza impossível de descrever-se tal o seu manejo e arte".
Como comenta o Animal, sua performance, no final de sua vida ainda era
4

admirável, de alto nível musical, possuindo uma respiração fora do comum.


Raramente interpretava músicas de autoria alheia. Era ao mesmo tempo
intérprete e autor das melodias. Seu carro chefe Saxofone por que choras?
música até hoje muito apreciada, teve o seu titulo inspirado na música de
Ernesto Nazaré, Cavaquinho, porque choras?

No livro de Rodrigues Calazans e Sônia Braucks, Jararaca e Ratinho a famosa


dupla caipira, encontramos algumas entrevistas feitas com importantes músicos
e pesquisadores do choro com opiniões sobre o instrumentista Ratinho:

Altamiro Carrilho: "Ratinho, naquele tipo de instrumento, pode-se dizer que foi o
melhor do Brasil: criativo, cheio de nuances, original, o melhor estilista. Com
música brasileira ninguém tocou melhor que ele o saxofone soprano. Foi um
mestre. Um gênio. Não foi superado até hoje com seus sons e efeitos estranhos.
É como eu o vejo"

Abel Ferreira: "Como instrumentista, Ratinho foi habilíssimo no saxofone


soprano, embora também executasse muito bem o saxofone alto. Conseguia a
perfeição nas passagens de agilidade e no staccato. Era um artista inato,
totalmente liberto da partitura musical. Como compositor é maravilhoso,
principalmente em Saxofone, porque choras? é a melhor de suas músicas".

Paulo Moura: "Nenhum saxofonista, que eu saiba, foi influenciado por Ratinho.
Infelizmente. Porque foi criado um conceito de que o tipo de música que Ratinho
executava era 'quadrada'. Este conceito faz com que o músico faça uma
submúsica, tipo importação, enquanto a grande força da música brasileira é esta
que vem do nordeste".

Ricardo Cravo Alvim: "Musicalmente sem dúvida Ratinho foi um dos maiores
instrumentistas que o Brasil já conheceu, usando inclusive seu virtuosismo para
emitir malabarismos talvez desnecessários, como aquele muito conhecido - o de
sustentar a nota durante tempo alongado a fim de exibir o fôlego".

* Saxofone porque choras (Ratinho) Gravação feita pelo próprio em 1930 no sax-tenor.
5

Luís Americano (1900-1960) - Sergipano de Aracaju, é notável compositor,


clarinetista e saxofonista. Aprendeu as primeiras lições musicais com o pai Jorge
Americano, regente de banda na capital sergipana. Foi músico de banda militar
do exercito em sua cidade. Desligando-se do exército, em 1922, data em que
inicia a sua carreira como músico profissional. Em 1925, como solista de
saxofone e clarineta, realiza suas primeiras gravações na Odeon para a casa
Edson. Grava cinco musicas sendo três de sua autoria: Gozando a vida, Me
deixa donzela e Tico Tico. Em 1927, faz o seu primeiro disco no sistema elétrico,
e grava o seu choro Sentimento. Entre as gravações realizadas entre 1927 e
1932 destacam-se os dois choros de maior sucesso, Lagrimas de virgem e É do
que há.

Após uma temporada na Argentina onde toca por 3 anos em conjuntos e


orquestras, volta ao Rio de janeiro atuando em orquestras de jazz, como a
American Jazz, e as de Justo Nieto, Kossarin, Raul Lipoff, Romeu Silva e Simon
Boutmann. Além de gravações em discos solos, participações no grupo Velha
Guarda organizado por Pixinguinha em 1932 e na Orquestra Victor Brasileira,
participou de inúmeras gravações e shows atuando sempre como arranjador.
Músico requisitado por seu virtuosismo no saxofone e na clarineta, destaca-se
em centenas de gravações e programas de rádio acompanhando grandes
intérpretes do seu tempo como Francisco Alves, Carmen Miranda e Orlando
Silva.

Em agosto de 1940, volta a atuar com Pixinguinha no disco Native Brazilian


Music, produzido pelo maestro norte-americano Leopold Stokowski no navio
Uruguai, e que seria lançado depois no mercado americano pela gravadora
Columbia. Nesta oportunidade Luís Americano grava como solista ao clarinete
um choro seu intitulado "Tocando para você"

No relato de Alexandre Gonçalves Pinto registrado em seu livro O choro -


Reminiscências dos Chorões Antigos, O Animal o descrevia como: " Velho e
bom chorão no seu saxofone. Este instrumento na boca de Americano é de fazer
embasbacar, tal a maneira que ele com facilidade sabe executar, não
respeitando nem as fusas, que ele devora sem muito esforço". Realizava efeitos
de grande impacto sonoro, como as gargalhadas que fazia ao clarinete, e que
aparece na gravação da musica "Luís americano nas arábias". No saxofone
tinha um timbre suave, sempre com um vibrato característica da época.

* Sentimento (Luís Americano) Gravação feita pelo próprio em 1927.


6

Saxofonistas da Época de Ouro

Inspirados por estes instrumentistas, a partir de 1940 surgiu uma nova geração
de saxofonistas e orquestras que passaram a misturar a linguagem do choro
com outros gêneros como o Jazz, o frevo e a bossa nova, tais como:

Moacir Silva - Começou a tocar o saxofone desde cedo em sua cidade natal,
Conselheiro Lafaiete. Aos 17 anos mudou-se para o Rio de Janeiro com a
família, onde prestou o serviço militar tocando na banda do quartel do Exército.
Foi convidado logo depois a atuar em bailes suburbanos. Saindo do Exército
passou a tocar em diversas orquestras, incluindo a do maestro Fon Fon, onde
ficou até 1947. Foi convidado depois a tocar em diversos grupos, até formar a
sua própria banda, gravando seus discos sob o pseudônimo de Bob Fleming.
Em um dos discos que gravou logo de início incluía um choro que fez bastante
sucesso em radio, chamado Sugestivo.
* Jacyra - Choro Bossa gravado pela primeira vez por Rafael Velloso no CD Sax Chorando (2005)

Juarez Araújo - Um dos mais incríveis solistas de saxofone, Juarez impressiona


tanto pela capacidade criativa dos seus solos quanto pelas suas composições.
Apesar de muitas não terem sido gravadas, exemplificam a modernidade de
sua música, que já conquistou músicos e público em diversos países por onde
passou. Marcele é uma composição recente, que tem uma excelente
combinação de choro e jazz afirmando suas influências.

* Marcele - Choro-Jazz Ultima gravação de Juarez Araújo no CD Sax Chorando Rafael Velloso (2005)

Otaviano Romero Monteiro, Fon Fon – O seu choro Murmurando foi um


grande sucesso em 1946, em uma das poucas gravações feitas por ele. Fon Fon
montou anos mais tarde a sua própria orquestra, com arranjos próprios e uma
sonoridade de naipe de metais característica. Com enorme sucesso, chegou a
se apresentar em diversos países, tanto na América do Sul quanto na Europa.
Em Londres, gravou um LP com essa orquestra.

* Murmurando - Choro gafieira gravado por Rafael Velloso no CD Sax Chorando (2005)

Sebastião Barros, K-Ximbinho - Atuou em várias orquestras, incluindo a


Tabajara, de Severino Araújo, onde participou do naipe de saxofones com o
grande Zé Bodega. Suas composições tornaram-se então conhecidas, ganhando
diversos concursos, até que montou a sua própria orquestra.

* Ternura - Gravado por K-Ximbinho e Zé Bodega no disco Saudades de um Clarinete (Eldorado,1980)

Severino Araújo - Nascido em uma família de músicos, foi apresentado a


música logo cedo, aprendendo vários instrumentos de sopro, entre eles o
saxofone. Por fim se aperfeiçou na clarineta. Seu pai, mestre de banda, foi seu
7

principal incentivador e professor. Severino foi bastante influenciado no jazz pelo


trabalho de clarinetistas americanos como Benny Goodman e Artie Shaw, e suas
grandes Orquestras. Depois de passar por várias orquestras de sua cidade
natal, Limoeiro, ele foi para João Pessoa, onde entrou para a orquestra da rádio
Tabajara como primeiro Saxofonista e Clarinetista. Após o fechamento da rádio
ele liderou a orquestra que então passou a atuar com o nome de Tabajara de
Severino Araújo. Como arranjador e Band Líder, gravou inúmeras músicas, entre
as quais se destacaram Espinha de Bacalhau e Saxomaníaco. A orquestra
Tabajara ainda em atividade é a mais antiga do Brasil. E, apesar de ter sofrido
desde sua criação uma forte influência do Jazz americano, tanto na formação
quanto nos arranjos, a Tabajara só tocava chorinhos, sambas e frevos, com uma
sonoridade ao mesmo tempo inovadora e característica. Na Tabajara passaram
excelentes instrumentistas, como K-Ximbinho e Zé Bodega, irmão de Severino,
assim como o cantor Jamelão, grande intérprete de samba.

* Espinha de Bacalhau - Gravado por Severino Araújo e Orquestra Tabajara (Continental, 1960)

8

Algumas dicas para o aprimoramento das técnicas de respiração,


embocadura, articulação e sonoridade no Saxofone.

Nesta parte da apostila apresento uma série de descrições sobre diferentes


aspectos da performance ao saxofone que são úteis para o desenvolvimento
de uma maior consciência sobre o funcionamento do instrumento,
colaborando assim para um maior controle dos seus recursos técnicos.
Métodos de ensino como os tradicionais como Henry Lindeman Method,
Developing a personal sound de Dave Liebman, The art of saxophone play de
Lary Teal, Le Detaché de J.M.Londeix, Método Completo para Saxofone de H.
Klosé e Método Completo de Saxofone de Amadeus Russo são úteis para a
resolução de questões técnicas oferecendo ao aluno um manancial de
exercícios. O ciclo básico de estudo técnico ao instrumento pode ser
compreendido como: Postura, Respiração, Embocadura, Articulação e
Sonoridade.

Postura correta do saxofonista

O Aluno deve estar relaxado, os pés devem estar confortavelmente


separados, com a cabeça acima e os ombros para baixo. Este procedimento
ajuda na respiração. Os braços devem ficar um pouco para fora do corpo,
com o Saxofone em um ângulo de 45 graus do seu corpo. Os movimentos
dos dedos devem ser discretos, sem digitar com muita força. Se o aluno
estiver movendo seus dedos descontroladamente isto irá dificultar a
execução no instrumento. Só lembrando que o aluno sentado deverá manter
a mesma postura.

A emissão do som no Saxofone

O som no Saxofone é produzido devido à vibração da palheta que é presa


por uma abraçadeira junto a boquilha. Com a pressão dos lábios e a
passagem da coluna de ar pelo tubo do instrumento produz o som.
Aconselhamos o aluno como forma de adaptação a boquilha, iniciar o estudo
do sopro primeiramente só com a boquilha e o tudel, isso para que o aluno
possa se familiarizar com a forma de soprar o instrumento, posteriormente é
que se sopra com o instrumento completamente montado.

A Embocadura - Produzindo Som

Antes de começar a produzir o som no saxofone, é importante sabermos


como fazê-lo de forma mais adequada. Deve-se começar a produzir som
somente com a boquilha, sem o instrumento. Veja o procedimento a seguir:

♪ Posicionar a palheta na boquilha verificando se as pontas de ambas estão


alinhadas. Abra os lábios normalmente como se fosse colocar uma colher na
boca. Com a boca entreaberta repousar a palheta sobre o lábio inferior. Após
fechar os lábios, fazê-los com que fiquem pressionados de forma homogênea
em volta da boquilha, como uma criança faz quando não quer comer. A força
9

é exercida com os músculos faciais que estão ao redor da boca, formando


um anel de força em volta da boquilha. Prestar atenção para não morder nem
a palheta, nem o lábio inferior ou superior. Apoiar os dentes superiores na
boquilha para estabilizar a embocadura na boquilha.

♪ Deve-se inspirar para começar a soprar. No início é necessário pressionar


os lábios até que o som comece a ser produzido. Pode-se observar nesse
momento que, uma vez produzido o som, ele tenderá a soar mais agudo à
medida que a pressão dos lábios também aumentar. Diminuindo a pressão, o
som se torna mais grave. A consciência desse efeito é importante para se
controlar a afinação do instrumento. Outro fator importante para a afinação é
a boa sustentação da coluna de ar que é enviada para o instrumento, feita
através da contração do diafragma e dos músculos abdominais.

♪ Ao produzir som, a pressão da coluna de ar deve ser sempre a mesma,


tanto para a produção de notas agudas como notas graves. O lábio inferior
quando alterado, resulta na mudança da abertura entre a ponta da boquilha e
a ponta da palheta, e consequentemente, influência na quantidade de ar
administrado para a câmara da boquilha.

♪ Os sons graves são produzidos através do relaxamento e diminuição da


pressão dos lábios sobre a boquilha. Na prática, basta deslizar o lábio inferior
para frente da boquilha. Esse procedimento aumentará a abertura entre a
boquilha e a palheta, sendo necessário que uma maior quantidade de ar seja
enviada para a boquilha para a produção do som.

♪ Para se produzir sons agudos, deve-se proceder de forma inversa à


produção dos sons graves. Deve-se aplicar uma maior pressão dos lábios na
boquilha, com o cuidado de não fechar a abertura entre a boquilha e a
palheta, retraindo o lábio inferior. Nesse momento haverá uma maior pressão
da coluna de ar, inibindo a passagem do ar, permitindo assim que se tenha
um melhor controle sobre a coluna de ar devido a pouca quantidade de ar
administrado para dentro da boquilha.

♪ Deve-se tentar produzir os sons graves e agudos, no instrumento e na


boquilha,
seguindo o mesmo procedimento. O som produzido deve ser homogêneo,
sem variação de altura, intensidade ou timbre.

♪ Esses exercícios podem ser feitos em frente a um espelho, prestando


atenção na posição natural dos lábios. Apesar da projeção e movimentação
labial necessária para se conseguir dominar os sons graves e agudos, essa
movimentação não deve acorrer de forma exagerada. Também é importante
prestar atenção no ar que se armazena nas bochechas, isso faz que a coluna
de ar perca a sua forma e o seu direcionamento, fazendo com a sua força
seja distribuída nas paredes da boca.
10

Respiração

Define-se como respiração, a entrada e a saída livre do ar nos pulmões. A


ação de respirar consiste em duas fases:
Inspiração: dilatação da caixa torácica para a entrada de ar nos pulmões.
Expiração: ato dos pulmões expelir, com a intervenção do diafragma, o ar
inspirado.
Alguns possíveis obstáculos devem ser observados, quando pensamos como
produzimos o som do instrumento. Através da laringe e da garganta o fluxo
de ar chega a palheta para dentro do instrumento. A coluna de ar produzida
deve ser produto de uma vibração da palheta onde é produzido o som,
portanto este fluxo de ar deve ser suficientemente rápido para fazer vibrar a
palheta e penetrar através da abertura entre a palheta e a boquilha. A
respiração deve portanto ser feita por intermédio do diafragma, uma parede
muscular abaixo do pulmão em forma de guarda chuva que através da ação
deste músculo aumenta ou diminui a capacidade do pulmão tem de expulsa
ou abastecer de ar.

Durante a expiração para a performance devemos sentir o diafragma


pressionar o ar, criando assim uma coluna de ar "sólida" que vai alcançar a
palheta de forma incisiva, na velocidade e na quantidade exata para a correta
emissão do ar. A respiração é portanto fundamental neste processo, deve ser
realizada de forma mais suave e rápida possível através dos espaços livres
deixados pela boca na embocadura. O ataque ocorre quando a velocidade do
ar é adequada a vibração da palheta, e o final quando esta vibração se
interrompe, entre estes dois momentos temos a sustentação da nota. A ação
da coluna de ar na palheta pode entretanto ser realizada de forma ativa direta
ou indireta. As graduações de atuação da coluna de ar e da língua no ataque
na palheta chamamos articulação. Observe a figura abaixo o processo de
respiração dos pulmões, antes e depois de contraído o diafragma:

A parte escura mostra o aumento na capacidade pulmonar. Não há nenhuma


dúvida que a potência do som depende da quantidade de ar e da velocidade
como saem dos pulmões. A respiração diafragmática é o tipo de respiração
que o professor deve recomendar, pois é a mais benéfica e correta.
Por se tratar de um instrumento de sopro, a respiração, que compreende a
inspiração e a expiração, torna-se essencial para a boa produção do som. Ao
11

inspirar, deve-se primeiro encher a base do pulmão, depois o peito e por


último a parte superior do pulmão. Esse procedimento pode parecer difícil no
primeiro momento. Essa dificuldade aparente justifica-se pelo fato da maioria
das pessoas possuírem o vício de fazer uma respiração apenas peitoral, não
aproveitando assim toda capacidade pulmonar. Existem vários exercícios
voltados ao desenvolvimento da capacidade respiratória que foram inspirados
na prática do yoga e adaptados para o instrumentista de sopro. Segue abaixo
um procedimento, dentre vários outros procedimentos, comum para o
desenvolvimento da capacidade respiratória.

Deve-se estimular a identificação do diafragma como uma forma de clarear o


processo de respiração e ataque das notas, deitando e colocando um livro na
barriga, ou chamando atenção para o processo muscular de produção de
uma gargalhada. Os pulmões devem ser treinados para produzir um fluxo de
ar focado, equilibrado e contínuo necessário para criar vibrações na palheta
(oscilador). Uma boa postura com as costas e o pescoço eretos irá ajudar
muito no processo de respiração. O saxofonista deve tentar usar a sua
capacidade pulmonar inteira, permitindo que a parte inferior dos pulmões
empurrem o estômago para a frente, preenchendo, em seguida, a cavidade
superior. O ar é então liberado de forma constante, controlada por um
músculo chamado de diafragma. O fluxo de ar deve ser sempre constante,
nunca agitado. Como analogia pode-se levar o estudante a pensar como se
estivesse enchendo todo o instrumento ou toda a sala (como um sistema
simbiótico), nunca parando o fluxo de ar, exceto em finais de frase, ou
durante um período de repouso (respiração além de uma necessidade
biológica é um elemento na interpretação musical). O fluxo de ar afeta
diretamente a afinação. Uma boa maneira de praticar a produção de um fluxo
constante é tocar escalas em várias velocidades usando toda a extensão do
instrumento, buscando a emissão de um som homogêneo por todo o
instrumento.

Embocadura:

Embocadura é o uso aparelho oral para se tocar um instrumento de sopro,


consistindo dos lábios, dos músculos faciais inferiores e da estrutura formada
por mandíbulas e dentes. Há muitas variações de como se ensinar a
identificar e aperfeiçoar a embocadura no saxofone. Um método padrão
envolve colocar a arcada dentária frontal superior sobre o topo da boquilha
em um ponto que varia entre 8mm e 2cm, dependendo da boquilha do
saxofone (soprano, alto, tenor, etc). Cobrir arcada dentária frontal inferior com
a parte carnuda do lábio inferior, formando analógicamente uma almofada
sobre os dentes que irá entrar diretamente em contato com palheta. Criar
pressão em torno do bocal de modo a que nenhum ar escape dos cantos do
bocal. Para manter a entonação boa, a pressão deve ser bastante
consistente em toda a volta da boquilha, semelhante a um rastilho. A
embocadura deve permanecer estável e homogênea em toda extensão
escalar do instrumento, evitando qualquer movimento brusco da mandíbula
na busca de uma mais eficaz emissão, como o comum relaxamento (possível
12

subtone) para as notas graves e o comum tensionamento para as notas mais


altas. Controle e relaxamento são parceiros inseparáveis neste processo, por
isso embocadura deve ser estável, com algumas mudanças de
posicionamento da língua em diferentes registros, bastando um fluxo de ar
constante para a emissão de toda extensão do instrumento.

Utilizar o dedo como modelo para a demonstração da correta posição da


embocadura pode ser uma saída às complicadas demonstrações teóricas
que podem confundir o aluno ao invés de esclarecer. Desta forma podemos
esclarecer também outras questões como o vibrato, fazendo mexer a
mandíbula e dizer os modelos silábicos específicos como: Yuyuyuyuyu ou
wawawawawa.

Para corrigir o excesso de pressão na embocadura, pode-se pedir para que o


estudante sopre sem pressionar o lábio, deixando o ar passar pelo tubo e
assim pedir que pressione suavemente a boquilha até encontrar novamente o
ponto de pressão adequado.

Há várias maneiras de se colocar a boquilha na boca. Essa maneira


específica é chamada de embocadura. Existem vários tipos de embocaduras,
como também há diferentes boquilhas e palhetas. Temos que formar um
conjunto equilibrado e único para nosso próprio uso. O mesmo conjunto
(embocadura, boquilha e palheta) não funciona bem com outro saxofonista e
vice-versa, justamente pela diversificação de lábios, arcadas dentárias e
cavidade bucal.

O uso dos lábios é aconselhável somente para quem não tem os dentes
superiores ou possui algum tipo de ponte móvel ou algum outro problema
com a raiz do dente. Devemos usar o apoio dos dentes superiores. Não é
necessário morder a boquilha e, mesmo que você use uma dentadura, ponte
móvel ou dente postiço, isso não é impedimento para o uso da embocadura
de apoio com os dentes. Esse apoio só deverá ser evitado caso venha trazer
algum dano à sua saúde. Sem esses sintomas, você deve usar o apoio dos
dentes superiores na boquilha. Ver figura na próxima página.
13

Posição da boquilha na boca

Quando somente usamos os lábios para segurar a boquilha em nossa boca,


sem o uso dos dentes superiores, a afinação fica seriamente comprometida
em passagens rápidas ou de intervalos distantes, e o músico não tem
domínio dos graves e tampouco dos agudos, pois não trabalha os
harmônicos, que necessitam da precisão de abertura feita com o apoio dos
dentes (tanto para os graves como para os agudos). Desse modo, a
sonoridade é pequena e a resistência superbaixa. Se, ainda assim, o músico
tira um som bonito, não se engane! O efeito dura pouco, pois o lábio não tem
resistência para manter o som ou segurar a afinação, conforme a figura
abaixo:

Esta é a maneira correta que o aluno deverá embocar a boquilha, lembrando


que a pressão da boquilha na boca será responsável pela emissão de um
som afinado e de melhor qualidade, depois é só soprar e ver os resultados.

Articulação:

Articulação refere-se à forma como o saxofonista articula notas e ritmos. A


língua pode produzir staccato leve, pesado marcato, legato longo e os os
mais diferentes acentos. Quanto maior variedade de gêneros musicais
tocados, maior serão os tipos de articulação encontradas. Em geral, o
saxofonista cria a sílaba a ser produzido com a língua antes de soar a nota
("doo", "dah", ou "dee" para uma articulação mais sutil e "Tah" ou "T" para
uma mais acentuada). Para se articular a ponta da língua é arqueada para a
frente e o dorso superior frontal da língua entra em contato com a ponta
14

frontal inferior da palheta, bloqueando momentaneamente o fluxo de ar. A


articulação deve ser praticada com notas separadas, com escalas e
principalmente aplicada nos motivos musicais, sendo sempre aconselhável
para uma correta quantização do tempo o uso do metrônomo.

Didaticamente pode se utilizar a voz para resolver questões como ritmos


escritos, articulações, dinâmicas e timbres desejados, mesmo que a afinação
não seja correta é uma ótima forma de solidificar a idéia desejada. A
demonstração oral a partir de um jogo de sílabas, escrevendo e repetindo
suas diferentes sonoridades, pode ajudar a demonstrar as diferenças entre
elas.

HAAAAAAAAAAAAH
DAAAAAAAAAAAAH
TAAAAAAAAAAAAH
HAAAAAAAAAAAAT
DAAAAAAAAAAAAT
TAAAAAAAAAAAAT

Somente no staccato duplo e triplo utiliza-se a garganta com a finalidade de


articular uma nota. Nisto podemos utilizar as sílabas TuKu (respectivamente
língua e garganta) para a emissão do staccato duplo e as sílabas TuRuKu
(respectivamente ponta de língua, meio de língua e garganta) para a emissão
do staccato triplo.

Sonoridade:

A sonoridade além de toda técnica aprendida envolve outros elementos que


são muitas vezes subjetivos tais como o gosto estético e objetivos tais como
os materiais utilizados (principalmente boquilha e palheta). Devido a sua
grande versatilidade, perceber como um saxofone deve/quer soar em cada
contexto é uma consideração fundamental ao tentar sintonizar e se integrar
com os outros músicos. Para tanto deve-se buscar um domínio técnico
fundamental que satisfaças as diferentes necessidades e exigências
musicais.

Do ponto de vista técnico, alguns obstáculos podem criar barreiras para a


coluna de ar, tornando mais difícil e pesada a execução, seja qual for o estilo.
Por isso há de se tomar cuidado com a traquéia a qual deve permanecer
aberta durante a execução, analogamente como ocorre ao bocejar. A língua
não deve obstruir a passagem de ar, atuando de forma pontual às
articulações, sendo que o sistema de sílabas (como as vogais A e O) é
bastante útil para a demonstração da correta posição da língua durante a
sustentação das notas. Dois exercícios que desenvolvem muito o controle da
sonoridade são: o estudo da emissão série harmônica a partir das notas mais
graves do instrumento e estudo da emissão das oitavas com a chave de
oitava trocada, ou seja, emitir a primeira oitava com a chave de oitava
pressionada e, a segunda oitava sem a chave de oitava pressionada. Este
15

estudo possibilita eficazmente a flexibilização e o reflexo condicionado do


sistema aluno-saxofone como um todo.

Cada estilo tem um vocabulário único devido ao som, à articulação, e às


escalas utilizadas. A fim de aprender corretamente os diferentes idiomas
musicais deve-se ouvir e estudar os estilos atentamente. Felizmente, há
gravações disponíveis de cada gênero que permitem que um aluno possa
progredir de forma eficaz. A sonoridade erudita é mais explorada nas
orquestras, nos grupos de câmara e nas bandas marciais, exigindo um som
mais homogêneo, focado, aveludado e amaderado (aqui no sentido dos
instrumentos de madeira como oboé e clarinete). É interessante propor uma
analogia a outros instrumentos orquestrais tais como a trompa, o oboé, o
violoncelo, a viola e o violino. Jazz e rock'n'roll são mais facilmente
identificados por estarem presentes nas rádios, nas televisões e nas salas de
cinema. Estes estilos comerciais buscam uma sonoridade mais brilhante e
mais "ousada". O material utilizado (boquilha e palheta) influenciam
diretamente neste quesito.
16
Benzinho Jacob do Bandolim
%
#
# ≈ œ œ # œ .. œ œœœœ œœœœœ œ
Bm F 7

œ œ œœœœ œœœœœ œ
& # 42 Œ
Eb
œ

#
## œ
G7 F 7 B7

œœœœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ. #œ œ œœœœ
&

#
œ œ. #œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ
1

# œ
Em C 7

œ #œ œ œ #œ #œ œ œ œ œ
& # #œ œ œ œ œ œ

#
# # ˙ œ œ # œ n œ œ Œœ œ ≈ œ œ#œ #œ œ
2

œ ˙ œœœœœœ
F 7 B7 B 7/A E m/G E m6 Bm G7

.. œ œ œ œ ˙
& ≈ œ#œ #œ œ œ œ
œ œ

fi
3

# #
3

#
C F 7 Bm A7 D6 D º A 7/E

œ
& # n œ œ # œ œ# œ ˙ œ ≈ œ œ # œ .. ˙ ˙ ˙ œ ≈ œ œ #œ
j j
œ œ

# #
3

# œ œ œ œ œ
≈œ œœ œ œ œ œ œ #œ œ œ
E m7 Fº D/F D6 D7 C 7 C7 B7 E7

& # ˙ ˙ ˙ œ œ
j j
œ œ

b # #
## œ œ œ œ # œ œ . œ œ œ œ œ œ œ œ
G m/B A7 D6 F m/C G A7 D

# œ œ œ ≈ œ#œ ˙
& œ œ œ
# #
# j
D º A 7/E G7 F 7 Bm

& # œ˙ œ
j
˙ œ ≈ œ œ #œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ #œ

#
## œ œ ‹ œ # œ œ ˙ œ #œ œ #œ œ ‹œ œ œ ˙ œ
≈ œœœœœ ˙
B7 Em Fº D7 C 7 C7 B7 E7

&
#
fi
1 A7 2 F 7

# œ œ œ
Gm A7 D Bm B m6

œ ˙ œ œ œ ≈ œ œ #œ ˙
& # œ œ # œ .
. œ ˙ œ
≈#œ œ œ œnœ œ œ œ œ œ J ‰
D.S. al Coda
17
Carioquinha
%
Waldir Azevedo

## 2 œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Eb & 4

## œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ≈ œ œ œ œ # œ œ œ # œ œ # œ
&

œ œ #œ nœ œ œ #œ nœ ˙
## œ œ œ nœ œ œ nœ œ #œ nœ œ
≈ œ #œ œ œ #œ œ
1

&

## # ˙ œ œ œ.
fi
.. ≈ œ n œ œ ≈ œ #œ œ
2

& Œ œ œ Œ

## Œ #
& ≈ œ # œ œ # # # # .. # œ . nœ œ œ œ nœ. œ œ ˙

#### œ. #œ œ nœ œ œ. ≈ œ œ #œ
1

& # œ œ œ #œ œ œ nœ ˙ œ

#### œ n œ œ œ œ # œ # œ n œ œ œ œ # œ œ œ n œ œ œ # œ œ œ œ œ œ n œ œ œ œ œ œ
& # œ œœ

#### œ œ
# œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ nœ œ œ œ œ ≈ œ # œ œ ..
& œ œ œ œ

#### œ œ œ œ œ nœ œ
2

œ œ œ œ nœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
& # œ n œ
œ œ

#### ≈ nœ nœ œ
nœ œ. % nn ##
fi
& # n˙ ≈ œ œ #œ œ ˙ œ Œ Ao
n
e

fi
# œ œ œ œ ˙ #U˙
& # ˙ ˙
18
Doce Melodia
Abel Ferreira

## 2 . ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
Eb & 4 . œ

œ œ œ œ œ œ nœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙
# œ
& # ≈

œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ
# œ ˙
& # ≈ 3
3

## ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ ..
& œ

œ œ œ œ œ ˙
# œ œ œ œ ˙
œ
& # ≈ œ

œ œ
# œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙
& # ≈ œ

## ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ œ œ ˙
&

## ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ˙
& œ
19 É do que há
Luís Americano
### 2 %̇ #œ œ œ œ œ œ œ . œ #œ nœ #œ nœ œ œ ‹œ œ
Eb & 4 #œ œ .. ≈

### ˙ ≈
œ œ #œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ
˙
& œ œ œ œ
3

### œ œ #œ œ . œ
& œ œ œ œ œ ˙ œ #œ œ
œ
œ #œ œ
œ #œ J
œ.
### œ œ ˙ ≈ #œ œ œ œ œ œ œ . œ #œ nœ #œ nœ
& œ œ œ #œ œ œ œ œ
#œ œ
### œ œ
& œ œ ‹œ œ ˙ ≈ œ œ #œ œ œ œ œ #œ ≈ nœ œ bœ œ #œ

# # œ œ ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ j
& # œ œ ≈ œ œ œ œ œ
#œ .
œ

###
A2
œ
œ .. ≈ œ # œ œ œ œ œ .. œ . œ œ #œ œ
A1
Œ ≈ #œ
1™ 2™

& œ œ œ #œ œ ˙
œ œ bœ œ œ
### œ bœ œ œ œ ˙ nœ œ .
≈ #œ œ œ œ
œ œ œ #œ œ œ
&
œ œ
### ˙ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ nœ œ œ œ œ œ œ
&

### œ œ œ œ œ œ ˙ œ œ œ #œ œ ˙
≈ ≈ œ # œ œ œ œ œ ..
1™

&

n œ a œ œ œ œœ œœœ
### œ œ n n # # œ œ # œ œ Jœ
A1
Œ
2™
≈ # œ œ .. ≈ œ # œ # œ #
n # # # .. J J
& J
œ œ. œ œ nœ œ œ œ œ
@ A1

#### # œ . œ œ nœ œ œ œ œ œ
& # J J J J ≈ œ œ œ œ œ nœ

œ œ nœ œ œ œ œ œ œ
#
# # # œ ‹œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ nœ #œ œ œ œ œ œ
& # # ≈

#### # #œ œ œ œ œ œ œ œ ˙ œ n œ 2™ n # œ
A2

# ≈ œ œ œ œ .. Œ ≈ # œ œ .. n n n n n # # œ # œ œ œ # œ œ œ œ œ œ œ œ
1™

&
@ A2
20 Naquele Tempo
Pixinguinha
%# œr œ
# ‰ ≈ œR .. œ œ #œ œ. œ œ œ œ œ œ. œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ. œ
Eb & # 42 Œ

r
œ œ œ # œ œ œ œ œŸ# œ œŸn œ œŸ# œ œŸn œ
r
œ nœ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ r
## #œ #œ œ œ #œ œ. œ
#œ œ
&

œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ
r
œ nœ
## œ œ œ œ œ . œ œ œ œ # œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ. œ #œ
&

œ œ œ œ œfi
## œ #œ œ œ œ œ œ. œ . œ œ ≈
. œ œ œ # œ .. œ œ œ œ œ # œ œ œ œ n œ œ # œ œ œ # œ œ œ œ n œ . œ
1 2 6 6

&
6
Fine

## œ œ œ . œ œ œ œ . œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ. œ œ
& œœ œœ # œ # œ œœ #œ œ œ œ œ œ œ #œ

## œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ bœ. œ
#œ œ nœ œ #œ œ œ #œ œ œ œ nœ. œ œ œ #œ œ œ.
6 6

& œ œœ

fi
6

œ œ œ nœ œ # #
# %
fi
r
& # œ œ œ œ œ . œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ ≈ œ œ # œ .. œ œ œ ‰ . œ œœ # ##
1 2
Ao
e

j
œ œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
#### . # œ œ #œ œ œ œ œ œ œ. œ

œ œ ≈œ
& # .

#### œ œ œ œ ≈ œ œ œ œ œ œ œ ≈ œ œ ‹ œ œ œ
& # œ œ #œ œ œ œ œ nœ œ œ œ

#### nœ œ œ œ œ
# ‰ n œj J œj œj œ # œ œJ œ œ œ œ œ œ œ ‹ œ œ œ # œ œ .. œ œ œ ‰ . œr
1 6 2
6

& j j j
œ œ œ j J œ œ

D.S. al Fine
21 Proezas de Solon
%
Pixinguinha

# œ. œ œ œ œ
D B7 E7 A7 D A7

Alto Sax & # 42 Œ ≈ œ œ .. œ œ œ œ œ


#œ œ. œ œ #œ œ
œ . œ œ # œ œ

F#7
# œ œ œ.
D A Bm E7 A7 D B7

& # œ œ œ œ œ œ œ œ œ#œ œ #œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ

F#7
˜ D /F #
## œœœ
Em Bm G F B7
œ
& œ. œ œ #œ œ œ œ #œ œ #œ œ. œ œ #œ œ œ #œ #œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ #œ
œ
fi F#7
1 2

#
E7 A7 D A7 D Bm

& # œœœœœœœœ œ ≈ œ œ .. j ‰ œ œ œ .. œ œ œ œ
j ‰ œœœœ
œ œ œ œ
B 7 /D # C #m7( b 5) C#7
#
Em Bm
œœœœ œ œ œ œœ œ
& # œ œ œ œ œ nœ œ œ œœ œ œ œ œ œ #œ#œ œ œ œ

F#7 F#7 B 7 /D #
##
A7 D Bm

& #œ œ #œ œ œ ≈ œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ ≈ œ
œ œœœ œ œ œ œ œ
F#7
1 2

#
Em Bm Bm Bm A7

& # ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ # œ œ œ œ œ œ œ j ‰ œ œ œ .. œ œ ≈ œ œ %
e fi
Ao
œ œ
fi Cm6/E b
# ≈ œ œ n # .. œ . œ œ
D7
œ œ œ.
D G A m7 A7

& # œ œ œ #œ œ œ. œ œ œ œ œ
#œ œ œ. œ œ

# œ. œ œ.
G E7 A m7 D7 G G7

& œœ œœ œ œ œ œ œ
œ œ œ œ #œ œ œ #œ œ nœ œ œ œ œ œ
G /D
# œ.
C E7 Am Cm6
œ œ œ œ #œ œ œ. œ œ œ œ bœ
& #œ œ nœ œ œ œ œ œœ œœœ œ
A 7 /C #
1 2 fi1
# ≈ œ # œ ##
D7 A7 D
%
G G

& œœ œœœ œ œ ≈ œ œ .. œ œ œ œ ‰
J
fi1 œ
Ao
e
22
Sempre
%
K-Ximbinho
œ œ œ # œ œ œœœœœ œœœœœ œœœœœ
## 2 . œ œ œ œœ œ œœ œœ
Eb & 4 .œ œ

œ œ #œ œ œ œœ œ œ œ œ œ œ œ
## œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ. œ
& œ ≈

œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œœœœœ nœ œ œ œ
## œ œœœ œ bœ nœ
& œœ œœœ œ

œ.
## œ # œ œ œ n œ œ œ œ œ œ œ
œ œ œ œ.
& #œ œ œ œ ˙ ..
Fine

## . ≈
& . œ œ #œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ œ œ #œ nœ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ
œ œ
6 6

##
& ≈ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ. œ œ ≈
œ œ œ œ œ œ œ œ œ.
œ œ œ

## ≈ œ # œ œ œ n œ # œ œ œ œ œœ œ
œ œ œ
œ œ #œ œ #œ
& œ œ œ œ
œ # œ # œ
œ œ œ œœœ
## ≈ œ œ œœ œ œ œ œ nœ œ œ œ
3

& œ œ #œ œ œ ..
D.S. al Fine
23 Sonoroso
K-Ximbinho

œ œ œ % nœ .
œ œ œ
# œ œ œ œ œ œ #œ ˙
& # 24 ≈ œ œ #œ œ

œ œ œ #œ œ #œ œ . #œ œ œ.
# œ #œ #œ œ œ #˙
& # ≈ œ #œ œ #œ

œ œ œ
## ≈ œ œ œ œ nœ . œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ #œ
& œ œ #œ œ

## œ œ #œ œ œ œ œ œ œ . œ œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ
fiœ œ œ
& œ œ
Fine

## . œ œ œ #œ œ . œ œ #œ nœ œ œ œ #œ œ . œ œ œ œ #œ œ œ
& .

œ œ œ #œ
## œ . œ œ œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ #œ œ #œ œ œ œ œ #œ
&

œ
## œ . bœ œ #œ nœ œ œ œ #œ œ . œ œ œ œ #œ œ œ œ œ œ œ œ œ
&

œœœ œœœ #œ
## œ œ œ œ œ œ
A
œ œ .. ˙ ≈œ œœœ œ ≈œ ####
1 2

& œ #
%
œ . nœ œ œ . œ œ
ao e

#### . œ œ œ œ œ
œ œ œ œ œ œ œ œ nœ œ œ œ
& # .

œ. œ œ œ œ œ œ nœ œ œ. œ œ. œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ
#### œ
& #

œ . nœ œ œ .
#### œœ œ œœœœœ œ œ œœ œ ˙ œ œœ
& # nœ œ œ œœ

œ œœœ
#### œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œ œœœ
œ œœœ œœ .. ˙
1 2

& # œ ≈
D.S. al Fine

Você também pode gostar