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05/05/2021 IESB

Unidade 03
Aula 01

Linguagens e Registros

Olá, procuraremos de nir língua e linguagem e discutir como diferentes possibilidades de registro e
níveis de linguagem, seja na modalidade oral ou escrita. Procure, a partir do estudo, repensar seus
conceitos sobre a Língua Portuguesa e rever “pré-conceitos”.

Registros e Níveis de Linguagem


Do Formal ao Informal: Particularidades das Formas Escrita e
Falada
Iniciamos este tópico com o seguinte texto de Jô Soares:

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Pois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi
ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri
cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im portuguêis, é só prestátenção. U alemão pur
exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu,
si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha lingua é u purtuguêis. Quem soubé falá, sabi
iscrevê.
(Jô Soares, revista veja, 28 de novembro de 1990).

A linguagem, em um sentido amplo, pode ser considerada uma interação entre indivíduos que têm
um objetivo especí co. Entre os vários tipos de linguagem, está a linguagem verbal, que se realiza
por meio de palavras.

Para a linguagem verbal acontecer, são necessárias as línguas. Língua é um sistema de signos,
históricos e sociais, utilizados pelos homens para atribuir signi cados ao mundo. Aprender uma
língua não signi ca apenas aprender suas palavras, a maneira de grafá-las e de pronunciá-las.
Signi ca também aprender os signi cados históricos, sociais e culturais que seus usuários vinculam
a essas palavras, na interpretação que fazem da realidade.

Por meio de uma língua, nós podemos produzir discursos orais e escritos. Discurso é uma atividade
comunicativa realizada em uma determinada situação histórica.

Seu produto é o texto, isto é, uma sequência de palavras que mantêm uma relação lógica de coesão
entre si e o mundo ao qual se referem e que possuem uma unidade coerente de sentido. Todo texto
insere-se em um gênero, compartilhando, com a família ou com o tipo de texto a que pertence, uma
série de características de conteúdo temático, de estilo e de construção composicional.

Nenhum discurso e nenhum texto cam soltos no ar, totalmente desvinculados da cultura que
presenciou seu surgimento, mas vivem emaranhados entre eles em uma dimensão intertextual. A
intertextualidade garante que todos os discursos e todos os textos estejam sempre relacionados,
de alguma forma, com os discursos e com os textos que os precederam e que os seguirão, mas esse
conceito será melhor explorado no decorrer da disciplina.

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José Saramago

Todo membro de uma comunidade linguística é, na realidade, um poliglota. Nosso prêmio Nobel de
Literatura, o escritor português José Saramago, com uma frase famosa, chama-nos a atenção para a
enorme variedade de modalidades, de registros e de dialetos presentes em uma língua. Saramago
a rma: “não existe uma língua portuguesa; existem línguas em português”.

SAIBA MAIS
Saiba mais sobre José Samarago clicando aqui e acessando a página da Fundação José
Saramago.

Dentro de um idioma, pois, há inúmeras variações entre a modalidade escrita e a oral, entre o
registro formal e o informal, entre a variedade padrão e a não padrão. A opção por uma modalidade,
por um registro ou por uma variedade depende de uma decisão em parte pessoal, de cada usuário
da língua, e em parte obrigatória, em função das convenções sociolinguísticas de determinado
grupo, devendo-se levar em conta uma série de elementos contextuais que constituem a dimensão
pragmática da linguagem:

a escolha de um objetivo e de uma função textual;


a previsão de um destinatário do texto (ouvinte, leitor, espectador) e da maior ou menor aproxi
mação entre este e o autor do texto;
a opção do autor por uma neutralidade e um maior distanciamento ou por uma presença mais
marcante dentro do texto;
a prática de um nível linguístico-comunicativo, nas dimensões morfossintática e semântico-lexi
cal;
a dosagem entre, de um lado, as informações explicitadas e as explicações dos dados apresenta
dos e, de outro lado, os conhecimentos pressupostos;
o uso de um gênero textual determinado, adequado à situação e aos objetivos pré- xados.

Vamos deter-nos, aqui, sobre as distinções cabíveis entre a modalidade escrita e a modalidade oral
da linguagem.

Muitos acham que há diferença entre língua escrita e língua falada. Outros acreditam que, mesmo
ocorrendo alguma distinção, o “certo” seria haver entre as duas modalidades uma perfeita
correspondência, com a prevalência do padrão culto da escrita. De um lado, temos, portanto, os

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mais progressistvegando a total liberalização e a introdução da coloquialidade na escrita. E, de


outro lado, os mais conservadores, com sua pretensão de que a oralidade deva inspirar-se no
modelo escrito.

Na Modalidade Oral
Na modalidade oral, identi camos as seguintes características:

há um nível de comunicação mais distenso e informal, com exceção de alguns casos especiais, c
omo conferências ou programações radiofônicas ou televisivas, em que se exige planejamento
prévio e um maior grau de formalidade;
devido à presença física do interlocutor, existe uma gama de recursos contextuais, como gestos,
entonação, modulações e pausas, que enriquecem a comunicação, socorrendo a expressão do l
ocutor e a compreensão por parte do seu interlocutor e preenchendo as lacunas criadas por fal
has eventuais na competência linguística dos sujeitos envolvidos;
não é possível apagar aquilo que foi dito; porém, pode-se retroalimentar o sistema, voltando ao
que foi já dito, para esclarecer, complementar, corrigir ou retratar;
as frases são curtas e sintaticamente simples, com a predominância de relações de coordenaçã
o;
o léxico Relativo às palavras. é fácil e despojado;
seguindo constantemente as reações do interlocutor, existe a possibilidade de readequar a men
sagem, modi cando intenções, estilo, conteúdos e objetivos da comunicação;
é permitido, e em determinadas situações interlocutivas até aconselhável, o uso de gírias, prové
rbios, expressões dialetais ou grupais.

Na Modalidade Escrita
Na modalidade escrita, identi camos as seguintes características:

feitas as devidas ressalvas para os casos de coloquialidade e informalidade especi camente cri
ados na literatura ou em determinados gêneros textuais, normalmente o nível comunicativo é f
ormal;
o texto deve ser autoexplicativo e autossu ciente, não podendo contar com a ajuda de element
os extratextuais ou contextuais;
é possível imaginar o per l de um leitor ideal, mas nunca traçar com exatidão o vulto real de tod
os os destinatários concretos que lerão o nosso texto;
há um planejamento cuidadoso, que pode, em tese, ser adiado ao in nito até se aperfeiçoarem t
odos os preparativos;
após o planejamento e a redação, ainda existe a possibilidade de uma cuidadosa revisão que eli
mine todas as desnecessárias redundâncias, imprecisões, truncamentos, desvios, lacunas e amb
iguidades;
as frases são mais longas e sintaticamente mais complexas e elaboradas, com a predominância
de relações de subordinação;

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o léxico é mais culto, a escolha do termo certo, mais ponderada;


o uso de gírias, provérbios e ditos populares é raro e limitado a gêneros textuais ou literários pe
culiares, como é o caso, por exemplo, da literatura regional.

Di culdades No Processamento
Uma das maiores e mais difusas di culdades nas nossas performances orais e escritas é a exata
dosagem de formalidade e informalidade.

Como administrar o grau de formalidade de um texto, de maneira adequada à situação, ao


destinatário, ao gênero praticado e ao assunto tratado?

O primeiro passo é a ampliação contínua do repertório de variedades. O bom usuário da língua não
é quem fala ou escreve sempre no bom padrão culto, mas quem possui a necessária exibilidade e
maestria para passar com relativa facilidade de uma variedade linguística para outra, conforme a
situação, o lugar ou o tipo de interlocutor.

Primeira di culdade
Uma das mais frequentes di culdades que se registram no uso cotidiano da língua é a confusão
entre modalidade oral informal e modalidade escrita formal. É comum encontrar, em textos escritos
formais, estruturas orais informais deste tipo:

expressões comumente usadas na fala para suscitar a atenção do ouvinte, como entendeu?, bo
m, viu?;
expressões contraídas, como pra no lugar de para, né no lugar de não é, cê no lugar de você, tá n
o lugar de está;
articuladores e conectivos, como aí, daí, onde, a nível de, usados em excesso e indevidamente;
contradições na concordância entre pronomes pessoais e pronomes possessivos;
expressões coloquiais, como manera, papo, se liga, fala sério, ninguém merece e outras;
uso excessivo de verbos de sentido geral, como fazer, dar, ter, ser.

Salvo os casos em que esses elementos são usados propositalmente, para alcançar determinados
efeitos de sentido, como na literatura ou na propaganda, recomenda-se evitá-los na produção
textual normal em nível de escrita formal.

Segunda di culdade
Outro problema de processamento textual é a di culdade de estabelecer e realizar uma função
naquilo que dizemos ou que escrevemos. Todo texto sempre persegue pelo menos um dos
seguintes objetivos:

a expressão das ideias e das emoções do autor do texto;


a manipulação do pensamento e dos sentimentos do interlocutor;
a informação sobre o funcionamento de determinada realidade;
a realização de uma experiência estética.

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Vejamos agora alguns tipos de textos.

EXPRESSIVO
Poemas, diários e cartas são exemplos de textos expressivos, centrados na primeira pessoa que fala
ou escreve. No texto expressivo, o indivíduo assume e constrói sua identidade de membro de uma
comunidade humana e civil. Não somos meros repetidores. Temos o direito e o dever de
acrescentar a nossa voz no palco do mundo. Apesar disso, existem situações em que a expressão da
voz pessoal é considerada inadequada. É o caso das obras cientí cas, das redações de concursos e
das teses acadêmicas, em que se pratica um ocultamento ctício do “eu” atrás da neutralidade ou
impessoalidade do emissor.

APELATIVO
Mensagens publicitárias e discursos de propaganda política são, por excelência, textos apelativos,
centrados na segunda pessoa, que é in uenciada, convencida ou manipulada. São textos
eminentemente argumentativos, que utilizam os recursos retóricos da língua. Neles não há um
compromisso para com a verdade daquilo que se a rma, entendendo-se que uma inverdade ou uma
omissão podem alcançar o alvo principal, que é a persuasão do interlocutor.

REFERENCIAL
Livros e artigos cientí cos, documentários televisivos e aulas escolares representam textos
referenciais. São textos descritivos, em que a ênfase recai na explicação, de nição ou conceituação
do dado objetivo da realidade. Um caso particular de texto referencial é o texto metalinguístico, em
que o objeto de estudo é o funcionamento da própria língua. Em dicionários, gramáticas e aulas de
idiomas, curiosamente, a língua aparece como instrumento de comunicação utilizado para explicar
a si mesmo.

POÉTICO
As obras literárias em geral são modelos de textos poéticos, em que a escolha do termo, a
organização da frase e do parágrafo, a invenção das guras, o desvio das formas convencionais e o
estranhamento provocado por algo diferente são elementos que concorrem para a criação do novo,
cuja contemplação provoca prazer. A esse tipo de prazer contemplativo chamamos de experiência
estética.

METALINGUÍSTICO
Existem, ainda, as situações em que a linguagem é usada para falar sobre ela mesma: o emissor usa
símbolos do código para questionar ou comentar o próprio código. Nesse caso, o elemento
enfatizado é, obviamente, o código, e a linguagem exerce função metalinguística. A frase
“professora, o que quer dizer conotação?” é um exemplo disso, pois as palavras da língua
portuguesa estão sendo usadas para falar sobre um item da própria língua.

FÁTICO
Às vezes, a intenção do emissor é apenas estabelecer ou manter aberto o canal de comunicação.
Nesse caso, dizemos que a linguagem exerce função fática. São exemplos disso as frases que dão

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início a uma conversa, como “E aí? Tudo bem?”, e aquelas que buscam veri car se o canal está livre
de ruídos, como “Alô? Você está me ouvindo?” ou “está dando para enxergar?”.

Ao produzir um texto, seja ele oral ou escrito, devemos levar em conta as funções da linguagem aqui
apresentadas. Nenhuma delas é excludente. Nenhum texto é exclusivamente expressivo Poemas,
diários e cartas são exemplos de textos expressivos, centrados na primeira pessoa que fala ou
escreve. No texto expressivo, o indivíduo assume e constrói sua identidade de membro de uma
comunidade humana e civil. , apelativo, referencial Livros e artigos cientí cos, documentários
televisivos e aulas escolares representam textos referenciais. Trata-se de textos descritivos, em que
a ênfase recai na explicação, de nição ou conceituação do dado objetivo da realidade. ou poético.
Porém, todo texto contém sempre a preponderância de uma dessas funções. Assim, por exemplo, a
publicidade de um produto comercial, além de ser eminentemente apelativa, pode ter um cunho
poético, pelo cuidado que se teve com a sua apresentação estética; um romance, além de ser
fundamentalmente poético, pode ter uma função referencial por estar informando sobre os
acontecimentos históricos de determinada época.

O que importa é que, ao escrever e ao ler, nós conheçamos e saibamos reconhecer as funções
linguísticas e que a elas saibamos adequar nossa linguagem e nossas construções textuais.

Sintetizando e Enriquecendo Nossas Informações


MODALIDADE LINGUÍSTICA ORAL

A modalidade linguística oral é, na maioria dos casos, informal, lexical e sintaticamente simples,
conta com a presença física do interlocutor, pode-se recorrer a gestos, à entonação, a modulações e
a pausas; pode-se voltar a um enunciado já expresso para corrigi-lo, para esclarecê-lo ou para
complementá-lo.

MODALIDADE LINGUÍSTICA ESCRITA

A modalidade linguística escrita, normalmente, é formal, autossu ciente, voltada para um leitor
ideal, cuidadosamente planejada, executada e revisada, lexical e sintaticamente complexa.

Usuário experiente da língua é quem passa com desenvoltura de uma modalidade para outra e
quem sabe articular seu discurso dentro da função textual planejada (a expressiva, a apelativa, a
referencial ou a poética).

A Escolha do Registro Linguístico

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Assim como não podemos a rmar que na escrita há planejamento e na fala não, também não
podemos dizer que a fala é menos formal que a escrita, pois a escolha de como organizar essa fala é
feita em consequência do gênero do discurso e do lugar de circulação do discurso.

É o lugar de circulação do discurso que determina sua audiência. Isso, articulado com a escolha do
gênero no qual o discurso se organizará, determina as escolhas linguísticas que serão feitas para
que esse discurso possa ser reconhecido e legitimado por essa audiência.

Entre essas escolhas, inclui-se a do registro.

O registro será de nido, portanto, pelo auditório e pelo gênero. Vejamos o exemplo de uma
conferência. Esse gênero tem seu público constituído por estudantes, pesquisadores e professores.
Assim, será sempre organizado em um registro mais formal do que uma conversa cotidiana entre
amigos e obviamente será sempre planejada previamente, com mais rigor do que a conversa,
possível entre os mesmos participantes, todavia em outro contexto que não exija formalidade,
como uma conversa no corredor ou na cantina da Universidade. Se o nível de formalidade não for
considerado de acordo com o auditório e com o gênero, a conferência pode ser desquali cada por
conta do emprego inadequado da linguagem e a conversa pode ser considerada “chata” e seu
interlocutor “arrogante”.

Não podemos dizer que a escrita tem maior prestígio, é mais completa e precisa ou que independe
mais do contexto do que a fala. O que podemos a rmar é que, dadas as suas condições de produção,
o discurso escrito impresso requer a utilização de recursos diferentes. Não há como substituir uma
palavra ou frase por um gesto, num discurso escrito impresso, já que o gesto não pode ser escrito e
o interlocutor não estará presente sicamente.

Entretanto, é perfeitamente adequado, em um discurso produzido oralmente, que a pergunta


“Você sabe onde é que estava aquilo que deixei ali ontem?” seja respondida por “Eu acho que vi na
outra sala”, e que ambas, pergunta e resposta, sejam acompanhadas por um gesto de apontar que
não deixe a menor dúvida sobre o assunto do qual se fala e a qual local a resposta se refere.

Isso signi ca que também não podemos dizer que a fala é mais dependente do contexto do que a
escrita, pois os contextos de produção de ambas são diferentes. No discurso escrito impresso, dois
contextos contribuem para a construção dos sentidos: o de produção e o de publicação. Enquanto o
contexto de produção é construído pelo produtor antes do momento da publicação do texto, o de
publicação é constituído no processo de editoração e de submissão do discurso ao projeto grá co-
editorial no qual circulará (jornal, revista, boletim, folder, etc.).

Nesse momento são inseridos os elementos não verbais que serão articulados ao texto, como
imagens, espaços, grá cos, fotogra as, símbolos, posição em relação a outros textos. No momento
da leitura, ao articular texto e elementos do contexto, o contexto de publicação adquire signi cado
pelo leitor, que passa a constituir os sentidos do texto.

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Enquanto no discurso escrito as etapas são sequenciais, no discurso oral, o momento de produção e
o de publicação coincidem, pois os elementos extraverbais são articulados concomitantemente ao
elemento verbal.

Linguagem Escrita e Oral: Inter-Relações e


Diferenças
O lugar em que circulará, o lugar social que ocupam produtor e interlocutor, bem como a imagem
que o primeiro constituiu acerca do segundo, a nalidade e o gênero no qual será organizado são
condições que de nem as inter-relações existentes entre linguagem oral e linguagem escrita.

Para se estabelecer as relações que distinguem as modalidades falada e escrita da língua, é


necessário, portanto, considerar as condições de produção. São essas condições que possibilitam a
efetivação de um evento comunicativo e são distintas em cada modalidade.

Observe o quadro a seguir:

Características da fala Características da escrita

Interação face a face. Interação a distância (espaço-temporal).

Planejamento simultâneo ou quase simultâneo à execução. Planejamento anterior à execução.

Impossibilidade de apagamento. Possibilidade de revisão para operar correções.

Sem condições de consulta a outros textos. Livre consulta a outros textos.

Ampla possibilidade de reformulação: essa reformulação é marcada, A reformulação pode não ser tão marcada, é privada e promovida

pública, pode ser promovida tanto pelo falante como pelo ouvinte. apenas pelo escritor.

Acesso imediato ao feedback (retroalimentação), monitoração do


Sem possibilidade de feedback imediato.
ouvinte.

O falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir das O escritor pode processar o texto a partir das possíveis reações do

reações do ouvinte. leitor.

Essas condições de produção irão determinar formulações linguísticas que apresentam aspectos
especí cos, conforme o tipo de texto produzido:

oral: conversação espontânea, debate, entrevista, conferência, etc.


escrito: carta familiar, editorial, artigo para revista cientí ca, etc.

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Em síntese, podemos dizer que do ponto de vista linguístico a fala apresenta:

maior liberdade de estruturação sintática, no que se refere tanto ao caráter local (unidade sintá
tica) quanto ao global (a nível de inter-relacionamento de tópicos);
maior uso de elementos contextualizadores;
maior frequência de marcadores conversacionais;
maior ocorrência de expressões generalizadoras.

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AMPLIE SEU CONHECIMENTO


Leia os textos a seguir:

O Monoglota Polinível
Um político que estava em plena campanha chegou a uma pequena cidade, subiu para o
palanque e começou o discurso:

- Compatriotas, companheiros, amigos! Encontramo-nos aqui, convocados, reunidos ou juntos


para debater, tratar ou discutir um tópico, tema ou assunto, o qual me parece transcendente,
importante ou de vida ou morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou junta
é a minha postulação, aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara deste Município.

De repente, uma pessoa do público pergunta:

- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para dizer a mesma coisa? O
candidato respondeu:

- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto, como
intelectuais em geral; a segunda é para pessoas com um nível cultural médio, como o senhor e a
maioria dos que estão aqui; a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito
baixo, pelo chão, digamos, como aquele alcoólico, ali deitado na esquina.

De imediato, o alcoólico levanta-se a cambalear e “atira”:

- Senhor postulante, aspirante ou candidato: (hic) o facto, circunstância ou razão pela qual me
encontro num estado etílico, alcoolizado ou mamado (hic), não implica, signi ca ou quer dizer
que o meu nível (hic) cultural seja ín mo, baixo ou mesmo rasca (hic). E com todo a reverência,
estima ou respeito que o senhor me merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic)
os seus haveres, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir direitinho (hic) à
leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica ou à puta que o pariu!

Como Um Advogado Termina Um Namoro


Prezada Otaviana de Albuquerque Pereira Lima da Silva e Souza, Face aos acontecimentos de
nosso relacionamento, venho por meio desta, na qualidade de homem que sou, apesar de Vsa.
não me deixar demonstrar, uma vez que não me foi permitido devassar vossa lascívia, retratar-
me formalmente de todos os termos até então empregados à sua pessoa, o que faço com
supedâneo no que segue:

1) DA INICIAL MÁ-FÉ DE VOSSA SENHORIA:

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1.1. CONSIDERANDO QUE nos conhecemos na balada e que nem precisei perguntar seu nome
direito, para logo chegar te beijando;

1.2. CONSIDERANDO seu olhar de tarada enquanto dançava na pista esperando eu me


aproximar.

1.3. CONSIDERANDO QUE com os beijos nervosos que trocamos naquela noite, V.Sa. me
induziu a crer que logo estaríamos explorando nossos corpos, em incessante e incansável
atividade sexual, passei então, a me encontrar com Vossa Senhoria.

2) DOS PREJUÍZOS EXPERIMENTADOS:

2.1. CONSIDERANDO QUE fomos ao cinema e fui eu que paguei as entradas, sem se falar no
jantar após o lme.

2. 2. CONSIDERANDO QUE já levei Vossa Senhoria em boates das mais badaladas e caras,
sendo certo que fui eu, de igual sorte, quem bancou os gastos.

2. 3. CONSIDERANDO QUE até à praia já fomos juntos, sem que Vossa Senhoria gastasse um
centavo sequer, eis que todos os gastos eram por mim experimentados, e que Vossa Senhoria
não quis nem colocar biquíni alegando que estava ventando muito.

3) DAS RAZÕES DE SER DO PRESENTE:

3.1. CONSIDERANDO AINDA QUE até a presente data, após o longínquo prazo de duas
semanas, Vossa Senhoria não me deixou tocar, sequer na sua panturrilha.

3.2. CONSIDERANDO QUE Vossa Senhoria ainda não me deixa encostar a mão nem na sua
cintura com a alegaçãozinha barata de que sente cócegas.

4) DECIDO SOBRE NOSSO RELACIONAMENTO O SEGUINTE:

4.1. Vá até a mulher de vida airada que também é sua progenitora, pois eu não sou mais um ser
humano do sexo masculino que usa calças curtas e a atividade sexual não é para mim um lazer,
mas sim uma necessidade premente.

4.2. Não me venha com “colóquios ácidos para acalentar bovinos” (conversa pra boi dormir) de
que pensava que eu era diferente.

4.3. Saiba que vou te processar por me iludir aparentando ser a mulher dos meus sonhos, e, na
verdade, só me fez perder tempo, dinheiro e jogar elogios fora, além de me abalar
emocionalmente. Sinceramente, sem mais para o momento, esse relacionamento já in ou o
volume da minha bolsa escrotal!

Dou assim por encerrado o nosso relacionamento, nada mais subsistindo entre nós, salvo o
dever de indenização pelos prejuízos causados.

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O Ladrão de Galinhas
Certa madrugada o Dr. Ruy Barbosa, tendo agrado um meliante furtando galinhas em seu
quintal, espinafrou o infeliz: “Ó insigni cante bucéfalo! Não é pelo valor intrínseco dos bípedes e
palmípedes que te apostrofo – mas pelo ato covarde e sorrateiro com que galgastes, sem
permissão, os sagrados umbrais do meu lar! Se o fazes por necessidade ditada pela fome,
transijo. Mas se vieste para zombar da prosopopeia de um cidadão digno, ao arrepio do Código
Penal, em guarda! Poderás receber formidável pancada de minha bengala no alto do cocoruto,
que rachado ao meio cará reduzido a subnitrato do pó de esterco de pulga, vale dizer, a nada!”
“Dotô Rui, o sinhô me perdoe. Posso levar as aves?”, balbuciou o estupidi cado marginal.
“Permissão concedida, meu sofrido irmão. Antes, porém, degustemos os dois uma chávena de
chá inglês em minha biblioteca.”

Observe que o primeiro texto apresenta três formas de se dizer a mesma mensagem, em níveis
diferentes, considerando os possíveis interlocutores. O segundo texto apresenta um registro
formal para uma situação em que se poderia utilizar um registro mais informal, assim como o
terceiro texto, no qual uma situação constrangedora poderia ter sido facilmente resolvida usando o
registro linguístico informal.

SAIBA MAIS
Antes de continuar os estudos, leia o texto Você tem costume de revisar seus textos? Para
ler, clique aqui.

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Unidade 03
Aula 02

As diferentes possibilidades de um
Texto

Estimado estudante, para nos comunicar, recorremos a inúmeros recursos de textualidade . Em


nossa aula, abordaremos o conceito de textualidade e intertextualidade e que fatores podem
contribuir para que possamos transmitir o que pensamos e sentimos com e ciência. Por isso,
ânimo! Vamos à leitura!

Fatores de Textualidade: Contexto,


Coerência, Coesão, Clareza, Concisão, e
Correção Gramatical
Texto e Discurso

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As pessoas não se comunicam por palavras ou frases isoladas, todavia por uma unidade
comunicativa básica, que é o texto: ocorrência linguística escrita ou falada, de extensão variável,
com uma unidade comunicativa entre os membros de uma comunidade. Na produção de um texto,
há um conjunto de fatores, como as intenções do falante (emissor), o jogo de imagens conceituais,
mentais que emissor e destinatário executam. Temos de veri car também o contexto em que se
insere o discurso, que delimita os conhecimentos dos interlocutores.

Basicamente, o texto (ou discurso) precisa ser compreendido pelo destinatário, ou seja, pelo
interlocutor que recebe a mensagem. Daí o texto constitui uma unidade semântica, signi cativa.

Todo discurso apresenta uma unidade formal, com os elementos linguísticos integrados no texto, a
m de permitir que ele se caracterize como um todo coeso e, por isso, coerente.

Assim, o texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou
pela audição) que é tomada pelos usuários da língua (falante/escritor/ouvinte/leitor), em uma
situação de interação comunicativa especí ca, como uma unidade de sentido e como preenchendo
uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão
(KOCH; TRAVAGLIA, 1989, p. 8-9).

Texto é uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para
um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma extensão
variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente
necessita de um contexto signi cativo para existir. Seu nível de linguagem pode ser formal,
coloquial, informal, técnico.

Você sabia que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal (palavras)? o texto pode ter
várias dimensões, como o texto cinematográ co, o teatral, o coreográ co (dança e música), o
pictórico (pintura), etc.

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O discurso é entendido como qualquer atividade produtora de efeitos de sentido entre


interlocutores, portanto, qualquer atividade comunicativa, englobando os enunciados produzidos
pelos interlocutores e o processo de sua enunciação, que é regulado por uma exterioridade sócio-
histórica e ideológica que determina as regularidades linguísticas e seu uso, sua função.

É um processo dinâmico com emissor e destinatário. Ambos os interlocutores possuem um


repertório: experiência anterior dentro de uma visão do mundo. No processo discursivo
(funcionamento da mensagem), o emissor pratica um ato de fala ou ato ilocucional dentro de um
processo que chamamos enunciação, que é aquilo que chamamos texto.

Enunciação – Ao produzir um texto, temos um plano, um objetivo. Os objetivos são os atos da fala
ou atos ilocucionais (fazer um pedido, dar uma ordem, fazer promessas). Um exemplo, “O cinzeiro
está cheio” (ao dirigir-se para a faxineira). O objetivo foi dar uma ordem para esvaziar e limpar o
cinzeiro. Outro exemplo, num encontro, duas pessoas conversam sobre o tempo: “Esfriou um
pouco, né? É, mas na semana passada estava mais frio. Hoje está fazendo sol”.

As pessoas não estão preocupadas com o conteúdo daquilo que estão dizendo. Estão praticando um
ritual de contato.

“Você tem alguma coisa para fazer hoje à noite?”

A intenção é fazer-lhe um convite de natureza afetiva. Muitas vezes perguntamos:

“Mas o que é que você quer dizer com isso?”

Um romance se transforma em discurso à medida que eu o leio, cumprindo meu papel de


destinatário.

Podemos concluir que o texto é um produto de enunciação que se constrói em termos de coesão e
coerência

Mas o que é coesão e coerência?

Vamos ver mais à frente!

Num texto há um encadeamento semântico, que cria uma trama signi cativa a que damos o nome
de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama coesão:

“PEGUE TRÊS MAÇÃS. COLOQUE-AS SOBRE A MESA”.

Ou:

“PEGUE TRÊS MAÇÃS. COLOQUE AS MESMAS SOBRE A MESA”.

Processo de coesão por referência: advérbios, pronomes e artigos de nidos.

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O texto é uma unidade básica de organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de


modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma
foto, um lme, uma novela de televisão também são formas textuais. Tal como o texto escrito, todos
esses objetos geram um todo de sentido, propriedade a partir da qual iniciaremos nossa re exão
sobre nosso objeto de estudo.

Para tanto, será necessário de nir algumas características do objeto – o texto –, salientando as
implicações de cada uma delas, a m de aprofundar a análise e delimitar o ponto de partida.

A primeira dessas características é, como referimos, a do texto como um todo gerador de sentid
o, uma totalidade. Um fragmento, uma parte (frase, palavra) não possuem autonomia, não pode
m ser tomados isoladamente, na medida em que cada parte liga-se ao todo. Fora do contexto (o
texto como um todo), uma determinada parte poderá ter seu sentido original alterado, impedin
do a depreensão do que de fato se desejou transmitir – o real signi cado do texto como express
ão do autor. Há ainda uma propriedade básica na organização dos textos, que é a coesão; além d
essa, há outra, identi cada com os mecanismos de constituição de sentidos, que é a coerência.
Por mais neutro que pretenda ser, como as instruções para uso de determinado equipamento o
u uma notícia de jornal, um texto sempre revela a perspectiva (a visão de mundo) que o autor co
nstrói da realidade. Vale dizer que os textos são dotados de certo grau de intencionalidade, fen
ômeno mais notável em textos argumentativos.
A visão de mundo que está na base do discurso de um autor pode ser chamada de ideologia, o p
rocesso de produção de signi cados, signos e valores da vida social. O texto traz consigo, de mo
do mais ou menos evidente, valores identi cados com certa cultura e formação histórica e socia
l na medida em que o autor é um ator social que comunga com esses valores.
Pelo fato de ser um produto de uma época e de um lugar especí cos, há no texto as marcas dess
e tempo e espaço. Por isso, nenhum texto é um objeto inteiramente autônomo, há sempre um di
álogo estabelecido com outros textos e com o contexto. O texto, ainda que implicitamente, inco
rpora diferentes perspectivas a respeito de uma mesma questão. O que se tem é uma inter-rela
ção entre textos que tratam do mesmo assunto ou de assuntos semelhantes, com, eventualmen
te, abordagens diferentes. A esse respeito, Orlandi (1996) a rma que o sentido está sempre no
viés. Ou seja, para se compreender um discurso é importante se perguntar: o que ele não está q
uerendo dizer ao dizer isto? Ou: o que ele não está falando, quando está falando disso?

Para re etir um pouco...

Ficou claro para você o que é texto e discurso? Você acredita que tenha alguma diferença entre os
dois signi cados ou são a mesma coisa?

Agora que já estudamos acerca das características dos textos, o que diferencia textualidade e
intertextualidade? São semelhantes? Vamos em frente!

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VÍDEO
A seguir apresentamos alguns vídeos com Intertextos. Assista e observe:

Textualidade
É o conjunto de características que conduzem à elaboração de um texto, e não apenas a sequência
frasal sem a devida unidade. Para isso, é necessário que haja coesão, coerência, que se concatenam
com o material conceitual e linguístico, além de outros fatores, como a intenção do emissor, a
aceitabilidade por parte do destinatário, a situação e a intertextualidade.

A coerência é o elemento indispensável à compreensão do discurso. Mas é necessário que o


destinatário esteja em condições de receber a mensagem.

A coesão se manifesta por meio dos mecanismos gramaticais e lexicais (vocabulário).


Gramaticalmente, são importantes: os pronomes, os artigos, a concordância verbal e nominal, os
conectivos, a correspondência entre os tempos verbais.

Textualidade, portanto, é um conjunto de características que fazem com que um texto seja
considerado como tal, e não como um amontoado de palavras e frases.

Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra
“Silêncio”. A palavra “Silêncio” está dentro de um contexto signi cativo por meio do qual as pessoas
interagem: você, como leitor das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de
comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra “Silêncio” é um texto.
Dois blocos de sete fatores são os responsáveis pela textualidade qualquer discurso:

1. Fatores semântico/formal:
Coerência e coesão.
2. Fatores pragmáticos:
Intencionalidade, aceitabilidade, situcionabilidade, informatividade e intertextualidade.

Intertextualidade
A intertextualidade é o diálogo de um texto com outros textos, pois todo texto é a absorção ou
transformação de outro texto, constituindo-se num mosaico de citações.

Considerando que nada do que se diz num texto nasce neste texto, que apresenta uma in nidade
de relações dialógicas com outros textos, a intertextualidade se apresenta como uma conversa
entre textos.

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Compreende as diversas maneiras pelas quais o conhecimento prévio de outros textos interfere na
produção e recepção de um texto, segundo Beaugrande e Dressler (1981).

A intertextualidade pode ser de forma ou de conteúdo ou tipologia textual. A intertextualidade


formal pode estar ou não vinculada à tipologia textual e se dá em textos que imitam a forma de
outros textos.

A intertextualidade de conteúdo se dá, por exemplo, entre textos jornalísticos, quando dialogam
entre si ao tratarem de um fato em destaque em determinado período de tempo e requerem do
leitor um prévio conhecimento de um texto já tratado em matéria anterior.

A intertextualidade por fatores tipológicos pode estar relacionada à estrutura que caracteriza cada
tipo de texto. Observe a seguir os tipos de ocorrências:

Observe a seguir os tipos de ocorrências:

Alusão
A alusão con gura-se como asserções de determinados textos em um outro texto. Pode ser
integral, transformada, confessa ou camu ada. Ocorrências:

Alusão a uma frase histórica;


Alusão a uma fórmula religiosa;
Alusão a um provérbio ou a uma forma estereotipada;
Alusão a uma fórmula literária;
Alusão a uma frase de canção;
Alusão a um título de uma obra literária;
Alusão a um título de lme;
Alusão a um título de obra musical;
Alusão a um título de jornal;
Alusão a um slogan publicitário.

Citação
A citação ocorre quando se coloca em um texto um conjunto de fragmentos de outros textos. A
explicitação de citação através de marcas gramaticais, como aspas, indica muitas vezes
pressupostos daquilo que não está dito, mas implícito na voz de um segundo locutor, cuja fala o
enunciador não quer assumir como sendo sua, ainda que o ato de citar não exima do locutor a
responsabilidade da intenção comunicativa.

Paródia
A paródia é um texto que, ao incorporar outro texto, propõe o deslocamento da linguagem, num
caráter contestador. É a intertextualidade das diferenças.

Paráfrase
A paráfrase ocorre quando há uma fusão de vozes em um texto que se identi ca com o outro sem
quebrar-lhe a continuidade. É a intertextualidade das semelhanças.

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Apropriação
Na apropriação, o autor não escreve, mas articula, agrupa, transcreve o texto alheio, colocando os
signi cados de uma forma invertida. Não busca reproduzir, como na paráfrase, mas produzir algo
diferente. É uma variante de paródia e tem uma força crítica.

Coesão e Coerência
Ao falarmos anteriormente sobre texto e discurso, trabalhamos muito com coesão e coerência.
Chegou o momento de abordarmos esses conceitos.

Coerência é a ligação em conjunto dos elementos que constituem um texto, já a coesão é a


associação consistente desses elementos.

Essas duas de nições não contemplam todas as possibilidades de signi cação dessas duas
operações essenciais na construção de um texto e tampouco dão conta dos problemas que se
levantam na contaminação entre ambas. As de nições apresentadas compõem apenas princípios
básicos de reconhecimento das duas operações.

Entre os autores que defendem ser a coesão entre as frases o fator determinante de um texto
enquanto tal estão Halliday e Hasan (1976); é a coesão que permite chegar à textura (aquilo que
permite distinguir um texto de um não texto); a coesão é obtida a partir da gramática e também a
partir do léxico. Entretanto, autores como Beaugrande e Dressler (1981) apresentam um ponto de
vista que partilhamos: coerência e coesão são níveis distintos de análise. A coesão diz respeito ao
modo como ligamos os elementos textuais numa sequência; a coerência não é apenas uma marca
textual, mas diz respeito aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
elementos textuais.

A falta de coerência em um texto é facilmente percebida por um falante de uma língua quando não
encontra sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito. É a competência
linguística, em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de imediato a coerência de um
discurso. A competência linguística combina-se com a competência textual para possibilitar certas
operações simples ou complexas da escrita literária ou não literária: um resumo, uma paráfrase,
uma dissertação a partir de um tema dado, um comentário a um texto literário.

Coesão e coerência são fenômenos distintos porque podem ocorrer numa sequência coesiva de
fatos isolados que, combinados entre si, não apresentam condições para formar um texto. A coesão
não é uma condição necessária e su ciente para constituir um texto. No exemplo:

André não mora nesta casa.


Ele não sabe qual é casa mais antiga da cidade.
Esta casa tem um jardim.
A casa não tem piscina.

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O termo lexical “Casa” é comum a todas as frases e o nome “André” está pronominalizado, contudo,
tal não é su ciente para formar um texto, uma vez que não possuímos as relações de sentido que
uni cam a sequência, apesar da coesão individual das frases encadeadas (mas separadas
semanticamente). Pode ocorrer um texto sem coesão interna, mas a sua textualidade não deixa de
se manifestar ao nível da coerência. Seja o seguinte exemplo:

A Anna estuda inglês.


A Amanda vai todas as tardes trabalhar no Instituto.
A Natália teve 16 pontos no teste de Matemática.
Todos os meus lhos são estudiosos.

Esse exemplo mostra-nos que não é necessário retomar elementos de enunciados anteriores para
conseguir coerência textual entre as frases. Além disso, a coerência não está apenas na sucessão
linear dos enunciados, mas numa ordenação hierárquica. Podemos observar que o último
enunciado reduz os anteriores a um denominador comum e recupera a unidade.

A coerência não é independente do contexto no qual o texto está inscrito, ou seja, não podemos
ignorar fatores como o autor, o leitor, o espaço, a história, o tempo, etc. Observe o exemplo
seguinte:

O velho abutre alisa as suas penas.

É um verso de Sophia de Mello Breyner Andresen que só pode ser compreendido uma vez
contextualizado (pertence ao conjunto “As Grades”, do Livro Sexto de 1962): é preciso reconhecer
que o “velho abutre” é uma metáfora para designar o ditador fascista Salazar. Assim, vemos que não
é o conhecimento da língua que nos permite saber isso, mas o conhecimento da cultura portuguesa.

A coesão textual pode conseguir-se mediante quatro procedimentos gramaticais elementares. Não
pretendemos avançar aqui com um modelo universal, mas apenas de nir operações fundamentais:

Substituição
Quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores:

O Rui foi ao cinema. Ele não gostou do lme.

Reiteração
Quando se repetem formas no texto:

E o meu abraço?! E o meu abraço de meu guri?! – Quando terei meu abraço, meu menino?

A reiteração pode ser lexical (“E o meu abraço”) ou semântica (“guri”/“menino”).

Conjunção
Quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outras antecedentes por meio de
conectores gramaticais:

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O cãozinho da Anna desapareceu. Depois disso, nunca foi a mesma. A partir do momento em que o seu
cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu segura.

Concordância
Quando se obtém uma sequência gramaticalmente lógica, em que todos os elementos concordam
entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical
corretamente atribuído, coordenação e subordinação entre orações):

Cheguei, vi e venci.
Primeiro vou ver um lme e depois vou dormir.
Espero que o exame corra bem.
Esperava que o exame tivesse corrido bem.
Estava muito cansado, porque passei a noite acordada.

A coesão pode muitas vezes se dar de modo implícito, fundamentada em conhecimentos anteriores
que os participantes do processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada sigla,
que para o público a quem se dirige deveria ser de conhecimento geral, evita repetições
desnecessárias.

Metaforicamente, podemos a rmar que a coesão é uma linha imaginária – formada de termos e
expressões – que une os diversos elementos do texto e busca estabelecer relações de sentido entre
eles.

Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elementos de uma frase ou de um texto:

Substituição de palavras com o emprego de sinônimos ou de palavras ou expressões de mesmo


campo associativo.
Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o substantivo ou o adjetivo corresponde
nte (desgastar/desgaste/desgastante).
Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como recurso estilístico de intenção art
iculatória, e não uma redundância resultante de pobreza de vocabulário. Por exemplo, “Grande
no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconheci
do e só.” (ROCHA LIMA, 1969).
Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na maior especi cidade do signi cado
de um deles. Por exemplo, mesa (mais especí co) e móvel (mais genérico).
Emprego de hiperônimos – relações de um termo de sentido mais amplo com outros de sentido
mais especí co. Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com gato.
Substitutos universais, como os verbos vicários (ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano vi
ndouro). A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos, como certos pronomes, cer
tos advérbios, expressões adverbiais, conjunções, elipses, entre outros.

A elipse se justi ca quando, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente


identi cável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. Neste
exemplo, o termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a relação entre as duas

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orações.).

Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de fazer referência ao contexto
situacional ou ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de progressão textual,
dada sua característica: são elementos que não signi cam, apenas indicam e remetem aos
componentes da situação comunicativa.

Já os componentes concentram em si a signi cação.

Somente a coesão, contudo, não é su ciente para que haja sentido no texto, esse é o papel da
coerência, e coerência se relaciona intimamente a contexto.

A coerência de um texto depende da continuidade de sentidos entre os elementos descritos e


inscritos no texto. A fronteira entre um texto coerente e um texto incoerente depende em exclusivo
da competência textual do leitor/alocutário para decidir sobre essa continuidade fundamental que
deve presidir à construção de um enunciado. A coerência e a incoerência revelam-se não direta e
super cialmente no texto, mas indiretamente por ação da leitura/audição desse texto. As condições
em que essa leitura/audição ocorre e o contexto de que depende o enunciado determinam também
o nível de coerência reconhecido.

Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a
compreensão do que se lê ou se diz.

Os mecanismos linguísticos que estabelecem a conectividade e a retomada do que foi escrito ou


dito são os referentes textuais. Estes buscam garantir a coesão textual para que haja coerência, não
só entre os elementos que compõem a oração, mas também entre a sequência de orações dentro do
texto.

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Assim, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substituição,


associação), sejam gramaticais (emprego de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-
se frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a coerência textual.

Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta de forma contraditória. Muitas


vezes, essa incoerência é resultado do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na
organização de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos gramaticais e
lexicais prejudica o entendimento do texto. Construído com os elementos corretos, confere-se a ele
uma unidade formal.

Para que um texto seja compreendido como tal, é imprescindível que haja uma unidade, que essas
frases estejam coesas e coerentes.

Além disso, relembre-se que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre os elementos que
compõem a estrutura textual.

Um texto coerente é um conjunto ordenado de ideias que possuem uma progressão semântica, que
se desenvolvem segundo uma sucessão lógica, que não entram em contradição entre si e que
mantêm uma constante relação de verossimilhança com o mundo real (ou com um mundo possível,
em âmbitos como o da cção, da ciência, da religião, do sonho, do mito, da poesia, etc.). Preste
atenção para que seu texto não seja redundante, não quebre as regras da lógica, não contradiga a si
próprio e para que apresente elementos possíveis no mundo real ou em um mundo possível. É claro
que isso exclui os textos que propõem, para a realização de novos valores estéticos, infringir regras
semânticas, lógicas e de verossimilhança.

Para Marcuschi (1983) e Beaugrande e Dressler (1981), a coerência é uma continuidade de


sentidos, que envolve fatores cognitivos e também fatores socioculturais e interpessoais, tais como:

as intenções comunicativas dos participantes;


as formas de in uência do falante na situação de fala;
as regras sociais que regem o relacionamento entre as pessoas.

Observe o exemplo de texto publicitário:

VOYAGE. UM CARRO TESTADO E APROVADO EM TODOS OS CAMINHOS DO BRASIL.


VOLKSWAGEN. VOCÊ CONHECE. VOCÊ CONFIA.

A coerência do texto se estabelece com base em alguns elementos que o emissor interpretará:

O Brasil tem diferentes tipos de caminhos (o leitor precisa ter essa informação para que o texto
faça mais sentido).
O carro é bom em todos os caminhos (ideia reforçada pelo uso de testado e aprovado).
Outros carros podem não ter o mesmo desempenho, pois não passaram pelo mesmo tipo de tes
te (uso do um que se refere ao carro apresentado no comercial).

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O carro tem qualidade superior (você conhece, você con a – o uso do você indetermina e, ao m
esmo tempo, generaliza o sujeito. Todo mundo sabe que o carro é bom).

O conceito de coerência não é linear e nem está na organização super cial do texto, embora esta
sirva de pista para que se entenda aquela.

Entender a coerência nos ajuda a trabalhar no dia a dia com nossos textos e com os textos de
nossos alunos, além de nos dá algumas indicações: não devemos reescrever os textos dos nossos
alunos, dando-lhes a nossa ideia de coerência, mas indicar ao aluno trechos não coerentes e pedir-
lhes que reescrevam para que tenham lógica. Isso porque o modo como a pessoa
estabelece/organiza a coerência em seus textos é um processo cognitivo que não pode ser colocada
em regras e corrigido.

Percebeu a diferença e a complementação da coesão e da coerência na composição de um texto?

SAIBA MAIS
Antes de continuar os estudos, leia as Dicas de ortogra a.

Multimodalidade
Para falarmos sobre a natureza a linguagem verbal e não verbal, iniciaremos nossos estudos pelo
entendimento sobre o que é comunicação.

O conceito de comunicação baseia-se em processo de troca de informações entre um emissor e um


receptor. Um dos aspectos que podem interferir nesse processo é o código a ser utilizado, já que
este deve ser compreensível para ambos.

Nas simples trocas de informações diárias, utilizamos códigos. Consideremos as seguintes


situações: ao falarmos com alguém, lermos um livro ou revista, a palavra é o código utilizado. Esse
tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, sendo a palavra escrita ou falada a forma
pela qual nos comunicamos. Certamente, essa é a linguagem mais comum no nosso dia a dia.

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A outra forma de comunicação, que não é feita nem por sinais verbais nem pela escrita, é a
linguagem não verbal. Nesse caso, o código a ser utilizado é a simbologia. A linguagem não verbal
também é constituída por gestos, tom de voz, postura corporal, etc. Se uma pessoa está dirigindo e
vê que o sinal está vermelho, o que ela faz? Para. Isso é uma linguagem não verbal, pois ninguém
falou ou estava escrito em algo que ela deveria parar, mas como ela conhece a simbologia utilizada,
apenas o sinal da luz vermelha já é su ciente para ela compreender a mensagem. Ao contrário do
que alguns pensam, a linguagem não verbal é muito utilizada e importante na vida das pessoas.
Quando uma mãe diz de forma áspera, gritando e com uma expressão agressiva, que ama o lho,
será que ele interpretará assim? Provavelmente não. Esses são alguns exemplos, entre muitos, para
ilustrar a importância da linguagem não verbal.

Outra diferença entre os tipos de linguagens é que, enquanto a linguagem verbal é plenamente
voluntária, a não verbal pode ser uma reação involuntária, provindo do inconsciente de quem se
comunica. Vejamos a sequência de gestos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em diversas
situações.

Os gestos falam!

VÍDEO
Assista à videoaula a aula sobre linguagem verbal e não verbal:

Em cada uma das cenas acima, Lula compõe o signi cados de sua fala com os gestos. A combinação
das linguagens verbal (fala) e não verbal (gestos) auxilia no entendimento da mensagem pelo
receptor. A utilização de duas ou mais linguagens não é resultado de recentes mudanças na
linguagem, mas direcionam os estudos do discurso e impulsionam as transformações de todas as
formas de comunicação. Além da modalidade escrita, imagens passam a compor textos, não mais
com valor meramente ilustrativo, mas como argumentos discursivos à parte do texto escrito ou
falado, com forte carga semântica e simbólica (FERRAZ, 2007).

Em meio a esse âmbito de mudanças, o apelo visual deixa de ser exclusivo do discurso publicitário.
Materiais didáticos também passam a apresentar maior quantidade de imagens e de cores. O texto,
no qual predomina um modo semiótico único, não atende mais às necessidades da sociedade atual,

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que pede maior quantidade de informação em frases de tamanho reduzido. A famosa a rmação
“uma imagem vale mais que mil palavras” ganha força e passa a direcionar a con guração dos
discursos.

As mudanças na linguagem também passam a direcionar os estudos discursivos e impulsionam as


transformações de todas as formas de comunicação. A Análise de Discurso Crítica (ADC), por
exemplo, tem se concentrado não apenas em análises textuais baseadas na língua escrita, mas
também em amplas tendências na comunicação pública. Como bem observa Vieira (2007, p. 9):

No passado, para escrever, bastava debruçar-se sobre uma velha Remington. Hoje, as
exigências aumentaram em grande medida. Os textos requerem, além de aparato
tecnológico, cores variadas e so sticados recursos visuais. Ao texto pós-moderno acresce a
necessidade de utilizar mais do que uma articulada composição de frases e de períodos.
Carecem de imagens e até mesmo de sons (TV e Cinema) que se entrelaçam para construir
os novos sentidos exigidos pelos textos contemporâneos.
Em face dessas transformações, a linguagem adapta-se às características da atualidade
mundial, cujos avanços em tecnologia tornam algumas formas de escrita obsoletas. Em
decorrência, a linguagem escrita re ete essas mudanças nos diferentes gêneros discursivos.
A escrita, além disso, por manter relação direta e re exiva com a língua falada, permeia, em
seu modo de expressão, as transformações sociais mais signi cativas, tornando esse
instrumento essencial para a manifestação da vida em sociedade.
Vieira (2007, p. 9).

Essa grande utilização de imagens para a comunicação atesta que, cada vez mais, o texto
multimodal – tipo de texto que emprega duas ou mais modalidades semióticas na composição –
gura como fonte essencial de investigação para a ADC, isso porque a ADC pretende mostrar, entre
outras coisas, como esses textos podem de fato reproduzir atitudes ideológicas e como a linguagem
é usada para veicular poder na interação social pós-moderna. Portanto, consideramos a

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abrangência dada ao termo discurso, referindo-se a “elementos semióticos das práticas sociais”
(CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999, p. 38), como re exo da inclusão de outras modalidades
semióticas de discurso não verbal por parte da ADC. Isso implica considerar os três efeitos
construtivos do discurso ressaltados por Fairclough (2001) em sua obra anterior, Discurso e
Mudança Social, para novas formas de linguagem, como as imagens, as quais servem como
intensi cadoras de ideologias e direcionadoras de interpretação. Em outras palavras, elas
constituem novo campo, no qual também podem ser veri cados: a construção das identidades
sociais e as posições de sujeito; a construção das relações sociais entre as pessoas e nalmente a
construção de sistemas de conhecimento e crença.

Vejamos isso nos exemplos seguintes:

Propaganda do corcel 1973: grande quantidade de texto escrito.

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Propaganda do Ford Fusion 2009, diminuição do texto escrito.

Por meio de uma rápida análise nas duas propagandas anteriores de dois modelos da Ford, um de
1973 e outro de 2009, podemos veri car, com facilidade, que a quantidade de texto escrito no
anúncio mais recente diminuiu drasticamente, o que demonstra a tendência de concentrar na
imagem a construção de signi cado que o carro anunciado tem. Todo o status e o valor econômico
que esse bem de consumo representa revela-se na imagem, que é a modalidade que recebe mais
destaque no último texto.

Nessa perspectiva, em lugar de concentrar esforços na pesquisa das estruturas formais, assumimos
tarefa igualmente árdua, que é a de analisar o discurso com base em uma série de textos
multimodais, nos quais os vários modos semióticos envolvidos em sua produção carregam em si
carga semântico-ideológico-política, que, na maioria das vezes, não é percebida pelos receptores.
Assim é que um texto, caracterizando-se ao mesmo tempo como evento social e produto do
discurso, constitui por excelência a unidade básica de análise (FERRAZ, 2007). Em sua
materialidade, o texto multimodal permite-me descrever e interpretar situações sociais
representadas pelo produtor dos signos como as mais signi cativas em determinado contexto.

A escolha da dimensão textual, na delimitação da unidade analítica, direciona o método de estudo


dentro da ADC que trabalha com a língua em sua concretude. Como bem observa Marcuschi
(2003), busca-se pesquisar as atividades linguísticas situadas, em lugar de concentrar atenção em
estruturas da língua descarnadas de seus usuários.

Situar as atividades linguísticas signi ca realizar um estudo de acordo com a proposta das ciências
sociais críticas que, por sua vez, assumem a vida social como sendo construída por meio de
“práticas”. De acordo com Chouliaraki e Fairclough (1999, p. 21):

As “práticas” são formas habituais, atreladas a lugares e tempos particulares, nos quais as
pessoas aplicam recursos (materiais ou simbólicos) para agir juntos no mundo. Práticas são
construídas por meio da vida social – nos domínios especializados da economia e da
política, especialmente, mas também no domínio da cultura, incluindo a vida diária.
Chouliaraki e Fairclough (1999, p. 21).

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A vantagem de focar sobre práticas sociais é que elas constituem ponto de conexão entre
estruturas abstratas, seus mecanismos e eventos concretos – como a linguagem em suas diversas
formas de realização.

Nesse sentido, os textos multimodais guram como um dos eventos concretos das práticas sociais
que, em determinado tempo e lugar, representam de forma re exiva a vida social e servem de
instrumento para a constituição das identidades sociais dos sujeitos envolvidos tanto na sua
produção como na sua leitura. Digo isso por acreditar que as práticas também incluem um
momento re exivo (GIDDENS, 1991): as pessoas constantemente geram representações do que
elas fazem como parte de suas ações. Em outras palavras, estudar textos dessa natureza signi ca
empreender uma investigação sobre os processos constitutivos das práticas sociais, desvelar
ideologias, que são, na verdade, representações discursivas de uma perspectiva particular: a do
produtor dos signos.

Para Re etir
Ao falarmos sobre produção de textos, é válido ressaltar a proposta dos autores Kress, Leite-Garcia
e van Leeuwen (2000), que de nem na concepção semiótica dos textos multimodais os seguintes
pressupostos:

a produção ou leitura de textos sempre envolve conjuntos de modos semióticos;


cada modalidade tem suas potencialidades especí cas de representação e de comunicação, pro
duzidas culturalmente;
a maneira de ler os textos multimodais deve considerar os textos coerentes em si mesmos;
tanto os produtores quanto os leitores exercem poder em relação aos textos;
escritores e leitores produzem signos complexos – textos – que emergem do “interesse” do pro
dutor do texto;
o “interesse” descreve a convergência de um complexo conjunto de fatores: histórias sociais e c
ulturais, contextos atuais e ações dos produtores dos signos sobre o contexto comunicativo;
o “interesse” em representações aptas e em uma comunicação efetiva signi ca que os produtor
es de signos elegem signi cantes (formas) apropriadas para expressar signi cados (sentidos), d
e maneira que a relação entre signi cante e signi cado é motivada e não arbitrária.

Seguindo essa linha, Maingueneau (2004, p. 57) a rma o seguinte:

a diversi cação das técnicas de gravação e de reprodução da imagem e do som vem


modi cando consideravelmente a representação tradicional do texto: este não se apresenta
mais unicamente como um conjunto de signos sobre uma página, mas pode ser um lme,
uma gravação em ta cassete, um programa em disquete, uma mistura de signos verbais,
musicais e de imagens em um CD-ROM...
Maingueneau (2004, p. 57).

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Dessa forma, a interpretação voltada apenas à língua escrita não se adequa às novas formas de
representação e de comunicação estampadas nos textos multimodais, que conjugam em sua
con guração vários modos semióticos igualmente relevantes para a leitura crítica de textos.

Unidade 03
Aula 03

A leitura

Prezado(a) estudante, continuando nossos estudos, damos as boas-vindas a você, estudante, que
chega à segunda etapa de nossa disciplina. Nesta unidade, trabalharemos os níveis de leitura, a
saber: a leitura como processo de levantamento de sentidos, enfocando a leitura exploratória, a
leitura analítica e a leitura crítica.

Este material foi elaborado de forma a dialogar com você sobre as estratégias de leitura que devem
ser levadas em conta para proporcionar a apropriação das competências linguísticas necessárias ao
seu desenvolvimento pessoal, social e acadêmico.

Para que isso se concretize, sugerimos que você leia os textos básicos com atenção e coloque em
prática as dicas de leitura feitas ao longo do curso.

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A Leitura Como Processo de Levantamento


de Sentidos
Vamos iniciar nossos estudos focando na leitura como processo de levantamento de sentidos. Aqui,
trabalharemos o nível de leitura exploratória. Você tem ideia do que seria isso?

Antes de começarmos a ler e estudar o conteúdo, que tal fazermos um exercício para testar a
velocidade de sua leitura?

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AMPLIE SEU CONHECIMENTO


Qual a sua velocidade de leitura?

Experimente ler (em silêncio, sem soletrar as palavras) o seguinte texto, contando o tempo que
leva para o fazer (em segundos):

Quantos planetas há no Sistema Solar? Qualquer pessoa responde com facilidade: nove. Todavia,
para chegar a esta simples conclusão, o mundo da astronomia teve de percorrer um longo
caminho de descobertas, pistas falsas e erros.

A família planetária conhecida começava com Mercúrio e acabava com Saturno, até que, em
1781, William Herschel descobriu, de forma acidental, um novo membro da família, Urano,
através do telescópio instalado no seu jardim, em Bath (Inglaterra). A descoberta valeu-lhe fama
imediata e uma pensão vitalícia do rei.

Espicaçados pelo êxito de Herschel, outros astrónomos dedicaram-se de imediato a estabelecer


as bases de uma nova disciplina, a caça aos planetas, mas foi preciso mais de meio século para
localizarem a primeira presa. Neptuno foi registado em 1846, embora a sua existência já antes
tivesse sido demonstrada no papel: os astrónomos tinham reparado em ligeiras irregularidades
na órbita de Urano, apenas explicáveis pela atracção gravitacional provocada por outro corpo de
grandes dimensões.

Generalizou-se assim, entre os cientistas, a esperançosa ideia de que os mundos invisíveis


podiam ser descobertos observando meticulosamente os subtis movimentos orbitais dos
planetas conhecidos.

Agora compare o tempo gasto na leitura com a seguinte tabela:

30 segundos: Leitor Rápido


45 segundos: Leitor Médio
60 segundos: Leitor Lento
90 segundos: Leitor Muito Lento

E aí? Como se saiu no teste?

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Com o passar do tempo, praticando a leitura frequentemente, a tendência é você se tornar um


leitor cada vez mais rápido. Salientamos que: você lerá rapidamente e conseguirá absorver o
conteúdo que está sendo lido.

Para empreendermos essa tarefa, é preciso inicialmente compreendermos o que é leitura,


sabermos que ela não está desvinculada da escrita. É pela leitura que vamos construindo uma
intimidade com a língua escrita, internalizando as suas estruturas e as suas ilimitadas possibilidades
estilísticas.

Desse modo, consolidamos também a compreensão do funcionamento de cada gênero em cada


situação comunicativa. Além disso, a leitura enriquece a memória, desperta o senso crítico e
estimula o conhecimento sobre os diversos assuntos acerca dos quais podemos escrever.

A leitura é um processo complexo e abrangente de decodi cação de signos e, porque lida com a
capacidade simbólica e com a habilidade de interação mediada pela palavra, faz rigorosas
exigências ao cérebro, à memória e à emoção... Envolve especi camente elementos da linguagem,
da experiência de vida dos indivíduos e de compreensão e intelecção do mundo, que alcança signos,
frases, sentenças, argumentos, provas formais e informais, objetivos, intenções, ações e
motivações.

Os procedimentos de leitura podem variar de indivíduo para indivíduo e de objetivo para objetivo.

De acordo com esse objetivo acionamos nosso cérebro para a apreensão dos signi cados implícitos
ou explícitos no texto lido. Se lemos apenas para nos divertir, o procedimento de leitura é bem
espontâneo e não envolve o nosso esforço para manter a atenção ou para gravar na memória algum
item. Contudo, em todas as formas de leitura, nosso conhecimento prévio é exigido para
apreendermos os sentidos do texto.

Para que haja uma compreensão mais exata do texto e a leitura se efetive, os nossos conhecimentos
prévios sobre a língua, os gêneros e os tipos de texto e o assunto são acionados. Esses
conhecimentos são muito importantes para a compreensão de um texto. É preciso compreender
simultaneamente o vocabulário e sua inserção na organização das frases; identi car o tipo de texto
e o gênero; ativar as informações antigas e novas sobre o assunto; perceber os implícitos, as ironias,
as relações estabelecidas com o nosso mundo real. Esse é o jogo que torna a leitura produtiva.

O conhecimento prévio, portanto, é essencial para a compreensão de um texto.

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AMPLIE SEU CONHECIMENTO


Vejamos como isso se dá com a leitura da seguinte crônica de Luis Fernando Verissimo, proposta
como exercício de compreensão leitora por Garcez (2001):

O PRESIDENTE TEM RAZÃO


Luis Fernando Verissimo
02/09/1998

Mais uma vez os adversários pinçam, maliciosamente, uma frase do presidente para criticar. No
caso, a sua observação de que é chato ser rico. Pois eu entendi a intenção do presidente. Ele
estava falando para pobres e, preocupado em prepará-los para o fato de que não vão car menos
pobres e podem até car mais, no seu governo, e que isso não é tão ruim assim. E eu concordo
com o presidente. Ser pobre é muito mais divertido do que ser rico. Pobre vive amontoado em
favelas, quase em estado natural, numa alegre promiscuidade que rico só pode invejar. Muitas
vezes o pobre constrói sua própria casa, com papelão e caixotes. Quando é que um rico terá a
mesma oportunidade de mexer assim com o barro da vida, exercer sua criatividade e morar num
lugar que pode chamar de realmente seu, da sua autoria, pelo menos até ser despejado? Que
lho de rico verá um dia sua casa ser arrasada por um trator? Um maravilhoso trator de verdade,
não de brinquedo, ali, no seu quintal! Todas as emoções que um lho de rico só tem em vídeo-
game o lho de pobre tem ao vivo, olhando pela janela, só precisando cuidar para não levar bala.
Mais de um rico obrigado a esperar dez minutos para ser atendido por um especialista, aqui ou
no exterior, folheando uma National Geographic de 1950, deve ter suspirado e pensado que, se
fosse pobre, aquilo não estaria acontecendo com ele. Ele estaria numa la de hospital público
desde a madrugada, conversando animadamente com todos à sua volta, lutando para manter
seu lugar, xingando o funcionário que vem avisar que as senhas acabaram e que é preciso voltar
amanhã, e ainda podendo assistir a uma visita teatral do Ministro da Saúde ao hospital, o que é
sempre divertido em vez de estar se chateando daquela maneira. E pior. Com todas as suas
privações, rico ainda sabe que vai viver muito mais do que pobre, ainda mais neste modelo, e que
seu tédio não terá m. Efe Agá tem razão, é um inferno.

De acordo com Garcez (2001), há dados nesse texto que nos ajudam a compreendê-lo, levando em
consideração, além de outros, os seguintes conhecimentos prévios:

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Quem é o autor. Saber que Luis Fernando Verissimo é um escritor de humor e um cronista crític
o que se opõe ao governo em questão ajuda o leitor a acompanhar seu estilo.
Qual o estilo do autor. Em geral, Verissimo escreve com humor e ironia.
Qual a posição do autor no jornalismo de sua época. Quando se sabe que é um dos mais conceit
uados e respeitados cronistas de costumes e de política e que seus textos são publicados em es
paços nobres dos principais jornais e revistas brasileiros, ca mais fácil compreender suas estra
tégias argumentativas.
Quem é o presidente a que ele se refere. O presidente da República no ano de publicação, 199
8.
A que fala do presidente ele se refere. A comparação que estabeleceu entre a vida do pobre e d
o rico.
Qual é a situação social do Brasil em nossa época e como é realmente a vida nas classes menos f
avorecidas.

Há elementos no texto que nos levam a entender os recursos estratégicos do autor, quando
emprega a ironia, uma vez que se exprime dizendo o contrário daquilo que está pensando ou
sentindo.

Veri camos que o texto revela-se também pelo que não diz. Assim, podemos constatar que a leitura
não é um procedimento simples. Ao contrário, é uma atividade extremamente complexa, pois não
podemos considerar apenas o que está escrito. No texto analisado, por exemplo, para compreender
as intenções e posições do autor, lemos muito mais o que não está escrito, pois suas ideias são
contrárias ao que está escrito.

Coscarelli (2003, p. 4) a rma que:

Para compreender um texto, o leitor não pode contar somente com os elementos nele
presentes. Além do que o autor selecionou para colocar no texto, o leitor deve contar
também com seus conhecimentos prévios para fazer inferências, o que signi ca usar seus
conhecimentos sobre o funcionamento da língua, sobre o assunto tratado e a respeito da
situação, para completar o texto, construindo, assim, um ou mais signi cados para ele.
Coscarelli (2003, p. 4).

Toda leitura é um momento privilegiado de interação, que articula questões formais dos textos a
questões cognitivas e socioculturais externas à materialidade do texto, em um momento único. Por
ser um processo comunicativo, na leitura estão envolvidas questões extralinguísticas ligadas ao
conhecimento prévio dos leitores, às condições de produção do texto e às intenções do autor. São
esses os fatores que determinam a construção de sentidos, que emergem na interação com as mais
variadas formas de expressão humana.

O processo de ler envolve habilidades especí cas de:

decodi cação de signos;

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interpretação de itens lexicais e gramaticais;


agrupamento de palavras em blocos conceituais;
identi cação de palavras-chave;
seleção e hierarquização de ideias;
associação com informações anteriores;
antecipação de informações;
elaboração de hipóteses;
construção de inferências;
compreensão de pressupostos;
controle de velocidade;
focalização da atenção;
avaliação do processo realizado;
reorientação dos próprios procedimentos mentais.

Esse processo também pressupõe a cooperação do leitor que pode estar aberto a múltiplos pontos
de vista interpretativos, cujo trabalho cooperativo exaustivo o transforma em um leitor crítico. No
entanto, a ausência de cooperação pode transformá-lo em um leitor ingênuo, cuja obediência
textual, ancorada unicamente em uma semântica linguístico-frasal estreita, linear e mínima, limita
sua percepção de horizontes mais amplos. De qualquer modo, como o que caracteriza um texto é a
incompletude que permite a abertura à complementação, o trabalho interpretativo de
preenchimento desse espaço que constitui o tecido textual só pode gerar-se em conjunto com a
cooperação do leitor, seja ele crítico ou ingênuo.

Tipos de Leitura
Você sabia que podemos classi car a leitura em diferentes categorias? De acordo com o seu tipo,
podemos classi cá-la em descendente e ascendente.

LEITURA DESCENDENTE
Leitura do tipo geral para o particular. Um exemplo seria o “passar os olhos” pelo jornal/revista,
quando passeamos por entre manchetes, alguns parágrafos iniciais, mas não lemos efetivamente, e
com a acuidade necessária, o texto. É uma leitura mais geral, menos pormenorizada. Espécie de
“varredura” do texto. É uma leitura uente e veloz. Não obstante, tenta excessivamente adivinhar
ideias sem con rmá-las. Há uma valorização dos conhecimentos prévios do leitor em detrimento
dos conhecimentos oferecidos pelo texto.

LEITURA ASCENDENTE
Leitura do tipo particular para o geral. Um exemplo seria, ao ler esse mesmo jornal, o momento em
que se para e se lê, minuciosamente, um determinado artigo. Esse tipo de leitura é mais detalhista,
busca-se a compreensão exata daquilo que se leu (se é que esse tipo de “exatidão” existe, quando se
fala em leitura!).

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Um leitor maduro sabe quando sua leitura deve ser ascendente ou descendente, de acordo com
seus objetivos. O bom leitor sabe, na verdade, quando e como mesclar essas duas formas de
leituras, uma vez que se pode fazer uma primeira leitura, descendente, de um texto e, em seguida,
uma leitura ascendente do mesmo texto.

As Dimensões Textuais na Leitura


Como visto no tópico “Tipos de leitura”, é possível classi car a leitura em diferentes categorias.
Podemos dividi-la em cinco dimensões textuais:

A DIMENSÃO CONTEXTUAL
Consiste na apreensão ideológica, para onde o autor conduz os leitores, o que ele quer enfatizar,
quem é ele socialmente, em que contexto está inserido. Refere-se à propriedade sociocomunicativa
inerente a todo texto. O contexto em que está inserido o texto ajuda muito em sua compreensão.
Para entender certas informações presentes nos textos, temos que acionar nosso conhecimento de
mundo (conhecimento pragmático-cultural): crenças, experiências, ideologias, histórias e contextos
da cultura em que estamos inseridos.

A DIMENSÃO DISCURSIVA
Cada gênero textual tem uma nalidade distinta, isto é, objetiva realizar uma função social
especí ca: convencer (a propaganda); ensinar (o texto didático); contar uma história (um romance);
fazer rir (a piada); defender um ponto de vista (o artigo de opinião).

A DIMENSÃO TEXTUAL
É o nível linguístico por excelência. Consiste no domínio da língua, isto é, do vocabulário, da
estrutura sintática e da semântica do texto. Refere-se à sua unidade semântica e formal. Há nos
textos algumas “palavras gramaticais” que facilitam nossa compreensão, elas são chamadas de
elementos coesivos. Esses elementos são responsáveis pela coesão do texto. Promovem sua
progressividade e nos permitem perceber o encadeamento das ideias e a temática do texto.

A DIMENSÃO INFRATEXTUAL
Refere-se a todas as informações que estão abaixo da superfície textual, mas que são decisivas para
sua coerência, pois elas vão completar o sentido do que está escrito na superfície textual. Essas
informações são as inferências que vamos construindo no decorrer da leitura.

A DIMENSÃO INTERTEXTUAL
Re ete o lastro cultural de quem escreve e de quem lê. Ela é resultado de leituras e vivências
variadas e ricas. Sem esse domínio, corre-se o risco de se fazer uma leitura super cial do texto.
Quando lemos um texto e percebemos nele marcas e/ou referências a textos anteriormente lidos,
estamos diante de uma intertextualidade. A intertextualidade pode ocorrer de diversas formas,
entre elas, por meio da paráfrase e da paródia. A paráfrase retoma o texto anterior, não altera suas
ideias, mas, sim, as reitera. Na paródia, há uma retomada das ideias de um texto anterior, com a
intenção de subvertê-las, por meio de recursos como o humor, a crítica e a brincadeira.

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AMPLIE SEU CONHECIMENTO


Vejamos essas dimensões com a leitura do texto a seguir:

O SORRISO DE GAGARIN
Foi-se. O Brasil já tem seu astronauta, o tenente-coronel Marcos Cesar Pontes, que partiu
sorridente para a órbita terrestre a bordo da ultracon ável geringonça Soyuz. Durante oito ou
nove minutos de decolagem ao vivo pela TV, comportou-se à altura: deu tchauzinhos, fez sinal de
positivo e apontou para a bandeira brasileira na manga esquerda de seu traje. O gesto só não foi
a senha para uma constrangedora avalanche de ufanismo espacial porque ela já havia começado
antes. Muito antes, por exemplo, da desanimada fala em rede nacional de TV do ministro da
Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, no mesmo dia. A imprensa já estava coalhada de
reportagens e documentários sobre Pontes, o novo herói dos brasileiros (rivalizado nos últimos
dias por um simples caseiro, Francenildo).

Nesta altura, já se sabe quase tudo sobre o aviador nascido em Bauru há 43 anos. É bom lho, pai
e irmão. Desenha bem e toca violão. Até compôs uma "Suíte Sideral", que serviria de trilha
sonora para a aventura brasileira no espaço. Arrastado pelo entusiasmo com a odisséia
tupiniquim, um repórter de TV arrojado a rmou que até as estrelas compreenderiam a emoção
especial do astronauta brasileiro. E por aí se foi.

O ponto alto da misti cação foi comparar Pontes com Alberto Santos Dumont e Iuri Gagarin.
Pontes merece todo o respeito, mais por sua coragem e determinação do que por suas palavras,
mas não chega aos pés de nenhum dos dois. O primeiro aviador brasileiro voou nas máquinas
que ele mesmo projetou, um século atrás, com toques de genialidade (mais apreciáveis num
Demoiselle do que num 14-Bis).

Gagarin, por seu lado, fez mais do que ser o primeiro a voar algumas dezenas de metros. Sentou-
se no topo de um míssil e viu o próprio planeta de fora, coisa que nunca ninguém havia feito. Foi
e disse: "A Terra é azul". Nunca mais precisou dizer nem fazer nada. Bastava sorrir.

Pontes também tem muitas razões para rir, mas não são as mesmas de Gagarin. Compará-lo ao
herói soviético com base somente nisso -o sorriso- é prova rematada de falta de assunto, ou de
argumentos.

A cobertura da imprensa para o pequeno vôo histórico do brasileiro, contudo, não teve só
ufanismo. Aqui e ali se zeram ouvir críticas ao caráter perdulário da empreitada, à indigência da
maior parte dos experimentos que leva a bordo, aos objetivos propagandísticos da viagem. Coisa
rara, na cobertura de feitos cientí cos.

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No dia mesmo do lançamento, em pleno Jornal Nacional da Rede Globo, que tanto investiu no
novo herói, a surpresa: uma entrevista com Ennio Candotti, presidente da SBPC (Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência), espinafrando a iniciativa. Denunciou que a "carona paga"
torrava boa parte do orçamento do programa espacial e disse que isso equivalia a comer a
sobremesa antes da refeição.

Gagarin, se não estiver se revirando no túmulo, pode até estar sorrindo. Talvez dissesse: "A Terra
é azul, mas o espaço, hoje, é verde-e-amarelo".

Fonte: LEITE, Marcelo. O sorriso de Gagarin. Folha de São Paulo, São Paulo, 2 abr. 2006

Vamos identi car as dimensões textuais na leitura realizada?

Para compreender as estratégias empregadas pelo autor, comecemos por entender o contexto que
circunda esse texto respondendo às seguintes questões:

Por que Marcos Pontes tornou-se herói dos brasileiros?


Por que ele estava sendo rivalizado pelo caseiro Francenildo?
Por que o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, falou em rede nacional?
Por que a imprensa estava coalhada de reportagens sobre Pontes?
Quem foi Santos Dumont?
Quem foi Yuri Gagarin?

Entrando na dimensão infratextual, que nos permite ler as entrelinhas, seria necessário responder
às questões:

Por que o autor escolheu esse título?


Qual o tom que o autor dá a seu texto?
Quais palavras e expressões reforçam esse tom?
Por que essa odisseia é “tupiniquim”?
Qual é o argumento central do texto?
Por que Gagarin “se não estiver se revirando no túmulo, pode até estar sorrindo”?

E, para ampliarmos nossa compreensão do texto, cumpre reconhecer nele a presença de outros
textos.

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Leitura Exploratória
Chegou o momento de estudarmos sobre a leitura exploratória: o que é, quais as suas
características e suas técnicas. A leitura exploratória deve ser feita antes do início da leitura efetiva
de um texto e serve para que se encontre uma informação pontual.

Como fazer um leitura exploratória?

Vejamos os procedimentos para fazer uma leitura exploratória:

1. O que o texto apresenta:


2. Quem escreve o texto (busque informações sobre o autor: ele possui outras obras sobre o mes
mo assunto?) e quem edita (o que se sabe sobre essa editora: quais os outros textos dessa mes
ma editora?)
3. Para qual público-alvo/leitor o autor escreveu esse texto.
4. Para que ele escreveu esse texto, qual o seu objetivo?
5. Conhecendo o pensamento do autor
6. Quem é o autor do texto?
7. Qual é o seu estilo?
8. Ele pssui outras obras publicadas?
9. Recolha informações que ajudam a "con ar" no texto desse autor e a "entender" a tese que ele
defende.

Nem todos os textos são lidos do mesmo modo. Uma crônica ou um manual escolar são textos
diferentes que demandam diferentes abordagens de leitura. Podemos, então, distinguir três tipos
básicos de leitura:

LEITURA EM DIAGONAL
A leitura em diagonal é uma observação super cial do material escrito, com o objetivo de
formarmos ligeiramente uma ideia global do seu conteúdo. Essa observação dá atenção aos índices,
títulos, subtítulos e partes do texto que estão em destaque. Devem ser lidos alguns parágrafos e
frases ao acaso, no início, no meio e no m do texto. Embora esse tipo de leitura seja normalmente
usado quando não temos muito tempo disponível, essa técnica também pode ser usada como
primeira leitura de um texto que pretendemos estudar em profundidade.

LEITURA NORMAL
É a leitura completa de um texto, de forma corrida e sem grandes interrupções. É o tipo de leitura
usada, em geral, para uma notícia de jornal ou uma obra literária. Entretanto, também os textos de
estudo requerem esse tipo de leitura.

LEITURA EM ESTUDO
É preciso entender que estudar não é apenas ler. Enquanto a leitura completa se faz de forma
ininterrupta, a leitura de estudo é interrompida constantemente para que possamos analisar

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determinados pormenores, que nos levem a pensar, comparar, relacionar, criticar, avaliar,
memorizar e efetuar registros daquilo que estamos lendo.

Para obtermos o máximo rendimento, a leitura em estudo deve ser sempre precedida das duas
formas de leitura anteriores.

Os três tipos de leitura implicam técnicas distintas. Mas, em termos gerais, podemos considerar os
seguintes aspectos praticamente comuns a todos eles:

CONCENTRAÇÃO

Ler em ambiente calmo e sem elementos perturbadores da nossa concentração (rádio, televisã
o, conversas, entrada e saída de pessoas). Um fundo musical muito baixo pode ajudar a criar am
biente para certas pessoas, contudo, isso é bastante subjetivo e depende da habilidade de cada
um.
A leitura em estudo deve ser feita confortavelmente em uma mesa, de forma a podermos usar f
acilmente diversos materiais (outros textos, cadernos, papel de rascunho, canetas, lápis, borrac
ha, entre outros).

ESPÍRITO CRÍTICO

Não basta juntar sílabas, letras ou frases para ler. A compreensão dos assuntos implica uma per
manente atitude crítica sobre aquilo que se lê.
Essa atitude crítica exerce-se relacionando aquilo que está a ser lido com aquilo que já conhece
mos e com as opiniões que temos sobre o assunto.

VELOCIDADE DE LEITURA

A velocidade de leitura deve ser adaptada à natureza dos textos. Será mais lenta quanto mais co
mplexos eles forem. O que também varia de acordo com quem lê.
Deve ser feita com a cabeça imóvel (apenas os olhos se deslocam), sem acompanhar as palavras
com o dedo ou um lápis.
Deve ser puramente visual, isto é, não devemos pronunciar as palavras, nem sequer mentalmen
te.
Por vezes, também temos de voltar atrás para reler uma ou mais frases, pois o contexto inicialm
ente percebido (encadeamento de ideias) pode necessitar de ser revisto.

Quais as ações complementares à leitura?

SUBLINHAR
Sublinhar um texto nos ajuda a reler rapidamente o essencial de um texto sem efetuar uma leitura
completa. Por isso, devemos usar esse recurso com critério, apenas nas palavras ou frases
fundamentais. Se várias frases ou parágrafos merecem ser sublinhados integralmente, o sublinhado
pode ser substituído por traços verticais nas margens, ao lado do texto que se pretende destacar.

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Isso permite usar vários tipos de traços que podemos convencionar, de acordo com um critério pré-
de nido. Exemplo: traço duplos para parágrafos muito importantes, linhas onduladas para
exemplos.

APONTAMENTOS
Esses registros em caderno próprio permitem ao leitor retomar o tema depois de algum tempo, sem
a necessidade de voltar a ler o texto completo. Os apontamentos não devem ser meras transcrições
de partes do texto, mas sim resumos produzidos por nós. Poderão ser constituídos por frases ou por
esquemas grá cos que sintetizem relações (setas, desenhos, símbolos diversos). Contudo, o
principal objetivo dos apontamentos reside no esforço empreendido na sua execução, o que ajuda a
compreender as ideias contidas no texto estudado e contribui de forma decisiva para a sua
memorização.

RESUMO
Vejamos agora algumas características do resumo:

sintetiza o texto inicial;


conserva as ideias principais do texto original;
utiliza palavras ou símbolos originais de quem resume alternadas com palavras-chave do texto
original.

Qualquer resumo é apenas uma possibilidade entre várias que a língua permite. Assim, elaborar
resumos treina a capacidade de síntese e desenvolve uma maior facilidade de expressão.

Essas foram as informações iniciais sobre a leitura, alguns conceitos, técnicas e dicas! Esperamos
que tenham aproveitado o conteúdo! Vamos em frente nos estudos.

Leitura Analítica
É a leitura completa, a melhor que se pode fazer, ela é ativa por excelência. É um nível de leitura
voltado basicamente para a compreensão.

Para se fazer uma leitura analítica é preciso fazer alguns procedimentos:

identi que qual o gênero textual antes de começar a ler;


tente sintetizar o texto em uma frase ou, no máximo, um parágrafo curto;
divida o textos em partes, dando-lhes um título que resuma a sua ideia central;
identi que os termos importantes e descubra seus signi cados para conversar com o autor usa
ndo uma terminologia conhecida; é preciso sincronizar-se com o autor;
descubra quais são as soluções do autor e quais são os problemas que ele não resolveu;
argumente com o autor; a nal, a leitura é uma conversação;
tente parafrasear o autor, coloque a argumentação do autor nas suas próprias palavras;
respeite a diferença entre conhecimento e opiniões, para tanto você tem que dar razões para n
ão concordar; opiniões são pessoais e não podem ser o motivo de não concordar.

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Observe agora um esquema de leitura analítica

Percebeu o quanto esse tipo de leitura é complexo?

Convidamos você a re etir um pouco sobre a leitura...

1. A produção ou leitura de textos sempre envolve conjuntos de modos semióticos.


2. Cada modalidade tem suas potencialidades especí cas de representação e de comunicação, pr
oduzidas culturalmente.
3. A maneira de ler os textos multimodais deve considerar os textos coerentes em si mesmos.
4. Tanto os produtores quanto os leitores exercem poder em relação aos textos.
5. Escritores e leitores produzem signos complexos – textos – que emergem do “interesse” do pro
dutor do texto.
6. O “interesse” descreve a convergência de um complexo conjunto de fatores: histórias sociais e c
ulturais, contextos atuais e ações dos produtores dos signos sobre o contexto comunicativo.
7. O “interesse” em representações aptas e em uma comunicação efetiva signi ca que os produto
res de signos elegem signi cantes (formas) apropriadas para expressar signi cados (sentidos),
de maneira que a relação entre signi cante e signi cado é motivada e não arbitrária.

SAIBA MAIS
Já com esses conceitos que você leu e estudou acerca de leitura, apresentamos algumas dicas
para que esse processo seja cada vez mais potencializado. Clique aqui e leia o texto Dicas de
leitura.

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Unidade 03
Aula 04

O Leitor Crítico e o Papel do Autor

Estimado aluno,

Você já pensou que, ao ler um texto, estabelece diálogo com o seu autor? É isso mesmo! Quando
lemos, trocamos ideias com aquele que apresentou ali no texto seus sentimentos e ideias. Vamos
tratar dessas relações. Bom estudo!!!

Leitura Crítica
Ler signi ca, em primeiro lugar, perceber que por detrás de cada texto há um sujeito, com uma
prática histórica, uma visão de mundo, um universo de valores, uma intenção. Portanto, ler é se
posicionar diante de um texto, atuando ativamente. A leitura em seu sentido completo deve ser

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compreendida não só como leitura da palavra, mas também como leitura do mundo. Ela deve ser
atividade constitutiva de sujeitos capazes de inteligir o mundo e nele atuar como cidadãos.

Assim, entendemos que a leitura crítica é geradora de signi cados, em que, ao ler, o leitor cria seu
próprio texto com base no que foi lido, concordando ou discordando da ideia principal.

O objetivo nal de um ensino de língua pro ciente deve ser formar um leitor crítico capaz de ler o
implícito do texto, re etir sobre o pensamento do autor e sobre as estratégias utilizadas por ele
para mascarar seu ponto de vista (RIBEIRO, 2006).

Para se fazer uma leitura crítica é necessário observar:

a questão principal no capítulo ou seção;


conceitos fundamentais e suas descrições;
conclusões importantes;
trechos confusos e falácias;
evidências;
opiniões do autor;
suposições questionáveis ou problemáticas;
implicações importantes dos argumentos apresentados.

Ler criticamente consiste em questionar aquilo que se lê. Signi ca pensar sobre o que o autor
deseja que o leitor acredite, pensar sobre como o autor tenta convencê-lo, decidir se irá ou não
concordar e ser capaz de justi car sua decisão. Assim, a formulação de questões sobre o texto
requer um exame detalhado e cuidadoso das de nições, a rmações, argumentos e evidências
utilizados pelo autor.

Ao interpretar um texto há que se utilizar o conhecimento prévio adquirido por meio de


experiências próprias e de outros textos. No entanto, a análise deve se basear primordialmente no
próprio texto em estudo, deixando conexões com informações externas ao texto para serem feitas
na etapa que denominamos extrapolação do texto. Na análise crítica de um texto, é essencial que
observemos:

A autoridade do autor, procurando por informações biográ cas, em particular, a formação acad
êmica, liação política e experiências de vida. Esse conjunto de informações permitirá que você
atribua um grau de credibilidade do autor.
A estrutura lógica da argumentação, procurando determinar no que o autor deseja que o leitor
acredite e veri cando se a cadeia argumentativa é válida e se as evidências apresentadas realm
ente sustentam as a rmações proferidas. É necessário examinar cuidadosamente a veracidade
e credibilidade de qualquer evidência apresentada como “fato”.
As estratégias utilizadas para conquistar o leitor, atento ao uso de linguagem emocional, procur
ando identi car possíveis prismas de interpretação que se devam exclusivamente ao uso de arg
umentações com apelo emocional.

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A linguagem utilizada, a escolha de palavras e conotações, procurando entender as motivações


do autor ao escolher uma particular palavra em meio a suas alternativas.

Assim, o leitor é visto como peça fundamental no processo de leitura e na interação leitor/texto,
visto que é ele quem vai ler as entrelinhas e é para ele que o autor está produzindo.

Observe o esquema:

Mas, o que é necessário para reconhecermos objetivos de produções escritas? Entre outras coisas,
o essencial é o posicionamento como leitor e o reconhecimento do papel do autor.
Que tipo de leitor somos? Passivos? Críticos?

VÍDEO
Assista ao vídeo que resume o que é Leitura Crítica:

A construção identitária de leitor e autor será nosso foco nesta parte da disciplina. Desvelar como
esses conceitos determinam o entendimento de formas, funções, conteúdo, intenções e efeitos do
texto pretendidos pelo autor e percebidos pelo leitor é a próxima etapa de nosso trabalho.

O Papel do Autor

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Tradicionalmente, as sociedades modernas têm como prerrogativa a valorização da modalidade


escrita, vale o “preto no branco”, com isso há uma tendência a supervalorizar o que é registrado no
papel, assim autor torna-se, na maioria das vezes, sinônimo de credibilidade. Essa crença pode
suscitar uma passividade não desejada no leitor, que pode apenas comprar a ideia que lhe é
apresentada, pois o material está impresso, escrito, veiculado por diversos meios de comunicação.

Nesse sentido, o ponto de vista do autor refere-se ao modo como este se sente acerca do tópico
que está sendo discutido e é parte integral do tom usado em um texto. O ponto de vista pode
também referir-se à perspectiva a partir da qual um texto é escrito. Ele pode ser escrito da
perspectiva de alguém que esteve presente e observou os fatos narrados (1a pessoa). Também
pode ser escrito da perspectiva de alguém que coletou os fatos acerca de um tópico, mas não
testemunhou os eventos pessoalmente (3ª pessoa).

Outro ponto importante sobre o autor é o tom que ele assume, pois os sentimentos e atitudes
(ponto de vista) do autor com relação às ideias que estão sendo discutidas em um texto in uenciam
enormemente a escolha das palavras. O tom do autor refere-se à sua atitude com relativa a um
assunto e estrutura das sentenças que esses sentimentos re etem no que está sendo escrito. As
palavras, frases ou sentenças que o autor utiliza expressarão seus sentimentos de felicidade,
alegria, raiva, solidariedade, esperança, tristeza, respeito, desgosto, descon ança, etc. (OLIVEIRA,
2005, p. 33). Assim, reconhecer o tom empregado no texto é determinante para o leitor crítico que
pretenda entender os signi cados por trás do texto.

O tom que o autor pode dar ao seu texto está bastante associado com palavras que transmitem:

alegria, felicidade (sentimento positivo acerca do tópico);


bom humor, jovialidade (engraçado);
otimismo (olhando para o lado positivo das coisas);
informalidade (uso de gíria);
sentimentalismo, nostalgia (rememorando os bons e velhos tempos);
raiva, amargura (sentimento negativo acerca do tópico);

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pessimismo (olhando para o lado negativo das coisas);


cinismo (esperando o pior das coisas);
escárnio (ridicularizando o tópico);
arrogante (sentimento de superioridade com relação aos outros);
objetividade (uso de fatos sem emoções);
formalidade (uso de um estilo o cial);
subjetivismo, elementos opinativos (expressando opinião e sentimentos);
seriedade, sinceridade (sendo honesto);
amor, preocupação, respeito (demonstrando cuidado e preocupação);
tolerância, compaixão (demonstrando bondade com relação ao tópico);
sarcasmo (dizendo uma coisa e signi cando outra);
hipocrisia (dizendo uma coisa e fazendo outra);
ironia (o oposto do que é necessário).

Unidade 03
Aula 05

Tendenciosidade, Fatos, Opiniões e


Inferências

Olá. Seja bem-vindo à nossa oitava aula.

Se o leitor conseguir captar a atitude do autor ao escrever o texto, poderá descobrir algumas pistas
que levem ao seu objetivo. Além disso, será fácil determinar se o autor está inserindo
tendenciosidade em tal texto. Nesta aula, veremos como identi car tais indícios de

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tendenciosidade. Boa aula!

Tendenciosidade no Texto
Vejamos agora o que signi ca tendenciosidade. De acordo com (OLIVIERA, 2005, p. 32),
tendenciosidade é o uso de palavras para criar uma predisposição, preconceito, discriminação
acerca de um tópico. Na escrita tendenciosa, o autor joga com as emoções do leitor ao usar palavras
ou frases que visam a levar o raciocínio – e as ações – do leitor para uma determinada direção. Um
leitor criterioso deve prestar atenção não somente ao quê o autor diz, mas também a como o autor
emite sua mensagem. A redação tendenciosa pode ser reconhecida quando o autor:

faz uso de palavras emocionais ou declarações in amadas;


dá apelidos ou outros rótulos;
apresenta contradições;
apresenta estereótipos ou generalizações;
apresenta a rmativas reducionistas ou distorce a questão que está sendo discutida;
usa evidência irrelevante ou não fundamentada;
apela para as emoções em vez de apelar para a razão;
usa de inventivas, ataca pessoas ou grupos em vez de a questão propriamente dita;
faz uso de referências ou citações de livro sagrado (bíblia, alcorão) ou de alguma gura histórica
ainda que sem qualquer conexão com a questão.

A propaganda é um exemplo de texto em que a tendenciosidade se insere confortavelmente. É uma


tentativa deliberada, por parte de um grupo ou de um indivíduo (autor), de in uenciar a opinião de
alguém (leitor) a seu favor. A propaganda apela para a emoção e desejos, em vez da lógica e do
raciocínio. Pode ser usada tanto na comunicação oral quanto na escrita e tem uma função útil na
redação persuasiva. Um leitor crítico deve ser capaz de identi car os seguintes aspectos no texto a
m de determinar se está eivado de tendenciosidade.

Rótulos ou quali cações pejorativas


usar rótulos que apelem aos nossos medos ou ódios: “conservadores”, “liberais”; “skinheads”; “c
omunistas”; “extrema-esquerda”.
Palavras “sublimes”
usar palavras que apelem para nossas emoções. São vagas, mas têm uma conotação positiva: “ju
stiça”, “amor”, ”lealdade”, ”sociedade mais justa e mais fraterna”.
Transferência
associar algo de que gostamos, em que acreditamos ou que respeitamos a alguma pessoas, caus

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a ou projeto: justiça social e um partido político; pesquisa com células-tronco e laboratório far
macêutico multinacional; luta contra o apartheid e político de projeção internacional.
Testemunho
usar pessoas conhecidas ou celebridades para testemunhar que uma certa pessoa, ideia ou pro
duto é “o melhor”: Pelé anunciando um produto com vitamina C; Joelmir Beting anunciando as
qualidades de um banco; Gisele Bündchen anunciando uma marca de sandálias, telefone celula
r, loja de departamentos ou creme hidratante; por exemplo: “O ‘Rei do futebol’ voltou a reforçar
o apelo para que Robinho permaneça no Santos por mais alguns anos”; “Lula vota em Marta” (an
úncio durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo).
O cara comum
tentativa de ganhar a con ança do leitor ao aparecer como apenas “uma pessoa comum”, um ci
dadão como nós: artista famosa, em sua cozinha, ensinando como aproveitar as sobras da ceia d
e Natal (claro que as sobras são porções de camarão, lagosta, salmão e a cozinha da artista é de
última geração!).
Contar vantagens
– usar mentiras ou omissões, superestimar ou minimizar fatos e situações, contar meias-verdad
es ou introduzir a rmativas sem contexto, com a nalidade de in uenciar a avaliação de alguém
a respeito de um fato ou situação: “lavadora Brastemp, lavagem de roupas pesadas, molho inteli
gente”.
“Maria vai com as outras”
apelar para nosso desejo de estar do lado do vencedor, de ser aceito e amado, de ser melhor do
que os outros, de seguir a multidão ou pertencer ao grupo: “Todo mundo está usando a sandália
da moda. E você, vai car de fora?”

E você leitor? qual o seu papel?

Leitor: Lidando com Fatos e Opiniões

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Para os leitores não críticos, os textos fornecem fatos e o conhecimento provém da memorização
do que é dito dentro do texto. Para o leitor crítico, qualquer texto dá um retrato dos fatos sob a
perspectiva individual de quem o escreveu. O exame das escolhas do autor dá ao leitor uma ideia
não somente do que o texto quis dizer, mas também de como o autor se posiciona a respeito do que
está sendo dito.

Um leitor crítico deve ter a habilidade de distinguir entre declarações de fato e declarações de
opinião.

A m de desenvolver essa habilidade, o leitor deve primeiro analisar como a informação é


formulada e recebida para, então, avaliá-la criticamente com base em critérios.

Fatos são declarações:

Objetivas. Eles não são coloridos ou distorcidos por sentimentos ou ideias pessoais.
Passíveis de comprovação por meio de documentação ou experiência real.

Opiniões são Declarações:

Subjetivas. Elas estão sujeitas à avaliação de outrem.


Altamente pessoais.
Têm a intenção de persuadir.
Indicam o que alguém pensa ou sente acerca de um assunto especí co.
Geralmente evocam emoções.

Todas as informações recebidas devem ser avaliadas com base em pelo menos três critérios:

Fonte – De onde vem a informação? Essa fonte é con ável? A quem ou a qual organização essa f
onte é a liada?
Conhecimento prévio – Como tal informação se adequa ao conhecimento prévio ou esquema
mental do leitor? Ela faz sentido?
Veri cação de fatos suspeitos em outras fontes – o leitor pode encontrar informação semelha
nte por meio de outra fonte?

E as inferências? já ouviu falar sobre elas?

Inferências: Leitura de Ideias e Palavras


Uma inferência é uma dedução baseada em algum fato conhecido ou con ável. Um leitor crítico
está atento ao tom e à maneira de pensar do escritor a m de perceber signi cados sutis e
implícitos, bem como procura evitar que suas convicções pessoais inter ram no julgamento justo
do texto que está sendo avaliado.

Vamos observar, juntos, um exemplo:

Político a rma que jamais movimentou contas em bancos suíços.

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É uma a rmação simples acerca do que alguém declarou. Nosso entendimento, contudo, inclui
muito mais do que foi dito. É possível descobrimos signi cados embutidos nas palavras e frases. Ao
examinar cuidadosamente a declaração, podemos perceber o que há de explícito:

Há um político.
Há contas na Suíça.
Há movimentação dessas contas.

De quem são essas contas? (É o que os procuradores querem saber).

Observe que político evita a rmar não ter contas na Suíça. Suas declarações são acerca da não
movimentação de contas, porém ele nunca diz explicitamente que tais contas não lhe pertencem.

Podemos inferir que são do político? Podemos inferir que está dizendo a verdade? Podemos inferir
que ele não sabe quem movimenta suas próprias contas? “Jamais movimentou” signi ca que ele não
sabia que havia contas na Suíça em seu nome? Que esse dinheiro pertence a terceiros? Ou
simplesmente que as contas são suas, porém não é ele quem as movimenta? Ou, ainda, que na Suíça
ele não movimentou contas, mas em outros paraísos scais...

Como vê, estamos indo além do que está dito e procurando respostas no contexto, no que sabemos
sobre o político, sobre quem está investigando, etc. É claro que somos tentados, às vezes, a
apressadamente supor isso ou aquilo, mas sabemos também que todas as possibilidades devem ser
consideradas, embora as conclusões devam ser baseadas, tanto quanto possível, em evidências (de
dentro e de fora do texto).

Por que um escritor não diz simplesmente o que ele quer que o leitor saiba? Por que pressupõe que
o leitor irá fazer uso das habilidades de inferência?

Talvez pelas seguintes razões:

Limitações de espaço e tempo impedem o autor de escrever tudo o que o leitor precisa saber.
A informação, algumas vezes, é deixada de lado porque desviaria a atenção dos pontos essencia
is.
Os escritores usam inferências para criar ou manter o poder emocional e o valor artístico. Esse
é, com frequência, o caso na escrita criativa para demonstrar humor, medo, ironia ou construir
um clímax.
Os escritores frequentemente deixam de lado informações com o objetivo de criar um texto pa
rcial.
Os escritores, às vezes, dependem das habilidades de inferência dos leitores, porque seria ilegal
ou perigoso explicitar a informação.

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Unidade 03

Amplie seu conhecimento

Referências
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