2
A definição do Terceiro Setor tem gerado muita
controvérsia, dentro e fora do mundo acadêmico. Por
questões práticas, o que significa ter em vista a dimensão
econômica do setor, a definição tem hoje duas correntes
predominantes que procuram estabelecer as fronteiras
entre o Terceiro Setor, o setor privado e o Estado.
4
2) A linha de pensamento norte-americana,
identificada com o Center for Policy Studies, da
Johns Hopkins University, define o Terceiro Setor
como sendo constituído de:
a. Organizações estruturadas;
b. Localizadas fora do aparato formal do Estado;
c. Que não são destinadas a distribuir lucros
auferidos com suas atividades entre os
seus Diretores ou entre um conjunto de acionistas;
d. Autogovernadas;
e. Envolvem indivíduos num significativo esforço
voluntário.
5
Os principais personagens do terceiro setor são:
9
Participação talvez seja um dos temas mais debatidos na
história da reflexão política
Participação↔Democracia
como muito bem destaca Della-Porta (2003, p. 85), a etimologia
do conceito de política remete à participação.
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Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação
Disc.: As organizações sociais, gestão de pessoas, voluntariado e compromisso social. Profa Dra. Cleide Magáli
Santos .
Democracia ↔Participação↔Cidadania
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Cidadãos e cidadãs ativos, voluntários,
militantes de tantas causas e movimentos
sociais...Essas pessoas desvendam
criticamente a realidade, situando-se diante
dela, e se sentem encorajadas e empoderadas
para intervirem, atuarem e transformarem a
realidade na conquista da justiça e da paz.
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Voluntariado: Origem e Evolução no Brasil
Fragmentos da História do Voluntariado no Brasil
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O TERCEIRO SETOR NO BRASIL
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Curso de Especialização em Ges tão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação
Disc.: As organizações sociais, gestão de pessoas, voluntariado e compromisso social. Profa Dra. Cleide Magáli
Santos .
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Solidários na diversidade
É uma sensação estranha, essa consciência dupla, essa sensação de estar
sempre a se olhar com os olhos de outros, de medir sua própria alma
pela medida de um mundo que continua a mirá-lo com divertido
desprezo e piedade. (W. E. Du Bois. As almas da gente negra, 1999)
22
A institucionalização da cooperação: a(s)
legislações.
23
A Constituição de 1988 institucionaliza diretrizes que marcam a ascensão
de um novo modelo de gestão das políticas públicas baseado na
descentralização política e administrativa da União para as demais
unidades federadas, na responsabilidade do Estado, na participação da
população, na formulação e controle em todos os níveis de governo. Nas
décadas seguintes foi possível perceber, então, o conflito entre a
expectativa da implementação de políticas públicas que concretizassem os
direitos conquistados, assegurados em Lei, e as restrições políticas e
econômicas para sua implementação (tendo por exemplo, a construção do
Sistema Único de Saúde – SUS).
Para ALMEIDA (2005) o termo descentralização pode ter uma gama variada
de significados, e tem sido utilizado na descrição de modificações
ocorridas na estrutura e papéis do Estado brasileiro. Tais modificações
têm atingido graus e formas variadas, através de: transferência de
24
capacidades fiscais e de decisão sobre políticas para
autoridades subnacionais; transferência para outras
esferas de governo de responsabilidades pela
implementação e gestão de políticas e programas
definidos no nível federal; e deslocamento de
atribuições do governo nacional para os setores
privado e não governamental. Na área de políticas
sociais, a descentralização significou transferência de
autonomia decisória e de recursos para os governos
subnacionais e a transferência para outras esferas de
governo de responsabilidades pela implementação e
gestão de políticas e programas definidos no nível
federal.
25
Voluntariado no Brasil (Regulamentação)
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Voluntariado no Brasil: Regulamentação
Contrato de Trabalho
Para que se reconheça a existência do contrato
de trabalho há a necessidade de ocorrência
concomitante dos seguintes fatores:
„ pessoalidade – o empregado não pode se fazer substituir
por outro na realização do trabalho;
„ habitualidade – o empregado atua com certa frequência;
subordinação – o empregado responde a ordens e
determinações do empregador;
„onerosidade – o empregado recebe salário do empregador.
27
Verificadas essas características, está configurada
a relação de emprego e a entidade deve cumprir
todas as obrigações trabalhistas, como qualquer
outra pessoa jurídica.
Lei do Voluntariado
O serviço voluntário, como visto anteriormente, é
uma realidade antiga no Brasil, mas somente foi
regulamentado pela Lei nº 9.608/98, também
denominada Lei do Voluntariado. Essa lei pode ser
considerada um marco importante e é por si
mesma um indicador da crescente importância
atribuída pelo governo ao Terceiro Setor.
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Lei do Voluntariado
Segundo o artigo 1º da referida lei, o serviço
voluntário é a atividade não remunerada,
prestada por uma pessoa física (voluntário), a
entidades públicas de qualquer natureza, ou
a instituições privadas de fins não lucrativos,
que tenham objetivos cívicos, culturais,
educacionais, científicos, recreativos ou de
assistência social, podendo incluir-se a
mutualidade.
29
Lei do Voluntariado
31
Lei do Voluntariado
Consequências
„ Profissionalização do trabalho voluntário;
„ A Instituição economiza por não ter que cumprir
encargos trabalhistas;
„ Possibilidade de exigir pontualidade, competência e
responsabilidade do voluntário sem temer a
caracterização da subordinação típica da relação de
emprego;
„ Possibilidade de efetuar ajuda de custos, sem temer
a caracterização da remuneração típica da relação de
emprego;
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Reflexos da regulamentação no voluntário
Consequências (cont.)
34
Voluntariado na Jurisprudência
“Relação de emprego – trabalho prestado a
instituição religiosa. O simples fato de o
trabalho ter sido prestado a instituição
religiosa, por si só, não afasta a configuração
da relação de emprego. Se o labor é prestado
de forma altruísta, caso em que a retribuição
se dá apenas no plano moral ou espiritual, o
vínculo não se configura.(...)
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Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação
Disc.: As organizações sociais, gestão de pessoas, voluntariado e compromisso social. Profa Dra. Cleide Magáli
Santos
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OSCs - Sociedade civil organizada(Tipos de
Organizações no Brasil)
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Podem ser qualificadas como OSCIP as organizações
que realizam assistência social, atividades culturais,
defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico, educação e saúde gratuita, preservação e
conservação do meio ambiente e promoção do
voluntariado, dentre outras. Dessa maneira, admitindo
a existência de entidades de direito privado com
objetivo público, foram excluídas da composição do
terceiro setor, para efeitos legais, as instituições
estatais, as organizações de mercado, as cooperativas,
as organizações sindicais, as entidades representativas
de profissão ou partido político, os fundos de
previdência e de pensão e as instituições vinculadas a
igrejas ou práticas devocionais, com exceção daquelas
que visam apenas bem comum.
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l
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Curso de Especialização em Ges tão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação
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PNE aprovado, depois de quatro anos de tramitação no Congresso (Fonte: Revista Escola)
A presidente Dilma Rousseff sancionou o Plano Nacional de Educação, sem vetar nenhum termo do texto. O
decreto foi publicado no dia 26 de junho, após a votação no Congresso de dois destaques polêmicos: a
destinação do investimento equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) essencialmente à Educação
pública e a utilização de recursos da União para complementar o Custo Aluno-Qualidade (CAQ) e o Custo
Aluno-Qualidade Inicial (CAQi).
Na última etapa de votação na Câmara dos Deputados, os parlamentares rejeitaram o destaque que defendia
que esses recursos fossem aplicados apenas na Educação pública. Com isso, programas como o Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), todos do Ministério da Educação, também entrarão nesse cálculo. O
Plano prevê ampliar o investimento público até alcançar, no mínimo, 10% do PIB em dez anos.
Os parlamentares também rejeitaram o segundo destaque, que pretendia isentar o Governo Federal de
complementar os recursos de estados e municípios gastos com Educação, utilizando como parâmetro o
cálculo do Custo Aluno-Qualidade e o Custo Aluno-Qualidade Inicial. Esses indicadores apontam o quanto
deveria ser investido por aluno em cada etapa e modalidade da Educação Básica.
Em nota oficial, a presidente Dilma Rousseff afirmou que, com a sanção do PNE, o Brasil finalmente tem um
plano educacional à altura dos desafios educacionais enfrentados pelo país. “A destinação dos recursos dos
royalties do petróleo e do Fundo Social do pré-sal para a educação abrem a perspectiva de tornar realidade
as metas do PNE”, disse a presidente, referindo-se à lei que garante 75% dos recursos oriundos dos royalties
do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação, aprovada em junho de 2013 pela Câmara.
Durante estes quatro anos de articulação para aprovação do PNE, organizações de todo o país se
mobilizaram em processo de ampla articulação com deputados federais, em especial de seus estados, com
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vistas a fortalecer o Plano.
Exemplos de atuação do terceiro setor no
Brasil
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Políticas e programas setoriais no Brasil
São vários os exemplos que podem ser encontrados no âmbito do terceiro setor, sem fins
lucrativos, no efetivo trabalho de contribuir para a formulação, expansão e eficácias das
políticas públicas sociais, isoladamente ou em articulação com demais segmentos e
setores da sociedade, ou através de redes, formais ou informais (como as que
complementam os sistemas de saúde e assistência social pública) dos quais destacamos:
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Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Projetos Sociais: Elaboração, Planejamento e Avaliação
Disc.: As organizações sociais, gestão de pessoas, voluntariado e compromisso social. Profa Dra. Cleide Magáli
Santos .
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Exemplo 1
Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas
(SINASE)
Crianças e Adolescentes como sujeitos sociais
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Exemplo 1:
Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas (SINASE)
Crianças e Adolescentes como sujeitos sociais
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Exemplo 2
Política de Promoção da igualdade racial
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Exemplo 2 -Política de Promoção da igualdade racial
Contexto: Brasil racista
MARCO LEGAL
A Constituição Federal de 1998, no caput do artigo 5º estabelece que todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, consagrando o Princípio de
Igualdade.
No campo dos direitos sociais, proíbe a Carta Magna à diferença de salários, de
exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
estado civil (artigo 7º, inciso XXX).
Outra Lei de destacada relevância é a Lei 9.459/97 que estabelece a punição dos
crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. A Lei 9.459/97 alterou a Lei 7716 de 1989, de forma a ampliar o
seu objeto, originariamente restrito ao combate dos atos resultantes de preconceito
de raça e cor, e tipificou como crime a prática do nazismo, forma específica de racismo
fundamentado em doutrina de superioridade racial. É assim que nosso legislador
determinou como crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,
emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou
gamada, para fim de divulgação do nazismo”. A pena, neste caso, é de dois a cinco
anos, além da multa. 49
O Decreto nº 4.886 que institui a Política Nacional de Promoção de Igualdade Racial, o
Decreto 4.885 que cria o Conselho Nacional de Políticas de Igualdade Racial, e o Decreto
4.887 para regulamentação dos direitos humanos das comunidades negras rurais,
remanescentes de quilombos, símbolo da resistência negra do Brasil.
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PROGRAMAS -Política de Promoção da igualdade racial
(cont.)
52
◦ Cultura Negra e combate à intolerância religiosa
(contemporaneidade(s))
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Referencias e Indicações Bibliográficas
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