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Resenha: CAPÍTULO 3 – ABSTRAÇÃO – CHARLES HARRISON

Abstração, figuração e representação

Harrisson inicia sua argumentação diferenciando e atribuindo intensidades diferentes


para um termo muito usado no cotidiano artístico, a abstração. Para isso ele ilustra a
tendência de o termo ser atribuído a dois momentos distintos da arte: o primeiro momento,
remete à propriedade da obra de arte, e diz respeito ao fato dela ser abstrata ou “não-
figurativa”; enquanto, o segundo, considera o processo do artista em relação a uma temática,
a atenção do autor para alguns aspectos em detrimento de outros. A partir dessa separação,
Charles, atribui o sentido fraco do termo abstração para o processo de desconstrução,
reconfiguração e reestruturação de um tema específico, em contrapartida, o sentido forte do
termo é lançado à propriedade da obra de ser abstrata.

Ainda na linha de dissociação dos empregos do termo abstração, o autor, através de


obras de Picasso e Mondrian (entre outros pintores do abstracionismo), distingue a temática e
o estilo daquele das composições abstratas deste. Picasso tinha um processo de abstração, às
vezes, tão grande que, embora sempre tenha tido uma temática ou um carro chefe para sua
criação, por vezes, ela era difícil de ser encontrada. Já os abstracionistas, depois de
amadurecidas as produções artísticas, não partiam de um motivo ou tema, tampouco criavam
figuras representativas, o foco era lançado para composições abstratas.

Harrisson aborda também, a partir das composições, o conceito de espaço pictórico.


Essa ideia desmonta as composições abstratas e as dá profundidade. Basicamente, formas
diferentes em cores, tamanho e textura estariam em profundidades, patamares, níveis
diferentes da obra, criando, dessa forma, uma estrutura tridimensional em um suporte
bidimensional e sem temática. A gama de possibilidades de reconfigurações subjetivas é
praticamente infinita.

As ideias trazidas pelo autor no texto “abstração, figuração e representação” me


trouxeram inúmeras novas interpretações para a arte abstrata e retiraram alguns dos
preconceitos que eu ainda tinha em relação a essa linha da arte. Pensar o quanto uma obra
pode restringir as próprias potências pelo simples fato de possuir um tema, assim como a
possibilidade de movimentar e interagir, através da imaginação, com as composições abstratas
é realmente incrível.

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