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DE OBSERVAÇÃO
Professora Sandra Marques
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo ao estudo do Desenho de Observação. Nesta unidade,
vamos conceituar o desenho e seus princípios. Veremos que desenhar não é uma
capacidade exclusiva de pessoas contempladas com um dom especial, mas é um ato
que pode ser aprendido e treinado.
O Desenho
O desenho, é a interpretação de algo que se vê, conhece ou imagina. É representar
graficamente, por vezes de forma realista, o que se vê, sente ou pensa. Na definição
de Philip Hallawell, desenho é “a interpretação de qualquer realidade, visual,
emocional, intelectual etc., através da representação gráfica” (HALLAWELL, 2006, p.
9).
Tipos de Desenho
O desenho pode ser técnico ou artístico. O desenho técnico emprega instrumentos de
precisão, como réguas, esquadros e compassos. Já o desenho artístico, é aquele feito
à mão livre.
- desenho criativo: aquele em que o desenhista retrata algo que está em sua
imaginação;
- desenho de memória: quando se desenha algo que não está diante de nossos olhos,
mas que temos em nossa memória;
O Gesto de Desenhar
A habilidade manual necessária para o desenho, como vimos, pode ser treinada. O
gestual do desenho envolve o domínio de fatores, como a melhor forma de segurar o
lápis, o controle dos traços, podendo ser leves ou pesados, soltos ou precisos.
Segundo Damasceno (on-line), há quatro maneiras de segurar o lápis:
1 - Pegada básica, com 3 dedos: é a maneira mais básica de pegar o lápis. Os dedos
polegar, indicador e médio fazem a pegada do lápis, enquanto os dedos mindinho e
anelar apoiam a mão sobre o papel. É a forma como a maioria das pessoas escreve.
Permite um bom controle do traço, ideal para desenhos detalhados e precisos;
Figura 1.1 - Pegada com 3 dedos
Fonte: Curtis (2015, p. 21).
2 - Pegada com 3 dedos e com o pulso suspenso: utiliza os mesmos três dedos da
pegada anterior, mas neste caso o pulso fica suspenso e a mão se apoia no papel.
Permite traços mais amplos e mais livres, porém é mais cansativo.
3 - Pegada com a mão por cima do lápis: permite uma inclinação maior do lápis em
relação ao papel. É ideal para fazer sombreados usando a parte lateral da ponta do
lápis. Indicada também para desenhar em uma superfície vertical, como um cavalete.
4 - Pegada com a mão por baixo do lápis: é uma pegada solta e relaxada, indicada
para esboços e desenhos mais soltos. A pegada dos dedos é semelhante à pegada
básica, porém inclinada, o apoio é sobre o dorso da mão e não sobre os dedos
menores (DAMASCENO, on-line).
Vamos Praticar
Muitos autores defendem que a habilidade de desenhar não se trata de um dom, mas
uma técnica que pode ser apreendida por meio de pesquisa, estudo e prática. Além
disso, há diversos tipos de desenhos, como o desenho artístico e o desenho técnico, o
qual demanda maior aprendizado. Sendo assim, acerca dos diferentes tipos de
desenho, assinale a alternativa correta.
Gesto Intuitivo
O gesto intuitivo propõe um desenho solto, imaginativo e expressivo. O foco está no
processo de desenhar de forma livre, intuitiva e não no resultado gráfico.
No gesto intuitivo, o lápis é usado de forma leve e, no início, pode nem tocar no papel.
Dessa forma, o condutor vai conduzindo seu próprio processo de percepção de
formas, proporções, texturas e movimentos. Quando o lápis enfim toca o papel, deve
ser moderadamente, para um registro mínimo dos traços que delimitarão o desenho.
Esses movimentos iniciais devem ser espontâneos e não lineares.
Figura 1.3 -
Um desenho conceitual enfatiza o que “sabemos” sobre canecas
Fonte: Curtis (2015, p. 31).
Vamos Praticar
Brian Curtis defende que, no gesto intuitivo, o desenhista não deve pensar muito na
hora de criar seu desenho. Diz que o pensamento racional atrapalha a percepção
visual. Sendo assim, é possível afirmar que:
a) No gesto intuitivo, o traço deve correr com controle e precisão sobre o
papel, sem muito planejamento, pois isso pode atrapalhar no processo criativo.
b) Conforme o desenhista age com liberdade em sua criação, a sua
sensibilidade e a percepção aumentam, evoluindo todo o processo através do
"sentir".
c) O pensamento racional ajuda na criação do desenho pelo gesto intuitivo
e melhora a percepção visual.
d) O pensamento racional nos permite retratar a percepção que temos do
objeto e não uma ideia pronta.
e) O gesto intuitivo emprega a imaginação e não a percepção.
“B. alternativa correta, pois o gesto intuitivo vem com a espontaneidade e a
forma de expressão é livre. O resultado é diferente de técnicas do desenho
técnico e planejado.”
Perspectiva
Perspectiva é a técnica que permite ao desenhista criar uma ilusão de profundidade
em um desenho plano, ou seja, criar uma sensação de tridimensionalidade em uma
imagem bidimensional.
A perspectiva utiliza linhas, chamadas de raios projetantes, que definem a forma como
um objeto é projetado no plano de desenho ou plano de projeção. De acordo com a
direção em que essas linhas se projetam, a perspectiva se classifica em: perspectiva
paralela ou cilíndrica; perspectiva cônica.
Figura 1.5 -
Perspectiva paralela
Fonte: Giesecke (2002, p. 27).
- Linha de visão: linha imaginária percorrida pelo olhar do observador até a linha do
horizonte.
- Ponto de fixação ou ponto de visão: ponto para onde se dirige o olhar do observador.
O ponto de fixação fica na interseção entre a linha de visão e a linha do horizonte.
Hallawell (2006) descreve assim o ponto de fuga: “quando linhas paralelas se afastam
do olhar, a distância entre elas diminui progressivamente até que se encontram num
ponto. Este ponto é conhecido como ‘ponto de fuga’” (HALLAWELL, 2006. p. 26).
Perspectiva Tonal
Além das formas de perspectiva descritas até aqui, que utilizam raios de projeção e
pontos de fuga para acrescentar profundidade ao desenho, Hallawell (2006) descreve
ainda a utilização de sombras e hachuras para conseguir o mesmo efeito. O autor
refere-se a este recurso como perspectiva tonal.
Vamos Praticar
A perspectiva é definida no desenho artístico como um recurso gráfico que utiliza o
efeito visual de linhas convergentes. De acordo com o conteúdo estudado, é possível
afirmar que:
Figura e Fundo
Dondis (1991) defende o contraste como elemento primordial em uma representação
visual, e a ambiguidade (ausência de contraste) como o maior obstáculo ao ato de ver.
Segundo o autor,
Sem dúvida, a percepção de uma figura é mais fácil quando existe um fundo
contrastante, que nos permita delimitar os contornos da imagem com maior clareza.
Curtis (2015, p. 58) define figura como um “formato identificável” e define fundo como o
seu entorno, ou seja, o que está à volta da figura.
Via de regra, existe uma hierarquia na qual a figura tem mais peso e importância. O
fundo é menos importante, servindo apenas como suporte para a figura. Mas há
situações especiais em que figura e fundo se confundem, se entrelaçam e, por vezes,
ganham nova significação.
Gestaltismo
Algumas dessas situações ocorrem em imagens relacionadas ao Gestaltismo ou
Psicologia da Forma. O Gestaltismo é uma doutrina que estuda os aspectos
psicológicos da percepção das formas pelo homem. Em outras palavras, estuda como
a psicologia humana influencia na forma como reconhecemos as figuras. Segundo o
Gestaltismo, o homem, ao perceber uma forma, considera o seu todo, não atentando-
se para cada um de seus componentes.
Este princípio explica porque vemos um urso panda na logo da ONG WWF, mesmo
que nem todos os seus elementos estejam representados no desenho (Figura 1.12).
Figura 1.12 -
Logo da WWF
Fonte: World Wide Fund for Nature (on-line).
Outras imagens nos permitem intercalar nossa percepção, ora privilegiando a figura,
ora privilegiando o fundo. É o caso do famoso desenho "Vaso de Rubin" (Figura 1.13).
Se fixamos o olhar no branco como figura, vemos nitidamente um vaso ao centro.
Porém, se focarmos na porção em preto como figura, vemos dois rostos de perfil.
Figura 1.13 -
Vaso de Rubin
Fonte: Curtis (2015, p. 60).
Reflita
Uma obra de arte é valorizada de acordo com seu conteúdo e complexidade. O artista
busca estimular o espectador, sendo por esse motivo que a qualidade de realização da
obra e o estímulo faz com que o espectador reflita sobre a obra. Quando o artista faz
com que seu espectador interaja com a obra, ele cumpriu com seu objetivo. Fonte:
Hallawell (2006).
Saiba mais
Carlos Damasceno é um desenhista profissional e professor de desenho que mantém
um site com muitas dicas sobre o desenho de observação, em textos e vídeos. No site,
o desenhista disponibiliza um e-book sobre o tema.
http://carlosdamascenodesenhos.com.br/
Saiba mais
Assista o documentário sobre a vida e obra da Frida Kahlo. A artista é conhecida no
mundo todo e uma das personalidades mais admiradas da atualidade. Nesse
documentário, é possível ter acesso a fragmentos de sua vida e obra, de modo que é
possível entender como ela chegou ao status de uma das maiores e mais
reconhecidas artistas do México.
https://www.youtube.com/watch?v=AZT-kRN2hCM
Vamos Praticar
O contraste entre figura e fundo é um dos elementos mais importantes na identificação
das formas no desenho de observação. Sobre esse assunto, assinale a alternativa
correta.
a) Um fundo contrastante ofusca a figura, dificultando a identificação de
seus contornos.
b) O fundo ocupa a maior superfície no desenho, logo é o elemento de
maior peso visual.
c) Via de regra, a figura assume o protagonismo na representação visual,
enquanto o fundo apenas serve de suporte para ela.
Feedback: alternativa correta, via de regra, ou seja, em situações normais, a
figura é o elemento mais importante e o fundo tem o papel secundário.
d) O Gestaltismo é uma doutrina que estuda os aspectos objetivos da
representação gráfica.
e) Segundo o Gestaltismo, ao observar uma imagem, o homem analisa
suas partes, para depois formar uma percepção do todo.
Material Complementar
LIVRO
Desenho a Cores
Michael E. Doyle
Editora: Bookman Companhia Editorial
ISBN: 978-85-7307-850-3
Comentário: Desenho a Cores é um livro ricamente ilustrado e que ajuda profissionais
de várias áreas com o uso de cores e técnicas de ilustração. Tem o objetivo de
familiarizar designers de interiores, arquitetos, designers gráficos, entre outros
profissionais, às técnicas de aplicação das cores e a compor uma ilustração.
FILME
Cidade Cinza
Ano: 2013
omentário: Cidade Cinza é um documentário brasileiro que relata a arte dos
C
grafiteiros na cidade de São Paulo. Esses artistas usam a arte como forma de protesto
contra as autoridades da capital que encobrem sua arte com pinturas da cor de
cimento.
Conclusão
Caro(a) aluno(a), o desenho pode ser aprendido por qualquer pessoa que decida
estudar seus elementos básicos e dedique tempo à sua prática. Vimos também que,
além da técnica e da habilidade manual, o pensamento criativo e um olhar analítico
são importantes para obter os melhores resultados no desenho de observação.
Referências
Bibliográficas
CURTIS, B. Desenho de Observação. Porto Alegre: Bookman, 2015.