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ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I
APOSTILA 1
FUNDAMENTOS DOS DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES
1 Introdução:
3 Estrutura básica:
2
Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
A. Semicondutores Dopados
Se ao Silício for acrescido (combinado) um elemento do Grupo V (como o
fósforo) haverá um elétron livre na estrutura do cristal, visto que os elementos do Grupo
V possuem cinco elétrons na última órbita de sua estrutura atômica. Este elétron livre
possibilita um grande aumento na condução do material. Como o elétron é uma carga
negativa, o material resultante é conhecido como semicondutor do tipo N. Então um
elemento do Grupo V é chamado de doador, pois este doa um elétron para aumentar a
condutividade.
Por outro lado, se o Silício for combinado com um elemento do Grupo III (como o
alumínio ou o boro) com três (3) elétrons na última órbita, surge uma lacuna na
estrutura cristalina. Esta lacuna pode receber um elétron livre e, por esta razão, é
considerada uma carga positiva. O material resultante da junção do Silício com um
elemento do Grupo III é conhecido como semicondutor tipo P. Então o elemento do
Grupo III é chamado de receptor pois é ionizado por uma carga negativa.
Em ambos os casos não se têm mais o equilíbrio entre elétrons e lacunas,
passando a existir um número maior de elétrons livres nos materiais dopados com
elementos da quinta coluna da tabela periódica, ou de lacunas, caso a dopagem seja com
elementos da terceira coluna. Respectivamente, produzem-se os chamados materiais
semicondutores tipo N e tipo P.
Observa-se, no entanto, que o material permanece eletricamente neutro, uma vez
que a quantidade total de elétrons e prótons é a mesma.
Os elétrons em silício extrínseco do tipo N e as lacunas em silício extrínseco do
tipo P são chamados de portadores majoritários, enquanto que as lacunas no silício
extrínseco do tipo N e os elétrons no silício extrínseco do tipo P são chamados de
portadores minoritários.
Em outras palavras, quando a lacuna introduzida pelo boro captura um elétron
livre, tem-se a movimentação da lacuna. Neste caso diz-se que as lacunas são os
portadores majoritários, sendo os elétrons os portadores minoritários. Já no material tipo
N, a movimentação do elétron excedente deixa o átomo ionizado, o que o faz capturar
outro elétron livre. Neste caso os portadores majoritários são os elétrons, enquanto os
minoritários são as lacunas.
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
B. Junção pn
A junção pn é o local do semicondutor onde as impurezas que são utilizadas para
dopar o silício (dopantes) mudam de p para n. Pode-se dizer que o diodo bipolar é
gerado na junção pn, que é a base de qualquer dispositivo semicondutor, onde NC/CC é
o perfil de concentração de impurezas.
Existem vários processos que podem ser utilizados para formar uma junção pn,
dentre os quais podem ser citar difusão, implantação iônica, etc.
(a) (b)
Figura 2 - Diagrama da junção pn. (a) Gráfico da concentração de dopantes na junção; (b) Corte
transversal da junção.
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
Figura 3 - Junção pn. (a) Junção pn com portadores não difusos: ⊕ doadores ionizados, :
receptores ionizados, + lacunas e - elétrons; (b) Junção pn com portadores difusos (sentido da
corrente de difusão); (c) Junção pn e camada de depleção (barreira de potencial) e sentido da
corrente.
Onde os elétrons são representas pelo símbolo (-), as lacunas pelo símbolo (+), os
doadores ionizados por ( ⊕ ) e os receptores ionizados por ( : ). Algumas referências
definem uma região com grande concentração de doadores ionizados como n+,
analogamente uma região com grande concentração de receptores ionizados é definida
como p -. Ao contrário, uma região com muitos elétrons e poucos doadores ionizados é
–
definida como n e uma região com muitas lacunas e poucos receptores ionizados é
+
definida como p .
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
Figura 4 - Junção pn. (a) Barreira de potencial e distribuição de cargas; (b) Junção pn diretamente
polarizada; (c) Junção pn inversamente polarizada.
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
exposto a luz, um excesso de portadores minoritários é gerado e, após a fonte que gera
estes portadores em excesso ser removida, o tempo de decaimento associado a este
processo é também definido como tempo de vida dos portadores minoritários, τ e. O
tempo de vida dos portadores minoritários é frequentemente chamado de tempo de vida
de recombinação.
A. Recuperação Reversa
A corrente na junção diretamente polarizada do diodo deve-se ao efeito dos
portadores minoritários e majoritários. Uma vez que o diodo esteja no modo de
condução direta e a sua corrente seja reduzida a zero (em função do comportamento do
circuito onde o diodo encontra-se inserido), o diodo continuará em condução devido aos
portadores minoritários que permanecem armazenados na junção. Os portadores
minoritários requerem um certo tempo para recombinar com as cargas opostas e ser
neutralizados. Este tempo é chamado de tempo de recuperação reversa, e é denotado
como trr e é mostrado na curva característica de recuperação da Figura 6.
O tempo trr é medido a partir do instante em que ocorre o cruzamento da
corrente por zero até o instante que a corrente reversa alcança 25% do seu valor
máximo. O valor máximo da corrente reversa é denotado como corrente reversa de
pico, Irr. O tempo trr consiste de dois sub-intervalos, o intervalo ta e o intervalo tb.
O intervalo ta deve-se ao armazenamento de cargas na região de depleção da junção e
representa o tempo entre o cruzamento da corrente por zero e o instante em que a
corrente reversa alcança o seu valor máximo. O intervalo tb deve-se ao
armazenamento de cargas no material semicondutor. A relação entre tb/ta é conhecida
como fator de suavidade.
(a) (b)
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
(a) (b)
(c)
Figura 6 Continuação – Características de recuperação reversa para diodo.
E assim, o tempo, o pico e a carga de recuperação reversa estão relacionados pela eq:
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
2Qrr
I rr = (1.4)
trr
Ou ainda,
d 2Q
Irr = ta iD = rr (1.5)
dt trr
Para o caso em que tb >> ta (recuperação abrupta), pode-se fazer trr ≈ ta e portanto,
I rr = 2Q d i (1.7)
rr D
dt
diodos conduzem a mesma corrente e a queda de tensão sobre cada diodo seria um
pouco diferente, não afetando a operação do circuito. Todavia, na condição de bloqueio,
cada diodo é forçado a conduzir a mesma corrente de fuga. Como consequência disto, as
tensões de bloqueio sobre cada diodo será diferente. Isto significa que dois diodos com
capacidade de bloquear 600 V cada podem não ser suficientes para suportar uma tensão
reversa de 1200 V.
Uma solução para este problema é a utilização de um divisor de tensão resistivo
associado aos diodos. Com isto, a divisão de tensão é assegurada através dos resistores
que também fornecem um caminho para que a diferença entre as correntes de fuga de
cada um dos diodos possa fluir. A corrente de fuga total pode ser encontrada aplicando-
se a Lei das correntes de Kircchoff, de onde obtem-se,
is = is1 + iR1 = is 2 + iR2 (1.8)
Como
vD1 vD 2
iR1 = ; iR 2 = (1.9)
R1 R2
tem-se,
vD1 v
is = i s1 + = is 2 + D 2 (1.10)
R1 R2
Figura 9 – Associação de diodos em série com divisor resistivo. (a) Circuito; (b) Curvas
características.
vD1 v
is1 + = is 2 + D 2 (1.11)
R R
Como Vs = vD1 + vD 2 , os valores de vD1 e vD2 podem ser encontrados através das
seguintes expressões.
Vs R
v D1 = + ( i 2 − is 1 ) (1.12)
2 2 s
e
Vs R
v D2 = + ( is1 − is 2 ) (1.13)
2 2
Como as correntes is1 e is2 são da ordem de alguns poucos mili-amperes, as
expressões (1.12) e (1.13) podem ser aproximadas por,
Vs
v D1 ≈ (1.14)
2
e
Vs
v D 2≈
2 (1.15)
B. Associação paralela de diodos
Em muitas aplicações de altas potências os diodos são conectados em paralelo
para aumentar a capacidade de condução de corrente. Uma vez que a tensão sobre os
diodos é a mesma, a divisão uniforme de corrente nos diodos esta associada às quedas
de tensão em cada diodo. Portanto, as imperfeições e às tolerâncias adotadas durante o
processo de fabricação farão com que os diodos possuam curvas características
diferentes e, deste modo, quedas de tensão distintas. Assim, na associação em paralelo
sempre existirá uma diferença de corrente. Isto significa que dois diodos com
capacidade de condução de 20 A cada podem não ser suficientes para suportar uma
corrente direta de 40 A.
Aplicando o princípio da dualidade à solução utilizada para associação em série
de diodos onde um divisor de tensão resistivo foi incluído no circuito, pode-se incluir
um divisor de corrente no circuito. Assim, a divisão de corrente é assegurada através
dos resistores que também fornecem uma impedância para que a diferença entre as
quedas de tensão de cada um dos diodos possa ser aplicada. A tensão total (Vg) pode ser
encontrada aplicando-se a Lei das tensões de Kircchoff, de onde obtem-se,
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
Figura 11 – Associação de diodos em paralelo com divisor resistivo. (a) Circuito; (b) Curvas
características.
Ou
v(t ) = VTo + rD i(t ) (1.22)
∫V To i(t)dt
Ou (1.24)
Figura 12 – Modelos estáticos para diodos. (a) Queda de tensão constante; (b) Queda de tensão em
função da corrente.
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Aula 1: Fundamentos dos dispositivos semicondutores – O diodo Eletrônica de Potência I
8. Dois diodos são conectados em série para dividir uma tensão VD = 5 kV. As
correntes de fuga dos dois diodos são, IS1=30 mA e IS2=35 mA,
respectivamente. (a) Encontrar as tensões em cada diodo se a resistência
associada a cada diodo seja dada por, R1=R2=R=100 kΩ ; (b) Encontrar os
valores de R1 e R2 para que a tensão sobre cada diodo seja igual à metade da
tensão sobre ambos, VD1=VD2=VD/2.
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