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Brazilian Journal of Development

Como as fake news prejudicam a população em tempos de Pandemia Covid-


19?: Revisão narrativa

How do fake news harm the population in times of Covid-19 Pandemic?:


Narrative review
DOI:10.34117/bjdv6n8-013

Recebimento dos originais: 08/07/2020


Aceitação para publicação: 05/08/2020

Alanny de Almeida
Discente do Curso de Enfermagem
Instituição: Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UniJuazeiro
Endereço: Rua São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-475
E-mail: alannydealmeida@hotmail.com

Amanda de Almeida
Discente do curso de Enfermagem
Instituição: Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UniJuazeiro
Endereço: Rua São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-475
E-mail: amandaalmeida000@outlook.com

Maria Paloma Lima Sousa


Discente do curso de Enfermagem
Instituição: Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UniJuazeiro
Endereço: Rua São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-475
E-mail: paloma.lima2017@outlook.com

Maria Patrícia Vitorino de Sousa


Discente do curso de Enfermagem
Instituição: Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UniJuazeiro
Endereço: Rua São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-475
E-mail: mpatriciavitorinosousa@outlook.com

Ludmila Cavalcante Liberato


Discente do Curso de Enfermagem
Instituição: Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UniJuazeiro
Endereço: Rua São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-475
E-mail: ludmilaliberatto@gmail.com

Cicero Rafael Lopes da Silva


Especialista em Enfermagem Dermatológica. Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem.
Instituição: Centro Universitário de Juazeiro do Norte – UniJuazeiro
Endereço: Rua São Francisco, 1224 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-475
E-mail: rafael.lopes@fjn.edu.br

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José Adelmo da Silva Filho
Mestrando em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Instituição: Universidade Regional do Cariri
Endereço: Rua Coronel Antônio Luíz, 1161- Pimenta, Crato - CE, 63105-010
E-mail: adelmof12@gmail.com

Antônio Germane Alves Pinto


Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará. Professor Adjunto K do
Departamento de Enfermagem
Instituição: Universidade Regional do Cariri
Endereço: Rua Coronel Antônio Luíz, 1161- Pimenta, Crato - CE, 63105-010
E-mail: germanepinto@hotmail.com

RESUMO
Atrelada à concentração mundial de contenção aos avanços da COVID-19, causada pelo SARS-
COV-2, órgãos de saúde em consonância com a imprensa mundial, buscam estratégias para
conscientização da população quanto aos agravos da pandemia, com o intuito de traçar melhores
estratégias de controle da infodemia e consequentemente prolongamento da desinformação advinda
da dificuldade de identificação de fontes idôneas e orientações confiáveis. Objetiva-se apresentar os
impactos das fake news para população diante da pandemia do novo coronavírus. Trata-se de uma
revisão narrativa, realizada nas plataformas de pesquisa: LILACS, SciELO, MEDLINE e Google
Acadêmico. Foram usados os descritores coronavírus, desinformação e pandemias com o operador
booleano AND. Foram inclusos estudos disponíveis na íntegra, entre os anos 2019 e 2020 em
português, inglês e espanhol, sendo excluídos estudos repetidos e inconclusivos. A busca gerou um
total de 476 artigos, que após a aplicação dos critérios, 10 destes vieram a compor esta revisão. No
cenário atual, inúmeras informações foram publicadas em redes sociais e consumidas pela
população, sendo a maioria dessas de caráter inverídico. Com isso, o compartilhamento de fake
news associado à infodemia dificulta a identificação de fontes fidedignas, sobrecarrega
emocionalmente as pessoas. A partir do exposto, pode-se perceber que as fake news apresentam
papel de desserviço à sociedade, e elimina-las seria imprescindível para manter o bem-estar da
população.

Palavras-chave: Coronavírus, Pandemia, Informação.

ABSTRACT
Linked to the worldwide concentration of containment to the advances of COVID-19, caused by
SARS-COV-2, health agencies in line with the world press, they seek strategies to make the
population aware of the aggravations of the pandemic, in order to outline better strategies control of
infodemia and consequently prolonged disinformation arising from the difficulty of identifying
suitable sources and reliable guidance. The objective is to present the impacts of fake news to the
population in the face of the pandemic of the new coronavirus. This is an narrative review, carried
out on the databases: LILACS, SCIELO, MEDLINE and Google Scholar. Coronavirus,
disinformation, Fake News and pandemics were used with the Boolean operator AND. Studies
available in full between the years 2019 and 2020 in Portuguese, English and Spanish were included,
excluding repeated and inconclusive studies. The search generated a total of 476 articles, which
after applying the criteria, 10 of these came to compose this review. In the current scenario, a lot of
information has been published on social networks and consumed by the population, most of which
are untrue. As a result, the sharing of fake news associated with infodemia makes it difficult to

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identify reliable sources, emotionally burdens people. From the above, it can be seen that the fake
news play a disservice role to society, and eliminating them would be essential to maintain the
population's well-being.

Keywords: Coronavirus, Pandemic, Information.

1 INTRODUÇÃO
Os coronavírus sazonais geralmente estão associados a síndromes gripais. Nas últimas
décadas, dois deles foram responsáveis por epidemias virulentas de Síndrome Respiratória Aguda
Grave (SRAG). Em 2003 e 2012, na China e na Arábia Saudita, respectivamente, apresentaram
importantes síndromes com alta letalidade. O recente surto do novo coronavírus (SARS-CoV-2),
detectado inicialmente na China em dezembro de 2019, gerou uma pandemia mundial, causa aos
infectados a doença denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de COVID-19
(LANA, et al., 2020).
No dia 11 de março de 2020 a OMS declarou a epidemia causada pela COVID-19, uma
pandemia. O primeiro caso de COVID-19 foi confirmado no dia 26 de fevereiro de 2020, onde a
inserção da doença no país se deu por meio de casos importados, com isso, o Ministério da Saúde
(MS) em consonância com vários setores governamentais atuaram através da elaboração de um
plano de contingência, com ênfase na busca ativa e isolamento de casos e contatos (OLIVEIRA, et
al., 2020).
Vários aspectos podem influenciar na velocidade de implementação das ações destinadas ao
controle de doenças, onde podemos destacar as práticas locais de saúde, campanhas de informação,
o comportamento da sociedade e o sistema de crenças. Vale ressaltar que a transmissão da COVID-
19 se dá por meio do contato direto de pessoa a pessoa ou por gotículas expelidas pela fala, tosse ou
espirro de um indivíduo infectado. Logo, as medidas de enfrentamento da doença são preconizadas
em higienização das mãos, ambiente e de objetos/superfícies com frequência, evitar apertos de mão,
abraços e beijos (LIMA, et al., 2020).
De acordo com a OMS, as respostas apresentadas em decorrência do surto de COVID-19
foram acompanhadas por um alto índice de infodemia, ou seja, uma enorme quantidade de
informações, em sua maioria falsas, as quais causam uma maior dificuldade para identificar fontes
idôneas e confiáveis (ZAROCOSTAS, 2020). As informações falsas, também chamadas de fake
news, se propagam principalmente por meio das redes sociais. São informações compostas por
textos afirmativos, onde o leitor não averigua a veracidade da mensagem e muitas vezes compartilha
com outras pessoas, disseminando a notícia falsa (SOUSA JÚNIOR, et al., 2020).

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Ao observar o cenário brasileiro diante da pandemia e reconhecendo as vulnerabilidades
populacionais, é possível entender que a COVID-19 pode acometer qualquer tipo de pessoa e em
qualquer classe social, desenvolvendo-se de forma indiscriminada. As fake news ocorrem em
paralelo e consequentemente resulta em impactos na saúde pública, devido à transmissão de
desinformação associada ao medo, o que interfere nas ações dos órgãos envolvidos no controle do
vírus (NETO, et al., 2020).
Em suma, destaca-se que a pandemia da COVID-19, pode ocasionar impactos variados, e
seus efeitos vêm atingindo de forma direta e indireta os diversos aspectos populacionais como:
sociais, econômicos, escolares, psicológicos. Com isso, percebeu-se que o processo de infodemia
atrapalha diretamente na comunicação entre a ciência e a população, levando ao seguinte
questionamento: Diante a infodemia, quais os impactos das fake news no processo de informação
da sociedade?
Neste sentido, o presente trabalho objetivou analisar as evidências sobre os impactos das
fake news para população diante da pandemia do novo coronavírus.

2 MÉTODO
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura, que possui um caráter amplo e descreve o
desenvolvimento de determinado assunto. É considerada a revisão tradicional ou exploratória, os
artigos permitem ao leitor adquirir e atualizar conhecimentos obre temáticas específicas em curto
espaço de tempo (FERENHOF, FERNANDES, 2016)
A busca dos artigos foi realizada nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO),
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Google Acadêmico. Foram
utilizados como critérios de inclusão: artigos publicados na íntegra de forma gratuita, disponíveis
em português, inglês e/ou espanhol, publicados entre os anos 2019 e 2020, sendo exclusos estudos
repetidos, inconclusivos, relato de experiências, estudos reflexivos, revisão de literatura e artigos
não pertinentes à temática.
A preparação desta pesquisa originou-se com a consulta aos Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH). Foram, portanto, utilizados os seguintes
descritores em português e inglês, respectivamente: “Coronavírus” / “Coronavírus”,
“Desinformação” / “Misinformation” e/ou “Pandemias” / “Pandemics”. Sendo utilizado também o
operador booleano AND para cruzamento dos termos.

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Na primeira junção foram encontrados 476 artigos, referindo-se a 86 na MEDLINE, 61 na
LILACS, 200 na SciELO e 129 no Google Acadêmico. Na segunda junção após a escolha dos filtros
artigos entre os anos 2019 e 2020, no idioma português, inglês e espanhol, nas temáticas Ciências
da Saúde e Humanas totalizaram 68 artigos para análise e seleção final, desses apenas 32 estavam
disponíveis, 07 não eram originais, 04 eram repetidos e 09 não contemplavam o objetivo do estudo,
restando 10 artigos para compor o estudo.
Para maior compreensão da estratégia de busca foi construído um fluxograma (FIGURA 1)
que ilustra como se sucedeu a escolha dos estudos que compuseram a amostra desta revisão
integrativa.

Figura 1: Processo de seleção e inclusão dos artigos.

3 RESULTADOS
Os artigos incluídos nesta revisão foram publicados na língua portuguesa, inglesa e/ou
espanhol entre os anos 2019 e 2020. Os estudos foram publicados nos periódicos: Lancet Respir
Med, Pharmaceutical interventions (NPIs), Revista Mídia e Cotidiano, Cadernos de Prospecção,
Ahead of Print, ResearchGate, ResearchGate, UninCor, Associated with the COVID-19, The Lancet
e International Sociology.
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Nº DO AUTOR / ANO OBJETIVO AMOSTRA PERIÓDICO
ARTIGO
01 HUANG et al., 2019. Avaliar os aspectos 2.259 participantes Lancet Respir
comportamentais e as entre o gênero Med.
crenças da população feminino e masculino
cearense frente à para se perceber o
pandemia de COVID- risco de contaminação
19. com a não realização
da quarentena.
02 PEERI,et al., 2020. Sistematizar Composta por 740 Pharmaceutical
conhecimentos sobre participantes, interventions
implicações na saúde envolvendo (NPIs).
mental e intervenções enfermeiros e
psicológicas diante da população geral.
pandemia do novo
coronavírus.
03 NETO, et al., 2020. Discutir as Fake News Foram identificados Revista Mídia e
no cenário brasileiro de 70 registros de Cotidiano.
COVID-19. compartilhamento de
Fake News sobre o
COVID19.
04 SOUSA JÚNIOR, et O interesse da Um grupo de pessoas Cadernos de
al., 2020. população brasileira por com pneumonia, sem Prospecção.
informações acerca do causas conhecidas.
tema e analisar a
propagação de Fake
News.
05 MATOS,2020. Avaliar as fake News Foram obtidas 79 Ahead of Print.
sobre o coronavírus notícias falsas
divulgadas no programa divulgadas na página
“Saúde sem fake News” “Saúde sem fake
do Ministério da Saúde News” do Ministério
e traçar o perfil dessas da Saúde entre os
notícias. meses de Janeiro e
Abril de 2020.
06 SANTOS, et al., Reunir e apresentar Coletado documentos ResearchGate.
2020. alguns pontos a partir de buscas em
relevantes que podem sites de revistas na
colaborar para área de ensino e
responder a seguinte educação e através da
pergunta: “Qual o papel plataforma google
da Divulgação scholar, com o
Científica nos tempos objetivo de delimitar
de pandemia causada as produções acerca
pela Covid-19? da Divulgação
Científica e sobre a
disseminação de
notícias falsas no
âmbito nacional e
internacional.
07 SOUZA, 2020. Compreender como as Coletadas 23 notícias UninCor.
fake news, que nos falsas publicadas no
chega em mãos por site do Ministério da
meio dos ambientes Saúde, dedicada a
midiáticos digitais identificar o tipo de
produzem sentido. notícia que circulam
no ambiente
midiático.
08 ZHANG, 2020. Avaliar a qualidade e a 110 sites obtidos com Associated with
legibilidade das informações the COVID-19.
informações on-line relacionadas ao
sobre a doença de COVID-19.
coronavírus (COVID-
19), um tópico de
tendência na internet.

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09 ZARACOSTAS, Oferecer a todos 1375 participantes de The Lancet.
2020. acessos a um webinário.
recomendações e
informações atuais,
precisas, fáceis de
entender e provenientes
de fontes confiáveis.
10 PATEL, 2020. Lançar uma nova luz Foram selecionados International
sobre o tipo de tweets 1000 tweets Sociology
que circularam no publicados em 6 e 7
Twitter em torno do de fevereiro de 2020
surto de COVID-19 por em todos os idiomas
dois dias, a fim de disponíveis para
analisar como as analisar como são
informações falsas e disseminadas as
verdadeiras foram informações falsas e
compartilhadas. verdadeiras.

Observa-se que muitas informações e notícias foram postadas nas mídias sociais, como sites,
jornais, televisão e rádio, o que conduziu a diversos compartilhamentos, criando uma rede com
conteúdo e pseudo-informações, conhecidas como Fake News. Em tempos de avanços tecnológicos,
estas notícias falsas são veiculadas nas redes, de forma muito rápida e multiplicada entre a
população, que, em linguagem metafórica, pode-se entender como um vírus que contamina a
comunicação e promove ações e comportamentos contrários às orientações das autoridades técnicas
no campo da saúde.
Apesar de não ser um assunto novo, o novo coronavírus associado às fake News pode
resultar em impactos negativos diante de todo o cenário populacional, como pode ser observado a
seguir:

Quadro 2 – Impactos das fake News


IMPACTOS DAS FAKE NEWS
01 As Fake News, direta e/ou indiretamente, influenciam na credibilidade do Sistema Único de
Saúde (SUS).
02 A desinformação pode prejudicar a saúde humana. Muitas histórias falsas ou enganosas são
inventadas e compartilhadas sem que se verifique a fonte nem a qualidade.
03 A desinformação pode circular e ser absorvida muito rapidamente, mudando o
comportamento das pessoas e possivelmente levando-as a correr riscos maiores de
sofrimentos psicológicos.
04 As mensagens falsas relacionadas ao novo Coronavírus estão espalhando desinformação e
medo, o que acaba atrapalhando o trabalho dos órgãos envolvidos na contenção desse novo
vírus.
05 Caracterizada como informação de baixo cunho racional, as fake News ocorrem muitas
vezes de forma desfreada. É estruturada em formato jornalístico e o compartilhamento
virtual em massa se transforma em um contexto de propagação da desinformação que vem
se tornando um problema de saúde pública.
06 Fake News circulam diariamente contribuindo para a desinformação que leva ao descuido,
fazendo mal à saúde da população quanto a doença em si.
07 O compartilhamento das notícias como verdadeiras ocasionam um cenário de
incertezas. Diante disso, é difícil saber em quem ou o que confiar.

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08 Medo e pânico associados à epidemia à medida que circulavam notícias falsas, o
suprimento de máscaras se tornava inadequado e as prateleiras dos supermercados eram
esvaziadas.
09 A população acaba seguindo receitas indevidas proposta por Fake News para ter ou não
pegar COVID-19.
10 O aumento de informações falsas está promovendo a negação de evidências científicas e
pode potencialmente ser uma ameaça para a democracia e para os cidadãos, pois a
disseminação de tal conteúdo foi demonstrada para promover o cinismo, apatia e
extremismo, possivelmente decisões enganosas que afetam as políticas públicas e a vida das
pessoas.

Analisando o quadro 2, é possível identificar que a propagação de notícias falsas em relação


ao Sistema Único de Saúde (SUS) e o Ministério da Saúde (MS), pode causar incompreensões
acerca das ações diretivas e consequentemente impactar diretamente no futuro da população.

4 DISCUSSÃO
No que se refere ao novo Coronavírus, à velocidade de transmissão das Fake News tem
crescido a cada dia nas redes, podendo considerar essa velocidade maior que a disseminação do
próprio vírus. Como umas das grandes impulsionadoras dessas notícias falsas, podemos citar as
mídias sociais, o que contribui para a disseminação excessiva de falseamentos. (SOUSA JÚNIOR,
et al., 2020).
A infodemia pode ser considerada umas das consequências do impulsionamento da interação
social no ciberespaço decorrente do isolamento. Uma de suas características é a divulgação e
compartilhamento de informações que afeta diretamente no combate a pandemia, entre elas a
tentativa desenfreada por medicamentos e alimentos que teoricamente são capazes de curar ou
prevenir a COVID-19. Além da não existência de produtos capazes de curar ou prevenir, a infodemia
eleva o risco de contaminação entre as pessoas, ao impulsionar que as mesmas procurem pela cura
ou proteção (MEDEIROS, ROCHA, GOLDONI, 2020).
Diante da rápida disseminação do novo coronavírus por todo o mundo, surgem as hesitações
de como controlar a doença e incertezas do tempo de duração e suas complicações, destacando-se
como fatores de risco à saúde mental da população. Nessas circunstancias, o surgimento de mitos e
informações equivocadas sobre a infecção e as medidas de prevenção dificultam a compreensão de
orientações das autoridades sanitárias pela população geral (SCHMIDT, et al., 2020).
Para que sejam evitadas respostas inadequadas e o medo da população, torna-se necessário
que os governos ampliem estratégias para ensinar a população averiguar a qualidade das
informações que leem, principalmente em caso de informações em saúde. Conforme o avanço da

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pandemia foi criado sites pelo Ministério da Saúde para noticiar a população brasileira sobre o status
do coronavírus (BATISTA JUNIOR, et al., 2020; BALTAZAR, et al., 2020).
Todos os dias, aumentam os números de usuários que procuram na internet seu diagnóstico
e tratamento, tornando assim a internet, uma ferramenta de dois lados para o setor da saúde. Para
controlar a disseminação de notícias falsas ou enganosas, as agências governamentais devem cogitar
o uso de um mecanismo regulador, uma vez que informações falsas sobre a saúde podem causar
danos sociais irreparáveis (BALTAZAR, et al., 2020).
Cabe destacar que, embora outros fatores auxiliem para o desenvolvimento de condutas
inadequadas, é de fundamental importância refletir sobre aqueles que não possuem acesso à saúde
de forma igualitária, equânime e integral, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde
(SUS). Nesse sentido, a disseminação de informações falsas desorienta a população na medida em
que são compartilhadas, pondo em risco as intervenções diretivas (NETO, et al., 2020).
Dentre os estudos, devido as implicações do novo coronavírus no âmbito da saúde mental,
podemos destacar o de Wang et al. (2020) realizado com a população geral da China, incluindo
1.210 participantes. Através do estudo pode identificar a presença de sintomas de estresse, ansiedade
e depressão. Cerca de 72% dos participantes relataram medo de que seus familiares adquirissem o
vírus, vários fatores como: ser mulher, estudar, trabalhar, apresentar sintomas prévios da COVID-
19 foram associados a elevados níveis de comprometimento mental. No entanto, os participantes
que receberam informações fidedignas sobre a doença, prevenção, transmissão e tratamento
apresentaram menor comprometimento mental.
Como os gastos decorrentes dos transtornos mentais são elevados, a evolução de estratégias
para o tratamento da saúde mental populacional pode resultar em benefícios tanto para o âmbito da
saúde física como para o setor financeiro. Apesar do medo da morte, a pandemia do COVID-19
promove consequências em outras esferas: convívio familiar, alterações nas rotinas de trabalho,
fechamento de escolas, empresas e ambientes públicos, isolamento social ocasionando o
desenvolvimento de sentimentos negativos, além de ampliar as inseguranças devido os impactos
econômicos e sociais (ORNELL, et al., 2020).
Nesse contexto, podemos perceber que o uso das redes sociais atua como suporte para a
população, o que requer dos órgãos governamentais a disponibilidade de informações de saúde
atualizadas, quanto o cenário pandêmico vivenciado. Onde manter a transparência no que diz
respeito ao fluxo dos serviços, índice de pessoas infectadas, casos recuperados e o número de mortes
têm apresentado resultado positivo quanto à redução dos transtornos mentais e menor incerteza
sobre a pandemia.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concomitante aos impactos causados pela exposição midiática que a pandemia do novo
coronavírus tem causado para a população por meio das fake news, surge à necessidade da
associação dos os órgãos governamentais com os diversos meios de comunicação desenvolverem
melhores estratégias para combater a disseminação desenfreada de conteúdos duvidosos, além de
manter a população informada de forma segura, frente à implementação de ações de controle a
propagação do vírus.
Para isso, é de fundamental importância que o receptor das informações certifique sua fonte,
observe os discursos das autoridades governamentais, e se possível, verifique o site oficial do
Ministério da Saúde, se há algum conteúdo que equivalha com as notícias recebidas. Entretanto,
com o desenvolvimento da produção intelectual acerca da pandemia de COVID-19, espera-se que
essa discussão possa contribuir com o desenvolvimento de outras pesquisas nessa área, já que as
fake news não param diante do cenário de saúde vivenciado mundialmente.

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