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BEATO, Claúdio. Corrupção Policial.

In: AVRITZER, Leonardo; BIGNOTTO, Newton;


GUIMARÃES, Juarez; STARLING, Heloísa Maria M. Corrupção: ensaios e críticas. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2012. p. 335-340.

- corrupção ocorre em todas as polícias, em todas as partes do mundo. E não necessariamente


objetivam ganhos financeiros. Elas são ponto central para explicar nosso cenário de violência e
crime no país. (p. 335)

- “Não por acaso, este cenário é bastante familiar aos habitantes dos grandes centros urbanos
brasileiros. Pesquisas de vitimização indicam que cerca de 1,8% da população de Belo Horizonte,
3,9% de Curitiba e 10,2% dos moradores do Rio de Janeiro declaram já terem sido vítimas, em
algum momento de suas vidas, de extorsão por parte de policiais militares.” (p. 335)

- Universo de práticas que se localizam no horizonte da “corrupção policial”: “Assim, o


termo corrupção pode envolver acepções diversas que englobam comportamentos desviantes usuais
por parte de policiais, tais como envolvimento com o tráfico de drogas, associação com assaltantes
e traficantes, extorsão, abusos de autoridade, agressão e maus-tratos, homicídios, justiçamento e
execuções a serviço de mandantes dentre outros.” (p. 335) LEMGRUBER, Julita et al. Quem
vigia os vigias? Um estudo sobre controle externo da polícia no Brasil. Rio de Janeiro: Record,
2003.

- definição legal de corrupção: “artigo 317 caracterizando-se por ser um ato cometido por
funcionários públicos, no caso policiais, que buscam auferir vantagens em função de sua função
através de peculatos, concussão, exação, corrupção passiva, prevaricação e condescendência
criminosa.” (p. 336) Todavia, na prática ela abarca uma gama muito grande de possíveis
“desvios” por parte de policiais. Alguns desvios, apesar de serem ilegais, são amplamente
permitidos pelas próprias corporações. ESPÓLIO DE GUERRA, por exemplo.

- discricionariedade policial: abertura de caminho para a corrupção; baixa visibilidade do trabalho


policial nas ruas; código de solidariedade e silêncio entre os policiais (segredo). (p. 337)

- corregedorias tratam o problema como se fossem “casos isolados”, ou “maçãs podres”. Não se
enxerga o problema do ponto de vista institucional e não individual. Ademais, sociedade também
compactua com práticas de corrupção policial. (p. 338)

- Alguns autores incluem as pequenas trocas de favores até associação com redes criminosas,
passando pela proteção de atividades ilegais a recebimento de propinas para não prosseguir com
investigações, ou aplicação de multas, além do roubo de vítimas ou delinquentes. ROEBUCK, J. B.
B.; BAKER, T. A tipology of police corruption. Social Problems, v. 21, p. 423-437, 1974.

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