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Projeto Gráfico
Maylena Clécia
Editoração eletrônica
Didier Max
Ilustrações
Maylena Clécia
Revisão
Débora Diersmann Silva Pereira
ISBN 978-85-63520-19-7
1. Educação 2. Educação Básica 3. Processo de Aprendizagem 4. Pedagogia 5. Matemática
6. Ensino Infantil 7. Didática I. Monique Aparecida Voltarelli (Org.) II. Regina da Silva Pina
Neves (Org.) III. Claudia Lage Rebello da Motta IV. Cristiano Alberto Muniz. V. Gilberto Lacerda
Santos VI. Iara Regina Nocentini André Loyola VII. João Victor Pereira VIII. Jorge Cássio Costa
Nóbriga IX. Maria Fernanda Farah Cavaton
Experimentações didáticas em
educação científica e matemática para
Crianças
Brasília, 2019
Prefácio
Caro leitor,
1
Lei Federal n. 11.274/2006.
Tomando os/as professores/as das crianças como gestores/as impres-
cindíveis da sala de aula, os textos discorrem sobre um amplo espectro
de questões que se referem explícita ou tacitamente a: uma pedagogia
da infância; escola de nove anos; direitos de aprendizagem; impor-
tância de se trabalhar com essas noções nos anos iniciais da escola;
metodologias de ensino; tomadas de decisões para o andamento do
trabalho em sala de aulas, em laboratórios, mediados ou não por tec-
nologias de informação e comunicação, enfim, sobre a pertinência de
orientações curriculares para crianças da educação infantil e dos anos
iniciais do ensino fundamental.
Referência
SANTOS, V. de M. Ensino de Matemática na escola de nove anos: dúvidas,
dívidas e desafios. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
Sumário
Capítulo 1.....................................................................12
As crianças pequenas e os processos de aprendizagens: contri-
buições da pegagogia da infância
Monique Aparecida Voltarelli
Capítulo 2.......................................................................42
Toda criança aprende as matemáticas: cada criança é um ser
matemático
Cristiano Alberto Muniz
Capítulo 3........................................................................94
Educação Científica, Tecnológica e Matemática: um estudo junto a
estudantes do Programa Infantojuvenil da Universidade de Brasília
Regina da Silva Pina Neves
Capítulo 4...................................................................118
Alguns exemplos de atividades matemáticas na plataforma
GeoGebra para estudantes dos anos iniciais
Jorge Cássio Costa Nóbriga
João Victor Pereira
Capítulo 5......................................................................142
A aprendizagem de conceitos científicos por crianças pequenas
mediada por um software lúdico-educativo
Maria Fernanda Farah Cavaton
Gilberto Lacerda Santos
Capítulo 6......................................................................170
Observar, comparar e pensar fora da caixinha: o despertar do
pensamento científico
Claudia Lage Rebello da Motta
Iara Regina Nocentini André Loyola
Capítulo 1
13
representações sociais, buscando ouvi-la a respeito de como pensa
o mundo e a escola. A concepção de escolarização como algo sério,
formal e disciplinador não deixa espaço para o livre, o inesperado e o
transformador. Antes de pensar no brincar como eixo para o trabalho
com as crianças, faz-se necessário repensar o sentido das práticas
pedagógicas presentes nas instituições escolares, bem como intro-
duzir os direitos da criança de participar, brincar e aprender como
conteúdos formativos que devem ser ensinados também na escola
(QUINTEIRO; CARMINATI, 2012).
14
CAPÍTULO 1
1
Linguagem é compreendida em um sentido amplo para “compartilhar sentidos e comunicar significados, ou
seja, de leitura, de interpretação, de expressão e de produção de significados simbólicos e não no sentido res-
trito de linguagem verbal, oral ou escrita.” (BARBOSA, 2009, p. 85).
15
processo volta-se para conhecer o mundo material e social, amplian-
do gradativamente o campo de sua curiosidade e inquietações, me-
diada pelas orientações, materiais, espaços e tempos que organizam
as situações de aprendizagem e pelas explicações e significados a que
ela tem acesso. (BRASIL, 2013, p. 86).
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CAPÍTULO 1
18
CAPÍTULO 1
A Pedagogia da Infância
19
Em texto precursor por uma pedagogia da infância, Eloisa Rocha, em
2001, esclarece que enquanto a escola tem como sujeito o aluno e
como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, por inter-
médio da aula; a creche e a pré-escola têm como objeto as relações
educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como
sujeito a criança de 0 a 5 anos de idade. A partir dessa consideração,
estabelece-se um marco diferenciador das instituições educativas, ten-
do em vista a função que lhes é atribuída no contexto social, sem definir
uma diferenciação hierárquica ou qualitativa entre as etapas de ensino.
20
CAPÍTULO 1
21
O brincar para as crianças é uma das formas para compreender o
mundo ao seu redor, constituindo-se como uma atividade humana
criadora, na qual “imaginação, fantasia e realidade interagem na
produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de
ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações
sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.” (BORBA, 2007, p. 35).
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CAPÍTULO 1
23
observação das crianças: i) as direções que elas decidem focar suas
energias; ii) os seus desejos e curiosidades para o conhecimento; iii)
o fascínio e os olhares que as surpreendem com os acontecimentos
diários, os quais não se limitam ao ambiente escolar. Segundo a
autora, a todo o momento e em todo lugar evidenciam-se opor-
tunidades de experiências de aprendizagem e toda criança pode
ser considerada “uma cientista na descoberta das leis da natureza.”
(NIGRIS, 2014, p. 139).
24
CAPÍTULO 1
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relacionada ao contexto educativo, estimulando a criança a dar signifi-
cado, reorganizar e representar a própria experiência (FOCHI, 2015).
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CAPÍTULO 1
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A intervenção dos professores no trabalho com os pequenos se ca-
racteriza por uma participação indireta e uma atenção e observação
constantes (RINALDI, 1999, 2012). É preciso, então, organizar a escola
para que as crianças possam ter tempo para viver a infância. Essa
intervenção se faz por intermédio da criação e da transformação das
condições de tempo e espaço, da seleção de materiais, da proposição
de situações que provoquem o desejo e a necessidade de aprender. O
olhar atento docente, os gestos delicados, as palavras escolhidas, a
oferta de ideias e materiais, garante às crianças a segurança necessá-
ria para ir além do conhecido e experimentar o novo, ampliando suas
vivências de aprendizagem (BARBOSA, 2009).
28
CAPÍTULO 1
29
e relações matemáticas de forma que elabore uma educação científi-
ca baseada na manipulação, observação, registros, comparações em
situações de brincadeiras , para que as crianças possam se apropriar
dos conhecimentos historicamente construídos no campo das ciências.
Além de considerar práticas educativas que incentivem a curiosidade, a
exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação, que es-
tejam pautadas nas relações, interações e práticas voltadas para expe-
riências concretas e significativas às crianças, considerando o trabalho
integrado com suas diferentes linguagens (BRASIL, 2009).
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CAPÍTULO 1
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Nesse sentido, esta obra foi organizada no conjunto de seis textos em
torno das experimentações didáticas em educação científica e matemá-
tica com as crianças pequenas.
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CAPÍTULO 1
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no manuseio do jogo – O Dado de Contos –, o qual foi utilizado
como instrumento de construção de conhecimentos e de promoção
de comportamentos criativos.
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CAPÍTULO 1
Referências
______. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
35
BONDIOLI, A.; MANTOVANI, S. Manual de educação infantil: de 0 a 3
anos. 9. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
36
CAPÍTULO 1
37
______. Políticas de regulação, pesquisa e pedagogia na educação
infantil, primeira etapa da educação básica. Educação & Sociedade,
Campinas, v. 26, n. 69, p. 1013-1038, 2005.
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CAPÍTULO 1
39
______. Planejamento na educação infantil, mais que a atividade, a
criança em foco. In: OSTETTO, L. E. (org.). Encontros e encantamentos
na educação infantil. Campinas: Papirus, 2000. p. 175-200.
40
CAPÍTULO 1
______. De como ser professor sem dar aulas na escola da infância (II).
In: FARIA, A. L. G.; MELLO, S. A. (org.). Territórios da infância: tempos e
relações para uma pedagogia para as crianças pequenas. Araraquara:
Junqueira & Marin, 2009.
______. De como ser professor sem dar aulas na escola da infância (III).
Revista Eletrônica de Educação, UFSCar/PPGE, v. 2, n. 2, 2008.
41
Capítulo 2
Introdução
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CAPÍTULO 2
45
dependem tanto da história de cada um, de como cada sujeito se per-
cebe no processo de aprender matemática, quanto de dar respostas
ao seu meio socioeducativo.
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CAPÍTULO 2
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haja controle absoluto por parte dos educadores sobre suas produções.
Assim, utilizamos de contextos lúdicos, em especial, jogos, nos quais a
atividade matemática é parte inerente à atividade lúdica, para identificar
e analisar suas produções e consequentes dificuldades matemáticas.
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CAPÍTULO 2
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CAPÍTULO 2
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O sujeito que aprende: categorias da Teoria da Subjetividade (TS)
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CAPÍTULO 2
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lises não encarcerar a visão do ser matemático estritamente nas suas
produções cognitivas, mas buscar o pano de fundo que fundamenta
suas opções, suas adesões, suas recusas, seus investimentos, seus re-
cuos, seus caminhos e descaminhos. Isso significa que nas análises e
interpretações não podemos prescindir da explicitação da geração da
atividade matemática em si pela criança. Ao contrário, a partir de uma
compreensão mínima da atividade cognitiva subjacente ao fazer ma-
temática, devemos buscar quais as razões de suas opções e caminhos
escolhidos ou negados. Isso nos remete ao estudo das configurações
subjetivas que dão sustentação, em especial, do próprio processo de
atividade intelectual. Para González Rey, somente o ambiente perme-
ado pelo diálogo é capaz de recuperar a pessoa como produtora de
sentidos subjetivos nos processos de aprendizagens, o que significaria
assumir um olhar para cada pessoa como um sujeito que, mais que
aprender conceitos científicos no campo da matemática, produz sen-
tidos subjetivos que dão sustentação ao complexo processo de sujeito
ativo de suas próprias aprendizagens, em experiências significativas,
em processo de autorreconhecimento como ser matemático.
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CAPÍTULO 2
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matemática para seu desenvolvimento humano e na relação com
seu mundo social e cultural.
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CAPÍTULO 2
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os números quanto no posicionamento dos dígitos, mas faz, responde,
argumenta, justifica, registra e reforça para si diante do grupo o “eu
sei”. E sabe mesmo, ou, se não sabia, passou a saber, construiu a sua
aprendizagem, pois antes de mais nada, acredita em sua capacidade
para aceitar desafio, superar dificuldades e constituir-se bem mais da-
quilo que pensam que ela é.
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CAPÍTULO 2
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Por exemplo, na terceira linha, Moniquinha mostra que os 19 fei-
jões repartidos entre 5 pratos, produzem grupos de 3 feijões e resta
um, ficando o registro 19 5 = Ɛ 4, sendo “Ɛ” o “3” espelhado e,
em seguida, o resto da operação, ou seja, que a divisão admite duas
respostas, sendo o quociente e o resto. Isso é uma construção cognitiva
em termos procedimentais, conceituais e de registro nada elementar.
Mas consegue por crer que dá conta, realiza com muita maestria,
com absoluta correção matemática, apesar dos espelhamentos no
processo de produção gráfica. Reafirmamos, nessa análise, que suas
dificuldades de escrita numérica de alguns dígitos não aparecem de
forma alguma como obstáculo para sua construção de procedimento,
garantindo, inclusive, um processo de avanço nos seus conhecimentos,
de um lado, e, por outro, reforçando diante do grupo sua imagem de
ser “inteligente para as matemáticas”. Tanto que, quando apresenta ao
pesquisador suas produções e este as validam, vira-se para o grupo e
abre um grande sorriso banguela.
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CAPÍTULO 2
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CAPÍTULO 2
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anima e nos impulsiona à busca de uma compreensão ampla, profunda
e complexa da constituição desse sujeito que produz conhecimento ma-
temático, uma compreensão que somente a construção de um diálogo
com esse sujeito pode trazer novas luzes de explicação e compreensão,
Calculadora na cabeça
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CAPÍTULO 2
75
o pesquisador, solicitaria; “matemática”. Interessante que palavras,
como brincar, brincadeiras, jogos, premiações, doces, chocolates não
aparecem como resposta, e sua expectativa é “matemática”:
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CAPÍTULO 2
C: Continha de dividir.
P: E como é que você iria ensinar continha de dividir? Como
é que ia ser essa aula?
C: Eu ia dividir.
Sua mãe, muito humilde, pede para não ser filmada e, assim, usamos
apenas gravação em áudio. Possui apenas escolarização dos anos
iniciais, trabalhando com faxinas (diarista) em lares e em comércios.
Reside em casa extremamente simples, em processo de construção,
cuja continuidade ocorre de acordo com os recursos disponíveis.
77
P: Quanto pessoa, quanto sujeito, que veio na sua vida, como
é, quem é essa pessoa, quem é essa pessoa chamada Mô-
nica?
M: A Mônica é uma criança muito, ela é muito fácil de lidar
e muito complicada também. Ela veio numa fase difícil da
minha vida, muito complicada. Quando ela nasceu a gente
passou por muita dificuldade, que ela nasceu com proble-
ma, teve pneumonia já nas primeiras, na primeira semana
já ficou muito tempo internada no hospital em Brasília...
tipo assim, na época quando ela nasceu nossos amigos
que eram mais... um aprendizado pra mim, porque tipo
assim... eu trabalhava muito não tinha muito tempo, então
tudo aquilo que ela passava era uma forma da gente ficar
juntas sabe? Nós duas... Foi um relacionamento difícil que
não deveria ter acontecido, aconteceu e aí ela nasceu...
tipo assim era a única filha de cinco, ela era a única de pai
diferente né, então tinha um certo preconceito também das
pessoas.
P: Ela tinha um certo preconceito porque ela não era filha do
pai dos demais.
M: É, não era.
P: Mas você falou uma coisa interessante, ela ficou doente,
mas teve um lado positivo.
M: Isso.
P: Que você ficou bem...
M: Nós ficamos bem juntas.
P: Juntas... Por que isso foi importante? Oi menina!
M: Aí então porque, tipo assim, quando ela nasceu eu estava,
tipo assim... eu estava numa fase muito difícil das muitas,
então logo na primeira... quando eu muito só... na verda-
de antes dela nascer eu pensei na possibilidade de dar ela,
entendeu? Então foi uma fase muito difícil, mas graças a
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CAPÍTULO 2
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CAPÍTULO 2
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acolhimento, opondo-se à negação de sua própria existência, ou seja,
experiência que nasce no seio da tensão negação-acolhimento. A bus-
ca da superação do contexto do abandono e da rejeição, o acolhimen-
to, geram possibilidades que são diferenciais para o desenvolvimento
de Mônica que seus irmãos, todos os filhos do outro pai não experi-
mentaram. Isso nos faz hipotetizar que esses são elementos centrais
na compreensão desse brilho no olhar desse sujeito e a sede na busca
da superação, da autonomia, no crescimento, na conquista e sedução
que, por meio de questões matemáticas, revela-se aos outros como
sujeito diverso, cativante e instigante. Assim, perguntamos à mãe de
Moniquinha sobre a relação dela com os estudos:
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CAPÍTULO 2
Assim, sua mãe pensa que a vivência desde cedo com a instituição
escolar, desde a creche, foi determinante na construção dessa postura
de realização das tarefas, responder, realizar, a ponto de não ir para a
escola quando não está tudo feito. Raramente está com preguiça para
as tarefas escolares, mas tem preguiça e nega ajuda nas tarefas do lar.
Tende a recusar ajuda dos irmãos mais velhos, procurando ser autôno-
ma na realização das tarefas escolares.
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P: O ano passado ela gostava ou não?
M: Na verdade o ano passado ela gostou pouco, mas esse
ano ela tá gostando menos.
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CAPÍTULO 2
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Foi quando o Gabriel passou, ele tá passando por uma fase
muito difícil de matemática e eu pedi ajuda para as meninas
lá na escola, aonde eu trabalho, e a coordenadora disse, ah
tem um professor que dá aula aqui de matemática de ma-
nhã, conversa com ela pra você trazer o irmão dela, para
ter aula também, mas estava bem em cima das provas já, a
gente conseguiu e ele teve muita dificuldade.
P: Bom alguma que você lembra que ela fala, que ela co-
mentava daquele período, que ela participou com a gente
lá no Centro.
M: Ah, de que ela gostava muito de você, não como professor,
como pessoa, inclusive, teve um dia até que ela falou que
ia passear na sua casa, não sei por quê?
Considerações
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CAPÍTULO 2
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Referências
92
CAPÍTULO 2
MITJÁNS MARTÍNEZ, A.; ÁLVAREZ, P. (org.). O Sujeito que aprende: diálogos en-
tre psicanálise e o enfoque histórico-cultural. Brasília: Liber Livro, 2014. 240 p.
93
94
Capítulo 3
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isso aconteça, elas destacam a necessidade de investigar conteúdos,
tecnologias, metodologias de ensino e procedimentos didáticos.
1
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.
96
CAPÍTULO 3
2
Professores que ensinam matemática – termo utilizado em Fiorentini (2003) para se referir aos profissionais
que possuem formação inicial em pedagogia ou matemática e que atuam na Educação Básica.
97
instituições públicas e particulares, com a certeza de que é possível
construir novas relações e, consequentemente, novas formas de apren-
der e de produzir ciência, tecnologia e matemática na Educação Bá-
sica (PINA NEVES, 2002; 2008; MUNIZ; SMOLE, 2013; FERREIRA;
LACERDA SANTOS, 2018).
3
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa da Coordenação de Aper-
feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação do Brasil. Para mais
informações, acesse: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid.
4 O material didático já desenvolvido está disponível em: www.mat.unb.br/pibid.
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CAPÍTULO 3
99
a) Construir Estações de Conhecimento de modo interdisciplinar fo-
mentando a pesquisa científica como método prioritário de se ensi-
nar e aprender no PIJ;
b) Socializar processos formativos, ações e produtos que promovam a
Educação Científica, tecnológica e Matemática na Educação Básica.
O estudo em desenvolvimento
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CAPÍTULO 3
Estações de conhecimento
5
Como discutido em textos oficiais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Mais informações
podem ser observadas em: www.sbpcnet.org.br.
101
o adolescente e o jovem têm da realidade, sua visão de mundo, bem
como sua postura crítica diante do que acontece à sua volta. Com isso,
acreditamos que tem se tornado cada vez mais possível a discussão,
entre os envolvidos no estudo, sobre valores éticos, culturais e lúdicos,
o que tem permitido a ampliação da iniciativa própria e da capacidade
de intervir na sociedade.
6
Mais informações sobre os Circuitos de Vivências em Educação Matemática podem ser obtidas em: www.
sbemdf.com.br.
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CAPÍTULO 3
103
quatro monitores. Os monitores eram estudantes de cursos de licen-
ciatura, com metade do curso já concluído, com idades entre 20 e 23
anos; dois cursavam matemática, um pedagogia e um biologia. Eles
frequentaram o PIJ uma vez por semana, em horário definido com as
professoras e coordenação do estudo, de modo que as atividades pu-
dessem ser desenvolvidas no matutino e no vespertino, com, em média,
duas horas de duração. Todos os materiais necessários para o desen-
volvimento das atividades foram providenciados pelos coordenadores
do estudo e organizados no PIJ, para que não houvesse prejuízo às
atividades, as quais foram desenvolvidas, em paralelo, ao longo de um
semestre letivo. O planejamento das atividades considerou o interesse
crescente das crianças pelo próprio corpo, suas características em ter-
mos de comprimento, largura, “peso”, como também, questões sobre
deslocamento e organização espacial, presentes em várias situações
do cotidiano, como filas, danças, organização do material e da sala.
As habilidades foram trabalhadas de maneira cíclica e processual.
O quadro a seguir reúne algumas delas.
104
CAPÍTULO 3
105
processo de medição e - Confecção de barbante
das características do colorido de acordo com
instrumento escolhido; a medição para cada
criança;
- Comparação de
comprimento de dois - Observação e
ou mais objetos para comparação dos
identificar: maior, barbantes com o metro
menor, igual, mais alto, linear;
mais baixo, etc.;
- Organização de mural
- Comparar a altura com todos os barbantes
das crianças no início em cada sala de aula;
do ano e no final do
- Observação dos murais;
ano, trabalhando de
forma indireta a ideia - Estimativa das alturas
de grandezas, medidas, dos monitores e
unidade de medidas e professoras;
comparação de objetos;
- Novas medições e
comparação com os
barbantes em meses
subsequentes;
- Observação das partes
do corpo;
- Confecção dos
“bonecos” (contornos das
crianças) em papel pardo;
- Observação do próprio
corpo e montagem do
boneco de acordo com
as preferências de cada
criança;
- Análise dos bonecos
produzidos e das
características do corpo
humano.
Fonte: Relatório do estudo.
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CAPÍTULO 3
107
Observamos que ao longo das atividades no xadrez gigante, as crian-
ças, independentemente da turma, ampliaram seus repertórios motores
e dominaram aspectos referentes à noção de lateralidade. Do mesmo
modo, acompanhamos seus avanços no que diz respeito às habilida-
des de observação, reflexão e tomada de decisão, em especial, entre
aqueles com 6 e 7 anos de idade. Outro avanço observado refere-se
ao desenvolvimento afetivo-social, em virtude das interações com os
colegas propiciadas pela atividade.
108
CAPÍTULO 3
109
Entendemos, assim como Cabral (2010), que mesmo usando princípios
da robótica com os estudantes do PIJ já se pode vislumbrar: Desenvol-
ver a autonomia; Desenvolver a capacidade de trabalhar em grupo;
Desenvolver múltiplas soluções para o mesmo problema; Desenvolver
habilidades ligadas à noção espacial, pensamento matemático; Pro-
mover a interdisciplinaridade, favorecendo a integração de conceitos
de diversas áreas, como: linguagem, matemática, ciências, história,
geografia, artes, entre outras.
110
CAPÍTULO 3
Alguns aprendizados
112
CAPÍTULO 3
Referências
114
CAPÍTULO 3
115
MORAN, J. M. Informática na Educação. Teoria & Prática, Porto Alegre, v.
3, n. 1, p. 137-144, set. 2000.
116
CAPÍTULO 3
117
Capítulo 4
Introdução
120
CAPÍTULO 4
121
Atividade 1: As Formas Geométricas Espaciais
Para auxiliar o desenvolvimento das habilidades “a” até “h” citadas an-
teriormente, criamos uma Atividade2 na plataforma GeoGebra. O título
é As Formas Geométricas Espaciais (https://ggbm.at/qhQe2gbW). Essa
atividade contém vídeo, applets, questões abertas e fechadas. Falaremos
um pouco de como explorar cada um desses elementos com os estudan-
tes.
2
As atividades feitas na plataforma GeoGebra também são chamadas Folhas de trabalho.
122
CAPÍTULO 4
Tais elementos buscam criar condições para que os estudantes possam re-
lacionar objetos do cotidiano com as figuras geométricas espaciais. Para
diferenciar as formas geométricas poliédricas das não poliédricas, são
explorados dois applets e uma questão de múltipla escolha (Figura 2).
Em cada applet o estudante pode fazer manipulações, mudando as
dimensões dos objetos, alterando a posição e girando o plano.
125
Para contextualizar e desenvolver habilidades relacionadas à visuali-
zação e planificação foi feito um applet e uma questão de múltipla
escolha. O applet contém um dado em que o estudante pode girar. A
partir dessa manipulação precisará marcar a opção que representa a
planificação3 do dado.
3
É importante destacar que o applet feito no geoGebra não levou em consideração a regra do dado que diz
que a soma das faces opostas tem que ser 7.
126
CAPÍTULO 4
Para auxiliar o desenvolvimento das habilidades “i” até “l” citadas ante-
riormente, criamos uma Atividade na plataforma GeoGebra cujo título
é A operação de Subtração (https://ggbm.at/mc2zchwm). Assim como
a atividade anterior, essa também contém vídeos, applets, questões
abertas e fechadas. Falaremos um pouco de como explorar cada um
desses elementos com os estudantes.
127
O vídeo e o applet seguintes são usados para mostrar como fazer a
operação de subtração em que não há necessidade de reagrupamen-
to. No applet, o estudante pode ir clicando na setinha para perceber
como a operação pode ser feita a partir da representação figural. Em
seguida, precisará colocar o resultado nas caixas que estão em bran-
co. Se estiver correto, aparecerá um “v”. Caso contrário, um “x”. Em
seguida, são apresentados três exercícios. A atividade busca atender
a orientação da habilidade “i”, que fala, dentre outras coisas, sobre
resolver problemas de subtração, envolvendo números de até dois al-
garismos, com o significado de retirar, com o suporte de imagens e/ou
material manipulável.
129
Em seguida são apresentados vídeos e applets para mostrar como fa-
zer a subtração de números com 3 algarismos. No primeiro applet, há
um caso de subtração que não necessita de reagrupamento. O estu-
dante precisará colocar os valores nas caixas que estão com número
zero. Se acertar, aparecerá um “joia”.
130
CAPÍTULO 4
131
A Folha de Trabalho contém outras atividades. Neste capítulo, explora-
mos as principais. No tópico seguinte mostraremos como as atividades
podem ser usadas com os estudantes.
Para criar uma conta no GeoGebra, basta clicar no botão “Criar uma
Conta”, destacado em vermelho na Figura 15. O mesmo redirecionará
para uma nova página com um formulário, que permitirá ao usuário
preencher os campos com o nome de usuário, o e-mail e a senha que
utilizará para efetuar o login futuro, como mostrado na Figura 16:
133
Ao finalizar o cadastro, o usuário receberá uma confirmação por
e-mail4, na qual deverá clicar para confirmar.
4
É importante lembrar que a mensagem poderá estar na caixa de Spam, portanto, é necessário verificá-la ou
em outras pastas, caso não seja encontrada na caixa de entrada.
134
CAPÍTULO 4
135
Nessa página, deverá preencher o Nome do grupo, uma descrição
(opcional), definir as permissões dos membros, as configurações de
edição e selecionar a opção de notificação. Ao término dessas configu-
rações, deve clicar em “Gravar”. Ao terminar de criar seu grupo, será
redirecionado para dentro dele. Nele, verá o título (nesse caso, “Tes-
te”) e, abaixo do título, quatro abas: Postagens, Membros, Materiais e
Feedback. Vale ressaltar que o único membro associado ao grupo no
momento em que ele foi criado é o proprietário. Podem-se adicionar
novos membros por meio do código proposto ou pelo próprio campo
“Incluir Membros ao Grupo”. A seguir, uma figura da página de redire-
cionamento ao entrar no grupo:
pelos integrantes do grupo. Com isso, ele pode dar feedbacks e conversar,
individualmente, com os alunos. Vale ressaltar que ambas as funcionalida-
des têm a mesma interface de criação, como na figura abaixo:
137
Na Figura 23 pode-se notar, na primeira coluna, os nomes dos alunos
de 1 até 5, e, nas colunas seguintes, os nomes das atividades postadas.
Por exemplo, na quarta coluna, é possível ver a Atividade da Área do
Retângulo, na qual os alunos 1, 2 e 5 completaram, mas não foram
corrigidas ainda, a do aluno 4 já foi completada e corrigida e o aluno
3 sequer completou ainda. Já o ícone azul, ao lado de algumas ativida-
des, simboliza um comentário na tarefa. O administrador pode replicar
e conversar com o usuário, permitindo um feedback mais aproximado.
138
CAPÍTULO 4
Ao clicar nele, abrirá uma caixa para digitar uma mensagem. Ao fina-
lizar o comentário será publicado abaixo da atividade ou aplicação,
permitindo aos administradores que o visualizem.
139
Figura 27 – Caixa de comentário
Considerações Finais
140
CAPÍTULO 4
Por fim, esperamos que as atividades possam também ajudar para que
as contribuições do GeoGebra cheguem de fato na sala de aula.
Referências
141
Capítulo 5
1
Consideramos como criança pequena, designação empregada na LDB - Lei 9349/96, aquela que está na
faixa etária de zero a seis anos e como criança escolar, aquela de sete a onze anos.
apresentamos nesse texto inserem-se na mesma perspectiva já inicia-
da, em meados dos anos 80, por Hoot (1986), Watson, Nida e Shade
(1986), pesquisadores que apontam que, mesmo que as tecnologias
digitais tenham limitações enquanto ferramentas culturais, elas servem
para desencadear uma ampla gama de conhecimentos, competências,
habilidades e atitudes, bastante importantes para a continuidade dos
estudos e para a plena contextualização social da criança em início de
escolarização, sobretudo no contexto da Sociedade Informacional.
Além disso, sabe-se que tais tecnologias são ferramentas que podem
ser adaptadas aos diversos estilos de aprendizagem de alunos (SAN-
TOS; BRAGA, 2012) e que geram um entorno de trabalho multissenso-
rial que acomoda diversas necessidades das crianças pequenas, com
potencial para auxiliá-las no desenvolvimento da leitura e da escrita
(SOARES, 2002), no incremento de experiências sociais (TEBEROSKY,
1989); ou na construção de conhecimento da criança pequena conci-
liando as ferramentas culturais fala, desenho, escrita com a brincadeira
e o uso de celulares (CAVATON; MIETO; SANTOS, 2017). Em termos
de exemplificação, o uso de várias ferramentas para o entendimento
da língua escrita, enquanto letramento multimodal (CAVATON, 2010),
tem aberto campos de atuação para o uso da informática na escola, na
família e na comunidade onde a criança em crescimento vive. O que
antes era restringido apenas à comunicação face a face, hoje se am-
pliou pela rapidez da informação online de todo tipo de mídia, além da
diversão que jogos, softwares e desenhos em computador despertam
nas crianças. Esta última categoria traz atividades infantis com alegria,
com brincadeiras de faz de conta, tão presentes na educação infantil e
não apenas, porque a criança pequena também está no primeiro ano
do ensino fundamental, por força de lei (BRASIL, 1996, 2005, 2006).
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CAPÍTULO 5
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é a própria embalagem do jogo. À medida que avança no jogo, cinco
contos abordando questões e problemas ambientais podem ser ativa-
dos, caso o peão do jogador venha a cair na casa correspondente.
147
Enfim, essa série de possibilidades de desenvolvimento de aspectos da
espontaneidade, da dialogicidade, da originalidade e da criticidade são
justamente os princípios da educação criativa, conforme delimitados por
Gervilla e Madrid (2003). E, também, por sua vez, a pedagogia dialógi-
ca significa o empoderamento do diálogo enquanto estratégia de apren-
dizagem entre as crianças no início da escolarização, no nosso caso, em
situação de jogo no computador, agindo sobre o pensamento infantil e
assegurando seu engajamento. Além disso, o uso do diálogo tem inú-
meras probabilidades de mediação nos espaços cognitivos e culturais
entre adulto e criança, entre pares, entre o que se sabe e compreende e
o que ainda não se sabe e compreende (ALEXANDER, 2005; CAVATON,
2010). O que podemos concluir, então, que a fala expressa e estrutura
o pensamento infantil e molda os processos mentais superiores próprios
da aprendizagem escolar. Cabe ao professor o papel de criar as oportu-
nidades e interações para tal mediação. O que nos causa preocupação
com o cotidiano escolar é o uso do diálogo, baseado em perguntas do
professor, para respostas prontas e corretas, inibindo, assim, o leque
de respostas, hipóteses e criatividade por parte das crianças (BARBATO;
CAVATON, 2016; PONTECORVO; AJELLO; ZUCCHERMAGLIO, 2005).
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CAPÍTULO 5
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Figura 2 – O Dado de Contos em sua embalagem-dado
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CAPÍTULO 5
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ternativas para problemas conhecidos (originalidade) e capacidade de
avaliação de sua própria produção e da produção dos colegas, a fim
de entender, compreender e aperfeiçoar seu próprio conhecimento em
construção (criticidade).
– Hoje nós vamos brincar com um jogo sobre meio ambiente. Quem
sabe o que é meio ambiente?
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CAPÍTULO 5
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CAPÍTULO 5
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e Bia; dupla 2: Clara e Adão. Este último demostrou interesse no pro-
jetor multimídia, mexendo várias vezes nele.
Situação de jogo
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CAPÍTULO 5
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que o lixo fazia mal mesmo. O conto teve o efeito de desencadear o
conhecimento prévio sobre o tema lixo e trouxe a possibilidade da
criança dimensionar o problema e raciocinar sobre a solução.
Na próxima jogada, Ana não ganhou nenhum ponto e seu peão ver-
melho ficou preso na teia de aranha. Ana gostou de ver o bicho fazer
uma dança, só que representava uma jogada ruim, porque era preciso
lançar o dado e obter 1 ou 2 pontos para conseguir sair dali. Naquele
momento, o pesquisador interveio para ajudar a dupla das meninas,
posto ser uma jogada de difícil entendimento e execução. A interação
com o adulto foi necessária, porque a solução precisa ser monitorada
com regras muito determinadas e operações matemáticas.
160
CAPÍTULO 5
Ana joga o dado e ao movimentar seu peão, nota que Bia já clicou
novamente em outro ícone, o qual gerou uma narração. Era o ícone
do papagaio, que suscita uma explicação sobre o funcionamento do
jogo. Elas ficaram quietinhas ouvindo. No final, Ana, notando que a
interface permanecia a mesma, movimentou seu peão e ganhou mais
um conto, que tratava do ipê amarelo chamado Olavo. Elas ficaram
em silêncio ouvindo o conto, mas não conseguiram fazer o que o jogo
demandava para ajudar Olavo. Elas ficaram tentando até o término do
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tempo dedicado ao jogo, que, no caso delas, não chegou ao seu final
e não teve vencedor.
– Olha isso aqui... clica aqui... clica ali... olha essa borboleta azul...
Clara clicou na borboleta azul, que dá uma voada, mas nada acon-
teceu. Ela disse rindo que a borboleta voou. Nesse momento, a pro-
fessora lhes perguntou se não iriam jogar, quem iria jogar o dado
primeiro e começar a atividade. Adão logo se voluntariou a ser o
primeiro. Como Clara não disse nada em desacordo, Adão jogou o
dado e avançou o número de casas indicado. A gravação do diálogo
não permite identificar o que aconteceu exatamente, mas Clara disse
contrariada que ele não devia fazer algo e que o pesquisador iria
brigar com ele. Adão negou esse fato e logo estavam ouvindo o som
de um dos contos. O que se pode concluir é que Adão compreendeu
que o ato de lançar o dado apenas ordenava a jogada, mas que os
peões poderiam ser movimentados livremente, desde que fosse um
na sequência do outro. E é o que ele, aparentemente, fez: acionou
um conto sem ter lançado o dado. Era o conto do Alberico, o peixi-
nho dourado que vive no Lago do Paranoá. Os dois ouviram o conto
atentamente por algum tempo. Mas, Adão não consegue ficar quieto
até o final e já vai clicando em outro ícone, o que fez com que o conto
fosse interrompido.
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CAPÍTULO 5
Assim, Clara reclamou para a professora que Adão não sabia jogar.
O pesquisador auxiliou quando observou que eles tinham ido parar na
interface do jogo da aranha, que reforçava conhecimentos e compe-
tências relacionados com operações matemáticas simples. Isso implica
que o menino Adão clicou no ícone do sol, depois clicou no ícone da
aranha e teve acesso a esse jogo de educação matemática. Clara esta-
va contrariada porque queria ouvir a historinha do peixinho. O pesqui-
sador explicou que eles precisavam começar o jogo novamente, pois
os contos ficam escondidos no corpinho da minhoca e mudam de lugar
o tempo todo. Então, somente jogando e avançando os peões para se
ter, eventualmente, acesso de novo ao conto do Alberico.
De volta ao jogo, novamente Adão lançou o dado, dessa vez tão alto
que ele foi parar do outro lado da sala, exatamente onde a outra du-
pla estava jogando. Por serem dois dados amarelos, o problema era a
identificação do dado de cada dupla. Um dado mostrava 2 pontos em
sua face superior e o outro, 6 pontos. A dupla 1, formada por Ana e
Bia, solucionou o problema, escolhendo o dado com 6 pontos. Clara e
Adão não discordaram e retornaram para seu computador. Adão disse
ao pesquisador que eles iam ganhar a história mais rapidamente. Da
mesma forma que a dupla 1, Adão estava mais interessado em assistir
aos contos do que em chegar ao final do jogo e ganhá-lo. O menino
deu mais relevância ao acesso aos contos do que propriamente ao
jogo. Consideramos que isso pode ser explicado, de um lado, pelo fato
de quando o pesquisador apresentou o jogo a todos, enfatizou que eles
iriam aprender por meio dos contos escondidos no corpo da minhoca.
De outro, pela característica dessa faixa etária que, apesar de conhecer
e saber jogar com regras, tende a burlá-las para não ter perdedores e
todos ganharem (PIAGET, 1975).
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Bia para ver o que acontecia por lá. Clara ficou com o pesquisador,
explorando o jogo complementar do macaco, que ajuda a formar pa-
lavras, completando as vogais.
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CAPÍTULO 5
Roda de conversa
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Ana Tem que reciclar o lixo.
Pesquisador Reciclar? Como assim?
Ana Lá em casa tem que reciclar lata, plástico e garrafa pra não sujar a
natureza e matar os animais.
Clara Na minha casa também. Meu pai dá as latinhas para o porteiro.
Pesquisador E tem isso no jogo?
Adão Na historinha do peixinho e do macaquinho, tem que tirar o lixo pra
eles não ficarem doentes na floresta.
Pesquisador E o que isso tem a ver com reciclagem, Bia?
Bia Não sei.
Clara Adão, o peixinho não vive na floresta, ele vive no rio!
Pesquisador E qual o problema do peixinho?
Bia O rio está sujo e ele ficou morrendo.
Pesquisador E o que temos que fazer?
Clara Limpar o rio, tirar o lixo dele.
Adão Perto da casa dos meus avós, em São Paulo, tem um rio fedido: Meu vô
mora em São Paulo e o rio morreu, tio. Nem tem mais peixe lá.
Ana Tio, eu aprendi a tocar o pianinho na minhoca.
Pesquisador E vocês gostam de jogar no computador?
Adão Eu gosto, jogo todo dia com meu irmão e jogo também com meu pai.
Pesquisador Clara, você tem jogo no computador na sua casa?
Clara Tem o jogo da memória que eu jogo com minha mãe. No computador
não tem.
Pesquisador Ué, Clara, você disse que jogava a Polly em sua casa...
Clara Tem o jogo da Polly no I-pad do meu pai, não é no computador não, Tio!
Bia e Clara Tem Galinha Pintadinha.
Adão Tio, vamos jogar mais?
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CAPÍTULO 5
Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, DF: MEC, 1996.
PIAGET, J. Para onde vai a educação. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olym-
pio, 1975.
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Capítulo 6
Introdução
“O processo de aprendizagem do ser humano sempre exerceu um gran-
de fascínio em todos que o observavam”
Marques, 2017
1
Para a Psicogenética (XAVIER, 2004), a Pessoa é um sistema caracterizado por uma ou mais áreas de força
(competência pioneira) e áreas de fraqueza (áreas complementares).
Então vejamos: como será que foi a infância de adultos famosos? Como
foi o despertar de suas competências pioneiras? Como seus familiares
os estimularam? Escrita para aproximar os jovens leitores de grandes
artistas e inventores, a coleção Crianças Famosas, da Callis Editora
Ltda., nos fornece pistas de como foi a infância dessas celebridades.
assistir a uma banda na festa do Passeio Público. Seu irmão mais novo
comentou que gostava mais de fogos de artifícios do que da banda.
Chiquinha discordou, dizendo: “Fogos passam rápido e só encantam
os olhos. Música encanta a gente por dentro.”
Chiquinha aos onze anos já tocava até sonatas, lia música na pauta,
copiava partituras no seu álbum e solfejava. Um dia, perto do Natal, ao
preparar o presépio e fazer uma promessa pelo seu irmão caçula que
era doentinho, Chiquinha escutou uma música em sua cabeça. Come-
çou a cantarolar e foi ao piano para tocá-la. Seu tio chegou e, ao ouvi
-la, ficou muito feliz, afinal, sua afilhada era uma artista nata. Pediu ao
irmão de Chiquinha para escrever a letra para melodia e ensaiou com
outras crianças um coral que apresentaram como surpresa na noite
de Natal. A música foi batizada de “Canção dos Pastores”. Chiquinha,
assim como Monteiro Lobato, era muito observadora, criativa e sabia
aplicar o seu conhecimento para criar algo inovador, uma produção
própria na sua área de força: a música.
Após refletir muito, seu pai decidiu enviar Charles para o Christ’s Colle-
ge, em Cambridge, para se tornar um clérigo anglicano. Naquele tem-
po, os clérigos tinham um bom salário e muitos se tornavam naturalistas,
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CAPÍTULO 6
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contação de histórias, passeios em meio à natureza, visitas a lu-
gares diferentes de sua realidade, etc. Contudo, mais do que uma
atividade guiada, é preciso deixar sua imaginação voar. As crianças
precisam de tempo para explorar, manipular e ter suas próprias per-
guntas e respostas sobre o novo, mesmo que estejam equivocadas.
Se fizerem isso, podem estar no caminho de se tornarem grandes
cientistas!
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CAPÍTULO 6
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A natureza é repleta de padrões. Os grandes mestres passaram suas
vidas observando a natureza atentamente, buscando identificá-los. Eles
são a base das investigações científicas. As classificações e agrupamen-
tos são sempre baseados em padrões. Contudo, não basta identificá
-los. É preciso entendê-los. O que torna algo distinto de seus semelhan-
tes? Por que isso acontece? Como isso acontece? Quando acontece?
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CAPÍTULO 6
Essa etapa deve levar minutos para que se tenha tempo de “testar” as
diferentes perguntas que surgiram. Em uma segunda etapa, incentive
que as crianças “testem” suas perguntas gerando diferentes hipóteses.
Algumas serão rapidamente descartadas. Outras, mais pertinentes, le-
varão a outras questões ainda mais promissoras. É importante condu-
zi-las para que percebam, por conta própria, porque certa pergunta
pode ser melhor que outra. As grandes descobertas são feitas quando
deixamos fluir a imaginação, sem censura e limitações.
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buscar as respostas para questões que fazem parte de seu dia a dia. É
importante incentivar que elas aprendam a questionar e desenvolvam
o seu senso crítico, a fim de que pensem “fora da caixa”.
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CAPÍTULO 6
2
Disponível em: http://darwin.museuvirtual.unb.br.
181
truída ao longo de quase cinco anos de navegação, seguidos de vinte
anos de pesquisa. Ela não veio pronta.
A Observação e a Experimentação
3
Disponível em: https://www.darwinproject.ac.uk/.
183
Várias hipóteses foram feitas por Darwin ao longo da viagem, mas a
maioria delas foi refutada ao se deparar com situações que jogavam
por terra suas teorias. Outras tantas perdiam força ao serem utilizadas
como argumentação, pois as contra- argumentações foram mais for-
tes. Dessa forma, elas também foram descartadas.
Darwin era muito observador, fazia anotações sobre tudo que observa-
va em suas cadernetas de campo – ele tinha uma por área de estudo
–, para lembrar-se de pesquisar com mais calma sobre aquilo que lhe
chamou a atenção. Posteriormente, seguindo uma metodologia científi-
ca, ele procurava detalhar suas anotações, levantava diversas questões
e procurava teorias que embasassem ou refutassem suas hipóteses.
184
CAPÍTULO 6
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mesmo arquipélago? Há alguma relação entre os seres e o local em
que habitam? Embora a formação do naturalista daquela época fosse
ampla, pois estudava mineralogia, biologia, química e outros temas
ligados à natureza, não se tinha uma compreensão da inter-relação
entre o meio ambiente, a flora e fauna. Darwin teve a oportunidade de
ter uma visão holística da ciência.
O principal material produzido foi um livro digital, que tem como ob-
jetivo oferecer recursos didáticos e informações relevantes aos profes-
sores e alunos, para auxiliar no processo de aprendizagem em sala de
aula. Também buscamos enfatizar o prazer da pesquisa e desmistificar
o jovem naturalista Charles Darwin, que, na época da viagem no HMS
Beagle, tinha cerca de vinte anos de idade.
Além disso, por meio do livro digital procuramos elucidar seus questio-
namentos e inquietações científicas, não somente ao longo da viagem
de circum-navegação, mas ao longo de sua vida. Enfatizamos a influ-
ência de grandes pesquisadores, bem como as suas relações com os
intelectuais da época, seus conflitos pessoais e o seu amadurecimento
científico ao longo dos anos, que resultaram na argumentação e fun-
damentação de suas ideias para a elaboração da Teoria da Evolução
das Espécies por meio da Seleção Natural.
187
Recurso Descrição Proposta Desafio
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CAPÍTULO 6
Você Sabia? Apresenta fatos sobre Contar fatos menos Enriquecer o texto
a cultura do local conhecidos na narrativo, despertar
visitado ou fatos literatura, mas que a curiosidade,
vivenciados pelos foram determinantes contextualizar a
protagonistas no decorrer da cultura de forma a
vivência dos atores transportar o leitor
envolvidos para as percepções
das vivências nos
locais
189
Conclusões
Referências
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www.vivaeditora.com.br
Regina da Silva Pina Neves
é licenciada e especialista em
Matemática (UFG), Mestre em
Educação e Doutorado em
Psicologia (UnB). Atualmente
é professora adjunta do
Departamento de Matemática
da Universidade de Brasília
(UnB); Docente do Programa
de Pós-Graduação do
Instituto de Ciências Exatas,
Mestrado Profissional em
Matemática (PROFMat/IE/UnB)
e Colaboradora do Programa
de Pós-graduação em Educação
da Faculdade de Educação
(UnB). É membro do Grupo
de Investigação em Ensino de
Matemática da Universidade
de Brasília (GIEM) e Grupo de
Pesquisas Interdisciplinares sobre
tecnologias e Educação (ÁBACO/
FE/UnB).
Este livro é fruto do trabalho coletivo de professores e pesquisa-
dores instigados a avançarem em elaborações teóricas acerca
dos processos de aprendizagem de crianças pequenas, na fai-
xa etária entre 0 e 6 anos, no âmbito de aprendizagens rela-
cionadas aos conceitos científicos e matemáticos. O ponto de
partida para o livro foi o projeto de experimentações didáticas
voltadas para esse público, desenvolvido no Programa Infanto-
juvenil da Associação dos Servidores da Fundação Universidade
de Brasília (ASFUB), no campus da UnB, que acolhe filhos de
funcionários, professores, alunos e também da comunidade
externa, no contra turno de suas escolas.
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