Arbitragem
1. Considerações preliminares
Uma causa trabalhista requer de cinco a sete anos para chegar ao seu ter-
m o final. Essa demora na solução dos litígios trabalhistas resulta de diversos
fatores mas principalmente de sua convergência exclusiva para organismos ju-
diciários (Justiça do Trabalho e Justiça Federal), onde é flagrante a despropor-
ção entre a avalanche de processos e o reduzido número de juizes incumbidos
de os julgar. Essa simples constatação já aponta para a conveniência de se in-
centivar o funcionamento de mecanismos de justiça privada, o que quer dizer
arbitragem.
2. Denominação
3. Definição
4. Divisão
(1) O Código de Processo Civil português fala em julgamento arbitrai necessário. (Vide
art. 1525).
(2) Comentários ao C P C , Rio, Forense, s.d.p., vol. IX, p. 377.
(3) Oliveira Jr., Waldemar Mariz de, D o Juízo Arbitrai, in Kncontro Participação c Pro-
cesso, São Paulo, s.c.e., 1987, p. 333.
(4) Carmon, Carlos Alberto, Arbitragem e Jurisdição, in Hncontro Participação c Pro-
cesso, s.c.e., 1987, p. 316.
(5) V. art. 162, da Constituição.
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são do juízo conciliatório e m arbitrai, no § 2-, do art. 764, da C L T . A compul-
soriedade de que se trata deixa intacto o caráter privado do juízo, desde que
sejam os árbitros de livre escolha das partes, o que contrasta c o m a atividade
jurisdicional exercida necessariamente por órgãos públicos, impostos às par-
tes^- Mais se realça a distinção entre os dois juízos quando se tenha presente
que o primeiro não pode empregar medidas coercitivas, quer contra as partes
quer contra terceiros n e m tampouco decretar medidas cautelares^, ao passo
que o último não sofre qualquer restrição nesse sentido.
(6) Cibntra, Antônio Carlos do Araújo: Grinover, Ada Pcllegrini; Dinamarco, Cândido,
R.. Teoria Geral do Processo, São Paulo, RT; 1979, p. 88.
(7) Vide art. 1.086. do Código de Processo Civil.
(8) Vide art. 1.035. do Código Civil e 1.072, do Código de Processo Civil.
(9) Costa, Orlando Teixeira da. Interpretação e Aplicação do Direito do Trabalho, in
Curso de Direito do Trabalho, coordenado por Octávio Bueno Magano em homena-
gem a Mo/.art Victor Russomano, São Paulo, Saraiva, 1985, p. 129.
(I()r Vide art. 808.
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6. Favorecimento da arbitragem
(11) Tarzio, Giuseppe, Manualò dei Processo dei Lavoro, Milano, CiuíTrè. 1980, p. 29.
(1 IA) Bunel, Jean et Dupupet, Flcxibilité danls le débat social, in Flexibilité du Droit du
Travail, Paris, Editions Législatives et Administratives, s.d.p., p. K). Vide também
Lyon-Caen, Gérard, La bataille truquée de Ia flcxibilité. in Droit Social, n- 12. Dc-
cembre/1985, p. 801.
(12) Montoya Melgar, El arbitraje en los conflictos coletivos de trabajo. in Civitas, Hne-
ro-Março/198 l,p. 18.
(13) A Primieron American Labor Law, Massachusetts, The Mit Press. 1986, p. 136.
(14) Idem, p. 136/137.
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individuais, constituindo fenômeno relativamente raro a arbitragem de dissídios
coletivos^15); constitui, via de regra, epílogo de u m processo chamado "grie-
vance procedure"; a duração do referido processo é acentuadamente rápida; o
encargo de arbitrar é geralmente atribuído a árbitros selecionados pelas entida-
des já mencionadas; o laudo do árbitro pode ser executado perante órgãos judi-
ciais^16).
d i ) Ibidem. p. 134.
(16) Hlkouri. Frank e Flkouri, Edna Aspcr, H o w Arbitration Works, Washington D.C.,
lhe liureau oi" National AlTairs, Inc., 1985, p. 23, 118, 153.
(17) Robert. Jean, I/arbitrage, Paris, Dalloz, 1983, p. 67.
(18) Rodrigues, Silvio. Direito Civil, São Paulo, Max Limonad, s.d.p., p. 294.
(19) C o m o di/ Alfredo Bu/aid. o instituto do compromisso está intimamente ligado ao
juízo arbitrai, porque é u m meio cm relação a u m fim. (Do juízo arbitrai in
RT-271/9).
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Por último, é preciso reconhecer que a validade do laudo arbitrai não deve
ficar condicionada à homologação judicial, não só por ser tal exigência dimi-
nutiva mas também por causa de suas implicações burocráticas. Quanto ao pri-
meiro aspecto, v e m a talho novamente a invocação do moderno Código de Pro-
cesso Civil francês, e m cujo art. 1.476, lê-se o seguinte: "La sentence arbitrale
a, dès qu'elle est rendue, 1'autorité de Ia chose jugée relativement à Ia contesta-
tion qu'elle tranche"^27*. N o que tange às implicações burocráticas da homolo-
gação, vale a pena reproduzir aqui as considerações formuladas, sobre o as-
sunto, por Carlos Alberto Carmona: " A homologação transformou-se, aos pou-
cos, n u m dos grandes entraves do instituto, prejudicando (ou até m e s m o elimi-
nando) as tão apregoadas vantagens da arbitragem: ao invés de se simplificar a
solução do litígio, acaba-se por trazer novos elementos de complicação e pro-
crastinação..."^8) N e m m e s m o para efeito da execução é preciso manter a exi-
gência de homologação. Basta que se insira o laudo arbitrai na categoria de tí-
tulo executivo extrajudicial.
8. Conclusões
(27) Vide no mesmo sentido art. 1.522. do Código de Processo Civil português.
(2S) Ob.cit.. p. 316.
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RESUMO: ARBITRAGEM
SUMMARY: ARBITRATTON
Nowadays, a labor cause takes from five to seven years to be settled with
the Judicial Power. This delay is likable to generate, quite often, failure of jus-
tice stimulating waivers and ruinous agreements.
The major division of an arbitration is that which oppose the willful to the
compulsory (obligatory). The former takes place w h e n the parties are free to
decide whether to follow the arbitration route or adopt the rigth to choose the
arbitrators designed to settle their dispute; this is entirely possible within the
terms of our legal system. The compulsory arbitration is characterized by its
mandatory aspect as a means to settle conflicts; an exception to this rule is,
however, the postponement of judicial arbitration, which would be inconstitu-
tional as provided by article 153, § 4th, of the Federal Constitution.
UNTTERMOS
ARBITRAMENTO: meio de prova, obra de perito, cujas conclusões não vin-
culam o juiz, a quem cabe, se quiser, determinar nova
perícia.