Introdução
Caro amigo leitor, este artigo/texto é um manifesto, um modo de
denunciar um problema complicado que desqualifica intelectualmente a
nossa sociedade pós moderna/secular. De uns bons anos pra cá, assim como
Olavo de Carvalho vinha denunciando em seu livro “O Imbecil Coletivo”, a
soberania do pensamento individual foi destruída pela pseudo
intelectualidade absoluta do coletivo; ou seja, um indivíduo sozinho jamais
é capaz de descobrir ou conhecer a verdade. Uma verdade só é verdade se
“produzida” pelo intelecto coletivo [quase como uma divisão ontológica
entre coletivo e indivíduo].
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Uma salvadora da pátria; aquela que resolve todos os problemas da humanidade.
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Visão de mundo e de universo (Cosmos + Visão).
E o que esta fala de Noam quer nos dizer? Bom, que devemos sempre
procurar algo metafísico ou além da ciência para guiar a vida humana e a sua
natureza, tal como a complexidade da moral, justiça, ética, valores,
dignidade, etc. Encontrar quaisquer valores objetivos3 metafísicos em um
método que busca apenas entender aquilo que é físico e material, é no
mínimo uma ingenuidade intelectual, ou seja: a ciência não é o único método
para se encontrar verdades no universo. Mas quais são as limitações
explícitas da ciência? Vamos nos aprofundar mais um pouco?
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Aquilo que independe da escolha e da subjetividade. É de maneira universal.
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Aquilo que está para além da física. Algo abstrato e não tangível que sempre existiu.
Limitações da ciência
Como dito anteriormente, e volto a dizer, a ciência é importante. Nos
explicará como o mundo (físico) funciona e é o processo que traz
prosperidade a muitas pessoas, seja no cultivo, na agricultura, na economia,
dentre outras coisas, mas não consegue explicar os componentes mais
importantes da vida humana como ética, moral, razão, abstração e
matemática. E como a ciência, considerada onipotente e onipresente pelo
ateu Peter Atkins, pode não conseguir provar e encontrar verdade nesses
fatores?
Moralidade e ética
A ciência pode nos dizer como um smartphone funciona ou como
ocorre o ciclo das águas, mas não consegue nos dizer como devemos viver a
nossa vida como seres humanos, muito menos nos dizer o que é certo e errado
ou bom e mau. E neste ponto, um cientificista diria: “Mas você acha que nós
não podemos ser pessoas éticas ou morais? Não podemos ser bons?”.
Matemática e abstrações
A ordenação matemática do universo foi descoberta, nunca
inventada ou criada por seres humanos.
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São entes abstratos que não podem não existir. Portanto, existem por uma necessidade ontológica.
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Representação do teorema de Pitágoras.
nunca precisou juntar 4 milhões de pães com mais 4 milhões de pães para
concluir que daria 8 milhões de pães, certo? Bom, para os cientificistas não
muito, pois se apenas o método científico pode legitimar verdades, a verdade
metafísica da conta acima não faria sentido, ou seja, ainda que cientistas se
definam como pessoas muito racionais, eles não confiam na exatidão de algo
tão simples como as verdades matemáticas. Para um cientificista, 1 milhão
de pedras somadas a mais 1 milhão de pedras não daria 2 milhões de pedras,
até que o método científico pudesse comprovar isso empiricamente e
materialmente. 8Nesse ponto, o cientificista se encontra em uma saia muito
justa, pois a própria notação científica utilizada para descrever números
muito grandes e grandezas quase que infinitas, não é uma verdade, e sim uma
mera brincadeira.
Razão ou racionalidade
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Este postulado em momento algum tira a verdade metafísica da matemática. Apenas demonstra que a
própria tentativa de argumentar contra as verdades metafísicas, já pressupõe um postulado (uma
tentativa de provar uma verdade sem utilizar o método científico).
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Contas, equações, operações, fórmulas, etc.
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Caso não entenda esta parte, estou me referindo a entes concretos contingentes. Uma referência ao
argumento da contingência de Leibniz para explicar a origem do algo, que neste caso, serviu pra
demonstrar uma causalidade entre matemática e metafísica.
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Mente que causa o Universo.
12
Sem Deus, nada é.
Imagine que a nossa razão é como o processador de um computador.
Quando você compra um computador, o criador colocou dentro dele um
processador de informações que já estão carregadas no disco rígido (HD).
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É valido lembrar também, que a natureza (natureza material mesmo) por ser um ente que não possui
consciência, não pode criar um outro ente que possua consciência, pois para haver a criação ou geração
de algo, é necessário que este tenha sido causado por uma inteligência. Conclui-se então que a natureza
não pode gerar nada racional pois isto seria uma impossibilidade ontológica.
Neste ponto, entendemos que algo metafísico deve necessariamente
existir para que os cientificistas não acreditem nele14, visto que não existe
outra explicação para a racionalidade humana, que não algo que transcenda
a própria física e materialidade.
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O próprio fato de cientistas acreditarem ou não acreditarem em algo, prova que eles possuem uma
consciência que é metafísica. Utilizar de uma consciência metafísica para tentar provar que a metafísica
não existe parece algo estranho, não?
ciência e filosofia ou entre ciência e Deus, mas existe com certeza um grande
conflito entre naturalismo e fé. Como bem postula Rice Brooks15, o
naturalismo é a crença de que a natureza é tudo que existe. Isso, portanto,
excluirá qualquer coisa metafísica, transcendental, atemporal ou além das
próprias limitações da natureza, e logo após isso, não é difícil de entender
que a ciência só pode ser praticada por alguém que esteja plenamente
comprometido com a busca pela verdade e pelo conhecimento. A fonte e
desejo dessa busca, no entanto, brotará da filosofia, pois a filosofia é aquilo
que sustenta qualquer legitimidade que o método científico pode ter.
Podemos então dizer que um cientista deve por obrigação, a fé na
possibilidade de que as normas ali válidas para a existência sejam racionais,
ou seja, compreensível à razão, e como já foi dito, a razão é metafísica.
Conclusão
Após entendermos bastante como a ciência é limitada no tocante às
questões mais profundas da humanidade, do universo e da realidade, temos
que o estudo e o pensamento filosófico são a base para qualquer vontade de
encontrar a verdade através da ciência, e que é mais importante que a própria
ciência. Vimos também que muitos autores e filósofos brasileiros como
Olavo de Carvalho e Mário Ferreira dos Santos tinham razão ao denunciar a
barbárie intelectual que emerge das universidades pela hegemonia do poder
coletivo e da intelectualidade coletiva acerca do pensamento individual, e
que este é então, o maior problema que podemos encontrar hoje na sociedade
secular e pós moderna (ao menos quando falamos de busca por
conhecimento)16. Em uma realidade onde a bunda vale mais do que a razão,
onde a ciência afirma que a filosofia está morta 17(cortando o galho que está
sentada) e onde o relativismo tomou conta da cabeça dos seres humanos, só
nos resta pensar e estudar por nós e por muitos, pois nunca se sabe quando
15
Filósofo e apologeta cristão.
16
Presente nos livros “O Imbecil Coletivo” e “Invasão Vertical dos Bárbaros”.
17
Declaração de Stephen Hawking em uma entrevista.
um cientificista te chamará de negacionista18 da realidade por afirmar que a
ciência não prova ela mesma.
Espero que você tenha tido uma boa leitura e que isso tenha de
alguma maneira elucidado seus pensamentos a respeito do mundo pós
moderno que vivemos, e para te deixar com a pulga atrás da orelha e talvez
até com um pouco de vergonha, tudo isso que foi lido no meu texto, já era
conhecido com maestria por crianças gregas a mais de 3000 anos atrás.
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Conceitos esses hoje, que nós adultos, muitas vezes não conseguimos
entender.
18
Aquele que nega algo que para o acusador parece muito óbvio.
19
Em relação ao Trivium (material utilizado no estudo de crianças na antiguidade). Material este que
ensinava as 7 artes liberais (lógica, gramática, retórica, aritmética, música, geometria e astronomia).