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CAMPINA GRANDE – PB
JULHO/ 2018
LAYZE MARIANA TENÓRIO DE LIMA
CAMPINA GRANDE – PB
JULHO/ 2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 04
2 ATUAÇÃO DA BOLSISTA DURANTE A PREPARAÇÃO DO CURSO DE 04
EXTENSÃO................................................................................................................
APÊNDICES 07
APÊNDICE I: Versão inicial da sequência didática, referente à primeira fase do
projeto – Gêneros Jornalísticos, elaborada durante o mês de janeiro
ANEXOS 50
4
1. INTRODUÇÃO
Ao longo do mês de dezembro de 2017, tive três encontros semanais com a coordenadora do
projeto:
1
O cronograma encontra-se em anexo.
5
1° Encontro (11/12/2017)2
Este encontro foi destinado às orientações iniciais para os alunos integrantes do projeto. Nele,
discutimos os seguintes pontos:
2° Encontro (18/12/2017)
3° Encontro (26/12/2017)
No terceiro encontro, também foram discutidos textos teóricos. Só que desta vez estes eram
voltados para a argumentação no ensino de língua, bem como a importância da produção de
gêneros acadêmicos na universidade. Esses textos foram produzidos por Nascimento (2012) e
Silva e Medeiros (2012), respectivamente. Depois disso, todo o grupo decidiu que a
elaboração da versão inicial da sequência didática5 da primeira fase do projeto seria realizada
em janeiro.
2
Os textos lidos ao longo das reuniões do mês de dezembro também estão em anexo.
3 MARCUSCHI, L.A. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. IN: DIONISIO, Ângela Paiva et.
alii (org). Gêneros Textuais do Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 19-36.
4 GERALDI, João W. (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.
5 A elaboração de sequências didáticas faz com que a abordagem dos gêneros textuais nas aulas de
Língua Portuguesa seja facilitada e, consequentemente, mais proveitosa. Portanto, essa ferramenta é definida por
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 96) como ―um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira
sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito‖.
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APÊNDICES
BOLSISTA E VOLUNTÁRIOS:
Layze Mariana Tenório de Lima Matrícula: 151231222
Angelica Maria Barbosa Matrícula: 142230138
Dayane Kelly B. Freire Sales Matrícula: 132233240
Helton de Farias Henrique Matrícula: 141231530
COORDENADORA: Tatiana Fernandes Sant’ana
LOCAL DE REALIZAÇÃO:
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) SALA: 105
PÚBLICO ALVO: Alunos da Educação Básica, de nível médio; Alunos do ensino superior,
de qualquer curso e/ou instituição
HORÁRIO: Quartas-feiras, 14h00 às 17h00
DURAÇÃO DO TRABALHO: 08 ENCONTROS
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Chamamos de versão inicial porque a produção de uma sequência didática não é estática, tendo em
vista que essa ferramenta didática pode ser modificada a partir das dificuldades apresentadas pelos alunos no
decorrer do curso.
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GÊNEROS ABORDADOS:
Tirinha
Charge
Publicidade
Propaganda
Notícia
Carta do Leitor
Artigo de Opinião
OBEJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1° ENCONTRO:
1)
Fonte: ANTUNES, Irandé. Textualidade: noções básicas e implicações pedagógicas. – 1° ed. – São
Paulo: Parábola, 2017 (p. 43-44).
No exemplo um, temos um conjunto de palavras que não mantém nenhuma relação
entre si, dessa forma, não conseguimos identificar as ideias que estão sendo expostas.
Portanto, não se configura como texto.
1) O macaco e vovô
A boneca menina:
Fonte: GERALDI, João Wanderley. No espaço do trabalho discursivo, alternativas. In: . Portos de
passagem. – 4° ed. – São Paulo: Martins fontes, 1997. – (Texto e linguagem) (p.138)
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2) A escola
2) Fonte: https://www.todamateria.com.br/linguagem-verbal-e-nao-
verbal/
Aqui também estamos diante de um texto, pois apesar da placa de aviso não conter
nenhuma palavra escrita conseguimos entender a advertência que ela transmite, a
partir desse exemplo conseguiremos desmistificar a noção de que os textos são
11
constituídos unicamente pela linguagem verbal. Também será necessário salientar que
uma única palavra também pode ser um texto, como por exemplo, ―Silêncio‖, tendo
em vista que tem uma função comunicativa, alguém produziu e pronunciou para outro
alguém, expressa um sentido e por fim, é interpretável;
3) Fonte:https://mdemulher.abril.com.br/estilo-de-
vida/memes-para-voce-nunca-mais-ficar-sem-responder-uma-conversa/
Esse exemplo também é um texto não verbal. Num primeiro momento, a imagem
poderá ser uma fotografia, porém, ao inseri-la em outro contexto, como em uma
conversa de Whatsapp ou Facebook, ela se tornará um novo gênero, o meme. E poderá
expressar reações em determinadas circunstância e para comprovar isso, pediremos
que os alunos nos apontem situações que possam ser representadas por esse meme.
Dessa forma, ficará nítido que, em alguns casos, o sentido de um texto também
depende do contexto de comunicação na qual ele estar inserido;
4)
Fonte: http://blogdothiagoferraz.com.br/charge-do-dia-12/
12
Dessa vez, o texto é concretizado com um misto de linguagem verbal e não verbal o
que é algo comum ao gênero charge. Nesse caso, é suficiente para recuperarmos o
significado as palavras Iabadabadu e gasolina, bem como nosso conhecimento sobre o
personagem Fred, dos Flintstone;
Logo após, perguntaremos “Dentro do que discutimos até agora, foi possível perceber
que não é qualquer conjunto de palavras ou de frases que constitui um texto. Dessa
forma, quais os principais fatores que os textos devem apresentar para serem
reconhecidos como tal?”. Depois que ouvimos as respostas dos discentes revelaremos
que são dois os fatores principais: a coesão e a coerência. A seguir, indagaremos qual
o conhecimento da turma sobre esses termos;
Depois da discussão, disponibilizaremos nos slides alguns textos que apresentem
ocorrências desses conceitos, na tentativa de proporcionar um melhor entendimento.
Primeiramente, mostraremos uma lista de compras, no intuito de evidenciar que em
certos gêneros não exigem a coesão. Logo após, será exibido o conto ―Circuito
fechado”, de Ricardo Ramos e a partir disso esclareceremos que apesar dele não
conter elementos de coesão para ligar as palavras, como por exemplo, os conectivos, é
um texto que possui sentido, pois conseguimos identificar que quem realiza as ações é
um homem, trabalha como publicitário, é fumante e assim por diante. Além disso, o
autor ao escrever o conto dessa maneira nos mostra como uma rotina pode ser tornar
mecânica. Subsequentemente, apresentaremos dois anúncios que ―escorregam‖ nas
informações que transmitem, pois se contradizem e por isso, tornam-se incoesos.
5)
13
Fonte: http://organizesemfrescuras.com.br/organizacao/organizacao-pessoal/lista-de-compras-de-supermercado-
para-imprimir
6)
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Circuito fechado
Ricardo Ramos
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de
barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme
para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó.
Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de
fósforos, jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros.
Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda,
copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso
com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo.
Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone,
papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo,
quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos,
talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes,
pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo,
telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta,
cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara,
jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó,
gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos,
guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor,
poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama,
espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
7)
Fonte: http://biblioamigos2010.blogspot.com.br/2010/07/na-semana-dele-domingo-nao-e-dia-sera.html
8)
Fonte: https://redafacil.blogspot.com.br/2013/10/tenha-cuidado-quanto-incoerencias-nas.html
Por último, chamaremos atenção de, quase sempre, ao nos direcionarmos para cada
exemplo não nos limitamos em chamá-los simplesmente de textos, mas sim de
gêneros. Dando continuidade, procuraremos fazer com que os alunos reflitam sobre
essa alternância entre as denominações. Após isso, explicitaremos que o texto gênero
textual, como diz Antunes (2017), é utilizado para especificar os textos materializados
que temos contato diariamente, pois cada um possui características distintas, como por
exemplo, o conteúdo, a função, o objetivo, o estilo, a estrutura ou o suporte. Dessa
forma, é incorreto substituir o termo gêneros textuais por tipos textuais, porque este
último referem-se somente as tipologias textuais, que são narração, argumentação,
exposição, descrição e injunção.
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2° Encontro:
Elementos motivadores: Exemplares diversos de tirinhas e charges.
Recursos didáticos utilizados: Notebook, Datashow.
Tiras tradicionais
Fonte: https://iacobus.wordpress.com/2007/06/26/toda-mafalda/
Fonte: http://deliriumnerd.com/2016/04/14/catarse-gibi-baleia-de-rebeca-prado/
17
Fonte: http://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2013/06/pocket-l-chico-bento-historias-de.html
Tiras experimentais
Fonte: https://www.contioutra.com/tiras-do-desenhista-paulo-stocker-conquistam-publicos-de-todas-as-
idades/
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Fonte: http://mentirinhas.com.br/mentirinhas-385/
Fonte: http://deliriumnerd.com/2016/04/14/catarse-gibi-baleia-de-rebeca-prado/
Fonte: http://deliriumnerd.com/2016/04/14/catarse-gibi-baleia-de-rebeca-prado/
Fonte: https://br.pinterest.com/juhennerich/tirinhas/
Fonte: http://www.ospassarinhos.com.br/2014/04/16/chuva-na-tirinha/
Daremos início a discussão acerca do gênero de texto charge questionando se os
discentes costumam ter frequentemente contato com o gênero e quais são os motivos que
os levam a lê-lo.
A priori, revelaremos que esse gênero textual é bastante antigo, pois circula em nossa
sociedade desde meados do século XIX. Em seguida, falaremos que a palavra charge tem
origem francesa e significa carga. No jornalismo se refere a uma carga contra um
adversário que para conseguir seu objetivo faz uso de humor e ironia;
Dando continuidade, explicitaremos que o gênero Charge surgiu com o objetivo de
criticar alguém ou um determinado acontecimento através de sátiras. No entanto, a
produção inicial desse tipo de ilustração estava voltada para questões de cunho político. E
20
para que possamos comprovar essa informação, exibiremos nos slides a primeira charge
produzida no Brasil: A campainha e o cujo, publicada em 1837, no Jornal do Comércio do
Rio de Janeiro. Sua autoria foi atribuída a Manoel de Araújo Porto-Alegre. Nela
observamos uma crítica ao pagamento de propina, que nesse caso, estava direcionada ao
jornalista Justiniano José Rocha, que na época apoiava o governo imperial de D. Pedro II.
Além disso, acrescentaremos que o segundo reinado foi crucial para a consolidação da
imprensa, já que era um período com grande liberdade de expressão, pois o imperador não
se incomodava em ser constantemente ironizado/ridicularizado nos periódicos. Logo após,
diremos que com o passar do tempo o gênero conquistou o gosto da população e até hoje é
apreciado e utilizado pelos brasileiros;
A Campainha O Cujo
Quem quer; quem quer redigir Com três contos e seiscentos
O Correio Oficial! Eu aqui'stou, meu senhor
Paga-se bem. Todos fogem? Honra tenho e probidade
Nunca se viu coisa igual Que mais quer d'um redator
Fonte: http://estudiorafelipe.blogspot.com.br/2009/11/primeira-charge-do-brasil.html
A seguir, lembraremos aos alunos que com o passar do tempo esse gênero de texto deixou
de ser exclusivo das páginas dos jornais, pois o avanço da tecnologia trouxe novos
veículos de comunicação. Dessa forma, os questionaremos sobre os locais em que
atualmente podemos encontrá-los e quem são seus produtores.
21
Fonte: https://www.blogderocha.com.br/charges-de-agora-495/
Fonte: https://br.sputniknews.com/charges/2018022010572335-eua-siria-curdos-brincar-fogo/
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/noticia/2017/06/iotti-se-nada-der-certo-para-temer-lula-e-
aecio-9808740.html
Fonte: http://www.orm.com.br/galerias/NTA=/Charges-2018
23
Fonte: http://putzverdadenemeu.blogspot.com.br/2010/10/o-mais-visto.html
Fonte: http://blogdoeliomar.com.br/2013/10/30/a-charge-do-clayton-317/
24
Fonte: http://humortadela.bol.uol.com.br/charges/33251
Fonte: http://www.scrapsdinamicos.com.br/imagens/charges-engracadas-futebol/5
Fonte: http://saotomenoticias.blogspot.com.br/2018/01/charge.html
25
Fonte: http://www.marcelo.sabbatini.com/educacao-em-charges-2/
Fonte: https://www.humorpolitico.com.br/educacao/educacao-basica/
Fonte: http://www.feuc.br/revista/index.php/tag/avaliacao-escolar/
26
Fonte: http://chargesbruno.blogspot.com.br/2012/10/
Fonte: https://vitoralbertoklein.wordpress.com/2012/04/30/algumas-charges-interessantes/
27
Fonte: http://www.orm.com.br/galerias/NTA=/Charges-2018
Fonte: http://www.arionaurocartuns.com.br/2016/04/charge-discriminacao-da-mulher-trabalho.html
.
Fonte: https://medium.com/@pingonoi/a-viol%C3%AAncia-contra-a-mulher-o-feminic%C3%ADdio-no-
brasil-99174fc681cc
28
Fonte: https://latuffcartoons.files.wordpress.com/2014/03/normalizacao-do-machismo.gif
3° ENCONTRO:
Em seguida, exibiremos nos slides alguns exemplos para que o alunado perceba a
importância do slogan na publicidade e também enfatizaremos a necessidade de
vocábulos criativos que esse elemento possui.
A partir desse momento analisaremos como a publicidade é exposta em diferentes
veículos buscando encontrar diferenças de como ela é apresentada e o impacto que
tem sobre o público alvo.
Para concluir a análise do gênero em questão, buscaremos construir um conceito de
publicidade com os alunos.
Dando continuidade a aula, iniciaremos o estudo do gênero propaganda e
começaremos pela história de seu surgimento, que foi ocasionado pelo desejo da igreja
católica de fundar seminários.
Posteriormente, apresentaremos o conceito de propaganda mediante os apontamentos
de Gonzales (2003).
Apresentaremos exemplares de propagandas e em seguida pediremos para que os
alunos apontem qual a ideia está sendo divulgada nos exemplos.
O estudo sobre esses gêneros terminará com os questionamentos sobre as diferenças
de propaganda e publicidade.
Fonte: www.linharaid.com.br/esquadrao-raidhtm
30
Fonte: http://priabreupsico.blogspot.com/2012/11/campanha-se-voce-acha-que-seu-filho-
e.html
31
Fonte: http://girodosantigos.blogspot.com/2010/05/clique-na-imagem-para-ampliar.html
Fonte: https://www.propagandashistoricas.com.br/2014/03/lingerie-valisere-1952.html
Fonte:http://canalpetropolis.com.br/2018/01/estado-do-rio-cria-lei-que-proibe-propaganda-sexista-e-multa-pode-
chegar-a-r-13-milhao/
Fonte: http://profjosideolli.blogspot.com/2012/07/1_17.html
32
Fonte: https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/campanha-de-dilma-imita-pecas-das-ditaduras-militar-e-do-estado-
novo-e-cria-o-pessimildo/
Fonte: http://www.visaonoticias.com/mobile/noticia/29984/vender-bebida-alcoolica-para-menor-e-crime-e-pode-
fechar-estabelecimento
33
Fonte: https://propagandaposterstore.com/product/donald-trump-i-am-gonna-build-a-wall-poster/
Fonte: https://escolakids.uol.com.br/o-que-e-intergenericidade.htm
Fonte: https://portugues.uol.com.br/redacao/intergenericidade.html
4° ENCONTRO:
Suicídio na granja
ele repetiu e levantou-se de repente, a cara fechada, era o sinal: quando mudava de posição a
gente já sabia que ele queria mudar de assunto. Deu uma larga passada na varanda e apoiou-se
na grade de ferro como se quisesse examinar melhor a borboleta voejando em redor de uma
rosa. Voltou-se rápido, olhando para os lados. E abriu os braços, o charuto preso entre os
dedos: Se matam até sem motivo nenhum, um mistério, nenhum motivo! repetiu e foi saindo
da varanda. Entrou na sala. Corri atrás. Quem se mata vai pro inferno, pai? Ele apagou o
charuto no cinzeiro e voltou-se para me dar o pirulito que eu tinha esquecido em cima da
mesa. O gesto me animou, avancei mais confiante: E bicho, bicho também se mata? Tirando o
lenço do bolso ele limpou devagar as pontas dos dedos: Bicho, não, só gente.
Só gente? — eu perguntei a mim mesma muitos e muitos anos depois, quando passava as
férias de dezembro numa fazenda. Atrás da casa-grande tinha uma granja e nessa granja
encontrei dois amigos inseparáveis, um galo branco e um ganso também branco, mas com
suaves pinceladas cinzentas nas asas. Uma estranha amizade, pensei ao vê-los por ali, sempre
juntos. Uma estranhíssima amizade. Mas não é a minha intenção abordar agora problemas de
psicologia animal, queria contar apenas o que vi. E o que vi foi isso, dois amigos tão
próximos, tão apaixonados, ah! Como conversavam em seus longos passeios, como se
entendiam na secreta linguagem de perguntas e respostas, o diálogo. Com os intervalos de
reflexão. E alguma polêmica, mas com humor, não surpreendi naquela tarde o galo rindo?
Pois é, o galo. Esse perguntava com maior frequência, a interrogação acesa nos rápidos
movimentos que fazia com a cabeça para baixo, e para os lados, E então? O ganso respondia
com certa cautela, parecia mais calmo, mais contido quando abaixava o bico meditativo,
quase repetindo os movimentos da cabeça do outro mas numa aura de maior serenidade.
Juntos, defendiam-se contra os ataques, não é preciso lembrar que na granja travavam-se as
mesmas pequenas guerrilhas da cidade logo adiante, a competição. A intriga. A vaidade e a
luta pelo poder, que luta! Essa ânsia voraz que atiçava os grupos, acesa a vontade de ocupar
um espaço maior, de excluir o concorrente, época de eleições? E os dois amigos sempre
juntos. Atentos. Eu os observava enquanto trocavam pequenos gestos (gestos?) de
generosidade nos seus infindáveis passeios pelo terreiro, Hum! olha aqui esta minhoca, sirva-
se à vontade, vamos, é sua! — dizia o galo a recuar assim de banda, a crista encrespada quase
sangrando no auge da emoção. E o ganso mais tranqüilo (um fidalgo) afastando-se todo
cerimonioso, pisando nas titicas como se pisasse em flores, Sirva-se você primeiro, agora é a
sua vez! E se punham tão hesitantes que algum frango insolente, arvorado a juiz, acabava se
metendo no meio e numa corrida desenfreada levava no bico o manjar. Mas nem o ganso com
seus olhinhos redondamente superiores nem o galo flamante — nenhum dos dois parecia dar
maior atenção ao furto. Alheios aos bens terreirais, desligados das mesquinharias de uma
concorrência desleal, prosseguiam o passeio no mesmo ritmo, nem vagaroso nem apressado,
mas digno, ora, minhocas!
Grandes amigos, hem?, Comentei certa manhã com o granjeiro que concordou tirando o
chapéu e rindo, Eles comem aqui na minha mão!Foi quando achei que ambos mereciam um
nome assim de acordo com suas nobres figuras, e ao ganso, com aquele andar de pensador, as
brancas mãos de penas cruzadas nas costas, dei o nome de Platão. Ao galo, mais questionador
e mais exaltado como todo discípulo, eu dei o nome de Aristóteles.
Até que um dia (também entre os bichos, um dia) houve o grande jantar na fazenda e do qual
não participei. Ainda bem. Quando voltei vi apenas o galo Aristóteles a vagar sozinho e
36
Fonte: http://contobrasileiro.com.br/suicidio-na-granja-conto-de-lygia-fagundes-telles/
5) eventos anteriores: fatos ocorridos há pouco tempo que, com relação ao fato
noticioso, o caracterizam;
37
Duas meninas, uma com menos de um ano de idade e a outra com dois anos, foram resgatadas pelo
Conselho Tutelar de Santos, no litoral de São Paulo, após vizinhos denunciaram a mãe das
crianças. Ao chegar à residência na manhã desta terça-feira (18) os profissionais constaram a
situação de abandono e levaram as duas crianças para um abrigo.
De acordo com informações da Delegacia da Mulher de Santos, onde o caso foi inicialmente
tratado, essa não seria a primeira vez que a mãe abandona as filhas sozinhas em casa, no bairro
Chico de Paula, enquanto sai durante a noite. As crianças foram encaminhadas até a delegacia e
posteriormente foram levadas a um abrigo. Até o momento a mãe das crianças não foi localizada.
Fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/03/mae-abandona-duas-criancas-
pequenas-e-vizinhos-chamam-policia.html
Adolescente vítima de bullying se suicida nos EUA
Antes de tirar sua própria vida, a adolescente de 13 anos deixou um bilhete no qual dizia ser
"feia e perdedora"
Por AFP
05 dez de 2017
38
―Minha filha foi vítima de bullying‖, escreveu sua mãe em um site para arrecadar fundos para
pagar o funeral e os gastos médicos.
―Era uma pessoa bonita por dentro e fora, era uma grande artista, muito adorável e amada‖,
continuou.
Estudante do oitavo ano em uma escola pública em Calimesa (114 km ao leste de Los
Angeles), Rosalie se enforcou em seu quarto depois de deixar uma bilhete de despedida para
os pais: ―me desculpem, pai e mãe. Eu amo vocês‖.
―Desculpe mãe, que você vá me encontrar assim‖, leu seu pai, Freddie Ávila, citado pelo site
CBS.
Os pais contaram que a jovem, que sonhava com ser advogada, era agredida em redes sociais,
além da escola: nesse dia, antes de tentar se matar, já havia sido alvo de piadas por causa do
aparelho nos dentes.
―Guardou isso para si‖, desabafou o pai, na entrevista à NBC, acrescentando que ―por dentro,
ela ficava aos pedaços por sempre implicarem com ela‖.
Ao todo, 5.900 menores e jovens, entre 10 e 24 anos, tiraram a própria vida nos Estados
Unidos em 2015, segundo números oficiais.
―Estamos comprometidos com manter uma cultura positiva e inclusiva que permita aos nossos
estudantes crescer acadêmica e socialmente‖, acrescentou o texto.
O site governamental ―Stop Bullying‖ indica que 28% dos estudantes nos Estados Unidos
sofrem esse tipo de abuso entre o sexto e 11º ano, e 9%, agressão pelas redes sociais.
Em setembro, um adolescente matou um colega e feriu outros três em sua escola no estado de
Washington, em mais um caso de ―bullying‖.
Fonte: https://exame.abril.com.br/mundo/adolescente-vitima-de-bullying-se-suicida-nos-eua/
De 1º de janeiro até quarta-feira, 18, foram 1.421 focos, ante 675 no mesmo
período de 2017 - alta de 111%
Por Estadão
São Paulo – Pelo interior paulista, queimadas têm destruído lavouras e áreas de preservação,
além de atrapalhar a rotina dos moradores. A temporada seca ainda não chegou ao seu auge,
mas o Estado já sofreu mais que o dobro de focos de incêndio em relação ao ano passado. De
1º de janeiro até quarta-feira, 18, foram 1.421 focos, ante 675 no mesmo período de 2017 –
alta de 111%. Já supera também este período de 2016, que teve 1.313 focos e era o maior dos
últimos anos.
A seca, sentida nos baixos níveis de umidade da capital (mais informações nesta página) e
observada na redução dos reservatórios de água do Estado, deixa folhas e galhos mais
propícios ao fogo, na maioria das vezes causado por ação humana. Com exceção de fevereiro,
os meses deste ano tiveram mais focos de incêndio que os mesmos meses de 2017, que já
tinha chamado a atenção – setembro passado foi particularmente atípico, com 1.931 focos. Os
dados são do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe).
Valdemir Garcia usou as redes sociais para protestar. ―Aqui é uma estância turística que vai
acabar em cinzas‖, escreveu. ―Tem queimadas por todo lado e no fim da tarde um cheiro
insuportável invade a cidade.‖
Segundo o Corpo de Bombeiros local, têm sido registrados seis ou sete incêndios por dia,
mais do que anos anteriores. Alguns chegaram a tomar grandes proporções. Na noite de
quarta, o fogo destruiu cerca de 40 hectares da reserva ambiental da Associação em Defesa do
Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar. A causa ainda é desconhecida.
Foram adquiridos 11 caminhonetes 4×4 em que é possível acoplar tanques de 3 mil litros; 4
caminhões-pipa e 3 caminhões-plataforma para transportar máquinas para fazer o aceiro. ―Já
tínhamos previsão que apontava para uma estiagem complicada. A matéria orgânica estava
mais seca e o verão pouco chuvoso não ajudou. É só ver como estão os reservatórios. Há
previsão de chuva no começo de agosto, mas se voltar a ficar sem, há risco de termos outro
setembro com muito fogo.‖
40
―Estamos com uma seca mais intensa. Há regiões no Estado que estão há mais de um mês sem
uma gota de chuva‖, afirma. ―É normal termos anos mais ou menos secura. Por enquanto
parece uma variação natural. A meteorologia não aponta a ocorrência de nada extravagante,
como os fenômenos El Niño ou La Niña, mas começamos a temporada de modo
preocupante‖, diz Setzer.
Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/focos-de-incendio-no-estado-de-sao-paulo-ja-sao-o-
dobro-de-2017/
5° ENCONTRO:
6° ENCONTRO:
Iniciaremos a aula abordando o que são os manifestos e os motivos que fazem com
que muitos artistas recorreram a este gênero para discutir sobre inúmeras perspectivas
de sua vida. Para exemplificarmos faremos a leitura do ―Manifesto sobre a vida do
artista‖ da Marina Abramovic, que será o elemento utilizado na produção do gênero;
Ex:
– O artista é o universo
– O artista é o universo
– O artista é o universo
– Um artista deve permanecer por longos períodos de tempo a olhar para as estrelas no céu
noturno
Fonte: http://arteref.com/gente-de-arte/manifesto-artistico/
Ex:
São Paulo, 12 de janeiro de 2015
Amiga querida,
Estive pensando muito em você esses dias e resolvi lhe mandar uma carta para falar sobre o
ocorrido naquela noite. Antes de mais nada, quero ressaltar que a Ana estava de olho no
Adriano desde o início da festa (e já sabemos que antes disso!!!).
Como você não estava presente, ele aproveitou o momento para chegar nela. Todo mundo viu
eles ficando e isso foi uma surpresa para todos. Quero que saiba que quando precisar
45
conversar conte comigo. Estarei aqui sempre que precisar! Podemos combinar um cafezinho
esses dias. O que acha? Tenho muitas saudades de nossas conversas Bia!
Te adoro demais!!!
A carta comercial é utilizada pelo ramo comercial ou industrial. Postadas por pessoas
jurídicas com ou sem fins lucrativos. (Características e estruturas serão expostas no
slide)
Ex:
Senhor Diretor:
Atenciosamente,
Rodrigo Almeida dos Santos
Diretor do Departamento Administrativo
Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-comercial/
Após a explanação desses dois tipos iremos nos ater a carta do leitor, que será o foco
da nossa aula. A carta do leitor é veiculada geralmente em jornais e revistas, onde os
46
AO CORREIO DA TARDE - RN
Prezado Editor,
Li a matéria publicada na edição de 6 de julho, sobre os acidentes envolvendo motociclistas, e
queria dizer que discordo de uma parte do que foi escrito nela, ou seja, sobre os causadores
dos acidentes envolvendo carros e motos.
Em minha opinião, ao contrário do que foi escrito, creio firmemente que quem mais causa
acidentes são os condutores de veículos de QUATRO rodas.
A moto é o meu transporte preferido, para driblar o lento trânsito mossoroense, e digo que,
conforme define o jornal no mesmo artigo, sou motociclista, respeito às leis do trânsito, mas
vejo muitos carros cujos condutores não têm o devido respeito com a vida humana. Os
maiores sustos que tomei foram proporcionados justamente por motoristas desatentos, ou, no
mínimo, descuidados: curvas malfeitas, celulares colados na orelha com só uma das mãos ao
volante etc.
São muitas as situações que observamos no dia a dia que mostram o menosprezo de
motoristas por motociclistas. Minha opinião, não é voz isolada; em encontros de motociclistas
esse assunto sempre vem à tona. Um dos casos relatado por um colega foi o de que um carro
derrubou uma moto e o seu ocupante - a condutora do veículo que bateu saiu do carro ainda
falando ao celular e ainda achando que tinha toda a razão!
Saudações,
Fonte:https://professoraivaniferreira.blogspot.com/2015/08/avaliacao-de-recuperacao-de-
lingua_80.html
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Após estabelecermos um diálogo com os alunos sobre cartas do leitor, iremos solicitar
a produção de uma carta destinada a artista Marina Abramovic, na qual os discentes
irão expor seus pensamentos acerca do manifesto anteriormente discutido.
7° ENCONTRO
No dia 25 de julho foi o Dia Nacional da Mulher Negra. Foram 380 anos de
escravidão, mas, onde esteve e onde está a mulher negra brasileira? Para iniciarmos nossa
reflexão, vamos fazer uma rápida viagem no tempo. A mulher negra veio para o Brasil na
condição de escrava. Ali iniciava seu processo de vulnerabilidades sobrepostas. Trabalhava de
sol a sol ao lado dos homens escravos. Vista como fogosa e disponível, sofria todo tipo de
abuso sexual, vendo, por vezes, seus filhos sendo-lhe arrancados para apagar a prova do crime
e não atrapalhar o serviço, mas tendo que amamentar os filhos das sinhás.
Ao contrário das mulheres brancas, que na década de 60 lutaram para sair do seu
espaço doméstico, da vida privada para a vida pública, por conquistas no mercado de trabalho,
a mulher negra sempre esteve ali, firme, resistindo, trabalhando dentro e fora de casa. A
branca foi à luta para sair do espaço doméstico, lutou e continua lutando por igualdade de
tratamento e remuneração ao desempenhar as mesmas funções que os homens.
Não queremos com isso dizer que a vida da mulher branca não é feita também por
resistências. A violência de gênero, ou seja, aquela que a mulher sofre por ser mulher, alcança
indistintamente brancas, negras, índias quilombolas, idosas, trans e portadoras de
necessidades especiais.
O que se quer com essa reflexão é mostrar que nos últimos 129 anos, a despeito dos
avanços e conquistas das mulheres negras, não têm sido de igualdade entre as diversas
mulheres, o que nos leva indubitavelmente a afirmar que precisamos que as políticas públicas
sejam construídas e executadas levando em consideração as especificidades das mulheres
negras.
8° ENCONTRO
Recursos didáticos utilizados: Nobebook, Datashow, lousa e lápis para lousa branca.
Neste encontro faremos algumas reflexões acerca dos gêneros produzidos, juntamente
com os participantes do curso.
Logo após, revelaremos que decidimos publicar os textos produzidos em uma página
no Facebook e pediremos que a turma aponte algumas ideias para incrementar essa
página.
Encerraremos a primeira etapa do projeto de extensão ofertando alguns comes e bebes
e por fim nos despediremos da turma.
REFÊRENCIAS
ANTUNES, Irandé. Lutar com as palavras: coesão e coerência. – São Paulo: Parábola,
2005.
. Textualidade: noções básicas e implicações pedagógicas. – 1° ed. – São Paulo:
Parábola, 2017.
BONINI, A. Gêneros Textuais e Cognição: um estudo sobre a organização cognitiva da
identidade dos textos. Florianópolis: Insular, 2002.
ANEXOS
ANEXO I: Cronograma de execução das atividades do projeto
[1997] que falava na 'transmutação' dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro
gerando novos. A tecnologia favorece o surgimento de formas inovadoras, mas não
absolutamente novas. Veja-se o caso do telefonema, que apresenta similaridade com a
conversação que lhe pré-existe, mas que, pelo canal telefônico, realiza-se com
características próprias. Daí a diferença entre uma conversação face a face e um
telefonema, com as estratégias que lhe são peculiares. O e-mail (correio eletrônico) gera
mensagens eletrônicas que têm nas cartas (pessoais, comerciais etc.) e nos bilhetes os seus
antecessores. Contudo, as cartas eletrônicas são gêneros novos com identidades próprias,
como se verá no estudo sobre gêneros emergentes na rnídia virtual.
Aspecto central no caso desses e outros gêneros emergentes é a nova relação que
instauram com os usos da linguagem como tal. Em certo sentido, possibilitam a redefinição
de alguns aspectos centrais na observação da linguagem em uso, como por exemplo a
relação entre a oralidade e a escrita, desfazendo ainda mais as suas fronteiras. Esses
gêneros que emergiram no último século no contexto das mais diversas mídias criam
formas comunicativas próprias com um certo hibridismo que desafia as relações entre
oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão dicotômica ainda presente
em muitos manuais de ensino de língua. Esses gêneros também permitem observar a
maior integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas
em movimento. A linguagem dos novos gêneros torna- se cada vez mais plástica,
assemelhando-se a uma coreografia e, no caso das publicidades, por exemplo, nota-se uma
tendência a servirem-se de maneira sistemática dos formatos de gêneros prévios para
objetivos novos. Como certos gêneros já têm um determinado uso e funcionalidade, seu
investimento em outro quadro comunicativo e funcional permite enfatizar com mais vigor
os novos objetivos.
Quanto a este último aspecto, é bom salientar que embora os gêneros textuais não
se caracterizem nem se definam por aspectos formais, sejam eles estruturais ou
lingüísticos, e sim por aspectos sócio-comunicativos e funcionais, isso não quer dizer que
estejamos desprezando a forma. Pois é evidente, como se verá, que em muitos casos são as
formas que determinam o gênero e, em outros tantos serão as funções. Contudo, haverá
casos em que será o próprio suporte ou o ambiente em que os textos aparecem que
determinam o gênero presente. Suponhamos o caso de um determinado texto que aparece
numa revista científica e constitui um gênero denominado "artigo científico";
54
imaginemos agora o mesmo texto publicado num jornal diário e então ele seria um "artigo
de divulgação científica". É claro que há distinções bastante claras quanto aos dois gêneros,
mas para a comunidade científica, sob o ponto de vista de suas classificações, um trabalho
publicado numa revista científica ou num jornal diário não tem a mesma classificação na
hierarquia de valores da produção científica, embora seja o mesmo texto. Assim, num
primeiro momento podemos dizer que as expressões "mesmo texto" e "mesmo gênero" não
são automaticamente equivalentes, desde que não estejam no mesmo suporte. Estes
aspectos sugerem cautela quanto a considerar o predomínio de formas ou funções para a
determinação e identificação de um gênero.
como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o' de
algum modo.
Para uma maior compreensão do problema da distinção entre gêneros e tipos textuais
sem grande complicação técnica, trazemos a seguir uma definição que permite entender
as diferenças com certa facilidade. Essa distinção é fundamental em todo o trabalho com a
produção e a compreensão textual. Entre os autores que defendem uma posição similar à
aqui exposta estão Douglas Biber (1988), John Swales (1990.), Jean- Michel Adam (1990),
JeanPaul Bronckart (1999). Vejamos aqui uma breve definição das duas noções:
(a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção
teórica definida pela natureza lingüística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia
dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição,
injunção.
(b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para
referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam
características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros
são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva,
reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista
de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha,
edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por
computador, aulas virtuais e assim por diante.
Para uma maior visibilidade, poderíamos elaborar aqui o seguinte quadro sinóptico:
Veja-se o caso das jaculatórias, novenas e ladainhas, que são gêneros exclusivos do
domínio religioso e não aparecem em outros domínios. Tome-se este exemplo de uma
jaculatória que parecia extinta} mas é altamente praticada por pessoas religiosas.
Exemplo (1) jaculatória (In: Rezemos o Terço. Aparecida} Editora Santuário, 1977,
p.54)
mesmo gênero realize dois ou mais tipos. Assim, um texto é em geral tipologicamente
variado (heterogêneo). Veja-se o caso da carta pessoal, que pode conter uma seqüência
narrativa (conta uma historinha), uma argumentação (argumenta em função de algo), uma
descrição (descreve uma situação) e assim por diante.
Aspecto interessante no texto acima é que ele apresenta uma configuração híbrida,
t
endo o formato de um poema para o gênero artigo de opinião. Isso configura uma estrutura
inter-gêneros de natureza altamente híbrida e uma relação intertextual com alusão ao
61
poema e ao projeto autor do poema no qual se inspira e do qual extrair elementos: "E
agora]osé , de Carlos Drummond de Andrade. Essa característica pode ser analisada de
acordo com a sugestão de Ursula Fix (1997:97), que usa a expressão "intertextualidade
inter-gêneros para designar o aspecto da hibridização ou mescla de gêneros em que um
gênero assume a função de outro. Esta violação de cânones subvertendo o modelo global
de um gênero poderia ser visualizada num diagrama tal como este:
INTERTEXTUALIDADE TIPOLÓGICA
/
artigo de opinião
/
Formado
gênero A
Função do gênero A
/
Função do gênero B
/
poema
62
Forma do gênero B
Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro gênero
textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais é importante tanto
para a produção com para a compreensão. Em certo sentido, é esta idéia básica que se
acha no centro dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), quando sugerem que o
trabalho com o texto deve ser feito na base dos gêneros, sejam eles orais ou escritos. E esta
é também a proposta central dos ensaios desta coletânea de textos que pretende mostrar
como analisar e tratar alguns dos gêneros mais praticados nos diversos meios de
comunicação.
Assim, é bom ter cautela com a idéia de gêneros orais e escritos, pois essa distinção é
complexa e deve ser feita com clareza. Veja-se o caso acima citado das jaculatórias,
novenas e ladainhas. Embora todas tenham sido escritas, seu uso nas atividades religiosas
é sempre oral. Ninguém reza por escrito e sim oralmente. Por isso dizemos que oramos e
não que escrevemos a Deus.
Tudo o que estamos apontando neste momento deve-se ao fato de os eventos a que
chamamos propriamente gêneros textuais serem artefatos lingüísticos concretos. Esta
circunstância ou característica dos gêneros tornaos, como já vimos, fenômenos bastante
heterogêneos e por vezes híbridos em relação à forma e aos usos. Daí dizer-se que os
gêneros são modelos comunicativos. Servem, muitas vezes, para criar uma expectativa no
interlocutor e prepará-Io para uma determinada reação. Operam prospectivamente, abrindo
o caminho da compreensão, como muito bem frisou Bakhtin (1997).
Muitas vezes, em situações orais, os interlocutores discutem a respeito do gênero de
texto que estão produzindo ou que devem produzir. Trata-se de uma negociação tipológica.
Segundo observou o lingüista alemão Hugo Steger (1974), as designações sugeridas pelos
falantes não são suficientemente unitárias ou claras, nem fundadas em algum critério geral
para serem consistentes. Em relação a isso, lembra a lingüista alemã Elizabeth Gülich
(1986) que os interlocutores seguem em geral três critérios para designarem seus textos:
a) canal! meio de comunicação: (telefonema, carta, telegrama)
b) critérios formais: (conto, discussão, debate, contrato, ata, poema)
c) natureza do conteúdo: (piada, prefácio de livro, receita culinária, bula de
remédio)
Contudo, isso não chega a oferecer critérios para formar uma classificação nem
constituir todos os nomes. Para Douglas Biber (1988), por exemplo, os gêneros são
geralmente determinados com base nos objetivos dos falantes e na natureza do tópico
tratado, sendo assim uma questão de uso e não de forma. Em suma, pode-se dizer que os
gêneros textuais fundam-se em critérios externos (sócio-comunicativos e discursivos),
enquanto os tipos textuais fundam-se em critérios internos (lingüísticas e formais).
Elizabeth Gülich (1986) observa que as situações e os contextos em que os falantes ou
escritores designam os gêneros textuais são em geral aqueles em que parece relevante
designá-Ias para chamar a atenção sobre determinadas regras vigentes no caso. É assim
65
que ouvimos pessoas dizendo: "nessa reunião não cabe uma piada, mas deixem que eu
conte uma para descontrair um pouco". Ou então ouvimos alguém dizer: "fulano não
desconfia e discursa até na hora de tomar uma cerveja". Por outro lado, notamos que há
casos institucionalmente marcados que exigem, no início, a designação do gênero de texto
e a informação sobre suas regras de desenvolvimento. Este é o caso de uma tomada de
depoimento na Justiça, em que o Juiz lê as regras e expõe direitos e deveres de cada
indivíduo.
Assim, contar piadas fora de lugar é um caso de inadequação ou violação de normas
sociais relativas aos gêneros textuais. Isso quer dizer que não há só a questão da produção
adequada do gênero, mas também um uso adequado. Esta não é uma questão de etiqueta
social apenas, mas é um caso de adequação tipo lógica, que diz respeito à relação que
deveria haver, na produção de cada gênero textual, entre os seguintes aspectos:
É provável que esta relação obedeça a parâmetros de relativa rigidez em virtude das
rotinas sociais presentes em cada contexto cultural e social, de maneira que sua
inobservância pode acarretar problemas. Assim, numa reunião de negócios, por exemplo,
um empresário que se pusesse a cantar o Hino Nacional seria considerado um tanto
esquisito e talvez pouco confiável para uma parceria de negócios. Ou alguém que, durante
um culto e no meio de uma oração, começasse a esbravejar contra o sacerdote ou o pastor
não ia ser bem-visto. Neste sentido, os indicadores aqui levantados serviriam para
identificar as condições de adequação genérica na produção dos gêneros, espedalmente os
orais.
Considerando que os gêneros independem de decisões individuais e não são facilmente
manipuláveis, eles operam como geradores de expectativas de compreensão mútua.
Gêneros textuais não são fruto de invenções individuais, mas formas socialmente
66
5. Observações finais
Em conclusão a estas observações sobre o tema em pauta, pode-se dizer que o trabalho
com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus
mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Pois nada do que fizermos lingüisticamente
estará fora de ser feito em algum gênero. Assim, tudo o que fizermos lingüisticamente
pode ser tratado em um ou outro gênero. E há muitos gêneros produzidos de maneira
sistemática e com grande incidência na vida diária, merecedores de nossa atenção.
Inclusive e talvez de maneira fundamental, os que aparecem nas diversas mídias hoje
existentes, sem excluir a mídia virtual, tão bem conhecida dos internautas ou navegadores
da Internet.
A relevância maior de tratar os gêneros textuais acha-se particularmente situada no
campo da Lingüística Aplicada. De modo todo especial no ensino de língua, já que se
ensina a produzir textos e não a produzir enunciados soltos. Assim, a investigação aqui
trazida é de interesse aos que trabalham e militam nessas áreas. Uma análise dos manuais
de ensino de língua portuguesa mostra que há uma relativa variedade de gêneros textuais
presentes nessas obras. Contudo, uma observação mais atenta e qualificada revela que a
essa variedade não corresponde uma realidade analítica. Pois os gêneros que aparecem
nas seções centrais e básicas, analisados de maneira aprofundada são sempre os mesmos.
67
Os demais gêneros figuram apenas para 11 enfeite" e até para distração dos alunos. São
poucos os casos de tratamento dos gêneros de maneira sistemática. Lentamente, surgem
novas perspectivas e novas abordagens que incluem até mesmo aspectos da oralidade.
Mas ainda não se tratam de modo sistemático os gêneros orais em geral. Apenas alguns, de
modo particular os mais formais, são lembrados em suas características básicas.
No entanto, não é de se supor que os alunos aprendam naturalmente a produzir os
diversos gêneros escritos de uso diário. Nem é comum que se aprendam naturalmente os
gêneros orais mais formais, como bem observam Joaquim Dolz e Bemard Schneuwly
(1998). Por outro lado, é de se indagar se há gêneros textuais ideais para o ensino de
língua. Tudo indica que a resposta seja não. Mas é provável que se possam identificar
gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais formal, do mais
privado ao mais público e assim por diante.
Enfim, vale repisar a idéia de que o trabalho com gêneros será uma forma de dar conta
do ensino dentro de um dos vetares da proposta oficial dos Parâmetros Curriculares
Nacionais que insistem nesta perspectiva. Tem-se a oportunidade de observar tanto a
oralidade como a escrita em seus usos culturais mais autênticos sem forçar a criação de
gêneros que circulam apenas no universo escolar. Os trabalhos incluídos neste livro
buscam oferecer sugestões bastante claras e concretas de observação dos gêneros textuais
na perspectiva aqui sugerida e com algumas variações teóricas que cada autor dos textos
adota em função de seus interesses e de suas sugestões de trabalho. No conjunto, a
diversidade de observações deverá ser um benefício a mais para quem vier a usufruir
dessas análises.
GERALDI, João Vanderley. Prática de leitura na escola. In: GERALDI, João Vanderley (org.). O texto na sala de aula. São Paulo:
Ática, 2001, p. 88 – 98. Figueired
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ANEXO III: Textos discutidos no terceiro encontro com a coordenadora no projeto de extensão
Figueired
SILVA, D.C.e; MEDEIROS, C. M. de. Práticas de leitura e escrita na academia:
o e saberes
Bonini na esfera científica. In: Cadernos de monitoria
n. 3, 2012. Disponível em: www.arquivos.info.ufrn.br/arquivos/.../CadernodeMonitoria03_Cap10.pdf
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ANEXO IV: Textos discutidos no terceiro encontro com a coordenadora do projeto.
NASCIMENTO, Erivaldo Pereira do. Gêneros textuais: argumentação Figueired
e ensino. In: PEREIRA, Regina Celi Mendes. A
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didatização de gêneros no contexto de formação continuada em EAD (Org). – João Pessoa: Editora Universitária/UFPB,
2012. (70-94).
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