Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
CIENTÍFICA
Introdução
A necessidade de informação é infinita. Tudo o que foi construído até
agora, em todas as áreas de conhecimento, surgiu da dúvida. É a dúvida
que origina o questionamento, e é pesquisando e construindo conhe-
cimento que se pode saciar a necessidade de informação.
Os objetivos de uma pesquisa são variados: observar um fenômeno,
gerar novas ideias, conhecer fatos, proporcionar avanços para a ciência,
entre muitas outras possibilidades. Neste capítulo, você vai explorar o
mundo da pesquisa, identificando os seus enfoques e os seus processos.
surge da necessidade de resolver tal problema. Muitas vezes, ela é sugerida pela
própria instituição da qual o estudioso faz parte.
Gil (2017) define a pesquisa pura como um estudo que busca a ampliação
dos conhecimentos sem se preocupar com benefícios. Por sua vez, a pesquisa
aplicada seria voltada à aquisição de entendimentos com o objetivo de aplicá-los
a uma situação específica. Muitos autores afirmam que um tipo de pesquisa
tende a excluir o outro, pois seus objetivos são bem diferentes. Porém, Gil
(2012, p. 27) afirma que a pesquisa aplicada apresenta muitos pontos de
aproximação com a pesquisa pura, pois depende “[...] de suas descobertas e se
enriquece com o seu desenvolvimento”. A diferença é que a pesquisa aplicada
se interessa pela aplicação prática dos conhecimentos gerados.
As pesquisas são divididas, conforme sua abordagem, em quantitativa,
qualitativa e quantiqualitativa (mista). Porém, elas têm características bem
semelhantes na espinha dorsal de desenvolvimento. Todas realizam observação
e avaliação de fenômenos e, a partir disso, criam suposições que podem ser
comprovadas ou não nas análises dos dados. Além disso, todas propõem novas
conclusões a partir de suas descobertas. Como você pode imaginar, existe
sempre um grande debate relacionado ao melhor método a ser utilizado. O
que você deve considerar é que cada tipo de pesquisa envolve uma aborda-
gem diferente. A seguir, você vai conhecer melhor as pesquisas quantitativa,
qualitativa e quantiqualitativa.
Pesquisa quantitativa
Appolinário (2011, p. 150) afirma que, na pesquisa quantitativa, “[...] variáveis
predeterminadas são mensuradas e expressas numericamente. Os resultados
também são analisados com o uso preponderante de métodos quantitativos,
por exemplo, estatístico”. Ou seja, a quantificação, a análise e a interpretação
dos dados e resultados ocorre por meio da estatística.
O enfoque quantitativo segue uma sequência e tem algumas características
específicas, de acordo com Hernández Sampieri, Fernández Collado e Baptista
Lucio (2013). Veja a seguir.
7. Coleta de dados
8. Análise dos dados
9. Elaboração do relatório de resultados
Pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa é um tipo de investigação voltado para as características
qualitativas do fenômeno estudado, considerando a parte subjetiva do problema.
Ela se preocupa com aspectos da realidade que não podem ser quantificados,
centrando-se na compreensão e na explicação da dinâmica das relações sociais
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
Em vez da solidez da pesquisa quantitativa, esse tipo de abordagem traz a
preocupação com a subjetividade, no sentido da relação direta do pesquisador
com o objeto estudado. Conforme Creswell (2010, p. 211), “[...] a pesquisa
qualitativa é uma pesquisa interpretativa, com o investigador tipicamente
envolvido em uma experiência sustentada e intensiva com os participantes”.
A pesquisa qualitativa é altamente conceitual. Seus dados são coletados
diretamente no contexto natural e nas interações sociais que ocorrem. Além
disso, eles são analisados diretamente pelo pesquisador. Nessa abordagem, a
preocupação é com o fenômeno (APPOLINARIO, 2011). Fazendo um contra-
ponto com a pesquisa quantitativa, a qualitativa está focada: “No universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde
a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2001, p. 15).
Conforme Gray (2012) e Flick (2009), os dados qualitativos são abertos a múltiplas
interpretações e podem incluir as vozes tanto dos pesquisados quanto do pesquisador.
Este tem um papel muito ativo no desenvolvimento da pesquisa, pois suas impressões
perpassam toda a coleta e a análise dos dados.
4 Tipos de pesquisa
Pesquisa mista
A pesquisa mista contém o método quantitativo e o método qualitativo. Creswell
e Clark (2013) afirmam que muitas definições já foram cunhadas para esse
método de pesquisa: todas sempre afirmam que a pesquisa aborda tantos
valores filosóficos quanto métodos de investigação objetivos.
A utilização da pesquisa mista é vantajosa quando os problemas da
pesquisa são complexos e as outras abordagens não fornecem as respostas
necessárias. Uma pesquisa interdisciplinar, por exemplo, reúne pesquisadores
de várias áreas e com interesses metodológicos diferentes. Isso resulta na
necessidade de aplicar métodos mistos de pesquisa, pois seu uso proporciona
maior compreensão dos fatos (CRESWELL, 2010). A seguir, veja as fases
da elaboração de uma pesquisa com método misto (CRESWELL; CLARK,
2013):
Confira o artigo de João Luís Guedes dos Santos et al. “Integração entre dados quanti-
tativos e qualitativos em uma pesquisa de métodos mistos”, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/MsaqW
Formas de pesquisa
As pesquisas podem ser divididas quanto aos meios que utilizam em sua
execução, assumindo diferentes formatos. Na metodologia científica, existem
pesquisas com foco experimental, foco não experimental e pesquisas ex-
-post-facto, que se diferem principalmente em relação à escolha do objeto de
investigação e ao fato de esse objeto sofrer ou não impactos com a aplicação
de variáveis.
Pesquisa experimental
A pesquisa experimental é determinada pela escolha do objeto de investigação.
Você pode definir variáveis (atributos do objeto que podem ser medidos e
numerados) que sejam capazes de influenciar o objeto, estabelecer os formatos
de controle e observar os efeitos que cada variável produz.
Esse tipo de delineamento divide os participantes da pesquisa em grupo
experimental e grupo de controle. A inclusão em um ou outro grupo é feita
por distribuição aleatória. Essa divisão tem o objetivo de compor grupos
semelhantes para que possíveis fatores que possam confundir a interpretação
dos resultados se distribuam igualmente (GIL, 2017).
Tipos de pesquisa 7
Pesquisa ex-post-facto
Esse tipo de pesquisa se caracteriza “a partir do fato passado”. Ela verifica
as consequências de um fato sobre um objeto depois que tal fato aconteceu.
O fato é algo que não pode ser mudado e que é passível de ser comparado
com outra variável. Os objetivos da pesquisa são investigar relações de causa
e efeito fazendo o caminho contrário: por meio dos dados, observam-se as
consequências (APPOLINÁRIO, 2011).
A pesquisa ex-post-facto recebe os dados prontos e não pode manipular
as variáveis, pois lida com dados como sexo, classe social, nível intelectual,
etc. Ela é bastante utilizada nas pesquisas em ciências sociais, pois permite
a investigação de dados econômicos e sociais específicos. Um exemplo de
pesquisa é a análise do impacto da construção de uma indústria em uma cidade
após ela ter sido instalada. Nesse caso, a ideia é verificar o que o fato alterou
na vida da comunidade.
Considere o atentado ao World Trade Center, em Nova Iorque. Qual foi o impacto que
o ataque terrorista causou em toda a nação norte-americana e também no mundo?
Pesquisas feitas após a ocorrência do fato, ou seja, ex-post-facto, buscam identificar
mudanças de comportamento após o acontecimento de um fenômeno.
8 Tipos de pesquisa
Objetivos de pesquisa
Depois de defi nir o seu objeto de estudo, você deve escolher que tipo de
pesquisa vai utilizar para atender aos seus objetivos. É possível optar por
pesquisas exploratórias, descritivas, explicativas e correlacionais. Veja a
seguir.
Pesquisa exploratória
O objetivo de uma pesquisa exploratória é estudar um assunto ainda pouco
explorado para proporcionar uma visão geral do fato. De acordo com Gil (2012,
p. 27), “As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver,
Tipos de pesquisa 9
Pesquisa descritiva
O objetivo básico desse tipo de pesquisa é a descrição das características do
assunto estudado. O pesquisador pode estabelecer relações entre as variáveis.
Conforme Gil (2012, p. 28), alguns tipos de pesquisas descritivas “[...] vão
além da identificação da existência de relações entre as variáveis, pretendendo
determinar a natureza dessa relação”. Conforme o autor, as pesquisas descritivas
são bastante utilizadas quando o pesquisador quer estudar as características de
um grupo específico, como distribuição por idade, sexo, nível de escolaridade,
renda, estado de saúde, etc.
A pesquisa descritiva objetiva reunir e analisar muitas informações sobre
o assunto estudado. Ela tem como principal diferença em relação à pesquisa
exploratória o fato de o assunto já ser conhecido. Assim, o pesquisador pode
proporcionar novas visões sobre uma realidade já mapeada.
Pesquisa explicativa
Esse tipo de pesquisa tem como objetivo central identificar os fatores que
determinam ou contribuem para a ocorrência de determinado fato. A pesquisa
explicativa é o tipo de abordagem que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, já que busca explicar por que os fenômenos ocorrem. Portanto, é o
tipo de pesquisa que mais cria hipóteses acerca do objeto em questão, sendo
passível de grande número de erros. Mesmo assim, a contribuição da pesquisa
explicativa é muito significativa devido à sua aplicação prática. Esse tipo de
pesquisa é mais usado nas ciências físicas e naturais (GIL, 2012).
Pesquisa correlacional
É o tipo de pesquisa que investiga as relações entre variáveis, exceto a relação
de causa e efeito. A investigação das relações entre fatores é descritiva porque
10 Tipos de pesquisa
https://qrgo.page.link/mFx5B
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
HERNÁNDEZ SAMPIERI, R.; FERNÁNDEZ COLLADO, C.; BAPTISTA LUCIO, M. del P. Meto-
dologia de pesquisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013.
MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes,
2001.
Leituras recomendadas
SANTOS, J. L. G. et al. Integração entre dados quantitativos e qualitativos em uma
pesquisa de métodos mistos. Texto Contexto Enfermagem, v. 26, n. 3, 2017. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n3/0104-0707-tce-26-03-e1590016.pdf. Acesso
em: 3 junho 2019.
VARGAS, F. et al. Depressão, ansiedade e psicopatia: um estudo correlacional com indi-
víduos privados de liberdade. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 64, n. 4, 2015. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v64n4/0047-2085-jbpsiq-64-4-0266.pdf. Acesso
em: 3 junho 2019.