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CASCAVEL
2013
EMANOELLE CARVAT NENEVÊ
CASCAVEL - PARANÁ
2013
EMANOELLE CARVAT NENEVÊ
CASCAVEL - PARANÁ
2013
EMANOELLE CARVAT NENEVÊ
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Esp. Simone Beatriz Ferrari (Orientador)
Faculdades Itecne de Cascavel
____________________________
_____________________________
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso tem por tema a gestão social e o planejamento como
ferramentas fundamentais do exercício profissional do Serviço Social junto a Secretaria de
Planejamento e Urbanismo do município de Cascavel – PR busca-se identificar o processo de
gestão das políticas que permeiam a secretaria bem como o processo de planejamento junto ao
serviço social. Para tanto a forma de pesquisa utilizada foi a exploratória, com base em uma
pesquisa bibliográfica inicialmente foi apresentado de forma breve as mudanças pós-
constituição de 1988 bem como a estruturação do Estado até o planejamento e o serviço
social. No segundo capitulo apresenta-se a atual estrutura da política de planejamento urbano
e de habitação em âmbito nacional e municipal. Neste mesmo capítulo está a apresentação da
pesquisa que se deu por meio da entrevista semi estruturada com o universo de sete
entrevistados que se consubstanciam em profissionais assistente sociais, de outras áreas e
estagiários de serviço social da Secretária Municipal de Planejamento e Urbanismo de
Cascavel. Dentre os resultados observados destaca-se a compreensão da importância do
assistente social na área de planejamento e gestão bem como se dá esse processo no campo
em que a pesquisa foi realizada.
INTRODUÇÃO 20
1 O MARCO DA IMPLEMENTAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988:
SIGNIFICADOS PARA A FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
BRASILEIRAS. 22
1.2 IMPLEMENTAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988, BREVE
CONTEXTUALIZAÇÃO.....................................................................................................25
INTRODUÇÃO
20
Este trabalho tem por tema central a gestão social e o planejamento como ferramentas
fundamentais do exercício profissional do serviço social junto a secretaria de planejamento do
município de cascavel – PR.
O problema está em torno da importância do trabalho do Serviço Social na Secretaria
de Planejamento e Urbanismo da cidade de Cascavel e quais são os instrumentais e a prática
profissional do serviço social, na administração pública em especifico, no setor de
planejamento urbano buscando-se verificar:
a) Qual de fato a contribuição do profissional de Serviço Social no setor de
Planejamento urbano?
b) O profissional atualmente formado possui o perfil de gestor de políticas, conforme
preconiza e determina dentro das atribuições do exercício profissional? Esse profissional
possui o perfil necessário para esta área?
O objetivo primordial é identificar o processo de gestão de políticas sociais, tais como
habitação, planejamento urbano e a interface do profissional de serviço social neste contexto
da nova administração pública. Diante da abrangência do tema, e seus objetivos, buscaremos
trabalhar pontualmente alguns objetivos. São eles:
a) Promover pesquisa sobre o processo de atuação do profissional em campo de
planejamento urbano;
b) identificar a importância do exercício profissional e a necessidade de abrangência e
intensificação da profissão em áreas de planejamento, gestão de políticas publicas;
Dessa forma a pesquisa se justifica como uma forma de conhecimento da intervenção
profissional em diferentes campos de trabalho, bem como proporciona um conhecimento
acerca do processo de trabalho na área especifica da pesquisa.
Dentro desta perspectiva, busca-se pesquisar e analisar a atuação profissional, em setor
distinto, de prática e campo novo de atuação do profissional. Da qual a principal ferramenta é
o planejamento e seus instrumentais e estratégias. Assim, diante do desafio do planejamento
urbano, e consequentemente o planejamento para o desenvolvimento social e econômico da
cidade, como o profissional se aloja neste setor, e qual é a dinâmica de atuação diante das
políticas públicas e práticas administrativas ao qual é inserido.
Com vistas a obter as informações necessárias foram realizados estudos, leituras de
bibliografias, legislações e a utilização da entrevista como instrumental para coleta de dados.
Compreende-se que este instrumento é o mais adequado a responder as indagações
levantadas. Portanto a metodologia empregada na construção do trabalho se deu com base na
pesquisa bibliográfica e pela entrevista.
21
Neste primeiro capitulo será abordado de forma breve à construção dos direitos e a
relação com a Constituição Federal de 1988. Também serão apresentadas as mudanças no
Estado e as políticas públicas, bem como se dá a estruturação e organização deste.
A história apresenta características importantes em relação aos direitos e garantia
destes, com a transformação da organização da sociedade, a busca por direitos também se
alterou. Essa busca se dá em momentos e estágios diferentes. O direito é um tema amplo e
divergente, e começou a ter destaque a partir do século XVIII.
É certo que, principalmente a partir do século XVIII, os homens têm travado uma
batalha sobre em que consistem os direitos, como identificá-los, como protegê-los e
como cobrá-los. E sua assunção tem sido demarcada por movimentos contraditórios,
heterogêneos e apontando estágios diferentes, conforme a realidade, os sistemas
político, econômico, social e cultural [...] (COUTO, 2006, p.38).
A luta por direitos como a liberdade, justiça, vida, igualdade, as relações de trabalho, a
saúde, a habitação, educação entre outros, foram se efetivando e se agregando em diferentes
momentos e situações, garantidos com base em características próprias em todo o mundo. No
Brasil, essa construção não se deu de forma diferente como explica Couto:
[...] são considerados de primeira geração os direitos civis e políticos, que são
conquistas ocorridas nos séculos XVIII e XIX. Esses direitos são exercidos pelos
homens, individualmente, e tem como principio opor-se a presença da
intermediação do Estado para seu exercício, pois é o homem, fundado na ideia da
liberdade, que deve ser o titular dos direitos civis, exercendo-os contra o poder do
Estado, ou, no caso dos direitos políticos, exercê-los na esfera de intervenção do
Estado (COUTO, 2006, p.34).
23
[...] são exercidos pelos homens por meio da intervenção do Estado, que é quem
deve prove-los. É no âmbito do Estado que os homens buscam o cumprimento dos
direitos sociais, embora ainda o façam de forma individual. Esses direitos vêm se
constituindo desde o século XIX, mas ganham evidencia no século XX. Ancoram-
se na ideia de igualdade, que se constitui numa meta a ser alcançada, buscando
enfrentar as desigualdades sociais. (COUTO, 2006, p.35)
[...] Uma divisão e uma cronologia bastante utilizadas consideram que os direitos
civis, cujo marco é o século XVIII, são os direitos individuais e dizem respeito à
liberdade pessoal, de pensamento, de religião e economia; os direitos políticos,
consagrados no século XIX, referem-se à liberdade de associação a partidos e aos
direitos eleitorais; os direitos sociais, em grande parte um legado da primeira metade
do século XX, estão voltados á coletividade e são basicamente os direitos a
educação, a saúde a habitação, ao trabalho e a alimentação; os direitos
contemporâneos, ou de terceira e quarta geração, a partir de meados do século XX,
são parte das demandas dos denominados NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS com
referência ao gênero, á faixa etária, as etnias, ao meio ambiente, á diversidade e as
diferenças culturais e identitárias entre outros [...]. (KAUCHAKJE, 2008, p.24, grifo
do autor).
1
Em relação aos direitos sociais estes “Constituem-se em direitos de prestação de serviços ou créditos, pois
geram obrigações positivas por parte do Estado, que detém a responsabilidade de, por meio do planejamento e da
consecução de políticas para o bem-estar do cidadão, atender as demandas por educação, trabalho, salário
suficiente, acesso a cultura, moradia, seguridade social, proteção do meio ambiente, da infância e da
adolescência, da família, da velhice, dentre outros”. (COUTO, 2006, p.48).
2
“[...] os chamados novos movimentos sociais surgem ora como complemento, ora como alternativa, aos
movimentos de classe tradicionais e aos partidos políticos de esquerda, inspirados em diversos processos
revolucionários e em variadas revoltas (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 264)”.
24
De acordo com o que Kauchakje apresentou, os direitos foram divididos por gerações
e conquistados em diferentes momentos. A cada tempo novas necessidades surgiram, portanto
novas configurações foram postas para atender ao sujeito que adquiriu denominação de
cidadão, quando passou a ter direitos e por consequência a ser usuário destes.
Outra questão importante no campo dos direitos e que tem sido campo de luta nas
sociedades modernas refere-se a quem é portador dos mesmos, a quem eles se
referem. As mulheres, os índios, as crianças e as minorias étnicas e religiosas foram
incorporadas como portadores de direitos somente a partir de grandes discussões, e
suas inclusões deram-se em momentos diferentes, em sociedades distintas, e não de
maneira homogênea e linear. (COUTO, 2006, p.37)
Nesse sentido o direito só passou a ser de todos e abranger todas as camadas por meio
de lutas e discussões, pois por muito tempo existiu uma racionalidade no acesso, dividindo a
sociedade em grupos que eram possuidores ou não dos direitos.
Essa busca pelos direitos e a garantia destes teve diversas formas de reivindicações,
expressões e organizações passando de passeatas, greves, lutas, revoluções, movimentos
sociais e outros, e sempre esteve presente no palco da sociedade.
Os direitos sociais, bem como os civis e políticos, tem sido objeto de disputa na
sociedade, para que sua garantia possa ser efetivada. Nesse sentido, a luta pela
universalização dos direitos civis e políticos e a busca da igualdade como meta dos
direitos sociais são características de vários movimentos e declarações construídas
pelos homens, principalmente a partir dos séculos XVIII, XIX e XX. [...] (COUTO,
2006, p.49)
Mas também nessa disputa de direitos civis, políticos e sociais temos que considerar os
direitos humanos. Esses direitos são a junção de todos os direitos apresentados, corresponde
ao direito a vida, a liberdade, a justiça, a igualdade, a democracia, a família, a segurança, a
justiça, a alimentação, em suma os direitos humanos é a conjunto dos direitos civis, políticos e
sociais.
São representados pela da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um
documento que formaliza e expressa em seus trinta artigos todos esses direitos que possuem
caráter universal. Estes direitos, referidos na citação de Couto, também fazem parte do
conjunto efetivado por meio de documentos.
25
3
A declaração foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) no
ano de 1948 com a participação de diversos países. Estabelece os direitos fundamentais do ser
humano e a igualdade, dentre outras ações.
No Brasil um documento que formaliza a instituição dos direitos e que resultou de um
movimento importante em nossa sociedade é a Constituição de 1988. Sua elaboração é
decorrência do fim da ditadura militar e da mobilização no país, na luta e na busca pela
garantia dos direitos.
A enunciação desses direitos é feita por meio de pactos na sociedade, que podem ser
traduzidos em cartas de intenção, acordos políticos ou leis, e a sua forma e
efetividade são resultados de embates, onde a pressão dos grupos na sociedade e o
ideário prevalente nessa sociedade têm papel preponderante. (COUTO, 2006, p.36)
Um importante documento com função regulamentadora de direito é a Constituição
Federal, pois é a junção de todos os itens que normatizam e norteia o País na economia, na
organização social e política, administração pública, no planejamento, nos direitos sociais,
3
“A Organização das Nações Unidas, também conhecida pela sigla ONU, é uma organização internacional
formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais.”
(ONU, 2013).
4
“Dois documentos são centrais no processo de elaboração e de garantia legal no campo dos direitos. São eles a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão pela Assembleia Nacional Constituinte Francesa em 1789 e a
Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU em 1948. O século e meio que separa a divulgação
dessas declarações foi permeado por movimentos sociais, elaborações de constituições e de cartas de princípios
que deram dinamicidade ao campo dos direitos” (COUTO, 2006, p.36).
26
5
“Em abril de 1964, instalou-se no Brasil uma ditadura militar que controlou o poder por 21 anos. Os militares
intervieram diretamente em todos os setores da sociedade brasileira, rompendo a normalidade instituída,
eliminando o Estado de direito.” (PETTA; OJEDA, 1999, p.266)
6
“Durante o regime militar o Brasil teve seis presidências, iniciando pelo general Castelo Branco de 1964 a
1967, passando a Arthur da Costa e Silva de 1967 a 1969, assumindo então de agosto a outubro de 1969 uma
junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares, Augusto Rademaker e Márcio de Sousa e Melo
seguidos pelo general Emilio Garrastazu Medici (1969 a 1974), Ernesto Geisel(1974 a 1979) e João Baptista
Figueiredo de 1979 a 1985. (SUA PESQUISA, 2013).
27
apresenta por um modelo repressor, autoritário, com influencia no acesso aos direitos 7 que
foram cerceados e oprimidos principalmente no que tange a democracia e direitos políticos.
Usando essas estratégias como forma de manter a ordem, durante esse governo as
alterações também foram em outros campos como na economia por períodos de
8
desenvolvimento pelo chamado “milagre econômico” e períodos de crise pela inflação e a
dívida externa.
A democracia foi reduzida a imposição rígida do governo que era caracterizado por
repressões, violência, censura perseguição militar a partidos políticos e a todos que eram
contra o regime instaurado.
Contra esse governo no país, aconteceram diversas formas de luta e enfrentamento ao
que estava posto, muitos movimentos se organizaram e tomaram frente contra a ditadura
militar, os movimentos estudantis9 se destacaram, do mesmo modo houve outras
mobilizações, a classe trabalhadora também protestou por meio de greves, ocorreram ainda
muitas passeatas, protestos contra o regime ditatorial.
7
O golpe militar e a forma de governo estabelecida a partir dele tiveram uma incidência importante no campo
dos direitos, uma vez que, embora nos discursos oficiais ainda se colocasse a democracia e a garantia dos
direitos como razoes para a existência da revolução, os instrumentos legais editados nesse período demonstram
muitas razoes para que se comprove ao contrario. (COUTO, 2008, p.120)
8
“No plano econômico, os governos militares optaram pela via desenvolvimentista apoiada no capital
internacional. O combate à inflação e o aumento do numero de empregos resultante dos investimentos
estrangeiros produziram um crescimento da riqueza nacional acima do normal. Esse aparente enriquecimento do
Brasil, ocorrido entre 1968 e 1973, foi denominado Milagre Econômico. Apontamos esse crescimento como
aparente por dois motivos: primeiro, ele não se estendeu a toda população, somente beneficiando as classes alta e
média; segundo, o crescimento se deu a custa do excessivo endividamento do país e, por isso, teve vida curta;
passados alguns anos, quando a crise econômica motivada pelo aumento do preço do petróleo se abateu sobre o
mundo, os credores passaram a cobrar a divida, levando para fora do país as divisas obtidas pela expansão
industrial. (PETTA; OJEDA, 1999, p.267, grifo do autor).
9
“Durante os anos da ditadura militar os movimentos populares no Brasil sofreram intensa repressão. Dentre
estes movimentos se destacou o Movimento Estudantil (ME) que liderou diversas manifestações e protestos. O
ME foi alvo de disputas entre alguns partidos e organizações políticas nestes anos e suas ações refletiam a
influência destes grupos.” (SANTOS, 2009, p. 101)
28
10
Para Maria da Gloria Ghon, “Movimentos sociais são ações sócio políticas construídas por atores sociais
coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura
socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. As ações se
estruturam a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflitos, litígios e disputas vivenciados
pelo grupo na sociedade. As ações desenvolvem um processo social e político cultural que cria uma identidade
coletiva para o movimento, a partir dos interesses em comum. Esta identidade é amalgamada pela força do
principio da solidariedade e construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados
pelo grupo, em coletivos não institucionalizados. Os movimentos geram uma série de inovações nas esferas
públicas (estatal e não estatal) e privada; participam direta ou indiretamente da luta política de um país, e
contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade civil e política [...] (GOHN, 2008, p.251-
252).
11
“A década de 1980 inaugurou um novo patamar na relação Estado e sociedade. Foi marcada pela transição dos
governos militares à constituição da democracia. Emanada dos princípios de democracia, ocorreu a primeira
eleição, em 1985, para presidente da República pós governos militares”. (COUTO, 2006, p.141).
12
O dicionário Aurélio traz a seguinte definição para o termo “Governo do povo. / Regime político que se funda
na soberania popular, na liberdade eleitoral, na divisão de poderes e no controle da autoridade.” (DICIONÁRIO
AURÉLIO, 2013).
29
Simões (2011, p.47) apresenta que “o Estado constitui, portanto, a unidade da sociedade civil,
política e juridicamente organizada, dotada de soberania e, internamente de autonomia”.
Conforme a perspectiva adota por Simões, o Estado é a soma da união da sociedade
civil representado de forma jurídica e um modelo de organização societária que detém
funções e deveres, para Pereira:
Então conforme Pereira ao Estado é atribuído o poder de legislar sobre tudo, este
poder está intrínseco na constituição. Ainda de acordo com o autor, o Estado pode ser
pensado, por diferentes facetas, como detentor de poder, mecanismo burocrático14, como
responsável pela defesa do país e de seus membros e também participante do mercado.
Mas o Estado é também uma estrutura responsável por proporcionar a viabilização das
disposições da Constituição Federal e atua assim por meio do governo, que podemos
configurar conforme Simões:
14
“ A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos
meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desse objetivos.
As origens da burocracia – como forma de organização humana - remontam a época da
antiguidade.”(CHIAVENATO, 2002, p.6).
31
jurídicas que governa o Estado e, governados, aqueles que estão sujeitos ao poder de
governo na esfera estatal. Por esta perspectiva, o governo constitui um aspecto do
Estado. (PEREIRA, 2009, p.294, grifo do autor).
Assim sendo com base no que a autora expôs podemos entender que a diferença
conceitual entre Estado e governo está entre o detentor de poder e o responsável por esse
poder. Na sequencia o Estado é quem possui o domínio e o governo é o meio por qual este
domínio se operacionaliza, pois governo faz parte da estrutura do Estado.
No que cabe a estruturação do estado e do governo, este processo ocorreu de diversas
formas durante o desenvolvimento do país, é interessante salientar que os modelos perpassam
de Monarquia até o modelo vigente, que se constitui em República Federativa 15,
fundamentada da seguinte forma:
15
“A instituição do regime federativo direciona e formaliza, nas mesmas bases, a organicidade das instituições
constitucionais da saúde, da previdência e da assistência social. As respectivas leis orgânicas evidenciam,
sempre, a repartição de competências, atribuições e encargos administrativos nos níveis federal, estadual e
municipal, segundo o principio da descentralização dos poderes e da autonomia administrativa.” (SIMÕES,
2011, p.35).
32
Para delimitarmos a área de atuação do Estado, podemos encontrar nele três tipos de
atividades: as atividades exclusivas, os serviços sociais e científicos não exclusivos
ou competitivos e a produção de bens e serviços para o mercado. Por outro lado, é
conveniente distinguir, em cada uma dessa áreas, quais são as atividades principais
(core activities) e quais são as atividades auxiliares ou de apoio [...] (PEREIRA,
1998, p.95, grifo do autor).
16
“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
Constituição. [...]” (BRASIL, 2008, p.15).
17
“O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos. [...]” (BRASIL,
2008, p.16).
18
“Os serviços de competência municipal são todos aqueles que se enquadram na atividade social reconhecida
ao município, dependendo da maior ou menor capacidade de prestar aos munícipes os serviços de seu interesse,
traduzidos em obras e atividades públicas locais”. (JOVCHELOVITCH, 2002, p.46)
33
O Estado então possui três níveis de atuação que se referem às atividades exclusivas,
os serviços e a produção. Em meio a essas atividades as de exclusividade ganham destaque e
de acordo com o que Bresser Pereira apresenta a partir da reforma gerencial da administração
pública existe um divisão por núcleo onde essas atividades são desenvolvidas, e explica da
seguinte forma:
Conforme explanado por Pereira, dentro desse núcleo é feita a divisão do cabe a cada
poder e cada administrador. Dentre as atividades do Estado está o poder de governar, legislar,
administrar e planejar a elaboração de políticas, planos, programas e projetos, está sob a
responsabilidade deste a ordem do país seja ela econômica ou social, a administração pública
e outras atividades.
E é na administração pública que essas funções e deveres são estabelecidos e
executados. Porém antes de definir a administração pública é necessária a compreensão do
que é administração19, segundo Chiavenato:
19
A Teoria Geral da Administração começou com a ênfase nas tarefas (atividades executadas pelos operários em
uma fábrica), por meio da Administração Científica de Taylor. A seguir, a preocupação básica passou para a
ênfase na estrutura com a Teoria Clássica de Fayol e com a Teoria da Burocracia de Weber, seguindo-se mais
tarde a Teoria Estruturalista. A reação humanística surgiu com a ênfase nas pessoas, por meio da Teoria das
Relações Humanas, mais tarde desenvolvida pela Teoria Comportamental e pela Teoria do Desenvolvimento
Organizacional. A ênfase no ambiente surgiu com a Teoria dos Sistemas, sendo completada pela Teoria da
34
Da mesma forma que a administração faz uso de seus recursos para atingir fins
específicos uma das formas de gerenciamento do Estado é por meio da administração pública.
Trata-se da atuação, condução, organização e como o termo diz administração da
coisa publica e isso se refere às pessoas, aos órgãos, as políticas, aos direitos, os deveres
enfim a tudo que se refere ao Estado, o conceito de administração pública, é assim expressado
por Simões:
A administração pública é o conjunto das atividades dos órgãos federais, estaduais e
municipais que desempenham serviços públicos, organizados por leis, decretos e
normas regulamentares, para cumprimentos das respectivas atividades fins [...].
(SIMÕES, 2011, p. 49)
A administração pública ocorre nas três esferas de governo. As ações são regidas de
acordo com as normas primando por uma administração transparente e eficaz, que deve
apresentar as características dispostas na constituição e nas demais legislações pertinentes.
Essas características fazem parte de um novo modelo que passou a fazer parte do contexto
brasileiro por meio das reformas que aconteceram a partir da década de 1980.
20
“Os órgãos e entidades da administração direta configuram-se como centros de competência, instituídos por
lei, para o desempenho das funções estatais por meio de seus agentes públicos. Esses órgãos (ministérios,
secretarias, departamentos, comissões e outros) integram os aparelhos do Estado.” [...] (SIMÕES, 2011, p.50,
grifo do autor)
21
Já a “administração indireta é constituída de órgãos e serviços descentralizados, atribuídos a pessoas jurídicas
públicas (autarquias) ou constituídas pelo Estado, como as pessoas jurídicas privadas (empresas públicas e
sociedades de economia mista), vinculadas a determinado órgão da administração direta federal, estadual ou
municipal, mas administrativa e financeiramente autônomas, gozando de personalidade jurídica própria. [...]”
(SIMÕES, 2011, p.52, grifo do autor).
36
Essas mudanças demonstradas pelo autor dentre outras que surgiram na sociedade
brasileira desencadearam a necessidade de alterações no Estado, pois entraram em choque
com o modelo vigente até então, caracterizado pela centralidade do poder. Em relação às
dificuldades que surgiram juntamente com a mudança de regime e o contexto que o país
vivenciava, os autores explicam que:
22
“A crise brasileira foi um caso paradigmático da grande crise dos anos 80 que ocorreu em quase todo o
mundo. Entre 1979 e 1994, o Brasil viveu um período de estagnação da renda per capita e de alta inflação sem
precedentes em sua história. Só a partir de 1994, com o Plano Real, estabilizaram-se os preços, criando-se as
condições para a retomada do crescimento. A causa fundamental dessa grande crise econômica foi à crise do
Estado, que vinha ocorrendo mundialmente, mas que no Brasil foi particularmente acentuada. Esta crise, que
ainda não está plenamente superada, apesar de todas as reformas já realizadas, desencadeou em 1979, com o
segundo choque do petróleo, e caracterizou-se pela perda de capacidade do Estado de coordenar o sistema
econômico de forma complementar ao mercado. Conforme ocorreram nos demais países, principalmente nos
países latino-americanos e do Leste europeu, a crise definiu-se como uma crise fiscal, como uma crise do modo
de intervenção do Estado, como uma crise da forma burocrática pela qual o Estado é administrado (PEREIRA ,
1998, p.40, grifo do autor)”.
23
“[...] A crise política teve três momentos no Brasil: primeiro, a crise do regime militar: uma crise de
legitimidade; segundo, a tentativa populista de voltar aos anos 50: uma crise de adaptação a regime democrático;
e, finalmente, a crise que levou ao impeachment de Fernando Collor de Mello: uma crise moral. A crise do
regime autoritário, instalado no país em 1964, teve inicio na segunda metade dos anos 70, quando o pacto
burocrático-capitalista começou a entrar em colapso, a partir do rompimento da aliança da burguesia com os
militares. Da ruptura dessa coalizão política a campanha das “Diretas Já” foi um passo, que se completou com a
restauração da democracia em 1985, e a sua consolidação na Constituição de 1988. Em um segundo momento, a
crise política foi a crise do populismo nacional-desenvolvimentista que se instaura no país a partir da restauração
democrática. (PEREIRA, p.41, 1998, grifo do autor)”.
37
O autor alude que existe diferença entre reforma do Estado que é a mudança no seu
modo de intervenção que envolve os seus vários aspectos, e a reforma do aparelho do Estado
que se dá pela reformulação da forma de gerenciar ou do modelo de administração. Em
relação às formas de administração Bresser Pereira (1998, p.20) entende que existem “ três
formas de administrar o Estado: ‘a administração patrimonialista’, a ‘administração pública
burocrática’ e a ‘administração pública gerencial’ [...]”.
Essa distinção apresentada por Leonardo Bento bem como a de Bresser Pereira nos
ajudam a entender o processo que ocorreu no Brasil. A reforma do Estado tem inicio na
década de 80, na transição de governo e das influencias políticas e econômicas. Porém em
1995 se inicia a reforma na administração pública, com a necessidade do surgimento de um
novo serviço público, essa reforma se deu pela reforma gerencial da administração pública,
como explica Bresser Pereira:
A reforma do Estado começou timidamente nos anos 80, em meio a uma grande
crise econômica, que chega ao auge no inicio de 1990, quando o país passa por um
episodio hiperinflacionário. A partir de então, a reforma tornou-se imperiosa. O
ajuste fiscal, a privatização e a abertura comercial, que vinham sendo ensaiados nos
anos anteriores, são então atacados de frente. A reforma administrativa, entretanto,
só se tornou um tema central no Brasil em 1995, após a eleição e a posse de
Fernando Henrique Cardoso. Nesse ano, ficou claro para a sociedade brasileira que
essa reforma se tornara condição, de um lado, da consolidação do ajuste fiscal do
Estado Brasileiro, e, de outro, da existência no país de um serviço público moderno,
profissional e eficiente, voltado para o atendimento das necessidades dos cidadãos.
(PEREIRA, 1998, p.43)
38
A reforma do Estado passou a ser visualizada como uma condição para mudar a
realidade que se deparava com necessidades de ajustes econômicos e também políticos. O que
se apresentou como justificativa para a necessidade da reforma da administração pública foi
da existência de até então de um sistema público ineficaz nos campos de administração,
políticas públicas, problemas econômicos entre outros, como citado por Bresser Pereira.
Busca-se a partir daí alterações no sistema público brasileiro que atendam de forma
satisfatória ao cidadão e também aos interesses do Estado, e essas mudanças se expressam por
meio da reforma gerencial.
24
“ A Reforma Gerencial tem como documento básico no Brasil o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado, de setembro de 1995. Por meio desse documento o governo procurou definir as instituições e estabelecer
as diretrizes para a implantação de uma administração pública gerencial [...](PEREIRA, 1998, p.17, grifo do
autor)”.
25
“[...] Esta emenda promulgada em maio de 1988, foi objeto de debate nacional durante três anos. Sua
importância deriva da profundidade da mudança institucional envolvida, viabilizando a implantação da Reforma
Gerencial. Deriva também de seu caráter emblemático [...] (PEREIRA, 1998, p.206)”.
26
Simões apresenta que “o serviço é centralizado quando prestado diretamente por um órgão do Estado, em seu
nome e sua responsabilidade exclusiva [.”...] (SIMÕES, 2011, p.59, grifo do autor)
27
“Os princípios fundamentais do processo de descentralização são: mais flexibilidade; mais gradualismo; mais
progressividade; mais transparência; mais existência de mecanismo de controle social”. (JOVCHELOVITCH,
2002, p.38)
40
[...] órgão transfere sua titularidade e execução (ou apenas esta) para outras pessoas
jurídicas, especializadas na atividade, sejam elas do próprio Estado (entidades
paraestatais) ou particulares (empresas privadas, entidades, órgãos civis e outros).
Essa transferência é feita por meio de outorga ou delegação. Nos termos do art. 10
do Decreto-lei n.200/1996 (reforma administrativa), a descentralização consiste na
delegação de poderes da Administração federal para os Estados e municípios ou para
o setor privado, por meio de contrato e concessões [...] (SIMÕES, 2011, p.59, grifo
do autor).
28
“A nova constituição, além de consagrar amplos direitos sociais, define dispositivos que apontam para a
descentralização do poder, conferindo plena autonomia político-administrativa ao município considerado como
esfera autônoma entre as que compõem a Federação. A extensão dos direitos sociais se expressa diante a
ampliação dos deveres do Estado e a descentralização dos recursos para estados e municípios em decorrência da
reforma tributária. [...] (JACOBI, 2000, p. 42).
41
Municipalizar significa uma articulação das forças do município, como um todo para
a prestação de serviços, cujos corresponsáveis seriam a prefeitura e as organizações
da sociedade civil. A municipalização deve ser entendida como o processo de levar
os serviços mais próximos a população, e não apenas repassar encargos para as
prefeituras (JOVCHELOVITCH, 2002, p.40).
Participar não é somente usufruir dos bens e serviços, mas também cooperar na
elaboração dos bens e serviços, como participante, colaborador e fiscalizador inclusive na
esfera pública. Essa participação se caracteriza especialmente nos conselhos e também nas
conferencias.
33
“A transparência nas decisões, na ação pública, na negociação, na participação – e, também o maior
profissionalismo – se apresenta como bases de uma nova ética na prestação de serviços públicos.”
(CARVALHO, 1999, p. 28).
43
da constituição de 198834, fazendo com que o cidadão35 tenha mais acesso e informação a
administração pública bem como seja participante efetivo dessa realidade.
Essa modalidade de gestão faz parte da gestão social, nos dizeres de Kauchakje é:
Portanto a gestão social é a gestão de tudo que é público e envolve os direitos dos
cidadãos. Nas palavras de Kauchakje (2008, p.24) “a gestão de ações sociais públicas tem o
sentido de contribuir para consolidar direitos”. Configurada essa nova forma de gestão é
importante lembrar que anterior a esse novo modelo que passou a ser visualizado existiu
outras formas de gestão quer perpassaram pela sociedade brasileira em diferentes momentos
históricos (Kauchakje, 2008). Basicamente:
34
“A Constituição Federal de 1988 estabeleceu um principio de descentralização e participação da comunidade
na definição de políticas públicas nas áreas de planejamento urbano, previdência, saúde, assistência social e
proteção aos direitos da criança e do adolescente. Trata-se dos conselhos gestores de políticas públicas que,
segundo a definição de Luciana Tatagiba, são ‘espaços públicos de composição plural e paritária entre Estado e
sociedade civil, de natureza deliberativa, cuja função e formular e controlar a execução de políticas públicas e
setoriais. (TATAGIBA, 2002 apud BENTO, 2003, p.231)”.
35
“A administração orientada para o cidadão incorpora a preocupação com a qualidade do serviço, [...],
acrescentando, porém, a dimensão ativa da cidadania. Isso significa, em primeiro lugar, que os interesses levados
em conta pela administração pública não se restringem aos dos usuários de um serviço público especifico, mas
compreendem os de toda a comunidade. Em segundo lugar, a cidadania considerada nessa perspectiva
transcende a dimensão passiva da titularidade de direitos, abrindo-se para participação e a partilha de poder e de
responsabilidade entre a administração pública e o público. Portanto, ao contrario da concepção gerencial com
foco no cliente, a gerencia orientada ao cidadão reconhece as especificidades da administração pública
relativamente à administração privada, entre elas a primazia dos valores democráticos, a participação, a
transparecia e o engajamento sobre eficiência. (BENTO, 2003, p.94)”.
36
“[...] é caracterizada pela privatização do Estado, o que significa o privilegiamento de alguns grupos na
direção da política a na alocação de recursos (financeiros, humanos, materiais e de informação) de acordo com
interesses particulares (KAUCHAKJE, 2008, p.88)”.
37
“Essa modalidade imprime critérios técnicos na gestão, o que sob uma nova perspectiva, afasta das decisões
os interesses pessoais e a atribuição arbitrária de mérito para a distribuição de recursos e de projetos entre
pessoas, grupos sociais, municípios e estados [...](KAUCHAKJE, 2008, p.88)”.
38
“A partir dos anos de 1980, é difundida a gestão gerencial no bojo da hegemonia das práticas e da ideologia
neoliberais, que questionam a eficiência, a capacidade e a responsabilidade do Estado perante questão social.
Trata-se da modalidade que introduz na gestão publica os princípios da gestão empresarial, que transfiguram
cidadãos em clientes e incentivam a concorrência entre os entes federados (estados e municípios)...]
(KAUCHAKJE, 2008, p.89)”.
39
“[...] a gestão em rede é inovadora, pois permite ultrapassar o traço histórico brasileiro de ações sociais
fragmentadas e sobrepostas, que não articulam os recursos e os sujeitos locais, regionais e globais [...]
(KAUCHAKJE, 2008, p.91)”.
44
40
[...] a governabilidade encontra-se referida às condições materiais do exercício do poder, a legitimidade e a
sustentação política dos governos para levar a cabo seu programa, ou para formular estratégias de
desenvolvimento de longo prazo, ou ainda a capacidade dos poderes públicos de intermediar os grupos sociais
que apoiem o plano de governo [...]. (BENTO, 2003, p.86)
45
que possibilitam o acesso aos direitos, bem como uma prestação de serviços públicos aos seus
sujeitos de ação, ou seja, aos possuidores de direitos.
As prioridades contempladas pela políticas publicas são decididas pelo Estado, mas
nascem na sociedade civil. Por isso mesmo estão em permanente disputa. Elas
adentram a agenda do Estado, quando se constituem em demanda fortemente
vocalizada por grupos e movimentos da sociedade, que adensam forças e pressões
introduzindo-as na arena política. (CARVALHO, 1999, p. 19)
41
“é neste século propriamente que as necessidades e demandas dos cidadãos são reconhecidas como legitimas,
constituindo-se em direitos. É, também, neste século que os direitos cidadãos se apresentam como fundamento
da política pública.” (CARVALHO, 1999, p.19).
42
“Em relação ao termo política, o dicionário Aurélio apresenta a seguinte definição:” Ciência do governo dos
povos. / Direção de um Estado e determinação das formas de sua organização. / Conjunto dos negócios de
Estado, maneira de os conduzir. / Fig. Maneira hábil de agir; astúcia; civilidade. // Ciência política, ramo das
ciências sociais que trata do governo e da organização dos Estados.” (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.
Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa 2013, p. 205).
43
“Que se refere ao povo em geral: interesse público. / Relativo ao governo de um país: negócios públicos. /
Manifesto conhecido por todos: rumor público. / A que todas as pessoas podem comparecer: reunião pública.”(
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa 2013, p. 214).
46
As políticas sociais e de uma forma geral são resultantes da contradição entre capital 44
e trabalho e derivadas de processos de lutas sociais proporcionados por movimentos sociais e
outras frentes de lutas da sociedade civil. No que se refere ao seu surgimento
Concernente as datas:
O surgimento das políticas sociais está atrelado a dinâmica das mudanças societárias,
desenvolve-se nas questões latentes das desigualdades sociais e resíduos do sistema capitalista
de produção, construída nas bases das reivindicações da população que é a camada atingida
pelos resquícios capitalistas.
Em relação ao Brasil as políticas sociais também se desenvolveram pelos movimentos
de reivindicação popular, construídos com base nas necessidades que a sociedade brasileira
reivindica. A assistência social tem sua legitimidade como política social a partir da
Constituição Federal de 1988, que conforme Couto traz:
44
Neste sentido, “as políticas sociais e a formatação de padrões de proteção social são desdobramentos e ate
mesmo respostas e formas de enfrentamento - em geral setorializadas e fragmentadas- as expressões
multifacetadas da questão social no capitalismo, cujo fundamento se encontra nas relações de exploração do
capital sobre o trabalho. [...]” (BEHRING; BOSCHETTI, 2009, p.51).
47
A assistência social passou a ter cunho de política social, faz parte do tripé da
seguridade social45, será prestada a quem dela necessitar, de forma não contributiva e com
abrangência de proteção a infância a adolescência, a família e a velhice, entre outros
conforme apresenta o texto constitucional:
Toda política pública é uma forma de intervenção na vida social, estruturada a partir
de processos de articulação de consenso e de embate entre atores sociais com
interesses diversos, decorrentes de suas posições diferenciadas nas relações
econômicas, políticas, culturais e sociais. (KAUCHAKJE, 2008, p.68)
Dessa forma os municípios passaram a ter uma participação mais ativa na execução
das políticas e também uma responsabilidade mais efetiva em sua implementação visto que
com a descentralização as atribuições repassaram em sua maior parte aos municípios para
facilitar o acesso as políticas, programas e projetos.
45
“A constituição de 1988, no titulo sobre a Ordem Social, institui o conceito de seguridade social, por meio de
ações de saúde, previdência e assistência social [...]” (SIMÕES, 2011, p.104, grifo do autor).
48
Ainda de acordo com a mesma autora os projetos sociais surgem para atender as
necessidades dentro de três perspectivas:
46
“O planejamento é então uma atividade que mesmo diante de situações especificas guarda sua visão genérica,
sistematizando e realimentando a própria atividade, imprimindo-lhe assim uma dinâmica processual”.
(BARBOSA, 1980, p.30)
49
É a partir do século XIX como expôs Barbosa, que o planejamento começa a ser
utilizado para atender interesses e não como simples prática natural, nas palavras do autor.
Para então assumir a característica de um processo técnico ou sua utilização como tal, pois
passou a ser mecanismo de trabalho.
Planejar então se refere a um procedimento de ordenamento e execução de
determinada atividade na condução desta. Enquanto método de trabalho orienta de forma
racional o processo em questão, sob a ordem de uma sequencia de etapas. Baseado em
conhecimentos, que darão suporte no desenvolvimento da ação. Em suma:
47
“Já no inicio dos tempos, o homem refletia sobre as questões que o desafiavam, estudava as diferentes
alternativas para solucioná-las e organizava sua ação de maneira lógica. Enquanto assim fazia, estava efetivando
uma prática de planejamento. Da observação dessa prática, de sua análise e sistematização racional, do domínio
de alguns princípios que regem os processos naturais, e da incorporação dos conhecimentos desenvolvidos em
áreas do pensamento, resultou o acervo de conhecimentos e de práticas de planejamento, tal como encontramos
hoje” (BAPTISTA, 2010, p.14).
50
48
“A prática profissional do Assistente Social [...] se realiza em suas dimensões ético-política, teórico-
metodológica e técnico-instrumental, considerando a perspectiva imediata e mediata, o que promove a atuação
universalista, estruturada e estruturante: Imediata – como ação com respostas diretas, nas expressões singulares
do cotidiano, que dilapidam as condições de cidadania para as quais é necessário prover as seguranças de
sobrevivência, de geração de renda, de convívio, de restabelecimento de vínculos, proporcionando acessos a
direitos reclamáveis; Mediata – inscrita nas dimensões que constituem a sociabilidade humana (materiais,
espirituais, culturais, subjetivas, etc.), com repercussão no processo de reprodução social, com horizonte nas
determinações macrossociais, na esfera propositiva e de controle social; respostas sócio-políticas alavancando
condições de empoderamento da população, especialmente aquela distancia dos espaços de decisão política, e
construção de autonomia e protagonismo” (BATTINI, 2007, p.15).
49
“Temos hoje uma grande demanda municipal, estadual e federal em todo o país para o planejamento, a gestão
e formulação de políticas públicas nos marcos jurídico-políticos da Constituição de 1988, que avançou na
concepção de direitos sociais (no que toca à política de Seguridade Social com seu tripé: Saúde, Previdência e
Assistência Social) e no que diz respeito a direitos em outros campos, a exemplo dos conquistados pelas
diversificadas etnias e “minorias”, na medida em que essa mesma Constituição inovou e inaugurou um
pluralismo jurídico para a atuação com diferentes formações sociais”(TEIXEIRA, 2009, p.554).
54
50
Estes três instrumentos referem-se respectivamente a Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e o Orçamento Anual (LOA), e que estão previstos na Constituição Federal em seu artigo
165.
51
“Na prática, o orçamento público tem sido reflexo da forte relação entre a conjuntura política do país e as
ações de governo, que se consubstanciam por meio de planos, programas e projetos prioritários. Nele rebatem as
crises e os momentos de prosperidade, os contextos ditatoriais e democráticos, as pressões ou ausência de
pressões resultantes do jogo de forças sociais e políticas na sociedade” (TEIXEIRA, 2009, p.567).
55
O serviço social dessa forma possui um vasto campo de trabalho na esfera pública seja
ela estadual ou municipal, mas também não deixa de desenvolver suas atividades em outras
áreas, por ser uma profissão ampla que ganha destaque no desenvolvimento da sociedade.
Destaque-se que esta profissão já perpassou por muitas mudanças dentre elas um
processo de reconceituação52 rompendo com o conservadorismo até a forma como se
apresenta hoje, regulamentada. Esse processo é resultado da necessidade que se visualizou de
uma transformação na base profissional. Isso é devido às características de caridade e
filantropia juntamente com a vinculação á igreja que por muitos anos permearam a trajetória
da profissão. É inegável que o surgimento desta está atrelado a esses fatores:
Essa base de filantropia e caridade53 permeou a profissão por muito tempo, mas como
citado pelos autores o Estado54 também passou a buscar esse profissional como forma de
mediador entre as demandas desenvolvidas pelo capital. Essa busca e as novas demandas
possibilitaram a profissão um crescimento, o que se justifica de acordo com Iamamoto e
Carvalho, pois o serviço social:
52
“Preliminarmente, deve ser salientado que o movimento de reconceituação do Serviço Social - emergindo na
metade dos anos 1960 e prolongando-se por uma década - foi, na sua especificidade, um fenômeno tipicamente
latino-americano. Dominado pela contestação ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento
global da profissão: de seus fundamento ideo-teoricos, de sua raízes sociopolíticas, da direção social da prática
profissional e de seu modus operandi (IAMAMOTO, 2012, p.205)”
53
“Historicamente, passa-se da caridade tradicional levada a efeito por tímidas e pulverizadas iniciativas das
classes dominantes, nas suas diversas manifestações filantrópicas, para a centralização e racionalização da
atividade assistencial e de prestação de serviços sociais pelo Estado, à medida que se amplia o contingente da
classe trabalhadora e sua presença política na sociedade. Passa o Estado a atuar sistematicamente sobre as
sequelas da exploração do trabalho expressas nas condições de vida do conjunto dos trabalhadores
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2013, p. 85)”.
54
“[...] O Estado passa a intervir diretamente nas relações entre o empresariado e a classe trabalhadora,
estabelecendo não só uma relação jurídica do mercado de trabalho, através da legislação social e trabalhistas
especificas, mas gerindo a organização e prestação de serviços sociais, como um novo tipo de enfrentamento da
questão social. Assim, as condições de vida e trabalho dos trabalhadores já não podem ser desconsideradas
inteiramente na formulação de políticas sociais, como garantia de bases de sustentação do poder de classe sobre
o conjunto da sociedade. O Estado busca enfrentar, também, através de medidas previstas nessas políticas e
concretizadas na aplicação da legislação e na implementação dos serviços sociais, o processo de pauperização
absoluta ou relativa do crescente contingente da classe trabalhadora urbana, engrossando com a expansão
industrial, como elemento necessário à garantia dos níveis de produtividade do trabalho exigidos nesse estágio
de expansão do capital[...] (IAMAMOTO; CARVALHO, 2013, p. 84)”.
57
É nesse entremeio que a profissão se desenvolve como tal e encontra seus objetos de
trabalho e potencializa o agir profissional assim justificado. Filantropia e caridade juntamente
com a benesse da Igreja não foram suficientes para atender aos problemas sociais enfrentados,
o que se visualizou junto com o desenvolvimento da sociedade foi o surgimento de novos
problemas que exigiram outras respostas juntamente com a intervenção do Estado.
As políticas, os programas e os projetos ou outras atividades desenvolvidas pelo
profissional são uma resposta as demandas levantadas pela questão social assim denominada e
objeto de trabalho do assistente social. Questão social segundo Iamamoto e Carvalho:
A questão social é entendida dessa forma como a contradição entre capital e trabalho
ou nas palavras de Iamamoto e Carvalho entre o proletariado e a burguesia e que se gesta no
modelo econômico capitalista. Essas contradições geram as expressões da questão social que
se apresentam na falta de moradia, trabalho, desigualdade social, pobreza, violência, violação
de direitos e outras tantas que exigem dessa forma uma resposta do Estado na intervenção
dessa realidade.
O assistente social tem importante papel nessa intervenção junto as expressões da
questão social, por ser uma profissão que desenvolve uma atuação interventiva frente a essas
expressões. Trabalha como profissão legitimada, fundamentada por um código de ética
profissional, um conselho profissional denominado CFESS juntamente com a lei 8662 de
1993 que regulamenta a profissão, o que proporciona um aparato profissional importante para
atuar nessa realidade.
58
O fazer profissional também se inscreve em uma dinâmica bem ampla pois o campo
de trabalho é muito variado. A prática profissional pode ser desenvolvida de diversas formas
no planejamento, na formulação, na implantação e na execução de políticas, planos,
programas e projetos dentre outras atividades de cunho exclusivo do serviço social
relacionadas a este, que são apresentadas no código de ética e na lei que regulamenta a
profissão.
O assistente social faz uso de diversos instrumentais para seu fazer profissional dentre
eles destacam-se visitas (domiciliar, institucional) relatórios, pareceres, estudos sociais,
reuniões, trabalhos em grupos, atendimento individual observação, etc. todos esses
instrumentais compõe o agir profissional que também deve ser pautado no projeto da
profissão55 que no serviço social se legitima pelo projeto ético-politico56.
Dentre essa diversidade do fazer profissional podemos situar o serviço social na gestão
e planejamento principalmente das políticas, programas e projetos. Mioto e Lima (2009)
apresentam que na dimensão técnico-operativa do serviço social existem “três processos
interventivos” que se referem aos “processos político-organizativos 57, processos sócio
assistenciais58 e processos de planejamento e gestão”, este os autores apresentam que:
55
“Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam
socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e
institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem
as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e
instituições sociais privadas e públicas (inclusive o Estado, a que cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos
profissionais)”. (NETTO, 2009, p.144, grifo do autor)
56
“Esquematicamente, este projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor central – a
liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolha entre alternativas concretas; daí um
compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. Consequentemente,
este projeto profissional se vincula a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social,
sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero. A partir destas opções que o fundamentam, tal projeto
afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e dos preconceitos, contemplando
positivamente o pluralismo, tanto na sociedade como no exercício profissional”. (NETTO, 2009, p.155, grifo do
autor).
57
“As ações articuladas nesse eixo privilegiam e incrementam discussões e as encaminham para a esfera
pública. Seu foco principal consiste em dinamizar e instrumentalizar a participação dos sujeitos, sempre
respeitando o potencial político e o tempo dos envolvidos. As ações consideram sempre as necessidades
imediatas, mas prospectam, a médio e a longo prazos, a construção de novos padrões de sociabilidade entre os
sujeitos, porque estão guiadas pela premissa da democratização dos espaços coletivos e pela criação de
condições para a disputa com outros projetos societários. A universalização, a ampliação e a efetivação do
acesso aos Direitos são debatidas nos mais diferentes espaços, especialmente de Controle Social, nos quais são
questionadas as relações estabelecidas no espaço sócio-ocupacional, na comunidade e nas mais diferentes
instituições”. (MIOTO; NOGUEIRA, 2006, apud MIOTO; LIMA, 2009, p.40).
58
“Correspondem ao conjunto de ações profissionais desenvolvidas diretamente com usuários nos diferentes
campos de intervenção a partir de demandas singulares. Sua lógica reside em atender o usuário como sujeito,
visando responder a essas demandas/necessidades numa perspectiva de construção da autonomia do indivíduo
nas relações institucionais e sociais, remetendo-o à participação política em diferentes espaços, dentre os quais se
incluem: as próprias instituições, os programas, serviços, conselhos de direitos, movimentos de base
sociocomunitária e os movimentos sociais na sua diversidade. Esses espaços envolvem ações de diferentes
naturezas, difíceis de distingui-las entre si durante a execução, pois estão em constante interação. No entanto, a
partir dos objetivos primordiais das ações que compõem esse processo, torna-se possível sua caracterização, de
59
É nesse espaço que a principal função do assistente social é elaborar mecanismos que
visem atender de forma plena as necessidades e demandas dos cidadãos e as demandas
institucionais, bem como melhorar os processos já existentes. Nesses campos o profissional
fará uso de seu aporte teórico, ético e político para promover sua intervenção profissional.
Para fazer isso o assistente social pode fazer uso do planejamento social.
O Planejamento Social pode ser entendido sob diferentes enfoques, a saber: a) como
ferramenta de trabalho que propicia uma prática metodologicamente conduzida e
eticamente comprometida com a cidadania; b) como processo lógico, político e
administrativo que, por meio de seu movimento, adensa formas de participação
popular nos níveis decisórios e operativos; c) como instrumento que busca
racionalizar e dar direção para redefinições futuras de organizações, políticas
sociais, setores ou atividades, Influenciando o nível técnico e político e d) como
mediação entre a burocracia e as condições objetivas para efetivação de direitos.
(BATTINI, 2007, p.07)
modo a aprofundar os marcos referenciais que ajudam na sua consecução e que facilitam a conexão dialética
entre elas. Essa caracterização possibilita aprofundar o conhecimento sobre as particularidades operacionais de
cada ação e melhor qualificá-las. Assim, considera-se que, nos processos socioassistenciais, estão presentes
ações de natureza socioterapêutica, socioeducativa, socioemergencial e pericial”. (MIOTO; NOGUEIRA, 2006,
apud MIOTO; LIMA, 2009, p.42).
60
O planejamento social é sempre vinculado a uma política que, por sua vez, é
constituída das tensões entre forças sociais presentes numa dada realidade concreta.
Nesse vínculo sustenta-se pelos eixos, prioridades, estratégias e é direcionado para
atenção/superação das demandas próprias à política, sem prescindir das suas
inelimináveis interfaces. Tem como matéria prima a questão social, em particular
aquelas expressões que manifestam uma necessidade coletiva não atendida
constituindo-se em objeto da política, a qual precisa ser reconhecida e incluída na
agenda pública transformando-se em programa, ação, benefício, ou seja, em uma
determinada resposta às demandas. Para essa transformação, o planejamento tem
papel fundamental, pautando-se como base de sustentação no espectro
legislativo/normativo, sócio-institucional e macro-social. [...] (BATTINI, 2007,
p.07)
59
“A inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo da Política Urbana foi uma vitória da ativa
participação de entidades civis e de movimentos sociais em defesa do direito à cidade, à habitação, ao acesso a
melhores serviços públicos e, por decorrência, a oportunidades de vida urbana digna para todos” (OLIVEIRA,
2001, p.3)
63
municipal, tem por objetivo o desenvolvimento da cidade. É desenvolvida por meio dos
aparatos legais que ordenam as áreas especificas que a política engloba.
O instrumental pelo qual se dá a implantação da política urbana é o plano diretor que
passou a ter caráter obrigatório para cidades com o número de habitantes superior a 20 mil.
Este artigo também compreende que a propriedade cumpre sua função social quando
atende as normativas da cidade. Em relação a propriedade o texto de 1988, também apresenta
este direito, fundamentado pelo artigo 5º. Este artigo traz em seus incisos XXII e XXIII o
direito a propriedade e sua função social. Desta forma o artigo diz que,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes [...] (BRASIL, 2008, p. 8, grifo nosso)
Com todos esses direitos viabilizados pela constituição e visando sua melhor
regulamentação e implementação além das leis, foi necessária a elaboração de um documento
especifico para tratar da política urbana.
Assim em 10 de julho de 2001 a lei de número 10.257 foi sancionada. Denominada de
Estatuto das Cidades, regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 que
dispõe sobre a política urbana e estabelece diretrizes gerais desta política e dá outras
providências. E propõe:
Além das diretrizes gerais a lei também regulamenta demais questões já previstas no
texto constitucional e outras pertinentes a política. O estatuto também apresenta a gestão
democrática que também foi implantada pós-constituição de 1988, a gestão democrática é a
participação da população nas decisões relacionadas a política em questão, nesse sentido
60
“O Ministério das Cidades foi instituído em 1º de janeiro de 2003, através da Medida Provisória nº 103, depois
convertida na Lei nº 10.683, de 28 de maio do mesmo ano. O Decreto nº 4665, de 3 de abril de 2003, aprova a
Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão do Ministério das Cidades”
(MINISTÉRIO DAS CIDADES)
65
Por meio das conferencias realizadas em todo o Brasil o ministério buscou pela
participação popular discutir os problemas para que possíveis soluções possam ser
implementadas. Dessas discussões também resultaram ações como a nova política nacional
de desenvolvimento urbano.
Esta política tem por princípios o direito à cidade, a moradia digna, ao saneamento
ambiental público, transporte público, função social da cidade e da propriedade, gestão
democrática e controle social; inclusão social e redução das desigualdades; sustentabilidade
financeira e socioambiental da política urbana; combate à discriminação de grupos sociais e
étnico-raciais; combate à segregação urbana e diversidade sócio-espacial. (CADERNO
MCIDADES DESENVOLVIMENTO URBANO, 2004)
Diante destes princípios que retratam a carta magna, e ressaltam os direitos sociais e
básicos a qualquer pessoa, a necessidade da gestão, a administração e inserção destes direitos,
se faz necessária para a carta, não tornar-se como podemos dizer, letra morta.
Um dos princípios e direitos dentro de outros, encontramos um muito valioso, que diz
respeito a participação popular, o direito a informação pública, e o direito dos cidadãos
envolverem-se no processo administrativo de suas cidades. Neste contexto, o trabalho do
serviço social, quanto ao processo de elaboração de políticas, a gestão da informação e das
políticas demonstram com muita clareza a importância de um profissional, que possua tais
articulações e habilidades.
Além da política nacional de desenvolvimento urbano, dessa Conferencia Nacional
das Cidades em 2003 também foi criado o Conselho das Cidades 61. O conselho é
regulamentado pelo decreto Nº 5.790, de 25 de maio de 2006.
61
“A criação do Conselho das Cidades (ConCidades), no ano de 2004, representa a materialização de um
importante instrumento de gestão democrática da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano - PNDU, em
processo de construção. Ele é um órgão colegiado de natureza deliberativa e consultiva, integrante da estrutura
do Ministério das Cidades e tem por finalidade estudar e propor diretrizes para a formulação e implementação da
PNDU, bem como acompanhar a sua execução” (MINISTÉRIO DAS CIDADES)
66
O Conselho das Cidades, então passou a ser responsável por todas as ações que
pretendem ser implementadas no Ministério das Cidades. É composto por quatro comitês que
tratam dos diversos assuntos que perpassam pelo Ministério sendo Habitação, Planejamento
Territorial Urbano, Saneamento Ambiental, e Transporte e Mobilidade Urbana nesses comitês
é apresentado e discutido todos os temas que envolvem o assunto em especifico.
Fruto dessas divisões técnicas, em 2004 também, foi elaborada a nova Política
Nacional de Habitação, com o objetivo de promover o acesso a habitação para a população
em geral.
No que cabe a habitação, como demonstramos no capitulo anterior com a implantação
da constituição federal de 1988, foram preconizados pela mesma os direitos sociais e dentre
eles a habitação, como expõe o texto em seu artigo sexto.
Sendo a habitação um direito, este será oportunizado por meio de políticas, programas
e projetos. A questão da política habitacional no Brasil perpassou por vários modelos de
gestão, implantação e execução, bem como vários programas e projetos fizeram parte da
agenda governamental em relação a esse direito. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva
novamente a política passa por mudanças e surge uma nova configuração.
A nova Política Nacional de Habitação foi elaborada durante o ano de 2004 e contou
com a contribuição de diversos atores que participaram de vários seminários. O
principal objetivo da Política Nacional de Habitação é retomar o processo de
planejamento do setor habitacional e garantir novas condições institucionais para
promover o acesso à moradia digna a todos os segmentos da população. É necessário
destacar o protagonismo do Conselho das Cidades, em especial seu Comitê Técnico
de Habitação, que discutiu a proposta e a enviou para aprovação do Conselho em
2004. (MINISTÉRIO DAS CIDADES)
Desses instrumentos já em 16 de junho 2005 foi sancionada a lei 11.124 que dispõe
sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) 62, cria o Fundo Nacional
de Habitação de Interesse Social (FNHIS)63 e institui o Conselho Gestor do FNHIS.
62
“O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS foi instituído pela Lei Federal nº 11.124 de 16
de junho de 2005 e tem como objetivo principal implementar políticas e programas que promovam o acesso à
moradia digna para a população de baixa renda, que compõe a quase totalidade do déficit habitacional do País.
Além disso, esse Sistema centraliza todos os programas e projetos destinados à habitação de interesse social,
sendo integrado pelos seguintes órgãos e entidades: Ministério das Cidades, Conselho Gestor do Fundo Nacional
de Habitação de Interesse Social, Caixa Econômica Federal, Conselho das Cidades, Conselhos, Órgãos e
Instituições da Administração Pública direta e indireta dos Estados, Distrito Federal e Municípios, relacionados
às questões urbanas e habitacionais, entidades privadas que desempenham atividades na área habitacional e
agentes financeiros autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.” (MINISTÉRIO DAS CIDADES)
63
“ A Lei nº 11.124 também instituiu o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS, que em 2006
centraliza os recursos orçamentários dos programas de Urbanização de Assentamentos Subnormais e de
Habitação de Interesse Social, inseridos no SNHIS. O Fundo é composto por recursos do Orçamento Geral da
União, do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social – FAS, dotações, recursos de empréstimos externos e
internos, contribuições e doações de pessoas físicas ou jurídicas, entidades e organismos de cooperação
nacionais ou internacionais e receitas de operações realizadas com recursos do FNHIS. Esses recursos têm
aplicação definida pela Lei, como, por exemplo, a aquisição, construção, conclusão, melhoria, reforma, locação
social e arrendamento de unidades habitacionais, a produção de lotes urbanizados para fins habitacionais, a
68
regularização fundiária e urbanística de áreas de interesse social, ou a implantação de saneamento básico, infra-
estrutura e equipamentos urbanos, complementares aos programas de habitação de interesse social.”
(MINISTÉRIO DAS CIDADES)
64
“O poder público municipal, por ser a esfera de governo mais próxima do cidadão, e portanto, da vida de todos
– seja na cidade, seja na área rural – é o que tem melhor capacidade para constatar e solucionar os problemas do
dia-a-dia. Essa proximidade permite, ainda, maior articulação entre os vários segmentos que compõem a
sociedade local e, também, a participação e acompanhamento das associações de moradores, de organizações
não governamentais, de representantes dos interesses privados na elaboração, implementação e avaliação de
políticas públicas” (OLIVEIRA, 2001, p.11)
65
“As atribuições do poder público municipal foram expandidas após a promulgação da Constituição Federal.
Nela, o Município ganha destaque na organização político-administrativa do país, sendo dotado de autonomia,
política, administrativa, financeira e legislativa. As possibilidades de ação do
poder público municipal, com a vigência do Estatuto, se ampliam e se consolidam” (OLIVEIRA, 2001, p.10)
66
“A lei orgânica do município de Cascavel foi publicada em 08/04/1990.”
69
Dentre as secretarias que compõe a administração pública direta, na divisão dos órgãos
de natureza meio, está a Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo - SEPLAN. Sua
criação foi após uma reforma administrativa que ocorreu no ano de 1995, é substituta da
Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano.
67
“O Estatuto - Lei nº 2.410/93, rege a Companhia Municipal de Habitação de Cascavel como uma empresa
pública municipal, sob forma de sociedade civil de fins econômicos, subordinada diretamente ao Prefeito
Municipal, dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio, capital exclusivo do
Município de Cascavel e autonomia administrativa[...] (CASCAVEL, 2013)
70
68
“ O PDI, que será financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), visa consolidar as
diretrizes do novo Plano Diretor, objetivando a caracterização de um centro tradicional, maior eficiência do
transporte público, aumento de áreas verdes com a criação de parques, junto a equipamentos de esporte, lazer,
assistência social e cultura nas regiões periféricas da cidade.Esse programa é formado por quatro componentes
com ações previstas para um período de cinco anos, envolvendo intervenções nas diversas pastas da
administração municipal.” (CASCAVEL ,SEPLAN, PDI)
71
69
“ Art.3º Fica criado o CONCIDADE CASCAVEL – Conselho Municipal da Cidade, órgão colegiado,
deliberativo, fiscalizador, propositivo, orientador e consultivo, integrante da estrutura da Secretaria Municipal de
Planejamento e Urbanismo - SEPLAN, que tem por finalidade estudar e propor as diretrizes para a formulação e
implementação da Política de Desenvolvimento do Município, bem como acompanhar e avaliar a sua execução,
a partir da compreensão integradora dos fatores políticos, econômicos, financeiros, culturais, ambientais,
institucionais, sociais e territoriais, conforme diretrizes estabelecidas no Plano Diretor de Cascavel e Lei Federal
nº 10.257, de 10 de julho de 2001 – Estatuto da Cidade. (CASCAVEL, câmara de vereadores)
72
No que tange aos recursos humanos da Secretaria, fazem parte da equipe técnica
profissionais de diversas áreas do saber como arquitetos, engenheiros, advogado, topógrafos,
assistentes sociais, agente administrativos, contador, desenhista, motorista, técnicos,
estagiários entre outros. Em referencia a coordenação é composta por secretário,diretores e
coordenadores. (SEPLAN, 2013)
Esses profissionais desenvolvem suas funções orientados pelos aparatos legais que
também norteiam as atividades da secretaria, estes se delineiam pela Constituição Federal de
1988, Estatuto das Cidades e demais legislações especificas de cada área que permeia a
atuação da SEPLAN.
E um importante instrumento desenvolvido pela secretaria e preconizado nessas leis é
o Plano Diretor. O artigo 182 da constituição federal que trata da política urbana já prevê a
elaboração deste documento, já o Estatuto das Cidades de 2001 que regulamenta este artigo,
complementa que
Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana. § 1º O plano diretor é parte
integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as
diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades
nele contidas.§ 2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como
um todo.§ 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada
dez anos.§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:I – a
promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de
73
Sendo assim, com base nesses documentos e no cumprimento das normas por eles
preconizadas, a lei complementar n.º 28, de 02 de janeiro de 2006, altera o plano diretor de
Cascavel70 cumprindo a normativa de revisão a cada dez anos, visto que o mesmo foi
elaborado em 1996, e dá outras providencias. Apresenta a finalidade desse documento em seu
artigo quarto, assim disposto
70
“Com o intuito de prover o Desenvolvimento Ordenado e Sustentável, a Prefeitura Municipal de Cascavel, com
base no Estatuto da Cidade, promove a revisão do atual Plano Diretor (Lei Municipal nº 2.588/1996), que foi
aprovada até 2006 conforme estabelece a Lei Federal” (CASCAVEL, SEPLAN)
74
Da execução desses planos atualmente está sendo elaborado pela SEPLAN o plano
municipal de saneamento. Já a lei nº 6.062 de 2012, aprova o plano municipal viário e de
transportes de Cascavel. Em 2010 foi elaborado o Plano Municipal de Habitação, que resultou
no diagnostico habitacional do município de Cascavel. Este documento estabelece que
É com base no plano municipal de habitação e por meio de políticas que serão
implementadas no município ações que visem atender a demanda de habitação seja na
diminuição do déficit habitacional pela criação de novas unidades, ou no enfrentamento de
problemas já existentes como moradias irregulares, precária condições de habitabilidade
dentre outras situações.
75
Foi a partir de março de 2003 que o Serviço Social começou a atuar no setor de
Regularização Fundiária juntamente com uma equipe interdisciplinar constituída
pela SEPLAN. Segundo informações da primeira assistente social a atuar nesta
Secretaria, a contratação de um profissional de Serviço Social se deu a partir da
criação de uma equipe multiprofissional para a elaboração do Plano Diretor previsto
no Estatuto das Cidades. A função exercida pela profissional foi de contribuir para a
efetivação da participação popular através da mobilização de comunidade
juntamente com outros profissionais, visando a concretização do Plano Diretor para
o município de Cascavel [...] (FREITAS PEREIRA, 2010, p.54).
Sendo assim nesse período a atribuição do serviço social na SEPLAN era relacionado
a participação popular e mobilização de comunidade. A necessidade da participação popular
está prevista no artigo 43 do Estatuto das Cidades, é uma característica da gestão democrática
aplicada por este documento, consubstanciada pela necessidade de transparência 71 nas
atividades públicas, bem como o envolvimento da população no planejamento das políticas. O
Estatuto prevê que
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre
outros, os seguintes instrumentos: I – órgãos colegiados de política urbana, nos
níveis nacional, estadual e municipal; II – debates, audiências e consultas públicas;
III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e
municipal; IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos
de desenvolvimento urbano; V – (VETADO) (BRASIL, 2001, s/p)
71
“A lei complementar 101 de 4 de maio de 200 trata das normas das finanças públicas, e aborda a transparência
como característica da gestão, expressa dessa forma [...]§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a
ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a
limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de
garantia e inscrição em Restos a Pagar ( lei 101,2000, p.1)”
76
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua
capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e
capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no
cotidiano. Enfim ser um profissional propositivo e não só executivo. (IAMAMOTO,
2012, p.20, grifo do autor)
72
“O Código de Ética nos indica um rumo ético-politico, um horizonte para o exercício profissional. O desafio é
a materialização dos princípios éticos na cotidianidade do trabalho, evitando que se transformem em indicativos
abstratos, descolados do processo social. Afirma como valor ético central, o compromisso com a nossa parceira
inseparável, a liberdade. Implica a autonomia, emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais, o que tem
repercussões efetivas nas formas de realização do trabalho profissional e nos rumos a ele impressos”
(IAMAMOTO, 2012, p.77, grifo do autor).
77
É por meio desses programas e projetos que o serviço social busca mediar o acesso
dos usuários ao direito a habitação e a propriedade, bem como fazer uso das atribuições da
profissão em consonância com as necessidades e demandas do campo de trabalho. No que
tange aos programas a lei 11.977 que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida e
Regularização Fundiária, em seu capitulo terceiro considera que a
Art. 1º O Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV tem por finalidade criar
mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou
requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para
famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinquenta
reais) e compreende os seguintes subprogramas: I - o Programa Nacional de
Habitação Urbana - PNHU; e II - o Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR.
(BRASIL, lei 11.977)
O Programa Minha Casa Minha Vida foi desenvolvido pelo governo federal em 2009,
tem por objetivo: “promover a produção ou aquisição de novas unidades habitacionais, ou a
requalificação de imóveis urbanos, para famílias com renda mensal de até R$ 5.000,00.”
(Ministério das cidades).
Os recursos para financiamento do programa são provenientes do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) para famílias com renda até 5.000,00 mil reais, pelo Fundo de
Arrendamento Residencial - FAR e Fundo de Desenvolvimento Social - FDS para famílias
78
com renda até 1.600,00 reais e oferta pública de recursos para municípios com até cinquenta
mil habitantes (Ministério das cidades).
Estes programas são competências dos assistentes sociais na SEPLAN, mas também
faz parte das atribuições do serviço social: atendimento de famílias inscritas no Programa
Minha Casa, Minha Vida, bem como o processo de seleção das famílias para os
empreendimentos habitacionais; Projeto Técnico Social; oficinas socioeducativas dos
empreendimentos habitacionais e da regularização fundiária; levantamento de dados em
campo para dar subsídio aos processos de Regularização Fundiária; cadastramento das
famílias que estão em áreas irregulares; elaboração de relatórios, pareceres, projetos
diagnósticos; participação no planejamento das políticas, planos, projetos, mobilização e
participação popular, trabalho multidisciplinar e intersetorial por meio de atividades com
demais técnicos (engenheiros, arquitetos, advogados, topógrafos), também desenvolve ações
de intersetorialidade com demais secretarias dentre outras funções.
É necessário considerar que a gestão e o planejamento fazem parte do processo de
trabalho como um todo, visto que o mesmo se consubstancia nas mais diversas atividades
bem como é necessário em qualquer intervenção profissional. Também é importante
considerar que sendo este campo de trabalho em uma secretaria de Planejamento e Urbanismo
os profissionais farão uso da ferramenta planejamento, diagnóstico de forma rotineira e
fundamental para o processo da elaboração do planejamento urbano e no que cabe a nossa
profissão do planejamento social.
Para tanto é necessária a utilização de instrumentais. Esses instrumentais
proporcionam uma contribuição mais efetiva na mediação dos direitos ou nas palavras de
Toniolo (2008, p.123) “[...] no momento da execução da ação profissional, o Assistente Social
constrói suas metodologias de ação, utilizando-se de instrumentos e técnicas de intervenção
social”. Portanto ainda nas palavras do autor
73
“A entrevista nada mais é do que um diálogo, um processo de comunicação direta entre o Assistente Social e
um usuário (entrevista individual), ou mais de um (entrevista grupal). Contudo, o que diferencia a entrevista de
um diálogo comum é o fato de existir um entrevistador e um entrevistado, isto é, o Assistente Social ocupa um
papel diferente – e, sob determinado ponto de vista, desigual – do papel do usuário. (TONIOLO, 2008, p.126)
74
“Trata-se de um instrumento que tem como principal objetivo conhecer as condições e modos de vida da
população usuária em sua realidade cotidiana, ou seja, no local onde ela estabelece suas relações do dia a dia: em
seu domicílio” (TONIOLO, 2008, p.128).
75
“ Trabalhar em projetos comunitários na perspectiva ético-política defendida pelo Serviço Social,hoje, significa
criar estratégias para mobilizar e envolver os membros de uma população situada historicamente no tempo e no
espaço nas decisões das ações que serão desenvolvidas, uma vez que são eles o público-alvo do trabalho do
Assistente Social. Assim, trata-se de um processo de mobilização comunitária” (TONIOLO, 2008, p.126).
80
O trabalho em questão, construiu-se por meio de uma metodologia 76, cabe salientar
que o objeto desta pesquisa está relacionada a gestão das políticas de habitação e urbanismo,
com foco na relevância da atuação do serviço social na Secretaria de Planejamento e
Urbanismo de Cascavel utilizando a gestão e o planejamento como ferramenta primordial do
exercício profissional.
Com relação a pesquisa Gil menciona que:
76
“Entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a pratica exercida na abordagem da realidade. Ou
seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de
operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador(sua experiência, sua capacidade
pessoal e sua sensibilidade)[...]” (MINAYO, 2010 p.14).
81
Deste método é possível uma compreensão da totalidade, com base na analise das
relações sociais juntamente com outros determinantes. Este método fundamenta a direção da
construção do trabalho e norteia a pesquisa como um todo.
Gil (2007) apresenta que as pesquisas são subdividas em três grupos: pesquisas
exploratórias, descritivas e explicativas. Nos dizeres do autor as “pesquisas exploratórias são
desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, do tipo aproximativo, acerca de
determinado fato [...]” (GIL, 2007, p.43)
Para essa compreensão, faz parte do trabalho a pesquisa bibliográfica e um
instrumental para coleta de dados que se desenha pela entrevista, a utilização de ambos juntos
é condizente com os aspectos da pesquisa exploratória pois “[...] habitualmente envolvem
levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de casos
[...]”(GIL, 2007, p.43).
A primeira se deu com base na leitura de livros, artigos, sites, cadernos, legislações e
outros, o que proporcionou uma melhor abordagem do assunto juntamente com a
fundamentação necessária para compreender o contexto da pesquisa.
Nesse sentido entende-se que a pesquisa bibliográfica é parte fundamental da
elaboração da pesquisa, pois de acordo com Gil (2007, p.65) “[...] é desenvolvida a partir de
material já elaborado, construído principalmente de livros e artigos científicos [...]” .
Com vistas a responder às indagações levantadas a forma de entrevista utilizada foi a
semi-estruturada, assim classificada por Minayo, essa forma de entrevista “combina perguntas
77
“Pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método cientifico como o
conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento(GIL, 2007, p.27)”
82
78
“A entrevista como fonte de informação pode nos fornecer dados secundários e primários de duas naturezas:
(a) os primeiros dizem respeito a fatos que o pesquisador poderia conseguir por meio de outras fontes como
censos, estatísticas, registros civis, documentos, atestados de óbitos e outros; (b) os segundos – que são objetos
principais da investigação qualitativa - referem-se a informações diretamente construídas no dialogo com o
individuo entrevistado e tratam da reflexão do próprio sujeito sobre a realidade que vivencia”(MINAYO, 2010,
p.65, grifo do autor).
83
Ou seja, não pretende mensurar dados quantitativos, mas sim o processo de gestão das
políticas urbana e de habitação pelo serviço social no campo de trabalho da SEPLAN, com
base em uma análise qualitativa das entrevistas realizadas.
Contudo a construção do trabalho e desenvolvimento da pesquisa tem a pretensão de
nortear uma melhor compreensão acerca das indagações levantadas, pautado em uma conduta
ética no que se refere ao processo de desenvolvimento do trabalho bem como das pessoas que
fizeram parte do desenvolvimento deste, respeitando de forma integra as opiniões.
Nesta entrevista buscou-se verificar junto ao profissional entrevistado que faz parte da
gestão, exercendo o cargo de diretor na divisão de planos, programas e projetos, a partir de
sua visão a importância da atuação do profissional de serviço social no processo de
planejamento da política urbana e de habitação, a participação e envolvimento deste
profissional, o perfil do gestor seja ele assistente social ou não e o assistente social como
gestor, conforme exposto abaixo.
Estatuto das Cidades, para as cidades que tem a necessidade do Plano Diretor como explica o
entrevistado 1:
Desde que foi aprovado o Estatuto das Cidades, o Estatuto já prevê que toda a
formulação do Plano Diretor nas cidades de mais de 20 mil habitantes ou revisão do
Plano Diretor ele deve ser multidisciplinar, então deve ter participação de vários
profissionais, não só de engenharia e a arquitetura como se tinha antigamente, mas
deveria ter de direito, de pedagogia, de serviço social, administração, economista.
Então a partir desse momento os municípios começaram a se preocupar mais com
essa questão da participação do profissional do serviço social dentro do
planejamento urbano [...] (ENTREVISTADO 1, 2013).
[...] Então nos começamos aqui em Cascavel primeiramente com o Plano Diretor
com a participação do profissional e depois nas outras políticas, então a partir do
Plano Diretor foi determinado que deveríamos ter plano saneamento ambiental, o
plano de acessibilidade, plano de habitação e todos esse planos e ou programas que
foram criados a partir Plano Diretor é importante ter a participação do
profissional do serviço social porque é, ele vai fazer todo aquele trabalho primeiro
de aproximação dos técnicos com a população, com os segmentos sociais, com as
ONGS, fazendo as reuniões, tem que fazer reuniões nos bairros né para
acompanhamento dessas leis, então todo esse trabalho de chegar ao bairro, de
conversar com o presidente do bairro, de reunir as pessoas, de fazer a reunião, de
conduzir a reunião, e nos orientam numa forma correta de um técnico de engenharia,
de arquitetura por exemplo falar pra população de uma linguagem que ela possa
entender aquilo que pra nós, pra profissional de engenharia seria uma linguagem
técnica que nós entendemos, mas o leigo lá fora ele não compreende essa
linguagem. Então ela faz é importante porque ele faz essa ligação [...]
(ENTREVISTADO 1, 2013).
o contato com os representantes locais, que irá participar das reuniões e das atividades de
acompanhamento dos planos e leis que a secretaria desenvolve. Outro quesito considerado
pelo entrevistado que permeia a participação social se refere a questão da linguagem 79 técnica
usual entre os profissionais ocasionando da necessidade de ser repassada de forma clara a
população, o que enseja na contribuição do assistente social.
Ainda com relação a participação Bravo expõe que
79
“Considera-se que a linguagem é o instrumento numero um de todos os profissionais que atuam nas áreas de
ciências humanas e sociais. Ela é, na verdade, o mais importante elo do processo comunicativo que se dá nas
interações socioprofissionais. Ressalte-se, ainda, o quanto a linguagem reflete as contradições inerentes as
relações da sociedade. Por meio dela, o profissional pode reforçar antagonismos ou possibilitar caminhos para a
liberdade e autonomia” (MAGALHÃES, 2011, p.30)
80
“O controle social enquanto direito conquistado pela Constituição Federal de 1988, mais precisamente do
princípio “participação popular”, pretende ampliar a democracia representativa para a democracia participativa,
de base. Estão previstas duas instâncias de participação nas políticas sociais: os conselhos e as conferências”
(BRAVO, 2009,p.395)
86
um planejamento urbano, então se nós vamos fazer, por exemplo, uma construção de
uma grande via, como nós estamos fazendo um projeto hoje do BID, do corredor e
ônibus na Avenida Brasil, Tancredo Neves e Barrão do Rio Branco é importante a
gente saber qual vai ser a recepção da população, qual vai ser o benefício da
população com esse empreendimento. Então nós vamos construir uma escola em um
determinado bairro e o Plano Diretor determina que tem que ser feito um estudo
multidisciplinar pra ver qual é a real necessidade da construção daquela escola, se
aquele bairro é realmente o que mais necessita e o profissional ele vai nos auxiliar
nisso, ele tem que saber da população qual é a necessidade [...](ENTREVISTADO
1, 2013).
Essa participação se dá com base na visão social como citou o entrevistado, nesse
sentido é a exposição da visão da totalidade com o intuito que os demais técnicos
compreendam a dinâmica social da população e busquem atender o que aquela localidade
realmente necessita. Essa compreensão faz parte da atuação do assistente social e pode ser
levantada com base em um diagnostico, observação e outros instrumentais utilizados pelos
assistentes sociais.
Com relação as demanda e necessidades o entrevistado 1 expõe que
[...] então o profissional do serviço social ele tem esse contato com a
comunidade que vai nos repassar quais são as necessidades, os anseios para que
nós possamos entender melhor também o que a população espera. Então
antigamente antes desse Estatuto das Cidades, nós aqui da engenharia e da
arquitetura faríamos um grande projeto urbanístico mostraríamos ao Prefeito, o
Prefeito iria gostar do projeto ou não e nos iríamos implantar, e nós não
consultamos, não consultávamos a população, então a partir do momento que nós
inserimos o profissional do serviço social ele começou a nos trazer aquilo da
visão dele, aquilo que a população necessita e não aquilo que nós imaginamos
que é o melhor. Então quando se faz um projeto de qualquer tipo de intervenção
urbana é sempre importante ouvir essa opinião do que a população espera se é
realmente aquilo que ela quer (ENTREVISTADO 1, 2013).
população pode expressar sua opinião o que facilita no planejamento de políticas e projetos
pois passa-se a atender as verdadeiras necessidades. Com a possibilidade de apresentar as
demandas e necessidades o profissional é capaz de formular políticas.
[...] eles estão mais concentrados nesses setores por que é um setor que tem uma
demanda grande desse trabalho deles, mas isso não impede de que eles sejam
chamados pra desenvolver os planos que a prefeitura ou a Secretaria de
Planejamento desenvolve na questão urbanística. (ENTREVISTADO 1, 2013).
Assim o profissional trabalha com os programas porém não deixa de fazer parte da
equipe que elabora, participa dos planos que permeiam a secretaria. Cabe lembrar que esses
programas fazem parte da intervenção profissional cotidiana e além desses os profissionais
também contribuem em outras demandas que se apresentam.
Outro tópico em referencia na entrevista é com relação ao perfil de gestor das políticas
e se o serviço social está preparado para atuar junto a administração pública na gestão e
planejamento urbano, dessa forma o entrevistado 1 comenta que:
[...] eu diria assim, que um perfil do profissional que atua hoje na gestão é saber
ouvir, é saber da necessidade dos outros, é tentar da minha parte como engenheiro
tentar desenvolver um projeto ou um programa ou uma lei que beneficie a população
como um todo de uma forma geral, não só uma classe ou nós, ou só outra, mas que
venha a beneficiar a todos. Então por isso que quando a gente desenvolve qualquer
88
projeto aqui, a gente faz audiência publica, vai aos bairros e conversa, pergunta pra
população o que eles acham, eles dão ideias, nos trazemos as ideias pra cá, tentamos
colocar as ideias deles nesse programas, pra que saia um projeto que contemple a
necessidade de todos(ENTREVISTADO 1, 2013).
Podemos visualizar na fala mais uma vez a compreensão da participação popular como
um imperativo da gestão, considerando que a mesma possibilita a compreensão dos gestores
com relação a realidade social com vistas a atender a demanda de forma plena, bem como é
necessário a outra parte ou seja, os profissionais também devem estar capacitados para atuar
junto a essas expressões.
O entrevistado destaca a habilidade de comunicação e expressão como principal ora
vista a necessidade maior da interação do profissional com a comunidade, em seu local de
existência.
4. O profissional de Serviço Social está preparado para atuar junto à administração pública,
na gestão e planejamento urbano? Qual o perfil hoje para ser gestor?
[...] da mesma forma que nós temos que saber ouvir a população pra poder fazer
uma política publica adequada eu acredito que um dos perfis do profissional de
serviço social seria é tentar entender a diversidade que tem de profissões, que dentro
de um plano diretor nos trabalhamos com a cidade como um todo, então ele não vai
trabalhar só com pessoa pobre, ou a necessitada, ou a de risco, ele vai trabalhar com
toda a população, tanto com pessoas de classe A,B,C todas as classes e integrado,
então acredito que um perfil adequado seria aquela pessoa que saiba trabalhar, ouvir
também, ouvir a opinião dos outros né, mesmo sendo assuntos técnicos que talvez
não tenha conhecimento, mas ouvi e trabalhar integrado, saber trabalha com
integração, integrando todas as profissões ou as opiniões e tentando trazer, fazer
com que os projetos desenvolvidos possam atender a necessidade do social, como
que é o trabalho desse profissional (ENTREVISTADO 1, 2013).
Nas duas falas consta em especifico a questão de saber ouvir, cabe salientar que a
escuta qualificada é uma das técnicas empregadas pelo serviço social em sua intervenção
profissional. O Entrevistado 1 destaca como importante pois é uma forma de conhecer as
necessidades e diferenças existentes na sociedade e nos espaços ocupacionais.
Nesse sentido em relação ao serviço social o mesmo aponta que com a diversidade de
público com o qual os profissionais irão atuar, parte-se do pressuposto de que ouvindo e
conhecendo as necessidades a atuação e intervenção seja ela do poder público ou do serviço
social será mais objetiva e eficaz.
89
No que tange as entrevistas dos profissionais assistentes sociais foi abordado o papel e
atribuição do serviço social na SEPLAN, a contribuição e participação no processo de gestão
e planejamento, como se dá o processo de planejamento em si e a pratica do planejamento. No
total foram três entrevistados sendo que um desses profissionais faz parte da gestão do setor
onde o serviço social está inserido.
Mobilizaçãode
comunidade/Participação
Popular
Projetos/Programas
7%
22%
15% Planos
4%
Planejamento
11%
26%
15% Gestão
Formulação/execução de
politicas
Humanização
desta forma participar mais efetivamente da gestão das políticas no que se refere a suas
competências.
O planejamento de acordo com os entrevistados perfaz um total de 15% da
intervenção profissional. Dentre as atribuições também consta a participação na formulação e
execução de políticas com 15%. Entretanto cabe lembrar que todos os objetos de trabalhos
citados fazem parte das atribuições e competências dos assistentes sociais e todos tem
interface entre si e se complementam na intervenção profissional, é certo que os profissionais
também desempenham outras atividades.
Com relação aos assistentes sociais é possível observar as seguintes falas
É claro nessas falas a presença dos planos, planejamento das políticas e os programas
bem como a participação e mobilização popular como atribuições dos assistentes sociais na
SEPLAN. O serviço social está inserido na secretaria dentro da divisão dos planos, programas
92
e projetos, o setor no qual esses profissionais fazem parte tem predominância na intervenção
do direito a propriedade e habitação, como salientaram os entrevistados.
Contudo observa-se na fala dos mesmos a abordagem quanto a questão do
planejamento da cidade pela política urbana lembrando que o objetivo da mesma é o pleno
desenvolvimento da cidade. Portanto os profissionais inseridos em campo de planejamento
urbano participam do processo de planejamento da cidade juntamente com os profissionais de
engenharia e arquitetura.
Apesar de ter iniciado com o plano diretor é perceptível o crescimento desta profissão
na secretaria, pois atualmente a SEPLAN conta em seu quadro com três assistentes sociais e
um setor para compor esses profissionais, conforme o gráfico abaixo
Neste gráfico visualiza-se como está a composição do setor em que o serviço social
está inserido, demonstrando claramente a evolução e crescimento desta profissão na SEPLAN
que inicialmente contava com um profissional e atualmente além de três também faz parte do
quadro estagiários de serviço social.
Outra questão que também evoluiu foi do objeto de trabalho, pois além da mobilização
de comunidade e participação popular o profissional também passou a ser executor de
programas para viabilizar o direito a habitação e propriedade bem como continua a participar
dos planos que são elaborados pela secretaria. Conforme explanado pelo entrevisto 2 já se
93
visualiza pelos profissionais uma mudança com relação a visão dos engenheiros e arquitetos
em relação a alguns aspectos que devem ser considerados no planejamento dos projetos,
programas e que isso se dá em virtude da contribuição e participação do serviço social.
O planejamento pode se dar de diversas formas, bem como possui um processo em sua
trajetória que perpassa pela fase da reflexão até a retomada da reflexão como expôs Batista
(2010).
O planejamento é uma das atribuições do serviço social e para tanto os profissionais
podem fazer uso de diversas formas e em variados momentos. Para entender melhor como se
dá esse processo na SEPLAN, foi abordado na entrevista, como os profissionais utilizam o
processo de planejamento, resultante nas subsequentes colocações
O serviço social ele veio pra secretaria pra contribuir no processo de planejamento,
então ele veio na época com o plano diretor, foi um exigência do Ministério das
Cidades, Estatuto das Cidades que deveria ter esse corpo técnico e evidente que o
trabalho foi sendo reconhecido e teve mais demanda, então hoje como que ele
participa, o serviço social quando ele foi à regularização fundiária, quando ele foi
convidado pra vir para esse setor pra faze a gestão ele teve que planeja, como
funcionar esse setor, o que precisaria, que equipe, como você levar esse
conhecimento, por que foi um desafio [...], então os primeiros procedimentos o
serviço social dependia assim, indicava um profissional de outro setor, outro de
outro então a coisa ficava meio que desfragmentada mas conseguia-se, então nos
pegamos o desafio de um empreendimento pra gente assim planejar, em cima desse
a gente criou toda uma metodologia, e essa metodologia tudo que foi acontecendo
nesse primeiro foi dando experiência com que a gente conseguisse ir tornando esse
trabalho mais efetivo de uma forma planejada e eles foram vendo a necessidade e a
gente foi ampliando a equipe, nos hoje temos um arquiteto dentro do setor exclusivo
e isso facilita o trabalho. Então daí assim, hoje não tem como, o arquiteto não
consegue fazer sem o serviço social e o serviço social não trabalha sem o arquiteto e
sem o jurídico, então é o serviço social ele contribui nessa forma por que é um
trabalho que um engenheiro, ou um arquiteto é diferenciado esse trabalho né, então
o serviço social ele contribui de forma significativa então ele tem que planejar,
quando veio o Programa Minha Casa Minha Vida, por que o serviço social hoje na
SEPLAN ele faz parte do setor de Planos Programas e Projetos então quando vem
um programa quem que vai tocar o programa, ainda mais se é de interesse social,
então é o serviço social[...] (ENTREVISTADO 2, 2013)
[...] toda ação que nos desenvolvemos aqui principalmente é, a de regularização
fundiária foi planejado né em alguma situação, como foi o plano de habitação, o
Plano Municipal de Habitação que dentro dele tem todas as metas a serem
alcançadas, o que deve ser feito no que se refere a regularização fundiária do
município, né as áreas a serem regularizadas, então o planejamento ele é feito dentro
da secretaria dessa maneira a gente segue os planos municipais né, elabora ou segue,
executa eles né [...](ENTREVISTADO 3, 2013)
Utiliza o processo de planejamento em todas as ações, então no cotidiano
profissional né são varias as situações que a gente se depara e que exige esse
planejamento, desde uma simples ligação, o planejamento de uma visita domiciliar
né, então o planejamento é utilizado em todas as ações, não tem como você intervir
sem primeiro realizar esse planejamento (ENTREVISTADO 4, 2013).
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[...] a gente vê assim o planejamento ele vem soma com que a gente consiga fazer
uma ação organizada, que você consiga pegar uma teoria, você tem que trazer essa
teoria pro planejamento a nossa teoria de serviço social, do planejamento social mas
você tem que entrar no outro planejamento, então você tem que trazer, trazer ela pra
realidade local, você tem que fazer um planejamento dentro dos teus recursos, por
que a gente tem que lembrar também nos temos limitações de recursos [...]então
você tem que pensar em todas essas estratégias e você tem que otimizar as questões
também por que o serviço social ele tem que planejar e não pode ser moroso, então
você não pode ficar assim planejando uma ação seis meses por que as vezes você
tem uma ação que tem que acontecer em uma semana pois a demanda vem muito
rápido, então você tem que nesse prazo, você tem que fazer o planejamento, tem
que buscar as ferramentas pra com que, que essa ação aconteça dentro do prazo,
aconteça a contento e alcance seus objetivos (ENTREVISTADO 2, 2013)
Em que consiste a pratica de planejamento, planejar é você pensa as ações né, você
ter, consegui te uma visão do que você, a partir do que você precisa do seu objetivo,
traçar metas pra você alcançá-las depois você avaliar se elas foram alcançadas ou
não, então o planejamento consiste nisso, pra mim o nosso trabalho é praticamente
inviável sem o planejamento [...](ENTREVISTADO 3, 2013)
Bom, eu acho que o planejamento é essencial né, o planejamento ele é o principio de
qualquer intervenção profissional então cada ação, cada intervenção é necessário
primeiramente avaliar a realidade social né e através do planejamento atender a
demanda né, intervir na realidade. (ENTREVISTADO 4, 2013).
[...] O processo de descentralização das políticas sociais públicas, com ênfase na sua
municipalização, requer dos assistentes sociais – como de outros profissionais –
novas funções e competências. Os assistentes sociais estão sendo chamados a atuar
na esfera da formulação e avaliação de políticas e do planejamento, gestão e
monitoramento, inscritos em equipes multiprofissionais. Ampliam seu espaço
ocupacional para atividades relacionadas ao controle social à implantação e
orientação de conselhos de políticas públicas, à capacitação de conselheiros, à
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81
“Tais inserções são acompanhadas de novas exigências de qualificação, tais como: o domínio de
conhecimentos para realizar diagnósticos socioeconômicos de municípios, para a leitura e análise dos
orçamentos públicos, identificando seus alvos e compromissos, assim como os recursos disponíveis para
projetar ações; o domínio do processo de planejamento; a competência no gerenciamento e avaliação de
programas e projetos sociais; a capacidade de negociação, o conhecimento e o know-how na área de recursos
humanos e relações no trabalho, entre outros. Somam-se possibilidades de trabalho nos níveis de assessoria e
consultoria para profissionais mais experientes e altamente qualificados em determinadas áreas de
especialização. Registram-se, ainda, requisições no campo da pesquisa, de estudos e planejamento, entre
inúmeras outras funções” (IAMAMOTO, 2009, p.31)
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Com relação a visão deste no que tange a contribuição do serviço social para o
planejamento urbano o entrevistado 5 considerou que
[...] eu vejo assim dessa questão de planejamento urbano tem as duas vertentes no
caso especifico da Regularização Fundiária na qual eu trabalho ou no planejamento
geral né, no caso especifico da Regularização Fundiária é essa ponte de ligação entre
o desenvolvimento técnico do projeto e a necessidade real das pessoas [...] agora
quanto ao planejamento de modo geral dentro da SEPLAN e planejamento urbano
da cidade, de construção, então ajuda mais na mobilização popular dessas
reivindicações, de ações, como demanda mesmo pro planejamento e a efetivação
dos projetos nessas pós-ocupação, nesses dois sentidos (ENTREVISTADO 5, 2013)
Já outro bloco, as entrevistas foram realizadas junto as estagiárias que fazem parte
deste setor, e buscou-se objetivamente analisar a compreensão destas com relação ao
planejamento, gestão e serviço social ainda na condição de acadêmicas, neste bloco a
entrevista foi realizada com duas pessoas.
É necessário sim, pois tem muitos projetos que somente a assistente social pode
planejar e executar na nossa área ( ENTREVISTADO 6, 2013)
Sim, pois a mesma vem ao encontro com uma das realidades sociais da atualidade,
certamente que o ato de planejar possibilita um melhor condicionamento a toda
demanda usuária do serviço social, bem como, fortalecendo ainda mais a atuação
deste profissional dentro do setor de planejamento urbano, o qual visa o
planejamento da cidade (ENTREVISTADO 7, 2013)
2. O curso de Serviço social auxilia, para exercer suas atividades nesta área?
Auxilia, pois o profissional tem que estar capacitado para atuar em qualquer área
(ENTREVISTADO 6, 2013)
Sim, o mesmo fornece embasamento teórico metodológico, postura critica e alicerce
no código de ética da categoria, sobre a perspectiva do respeito da liberdade
incondicional do cidadão, da luta pelo direito e uma sociedade mais justa e
igualitária, visando e buscando sempre romper com as desigualdades impostas pelo
capital (ENTREVISTADO 7, 2013)
Prima-se então pela compreensão de que o planejamento deve e fará parte da atuação
profissional visto que o mesmo já faz parte enquanto acadêmicos, além do que como
lembrado pelo entrevistado 7 o curso fornece subsídios para a atuação profissional com base
nos alicerces do código de ética e da lei que regulamenta a profissão, bem como cabe ao
profissional complementar seu aporte teórico com vistas a auxiliar em seu processo de
trabalho.
3. Quais são as principais temáticas desenvolvidas na gestão das políticas urbanas, em que o
serviço social atua?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O serviço social se inscreve como profissão a qual tem seu objeto de trabalho em
varias facetas da questão social. Nessa dinâmica a intervenção se dará de formas distintas bem
como em campos de trabalhos diversos é nesse contexto que se desdobrou a necessidade de
compreender como os profissionais fazem uso da gestão e do planejamento como ferramentas
do exercício profissional bem como demonstrar a importância da atuação destes em campo de
planejamento e em especifico na SEPLAN.
Os direitos se apresentam como respostas de trabalho dos assistentes sociais frente a
questão social e se definem em direitos civis, políticos e sociais compreender essa
importância nos remete a conhecer de forma ampla as respostas possíveis as questões
amplamente difundidas na sociedade capitalista.
Outra questão importante é de que forma esses direitos serão viabilizados e conforme
demonstramos é nesse ínterim que existe a importância de documentos legais que preconizem
os direitos de forma integra. Desses documentos salientamos a Declaração Universal dos
direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988 que foi decorrente de um novo processo
da democracia e dos direitos no país com o fim da ditadura militar.
Esse processos tem sua interferência também na estruturação do Estado pois a
administração pública passou por alterações junto com a constituição e também pela reforma
do estado. É importante conhecer como se dá a estruturação do Estado e como se aplica a
organização e administração neste visto que o mesmo se apresenta como um dos principais
campos de atuação profissional.
Nesses campos a intervenção se desenvolve por meio de políticas, programas, projetos
e outras formas, daí a importância do assistente social estar capacitado para intervir na
realidade e nas diferentes demandas. Contudo além das políticas serem uma forma de
intervenção os profissionais não são mais meramente executivos das mesmas e possuem
capacidade e necessidade de atuação em campos de planejamento, formulação, avaliação e
gestão dessas políticas programas e projetos.
Para tanto é necessário o aprimoramento profissional e conhecimento da realidade e
das demandas bem como das técnicas empregadas. E é nesse sentido que se emprega o objeto
desta pesquisa visto que conhecer a atuação do profissional de serviço social na SEPLAN é
uma forma de apresentar a atuação de trabalho em diferentes esferas.
As principais políticas que permeiam a secretaria e em consequência a intervenção
profissional se dão pela política urbana e de habitação, e é nesse contexto da administração
pública utilizando-se de seus instrumentais que os assistentes sociais fazem uso do processo
de planejamento bem como participam da gestão dessas políticas.
103
REFERÊNCIAS
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105
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VIEIRA, Evaldo. Os direitos e a política social. 5ªed. São Paulo: Cortez, 2007.
APÊNDICES
Roteiro de Perguntas
BLOCO A
Entrevista com os gestores da Política de Planejamento Urbano
DIRETOR
1. Qual a importância da atuação do profissional de serviço social no processo de
planejamento da política Urbana?
2. O Profissional de Serviço Social participa do processo de planejamento,
formulação de políticas, temas que a Secretaria desenvolve?
3. Qual é o perfil necessário para o exercício no papel de gestor de políticas?
4. O profissional de Serviço Social está preparado para atuar junto a administração
pública, na gestão e planejamento urbano? Qual o perfil hoje para ser gestor?
BLOCO B
Entrevista com os profissionais assistente sociais da Secretaria de Planejamento
Urbanismo
PROFISSIONAIS
1. Qual o papel, atribuições do profissional de serviço social na SEPLAN?
2. O Serviço Social, contribui, participa do processo de gestão, planejamento e
formulação de políticas urbanas?
3. Como o profissional utiliza o processo de planejamento no exercício de suas
atribuições e/ou na SEPLAN?
4. Em que consiste a pratica do planejamento na visão do profissional de serviço
social?
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BLOCO C
Entrevista com profissionais de outras áreas, a questão da interdisciplinaridade e o
Serviço social.
ARQUITETA
1. Qual a importância do serviço social na SEPLAN?
2. No trabalho interdisciplinar, qual a contribuição do Serviço social para o
planejamento urbano?
3. E como se dá a relação de trabalho interdisciplinar?
BLOCO D
Entrevista com acadêmicos, estagiários de Serviço Social.
ESTAGIÁRIO
1. O serviço social é uma profissão necessária no planejamento urbano?
2. O curso de Serviço social auxilia, para exercer suas atividades nesta área?
3. Quais são as principais temáticas desenvolvidas na gestão das políticas urbanas, em
que o serviço social atua?
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APÊNDICE 2