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INSTITUTUO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ

MARTIN EULER TAVARES DA SILVA

A IMPORTANCIA DO USO DE MATERIAIS DIDATICOS EM SALA DE AULA

MACAPÁ
2018
Bréscia (2003) afirma que a música está presente em quase todas as manifestações
sociais e pessoais do indivíduo desde os tempos mais antigos. Antes mesmo do descobrimento
do fogo, o ser humano já se comunicava por meio de sinais e sons rítmicos.
Como a forma mais completa de manifestar as diversidades culturais, não somente do Brasil,
mas de todo o mundo, a música é a demonstração do sentimento, do prazer, do protesto, dos
rancores e também se estabelece em benefício para o bem-estar físico, mental e social.
Desenvolve o ritmo ordenado na criança, os movimentos sincronizados, a imitação, a
sensibilidade musical, a impostação da voz e a linguagem (BRESCIA, 2003, p. 52).
A música é uma linguagem universal, empregada para expressar,  comunicar sensações, 
pensamentos e  emoções. É por meio da música que se expressam aptidões, sentimentos e
disposições para uma aprendizagem significativa nas mais  diversas áreas do conhecimento.
De acordo com Gardner (apud VALLIN, 2012), a música, além de fazer parte do rol das
inteligências múltiplas, ainda desenvolve habilidades no educando que o ajudarão a conhecer
diversas culturas e a criar possibilidades de ação em busca de um mundo melhor.
Mateus (apud RAMIN, 2012) destaca a música como sendo o elemento facilitador para
a compreensão e aprendizagem do ser humano como elemento positivo no processo
ensino-aprendizagem. É o que reforçam os Parâmetros Curriculares Nacionais:
[...] que os alunos sejam capazes de:utilizar as diferentes linguagens  verbais, musical,
matemática, gráfica, plástica e corporal . como meio para produzir, expressar e comunicar suas
ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados,
atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação (BRASIL, 1998, p.7).
Para Silva (apud RAMIN, 2012), “A música desperta a atenção e estimula a confiança
do indivíduo em si mesmo; ela pode dar vigor, levantar ânimo, ou mesmo deprimir, dependendo
do estilo musical”.  O Autor relata ser difícil encontrar uma parte do corpo que não esteja sujeita
aos efeitos musicais, ao movimento corporal, à aquisição do conhecimento e que a mesma ajuda
a desenvolver  habilidades  culturais, motoras,  relacionamento pessoal, estimula a atenção e a
autoconfiança. 
Além desses processos, a música é importante para a contextualização, isto porque 
através da música se interage com as mais variadas  formas de expressões, ideias e valores de
uma determinada cultura. Na escola, a música pode acontecer por meio de atividades, mas é
mediante a musicalização que esta tem acontecido. Segundo Loureiro (2003, p. 27),
"musicalização é o processo de desenvolvimento da musicalidade".
Penna (1990, p. 22) usou como ponto de partida para discussão a seguinte afirmação:
“ato ou processo de musicalizar. Musicalizar(se): tornar(-se) sensível a música, de modo que,
internamente, a pessoa reaja, mova-se com ela”.
O processo de musicalização deve destinar-se a todos, buscando desenvolver esquemas
de apreensão da linguagem musical. Durante esse processo, adquire-se uma sensibilidade que é
construída num ambiente onde as potencialidades de cada indivíduo são trabalhadas e
preparadas de modo a compreender e reagir ao estímulo musical.
Musicalizar é, ainda, como salienta Penna (1990, p. 22), “desenvolver os instrumentos
de percepção necessários para que o indivíduo possa ser sensível a música, aprendê-la,
recebendo o material sonoro/musical como significativo”. 
Conforme afirma Penna (1990, p. 22), musicalização é um “processo bidirecional e
integrado entre homem e música”. Esse processo ocorre dentro e fora da escola. Por isto, émuito
importante levar em consideração as experiências que ocorrem no dia a dia nas situações
informais em que o ser humano está inserido.
A vivência musical promovida pela musicalização permite na criança o
desenvolvimento da capacidade de expressar-se de modo integrado, executando movimentos
corporais enquanto canta ou ouve uma música. O canto é usado como forma de expressão e não
como mero exercício musical.
O termo 'musicalização infantil' adquire então uma conotação específica,    
caracterizando o processo de educação musical por meio de um conjunto de         atividades
lúdicas, em que as noções básicas de ritmo, melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura
e escrita musicais são apresentadas à criança por meio de canções, jogos, pequenas danças,
exercícios de movimento, relaxamento e prática de pequenos conjuntos instrumentais. (BRITO,
1998 apud JOLY, 2003, p. 116).
Para Feres (1989 apud JOLY, 2003, p. 116), "dizer que uma pessoa é musicalizada
significa dizer que ela possui sensibilidade para os fenômenos musicais e sabe expressar-se por
meio da música, cantando, assobiando ou tocando um instrumento etc".
Portanto, não somente as crianças podem ser musicalizadas, mas qualquer indivíduo de qualquer
idade pode passar por esse processo de contato expressivo com a música, podendo ser em uma
banda ou num coral.
De acordo com Stefani (1997), deve-se estar atento, no entanto, para o fato de a
musicalização ser um processo constituído de elementos especificamente musicais. Um
professor que canta com seus alunos durante a entrada na sala de aula está oferecendo um tipo
de vivência, mas essa vivência não pode se limitar apenas a essa atividade. O professor bem
fundamentado usa esses momentos de vivência cotidiana na escola conectados a outros
momentos em que a criança tem a oportunidade de criar e/ou compreender conceitos musicais a
partir da vivência.
Na rotina da educação infantil, pode ser incluída a música cantada em vários momentos
do dia, como hora da chegada com cumprimento, chamando cada um pelo nome; hora do
lanche; hora da brincadeira; hora da história, sendo que esse não deve ser o único motivo para
que o trabalho com a música seja realizado.
Além de cantar, a criança tem interesse, também, em tocar pequenas linhas melódicas
nos instrumentos musicais, buscando entender sua construção. Torna-se  muito importante poder
reproduzir ou compor uma melodia, mesmo que usando apenas dois sons diferentes e percebe o
fato de que para cantar ou tocar uma melodia é preciso respeitar uma ordem, à semelhança do
que ocorre com a escrita das   palavras (BRASIL, 1998, p. 53).
Sempre que possível, deve-se realizar um momento de musicalizaçáo infantil, no qual o
educador se programa para fazer uma abordagem musical mais significativa, utilizando os
termos adequados para falar da música, dessa forma, desenvolvendo a inteligência musical da
criança numa linguagem apropriada à idade.
O desenvolvimento pleno das potencialidades inclui o despertar da capacidade  
auditiva. O ouvido sensível discrimina volume, intensidade e altura de sons, assim como a
pronúncia de sons articulados, o que é fundamental para a alfabetização... A frequência com
que a criança é levada a ouvir e apreciar músicas de boa qualidade é  responsável direta pelo
gosto pela música e, às vezes, pelo despertar de vocações (RIZZO, 1985, p. 242).
As crianças se relacionam de forma natural e intuitiva com a música, já que os sons e a
música como forma de comunicação que representam, são algumas das principais formas de
relacionamento humano. 
A música é importante coadjuvante no trabalho psicomotor, inglês, aprendizagem de
números, cores, etc [...] música vai ajudar a acalmar as crianças [...] música vai organizar as
crianças [...] música alegra as crianças [...] música é excelente marketing para a escola
(ARAUJO, 2001, p. 23).
Precisa-se entender que a educação musical não visa à formação do músico profissional.
O objetivo da música, entre outros, segundo Bréscia (2003, p. 181)  é auxiliar "no processo de
apropriação, transmissão e criação de práticas músico-culturais como parte da construção de sua
cidadania". 
O objetivo primordial da educação musical é promover o acesso à multiplicidade de
manifestações musicais da cultura do país, permitindo a concepção de manifestações musicais
de culturas mais distantes. 
Além disso, o trabalho com música envolve a construção de identidades culturais das
crianças, adolescentes e jovens e o desenvolvimento de habilidades interpessoais. Nesse sentido,
conforme afirma Bréscia (2003, p. 181), é importante que a educação musical escolar “[...]
tenha como propósito expandir o universo musical do aluno, isto é, proporcionar a vivência de
manifestações musicais de diversos grupos sociais e culturais e de diferentes gêneros musicais
dentro da nossa própria cultura”. 
De acordo com Brito (2003), aprender música significa ampliar a capacidade perceptiva,
expressiva e reflexiva com relação ao uso da linguagem musical, tão importante que no
processo de musicalização, a preocupação maior seja com o desenvolvimento geral da criança,
assegurado pelas aprendizagens de aptidões complementares àquelas diretamente relacionadas
às musicais. É importante também, segundo a autora, que a escolha de cada um dos
procedimentos musicais tenha por objetivo promover o desenvolvimento de outras capacidades
nas crianças, além das musicais, tais como: capacidade de integrar-se no grupo, de auto
afirmar-se, de cooperar, de respeitar os colegas e professores, de comportar-se de uma forma
tolerante (respeitar opiniões e propostas dos que pensam diferente dela), de ser solidário e
cooperativo em vez de competitivo, de ouvir com atenção, de interpretar e de fundamentar
propostas pessoais, de comportar-se comunicativamente no grupo, de expressar-se por meio do
próprio corpo, de transformar e descobrir formas próprias de expressão, de produzir ideias e
ações próprias. 
Joly (2003) enumera algumas razões importantes para justificar a inserção da música na
escola:O desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas o desenvolvimento    da
imaginação e do potencial criativo, um sentido histórico da nossa herança       cultural, meios de
transcender o universo musical de seu meio social e cultural, o desenvolvimento cognitivo,
afetivo e psicomotor, o desenvolvimento da comunicação não verbal. (JOLY, 2003, p. 117).
É importante destacar que a música deve estar presente na escola como um dos
elementos formadores do indivíduo. Para que isso aconteça, é imprescindível que o professor,
conforme explica Joly (2003, 118), "seja capaz dc observar as necessidades de seus alunos e
identificar, dentro de uma programação de atividades musicais, aquelas que realmente poderão
suprir as necessidades de formação desses alunos".
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,
1998), o trabalho com música deve organizar-se de forma que as crianças desenvolvam as
seguintes capacidades:
a) ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções
musicais;b) brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais; c) explorar e
identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu
conhecimento do mundo; d) perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por
meio de improvisações, composições e interpretações musicais.
Na educação infantil, as crianças começam a vivenciar ritmos, gestos, jogos motrizes
através de canções e danças. Os conteúdos são organizados em dois blocos, o fazer musical e a
apreciação musical que abarcarão, também, questões referentes à reflexão. O fazer musical,
segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998):
a) exploração e produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, o entorno e materiais
sonoros diversos;b) interpretação de músicas e canções diversas, participação em brincadeiras e
jogos cantados e rítmicos;c) reconhecimento e utilização expressiva, em contextos musicais das
diferentes características geradas pelo silêncio e pelos sons: altura (graves ou agudos), duração
(curtos ou longos), intensidade (fracos ou fortes) e timbre (característica que distingue e
personaliza cada som);d) participação em jogos e brincadeiras que envolvam a dança e/ou a
improvisação musical. 
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), a
apreciação musical refere-se à audição e à interação com músicas diversas:
a) escuta de obras musicais variadas;b) participação em situações que integrem músicas,
canções e movimentos corporais;c) escuta de obras musicais de diversos gêneros, estilos, épocas
e culturas, da produção musical brasileira e de outros povos e países;d) reconhecimento de
elementos musicais básicos: frases, partes, elementos que se repetem etc. (a forma);
e) dados sobre as obras ouvidas e seus compositores para começar seus conhecimentos sobre a
produção musical.
Na escola, a música pode acontecer por meio das inúmeras atividades, mas é mediante a
musicalização, ou seja, o processo de desenvolvimento da musicalidade, que esta tem
acontecido. Construir materiais sonoros com as crianças é uma experiência prazerosa, lúdica e
que traz muita aprendizagem. Tão importante quanto confeccionar instrumentos é poder fazer
música com eles.
Portanto, a música na educação infantil é importante em todas as áreas de
desenvolvimento e relaciona-se com outras atividades na rotina diária. Os conhecimentos
produzidos na rotina diária através da música são reelaborados pelas crianças em suas
vivências. Assim sendo, é fundamental conhecer, aproximar e identificar a importância da
educação musical, partindo das emoções e lógicas que guiam e constroem o envolvimento da
criança com a música. Ao mesmo tempo, a expressão musical pode representar uma importante
fonte de estímulos, na qual o professor pode refinar e despertar a sensibilidade da criança.

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