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Qualidade de vida
os problemas bucais são frequentemente minimizados no contexto de
outras doenças, principalmente quanto às consequências que tais problemas e
seus tratamentos acarretam, em termos de perda de dias de trabalho, faltas à
escola, transtorno para as atividades domésticas e custo econômico.
Mas, se saúde bucal é “uma dentição funcional e confortável que permite ao
indivíduo continuar em seu papel social”, para avaliar a saúde bucal são
necessários indicadores subjetivos, em complemento às medidas normativas
que consideram apenas o diagnóstico profissional, numa visão clínica. Tais
indicadores devem considerar a percepção do próprio indivíduo acerca de sua
saúde bucal, medindo o impacto dessa percepção em atividades diárias e no
desempenho social. (MESQUITA, VIEIRA, 2009).
Pessoas que avaliaram a própria saúde, bucal e geral, como “muito boa” ou
“boa”, registraram menor percepção do impacto da saúde bucal na qualidade
de vida, em todas as dimensões. As variáveis são, evidentemente,
inversamente associadas: quem diz ter boa saúde não percebe bem o impacto
da saúde na qualidade de vida e – ao contrário – quem diz ter pouca saúde é
porque percebe o impacto que isso tem em sua qualidade de vida (MESQUITA,
VIEIRA, 2009). Melhores condições econômicas, maior escolaridade, utilização
de serviços odontológicos pagos para prevenção ou rotina e uso regular de
instrumentos de higiene dental estão associadas a um menor impacto da saúde
bucal na qualidade de vida. (MESQUITA, VIEIRA, 2009)
Dados de estudos sobre o acesso:
Moreira et al.45 que, por sua vez, investigou a experiência vivida em função
das doenças bucais, no contexto da pobreza de uma comunidade de baixa
renda em Fortaleza, Ceará, por meio de entrevistas etnográficas. Os resultados
desse último estudo revelaram as precárias condições de vida – violências,
desemprego e exclusão social – foram barreiras que dificultaram priorizar a
atenção e o cuidado em saúde bucal, favorecendo a realização de extrações
dentárias como o caminho mais viável diante do difícil acesso e da
complexidade do contexto e condições de vida, sendo que o acesso ao dentista
foi percebido como um luxo e não um direito do cidadão à saúde bucal. O
estudo concluiu que, diante da complexidade estrutural das condições de vida,
é necessário aprofundar a compreensão dos DSS, reduzir injustiças no acesso
à atenção odontológica, remover estigmas e fortalecer a participação social.
(Moreira et al., 2007)
o estudo de Ferreira e coloboradores sobre as representações sociais do
cuidado à saúde bucal em uma população de baixa renda do Nordeste,
mostrando que a perda dentária denunciou a prática mutiladora imposta pelos
serviços de saúde, e a experiência de dor apontou a falta de acesso aos
serviços de saúde bucal, evidenciando-se a necessidade de reestruturação dos
serviços a partir da percepção da população em relação aos cuidados
relacionados à saúde bucal. Vale ressaltar que a redução das iniquidades em
saúde bucal não está relacionada somente ao maior acesso e utilização dos
serviços, torna-se necessário compreender a determinação social sobre o
processo saúde-doença bucal (Ferreira AA et al., 2006).
Referências usadas:
TRAVASSOS, Claudia; MARTINS, Mônica. Uma revisão sobre os conceitos de
acesso e utilização de serviços de saúde. Cadernos de Saúde Pública, v. 20,
p. S190-S198, 2004.
MESQUITA, Fabiana Andrade Botelho; VIEIRA, Sônia. Impacto da condição
autoavaliada de saúde bucal na qualidade de vida. RGO, v. 57, n. 4, p. 401-
406, 2009.
BARROS, Aluísio JD; BERTOLDI, Andréa D. Desigualdades na utilização e no
acesso a serviços odontológicos: uma avaliação em nível nacional. Ciência &
Saúde Coletiva, v. 7, p. 709-717, 2002. (BARROS, BERTOLDI. 2002)
Moreira TP, Nations MK, Alves MSCF. Dentes da desigualdade: marcas bucais
da experiência vivida na pobreza pela comunidade do Dendê, Fortaleza, Ceará,
Brasil. Cad Saúde Pública 2007;23:1383-92.
Ferreira AA; Piuvezam G, Werner CWA, Alves MSCF. A dor e a perda dentária:
representações sociais do cuidado à saúde bucal. Ciênc Saúde Coletiva
2006;11:211-8.
CARREIRO, Danilo Lima et al. Acesso aos serviços odontológicos e fatores
associados: estudo populacional domiciliar. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24,
p. 1021-1032, 2019.
5 Elma - Iniquidades (iniquidades raciais)
6 Rômulo - Educação e promoção da saúde bucal
90.