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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ADONAI BORTOLASO
ESTEVAN THOBER
GABRIEL CHIMINAZZO
GABRIELA FRAGA
RAFAELA SCHULLER
RENATA ENDRESS

PLANO DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA PARA ELABORAÇÃO


DO PROJETO DE ATERRO SOBRE SOLOS MOLES

São Leopoldo

2021
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ADONAI BORTOLASO
ESTEVAN THOBER
GABRIEL CHIMINAZZO
GABRIELA FRAGA
RAFAELA SCHULLER
RENATA ENDRESS

PLANO DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA PARA ELABORAÇÃO


DO PROJETO DE ATERRO SOBRE SOLOS MOLES

Trabalho apresentado para a disciplina


Mecânica dos Solos II, pelo Curso de
Engenharia Civil da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos – UNISINOS, ministrada pelo
professor Felipe Gobbi.

São Leopoldo

2021

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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4
2 EMPREENDIMENTO ....................................................................................................... 5
2.1 LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................. 5
2.2 DIMENSÕES DO TERRENO ....................................................................................... 6
2.3 RECONHECIMENTO DO RELEVO ............................................................................. 7
3 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA .................................................................................... 9
4 PROBLEMA EM ESTUDO ............................................................................................ 10
5 LEVANTAMENTO DE DADOS ..................................................................................... 10
5.1 DESCRIÇÃO GEOLÓGICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL .................... 10
5.2 DESCRIÇÃO GEOLÓGICA REGIONAL .................................................................... 12
5.3 DESCRIÇÃO DA ENTIDADE TECTÔNICA REGIONAL ........................................... 14
5.4 HIDROGRAFIA E HIDROGEOLOGIA........................................................................ 15
5.4.1 CONTEXTO DA HIDROGRAFIA REGIONAL ......................................................... 15
5.4.2 MAPA HIDROGEOLÓGICO .................................................................................... 17
5.5 GEOMORFOLOGIA .................................................................................................... 19
6 PARÂMETROS DE PROJETO ..................................................................................... 22
6.1 SPT (Standard Penetration Test) ............................................................................... 23
6.2 Ensaio de penetração de cone in situ (CPT/CPTU)................................................... 24
6.3 Ensaio de perda d’água sob pressão ......................................................................... 25
6.4 Sondagem rotativa ou mista ....................................................................................... 26
6.5 Sondagem a trado....................................................................................................... 26
7 PONTOS DE SONDAGEM............................................................................................ 27
8 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 29
9 REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 30

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1 INTRODUÇÃO

Os estudos geotécnicos objetivam a determinação de características e identificação


do solo, com intenção de obter informações suficientes para implantação de projeto
futuro.
O presente relatório tem como objetivo estudarmos o terreno cujo há um problema
previamente conhecido, na qual se estabelece a construção de um aterro sobre um
terreno de baixa resistência e com umidade bastante alta. Deve-se então, através deste,
apresentar uma solução para a construção de um aterro neste local, fundamentado nas
características estudadas, referente qualidade, tipo e resistência, e analisando os
possíveis problemas que esse solo pode proporcionar, será planejada a solução dos
procedimentos relacionados a área de geotecnia e como será feita essa rodovia.
Para fundamentar a questão geotécnica em estudo, foi realizada pesquisa de dados
geológico-geotécnicos existentes com base na localização da área. Na fase preliminar
os estudos geotécnicos consistem em estudar o subleito, através da execução do plano
de sondagem e sua realização, conforme instruções da norma DNER PRO 381/98 -
Projeto de Aterros sobre Solos Moles para Obras Viárias e Manual de Implantação
Básica de Rodovia - DNIT (2010).

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2 EMPREENDIMENTO

2.1 LOCALIZAÇÃO

A obra localiza-se próximo ao Km 18, da Rodovia do Parque, BR-448, na cidade


de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do
Sul.

Figura 1 - Vista abrangente da localização

Fonte: Google Earth

Figura 2 - Delimitação da área

Fonte: Google Earth

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Figura 3 - Representação virtual do local

Fonte: Google Earth

2.2 DIMENSÕES DO TERRENO

A área de estudo delimitada tem uma área de aproximadamente 4.302 m² e


tem dimensões conforme a figura 4.

Figura 4 - Dimensões da área

Fonte: Google Earth (editado pelos autores)

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2.3 RECONHECIMENTO DO RELEVO

Através do software Google Earth Pro, que permite a verificação dos níveis do
solo através da criação de perfis de elevação, conseguimos comparar o nível do solo
com o entorno. Vale ressaltar que este método de análise não é preciso, pois é
realizado através de satélite, contudo auxilia no reconhecimento do relevo.
Conforme representado nas figuras 5, 6 e 7, observa-se que essa área localiza-
se às margens da área de várzea do Rio Jacuí e seus afluentes. Outro aspecto
importante, é a baixa diferença na elevação do perfil, comparando a elevação nos
afluentes e no local onde será executado o aterro.
Em análise aos perfis de elevações criados, concluiu-se que o entorno próximo
a área de estudo encontra-se a poucos metros acima de um dos afluentes e do próprio
Rio Jacuí, o que pode ocasionar um solo de origem sedimentar na região, por estar
localizado em uma planície considerada aluvial.

Figura 5 - Perfil de elevação 1: sentido de oeste para leste

Fonte: Google Earth (editado pelos autores)

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Figura 6 - Perfil de elevação 2: sentido de noroeste para sudeste

Fonte: Google Earth (editado pelos autores)

Figura 7 - Perfil de elevação 3: sentido de nordeste para sudoeste

Fonte: Google Earth (editado pelos autores)

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3 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

O plano de investigação é um procedimento normativo e necessário para o


reconhecimento das camadas e das características geotécnicas dos solos na qual
deseja-se trabalhar. Essas informações são obtidas por meio de sondagens, ensaios
de campo e ensaios de laboratórios. As técnicas mencionadas, tem como objetivo
identificar: a espessura das camadas dos solos até a profundidade desejada, o nível
de água no terreno e a verificação de perfil rochoso e sua classificação. Desta forma,
com base nos parâmetros obtidos, são capazes de prever o comportamento do solo
mediante aos esforços recebidos. Logo, a investigação geotécnica está diretamente
ligada com a segurança e bom desempenho da construção.
Por ser um procedimento normativo, há normas que regem o plano de
investigação geotécnica de acordo com cada objetivo. As normas são:
• NBR 7250 - Identificação e Classificação de Amostras Obtidas em
Sondagens Reconhecimento dos Solos
• NBR 6484 - Execução de Sondagens de Simples Reconhecimento dos
Solos
• NBR 8044 - Projeto Geotécnico - Procedimento;
• NBR 8036 - Programação de Sondagens de Simples Reconhecimento
dos Solos Para Fundação de Edifícios;
• NBR 11682 - Estabilidade de Encostas;
• NBR 6122 - Projeto e Execução de Fundações;
Com posse das normas necessárias, é preciso realizar as etapas que compõem
o plano de investigação geotécnica. A primeira fase é a de reconhecimento da área e
das formações geológicas do solo a fim de identificar suas características e
estratigrafia e estimar os melhores métodos para realizar a investigação.
A segunda etapa, envolve a fase de exploração, que tem como objetivo
executar nos locais determinados os ensaios propostos na primeira fase. De acordo
com os dados coletados é possível iniciar um projeto base que visa os melhores
parâmetros, soluções e dimensionamentos.
A terceira etapa pode ser caracterizada como de detalhamento, que consiste
em uma investigação complementar, quando necessária, em prol de se obter
melhores parâmetros das camadas de solos.

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A quarta etapa é a união de todos os dados coletados e realização de


relatórios, projetos e modelos de cálculos. Dentro dessa etapa, pode-se incluir
também uma fase de acompanhamento, que se baseia em acompanhar a construção
e realizar investigações extras quando necessárias.
Desta forma, é possível constatar a importância de realizar um plano de
investigação geotécnica, já que ela reduz riscos de desmoronamentos, deslizamentos
e de manifestações patológicas devido a um projeto de fundação insuficiente e com
altos níveis de recalques. A importância de uma boa investigação se dá também pelo
fato de minimizar os custos da construção, evitando fundações superestimadas e
gastos desnecessários durante a obra.

4 PROBLEMA EM ESTUDO

O problema proposto para esta situação, trata-se da verificação dos problemas


relacionados à construção de um aterro de 5 metros de altura, pois neste local já é
prevista a presença de solos moles, que apresentam baixa capacidade de suporte.
Segundo Massad (2014), referindo-se aos aterros de encontro às pontes e
viadutos, dois problemas que merecem atenção são a estabilidade na fundação da
obra de arte e os recalques diferenciais com possibilidade de formação de degraus
junto às pontes e viadutos. Portanto, devem ser verificados os recalques esperados
durante a obra, e indicar possíveis soluções para o mesmo, visto que, este aterro será
aproximado a uma estrutura indeslocável.

5 LEVANTAMENTO DE DADOS

5.1 DESCRIÇÃO GEOLÓGICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

O estado do Rio Grande do Sul possui uma formação geológica composta por
abundantes colisões entre continentes, arcos de ilhas, assoalhos oceânicos, vulcões
e bacias sedimentares, que atualmente fazem parte dos registros geológicos das
rochas que integram a superfície. Desta forma, o estado possui diferentes formações,
ocasionados por diversos fatores que ao decorrer de milhões de anos determinaram
os solos, as rochas e as altitudes que temos hoje.

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Com base na estrutura geológica do estado, é possível identificar as províncias


estruturais predominantes, que são as regiões que que apresentam feições de
evolução estratigráfica, tectônica, metamórfica e magmática. As províncias estruturais
que constituem o estado do Rio Grande do Sul são a Província Costeira, Província do
Paraná e a Província Mantiqueira também conhecida como Escudo Sul-Rio-
Grandense. O mapa abaixo demonstra os limites entre as províncias geológicas
existentes no estado.

Figura 8 - Províncias estruturais do estado do Rio Grande do Sul

Fonte: CPRM - Serviço Geológico do Brasil (Porto Alegre, Pág 18)

A província Mantiqueira, consiste no agrupamento de rochas graníticas,


gnaisses de várias composições, rochas metamórficas e junções de antigos
sedimentos de rochas vulcânicas.
A província costeira é formada por sedimentos finos cenozóicos, cujo a
sedimentação foi decorrente da abertura do oceano Atlântico, que ocasionou o
desenvolvimento de uma vasta planície de areia. É constituída por depósitos
aluvionares, transicionais e marinhos costeiros.

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A província do Paraná é representada por formações sedimentares que


recobrem rochas da província Mantiqueira, sobrepostas por rochas que compõem a
serra Gaúcha ou os Campos de Cima da Serra. É uma região rica em minerais
relacionados a rochas sedimentares como carvão, calcário e pirobetume.

5.2 DESCRIÇÃO GEOLÓGICA REGIONAL

Com base nas informações coletadas sobre a formação geológica do estado


do Rio Grande do Sul e tendo posse da localização da área onde será implantado o
aterro, foi conduzido um estudo mais aprofundado da região de interesse.
Conforme mencionado anteriormente no trabalho, a área de interesse está
localizada próximo ao km 18, BR-448, na cidade de Canoas. No mapa geológico a
seguir, está sinalizado a região onde será construído o aterro.

Figura 9 - Mapa geológico: destaque na região da cidade de Canoas

Fonte: CPRM - Serviço Geológico do Brasil (Porto Alegre, Folha SH.22)

De acordo com o mapa geológico, a área de interesse pertence a província


Paraná, no tempo de escala geológica fanerozóico a aproximadamente 570 milhões
de anos atrás, na era cenozóica no período quaternário, da era holocênica. Conforme
a região sinalizada no mapa, a área de estudo possui depósitos aluviais (Q2a),
possuindo areia grossa à fina, cascalho e sedimento síltico-argiloso, em calhas de rios
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e planícies de inundações. Há também registros de turfeiras (Q2tf), possuindo turfas


heterogêneas (materiais de origem vegetal, parcialmente decompostos) intercalada
ou misturada com areia, silte e argila plástica e localizada no diatomito, que consistem
em rochas sedimentares formadas pelo acúmulo de algas diatomáceas.

Figura 10 - Mapa de Geodiversidade do Rio Grande do Sul

Fonte: Mapa de Geodiversidade do Rio Grande do Sul

O Mapa de Geodiversidade do Rio Grande do Sul (CPRM), fornece dados que


corroboram para a análise do tipo do solo da área de estudo. Através da análise das
legendas obteve-se as seguintes informações:
I. Domínio Geológico-Ambiental: Sedimentos Cenozoicos, inconsolidados ou
pouco consolidados, depositados em meio aquoso.
II. Unidade Geológico-Ambiental: Ambiente de planície aluvionar - Planícies
fluviais ou flúvio-lacustres.
III. Adequabilidades/Potencialidades: Terrenos com boa capacidade de suporte
para obras de até médio porte; Materiais com baixa resistência ao corte e penetração;
Áreas com baixo potencial erosivo; Quando os solos são eutróficos, apresentam boa
potencialidade para culturas de ciclo curto ou adaptadas ao encharcamento; Aquíferos
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superficiais de baixo custo de exploração através de poços escavados, cacimbas e


ponteiras, com potencial para atendimento de pequenas demandas; Potencial mineral
para areia e cascalho de uso na construção civil e argila para uso cerâmico.
IV. Limitações: Áreas planas, lençol freático próximo à superfície, oferecem risco
de alagamentos as escavações; Parcelas próximas às margens dos rios são
periodicamente inundáveis; Podem ocorrer solos com baixa capacidade de suporte,
sujeitos a adensamentos, recalques e ruptura de fundações; Materiais desestabilizam-
se com facilidade em escavações; Solos imperfeitamente a mal drenados, bastante
ácidos; Água subterrânea pode apresentar grande quantidade de sais dissolvidos a
altos teores de ferro; Alta vulnerabilidade à contaminação dos mananciais hídricos e
subterrâneos; Abrangem as faixas de proteção dos cursos d'água e as matas ciliares.
A mancha verde, presente no mapa, na região destacada e próxima a área de
estudo, significa a ocorrência de turfas, que é um material esponjoso, oriundo do
acúmulo de restos vegetais, em variados graus de decomposição, em ambiente
subaquático raso. Além do já consagrado uso da turfa como fonte energética, nos
últimos anos tem crescido o interesse em sua utilização na agricultura, como insumo
para produção de condicionadores de solos, biofertilizantes, substrato de mudas ou
aplicação "in natura" no solo.

5.3 DESCRIÇÃO DA ENTIDADE TECTÔNICA REGIONAL

Com base no mapa de entidade tectônica do estado, a área de interesse,


sinalizada abaixo, enquadra-se em coberturas cenozóicas de sedimentos recentes
(Qa) de areia grossa a fina, cascalhos e sedimentos síltico-argilosos, em calhas de
rios e planícies de inundação. No entorno da área, possui também uma convenção
geofísica de feições aeromagnéticas lineares, que representam planos de disposição
das rochas sedimentares em camadas. Essas informações compactuam com as
demais listadas anteriormente.

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Figura 11 - Mapa Tectônico: destaque para região da cidade de Canoas

Fonte: Mapa Tectônico do Brasil, escala 1:5.000.000, versão 2003 (Delgado et al.,2003)

5.4 HIDROGRAFIA E HIDROGEOLOGIA

5.4.1 CONTEXTO DA HIDROGRAFIA REGIONAL

Figura 12 - Bacias e Sub-bacias Hidrográficas - RS

Fonte: SEMA - 2002


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A área de estudo, encontra-se na bacia do Guaíba que abrange 30% da área do


Estado, apresenta áreas de grande concentração industrial e urbana, sendo a mais
densamente povoada do Estado, além de sediar o maior número de atividades
diversificadas, incluindo as atividades agrícolas e pecuárias e agroindustriais,
industriais, comerciais e de serviços.
Nota-se também que a região de interesse encontra-se próximo a divisa do
Parque Estadual Delta do Jacuí (PEDJ), que, de acordo com a SEMA - Secretaria do
Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, é uma Unidade de Conservação
de proteção integral que foi criada em 1976, abrangendo áreas dos atuais municípios
de Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita, Triunfo, Charqueadas e Eldorado do Sul.
Engloba uma porção significativa do complexo hídrico formado pelos rios Caí, dos
Sinos, Gravataí e Jacuí. Esses rios são responsáveis pelos ritmos de cheia e vazante
característicos da região, com ambientes peculiares formados por canais, baías
pouco profundas (conhecidas localmente como sacos), ilhas fluviais e áreas
continentais com banhados, florestas aluviais (paludosas e ripárias), várzeas e
campos sujeitos a inundações periódicas.

Figura 13 - Limites Parque Estadual Delta do Rio Jacuí

Fonte: Google Earth (editado)

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Figura 14 - Foto aérea com vista do Delta do Jacuí

Fonte: Gerson, 2009

5.4.2 MAPA HIDROGEOLÓGICO

O mapa hidrogeológico do Rio Grande do Sul divide seus aquíferos em vinte e


um sistemas, classificados em seis grupos de acordo com a potencialidade para
ocorrência de águas subterrâneas e porosidade. A seguir consta o mapa
hidrogeológico do estado, indicando a localização da área de interesse.

Figura 15 - Aquíferos que abastecem o estado do Rio Grande do Sul

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Figura 16 - Potencialidades para ocorrência de águas subterrâneas e porosidade


nos grupos de aquíferos do Estado

FONTE: CPRM - SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio


Grande do Sul, Escala 1:750.000. Porto Alegre, 2005. (editado).

Conforme o mapa hidrogeológico, a região de interesse enquadra-se no grupo


dois, que corresponde a aquíferos com média a baixa possibilidade para águas
subterrâneas em rochas e sedimentos com porosidade intergranular. Essa mesma
classificação é obtida na legenda especificada no mapa pela cor azul claro. O mapa
também define a área de análise com produtividade muito baixa e com capacidade
específica (Q/s) menor que 0,5 m 3/h/m.
Os aquíferos relacionados ao grupo dois são, Botucatu/Guará 2, Sanga do
Cabral/Pirambóia, Botucatu/Pirambóia, e Palermo/Rio Bonito Quaternário Costeiro 2,
que possuem médio potencial e juntos correspondem a 11,39% do estado do Rio
Grande do Sul. A seguir, o mapa do estado apresentando as áreas de ocorrência dos
aquíferos correspondentes ao grupo dois.

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Figura 17 - Aquíferos que pertencem ao grupo dois.

Fonte: CPRM - Serviço Geológico do Brasil (Porto Alegre, Pág 77)

De acordo com mapa e com as características de cada aquífero, pode-se


concluir que a nossa área de interesse está localizada sobre o aquífero Palermo/Rio
Bonito, que possui área de 5.891,9 km² e abrange regiões desde a Candiota até Santo
Antônio da Patrulha, passando pelas cidades de Dom Pedrito, São Gabriel, Minas do
Leão e Cachoeirinha. O aquífero em questão é constituído por arenitos finos e médios,
em tons cinzas e esbranquiçados, alternado com camadas de siltitos argilosos e
carbonosos de tom cinza escuro.

5.5 GEOMORFOLOGIA

Os principais fatores que influenciam na formação do solo, compreendem o


material de origem, representado pela rocha sã ou alterada ou sedimento; o clima; o
relevo; os organismos vivos; bem como o tempo de atuação desses fatores. Dada a
importância do material de origem nas feições do solo, o conhecimento da origem e
da distribuição dos materiais geológicos contribui para melhor entendimento das
características e da ocorrência das diversas classes de solos no estado.

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Presente na região que pertence à Depressão Central Gaúcha, a área de


estudo encontra-se na zona topograficamente rebaixada em que foram instalados os
principais sistemas de drenagem do estado, entre eles o Rio Jacuí.
Na depressão do Rio Jacuí se desenvolve uma expressiva área de solos com
boa fertilidade natural, com predomínio de Argissolos Vermelhos e,
subordinadamente, Nitossolos (antigos Brunizéns) nos terrenos colinosos; e
Planossolos Háplicos Eutróficos e, subordinadamente, Neossolos Flúvicos e
Gleissolos Melânicos, nas planícies aluviais (EMBRAPA, 2001).

Figura 18 - Tipo de solo no estado do Rio Grande do Sul.

Fonte: Tipos de solo – RS

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Figura 19 - Tipo de solo na área de interesse.

Fonte: Tipos de solo - RS (editado)

Conforme os estudos apresentados, e o mapa sobre “Tipos de Solo no RS”,


podemos enfatizar na região de interesse a possibilidade de ocorrência de três tipos
de solos: Argissolo, Neossolo e Planossolo.
Conceitualmente, solos do tipo Argissolo possui um horizonte subsuperficial
argiloso, de cores amareladas ou avermelhadas, geralmente profundo e bem drenado
e apresenta-se em relevos suaves e ondulados na Depressão Central, Campanha e na
Encosta do Planalto Meridional, assim, há pouca probabilidade de ocorrência na área
estudada.
Portanto, nessa região ocorre o Planossolo, derivado de um substrato
sedimentar, relacionado aos depósitos flúvio-lacustres e eólicos, localizado em áreas
de várzeas de rios e lagos, áreas de relevo suave, ondulados ou planos e mal drenados,
associados aos sistemas deposicionais dos rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí. Esse é
composto principalmente por argilas e siltes, além de material turfáceo heterogêneo e
areias finas a grossas. Também há a predominância do tipo Neossolo na região,
associado à ocorrência de depósitos aluvionares e a presença de turfas heterogêneas,
este último geralmente é raso, caracterizando-se por ser um desenvolvimento recente,
sendo encontrado em diversos tipos de relevo e de condições de drenagem. Quando
encontrado nas margens de cursos d’água é caracterizado como Neossolo Flúvico e,
geralmente, tem o uso limitado pelo risco de inundação.

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6 PARÂMETROS DE PROJETO

Os parâmetros geotécnicos são comumente determinados a partir de


investigações geotécnicas e são definidos a partir de ensaios de laboratório e de
campo. As informações obtidas em ambos devem ser complementares e comparadas,
para que haja uma identificação e caracterização mais completa do solo.
Para a realização de cálculos de recalques e estabilidade de um aterro
constituído por argila mole, é necessário obter posse de alguns fundamentos
importantes como índice de vazios, índice de compressão e densidade natural do solo,
que por sua vez, são adquiridos através de amostras indeformadas no qual são
realizado ensaios em laboratórios. Para referenciamento no tipo de projeto que
devemos realizar, o Departamento de Desenvolvimento Tecnológico (DNER) criou
uma norma para Projetos de Aterros sobre solos moles para obras viárias, DNER-
PRO 381/98.
A resistência não drenada é típica de solos argilosos e a coesão pode ser obtida
através do ensaio da palheta, também conhecido como Vane Test, utilizado muitas
vezes em projetos de aterros sobre solos moles, sendo capaz de indicar a resistência
não drenada (SU). Entretanto, deve-se ter atenção, pois este ensaio necessita de um
fator de correção (u) de Bjerrum, aplicada aos valores encontrados no ensaio,
corrigindo a anisotropia da resistência e o tempo de carregamento a ruptura. Para a
obtenção do Cr (índice de recompressão) é normalmente recorrido a ensaios de
permeabilidade em “in situ”.
Tratando-se de uma obra pública, onde haverá grande fluxo de carga sendo
aplicada no local, a investigação geotécnica é obrigatória. Problemas relacionados à
solos moles normalmente são relacionados quanto à sua estabilidade e recalques, a
avaliação do tempo necessário de ocorrência desses processos. Segundo Massad
(2003), sobre o comportamento do aterro sobre solos moles: “Ao longo do tempo, na
fase operacional de um aterro de estrada, por exemplo, a camada de argila mole
adensa-se, o que significa que se torna cada vez mais rígida. Consequentemente, o
coeficiente de segurança aumenta, e o mesmo acontece com os recalques. É por isso
que a estabilidade é um problema do período construtivo, enquanto os recalques
interessam na fase operacional.”

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6.1 SPT (Standard Penetration Test)

Um método de ensaio comum a ser utilizado nesses casos é o SPT (Standard


Penetration Test), o qual consiste na determinação do tipo do solo, índice de
resistência e observação do nível da água dentro do furo de sondagem, conforme
ABNT NBR 6484:2020 - Sondagem de simples reconhecimento com SPT.
Existem dois modos de se realizar este tipo de ensaio: mecânico e manual. Os
dois tipos não irão necessariamente fornecer os mesmos resultados quanto à
resistência do solo.

Figura 20 : Esquema SPT de montagem em campo

Fonte: Site da Geositu.

No processo de perfuração deve ser verificado a cada ensaio a metragem


necessária. Porém a cada metro de perfuração deve-se extrair amostras dos solos.
Caso não haja critérios no limite de profundidade, a normativa sugere metragens de
10, 8 e 6 metros, onde for indicado resultados consecutivos indicando N iguais ou
superiores a 25, 30 e 35 golpes, respectivamente. Sendo N o índice de resistência a
penetração pelo número de golpes correspondentes à cravação de 30 cm do
amostrador padrão após a cravação inicial de 15 cm.

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De acordo com a norma do DNER 381/98, as sondagens deverão atravessar


toda camada mole, penetrando pelo menos três metros do solo resistente, ou
atingindo o impenetrável a percussão.

6.2 Ensaio de penetração de cone in situ (CPT/CPTU)

Há também o ensaio CPT/CPTU, indicado a solos moles pela sua precisão nos
resultados quanto à resistência. Atualmente não existe norma determinando o método
de ensaio no Brasil, sendo necessário utilizar normas estrangeiras. A norma do DNER
381/98 sugere a utilização da NBR 12069/91 (Solo – Ensaio de penetração de cone
in situ - CPT), no entanto ela deixou de ser válida em 2015; e também a ASTM-3441-
95 (Standard Test Method for Deep, Quasi-Static, Cone and Friction-Cone Penetration
Tests of Soil).
RODRIGUEZ (2013) sugere cravar uma ponteira cônica de 60° de ápice, com
velocidade constante de 20 (± 5) mm/s, podendo ser o cone mecânico, elétrico ou de
atrito. Neste tipo de ensaio não há retirada de amostras, sendo feita sua
caracterização pelo comportamento mecânico do substrato, obtendo-se a
classificação do solo.
Ao procedimento deste ensaio, fixa-se o sistema em um ponto, cravando-se
inicialmente a ponteira cônica ao longo de 4,0 cm (obtendo-se a resistência de ponta).
Em seguida, avança-se as hastes por mais 4,0 cm, cravando o conjunto de ponteira e
luva de atrito (obtendo-se a resistência de ponta e atrito). Então, perfure por mais 20
cm trazendo a luva por 16 cm e ponteira cômica por 12 cm. É repetido este
procedimento até a profundidade desejada (Rodriguez, 2013).
Os resultados quando a classificação do solo é obtida entre as relações de
atrito lateral e resistência de ponta, utilizando ábacos (podendo ser de Begemann,
1965) para melhor compreensão quando utilizado método mecânico.

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Figura 21 - Ábaco de Begemann (1965)

Fonte: Ábaco de Begemann (1965) adaptado por Rodriguez (2013).

6.3 Ensaio de perda d’água sob pressão

O ensaio de perda d’água sob pressão é feito com equipamento de sonda


rotativa para que se determine a condutividade hidráulica (H) dos maciços rochosos.
Ele é feito em trechos de comprimento pré-determinado, geralmente de 3 metros, que
são isolados por meio de obturadores de borracha o que possibilita medir a vazão
d’água absorvida nas fissuras do maciço em intervalos iguais de tempo e em 5
estágios diferentes de pressão.
Esta pressão é controlada por manômetro e calculada em função da
profundidade do trecho ensaiado. Ela deve se manter constante durante as 10 leituras
do hidrômetro e em cada estágio de pressurização. Com base nessas informações
temos essa tabela com vazões e pressões:

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Figura 22 - Classificação de Ensaio de perda d’água sob pressão

Fonte: Geositu - Ensaio de perda d’água sob pressão

6.4 Sondagem rotativa ou mista

Sondagem Rotativa é um método de investigação que consiste no uso de um


conjunto motomecanizado projetado para a obtenção de amostras de materiais
rochosos, contínuas e com formato cilíndrico, através de ação perfurante dada
basicamente por forças de penetração e rotação que, conjugadas, atuam com poder
cortante. A amostra de rocha obtida é chamada de testemunho.
É conhecida como Sondagem Mista quando executada junto com SPT, o
equipamento avança em solos alterados e rochas, obtendo diretamente as amostras
(testemunhos), exatamente sobre a rocha a ser explorada, proporcionando
oportunidade para uma série de ensaios.
Através desse método pode-se indicar o tipo de rocha, grau de alteração,
fraturamento, coerência, xistosidade, porcentagem de recuperação.

6.5 Sondagem a trado

A Sondagem a Trado é realizada para o simples reconhecimento do solo e


consiste basicamente na coleta de amostras que permitam distinguir o tipo de solo e
de camadas de subsolo.
Constituído por uma haste metálica acoplada à sua extremidade, o trado é
operado manualmente para que se obtenha informações relativamente simples e
iniciais, como a verificação do nível d’água. Que geralmente penetra apenas em
camadas de solo com baixa resistência e acima do nível d’água. A penetração do solo

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é realizada com os operadores girando uma barra horizontal integrada a algumas


hastes verticais e a broca. É necessário retirar a broca, após algumas rotações (5 ou
6), para retirar o material que fica acumulado.
O material coletado passa por muitas mudanças durante o processo, por esse
motivo a amostragem, normalmente é feita metro a metro, observando e anotando as
profundidades onde essas mudanças ocorrem. A sondagem a trado é muito utilizada
para a definição do nível do lençol freático.
O resultado do trato manual, sempre será de amostras deformadas, pois o solo
não mantém as características físicas quando retirado do contato com a natureza.

7 PONTOS DE SONDAGEM

Por tratar-se de um terreno com solos moles, com uma área de 4302 m² e a
norma NBR 8036 mencionar que terrenos com mais de 2400 m² deve ser feito um
plano particular para a construção para o número de sondagens, foi planejado seguir
o estudo com um ponto de ensaio para cada 400 m². Neste caso foi estipulado 10
pontos distribuídos com o intuito de analisar as partes mais críticas do terreno.
Na figura 23 estão expostos os pontos de sondagem selecionados, pontos
pretos devem ser feitos devido a um afluente do Rio Jacuí passar próximo ao local, os
pontos em vermelho servem para verificar o solo na parte do terreno que está voltada
ao próprio Rio Jacuí, pontos em azul são os mais próximos das moradias do entorno
por isso devem ser analisados também e os pontos em amarelo foram dispostos no
decorrer da BR-448 para análise do solo onde existe a movimentação de veículos.

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Figura 23 - Pontos de sondagem na área de interesse.

Fonte: Google Earth (editado)

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8 CONCLUSÃO
O presente relatório buscou caracterizar o solo da área de interesse para
execução do aterro de cinco metros de altura, fundamentado em dados geológico-
geotécnicos existentes sobre a região.
Com base nas informações coletadas sobre a formação geológica do estado
do Rio Grande do Sul, o local pertence a província Mantiqueira, e segundo
regionalização do mapa de geodiversidade do estado, possui ocorrência de depósitos
aluviais, podendo aparecer areia de grossa à fina, cascalho, sedimento síltico-argiloso
por estar próximo a calhas de rios e planícies de inundações, e ocorrência de turfeiras
na região.
Conforme o mapa de Geodiversidade com enfoque na proximidade a cidade de
Canoas, e próximo ao local da obra, os terrenos podem ser classificados com boa
capacidade de suporte para obras de até médio porte, mas podem ocorrer limitações
devido ocorrência de solos com baixa capacidade de suporte e baixa resistência ao
corte e penetração.
Quanto ao estudo dos tipos de solos existentes no Rio Grande do Sul, conclui-
se que nessa região ocorre o Planossolo, derivado de um substrato sedimentar,
relacionado aos depósitos flúvio-lacustres, associado aos sistemas deposicionais do
rio Jacuí e seus afluentes.
Portanto, todas as informações apresentadas complementam os demais
estudos e reitera o problema de solos moles previamente identificado no local.
Então com o plano de investigação podemos definir os tipos de sondagem que
melhores se enquadram no problema proposto, nesse caso listamos como principais,
os ensaios, SPT que é importante para determinar a profundidade das camadas dos
tipos de solo existentes, o ensaio de permeabilidade in situ para obtenção do Cr
(índice de recompressão), o ensaio da Palheta (Vane test), aplicando a correção de
Bjerrum, bem como também o ensaio CPT/CPTU, indicado a solos moles pela sua
precisão nos resultados quanto à resistência.
Conforme instruções da NBR 8036 - Programação de sondagens de simples
reconhecimento dos solos para fundações de edifícios, foi proposta no item 6 a
realização de dez pontos de sondagem conforme Figura 23.

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9 REFERÊNCIAS

MASSAD, F. Obras de Terra: Curso Básico de Geotecnia. São Paulo: Oficina


de Textos, 2003. 123-138p.
RIO GRANDE DO SUL, Governo do estado do. Parque Estadual Delta do
Jacuí. Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, 2021. Disponível em:
<https://www.sema.rs.gov.br/parque-estadual-delta-do-jacui>. Acesso em: 12 de abril
de 2021.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
DNIT – IPR 742. Manual de Implantação Básica de Rodovia. 3ª Edição. Rio de Janeiro,
2010. 163p.
ABNT NBR 6484:2020. Solo — Sondagem de simples reconhecimento com
SPT — Método de ensaio. SEGUNDA EDIÇÃO. 28/10/2020. Comitê ABNT/CB-002
Construção Civil.
RODRIGUEZ, T. G. CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE UM SOLO DE
DIABÁSIO POR MEIO DE ENSAIOS SPT E CPT. Dissertação de Mestrado.
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp. 28/01/2013.
Campinas-SP.
BEGEMANN, H.K.S.P.The friction Jacket Cone as an aid in determining the soil
profile, in: 6th International Conference of Soil Mechanics and Foundation Engineering,
Montreal University Press, 1965.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.
DNER–PRO 381/98. Projetos de aterros sobre solos moles para obras viárias. Rio de
Janeiro, 1998. p. 01/34.
MASSAD, Faiçal. Obras de terra: curso básico de geotecnia. 2 ed. reimpr.
São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

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