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TEORIA DA ARTE
GUARULHOS - SP
Sumário
1 O QUE É ARTE....................................................................................................... 3
1.1 História da Arte ....................................................................................................4
1.2 Arte na Pré-História .............................................................................................6
1.3 Tipos de Artes.................................................................................................... 12
1.3.1 Artes Plásticas.............................................................................................. 12
1.3.2 Artes Cênicas................................................................................................ 14
1.3.3 Artes visuais.................................................................................................. 17
2 ARTE ERUDITA..................................................................................................... 19
2.1 O contexto da popularização da Arte................................................................. 21
3 Estilo Kitsch............................................................................................................ 24
3.1 Alguns teóricos do estilo Kitsch......................................................................... 26
4 A ARTE CONTEMPORÂNEA................................................................................ 28
4.1 A Idade Contemporânea.................................................................................... 30
4.2 Expressões da Arte Contemporânea................................................................. 33
5 MOVIMENTOS ARTÍSTICOS E CONTEMPORÂNEOS........................................ 36
5.3.1 Arte Conceitual..............................................................................................36
5.3.2 Arte Povera................................................................................................... 37
5.3.3 Arte Cinética..................................................................................................39
5.3.4 Pop Art.......................................................................................................... 40
5.3.5 Op Art............................................................................................................ 43
5.3.6 Expressionismo Abstrato.............................................................................. 44
5.3.7 Minimalismo.................................................................................................. 46
6 MUSEUS DE ARTE............................................................................................... 50
6.1 Museu, Cultura e Comunicação de Massa........................................................ 53
6.2 Recepção e Inclusão nos Museus de Arte...........................................................57
6.3 Museus importantes no mundo.......................................................................... 66
6.4 Importantes Museus no Brasil............................................................................70
7 DESIGN..................................................................................................................74
7.1 Arte, design e técnica: relações etimológicas.................................................... 79
8 A FUNÇÃO DA ARTE............................................................................................ 82
8.1 A Função Social da Arte.................................................................................... 84
8.2 Compreender e Ensinar Arte num viés Socioeducativo......................................86
8.3 Finalidade da Arte na Educação........................................................................89
9 BIBLIOGRAFIA BÁSICA........................................................................................ 94
1 O QUE É ARTE
Fonte: imaginie.com.br
3
1.1 História da Arte
Fonte: institutoibe.com.br
• Arquitetura;
• Música;
• Cinema;
4
• Teatro;
• Dança;
• Pintura,
• Artesanato, etc.
Mas, será preciso estudar a história da arte, se ela está em tudo que existe?
Por que ela é importante?
Para responder a tais questões, é preciso estar disposto a aprender, a conhecer
o mundo. Nela, aprendemos a refletir sobre as principais filosofias e os principais
críticos da arte, assim como o estudo dos objetos artísticos e os diferentes contextos
sociais. A partir daí você estará apto para criar, criticar e entender os movimentos
artísticos que surgem no decorrer dos anos.
Saiba que um artista não é só aquele que é criativo, mas aquele que cria objetos
capazes de atender as necessidades e divulgar os seus pensamentos, assim como
estimular outras pessoas e descobrir novas formas de fazer arte.
Nesse site, você descobrirá um pouco sobre o contexto histórico de cada
movimento artístico que existiu, assim como a arquitetura, a escultura, a pintura e
artes menores. Interaja nesse mundo artístico, navegue pela linha do tempo,
conhecendo mais sobre as diversas fases da arte! Descubra as manifestações
artísticas que ocorreram ao longo da história.
Fonte: historia-da-arte.info
5
1.2 Arte na Pré-História
6
Fonte: luigimatte.com.br
7
Fonte: forademim.com.br
Fonte: veterinandoufpa.wixsite.com
• Vênus de Savinhano;
• Vênus de Willendorf.
8
Fonte: colegioweb.com.br
Fonte: brainly.com.br
9
Idade da Pedra Polida
10
Idade dos Metais
Fonte: historia-da-arte.info
Monumentos em Destaque
Fonte: cultura.culturamix.com
12
O fato de o princípio da harmonia inerente a uma obra de arte nem sempre
estar ligado à concepção corrente de beleza determinada pelos ideais clássicos, já se
observa na arte das culturas pré-históricas: separação entre superfície e forma, por
exemplo, nas imagens rupestres e utensílios da era glaciar. Encontra-se tanto na arte
dos povos primitivos, que serve as finalidades do culto mágico, como na arte popular,
nas obras de arte das igrejas e cortes ocidentais e na expressão imagística das
crianças, sendo a finalidade de todos os ramos da educação artística auxiliar o
desenvolvimento do impulso inconsciente da criação.
A lógica da progressão do desenvolvimento de formas estilísticas através das
fases da juventude, maturidade, idade adulta e avançada, bem como a importância
do contexto de relações sociais, políticas e religiosas, são também fatores
determinantes de todas as artes e obras artísticas, quer tenham por finalidade servir,
educar, criticar ou apenas sugerir ou retratar as relações temporais.
A fé cristã, e nomeadamente a vida litúrgica, constituíram até ao início do
período barroco as mais importantes forças de fomento da arte ocidental. Contudo, já
a partir do Renascimento se verificou uma gradual separação da arte da sua finalidade
até aí predominantemente religiosa, sendo fortalecido simultaneamente o interesse
por trabalhos puramente estéticos. A consequência extrema deste desenvolvimento
foi o surgir, no século XIX, da ideologia da arte pela arte, que, todavia, se concretizou
menos nas artes plásticas do que na literatura e na música.
As escolas e academias de arte se dedicaram ao ensino das artes plásticas.
Os museus, que têm muitas vezes a sua origem em fundações particulares, têm por
missão cuidar da herança artística do passado e da conservação de importantes
testemunhos da arte contemporânea. Tornam acessíveis ao público, de um modo
ordenado, quadros, esculturas, trabalhos gráficos e artesanato artístico, executam os
restauros necessários e organizam muitas vezes exposições especiais e itinerantes.
Os serviços de manutenção dos monumentos cuidam da conservação de
monumentos históricos inamovíveis. Os serviços públicos de conservação da arte
fazem também contratos com artistas famosos, transmitem conhecimentos no âmbito
da educação de jovens e adultos, editam publicações e efetuam intercâmbios de
bolseiros, de resultados de investigações científicas e de coleções com o estrangeiro.
13
As associações locais de arte, que orientadas por fundações particulares e
subsídios públicos, se dedicam essencialmente a exposições e conferências, ocupam
desde o século XVIII um importante lugar na conservação e fomento da arte.
Os críticos de arte informam o público sobre acontecimentos e questão da arte
contemporânea sob a forma de crítica valorativa. Não se limitam a se pronunciar sobre
as exposições e manifestações similares, mas exercem uma pedagogia artística. A
Associação Internacional dos Críticos de Arte é desde 1948 a organização
internacional que engloba todas as associações de críticos2.
Trágico
Fonte: escriturascenicas.com.br
Fonte:g1.globo.com
Cômico
Fonte: esc-es.com.br
15
Musical
Fonte: variety.com
Dança
Fonte: jornalboavista.com.br
16
1. Música: é um tipo de arte que se baseia em sons e ritmos de acordo com
determinado período de tempo;
2. Dança/Coreografia: a dança está classificada dentro das artes cênicas, e é
uma forma de movimento que se realiza com o corpo baseado ou não em uma
coreografia (arte de criar roteiros/trilhas de movimentos para realizar uma dança);
3. Pintura: está relacionada a cor e suas variações, bem como a forma com
que o artista a utiliza em uma superfície;
4. Escultura: é uma forma de arte em que há a criação de imagens plásticas
em relevo utilizando vários tipos de materiais (bronze, mármore, argila, madeira, etc.);
5. Teatro: é um tipo de arte em que um ou mais atores encenam uma
determinada história ou situação em local específico (anfiteatros, praças, ruas, etc.);
6. Literatura: é uma arte que utiliza a palavra para criação de histórias ou
poesias de acordo com técnicas específicas;
7. Cinema: é uma arte e técnica criada para a reprodução de imagens com
movimento em uma tela;
8. Fotografia: se baseia em imagens e técnicas para capturar paisagens e
seus diversos momentos;
9. Histórias em Quadrinhos: forma de arte que utiliza a cor, a palavra e
imagem para narrar uma história;
10. Jogos de Computador e de Vídeo: constitui na criação de jogos que
podem ser reproduzidos por meio de um aparelho eletrônico com imagens, cores e
sons que fazem com que o jogador interaja com ele;
11. Arte digital: é a arte produzida por meio de programas de computador
relacionados às artes gráficas, que possibilitam criações em 3D e 2D3.
Uma arte visual está relacionada com a beleza estética e com a criatividade do
ser humano, capaz de criar manifestações ou obras agradáveis aos olhos.
O conceito de arte visual é muito amplo, envolvendo áreas como o teatro,
dança, pinturas, colagens, gravuras, cinema, fotografia, escultura, arquitetura, moda,
paisagismo, decoração, etc.
As novas tecnologias também têm revolucionado o conceito de artes visuais,
em áreas como o web design, que tem um grande impacto na sociedade atual.
As artes visuais podem ser criadas através de várias ferramentas ou
instrumentos, como o papel, madeira, gesso, argila, programas informáticos,
máquinas de captação e reprodução de imagens como filmadoras ou máquinas
fotográficas4.
Fonte: webestudante.com.br
Fonte: itaucultural.org.br
20
Dessa forma o artista questiona o regime ditatorial, mas preserva ao mesmo
tempo o anonimato e amplia o acesso do público à Arte, se afastando das regras
estabelecidas pelo mercado artístico como iremos mais à frente analisar, após uma
contextualização histórica da passagem da Modernidade para a Pós-Modernidade no
Brasil e no mundo5.
Apenas dez anos depois de uma guerra mundial devastadora, muitos artistas
sentiram que não podiam aceitar o conteúdo essencialmente apolítico do
Expressionismo Abstrato, extremamente popular na época. O fato de os
artistas pintarem solitariamente em seus ateliês enquanto havia tantos
problemas políticos reais em jogo passou a ser visto como algo socialmente
irresponsável. Esse estado de espírito impregnado de consciência política
estimulou a pratica de manifestações que lembravam os eventos dadaísta
porque constituíam um meio de atacar os valores da arte estabelecida.
(GOLDBERG, 2006, p.134).
22
A crítica a Arte estabelecida e sem comprometimento social e posicionamento
político passa a ser tema de debate, e começam surgir diversos movimentos que
carregam essa bandeira. A Pop Art, que se definiu como um movimento consistente
desse novo pensamento, exemplifica bem a mudança de atitude que permeou a arte
da década de 50, de um pensamento totalmente apolítico para um conceito de arte
engajado. Ao utilizar signos e símbolos que permeiam a vida cotidiana e que fazem
parte da cultura de massa ela aproxima a Arte do popular, e consequentemente, se
afasta da dita “Arte Erudita” e do romantismo artístico do Expressionismo Abstrato.
Neste momento, a crítica da Pop Art, e dos movimentos que se seguiram, são
estimuladas por um novo ideal americano de consumo, onde os meios de
comunicação de massa possuem um papel determinante.
Argan ressalta que o intuito da Pop Art consistia na “renuncia às categorias
técnicas tradicionais e o emprego de qualquer técnica capaz de “desmistificar” a arte,
para inseri-la no circuito de comunicação de massa”. (ARGAN, 1992, p.579). E, é,
exatamente, atuando com esses signos estéticos massificados da publicidade que ela
critica a sociedade de consumo. Sendo assim, a Pop Art e, os outros movimentos que
surgiram concomitantemente a ela, pretendiam aproximar a arte da realidade, e a Arte
Erudita da Arte Popular, como observa Danto:
Essa nova discussão, que sugere a aproximação entre arte e vida, afastando-
a da Arte Erudita, e, criando uma consequente alteração no papel do artista e sua
função - indiciadas pela Pop Art - foi tratada com ênfase durante as décadas que se
seguiram. O Pós-modernismo é marcado por travar uma luta contra o distanciamento
entre a arte e a vida, e a inacessibilidade dos trabalhos artísticos ao grande público.
Ele diminuiu a distância entre arte erudita e arte popular e tenta eliminar as diferenças
entre culturas de massa e “superior.” (PINHO, 2009, p. 127).
23
Durante as décadas de 60 e 70, foram inúmeras as tentativas de desvinculação
com esse poder institucionalizado da Arte Erudita: a Arte Conceitual, a Mail Arte, o
Happening, a Performance, a Arte Pública, o Grafite. Essas novas linguagens
artísticas propõem, de forma efetiva, o rompimento com o mercado de arte
hegemônico.
Neste contexto, surgem diversos grupos contestadores dessa arte
estabelecida, como por exemplo, o grupo Fluxus na Alemanha e o Art&Language na
Inglaterra, que possuem como questão central a oposição a qualquer mecanismo de
poder estabelecido pelo circuito artístico. Mecanismo estes, denominados por Adorno
de gerenciamento. O gerenciamento determina o que é a Cultura de valor e o que não
é. Para tanto, não se preocupa com a qualidade do objeto artístico e sim com normas
e padrões estéticos previamente estabelecidos, quando não impostos pelo mercado
de Arte. (BAUMAN APUD ADORNO, 2009, p.73)
Portanto, os movimentos que surgem durante o pós-modernismo têm como
intuito, assim como a obra de Cildo Meireles, criar novas ferramentas de
desvinculação com o gerenciamento, tornando à arte acessível e totalmente
independente da Instituição artística6.
3 ESTILO KITSCH
24
corrupção das formas de expressão convencionais e cristalizadas pelo sistema
cultural vigente. Tudo neste estilo lembra a intensidade das emoções que despontam
das páginas dos livros produzidos durante o Romantismo, que redunda literariamente
no melodrama e nas obras de cunho popular. Não é à toa que o Kitsch surge
justamente neste contexto romântico, e se estende posteriormente pelas demais
esferas artísticas.
As principais características deste estilo são a reprodução em larga escala,
como, por exemplo, a dos santinhos distribuídos com a intenção de divulgar preces e
novenas, e as réplicas dos quadros famosos; o caráter postiço das obras e uma
natureza aleatória que mistura várias expressões ao mesmo tempo.
Fonte: decorandotudo.org
25
profundamente relacionado à produção em massa característica do mundo pós-
moderno, movida por um consumismo desgovernado, o qual gerou uma arte reles.
Theodor Adorno, Hermann Broch e Clement Greenberg foram os teóricos que
mais contribuíram para disseminar o conceito do Kitsch, contrapondo-o às obras
moderna e de vanguarda. Adorno o relaciona à consciência artificial; Broch o insere
no polo oposto da produção inventiva; enquanto isso, Greenberg o compreende como
a arte das réplicas, dos sentimentos simulados e da dependência das normas
acadêmicas.
O estilo Kitsch dilacera todas as linhas que separam o belo do feio, o bom do
mau-gosto, e convence o indivíduo não iniciado nos meandros da arte que, ao
encontrar esta forma de expressão, ele se deparou com a mais elevada produção
cultural. Os elementos que o compõem são sempre teatrais, sensuais, emocionais e
excessivos7.
Fonte: wikiart.org
Fonte: wikiart.org
27
Fonte: wikiart.org
4 A ARTE CONTEMPORÂNEA
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
28
no mundo artístico. No entanto, muitos dos valores defendidos pela Arte Moderna
foram mantidos na Contemporânea, como o desejo pelas invenções e
experimentações artísticas, por exemplo.
Não há um consenso sobre quando a arte contemporânea teria se originado,
mas provavelmente foi em meados da segunda parte do século XX, após a Segunda
Guerra Mundial.
No pós-guerra o sentimento que predominava era o de reconstrução da
sociedade. Os artistas, a partir deste princípio e apoiados no avanço da globalização,
das novas tecnologias e mídias, passaram a enxergar novos meios de se expressar
artisticamente.
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br
30
Fonte: hcamarta11q.blogspot.com
31
movimentos de contestação do capitalismo liberal. As principais consequências foram
as lutas sociais das classes sociais exploradas, notadamente os trabalhadores
assalariados, contra a exploração capitalista.
Exemplo marcante de tentativa de superação da exploração foram as
revoluções, sendo a mais conhecida a Revolução Russa de 1917. Entretanto, os
desenvolvimentos subsequentes da revolução representaram a reprodução da
exploração, mesmo que sob o manto ideológico do socialismo. Essa forma de
organização social, de propriedade estatal e domínio político e social nas mãos de um
Partido Comunista, foi implantada em metade do território mundial.
O século XX foi então marcado por essa divisão entre um capitalismo de base
privada e uma organização social controlada pelo Estado. Houve ainda outros regimes
que marcaram a Idade Contemporânea, principalmente os chamados totalitários,
representados pelo fascismo e pelo nazismo.
Outra característica nefasta da Idade Contemporânea foram as guerras.
Inúmeras delas ocorreram. As maiores e mais mortíferas foram as chamadas guerras
mundiais, a Primeira Guerra Mundial, que ocorreu entre 1914 e 1918, e a Segunda
Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, resultando na morte de mais de uma centena de
milhões de pessoas. A ciência utilizada para fins militares resultou ainda na criação
da mais letal das armas já criadas, a bomba nuclear.
Fonte: pt.gde-fon.com
32
Porém, a ciência possibilitou melhorias nas condições de higiene e na saúde
da população, proporcionando o aumento da expectativa de vida na maior parte dos
locais do planeta. A apresentação sucinta das principais características da Idade
Contemporânea mostra os inúmeros aspectos contraditórios de nossa sociedade.
Fonte: educamundo.com.br
33
Outra manifestação são as intervenções urbanas, que surgem para criticar,
interagir e analisar ao nosso presente, pondo em discussão valores, crenças e
identidades sociais. Surgem como uma alternativa de diálogo direto com a sociedade,
capaz de ligar mutuamente a arte com o indivíduo. Esse meio artístico interfere
diretamente no cotidiano das pessoas, pois são obras de arte que se misturam a rotina
de uma cidade.
Assim como diz Maria Angélica Melendi, sobre intervenções urbanas, elas
servem para:
…abrir na paisagem pequenas trilhas que permitam escoar e dissolver o
insuportável peso de um presente cada vez mais opaco e complexo. Cabe
observar que, atualmente nas artes visuais, a linguagem da intervenção
urbana precipita-se num espaço ampliado de reflexão para o pensamento
contemporâneo. Disponível em: (http://www.intervencaourbana.org/)
34
financiados por essas instituições, têm mais liberdade para atribuir significados
pessoais às suas obras.
Fonte: democrart.com.br
Essa atitude é, em geral, denominada como arte pela arte, um ponto de vista
quase sempre interpretado como arte sem ideologia política ou religiosa. Ainda que
as instituições governamentais e religiosas não patrocinassem a maioria das artes,
muitos artistas contemporâneos procuravam transmitir mensagens políticas ou
espirituais.
A arte contemporânea, vigente até os dias de hoje, engloba uma pluralidade de
movimentos e linguagens. Além da diversidade de propostas, as linguagens são
diferentes entre si e, por vezes, contraditórias, provocando desta maneira um olhar
especial para cada uma delas, e muito mais provocativo com relação a cada ser
humano. Do espectador exige-se maior atenção e um olhar que pensa, uma visão que
o faça ler a obra. Ao artista cabe o pensar arte, inventar / reinventar arte, criticar arte,
e assim produzir uma arte diferencial.9
Fonte: zkm.de/en/event/2013/03/henry-flynt
36
O termo “arte conceitual” foi utilizado pela primeira vez pelo artista, escritor e
filósofo estadunidense Henry Flynt, em 1961. Sobre a arte conceitual, afirma o escultor
estadunidense Sol LeWitt (1928-2007):
“a própria ideia, mesmo se não é tornada visual, é uma obra de arte tanto
quanto qualquer produto”.
Para muitos estudiosos, Marcel Duchamp (1887-1968) foi um dos precursores
da arte conceitual, na década de 50, no momento em que colocou um mictório no
museu e o chamou de arte. Ali, a ideia dos “ready mades” (Já feito), considerado uma
antiarte, não era o produto artístico, mas sim o conceito de arte que o artista quis
demostrar e que levava mais ao processo reflexivo, em detrimento do visual.
A grande questão da arte conceitual era definir os limites e fronteiras do fazer
artístico, ou seja, ela é baseada na indagação: O que é arte?
Principais Características
A Arte Povera (em inglês, “poor art”) foi um movimento artístico de vanguarda
surgido na Itália na década de 60 e que significa literalmente “arte pobre”.
Fonte: wsimag.com
Principais características
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• Arte antiformalista que se aproxima de algumas vanguardas europeias, tal qual o
surrealismo e dadaísmo;
• Utilização de materiais simples e naturais (sucatas, papel, vegetal, terra, metal,
comida, sementes, areia, pedra, tecido, etc.);
• Criatividade e espontaneidade;
• Efemeridade e materialidade da arte;
• Valores pobres e marginais;
• Contraste do “novo” e do “velho”;
• Temáticas da natureza e do cotidiano11.
Fonte: obeijo.com.br
Principais características
41
Warhol também representou a impessoalidade do objeto ao reproduzir as
garrafas de Coca-Cola e as latas de sopa Campbell.
Coca-Cola, 1962
Características
42
Este feito foi levado a cabo quando estes artistas utilizaram na arte a linguagem
do design comercial. Com isso, diluíram as diferenças que separavam arte erudita da
arte popular.
No Brasil, a Pop Art surgiu no contexto da ditadura militar e foi usada como
instrumento de crítica ao sistema.
Os principais nomes da pop art brasileira são:
5.3.5 Op Art
A “Op Art” ou “Optical Art” (Arte Ótica) foi um movimento artístico que atingiu
seu auge na década de 60 nos Estados Unidos.
Em Nova York, ocorreu a primeira exposição no Museu de Arte Moderna
(MOMA) intitulada “The Responsive Eye” (O Olho que Responde), em 1965. Baseado
em recursos visuais, sobretudo na ilusão de ótica, esse movimento que expressa a
mutabilidade do mundo e suas ilimitadas possibilidades, é fundamentado no mote
“menos expressão e mais visualização”. Ele foi considerado uma variação do
expressionismo abstrato, sendo seu precursor o artista húngaro Victor Vasarely, na
década de 30.
Principais Características
• Tridimensionalidade
• Efeitos óticos e visuais
• Movimento e contraste de cores
• Tons vibrantes (principalmente preto e branco)
• Formas geométricas e linhas
• Observador participante
• Estilo abstrato14
Fonte: casavogue.globo.com
Foi assim que muitos artistas dessa corrente inovadora romperam com a arte
tradicional de cavalete. Focaram na criação artística nas emoções e expressões
humanas, tal qual Jackson Pollock, um dos maiores representantes do
expressionismo abstrato norte-americano.
Pollock trabalhava com uma técnica que ficou conhecida como
“Action Painting” (Pintura de Ação).
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Ele colocava imensas telas no chão e sem objetivo prévio e com movimentos
bruscos do pincel ou outros objetos (talheres, varas, areia, etc.), a tinta era lançada
na tela privilegiando assim, a espontaneidade artística.
A partir dessa relação corporal do artista com a pintura, essas obras
gestualísticas (arte performática) dependiam completamente dos movimentos e
atuação do autor.
Outro estilo utilizado por alguns artistas dessa corrente, foi chamada de
“Color FieldPainting” (Pintura do campo de cor).
Ao contrário do “Action Painting”, ele privilegiava a objetividade das cores nas
telas, ao utilizar padrões geométricos mais simples. Um dos maiores representantes
desse estilo foi o pintor estadunidense, nascido na Letônia, Mark Rothko.
Principais Caraterísticas
5.3.7 Minimalismo
47
Fonte: arteref.com
Minimalismo no Design
48
Fonte: hansgrohe.com.br
Minimalismo na Música
Minimalismo na Literatura
49
Fonte: iteracomunicq.com
6 MUSEUS DE ARTE
Quase sempre, o primeiro contato que temos com a arte é na escola, seja
visitando um museu, seja frequentando as aulas de arte que fazem parte da grade
escolar. Nessas classes, o indivíduo começa a ter as primeiras noções sobre os
artistas, as coleções, os espaços culturais e museus. Por isso é tão importante que
esse contato inicial com a arte seja estimulado de maneira prazerosa, instrutiva,
preocupada com os conceitos que são ensinados, sem nunca esquecer de levar em
conta o universo imenso e diverso que temos na área artística.
Fonte: oficinadeinverno.com.br
50
Quando o aluno é incentivado a expandir seu modo de ver, de se expressar e
de se comunicar através do que está sendo apresentado a ele, tanto nos museus
quanto dentro da sala de aula, ele se torna um cidadão capaz de se conhecer e se
reconhecer dentro da sociedade de uma forma muito melhor.
A arte é uma construção social, por isso, definir um conceito único de arte se
torna praticamente impossível. Ela possibilita a percepção individual de cada ser
humano e, por ser quase um sinônimo de expressão de sentimentos, cada um percebe
a obra artística de acordo com as próprias experiências de vida, criando um diálogo
único com o que está sendo visto, ouvido ou sentido. Essa conversa permite que a
arte ganhe um significado singular para cada pessoa, e é por isso que estimular desde
cedo o contato com o universo artístico é tão importante.
Quando olhamos para a cultura de modo mais amplo, como identidade de um
povo que se reconhece como integrante de um país, através da arte, da dança, do
cinema, da comida, do patrimônio cultural material e imaterial como um todo, e
analisamos o Brasil, nos deparamos com um país novo, com uma história muito
recente, se comparada a de outros países da Europa, por exemplo. Isso, aliado a
outros fatores, pode causar perguntas como: O que podemos considerar uma cultura
artística genuinamente brasileira, afinal?
A vinda de estrangeiros, ao longo dos anos, em diferentes regiões do país, cada
um com a sua própria cultura e modo de vida, pode ter causado certa dificuldade, para
alguns de nós, na identificação do que é a cultura brasileira. Várias gerações já
nascidas no Brasil, provenientes dessas etnias diversas, ainda se identificam com a
origem de seus antepassados, adotando alguns aspectos dessas culturas e se
sentindo mais parte delas do que do Brasil.
Por sermos um país tão jovem, a nossa educação patrimonial é ainda muito
precária, e o estímulo à arte também é tímido e limitado. Na verdade, nem sabemos
direito que nosso patrimônio cultural pode ser um bem de natureza material imóvel,
como cidades históricas e sítios arqueológicos, por exemplo, ou móveis, como
acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos,
fotográficos e cinematográficos. Também são considerados patrimônio cultural, mas
de natureza imaterial, práticas e domínios da vida social, como ofícios, formas de
expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas e até mesmo celebrações.
51
Além disso, há aqueles que acham que só o que é novo é bom e interessante,
ou seja, tudo o que é de uma época passada é velho, sem uso, chato e ultrapassado.
Isso, aliado ao senso comum cultivado por tantos de que museu só é lugar de “coisa
velha”, causa um distanciamento e a baixa visitação aos espaços culturais.
Fonte: gentequefaz.com
52
representado e capaz de se apropriar de suas raízes, o que gera um impacto direto
na preservação do patrimônio e um aumento na autoestima de uma comunidade.
Deve existir um esforço social maior para inserir educação patrimonial de
qualidade e atuante nas escolas, desde cedo. Assim, cresceríamos sabendo por que
é importante preservar nosso passado, pensar no nosso presente, entender o nosso
futuro, e valorizar nosso território e nossa arte, seja em que parte do Brasil for. Somos
um país imenso e diverso, com muitas diferenças e semelhanças entre nossas
regiões, e por isso, cada estado, cidade, bairro é único e deveria se mobilizar para
entender e cuidar da sua história, para que se sinta valorizado e respeitado.
A Federação de Amigos dos Museus do Brasil (Feambra) trabalha estimulando
e organizando projetos de capacitação e educação para a sociedade, com o objetivo
de incentivar a criação e gestão de Associações de Amigos de Museus.
Quanto mais conhecermos nossa história e valorizarmos nossa arte e nosso
patrimônio cultural, mais capazes estaremos de preservar nossas memórias e de
construir novas16.
54
função e objeto-comunicação semelhante ao que ocorre com o processo de
musealização. O autor trabalha com a distinção entre os papéis sociais que o objeto
cumpre e afirma que este se tornou um mediador essencial do corpo social, mas
determina certas distinções baseadas em categorias sociológicas que percebem: o
objeto em si; isolado; em grupos; em massa. Tais categorias estabelecem: “O objeto
em si: indivíduo ao qual se refere o sistema de coordenadas, observador que
acompanha o objeto em suas transformações e se identifica com ele; objeto isolado:
objeto situado em um contexto, em um marco; objeto em grupos: constituem um set
ou conjunto inter-relacionado; objetos em massa: formam um conjunto desprovido da
propriedade da relação mútua.” (Moles, 1975, pg.24-25).
Fonte: triscele.com.br
56
meios sensíveis nos museus será dificilmente avaliado porque se caracteriza, em
primeiro lugar, como uma experiência individual17.
Fonte: jatai.go.gov.br
58
da relação entre Homem e objeto em um cenário institucionalizado e ideal), nos
dispomos a entender como propõe Vatimmo, que as ciências experimentais e
‘técnicas’ (manipuladoras dos dados naturais), “constituem mais o seu objeto do que
exploram um ‘real’, já constituído e ordenado (...). Estas não são apenas uma nova
forma de enfrentar um fenômeno ‘externo’, o homem e suas instituições, dado desde
sempre; mas tornaram-se possíveis, nos seus métodos e no seu ideal cognitivo, pela
transformação da vida individual e associada, pela constituição de um modo de existir
social que, por sua vez, é plasmado diretamente pelas formas de comunicação
modernas.” (Vattimo, 1992, pg.19).
Avançando nas ideias propostas por Vattimo, podemos supor novamente, uma
coincidência de reflexões sobre a questão da inclusão na museologia com base no
mesmo raciocínio elaborado para exame e crítica dos meios de comunicação. Diz o
autor que, “o desenvolvimento intenso das ciências humanas e a intensificação da
comunicação social não parecem produzir um aumento da autotransparência da
sociedade, mas, pelo contrário, parecem funcionar em sentido oposto. (...) E, no
entanto, a impossibilidade de fazer verdadeiramente uma história universal, por
exemplo, perante a qual se encontram os historiadores da contemporaneidade, não
parece ligada principalmente a limites deste tipo, mas a razões opostas; há uma
espécie de entropia ligada à própria multiplicação dos centros de história, isto é, dos
lugares de recolha, unificação e transmissão de informações.” (Vattimo, 1992, pg.29).
Creio que podemos supor analogias diretas com o museu como uma das 10
Novos Olhares - Edição 19 - 1º semestre de 2007 instituições de ‘recolha, unificação
e transmissão de informações’, o que estaria de acordo com a própria definição de
museu dada pelo ICOM e apresentada anteriormente. Nesse sentido, a obra de arte
contemporânea revela de maneira inequívoca os limites institucionais dos museus
criando constrangimentos à lógica e aos ideais acima descritos. Ela foge a quaisquer
limitações de caráter entrópico revelando, ainda, o próprio museu como estrutura.
Ainda que muitas manifestações artísticas se valham do museu para que haja uma
ratificação das próprias propostas poéticas, faz sua crítica ao mesmo tempo em que
o recoloca em uma estrutura social fluida, irregular – pós-moderna.
Vattimo, ao avaliar o problema da ‘verdade’ em ciências humanas, permite que
pensemos como essa questão é primordial para o universo museológico. Diz o autor
que “a lógica com base na qual se pode descrever e avaliar criticamente o saber das
59
ciências humanas, e a possível ‘verdade’ do mundo da comunicação mediatizada, é
uma lógica ‘hermenêutica’, que procura a verdade como continuidade,
‘correspondência’, diálogo entre os textos, e não como conformidade do enunciado a
um mítico estado de coisas. E esta lógica é tanto mais rigorosa quanto menos se deixa
impor como definitivo, um certo sistema de símbolos, uma certa ‘narração’. (...) se
(já?) não pudermos iludir-nos sobre a possibilidade de revelar as mentiras das
ideologias e atingir um fundamento último e estável, podemos, porém, explicitar o
caráter plural das ‘narrações’, fazê-lo agir como elemento de libertação da rigidez das
narrações monológicas, dos sistemas dogmáticos do mito.” (Vattimo, 1992, pg.33).
Com base nesse raciocínio podemos avaliar a implosão do Museu Moderno –
constituído com a Revolução Burguesa e a criação do Louvre. Mesmo o museu de
arte – arte moderna inclusa – manteve a tendência para as grandes narrativas, desde
o século XIX até o início dos anos 2000, quando, então, passou-se a fazer a crítica da
inserção de objetos nos seus chamados ‘contextos’ e/ou ‘cenários’ reprodutores tanto
da narrativa monológica como dos sistemas dogmáticos.
Fonte: booking.com
61
museu, oposta àquela do cotidiano é relacionada ao sepulcro, mausoléu porque
diferente da vida.
Dentro de uma pauta moderna que rejeitou a ambientação e o historicismo
adequando-se às exigências de uma concepção moderna de vida, vimos, ao longo do
século XX, sobretudo depois de 1919 como a intervenção decisiva da síntese
ideológica proposta pela Bauhaus na arquitetura e no design de interiores, a criação
e adequação de museus que procuraram alternativas à narrativa cronológica. Uma de
suas vertentes desse raciocínio aplicado a prática museológica foi aquela do museu
de museografia – ou expografia – neutra reiterando mais fortemente o caráter artificial
do museu.
No entanto, a museografia neutra, longe de sê-la, de alguma forma, também
pretendia devolver a obra à sua originalidade e ao apreciador a possibilidade de
acesso a conteúdos especificamente relacionados àquele objeto de arte. Adorno
aponta a percepção dessa impossibilidade na leitura de Paul Valéry e de Marcel
Proust que percebem a rejeição mútua entre obras já que, quanto mais proporcionam
prazer (estético) mais criam inimizade entre si. Em Valéry o museu é a barbárie, pois
perturba a expressão da obra e em Proust é na morte das obras que elas são
despertadas para a vida ressaltando, nessa condição, seu aspecto trágico.
Para Adorno, a experiência do visitante do museu fica reduzida a uma forma
de catalogação das criações sem a verdadeira experiência da arte. O Museu é visto
como inventário e como local de educação, logo, a questão da cultura fica reduzida.
Desse modo, passamos a entender a reação de muitos movimentos artísticos
que propunham o fim das instituições ou das estruturas. Movimentos de vanguarda
como o Futurismo Italiano, por exemplo, que propõe a destruição dos museus. Diz
Marinetti (1876-1944) no item 10 do Manifesto Futurista: “Nós destruiremos os
museus, as bibliotecas, academias de todo tipo, lutaremos contra o moralismo, o
feminismo e toda covardice oportunista ou utilitária.
Adorno se preocupa, no texto em questão, em apontar as contradições do
museu como estrutura estabelecida no âmbito da alta cultura e seu espraiamento para
as próprias obras. Sua questão se concentra em uma suposta inabilidade em permitir
a fruição plena da arte e remete a conceitos que vêm desde a cultura medieval
associado ao prazer no contato com as obras de arte.
62
Partindo para uma visão pós-moderna na avaliação da arte, consideramos que,
nas suas diversas formas de expressão, a arte passa a se expressar em um mundo
que se modificou e no qual o projeto moderno tomou uma nova forma e se converteu
em um mundo pós-moderno.
De acordo com Frederic Jameson o pós-modernismo é difícil de definir, pois
suas expressões artísticas são, em geral, tão distintas quanto foram as diferentes
interpretações que os artistas pós-modernos propuseram como forma de reação ao
chamado Alto Modernismo (Jameson, 1983).
Outra característica pós-moderna – seja da arte como de outras instituições –
é a perda de força de algumas distinções e erosões tanto entre as expressões,
categorias e gêneros artísticos bem como entre as chamadas alta-cultura, cultura
popular e cultura de massa. Para Jameson essa é grande conquista pós-moderna,
pois se rompeu com a preservação de uma cultura de elite e esta foi (ou tem sido)
contaminada com o filistismo e o kitsch, as séries televisivas ou o que chamou de
cultura reader’s digest
Logo, para o autor, o Pós-Moderno não é a descrição de um estilo particular,
mas sim um conceito periodizante cuja função está correlacionada à emergência de
um novo tipo de vida social e de uma nova ordem econômica.
Uma das práticas mais significativas do pós-modernismo, segundo Jameson é
o pastiche, que esclarece, é diferente da paródia. Segundo o autor, a paródia aproveita
e capitaliza aquilo que é único, por exemplo, em um estilo, e aumenta suas
idiossincrasias e maneirismos. Mas, ainda, reconhece a existência de uma norma
linguística. O pastiche surge, porém, quando a própria norma não faz mais sentido.
Dessa forma, o pastiche seria uma “paródia neutra que perdeu o senso de humor”. O
pastiche corresponde a um mundo no qual a inovação estilística não é mais possível.
Em vista disto, o que resta é imitar estilos mortos, através de máscaras e com as
vozes dos estilos recolhidos do museu imaginário.
Consequentemente, o pós-modernismo em arte trata da própria arte, porém,
de uma forma diferente. Ou seja, suas mensagens essenciais envolverão a inevitável
falha da arte enquanto tal e da estética, a falha do novo e o aprisionamento do
passado. Como exemplo do pastiche como algo que não pertence à alta cultura, mas
está inserido, principalmente, na cultura de massa, cita os ‘filmes nostálgicos’:
American Graffiti, Chinatown, mas também Star Wars, nos quais há uma atmosfera e
63
peculiaridades estilísticas do passado, mas também recapitulam experiências
culturais de gerações anteriores, como aquelas dos anos 1930 e 1950 que assistiam
filmes sobre alienígenas e séries como Buck Rogers.
Para Jameson teóricos sociais, psicanalistas e linguistas, bem como os teóricos
na área da cultura que analisam mudanças tanto culturais como formais, que exploram
a noção de que o indivíduo ou o sujeito individual está morto, derivam em duas
posições: 1ª) o velho sujeito burguês típico da era clássica do capitalismo competitivo,
ligado a família nuclear e a emergência da burguesia como classe social hegemônica
não existe mais; 2ª) esse sujeito pode nunca ter existido. Disso decorre um dilema
estético: se a experiência e a ideologia do self individual, que informou a prática
estilística do modernismo clássico nunca existiu ou mesmo acabou, então, não está
mais claro o que artistas do período presente estariam fazendo.
Em uma segunda feição do pós-modernismo que alguns chamam textualidade,
Jameson chama de esquizofrenia, considerada (resumidamente) como uma
desordem de linguagem, conceito primeiro baseado em Jacques Lacan. Ou seja,
porque a linguagem tem um passado e um presente, porque a sentença se move no
tempo é que podemos ter o que parece ser uma experiência concreta ou uma
experiência vivida no tempo. Mas, como a esquizofrenia não permite articulação de
linguagem, não é mais possível uma experiência que tenha continuidade temporal.
Por isso, ela é uma experiência isolada, desconectada, de material de significado
descontínuo que não se relaciona numa sequência coerente. No entanto, pode
proporcionar uma experiência muito mais intensa não importando qual o passado que
se apresente, desde que nosso presente seja sempre parte de uma gama maior de
projetos que nos force a, seletivamente, focar nossa percepção. Como não existe
continuidade temporal, a experiência do presente se torna poderosa, vívida e
“material”. O isolamento torna o significado ainda mais material: literal. Desse modo,
por exemplo, o foto-realismo (hiper-realismo) parecia representar um retorno à
representação depois do expressionismo abstrato até que se prestou atenção que
aquelas pinturas não eram tampouco realistas desde que aquilo que elas representam
não é o mundo exterior, mas uma ‘fotografia’ do mundo exterior, ou seja, sua imagem.
Para comparar tais noções com a realidade dos museus de arte,
destacadamente, aqueles que lidam com as linguagens moderna e contemporânea
pode-se aferir que o museu começa a ser visto como uma estrutura a ser revelada.
64
Surgem meta-exposições que analisam o papel dos museus na sociedade, na sua
relação com a arte. De acordo com Débora J. Meijers se há algum lugar onde o
significado de um trabalho individual é determinado, então ele é o local que lhe é
conferido entre outros trabalhos (Meijers, 1996, p.8)
Ainda, de acordo com a autora, com base na afirmação acima, amplamente
aceita por vários protagonistas do mundo museológico tais como curadores, diretores
e conservadores de museus, a especulação sobre a arte na sua montagem e
colocação no cenário museológico tendeu para o desenvolvimento das exposições
que classificou como ‘a-históricas’. Para Meijers a característica das exposições a-
históricas está em que “apesar de todas suas diferenças, [elas] têm em comum o fato
de abandonarem o tradicional arranjo cronológico. O objetivo é revelar
correspondências entre trabalhos que podem pertencer a períodos e culturas distintas.
Essas afinidades superam os limites cronológicos bem como as tradicionais
categorias de estilo implementadas pela história da arte. (Meijers, 1996).
No entanto, ao pretender criar ‘vínculos’ entre as ‘verdades’ permanentes ou
imanentes das obras de arte de todos os tempos, as curadorias de exposições a-
históricas revelam uma linha de raciocínio tão particular que poderiam inscrever-se
como instalações, ou criações artísticas e não como curadoria de exposições. Apesar
do caráter auto-elogioso, a exposição a-histórica permite uma auto-reflexão e uma
auto-referência sobre as possibilidades da exposição museológica, alinhando-se com
um raciocínio pós-moderno. Ampliaram-se o número de exposições que usam o
próprio museu como objeto de representação e, com isso, cresceu uma tendência
antropológica na abordagem da arte contemporânea em oposição a uma tendência
historicista que verificamos nas exposições dos museus de Belas Artes, mais
preocupados com a questão educativa, buscando uma narrativa a partir de cronologia
pré-estabelecida18.
65
6.3 Museus importantes no mundo
Musée du Louvre
Fonte: arteref.com
British Museum
66
mármores de Elgin, trazidos ao museu por Lord Elgin. Em 2012 foi o terceiro museu
mais visitado do mundo, com 5 575 946 visitas.
Fonte: arteref.com
67
Fonte: arteref.com
68
Fonte: arteref.com
70
Fonte: viagemeturismo.abril.com.br
Fonte: brasilimperdivel.tur.br
71
Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR)
Fonte: museuoscarniemeyer.org.br
72
Fonte: infoescola.com
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em São Paulo (SP)
Fonte: viajearte.com.br
73
Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro (RJ)
Fonte: historiadasartes.com
7 DESIGN
O campo de atuação do design é potencialmente universal e pode ser aplicado
a qualquer área da experiência humana. Cardoso47 44 EFLAND, 2005, p. 183.
observa que design é um conceito que está em constante transformação há alguns
séculos e que em uma sociedade formada por redes artificiais de grande
complexidade, ele tende a se tornar cada vez mais universal, permeando todas as
atividades de todos os seres humanos em todos os lugares e em todos os momentos.
A prática do design é antes de tudo uma atividade de mediação. Uma mediação em
diversos níveis: entre um abstrato e o concreto; uma idéia e a forma; entre o produtor
Fonte: elo7.com.br
75
analisado isoladamente, mas sempre em relação aos outros fenômenos aos quais ele
está diretamente ligado. Os produtos do design não podem ser totalmente
compreendidos fora dos contextos social, econômico, político, cultural e tecnológico
que levaram à sua concepção e realização. A história do design é também a história
das sociedades. Forty, Nos primórdios do processo de industrialização, a economia
e produtividade da empresa dependiam, em grande parte, da unificação dos produtos
e dos processos de fabricação, garantindo assim uma maior eficácia e a redução dos
desperdícios, além da simplificação da montagem e controle e o uso afirma que o
design tem a capacidade de moldar mitos numa forma sólida, tangível e duradoura.
Fonte: historiandonanet07.wordpress.com
76
a sua produção (fatores técnico-econômicos, técnico-construtivos, ténicos-
sistemicos, técnico-produtivos e técnico-distributivos). MALDONADO, 1999,
p. 14.
Couto afirma que o design deve ser percebido como uma atividade de conceber
novos objetos e sistemas e que pode ser determinado como um processo de
formulação e justificação de uma proposta capaz de levar à realização de algo que
atenda uma determinada necessidade humana. É uma área de conhecimento que
arranja, organiza, classifica, planeja e projeta artefatos, mensagens, ambientes ou
mesmo espaços para a produção industrial ou artesanal.
A diversidade de opiniões que existe sobre o tema pode ser ilustrada, por
exemplo, através de conceituações que ora entendem o Design como uma
atividade voltada para o descobrimento dos verdadeiros componentes de
uma estrutura física, ora como uma atividade criativa, que supõe a
consecução de algo novo e útil, sem existência prévia, ora como atividade
criadora, voltada à construção de um ambiente material coerente, para
atender de maneira ótima as necessidades materiais do homem. COUTO,
1997, p. 49.
77
design como uma atividade artística, supostamente intuitiva. O campo de atuação do
design está ligado ao campo da estética, mas não obrigatoriamente ao campo da arte.
De um lado, a tentativa de classificar o design como ciência está vinculada ao
sistema de produção de massa, como uma ferramenta de tecnologia e mercado.
Porém esta é uma classificação que restringe a área de atuação do design e o define
apena como uma ferramenta tecnológica que promove a produção e venda de artigos
industrializados. Por outro lado, o design tende para a arte e para a poesia. Segundo
Alessi. em nossa sociedade, os objetos de design se tornaram um forte canal de
comunicação, através dos quais expressamos valores, status e personalidade.
Objetos que não são utilizados apenas para cumprir as funções para os quais foram
projetados, mas também adquirem novos empregos, sejam como objetos artísticos,
peças decorativas ou mesmo adornos. E é através desses objetos de desejo que a
sociedade sacia sua necessidade por arte e poesia. Necessidade que não se satisfaz
apenas com as formas estéticas clássicas oferecidas pelos museus e livros.
O Design, para Alessi, tende a tornar-se uma atividade criativa global que
propiciará o nascimento de objetos totalmente novos, de coisas destinadas a
serem valorizadas de forma diferente do valor de uso ou de troca. Seria ela
responsável pela transformação de um imenso potencial criativo em objetos
reais e virá ao encontro do crescimento dramático da necessidade de Arte e
Poesia na sociedade. COUTO, 1997, p. 53.
Forty, 2007, alerta para o fato de que a distinção crucial entre arte e design se
deve ao fato de que os objetos de arte são em geral concebidos por uma pessoa, o
artista, enquanto isso não se aplica aos produtos industrializados. A concepção e a
fabricação de suas obras de arte permitem ao artista uma grande autonomia, o que
levou à crença de que um dos principais atributos da arte é dar livre expressão à
criatividade e à imaginação21.
Flusser, 2007, ressalta que as palavras arte e design, entre outras, têm relação
direta e etimológica. Técnica, do grego techné, que significa arte e está relacionada
com tekton (carpinteiro). Neste caso, a ideia principal é de que a madeira, em grego,
hylé, é uma estrutura amorfa na qual o artista provoca o aparecimento da forma. A
partir daí são feitas as acusações de Platão contra a arte e pelo poder que
desenvolvido por ela para criar ilusão. As principais acusações se referem
principalmente ao território nebuloso e pouco definido instituído pela arte, no qual
conceitos de verdade e não-verdade, ser e não ser mostram-se inócuos e de pouca
eficácia.
Para o Platão, artistas e técnicos são impostores e traidores das ideias, por
seduzirem os homens a contemplar ideias deformadas. O artista descobre e fascina-
se com a possibilidade de mostrar um objeto ou corpo a partir de um ângulo ou ponto
de vista determinado. Assim é que ele poderá mostrar as coisas mais como elas
parecem a um olhar determinado do que como são, não como elas são de acordo com
a ideia o conceito, em sua inteireza e imutabilidade, mas apenas como aparecem ao
olhar, de um determinado ângulo de visão.
79
No latim, o termo equivalente a techné é ars, que significa manobra, sendo seu
diminutivo a variação articulum, ou seja, arte pequena, que indica algo que gira em
torno de algo, como por exemplo a articulação da mão. Ars quer dizer algo como
articulabilidade ou mesmo agilidade, como observa Flusser, e artifex (artista) quer
dizer impostor FLUSSER, 2007, p. 182.
Já a palavra design é um substantivo da língua inglesa que traz consigo tanto
a idéia de plano, intenção como de configuração e estrutura. Sua origem está no latim
designo, que tem o sentindo de designar, indicar e representar, além de já conter em
si o termo signum (signo). Partindo desse ponto de vista, constata-se a ambiguidade
das ideias que o termo carrega: de um lado a noção abstrata de concepção e projeto,
de outro o ato de registrar, configurar e estruturar. Em uma conceituação mais ampla,
um termo que se refere à atribuição de forma material a conceitos intelectuais.
Segundo Flusser na língua inglesa, a palavra design pode funcionar também
como verbo – to design – e significa, entre outras coisas, tramar algo, simular, projetar,
esquematizar, configurar, proceder de modo estratégico e ressalta a necessidade de
se pensar a palavra design semanticamente, a fim de analisar precisamente o
significado que ela adquiriu em nossos dias. Para Flusser:
Sem uma tradução para a língua portuguesa, a palavra design não deve ser
substituída ou mesmo confundida com a palavra desenho, que tem sua origem no
italiano designo, vocábulo surgido em meados dos anos de mil e quatrocentos e que
deu origem também outras palavras utilizadas em outras línguas, tais como dessein,
em francês, diseño em espanhol e design em inglês. Apesar de, em italiano, a palavra
ter as duas acepções, tanto de desenho como procedimento e ato de produção de
uma marca ou signo, quanto de projeto, designo que essa marca projeta, ao ser
adotada pela língua portuguesa, perdeu-se o segundo sentido.
Em português, segundo o Houaiss, a palavra desenho é registrada pela
primeira vez em 1567, na obra de Jorge Ferreira de Vasconcelos Memorial, Das
80
Proezas da Segunda Távola Redonda e significa a representação de seres, objetos,
idéias, sensações, feita sobre uma superfície, por meios gráficos e com instrumentos
apropriados. Estudos etimológicos de Gomes mostram que na língua portuguesa
havia diferenças de significado, com as palavras debuxo que significava esboço ou
desenho e que a palavra desenho tinha o sentido de projeto. Pouco a pouco debuxo
deixou de ser utilizada e desenho modificou o significado, mas preservou alguns dos
sentidos de projeto.
Fonte: quadrosdecorativos.net
Fonte: arqueologiaegipcia.com.br
O ser humano se expressa por meio da arte desde os tempos mais remotos; a
expressão artística é a forma que o homem encontra para representar o seu meio
social. De acordo com Buoro (2000, p. 25) “Portanto, entendendo arte como produto
do embate homem/mundo, consideramos que ela é vida. Por meio dela o homem
interpreta sua própria natureza, construindo formas ao mesmo tempo em que se
descobre, inventa, figura e conhece.”
Desta maneira podemos dizer serem as invenções filhas das épocas em que
acontecem, pois não há descoberta cientifica ou produção artística sem que
existam condições materiais e psicológicas favoráveis ao seu aparecimento.
82
Elas sempre se apoiam em acontecimentos anteriores, inscritos em um
processo histórico. (BUORO, 2000, p. 82).
83
Na visão de Fischer (1987, p. 20), “A arte é necessária para que o homem se
torne capaz de conhecer e mudar o mundo. Mas a arte também é necessária em
virtude da magia que lhe é inerente.” Para o artista, a arte possui uma função muito
maior do que simplesmente ser bela, ser agradável, decorativa, a obra é a
representação do que o artista vive, pensa e sente, o artista se molda em sua obra23.
Fonte: campanicultural.com.br
Fonte: m.portalangop.co.ao
De acordo com Fischer (1987, p.51), “[…] o artista continua sendo o porta voz
da sociedade.” Ainda nos dias atuais o artista tem uma função social indiscutível: ser
um representante da sociedade, relatar em suas obras a realidade pela qual ela passa.
Fischer (1987, p. 51-52) ainda manifesta “A tarefa do artista é expor ao seu público a
significação profunda dos acontecimentos, fazendo-o compreender claramente a
necessidade e as relações essenciais entre o homem e a natureza e entre o homem
e a sociedade”.
Segundo Coli (1989, p. 27) “Assim, um mesmo criador pode desenvolver em
sua produção tendências diferentes, que, se sucedem no tempo, constituem as “fases”
distintas do artista.” Um mesmo artista pode viver em diversas fases; isso devido à
rápida transformação pela qual a sociedade passa, frente ao acelerado crescimento
tecnológico e às transformações sociais. Coli (1989, p. 64) ainda destaca “Ora, é
importante ter em mente que a ideia de arte não é própria a todas as culturas e que a
nossa possui uma maneira muito específica de concebê-la.” Dessa forma, o artista
não poderá exigir que todos compreendam a sua obra. Esta será mais facilmente
85
compreendida no meio social na qual está inserida, já outras culturas poderão ter
dificuldades em compreendê-la.
Na atualidade, em meio a inúmeras tecnologias existentes, segundo Fischer
(1987, p. 231), “[…] uma das grandes funções da arte numa época de imenso poder
mecânico é a de mostrar que existem decisões livres, que o homem é capaz de criar
situações de que precisa, as situações para as quais se inclina a sua vontade.” No
mundo globalizado, o homem está passando por um processo de transformação,
mudando hábitos, conceitos, pensamentos, porém é indispensável que aproveite a
liberdade para se expressar, e o artista, sendo livre, deve usar da liberdade para
desempenhar o seu papel social.
Para Fischer (1987), a arte é a própria realidade social, é a representação do
momento, e ao menos que ela queira ser infiel à sua função social, precisa mostrar o
mundo como passível de ser mudado, e fazer a sua função para ajudar a mudá-lo A
sociedade precisa do artista, e ele deve ser fiel e consciente de sua função social.
Cabe a ele, educar a sociedade para que ela possa fazer um desfrute e uma
compreensão apropriada da arte24.
Fonte: culturainfantilearte.com
87
O aluno ao compreender o objetivo do estudo de um tema, compreende a
importância de tal aprendizagem. Para Fuzari e Ferraz (1993) não é suficiente dizer
que os alunos precisam dominar os conhecimentos, é necessário mostrar-lhes o
caminho, isto é, investigar os objetivos e métodos seguros e eficazes para que o
educando tenha condições de assimilar os conhecimentos. O ensino somente é bem-
sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do
aluno, tendo em vista o desenvolvimento das suas forças intelectuais. A finalidade do
processo de ensino é proporcionar aos alunos os meios para que assimilem os
conhecimentos. O trabalho docente é a mediação entre o educando, os métodos, a
didática de ensino e o conhecimento.
De acordo com Fuzari e Ferraz (1993, p. 84), “O brincar nas aulas de arte pode
ser uma maneira prazerosa de a criança experimentar novas situações e ajudá-la a
compreender e assimilar mais facilmente o mundo cultural e estético.” O brincar para
a criança é uma forma de facilitar a compreensão do conteúdo em estudo.
Fischer (1987, p. 252) destaca “A magia da arte está em que, nesse processo
de recriação, ela mostra a realidade como passível de ser transformada, dominada e
tornada brinquedo”. É possível estudar a arte de forma agradável, que venha a
despertar no aluno o interesse para conhecer a história.
O educador necessita, segundo Fuzari e Ferraz (1993), compreender o
processo de conhecimento da arte pela criança, (o que) significa mergulhar em seu
mundo expressivo. Por isso, o professor precisa procurar saber porque e como a
criança compreende a arte, precisa saber arte, e saber ser professor de arte junto às
crianças. No encontro que se faz entre a arte e criança situa-se o professor, cujo
trabalho educativo será de intermediar os conhecimentos existentes e oferecer
condições para novos estudos.
O processo do ensino e aprendizagem da arte não ocorre apenas na educação
formal. Para Best (1996, p. 52), “A educação não está, de modo nenhum, limitada ao
que acontece nas escolas, colégios e universidades. Há muito que aprender com as
artes, ao longo de uma vida.” A arte está presente em diversos ambientes, em alguns
momentos de forma explícita, em outras subjetivamente”. O estudo da arte é
necessário, segundo Ferreira (2001, p. 15), “No meu entender, o motivo mais
importante para incluirmos as artes no currículo da educação básica é que elas são
parte do patrimônio cultural da humanidade, e uma das principais funções da escola
88
é preservar esse patrimônio e dá-lo a conhecer.” O educando reconhecerá e
respeitará a arte se conhecer o seu valor para a sociedade. Não se pode exigir que
uma pessoa respeite o que lhe é desconhecido; a arte é cultura de uma sociedade e
cabe à escola ensinar a história, os valores e significados dessa cultura.
O ensino da arte somente fará sentido ao educando se (ele) conhecer e
reconhecer a importância que o estudo terá no seu cotidiano. Para Best (1996, p. 19),
“Tem que haver um relacionamento, de longe mais rico, entre a pessoa e o trabalho
artístico, para que faça sentido a educação por meio da arte e para que faça sentido
a idéia de uma realização progressiva da realidade individual.” A arte poderá até ser
uma criação individual, porém a obra somente surgirá devido a fatores sociais que lhe
dão origem, fatores esses que deverão ser reconhecidos em todas as formas de
representação da arte.
Fonte: canaldoensino.com.br
89
A Arte no século XIX, passou a ser estudada pelas ciências humanas como
objeto da educação. Na época, alguns pensadores criaram o DBAE (Diciplines Based
Arte Educacion), proposta de ensino que estudou de forma integrada a produção, a
crítica, a estética e a história da Arte. No Brasil, a adaptação do DBAE foi feita pela
professora Ana Mae Barbosa em 1978. Conforme os PCNs (2001, p. 28) “Em 1971,
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a arte é incluída no
currículo escolar com o título de Educação Artística, mas é considerada “atividade
educativa” e não disciplina.” passando a ser considerada disciplina apenas alguns
anos mais tarde. Desde que foram inseridas na educação básica como disciplina, as
artes sofreram inúmeras transformações.
Knoener (2006, p. 25) destaca que “A Arte passa a ser valorizada pelo DBAE
como objeto do saber, com base na construção, na elaboração e na organização
desse saber, acrescentando à dimensão do fazer a possibilidade de apreciar e de
entender o patrimônio artístico cultural da humanidade.” A tarefa do arte-educador é
a de realizar a mediação entre o conhecimento de arte e o educando, preparando-o
para a expressão e reflexão da arte na sua relação com a sociedade, como destaca
Knoener (2006, p. 26).
História da arte e os estilos artísticos pode ser de grande utilidade para que se
conheçam certas inquietações que os artistas abordam. É importante considerar que
o que as pessoas dizem a respeito de uma imagem. Dessa forma, percebe-se a real
importância do ensino da história da arte. Toda obra para ser compreendida precisa
ser situada em seu período histórico, pois é uma representação de uma época, de
uma realidade, de um pensamento.
Para Ferreira (2001, p. 12), “[...] as artes devem estar presentes no currículo
escolar não por suas contribuições nesses campos de desenvolvimento, mas pelos
90
benefícios que apenas as artes, e nenhuma outra área de estudo, podem oferecer à
educação”. Nesse aspecto Porcher (1982, p. 30) complementa que “[...] Não há dúvida
de que a prática das atividades artísticas representa um fator altamente favorável para
o desenvolvimento de toda a personalidade e, especialmente, dos seus aspectos
intelectuais”. A arte deve ser considerada e valorizada como disciplina presente na
escola, pois, além de estudar suas manifestações e sua história, é fundamental para
o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade do educando. Bouro neste
aspecto complementa:
Frequentemente o artista se utiliza da arte para fazer uma crítica a um fato; sua
obra somente será compreendida se o espectador estiver preparado para esta leitura.
Ferreira (2001) destaca que ao conhecerem e praticarem as artes, assim como a
ciência, os alunos poderão entender que as primeiras são formas diferentes de dizer
e compreender o mundo, e que aquilo que se diz pela arte não pode ser dito pelas
ciências. Também poderão entender as diversas linguagens da arte, como a dança, a
música, o teatro, as artes visuais (e) que cada uma delas poderá revelar algo, um
sentido, um sentimento. Entenderão a relação existente entre aquilo que se deseja
expressar com a linguagem utilizada para esse fim.
Fonte: historiadasartes.com
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A autora ainda enfatiza que outra contribuição das atividades artísticas é que
elas podem ajudar os alunos a desenvolver um pensamento mais flexível, menos
cristalizado, porque, no processo de criação, é comum iniciar-se um projeto com
determinado propósito que, no decorrer da ação, é trocado por outro, a fim de explorar
uma oportunidade inesperada, aproveitando-se, assim, os acasos do processo de
criação artística. Nesse sentido, Best (1996, p. 7), nos diz que “A poderosa
possibilidade de aprendizagem a partir da arte é clara, ainda que de forma implícita.”
Desta forma, é necessário levar-se em consideração os inúmeros benefícios que as
artes trazem ao educando, e não apenas a produção em Artes especificamente.
Segundo Barbosa (1990, p. 90), “[...] antes de ser preparado para explicar a
importância da arte na educação, o professor deverá estar preparado para entender
e explicar a função da arte para o indivíduo e para a sociedade”. O professor necessita
ter a compreensão da importância da arte para dessa forma conscientizar os
educandos e a sociedade.
Para Fuzari e Ferraz (1993), as aulas de arte constituem-se de espaços onde
as crianças podem exercitar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou
fantasiosas. A expressão infantil é a manifestação imaginativa, sentimental, do
cotidiano das crianças. Desde bem pequenas, elas vão desenvolvendo uma
linguagem própria, traduzida em signos e símbolos carregados de significação
subjetiva. O arte-educador tem o compromisso de desenvolver seu trabalho junto ao
educando e à comunidade escolar, de forma que todos compreendam o verdadeiro
papel das Artes. Como diz Ferreira (2001, p. 11),” Na opinião de muitos professores,
as artes têm um caráter utilitário, meramente instrumental.
O desenho, por exemplo, serviria para “ilustrar os trabalhos de português,
ciências, geografia”. Dessa forma, cabe ao educador transformar esse pensamento,
mostrando o verdadeiro sentido do estudo da arte na escola. A escola é um ambiente
que permite ao aluno compreender a arte como sendo uma forma de expressão do
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seu universo: a arte infantil é fruto das vivências infantis, já a arte do adulto é fruto da
relação e compreensão que ele possui de todo o meio que o circula.
[...] é a concepção de que a criança é muito mais inventiva que o adulto [...],
esse último apresenta potencial criativo desenvolvido e repertorio acumulado
pelas experiências vividas, sendo capaz de ativar esse potencial e repertorio
em situações especiais, transformando-se e mudando o mundo. A criança
normalmente ainda não transforma a realidade, apenas a si mesma.
(BUORO, 2000, p. 84).
BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. 5.ed. São Paulo: Ática, 1995. ECO, Umberto.
A definição da arte. Lisboa: Edições 70, 1981.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. Teoria e prática da educação artística. 14.
ed. São Paulo: Cultrix, 1995.
GERLINGS, Charlotte. 100 grandes artistas: uma viagem visual de Fra Angelico a
Andy Warhol. Belo Horizonte: Cedic, 2008.
SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença. História da arte. 16. ed. São Paulo:
Ática, 2002.
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