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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE PATOS DE MINAS – MG.

Processo n°5002695-24.2017-0480

IRIS BARBOSA OLIVEIRA, já qualificada no processo em epígrafe, vem por meio


de sua advogada abaixo assinado, propor a presente

IMPUGNÇÃO A CONTESTAÇÃO

Diante dos fatos novos alegados em contestação

I - BREVE RELATO DOS FATOS

O objeto da ação em epígrafe é o direito da Requerente de visitar à filha Alexia,


acompanhando o crescimento e o desenvolvimento da mesmo, tendo seu direito de
visita limitado ao respectivo horário de 10 da manha às 12 do mesmo dia, sábados e
domingos alternados, conforme sentença judicial anexa a presente (ID – 24301303).

Apesar de ter seu direito de visita reconhecido e decidido judicialmente, a Requerida é


privada pelo Requerido, detentor da guarda legal da menor, de exercê-la, estando
proibidas mãe e filha de se verem e manterem contado, impedindo que a mesma tenha
acesso à filha, exercendo ilegalmente a alienação parental.
Citado regularmente o Requerido apresentou contestação (ID – 30645253), alegando tão
somente que o mesmo proíbe o convívio de mãe e filha por considerar a convivência
entre ambas prejudiciais à saúde da menor, denegrindo e ofendendo a Requerente,
imputando a mesma inverdades, que se quer vieram acompanhadas de provas matérias.

Em 30/06/2017 foi juntado aos autos parecer Ministerial (ID – 25507530), opinando,
de plano, para que “seja imposta astreinte ao requerido para coagi-lo a permitir a
visitação da mãe, entregando-lhe a filha adolescente comum Alexia Marcela Ferreira de
Oliveira”.

“Posto isso, o Ministério Público opina para que Vossa Excelência imponha a multa de
R$ 1.000,00 (um mil reais), por cada impedimento ou embaraço da referida visitação,
relativo a 01 (um) dia, que for praticado pelo requerido Geraldo Ferreira da Silva,
especificando que este numerário será devido à requerente Iris Barbosa Oliveira”.

Em 03/07/2017 foi juntado aos autos despacho judicial (ID – 25517116),


determinando o seguinte “intime-se o requerido para que respeite o período de
visitas estipuladas por este juízo nos autos de n. 0480.13.001232-5, devendo
permitir que a suplicante exerça o direito de visitação relativo à filha Alexia
Marcela Ferreira de Oliveira, sob as penas do art. 6º da Lei 12.318/10”.

Destarte, é a presente para impugnar as teses lançadas em contestação pela ré, bem
como para tecer considerações sobre seus efeitos nos presentes autos, pedindo vênia
para fazê-lo.

II - DO MÉRITO

Insta trazer neste momento aos autos, entendimento que se coaduna perfeitamente ao
caso em questão, e que afasta todas as alegações realizadas pelo requerido em sua
contestação.

De clara redação prevê o art. 2º da lei n° 12.318/2010, que dispõe sobrea alienação
parental:
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.

Parágrafo único: São formas exemplificativas de alienação parental, além


dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados
diretamente ou com auxílio de terceiros:

I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício


da paternidade ou maternidade;

II - dificultar o exercício da autoridade parental;

III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;

V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a


criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de
endereço;

VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou


contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou
adolescente;

VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a


dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou com avós.

Neste caso, fica perfeitamente demonstrada a ocorrência dos incisos III e IV, mediante a
reiterada atitude do genitor em proibir convívio entre mãe e filha.

Ocorre Excelência, que mesmo estando o Requerido ciente de referidas advertências,


tanto pela presente, quanto pelo despacho deste douto juízo e ainda pelo parecer
ministerial, já expostos anteriormente, ainda sim, continua a impedir as visitas
periódicas da Requerente e sua filha, desobedecendo ordem judicial, proibindo de forma
arbitraria e cruel o convívio de mãe e filha.
Salienta que a última vez que a Requerente manteve contato com sua filha foi no dia das
mães, 14 de maio de 2017, onde o Requerido permitiu que a filha almoçasse com a
Requerente.

O Requerido ainda faz alusão a r. sentença proferida no ano de 2014 no processo que
estabeleceu a guarda da menor e o direito de visitas da Requerente, ora Excelência sabe-
se que para estabelecer uma sentença protelatória há toda uma análise e estudo de caso,
ou seja, os fatos que levaram a delimitação de visitação da mãe ao período já
mencionado anterior foi embasado nos fatos apresentados à época, o que não pode o
Requerido usar dos mesmos argumentos para justificar sua conduta proibitória, uma vez
que já foram analisados por este juízo.

Ademais, o Requerido ainda alega que a Requerente não respeita os horários de visita
que lhe foram concedidas, indo a casa/comercio do Requerido todos os dias em horários
variados, comprometendo a tranquilidade da família, por certo que não passam de atos
extremos, pois a mesma encontra-se desesperada por não poder conviver, conversar, ter
notícias da filha.

Salienta que a última vez que a Requerente manteve contato com sua filha foi no dia das
mães, 14 de maio de 2017, onde o Requerido permitiu que a filha almoçasse com a
Requerente.

Há que se destacar, que em sede de contestação, foi requerido que se oficie o Conselho
Tutelar da cidade de São Gonçalo do Abaeté – MG acerca de supostas denúncias sobre
o comportamento da Requerente para com seu outro filho, requer desde já o
indeferimento do pedido em razão de ser a companheira do Requerido a responsável
pelo grupo técnico de conselheiras da referida cidade.

Não há dúvidas quanto a existência do crime de alienação praticado pelo Requerido,


mas para maior convicção desde magistrado, faz-se alusão ao parecer técnico da
Senhora Assistente Social designada, Sra. STHEFANE LARA REIS E SOUZA:
“à luz das observações realizadas durante a entrevista, percebeu-se
claramente que esse afastamento da mãe está afetando negativamente a
adolescente, que, inclusive, chorou muito durante o atendimento”;

“A adolescente disse também, que gosta muito da mãe, entretanto, que as


estrições impostas pelo pai tornaram muito difícil sua convivência com a
genitora e que gostaria de voltar a visitá-la, e, inclusive pernoitar na casa
materna. Na oportunidade pontuou que o pai é bastante rígido, razão pela
qual não tem abertura com ele, tendo mais afinidade com a madrasta”;

“percebeu-se que a descontinuidade da proximidade entre a mãe e a filha,


decorrente da resistência e impedimentos impostos pelo pai, que é o guardião
direto de ALEXIA, tem gerado grande angustia na adolescente”;

“ALEXIA se mostrou bastante fragilizada em decorrência dos impedimentos


de frequentar a casa materna, e expressou desejo no sentido de retomar o
convívio com a mãe”;

“O contato e convívio com ambos os pais é visto pela subscritora como


imprescindível para um satisfatório desenvolvimento emocional, intelectual e
afetivo dos filhos, não podendo ser prejudicado por ruptura repentina da
convivência imposta de forma autoritária e ilegal por qualquer dos genitores,
passível, inclusive de ficar caraterizada alienação parental”;

“importante destacar que a restrição do direito de convívio entre mãe e filha é


medida extrema é só pode ser imposta pelo Judiciário, após criteriosa
avaliação. O guardião não pode, a seu arbítrio, impor ruptura repentina da
convivência dos filhos como genitor não-guardião, sob pena de configurar
alienação parental”.

Portanto, não resta dúvidas quanto a conduta do genitor em proibir sua filha do convívio
materno, causando à ela grande transtorno psicológico além de visível sofrimento, digo
até, que a manutenção da mesma em regular tratamento psiquiátrico é decorrente de tal
afastamento.
O impedimento de convívio com a mãe, bem como a demonstração inequívoca da
alienação parental, são motivos suficientes para a concessão do pedido, pois evidente o
rompimento imediato dos laços com a criança, porquanto não podendo visitar sua filha
agora, jamais recuperará as horas perdidas, como dita o cediço brocardo: factum fieri
nequit infectum, haja vista que a audiência instrutória foi designada para fevereiro de
2018.

Portanto, cabível o presente pedido, pelos fatos e motivos explanados, razão pela qual
deve ser concedida os efeitos de tutela de urgência PRESENTE NA INICIAL, fixando
sanção pecuniária sugerida pelo parquet, haja vista que a audiência instrutória foi
designada para fevereiro de 2018.

Termos em que;

Pede Deferimento.

Patos de Minas – MG, 04 de outubro de 2017.

P.p. Paula Mattos Magalhães de Souza Coelho.

OAB/MG 144.462

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