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NOME: Wendel Henrique Bispo de Jesus N°: 37 SÉRIE: 3°A DATA: /10/20

Pesquisa sobre os movimentos sociais e políticos na América


Latina e no Brasil

Fazer uma pesquisa sobre os países Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Bolívia
durante o período ditatorial, envolvendo:

1- Período de vigência da ditadura;


2- Ditadores;
3- Participação dos EUA e relação com os governos ditatoriais;
4- Resumo de como foi o período;
5- Número de mortos e desaparecidos;
6- Grupos de resistência e estratégias utilizadas para combater a ditadura;
7- Resistência civil (grupos de direitos humanos, sociedade civil etc.);
8- Grupos artísticos de resistência (artes plásticas, música, teatro etc.);
9- Processo de democratização: anistia ou responsabilização dos envolvidos
no regime.

Brasil

1- 2 de abril de 1964 - 15 de março de 1985

2-
Diferentemente das ditaduras de outros países, o Brasil teve um sistema onde
havia presidentes militares ao invés de um ditador. Esse recurso foi usado
pelos militares para passar um ar de normalidade em relação ao governo e
esconder o fato dele ser, na verdade, uma ditadura. Temos, no total, cinco
presidentes militares, que são:

 Humberto Castello Branco (1964-67);


 Artur Costa e Silva (1967-69);
 Emílio Médici (1969-74);
 Ernesto Geisel (1974-79);
 João Figueiredo (1979-85).

3-
Os EUA, temendo que ocorresse algum tipo de expansão socialista nos demais
países da América Latina, decide intervir ativamente nessas nações de modo a
impedir qualquer indício ou movimento que pudesse ter viés comunista. Esse
foi o caso que ocorreu com as ideias do presidente brasileiro da época, João
Goulart, também conhecido como Jango. Seu principal intuito era reduzir as
desigualdades existentes no país, e isso foi interpretado tanto pela classe
média e alta do Brasil quanto pelo governo americano como indício de
comunismo. Tudo isso aproximou militares, elites econômicas do Brasil e o
governo americano. O governo americano não só enviou dinheiro para o Brasil
com o objetivo de financiar candidatos políticos conservadores como também
se envolveu na derrubada de Jango e mostrou-se apoiador da ditadura
brasileira.

4-

5- 434 entre mortos e desaparecidos, além da morte de cerca de 8 mil


indígenas.

6, 7 e 8-

Frente Ampla - foi uma tentativa de se realizar uma articulação política de


enfrentamento à ditadura militar e de abertura democrática por parte de Carlos
Lacerda, Juscelino Kubitschek (JK) e João Goulart (Jango), em 1966. Lacerda
tentou reivindicar, por meio de um manifesto publicado no jornal carioca
Tribuna da Imprensa, eleições livres e diretas, a reforma partidária e
institucional, a retomada do desenvolvimento econômico e a adoção de uma
política externa soberana. Para tal, contou com a ajuda de seus dois ex-rivais,
JK e Jango. Apesar dos outros dois contribuírem para a efetivação desse
manifesto, a chegada do governo de Costa e Silva e o recrudescimento da
repressão aos opositores fez com que a Frente Ampla fosse proibida.
Movimentos sindicais - Trabalhadores de diversas regiões do Brasil
realizaram greves durante a ditadura, com o intuito de reivindicar seus direitos
e demonstrar sua insatisfação com o sistema vigente. As greves começaram
no ano de 1968, e foram fortemente reprimidas, voltando apenas em 1978, com
uma série de greves realizadas por metalúrgicos no ABC paulista.

Ligas Camponesas - os camponeses não ficaram calados durante esse


período. Principalmente no Nordeste, houve a formação de diversas Ligas
Camponesas que foram importantes instrumentos de organização e de atuação
dos mesmos durante o período militar, realizando grandes greves de
trabalhadores canavieiros do Nordeste e ocupando latifúndios no Sul e
Sudeste, que conduziram à formação do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST). Também pode-se citar a guerrilha rural que ocorreu em Araguaia,
onde o PCdoB (Partido Comunista do Brasil), trabalhando clandestinamente,
enviou guerrilheiros para lutar contra a repressão. Essa guerrilha foi derrotada
pelo exército em janeiro de 1975.

O movimento estudantil - Sendo um importante foco de mobilização social, o


movimento estudantil realizou diversas passeatas, greves e congressos
clandestinos durante sua atuação no início da Ditadura Militar. Essa massa
jovem era principalmente de classe média e defendia fortemente ideologias de
esquerda, tanto que eram um dos grupos que mais pressionavam o governo
João Goulart no sentido de fazê-lo avançar e, mesmo, radicalizar, na realização
das reformas sociais. Uma das principais manifestações que esse grupo fez foi
a Passeata dos Cem Mil, em junho de 1968, onde estudantes, artistas,
religiosos e intelectuais caminharam pelas ruas do centro do Rio, gritando
slogans como “Abaixo a ditadura”, “O povo organizado derruba a ditadura”, “Só
povo armado derruba a ditadura”, Libertem nossos presos” e “Abaixo o MEC-
Usaid”.

A luta armada - Durante a ditadura militar, motivados por ideais socialistas,


foram criados grupos armados de esquerda que acreditavam que outro sistema
poderia resolver as injustiças sociais geradas pelo capitalismo. Esses grupos
agiam na clandestinidade e muitos guerrilheiros afastaram-se da vida civil para
planejar e executar suas ações. Esses grupos realizavam atos como roubo de
bancos, atentados com bombas e sequestros como forma de resistirem à
ditadura. Dentre vários atuantes, dois nomes destacam-se na luta armada:
Carlos Marighella e Carlos Lamarca.

Tropicalismo ou Tropicália – Movimento artístico ocorrido durante os anos de


1968 e 1969, o qual pretendia “redescobrir o Brasil” em um contexto cultural,
procurando redescobrir o país, seus valores, símbolos nacionais outrora
esquecidos, heróis inimagináveis, temas negligenciados, ao mesmo tempo que
também incorporava elementos de fora, e de forma antropofágica,
assemelhando-se com a Primeira Geração Modernista, criava uma versão
genuinamente brasileira. Esse movimento teve um papel importante durante o
período da Ditadura pelo fato de fazer debates políticos importantes e produzir
leituras críticas sobre as realidades brasileiras, por meio das suas múltiplas
formas de expressão.

Revista Pif-Paf – Editada por Millôr Fernandes, a revista “Pif-Paf” exerceu um


forte papel durante o período da Ditadura, fazendo críticas a ditadura militar e
satirizando algumas situações e personagens dela, como Carlos Lacerda e
Castello Branco. A revista foi fechada em seu oitavo número, depois de receber
uma série de ameaças do regime.

Shows musicais de protesto como "Opinião", dirigido por Augusto Boal, com o
apoio do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, e "Liberdade, Liberdade",
de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, estrelado por Paulo Autran.

9-
O processo de redemocratização do Brasil começou a ocorrer durante governo
do presidente militar Ernesto Geisel (1974-1979), o qual promoveu durante seu
mandato uma abertura política lenta e controlada, de modo a manter os
governos alinhados aos interesses do Exército sem a necessidade de se ter
presidentes militares. Essa abertura falhou miseravelmente, uma vez que as
mínimas concessões feitas pelo governo já foram suficientes para incendiar e
mobilizar a população. A ditadura, pressionada pela população, revogou o AI-5,
o que permitiu a criação de outros partidos políticos e impedia o fechamento do
Congresso e a cassação dos direitos políticos dos cidadãos, e criou a decreto
da Anistia, que perdoava todos os crimes políticos ocorridos até o ano de 1979.
Após isso, durante o governo de João Figueiredo, a população conquistou o
direito para eleger governador em 1982. Entre 1983 e 1984, a população
brasileira engajou-se na Campanha das Diretas Já. Nessa campanha, a
população brasileira exigia o retorno do direito de escolher quem seria o
presidente do país. A campanha acabou fracassando e a eleição indireta foi
mantida. Os candidatos da vez eram Paulo Maluf, do lado da ditadura militar,
contra Tancredo Neves, candidato da oposição. Tancredo venceu as eleições
em 1985, pondo um fim na ditadura militar.
É válido salientar que os responsáveis por cometer crimes e todo tipo de
violação contra os Direitos Humanos não foram julgados e condenados, isso se
deve principalmente devido a Lei da Anistia, que perdoou os crimes cometidos
pelos agentes na ditadura. Apesar disso, ainda foram tomadas providências
para ao menos apresentar alguns fatos ocorridos durante o período. Um órgão
com essa finalidade foi a Comissão Nacional da Verdade, criada em 2011.

Uruguai

1- 27 de junho de 1973 - 28 de fevereiro de 1985

2-
Assim como a ditadura brasileira, o regime militar uruguaio foi caracterizado por
um regime civil-militar, no qual o poder pertenceu a três presidentes, ou seja,
três figuras civis, e pôr fim a um general, sendo ele o último representante da
ditadura. A seguir, uma lista com os líderes em ordem:

 Juan María Bordaberry (1973 - 1976);


 Alberto Demicheli (presidente interino) (1976);
 Aparicio Mendéz (1976 - 1981);
 Gregorio Alvarez (1981 - 1985);

3-

4-
No dia 27 de junho de 1973, o presidente recém-eleito Juan María Bordaberry,
com apoio das forças militares, dá um golpe no próprio governo e encerra
todas as atividades do poder judiciário e legislativo do país, instaurando a
ditadura civil-militar no Uruguai. Ele deu esse golpe no governo devido
principalmente a críticas que ele tinha em relação aos movimentos de oposição
existentes na nação. É válido salientar que, pelo fato de Bordaberry ter agido
em conjunto com as forças militares do país, sendo muitas vezes uma figura
mais “fraca” politicamente em relação aos militares, essa ditadura é
considerada uma ditadura civil-militar, como denominada anteriormente.
Uma vez que a ditadura é instaurada, Bordaberry fez questão de perseguir todo
e qualquer tipo de grupo de esquerda ou de oposição que existia no país,
fazendo com que se tornassem ilegais. Grupos como o MLN-T (Movimiento de
Libertación Nacional – Tupamaros), instituições como o CNT (Convenção
Nacional de Trabalhadores) e partidos como o Frente Amplio foram duramente
reprimidas durante a ditadura de Bordaberry, tendo suas atividades encerradas
e suas principais lideranças presas. Além disso, com o fechamento dos
Congressos, Câmaras de representantes e do palácio legislativo, Bordaberry
criou dois órgãos governamentais que o ajudariam a governar o país, que
foram o “Consejo de Seguridad Nacional” (COSENA), que integrava o governo
à cúpula de comando militar, e o “Conselho de Estado”, que foi responsável por
assumir o poder legislativo e foi “facultada” às Forças Armadas adotar todas as
medidas que pudessem assegurar os serviços públicos essenciais.
No ano de 1976, Bordaberry declarou suas reais intenções como ditador. Ele
anunciou uma série de medidas que gostaria de tomar. Como a proibição da
existência de partidos de esquerda, proibição da soberania popular e um fim a
democracia representativa. Essas decisões, por serem demasiado arriscadas,
acabam por desagradar os militares, visto que poderiam perder apoio popular
com essas medidas. Para evitar que isso pudesse acontecer, os militares
pressionaram Bordaberry para que ele renunciasse o cargo de presidente.
Como ele se recusava a fazê-lo, os militares simplesmente tornaram o poder
de Bordaberry ilegítimo e selecionaram Alberto Demicheli como presidente
interino.
Ele ficou por cerca de 3 a 4 meses no poder, mas isso foi tempo o suficiente
para ele estabelecer dois Atos Institucionais que foram de suma importância
para o poder militar, o AI-1, responsável por criar o Conselho da Nação, órgão
de caráter executivo formado principalmente por militares o qual tinha a
capacidade de deliberar as decisões do presidente, e o AI-2, o qual garantia o
poder dos militares poderem escolher o presidente e os membros da Suprema
Corte.
No dia 1 de setembro de 1976, o cargo de presidente é passado para Aparicio
Mendéz. Esse presidente permanece no poder de 1976 até 1981 e assina uma
série de Atos Institucionais que tinham caráter constitucional, algo similar ao
que aconteceu no Brasil. Não só isso, como também continua com a repressão
contra grupos de oposição que já existia anteriormente. Após o fim do mandato
de Aparício Mendéz, o próximo presidente foi Gregorio Alvarez, o primeiro
presidente de caráter militar do regime.
Com a pressão exercida sobre o regime por conta da insatisfação da
população e da impopularidade do regime, em 1984 ocorre o Pacto do Clube
Naval, onde militares, a Frente Ampla, o Partido Colorado e a União Cívica se
unem para organizar um processo de eleição democrática. Deste processo, o
Partido Colorado saiu vencedor, colocando no poder o presidente Julio Maria
Sanguinetti, após a saída do presidente interino Rafael Addiego Bruno, dando
fim a ditadura uruguaia.
5- Cerca de 196 desaparecidos e 202 mortos

6, 7 e 8-

Movimentos sindicais e estudantis - Fortemente reprimidos durante o


princípio da ditadura, esses movimentos só passaram a ganhar força no ano de
1983, devido a fatores como o descontentamento da população, o fato dos
EUA ter parado de financiar a ditadura e uma crise econômica que também
abalou o país. Esses fatores combinados foram responsáveis por dar espaço
para a população se revoltar e demonstrar seu descontentamento quanto ao
regime por meio de ações como apagões e panelaços. Um outro evento
marcante que aconteceu foi um ato no Obelisco da capital Montevidéu tem
participação massiva. Durante o ato, o ator uruguaio Alberto Candeau leu uma
proclama inspirada na ideia de “um Uruguai sem exclusões”.

Tentativas de comemoração do Dia do Trabalhador – Durante o início do


regime militar, alguns grupos de trabalhadores tentavam comemorar o Dia dos
trabalhadores (1º de maio) na época. Essas tentativas caracterizavam-se por
manifestações feitas pelos trabalhadores na época, no entanto, elas acabaram
sumindo em pouco tempo.

Convenção Nacional de Trabalhadores (CNT) - Órgão criado em 1964, teve


um papel importante principalmente durante o início da ditadura, uma vez que
organizou uma greve que contou com o apoio de diversas instituições e de
grêmios estudantis da época. Essa greve durou cerca de 15 dias e foi
fortemente reprimida pela ditadura militar, a qual declarou a CNT ilegal após
esse acontecimento.

Feira de Livros e Gravuras - Organizada por Nancy Baceló, a Feira de Livros


e Gravuras foi responsável por reunir diversos editores, artesãos, músicos,
gravadores e fotógrafos durante as décadas de 60 e 70. Considerada um ponto
de militância anti-ditatorial, essa feira permitiu uma troca cultural importante
entre os artistas e intelectuais da época e entre os artistas para com o público,
tanto que a feira conseguiu se sustentar graças aos artistas e ao público.

Clube de Gravura de Montevidéu - Também chamado de CGM, essa


instituição ficou aberta durante todo o período ditatorial, e em conjunto com a
Feira de Livros e Gravuras, O Teatro Circular e a Cinemateca Uruguaia,
compuseram a arte revolucionária da época. Esse clube era composto de
artistas com ideais similares, sendo de esquerda e/ou participando de partidos
como o Partido Comunista Uruguaio. Utilizando-se da linguagem artística,
criavam obras que passavam implicitamente a mensagem a qual desejavam,
algo bastante similar ao o que ocorreu no Brasil.

A "Mail Art" - Tendo como principais representantes os artistas Jorge


Caraballo, Haroldo González e Clemente Padín, a “Mail Art” ou “Arte postal” foi
uma das manifestações artísticas que criticaram a ditadura uruguaia durante
seu princípio, uma vez que ela não era tão repressiva em seus primeiros anos.
Ela tratava-se basicamente selos e cartões postais curtos e explícitos,
passando mensagens denunciando a ditadura e explicitando como a sociedade
uruguaia estava sofrendo naquele momento. Essas novas práticas artísticas de
"Mail Art" proporcionaram importantes mostras internacionais em plena
ditadura latino-americana, como no Uruguai (1974), Argentina (1976) e Brasil
(1976). Ela também foi responsável por permitir a todos saberem o que
acontecia com presos políticos, falta de liberdade, Terrorismo de Estado e os
“Crimes Contra a Humanidade” que estavam a ser cometidos em esses países
latino-americanos.

Pode-se também citar órgãos como a “Frente Ampla” e o “Movimiento de


Libertación Nacional – Tupamaros”, porém, eles tiveram uma maior
participação antes da consolidação da ditadura, já que esta reprimiu esses dois
movimentos fortemente, capturando seus líderes e impedindo usa ações.

9-
A redemocratização do Uruguai remonta por volta de 1980, quando a
população, após a votação de um plebiscito, começa a pressionar o governo
requisitando o retorno ao sistema democrático. Isso, combinado com uma forte
recessão econômica que assolou o país aumentou e muito o
descontentamento do povo. Muito disso se refletiu nas eleições internas
ocorridas no ano de 1982, onde mesmo os principais representantes de
esquerda sendo proibidos de participar, as listas ganhadoras são de partidos
contrários a ditadura. A partir desse momento começam a funcionar as
Convenções partidárias e se geram mais conversações sobre a saída da
ditadura.
A partir de 1983, as coisas começam a piorar para o regime. Mobilizações
populares começaram a acontecer como forma de demonstrar o
descontentamento da população em relação ao governo atual, grêmios
estudantis e movimentos sindicais começam a aflorar cada vez mais nesse
panorama, usando espaços culturais para ações de resistência e luta contra a
censura e realizando atos como apagões e panelaços.
No ano de 1984 alguns Atos Institucionais são cancelados e presos políticos
são liberados. Em novembro Julio María Sanguinetti (Partido Colorado) é eleito
Presidente com 31% dos votos. Isso marca o fim da ditadura uruguaia.
Sanguinetti promulgou em 1986 a controversa lei da “caducidade da pretensão
punitiva do estado”, qual basicamente declarava anistia aos delitos cometidos
por torturadores, policiais e militares durante o período da ditadura. Um
referendo de 1989, que colocou em pauta a discussão popular de manutenção
de tal anistia, foi aprovado com 57% dos votos. Essa lei apenas perdeu força
por volta de 2011, no entanto, os infratores não foram punidos uma vez que os
crimes cometidos por eles foram considerados crimes sujeitos a prescrição
pela Corte Suprema do Uruguai, em 2013, o fazendo-os saírem impunes da
situação.

Argentina

1-
28 de junho de 1966 – 11 de março de 1973
27 de março de 1976 – 10 de dezembro de 1983

2-
Ditadura de 1966 – 1973

 Juan Carlos Onganía (1966 - 1970)


 Roberto Marcelo Levingston (1970 - 1971)
 Alejandro Agustín Lanusse (1971 - 1973)
Ditadura de 1976 – 1983
 Jorge Rafael Videla (1976 – 1981)
 Roberto Eduardo Viola (Presidente interino) (1981)
 Carlos Alberto Lacoste (Presidente interino) (1981)
 Leopoldo Galtieri (1981 - 1982)
 Alfredo Oscar Saint-Jean (Presidente interino) (1982)
 Reynaldo Bignone (1982 - 1983)

3-

4-
Ditadura de 1966
No dia 28 de junho de 1966, foi realizado um golpe de Estado contra o
Presidente Arthuro Illia, o qual pertencia a União Cívica Radical, um partido da
Internacional Socialista. Por conta de pertencer a esse partido, Illia era um alvo
que os EUA desejavam eliminar, visto sua política de combate contra o
comunismo. Após a deposição do presidente, um documento denominado
Estatuto da Revolução Argentina entrou em vigência, e este legalizava as
atividades dos militares e ditava que a ditadura argentina teria período
indeterminado. Essa é a principal diferença entre essas duas últimas ditaduras
e as demais que ocorreram no país em anos anteriores. Enquanto as
anteriores tinham caráter provisório, essas duas últimas tinham caráter
“permanente” ou por período indeterminado. O próprio slogan da ditadura
explicitava isso: “A Revolução Argentina tem princípios, porém não prazos”.
O primeiro presidente desse período foi Juan Carlos Onganía, que governou de
1966 a 1970. Seu mandato fora conhecido como Onganiato, e suas principais
ações durante o governo foram uma ampla perseguição a opositores,
suspensão do direito a greve e a ilegalização dos partidos políticos. Onganía
também promoveu uma política denominada participacionismo, onde diversos
setores do país, como setor industrial, rural, comercial, dentre outros, criavam
comitês de caráter consultivo ao poder executivo, porém, seus representantes
eram escolhidos a dedo pelo presidente.
Em relação à economia, Onganía congelou os salários dos trabalhadores e
reduziu o valor do peso, de modo a favorecer o capital estrangeiro, ou seja, ele
reduziu o valor da moeda para conseguir apoio de outros países, em especial,
o Estados Unidos. Isso, a longo prazo, acabou por piorar
Onganía também via com maus olhos as universidades argentinas, dizendo
que elas eram centro de ideias comunistas e da subversão. Por conta disso,
proibiu atividades estudantis e reforçou o policiamento, de modo a remover a
autonomia das universidades. Um episódio famoso dessa repressão foi a
“Noite dos longos cassetetes”, onde ordenou que forças policiais entrassem na
Universidade de Buenos Aires e reprimissem alunos e profissionais, causando
a prisão e o exílio de muitos. Essas decisões acabaram por ocasionar em uma
“fuga de cérebros”, que se trata da saída de intelectuais e outros profissionais
do país, seja por exílio ou por vontade própria. O presidente também possuía
um discurso moral, o qual proibia o uso de roupas curtas e homens com cabelo
longo.
O Onganiato acabou em junho de 1970, após o presidente sofrer um golpe e
ter sido destituído por, ironicamente, uma junta militar. O próximo governante
que foi escolhido por essa junta foi Roberto Marcelo Levingston, um militar
muito pouco conhecido e com pouca força política que governou por poucos
meses devido a não conseguir controlar o cenário político, econômico e social
do país, sofrendo grande pressão no processo.
Após a deposição de Levingston, o próximo presidente foi Alejandro Agustín
Lanusse, que governou de 1971 até 1973. Ele tomou a decisão de tentar
mostrar à população que o governo estava agindo, de modo a tentar amenizar
a situação. A repressão contra grupos de oposição continuou, mas o governo
passou a fazer obras como estradas e pontes para mostrar que o governo
estava ativo.
Dentre os grupos de oposição perseguidos, um que se destaca além dos
comunistas são os peronistas, um grupo que desejava o retorno de Perón a
presidência ou um governo similar ao dele. Um episódio que se passou durante
esse período e que tem a ver com os peronistas foi o Massacre de Trelew em
1972. Ele ocorreu na prisão de Rawson, na Patagônia, quando cerca de 100
presos políticos que tentaram fugir da prisão foram recapturados e obrigados
pelos fuzileiros a simular outra fuga, só que dessa vez os fuzileiros acabaram
por matar cerca de 16 presos no processo.
Visto todo este panorama, Lanusse, pressionado e sem o apoio do povo, se vê
obrigado a abrir eleições presidenciais em 1973 por meio do GAN (Grande
Acordo Nacional). Ao fazer isso, Lanusse queria que o peronismo se
reestabelecesse no país, porém, sem a presença de Juan Domingo Perón.
Para isso, justificou que o ex-presidente havia perdido os direitos políticos uma
vez que se encontrava exilado no exterior. Nas eleições, Hector José Câmpora,
da “Frente Justicialista de Liberación” sai vitorioso. Com o slogan “Câmpora no
governo, Perón no poder”, Hector conseguiu se tornar presidente do país.
Apesar disso, Hector renuncia ao seu cargo pouco tempo depois, de modo a
abrir novamente um processo eleitoral e fazer com que, assim, Perón fosse
eleito e pudesse governar a Argentina mais uma vez.

Ditadura de 1976
Foi a última ditadura vivida pela Argentina até então. Esta, assim como
anterior, possuiu caráter “vitalício” ou de tempo indeterminado. No dia 27 de
março de 1976, a presidente Maria Estela Martínez Perón, ex-esposa do
presidente Juan Domingo Perón, foi deposta e então foi instituída, mais uma
vez, uma ditadura no país. Após o golpe, em 1976, foi estabelecida uma
política no país denominada Processo de Reorganização Nacional, que tinha o
intuito de reorganizar o país e combater os inimigos que ameaçavam o mesmo,
como o comunismo e o peronismo. Além dessa política, foi sancionado um
Estatuto que ficaria acima da Constituição e daria poder aos militares.
Essa política foi instituída por uma junta das três forças armadas: exército,
marinha e aeronáutica. Essas juntas eram formadas por três integrantes, um de
cada força, e eles nomeavam um governante, normalmente ele era um dos
participantes da junta, que representaria os poderes executivo e legislativo do
país. O primeiro presidente e o que permaneceu mais tempo no poder foi Jorge
Rafael Videla, que ficou no poder de 1976 até 1981.
Durante seu governo, Videla fez questão de alinhar a Argentina a “Operação
Condor”, plano americano que tinha como objetivo eliminar a potencial ameaça
comunista que existia na América Latina. Para tanto, Videla adotou uma
política de Guerra Suja, a qual removeu todos os direitos e liberdades
individuais dos cidadãos e promoveu prisões, torturas e assassinatos. Essa
ditadura foi uma das mais sanguinárias que se teve até então, junto com a do
Chile. A ditadura, no ponto de vista econômico, tomou um rumo que tinha com
principal objetivo se alinhar economicamente aos interesses estrangeiros. Ele
abriu o mercado de importações e isso reduziu drasticamente as exportações
do país, bem como a produção industrial do mesmo. Isso, a longo prazo,
acabou por acumular uma dívida externa gigantesca, culminando em um
panorama economicamente desastroso para a Argentina e gerando uma
grande crise para o país.
Essa crise, somada com situações como o Conflito de Beagle (disputa entre
Argentina e Chile em relação a posse das terras que compunham a Terra do
Fogo. O Chile saiu em vantagem nessa disputa) acabaram impopularizar cada
vez mais o governo de Videla. Nesse panorama, a vitória que a Argentina
conquistou na Copa do Mundo de 1978 serviu como um “amenizador” da
situação, mas não evitou a deposição do ditador em 1981.
Videla foi afastado do cargo em 1981. Após esse acontecimento, foram
nomeados dois presidentes interinos para governar o país enquanto a junta
decidia qual seria o próximo representante definitivo. Esses dois presidentes
foram Roberto Eduardo Viola e Carlos Alberto Lacoste. Por serem interinos,
eles não realizaram decisões de peso nem tiveram um papel tão grande. O
presidente nomeado pela junta militar para foi Leopoldo Galtieri.
O governo de Galtieri foi marcado pela Guerra das Malvinas, conflito entre
Argentina e Reino Unido referente a posse das Ilhas Malvinas. Esse território
encontrava-se em domínio da Reino Unido desde 1833 e a Argentina queria
reivindicá-lo, uma vez que eles já ocupavam as Malvinas desde o século XVIII,
antes mesmo da chegada dos ingleses. Esse conflito durou cerca de dois
meses, sendo que a Argentina saiu derrotada do conflito. Nesse ponto, toda
expectativa e apoio que o governo possuía caiu por terra.
Sem apoio e enfraquecido politicamente, Galtieri renunciou seu cargo em 1982,
sendo substituído provisoriamente por Alfredo Oscar Saint-Jean. Este
permanece no poder até a junta escolher Reynaldo Bignone como governante
oficial. Bignone governa por um ano, sendo que em 1983 ele convoca eleições
presidenciais para dia 30 de outubro. Essas eleições foram vencidas pelo
representante da União Cívica Radical, Raúl Alfonsin, assumindo o poder no
dia 10 de dezembro e colocando um fim a ditadura.

5–
8000 civis mortos (1966)
30000 pessoas desaparecidas e/ou mortas (1976)

6, 7, 8-

1966
Cordonbazzo – Realizado na cidade de Córdoba em 1969, o Cordonbazzo foi
um grande movimento revolucionário desempenhado por trabalhadores,
principalmente os participantes do sindicato da Luz e Força, e estudantes da
Universidade Católica de Córdoba contra a ditadura vigente. Eles tomaram as
ruas e conseguiram mobilizar grande parte da população da cidade em
conjunto com eles, uma vez que saíram de diversos pontos da cidade até o
centro. A revolta durou dois dias e acabou por ser reprimida pelo exército,
culminando em diversos presos e quatro mortos. Apesar de fracassar, a revolta
teve um papel importante para enfraquecer o governo de Onganía, tanto que
ele sofreu um golpe de uma junta militar no ano seguinte;

1976

Sindicatos
Entidades estudantis
Grupos de intelectuais
Defensores da luta armada
Asociación Madres de la Plaza de Mayo – Fundada em 1977, essa
associação foi formada pelas mães dos desaparecidos durante a ditadura e é
vigente até a atualidade, consolidando-se como um dos movimentos mais
importantes da América Latina. Essa Associação foi responsável por se
manifestar contra a ditadura, realizando protestos contra os abusos de poder
que ocorreram durante esse período

9-

Chile

1- 11 de setembro de 1973 – 11 de março de 1990

2-
Essa ditadura possuiu apenas um ditador, diferentemente das ditaduras do
Brasil e do Uruguai

 Augusto Pinochet (1974 - 1990)

3-
A ditadura chilena inicialmente estava alinhada com a Operação Condor, uma
aliança entre os EUA e as ditaduras latino-americanas que tinha por objetivo a
perseguição e destruição de opositores do governo capitalista.

4-
O início da ditadura chilena ocorreu no ano de 1973, quando o presidente
Salvador Allende sofreu um golpe de Estado chefiado pelo general Augusto
Pinochet. Allende foi morto (ou se suicidou, não se sabe ao certo) durante o
golpe. Até 1974, Pinochet governou o Chile de forma provisória, porém, graças
ao decreto lei n° 527, o general passou a governar de forma permanente o
poder executivo e legislativo por conta do fechamento do Congresso.
Por se alinhar com a Operação Condor, a ditadura passou a reprimir
duramente todo e qualquer tipo de oposição existente no país, prendendo,
torturando e assassinando membros de grupos de esquerda da época.
Pinochet também utilizou diversos locais como prisões e campos de
prisioneiros, dentre eles o Estádio Nacional de Santiago,

5- Quase 5000 mortos e desaparecidos listados até o presente.

6, 7 e 8-
Comando Nacional de Trabajadores (CNT) – Mesmo com a dura repressão
imposta pela ditadura de Pinochet e com a imposição do Plano Trabalhista
Piñera, o qual limitava o direito de greves e o ato de negociação coletiva dos
trabalhadores, o Comando Nacional dos Trabajadores foi uma organização
muito importante para os movimentos sindicais do Chile. Ele foi responsável
por uma das maiores manifestações contra a ditadura que já se viu, reunindo
cerca de 250 mil pessoas por uma mesma causa no dia 1° de maio de 1984, no
Parque O’Higgins, Santiago. Essa manifestação tinha como intuito apresentar o
“Caderno dos Trabalhadores”, documento o qual requisitava o retorno à
democracia, o fim do Plano Trabalhista e o fim da repressão e outras
demandas.

Manifestações nas favelas de Santiago – As populações mais pobres


também demonstraram resistência contra o governo de Pinochet. A
participação dessa população transformou as favelas em campos de guerra, de
modo que o governo precisou, em 1984, tomar providências para conter essas
agitações da população.
Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR) – Movimento que existia
antes da ditadura de Pinochet, o MIR era uma organização formada
inicialmente por jovens da Universidade de Concepción que tinha seus
principais ideais baseados em ideias marxistas – leninistas e possuía fortes
influências de políticos como Fidel Castro e Ernesto Che Guevara. Após o
golpe que instaurou a ditadura, o MIR foi um movimento que trabalhou na
clandestinidade para derrubar a ditadura de Pinochet, ao mesmo tempo que
desenvolveu certa resistência armada contra o regime. Suas principais ações,
nesse período, visavam a organizar e desenvolver o movimento de resistência
popular; restituir as liberdades democráticas e o respeito aos direitos humanos;
defender o nível de vida das massas e estabelecer um novo governo. Seu
extremismo fez com que fosse umas das organizações mais perseguidas pela
ditadura e pelo órgão da inteligência da ditadura, a Direção de Inteligência
Nacional (DINA). Essas perseguições pouco a pouco foram enfraquecendo o
grupo, o qual enfrentou uma grande crise em 1986, devido a perda de diversos
militantes pelos mais diversos motivos.

Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR) – Movimento cujos líderes foram


Cecília Magni e Raúl Pellegrin, o FPMR foi responsável pela realização de
duas operações de resistência, onde uma delas tinha o intuito de derrubar o
ditador Augusto Pinochet do poder. Uma ocorreu em 1986, onde os
guerrilheiros tentaram matar Pinochet durante o trajeto que fazia voltando a
Santiago, que acabou fracassando, pois o grupo não conseguiu matá-lo dentro
de seu automóvel blindado, e a outra foi a tentativa foi durante um ataque ao
Centro de Detenção de Los Queñes, onde durante o ataque, seis participantes
do evento foram capturados e os líderes do movimento foram encontrados
mortos em um rio.

Movimiento Juvenil Lautaro (MAPU LAUTARO) – Movimento extremista de


esquerda, o MJL ou MAPU LAUTARO foi um dos principais grupos que lutou
contra a ditadura chilena e que permaneceu ativo até depois da queda de
Pinochet, apenas sendo desfeito quando seu líder, Guilherme Ossadón Cañas,
foi preso e condenado em 1994 por homicídio qualificado. Esse movimento
realizou uma série de ações antes e depois da ditadura, como assalto a bancos
e arsenais, ataques com bombas, sabotagens, entre outras ações.

Igreja católica – Inicialmente a Igreja apoiou o golpe realizado por Pinochet,


no entanto, quando a ditadura começou a perseguir os padres pertencentes do
PDC (Partido Democrata Cristão do Chile), a alta cúpula da igreja chilena
passou a constantemente denunciar as violações dos direitos humanos e,
posteriormente, encabeçou movimentos populares pela “transição
democrática”.
Nova Canção Chilena – Surgida nos anos 60, a Nova Canção Chilena foi uma
forma de protesto realizada por meio da música tendo como principais cantores
Vitor Jará, Violeta Parra, Angel Parra, Isabel Parra, Payo Grondona, Rolando
Alarcón, além dos grupos Quilapayún e Inti Illimani. Caracterizada por um estilo
musical folclórico que se utilizava de instrumentos autóctones como o
charango, o tiple (espécie de violão) e a quena (flauta), esse movimento
musical se caracterizou por utilizarem a música como forma de protesto ou
ironização de personagens e/ou modas. As músicas desse movimento traziam
consigo uma mensagem criticando as injustiças, a censura, a violência contra
trabalhadores, além de trazer também situações de injustiça reais ou fictícias
etc. A produção musical realizada pela Nova Canção Chilena tinha como
propósito “dar voz” as minorias sociais desprivilegiadas, demonstrando as
inúmeras falhas do sistema neoliberal implantado por Pinochet no Chile,
principalmente pelo seu vínculo com os interesses estrangeiros.

9-
Durante a década de 1980, um plebiscito foi convocado para aprovação de
uma nova Constituição Federal. Ele concedia poderes ilimitados ao ditador
institucionalizava a repressão do regime. Pinochet ficou no cargo por mais 8
anos e ainda possuía direito de reeleição. Seu governo, no entanto, não durou
todo esse tempo, uma vez que um fator crucial assolou o regime de Pinochet,
uma crise econômica, ocorrida nos anos de 1982-1983. Essa crise foi
responsável pela volta à ativa de outros partidos políticos, dentre eles, “Alianza
Democratica” (AD) no centro e o “Movimiento Democratico Popular” (MDP) na
esquerda.
Em 1988, Pinochet foi lançado como candidato único para votação popular, a
qual o eleitorado chileno compareceu maciçamente ao pleito, diante das
atenções internacionais e da participação de observadores estrangeiros. Os
votantes deveriam decidir entre o “Sí” e o “No”. A opção pela não continuidade
do regime venceu com 55% dos votos. Em 1989, ocorreram novas eleições
presidenciais, e foi eleito Patrício Aylwin do PDC, ex-senador durante o regime.
Depois de sua saída do poder, Augusto Pinochet se tornou comandante e
chefe das Forças Armadas e posteriormente senador vitalício do Chile.
Após a ditadura, foram criados órgãos como a “Comisión Nacional de Verdad y
Reconciliación” e a “Corporación Nacional de Reparación y Reconciliación”, as
quais tiveram o intuito de apurar as violações dos direitos humanos cometidos
durante a ditadura. Diferentemente dos outros países, houve a punição de
algumas figuras responsáveis por tais violações, no entanto, Pinochet saiu
impune dessa situação devido a possuir um atestado de debilidade mental, o
que lhe concedeu inimputabilidade e impossibilitou seu julgamento. De todo
modo, as investigações se seguiram e, segundo o “Informe anual sobre
Derechos Humanos en Chile”, da Universidade Diego Portales, até 2017 a
Suprema Corte chilena condenou 532 agentes da repressão por casos de
violações imprescritíveis aos direitos humanos.
Bolívia

1- 5 de dezembro de 1964 -

2-
 René Barrientos e Alfredo Ovando (1964 - 1966) (processo transitório)
 René Barrientos (1966 - 1969)
 Juan José Torres (Não considerado ditador) (1970 - 1971)
 Hugo Banzer (1971 - 1978)
 Junta militar (transitório) (1978 - 1980)
 Luís Garcia Meza (1980 - 1982)

3-

4-
A Bolívia vivia em um período o qual era governado por representantes de
esquerda. Em 1952, ocorreu um evento chamado Revolução Boliviana, onde
uma série de grupos e partidos de esquerda tomaram o poder do país. Dentre
esses partidos, podemos destacar o MNR (Movimento Nacional
Revolucionário). Com o governo sob o domínio da esquerda, foram tomadas
ações como a nacionalização das minas de estanho do país, a reforma agrária
e uma redução do exército. Um ponto que se deve destacar é que, por mais
que o exército esteja enfraquecido, ele recebe apoio dos EUA secretamente, se
reerguendo e reestruturando por baixo dos panos.
Visto esse panorama, o presidente Victor Paz Estenssoro, primeiro presidente
do processo revolucionário, uma vez ganhando novamente as eleições para
iniciar um novo mandato, resolve aliar-se às forças armadas, que estavam
notoriamente mais fortes, para tentar ter um governo um pouco mais
balanceado. Estenssoro seleciona como vice-presidente o comandante das
forças aéreas René Barrientos.
Mesmo com essa aliança, há um surgimento e fortalecimento das alas e
partidos conservadores no país, surgindo alas de direita até mesmo no próprio
MNR. Com o fortalecimento da direita, René Barrientos, em conjunto com o
general das forças armadas Alfredo Ovado, aplica um golpe de Estado,
depondo Estenssoro de seu cargo no dia 5 de dezembro de 1964 e iniciando
uma ditadura. O poder “compartilhado” (uma vez que, por mais que ambos os
representantes tivessem feito um acordo de poder, as Forças Aéreas
continuavam mais fortes em relação ao exército, devido principalmente ao fato
de Barrientos ser uma figura mais conhecida) de Barrientos e Ovando dura até
1966.
Durante esse ano onde ambos trabalharam juntos, eles limitaram as liberdades
individuais, controlaram o acesso às minas de estanho e reprimiram duramente
as manifestações realizadas pela oposição. No ano de 1966, por meio de um
processo eleitoral, Barrientos ratifica seu poder político, se tornando presidente
da Bolívia após isso.
Ele permanece no poder de 1966 até 1969. Durante seu mandato, ele se alia a
CIA (Agência Central de Inteligência), órgão americano que possuía como
intuito combater a “ameaça comunista” da época, e juntos conseguem capturar
e executar o revolucionário e guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, que se
encontrava em atuação de forma clandestina no país, organizando uma
guerrilha chamada de ELN (Exército de Libertação Nacional). Barrientos
também abriu as minas de estanho para a entrada e exploração de empresas
estrangeiras, principalmente estrangeiras. Essa ação ocasionou em uma série
de manifestações sindicais que foram violentamente reprimidas.
Em 1969, porém, Barrientos acaba morrendo por conta de um acidente de
helicóptero. Após esse evento, o general Juan José Torres é eleito como
presidente em 1970, contudo, devido a seu discurso progressista, que
desagradou os militares, ele acaba tomando um golpe de Estado chefiado pelo
coronel Hugo Banzer, em 1971, apoiado pelo governo do Brasil, pelos EUA,
pelas elites bolivianas, entre outros grupos, colocando o coronel em poder.
Considera-se o governo de Torres como algo transitório, pelo fato de ter ficado
poucos meses no poder.
Banzer ficou no poder de 1971 até 1978. Durante seu governo, além da
repressão, houve também a proibição e a ilegalização de organizações e
partidos políticos de esquerda, dentre eles a COB (Central Obrera Boliviana).
Banzer também contratou o alemão Klaus Barbie, também conhecido como
Klaus Altmann, para chefiar a repressão e o serviço de inteligência do país.
Klaus Barbie foi um ex-membro da Gestapo, polícia nazista do Terceiro Reich,
conhecido pela sua crueldade como “Açougueiro de Lyon”.
Do ponto de vista econômico, Banzer continuou o que Barrientos estava
fazendo, que era abrir as portas do país para a entrada de empresas e capital
estrangeiro. Com a abertura dos meios de produção e as minas de estanho já
abertas, Banzer passou a receber empréstimos que foram utilizados para a
construção de grandes obras, como pontes e estradas. Essas obras, no
entanto, não causam nenhuma modificação na qualidade de vida nem na
economia da população, uma vez que grande parte da mesma não tinha como
usufruir dessas obras. Essa situação foi bastante similar ao que ocorreu no
Brasil com o “milagre econômico”, por mais que o PIB aumentasse, a
desigualdade da distribuição de renda ainda era altíssima, o que fazia com que
grande parte da população vivesse com pouco poder de compra e uma
pequena parcela usufruísse de um grande poder de compra. Banzer também
tentou reestabelecer uma política amigável com o Chile, de modo a tentar
renegociar a saída para o oceano pacífico, porém, seus planos foram falhos.
Em 1978, Banzer encontrava-se em uma situação difícil. Devido a
impopularidade de seu governo e ao fato do presidente dos EUA da época,
Jimmy Carter, propor a redemocratização dos países latino-americanos que
viviam um período de ditadura, o atual presidente abre eleições
presidencialistas. O vencedor acaba sendo um candidato apoiado por Banzer,
Juan Pereda, pelo fato de a votação ter sido fraudada a favor de Pereda. O
escândalo que se sucedeu dessa fraude acabou assustando Banzer que, com
medo dos partidos de esquerda governarem o país, renuncia a seu cargo e o
entrega para um Junta militar, que governa o país de 1978 até 1980.
Essa Junta militar tenta manter a ordem no país durante esses dois anos,
mesmo com todo o panorama econômico, político e social vivido pelo país na
época sendo praticamente caótico. Em 1980, o general Luís Garcia Meza, com
o intuito de restituir ordem ao país, aplica outro golpe de Estado, se tornando
presidente e permanecendo no poder até 1981.
O governo de Meza foi profundamente marcado pela sua ligação com o
narcotráfico no país, em especial, com cartéis de produção de cocaína. Esse
fator é tão forte, que sua ditadura normalmente é referida como
“narcoditadura”, pelo fato de Meza, além de já possuir uma ligação com a CIA,
ele também passa a estabelecer uma ligação com a DEA (Drug Enforcement
Administration, órgão responsável pelo combate as drogas dos Estados
Unidos). O peculiar dessa ligação com a DEA era que, se o traficante ou
usuário de drogas fosse apoiador do Meza, ele acabava não sendo prejudicado
pela DEA. Além disso, Klaus Barbie continuava suas atividades no país,
caçando e torturando membros e líderes de movimentos da esquerda.
Com a economia estagnada, a impopularidade do governo e o grande aumento
da atividade do narcotráfico, Meza é demitido das forças armadas e teve que
deixar seu cargo de presidente em 1981. No ano seguinte, Hernán Siles Zuazo
foi eleito presidente, pondo um fim na ditadura boliviana.

5-

6, 7 e 8-
Manifestações sindicais –

9-

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