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TRANSCRIÇÃO DE NEUROANATOMIA 1

MED ÁREA 51

AULA 5 – NEUROANATOMIA TEÓRICA

LOBO TEMPORAL

No lobo temporal, temos duas áreas importantes relacionadas com a audição:

 ÁREA AUDITIVA PRIMÁRIA (41 e 42): se encontra no giro temporal superior,


internamente, mais precisamente no giro temporal transverso anterior, esse é o local
que chega inicialmente o som, ou seja, a percepção sonora.
 ÁREA ASSOCIATIVA AUDITIVA (22): após ocorrer a percepção do som na área auditiva
primária, rapidamente essa informação já é levada para a onde serão definidas as
características específicas a respeito do que se escuta, o tipo, a distância, altura,
intensidade. Está localizada no lobo temporal, além disso, tem uma íntima relação com
a área de Wernicke, especialmente quando nos referimos a um diálogo, primeiro se
escuta o que o outro fala, depois processa e entende essa fala, daí a área de Wernicke,
organizar as ideias e por fim responde. Por isso que muitos livros incluem a área de
Wernicke, uma parte dela, no lobo temporal, mas a predominância é no lóbulo parietal
inferior, essa área não é utilizada só em fase de diálogo, mas também em momentos
que se organiza as falas para pronunciar as palavras, essa área também participa da área
integrativa comum, ou seja, recebe informações de várias outras áreas para conseguir
organizar as ideias, é uma área realmente bem complexa.

No lobo temporal, também tem a área olfatória ou 38, ligada ao córtex piriforme ou
entorrinal, é na vista medial, formada pelo úncus e parte do giro parahipocampal, é uma parte
do sistema límbico que envolve emoção e memória. Esse córtex piriforme faz parte do
paleocórtex que junto com o arquicórtex forma o alocórtex, que são partes bem antigas do
sistema límbico.
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 ARQUICÓRTEX - participam o hipocampo, o giro parahipocampal e também o subículo


(entre o hipocampo e o giro parahipocampal, de forma adjacente, chama de formação
hipocampal). O sistema límbico tem subdivisões que são chamadas de alocórtex,
mesocótex e isocórtex, essas partes se localizam na região de fronteira, entre o córtex
cerebral e o hipotálamo, e essas estruturas estão relacionadas ao controle das emoções,
a memória e ao comportamento impulsivo ou até mesmo visceral, no caso da amídala,
ligada também ao sistema nervoso simpático.
 MESOCÓRTEX - tem o giro do cíngulo, o giro para-hipocampal e o córtex orbito frontal,
que é a área pré-frontal (ligada ao comportamento, ao julgamento, a inteligência
superior, parte mais anterior do lobo frontal).
 ISOCÓRTEX – é a parte mais recente descoberta, que na verdade quase todas as funções
que realizamos, motores, sensoriais, emocionais, todas as vivências perpassam pelo
sistema límbico. Todas as vivências, por mais que elas sejam aparentemente motoras,
naquele momento eu tenho um registro motor e emocional daquela tarefa. Sempre há
um componente emocional envolvido. Então o sistema límbico está envolvido em tudo
que a gente faz, seja relacionado à emoção ou à memorização de algo que a gente
desenvolve. Então, mais recentemente, categorizou-se cerca de 95% do nosso córtex
está envolvido com o sistema límbico, porque eu posso estar fazendo uma atividade e
eu vendo algo, escutando, integrando, processando essa informação em áreas
primárias, secundárias e terciárias; e todo esse processamento dessas informações, vai
está ativando várias áreas, vários circuitos cerebrais, eu também ativo o sistema límbico,
o que mostra que o córtex como um todo é um integrante importante do sistema
límbico, sendo chamado de isocórtex, que envolve o neocórtex (correspondente aos
95% do córtex cerebral); essas funções do mapa de brodmann estão relacionadas a
memorização e a processamentos emocionais, revelando que o sistema límbico é bem
mais amplo do que se pensava antigamente.

O córtex piriforme (ou entorrinal) está relacionado ao sistema olfativo. O úncus e o giro para
hipocampal formam esse córtex. Mais internamente eu tenho o hipocampo, que é estrutura
diretamente ligada a memória, mas é uma subdivisão do sistema límbico, porque a gente vai
categorizar estruturas do sistema límbico ligadas diretamente à memória e estruturas do
sistema límbico que estão ligadas diretamente às emoções, tanto estruturas corticais, como
estruturas subcorticais.

O olfato é uma função extremamente ligada à memória. Acredita-se que a maioria das
nossas vivências tem um componente olfativo muito forte, sejam elas vivências positivas ou
negativas, os cheiros que sentimos têm uma carga emocional muito forte e que fica registrado
na memória. Inclusive algumas crises epiléticas que são classificadas como parciais, ou seja, que
se restringem a uma área do córtex cerebral, são as crises uncinadas, porque nós vamos ver que
a atividade cerebral hipersincrônica e excessiva ocorre numa área específica do córtex, ou seja,
ela não gera uma demanda no córtex como um todo (diferentemente da generalizada, que afeta
ambos os hemisférios cerebrais, geralmente a crise mais conhecida, que o indivíduo fica
inconsciente e se debate, fenômeno mioclônico, crise de ausência), podendo ser definida como
simples ou complexa.

Na epilepsia parcial simples (que geralmente antecede as crises de epilepsia generalizada,


sendo tipo um foco irritativo inicial, mostrando que logo em seguida ela terá uma crise mais
séria), o paciente não perde a consciência. Então, por mais que esteja havendo uma
excitabilidade ou uma hiperreatividade de uma área, ele mantém a consciência e aquele sinais
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que ele apresenta durante aquela crise, ele vai saber relatar, por exemplo, se for uma crise
uncinada ele vai relatar que está sentindo um cheiro que não é verdadeiro no momento, terá
uma alucinação olfativa; Isso pode acontecer temporariamente em qualquer área, pode ser uma
alucinação visual no lobo occipital, pode ser uma alucinação auditiva. Se ela teve uma
alucinação, ou um fenômeno de contração muscular em um determinado lugar do corpo, ou
sente um cheiro específico (quando o foco epileptogênico é o úncus), ela sabe que vai ter uma
crise epiléptica generalizada, como uma espécie de aviso. Se for complexa, era iria perder a
consciência, e não saberia o que teria acontecido durante a crise.

Não confundir com quadros de esquizofrenia, pois casos de crises epilépticas parciais
simples ou até mesmo generalizadas, se for uma crise autolimitada, duram no máximo 10
minutos, caso se trate de uma crise muito mais grave, como estado de mal epiléptico, as crises
são mais demoradas podendo inclusive vir uma crise seguida da outra, caso conhecido como
crise subintrante. Já a esquizofrenia é um fenômeno paranoico, podendo durar um período
maior, como um dia ou um turno, a pessoa vai imaginar em sua mente e “ver” coisas que podem
machucá-la, formulando uma trama muito elaborada.

LOBO OCCIPITAL

No lobo occipital, temos:

 ÁREA VISUAL PRIMÁRIA (17): onde primeiramente chega a informação visual,


 ÁREA ASSOCIATIVA VISUAL OU SECUNDÁRIA (18 E 19): Após a informação visual chegar
na área visual primária (17), ela vai ser rapidamente levada para a área associativa visual
ou secundária (18 e 19) para que o indivíduo possa ter ideia do que está vendo, saber a
distância, se é alguém conhecido ou não, como que vem – andando, abaixado, rápido,
os contornos, as cores.

A artéria cerebral posterior ela irriga o lobo occipital, então se tivermos isquemia ou
hemorragia em ramos da artéria cerebral posterior, podemos ter distúrbios da visão, mas é
importante lembrar que ela tem vários ramos que inclusive irrigam o lobo temporal tanto
internamente como também inferiormente, então vai depender em que nível houve o
comprometimento dos ramos.

Então uma das possibilidades é a necrose, isquemia do lóbulo occipital. Em alguma área vai
ter um prejuízo de interpretação visual que pode ter inclusive a cegueira cortical, a incapacidade
de enxergar por uma lesão do córtex do lobo occipital.

SISTEMA LÍMBICO

No alocórtex, tem-se três estruturas importantes: o hipocampo, o giro denteado e o giro


parahipocampal. No neocórtex tem-se principalmente o giro do cíngulo e suas subdivisões, e na
região do isocórtex, principalmente a área do córtex pré-frontal. São estruturas muito
importantes para a circuitaria do sistema límbico.

O giro do cíngulo também é referido como córtex cingular anterior/córtex cingular


posterior. O córtex cingular do giro do cíngulo anterior, especialmente o 1/3 anterior desse giro
está ligado às emoções, e os 2/3 posteriores está ligado à memória,
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 Em alguns quadros de
depressão (também
severa), uma das estruturas
que é bastante afetada é o
terço anterior,
principalmente, que é
ligado às emoções. Mas a
habênula, que faz parte do
epitálamo, também está
ligada a esse quadro.

Podemos observar o hipocampo


internamente ao lobo temporal.
Tínhamos visto o hipocampo, o pé
do hipocampo mais na frente, as
fímbrias do hipocampo logo ao lado
e mais medialmente o giro
denteado.

O hipocampo faz a projeção de suas


eferências (informações que saem a partir
do hipocampo) através do fórnix. Podemos
observar o sépto pelúcido, as colunas do
fórnix (uma parte mais dilatada depois do
septo pelúcido), corpo do fórnix, tanto de
um lado como do outro e na parte mais
final tem-se os pilares do fórnix ou ramos
do fórnix, nessa parte mais posterior. Esse
último vamos ver que tão chegando
próximo ao hipocampo e também a fímbria
do hipocampo. Eles estão conectados pela
comissura do fórnix. O fórnix é interligado
por fibras comissurais, comissura do fórnix.
Então o fórnix tem justamente esse
componente de eferência a partir do hipocampo.

Temos o hipocampo que faz parte do giro intralímbico (área amarela), em sequência temos
uma camada vestigial de substancia cinzenta que está internamente ao corpo caloso que
também faz parte desse giro, que é chamado de indúzio gríseo ou indúzio cinzento.

Na imagem: a área subcalosa é abaixo e a área do giro paraterminal é a área septal que está
mais para trás. Em azul vai ter as estruturas que compõem o lobo límbico, que tem o giro do
cíngulo, giro parahipocampal, úncus. Na área amarela, é o lobo intralímbico.

Para que se tenha eferências a partir do hipocampo, tem-se as fímbrias que estão adjacentes
ao hipocampo e a partir da fímbria se tem o fórnix. Esse vai fazer conexões com áreas
importantes formando o circuito de Papez.

A amigdala (corpo amigdaloide) é um núcleo da base, é profunda ao lobo temporal e é


considerada a principal estrutura do sistema límbico. Aproximadamente 19 circuitos passam
por ela (a maioria).
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O hipocampo é então uma importante estrutura ligada à memória, não só a memória


antiga, chamada de memória retrógrada, mas também à formação de novas memórias,
chamada de memória anterógrada. Ele está ligado a todo tipo de memória: imediata, de longo
prazo e de curto prazo. Também está envolvido diretamente no que a gente chama de memória
geográfica, ou seja, ele nos permite lembrar a localização, por exemplo onde eu moro, o
caminho que eu levo de carro ou ônibus, como eu faço para chegar na minha casa ou para chegar
no meu trabalho, escola e faculdade, a memória geográfica é a minha memória de localização
espacial, nos permite a navegação espacial. Está ligado também à memória autobiográfica, ou
seja, a memória que me permite saber quem somos, do que gostamos, quais são minhas
próprias características, saber nossos pontos fortes e fracos e temos também os aspectos da
memória ao longa da nossa vida.

Nesse contexto, a principal estrutura a ser degenerada no Alzheimer é o hipocampo,


inicialmente começa nele, no hipocampo e também no giro parahipocampal. Quando a gente
tem um processo de involução do hipocampo, ou atrofia, o paciente vai começar logo no início
a ter quadros de amnésia e alguns lapsos de memória. Inicialmente, as vezes é uma memória
mais imediata ou uma memória de curto prazo. A memória imediata é aquela de eventos que
aconteceram a poucos segundos, e a memória de curto prazo é relacionada a alguns minutos,
por exemplo, o que aconteceu no almoço, o que aconteceu no café da manhã, como veio parar
na faculdade, algo de curto prazo mas que é uma memória que a gente fixa melhor do que a
memória que a gente chama de imediata. Recaptulando, as primeiras estruturas a serem
degeneradas, no caso do mal de Alzheimer, são o hipocampo e o giro parahipocampal, e esse
processo degenerativo tem uma evolução mais rápida do que em pacientes que tem distúrbio
cognitivo leve.

O distúrbio cognitivo leve está muito relacionado ao processo natural do envelhecimento,


porque naturalmente a gente pode apresentar uma queda nessa capacidade de retenção e
formação de novas memórias, e também a gente pode ter esquecimentos eventuais, as vezes
até para a gente nomear um objeto a gente esquece, algo simples como agenda. Isso muitas
vezes acontece naturalmente com o envelhecimento associado a um distúrbio cognitivo leve, é
comum a pessoa não lembrar o nome de um parente, de alguém, é algo bem discreto, não é tão
grave. Já no processo do Alzheimer, a gente observa que o processo degenerativo é muito
rápido e vai perdendo ligeiramente a memória, e principalmente no Alzheimer os primeiros
indícios são alterações na linguagem e na concentração, então a gente já começa a observar
alterações principalmente no processamento da linguagem, então essa dificuldade de nomear
um objeto, ou falar sobre alguém da família que ela sabe quem é mas não lembra o nome e fica
falando as características como “aquele menino que namora com aquela menina”, ela não
lembra de imediato tendo uma dificuldade de processar no momento de se expressar, vale frisar
que isso está acontecendo no início da doença, a pessoa começa a ter dificuldade de
concentração, de atenção e algumas alterações na linguagem.

A partir de agora ele vai ter falha de fixação de memória, de retenção de novas informações
no começo e vai afetando a memória mais imediata e de curto prazo. A medida que a doença
vai avançando ele vai tendo uma memória retrógrada progressivamente afetada, mas não é
esquecer do fato mais antigo para o mais atual. É o contrário, é do mais atual para o mais antigo.
Ele vai esquecendo, por exemplo, do que ele fez há uma semana, há um ano, há dois anos.
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Por exemplo, há dois anos eu tive um neto e no momento que eu chegar a perder a memória
de dois anos atrás eu não vou mais lembrar que tive um neto. Se o meu neto chegar na minha
frente, mesmo sendo alguém que eu amo muito, eu não vou mais lembrar quem é. Porém, eu
lembro que tenho filhos, que tenho marido, lembro da minha adolescência, lembro da minha
infância e sei contar fato por fato com detalhes, mas não lembro mais de dois anos pra cá. Aí vai
perdendo 5 anos, 7 anos e vai evoluindo. Quando chega na memória de 10 anos pra lá, que foi
quando eu me casei (por exemplo), eu posso não me lembrar mais do meu marido. Eu olho para
aquela pessoa e digo “quem é você?” ou “o que você está fazendo aqui?”. No memento de
transição entre a perda fixa daquela memória tem momentos de surto, tem momentos que eu
lembro e tem momentos que eu esqueço porque eu ainda não perdi totalmente aquela
memória, mas está em processo de perda. Quando eu perco eu não lembro mais. Aí vai
perdendo e as últimas memórias a serem perdidas são as do início da minha vida em termos de
fatos, acontecimentos, nomes... E aí eu vou ter o registro mais das informações sobre quem eu
sou, da minha memória autobiográfica (ex.: eu sou fulana, eu gosto disso, eu gosto daquilo),
porém não vou lembrar daquilo que me contorna (ex.: da minha família, das pessoas que
viveram comigo).

Então a memória autobiográfica é uma das últimas a ser perdida e a memória de


procedimento. Essa memória de procedimento ela é a mais difícil de ser aprendida e a mais
difícil de ser perdida, ela é a memória de atos motores, especialmente atos motores que eu já
consigo executar com bastante habilidade. Por exemplo, andar de bicicleta, dirigir, andar,
escrever. Fatos que eu faço principalmente de forma mais automática porque já são bastante
retidos na minha memória e que envolve principalmente os núcleos da base. Os núcleos da base
estão envolvidos tanto no planejamento motor, no movimento já iniciado (a nível cortical),
especialmente o corpo estriado dorsal que é o núcleo lentiforme e o núcleo caudado. Além disso,
participa também de movimentos automáticos.

Então, essas informações que não necessitam de consciência e são mais automáticas elas
são mais tardiamente perdidas. Por exemplo, quando eu vou andar eu não preciso estar
lembrando que eu tenho que dar um passo para frente. Eu ando automaticamente. Essa
memória declarativa, envolve principalmente o hipocampo, a amígdala que envolve o lobo
temporal mesial ou medial (são duas estruturas que comumente estão envolvidas na memória
declarativa).

Na memória mais imediata vamos observar que não temos tempo para ver a fixação da
informação, é a memória que dura poucos segundos. Por exemplo, se alguém me disser lá fora
o número de um telefone e se eu não anotar ou não dizer a pessoa que eu tenho que dizer eu
vou esquecer. Porque aquilo não é relevante para mim. Temos uma memória seletiva, não
queremos ocupar espaço com aquilo que não interessa. Queremos ocupar espaço com o que de
fato interessa. Essa memória é para aquelas coisas que você não dá muita importância.

A memória de curto prazo, que é para eventos mais recentes nos últimos minutos já envolve o
circuito do sistema límbico e envolve um circuito muito importante, o de Papez.

CIRCUITO EMOCIONAL DE PAPEZ


O circuito de Papez ou circuitaria emocional de Papez envolve estruturas muito
importantes: o hipocampo, o giro parahipocampal, o fórnix (que promove as eferências a partir
do hipocampo), os corpos mamilares, o giro do cíngulo e também a amígdala.
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Tem outras estruturas que eu vou mostrar na circuitaria como tálamo e hipotálamo que
também participam, inclusive os corpos mamilares são do hipotálamo. E nesse processo da
memória de curto prazo a gente também envolve o lóbulo parietal inferior que é a memória
verbal auditiva, envolvendo a área de Wernicke para processar a informação e fazer o
entendimento do que está acontecendo para gente poder lembrar. Essa circuitaria emocional
envolve hipocampo e a partir do hipocampo temos o fórnix, que vai se conectar com os corpos
mamilares, também vai levar
informações aos núcleos anteriores do
tálamo.

Além disso, também vai estar


relacionado ao hipotálamo, que
envolve os corpos mamilares e outros
núcleos hipotalâmicos, os quais podem
estar relacionados ao aspecto de
memória e ao emocional. Essa
circuitaria emocional de Papez está
relacionada principalmente à formação
de memórias. Nesse circuito também
envolve a parte posterior do tálamo,
denominada pulvinar do tálamo, o qual
está ligado à linguagem.

Então envolve o tálamo tanto


através dos núcleos talâmicos anteriores (ligados ao sistema límbico), como também a partir da
sua parte posterior –pulvinar do tálamo que está ligado à linguagem. Além disso, o circuito
também envolve os corpos geniculados lateral (ligado à visão) e medial (ligado à audição), que
são informações importantes do tálamo, necessárias para o processamento de determinadas
informações.

O tálamo é uma área relé, visto que é uma região de


retransmissão de muitos impulsos, sobretudo os sensoriais.
Mas também existem núcleos talâmicos envolvidos em
outras funções, como o controle motor, o que favorece
também a fixação de memórias. Então têm núcleos talâmicos
ligados ao globo pálido, ao cerebelo, relacionados à
motricidade.

O giro do cíngulo também participa do circuito de


Papez, assim com o córtex entorrinal ou piriforme
(composto pelo úncus do cérebro e parte do giro
parahipocampal), o qual se relaciona com o hipocampo
também (Arquicórtex - estruturas mais primitivas, muito
relacionadas ao instinto).

MEMÓRIA
A memória de curto prazo envolve o circuito de Papez, caso haja um fator emocional. E
a de longo prazo, além de envolver a circuitaria de Papez, envolve também outras estruturas,
como o Hipocampo, amígdala, lobo frontal, núcleos da base e o cerebelo. Ou seja, a memória
de longo prazo, como o próprio nome já diz, dura bem mais, podendo chegar a dias, meses ou
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anos para formar e/ou para lembrar fatos mais antigos. Então, ela envolve atos motores (ligado
à parte motora do lobo frontal), comportamentais (ligado ao córtex pré-frontal), linguagem
(área de Broca, área de Wernicke) e muitos outros, a depender das diversas áreas ativadas. Um
exemplo disso são as memórias vívidas de uma experiência traumática, ruim ou estressante, em
que você chega a lembrar dos fatos com riqueza de detalhes: o que fez, o que falou, como reagiu,
se você se sentou, se chorou, se jogou um objeto.

Às vezes quando você está procurando um objeto, dias após perdê-lo, por exemplo, você
tenta refazer os seus passos, de modo a tentar lembrar todo circuito feito, e isso envolve os
gestos motores também. Por isso envolve o cerebelo, como a postura tida, a coordenação
motora. Até o tônus muscular, que envolve os núcleos da base, também pode estar incluída na
memória de longo prazo. Algumas situações estressantes, por exemplo, ou de frio, o tônus é
alterado. Inclusive pacientes neurológicos com espasticidade, hipertonia, apresentam um
aumento, hiperexcitação do tônus quando submetidos a essas situações, questões emocionais
fortes, marcantes.

Além disso, reações inesperadas também podem ocorrer diante da ativação da


amígdala, a qual está relacionada ao hipotálamo. Este, por sua vez, pode ativar o sistema
nervoso simpático, de modo a resultar em diversas implicações. Então naquele momento de
lembrança o coração pode disparar, o indivíduo pode ficar ofegante e ter reações de agressão,
de defesa. Diante disso pode ter um aumento da atividade cardíaca, bem como outras
alterações, visto que o sistema nervoso simpático está relacionado à fuga ou à luta. Já a amígdala
está ligada mais diretamente ao enfrentamento, mas também está envolvida no processamento
do medo, com diferentes reações a depender de cada um, algo instintivo (seja paralisia, choque,
ou ainda fuga, luta ou enfrentamento).

OBS.: o sono é importante para a fixação de informações, porque ele promove a


diminuição das reações metabólicas de modo geral, bem como permite a limpeza de
metabólitos liberados pelas células e tecido nervoso. Então, o líquor aumenta o seu fluxo
durante o sono, de modo a aumentar essa remoção de impurezas e promover a drenagem do
líquor em direção aos seios venosos (lembrando que o líquor é reabsorvido e drenado pelas
granulações aracnóides para o seio sagital superior). Assim, o sono auxilia bastante nesse
aspecto, além de ter outras diversas funções, como ativação e liberação de hormônios, como o
do crescimento, diminuição do stress, redução do tônus muscular (hipotonia muscular
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generalizada), diminuindo a
demanda metabólica e a ativação
respiratória, então você relaxa mais,
ocorrendo a remoção dos
metabolitos. O sono chamado de
renovador permite a ativação
adequada de outras áreas do córtex
quando necessário, sem gerar essa
hiper-reatividade (que ocorre no
stress) e a longo prazo é interessante
que se tenha uma vida controlada,
regrada. Em contraponto, se você
estiver com um SN simpático muito
ativo, e com os níveis de cortisol
aumentado, vai ocorrer uma hiper-
reatividade da amigdala, que a longo
prazo pode gerar degeneração de
neurônios do hipocampo, podendo
até causar perda de memória,
especialmente em casos de
transtorno de ansiedade
generalizada, stress pós-traumático
ou caso de stress crônico (ao que tem
uma duração duradoura). Se você não dorme, não tem o sono correto, e é alguns artigos
associam ao Alzheimer, porque a falta de remoção das impurezas, que ocorre por exemplo
através do líquor, que é liberado de forma mais ativa a noite, fazendo essa limpeza, pode gerar
o desenvolvimento de proteínas mal enoveladas beta-amiloides (proteínas TAU),
desencadeando o Alzheimer, é um dos fatores fortemente ligados à doença.
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 Idosos que não se reconhecem no espelho – relacionado à memória de reconhecimento,


hipocampo e à insula (córtex insular anterior)
 Síndrome de Asperger (é incluída no TEA) relacionada com um QI alto, raciocínio
matemático bom, mas também com aspectos de dificuldade no convívio da sociedade,
capacidade de linguagem que são alterados. Eles também não têm uma boa capacidade
de julgamento e inteligência emocional, envolvendo áreas tanto do córtex pré-frontal e
no córtex insular anterior, eles podem falar determinadas coisas sem saber o impacto
que geraria na outra pessoa, se “sincero demais”, pois altera a capacidade afetiva e de
julgamento.
 Para diagnosticar o retardo mental não é só a questão do QI, mas atividade integrativas
(teste psicomotor), na escola, autonomia, ou seja, acompanhar as crianças na mesma
idade, e etc, são aspectos avaliados também. Como vai se comportar diante de algumas
situações, ele é uma pessoa isolada, uma pessoa que não faz amizade com outras
pessoas, é um cientista louco (como as pessoas chama). É caracterizado por ser uma
pessoa extremamente inteligente, mas possui habilidades que não são bem
desenvolvidas e por isso que possui algumas capacidades adaptativas limitadas.

DISTÚRBIOS DA MEMÓRIA
O distúrbio cognitivo leve é caracterizado por haver um comprometimento devido ao
envelhecimento, gerando uma redução do volume cerebral como um todo, principalmente, uma
atrofia do hipocampo e do lobo temporal. Nesse tipo de distúrbios vai haver lapsos de memória
e perda de memória, geralmente, de acontecimentos recentes, a pessoa tem dificuldade de fixar
informações novas, informações de curto prazo. Não se caracterizando necessariamente um
processo tão agravado como no Alzheimer, pois é um processo de agravo da memória mais
lento.

OBS.: Essa atrofia do lobo temporal também é percebido na dificuldade de audição de grande
parte dos idosos.

OBS.: Pessoas que estão envelhecendo e continuam a ter uma vida ativa (saindo, fazendo
exercício físico, lendo e etc) não diminui a atividades dos circuitos cerebrais e, por isso,
geralmente não desenvolvem esses distúrbios de memória, permanecem sempre lúcidas. Mas,
as pessoas que estão envelhecendo e que não possuem uma vida ativa, não saem de casa, não
desenvolvem nenhum hábito de lazer, se isolam da sociedade, isso vai provocar uma inibição da
atividade neuronal e vai gerando uma atrofia, uma diminuição do volume cerebral.

ALZHEIMER
No Alzheimer, é perceptível uma atrofia do hipocampo e do giro parahipocampal,
também vai afetar o córtex cingular posterior (que também ocorre no distúrbio leve) e o lobo
temporoparietal, que é área ligada a linguagem, nesse lobo também será afetada a área de
Wernicke (que está relacionada a audição e a linguagem), a amígdala e o hipocampo, que estão
internamente no lobo temporal. Com o avanço da doença todo o lobo frontal é afetado,
afetando, assim, a capacidade de julgamento, as reações comportamentais (como a
agressividade e a irritabilidade) e a motricidade a longo prazo, que pode ocasionar na perda da
realização de gestos simples do dia a dia, e é por isso que ao final da doença o indivíduo vai
tendo perda da autonomia e da independência.
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No Alzheimer, o
indivíduo não vai se lembrar
de acontecimentos
passados e terá dificuldade
de memorizar
acontecimentos
recentes/novas. Uma
característica importante é
que nas pessoas com essa
doença vão apresentar uma
diminuição do
espessamento dos giros
cerebrais e um
aprofundamento dos sucos
dos giros.

Nessa doença, na
substância branca é encontrada placas de proteínas mal
enoveladas, que são as proteínas beta amiloide (ex: proteínas
TAU), que vão promovendo um processo de degeneração
progressiva da doença, ou seja, promovem a evolução rápida
da doença; já a substância cinzenta vai se atrofiando.

PRINCIPAIS ÁREAS AFETADAS NO ALZHEIMER:


LINGUAGEM E MEMÓRIA.
A medida que vai havendo uma perca da substância
branca e atrofia do volume cerebral, nós vamos observar que
os ventrículos ficam maiores, ou seja, vai haver a
ventriculomegalia, que é característico de pessoas com
processo degenerativo do sistema nervoso, principalmente,
no Alzheimer.

Se fosse um distúrbio cognitivo leve também haveria umA diminuição no espessamento


dos giros e um aprofundamento dos sucos, mas de forma menos intensa e com uma perda
menor de volume cerebral quando comprado ao Alzheimer. E também apresentará uma perca
considerável de volume do hipocampo.

OBS.: Com o passar dos anos é normal haver uma diminuição no volume do hipocampo, mas
essa perca só será considerável quando estiver associada a algum distúrbio.

 Cérebro Normal: Sulcos e giros com volumes


normais.
 Cérebro com Alzheimer: Sulcos profundos,
com giros com perda de volume e
ventriculomegalia. Há perda de tecido
nervoso, com uma atrofia anormal do
hipocampo.
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Sistema Límbico
Vamos ter uma relação próxima entre sistema límbico e sistema endócrino. O
hipotálamo está ligado à neuroregulação da hipófise e também à circuitária emocional de
papez. Inclusive, observamos que os corpos mamilares, que fazem parte do hipotálamo, estão
ligados ao reflexo de alimentação, aumentando a salivação e a resposta há um determinado
alimento.

Em determinadas situações, como na atração física por alguém, atração sexual, vou ter
a ativação da Amígdala. A amígdala é a principal estrutura do sistema límbico, possuindo maior
quantidade de receptores químicos, como receptores olfatórios, para receber informações dos
hormônios sexuais, que são ativados no momento em que sentimos atração sexual por alguém.
Essa estrutura ativa reações do sistema nervoso simpático e está ligada ao processamento das
emoções (como medo e alegria) e ao comportamento emocional. E o hipotálamo regula essa
ativação, além de regular a secreção hormonal, estando diretamente associado ao prazer sexual
e à manutenção da homeostase do corpo.

Temos três estruturas do sistema límbico ligadas à via mesolímbica, que é uma via
dopominérgica, essas estruturas são: Área septal (no giro paraterminal), núcleo Accumbens e
o córtex pré-frontal. Sendo estruturas ligadas ao sistema de recompensa do cérebro humano.

ÁREA SEPTAL: Relacionada ao prazer


imediato, ligada às reações viscerais como
alterações na pressão arterial e no ritmo
respiratório, pois ativa o sistema nervoso
simpático (ativado em momentos de
estresse). Ligada à área de euforia.

Pessoas que consomem drogas, elas


tendem a ativar de forma intensa o centro de
recompensa do cérebro humano,
principalmente a área septal e o núcleo
accumbens. Com um tempo, os receptores
dessa área começam a diminuir seu grau de
excitabilidade, pois eles tendem a se
‘’acomodar’’ com aquela determinada
quantidade de droga, e é necessária uma
dosagem mais alta de droga para alcançar o
mesmo potencial de excitação e de prazer
que tinha no início, aumentando a dependência por essa determinada droga.

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