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UNIVERSIDADE DO VALE DO TAQUARI - UNIVATES


CURSO DE FILOSOFIA E ÉTICA

Trabalho de grupo
Artigo 1: As reivindicações comunitárias
Artigo 2: Hannah Arendt - poder, liberdade e direitos humanos

Cleison Luiz Corbellini


Vando Luis Stein
Jonathan Soares Weber
Julio Cezar Paim Valandro

Lajeado, outubro de 2020


CAPÍTULO 1 - Michael J. Sandel : O que é fazer a coisa certa

As reivindicações Comunitárias
Não podemos ser livres com as obrigações e deveres impostos pela
sociedade sobre nós, sem aceitá-las como “normais”, pois devemos de certa forma
seguir regras impostas por outras pessoas que nem sempre são o que realmente
queremos ou não fazer ou seguir, é o que Sandel cita “O ponto fraco da concepção
liberal da liberdade tem a ver exatamente com o que a torna atraente.”
Este assunto sobre a liberdade do “eu” é muito debatido, pois para uns ser
livre é fazer o que bem entende sem se preocupar com o será comentado ou
concluído, apenas fez tal porque quis, agora se analisarmos de uma forma mais
detalhada o que fazemos, não estamos sendo totalmente livres em nossos atos ou
segmentos, por trás de tudo o que fazemos temos “motivo”, seja ele por prazer
próprio ou por força maior, por exemplo, algumas pessoas gostam de café sem
açúcar enquanto outras não suportam o mesmo, tem que ser com açúcar e outras
ainda nem gostam de café, isto seria de escolha de cada pessoa, mas não por
liberdade e sim por se sentir bem bebendo tal escolha, por desejo próprio ou prazer.
Muitos diriam que isto é, de certa forma, ser livre, por fazer algo que gosta, mas em
contrapartida, qualquer uma das escolhas seria apenas para saciar uma vontade de
si.
Puxando o assunto de liberdade para o lado profissional, muitas pessoas ao
executarem seus cargos “escolhidos”, que nem sempre são escolhidos por si,
acabam por comentar “Ah, eu tenho que trabalhar” com uma expressão de
sofrimento ou que não queira executar tal tarefa, deixando assim a ideia de que o
trabalho é uma obrigação, mas agora, se uma pessoa fala a mesma frase, “ah, eu
tenho que trabalhar”, com uma expressão de satisfação e felicidade, deixaria a ideia
de que está sendo um obrigação executar tal feito?. Se um indivíduo escolhe o que
vai ou não fazer por liberdade acaba sentindo prazer em executar suas tarefas
sentindo-se livre, mesmo que não esteja pois está sendo solicitado que faça tal
tarefa, mas que não se sinta na obrigação. Acho que esta situação seria
considerada de liberdade.
Considerando o trecho, “Viver a vida é representar um papel em uma jornada
narrativa que aspira a uma certa unidade ou coerência. Quando me vejo diante de
vários caminhos a seguir e devo escolher um deles, tento descobrir qual dará mais
sentido à minha vida como um todo e a tudo aquilo que é importante para mim...”,
pode-se interpretar que podemos viver livre dentro de uma sociedade sem ser
literalmente “livre”, pois sempre teremos o que seguir ou referenciar, mas para
sentir-se bem com o caminho seguido, devemos considerar o que la na frente irá
nos satisfazer com nós mesmos, sem que deixamos de nos sentir livres. E assim
dar sentido a sua própria história de vida, seja ela uma história boa ou ruim.
Nisto entra a citação de Maclntyre, “jamais poderei buscar o bem ou praticar
a virtude apenas como indivíduo”, deve-se sempre ser um observador de outras
histórias de outras pessoas e principalmente da minha própria história, o que quer
dizer isto? Devo sim considerar toda a minha jornada até aqui para determinar um
novo caminho ou seguir para tal. Fazendo de muitas histórias uma apenas.
Os membros de uma comunidade, são livres para decidir, dentro das regras
da comunidade quais são as melhores escolhas, mas essa liberdade não é
verdadeira, é uma simples sensação de liberdade, como cita Sandel “O ônus da
vida em comunidade pode ser opressivo”, essa falsa sensação de liberdade, pode
ser opressiva, já que impede que os membros tomem decisões que vão contra as
práticas já adotadas pela comunidade. Entendo que pelo fato de que novas ideias
podem ser reprimidas pelas velhas atitudes, uma sociedade sempre será opressora,
mesmo sem querer que isso aconteça.

Outro ponto abordado no texto é sobre seguirmos tradições, profissões,


deveres e obrigações que vêm de família ou classe a que pertencemos e diante da
citação: “Não posso ser responsabilizado por aquilo que meu país faz ou fez, a
menos que eu assuma essa responsabilidade implícita ou explicitamente.”, também
sobre herdarmos “brigas” históricas por ser de tal nacionalidade ou raça, a meu
ponto de vista, individualista, o indivíduo não tem obrigação de seguir os passos
propostos por seus ancestrais porque tais também seguiram, acredito que cada um
deve seguir as suas próprias escolhas, considerando claro vivências e experiências
antigas, recomendações de pais ou avós por exemplo, mas que sigam e construam
a sua própria sendo assim seguindo a sua liberdade. Entretanto, podemos
interpretar que acontecimentos que já se passaram e não fizeram parte
necessariamente da minha existência, não são uma escolha para minha trajetória
de vida, e sim fatos que já aconteceram, que não podem ser modificados e que
impactaram diretamente na cultura da minha família e das pessoas que convivem
na mesma comunidade que eu. Por vezes, posso não concordar com estes
aspectos, já enraizados na cultura, mas preciso aceitar que existiram e fazem parte
da história como um todo.

CAPÍTULO 2 - Hannah Arendt: Poder, Liberdade e Direitos


Humanos

O poder não violento


De acordo com a citação abaixo de Hannah Arendt:
“O único fator indispensável para a geração do poder é a convivência entre os
homens. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não participa dessa
convivência, renuncia ao poder e toma-se impotente, por maior que seja sua força e
por mais válidas que sejam suas razões.”
Desta forma, podemos concluir que o texto de Arendt tem total coerência com
a realidade atual, visto que, podemos tomar como exemplo um evento nacional que
ocorreu em 2018, que foi a chamada “greve dos caminhoneiros” que mobilizou estes
profissionais e empresas de transporte de norte a sul do país, e realmente mostrou
a força conjunta que se fez com a união da classe com o objetivo de melhorar as
condições econômicas da classe com uma série de reivindicações.
Esta força conjunta podemos igualar ao “poder” citado no texto que esta
classe tem, uma vez que, trabalha em conjunto e união. Diferente de algumas
empresas de transporte rodoviário que tentaram “furar” a greve durante o protesto
tentando seguir com as operações normalmente, porém não obtiveram êxito
nenhum, pelo contrário, acabaram aumentando ainda mais o clima de tensão
naquele momento e comprovando que não tinham poder nenhum atuando
isoladamente naquele período.
Outro fato importante a ser citado, é que não se fez uso da violência naquela
manifestação, salvo alguns casos isolados, mas no contexto geral, a greve foi
pacífica o que-lhes conferiu ainda mais poder perante as autoridades responsáveis
a atender suas reivindicações, fato esse que vem de encontro ao que afirma Arendt
em seu te
O desvirtuamento do poder e a violência.
O poder por si só corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente.
Vemos que o poder e violência estão em constante convívio, sendo que quando o
poder é perdido em seu lugar aparece a violência em uma tentativa de restabelecer
o empoderamento antes conseguido, porém o poder real só é adquirido através da
permissão de um grupo de indivíduos que deliberadamente permite que um
indivíduo os governe para um bem maior a comunidade.

Liberdade arendtiana
Conforme citado no texto em estudo, a frase de Luís XIV:
“EÉtat c’est moi”
Esta frase significa que “O Estado sou eu”, ou seja, tratava-se da soberania
total do poder dos reis que após a Revolução Francesa (1789) que foi substituída
pela soberania popular “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”
o que vem de encontro com a atual democracia que temos em nosso país onde o
povo elege seus governantes ainda que o poder de fato permanece praticamente na
mão destes poucos.

Direitos humanos
No texto de Hannah Arendt que levanta a questão sobre os direitos humanos,
ela cita o exemplo do regime totalitário imposto pelos nazistas que veio a remover a
nacionalidade do povo judeu naquele episódio da história.
Arendt faz a seguinte afirmação:
“A nacionalidade é um vínculo legal que tem sua base no fato social do
enraizamento, uma conexão genuína de existência, interesses e sentimentos, junto
com a existência de direitos e deveres recíprocos.”
Podemos assimilar com uma situação ocorrida aqui no Brasil, porém sem
imposição de regime militar nem autoritário e nem violento que buscou a separação
do país por parte dos três estados do sul do Brasil, sendo eles Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Este movimento recebeu o nome de “O Sul é o Meu
País” e teve como objetivo criar um novo país a partir destes três estados, o
que poderia retirar o direito de nacionalidade brasileira de cidadãos desses estados
que eram contra o movimento. Tal situação poderia vir a ferir a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1940) que estabelece que:
“Artigo XV - 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do
direito de mudar sua nacionalidade.”
Todavia, isto não ocorreu pois foi realizada uma eleição por meio de voto
popular onde não se chegou nem a metade dos votos necessários para encaminhar
tal projeto.

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