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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA

ARTHUR SOUTO LINS

IMPACTO AMBIENTAL – NAVIO VICUÑA

RECIFE

04/05/2021
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA

ARTHUR SOUTO LINS

IMPACTO AMBIENTAL – NAVIO VICUÑA

Este é um relatório de introdução a análise de um projeto


ambiental do setor naval que ocorreu no estado do Paraná
e prejudicou não só o meio ambiente como também a
população local. Este trabalho é realizado na disciplina
de Engenharia Ambiental, ofertada por Luciete Bezerra
na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

RECIFE

04/05/2021
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Navio Vicuña ............................................................................................................. 6


Figura 2 - Capa do livro BCH code. Fonte: (https://www.nauticalmind.com/79879/bch-code-
code-for-the-construction-and-equipment-dangerous-chemicals-in-bulk/)................................ 6
Figura 3 - Tentativa de conter o fogo principalmente da praça de máquinas.Fonte:
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1711200426.htm). ............................................ 7
Figura 4 - Imagem do acidente após as chamas serem contidas. Fonte:
(https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/vicuna.pdf). ................. 8
Figura 5 - complexo Estaurino Lagunar de Iguape-Cananeia e Paranaguá. ............................. 10
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Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 6
2.1 O desastre ambiental ........................................................................................................ 6
2.2 O impacto ambiental devido ao acidente ......................................................................... 8
2.3 Técnicas utilizadas para amenizar o problema causado .................................................. 9
2.4 Consequências para a sociedade e meio ambiente .......................................................... 9
2.5 Incentivos governamentais ............................................................................................ 11
3. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 12
4. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 13
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1. INTRODUÇÃO

Os desastres ambientais são qualquer acontecimento que cause uma mudança negativa
em um meio ambiente específico. Esta ocorrência pode ser gerada por causa natural como o
exemplo das queimadas e artificiais causada por erros humanos etc. Em relação a mudança,
essa pode ter impacto sobre a fauna que é a diversidade de animais de uma região ou sobre a
flora que é a diversidade de plantas de um certo local ou de ambos os casos.
Como objetivo final da disciplina de engenharia Ambiental, tem-se a elaboração de um
projeto que analisa um impacto ambiental que ocorreu na costa brasileira causando um
problema apenas regional. Dependendo da intensidade do desastre, o impacto chega a ser
continental, ou em raros casos, mundial. Este projeto visa analisar o impacto no meio ambiente,
quais as técnicas que trataram o local do acidente, quais foram os danos para a empresa,
sociedade e meio ambiente, além de qual programa de governo foi aplicado para essa condição
específica.
A formação de engenheiro naval é bem ampla, sendo incrementado em sua formação
sobre causas de catástrofes ambientais. Isso serve de motivação, pois como presenciado esse
ano, o vazamento de petróleo que poluiu grande parte do nordeste brasileiro prejudicando
muitas praias ao longo da costa. Neste sentido, poder acompanhar de perto e ver os planos de
ações tomadas desperta o interesse em alguns alunos que acabam seguindo essa área, fazendo
parte de algum órgão ambiental ou algum outro.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De forma a ilustrar a revisão bibliográfica, como introdução é apresentado a imagem


para ilustrar o formato do navio em questão, Figura 1.

Figura 1 - Navio Vicuña

2.1 O desastre ambiental

A embarcação Vicuña, Figura 1, pertence a categoria dos navios tanques que foi
classificado pela “Code for the Construction and Equipment Ships Carrying Dangerous
Chemicals in Bulk” (BCH Code, Figura 2), sendo construído inicialmente como um navio
químico de médio porte com cerca de 150 metros de comprimento com capacidade de
aproximadamente 22200 m³ de tanques. Em compensação, se fosse um navio de grande porte
com comprimento de 400 m, o problema poderia ter sido muito pior.

Figura 2 - Capa do livro BCH code. Fonte: (https://www.nauticalmind.com/79879/bch-code-code-for-the-construction-and-


equipment-dangerous-chemicals-in-bulk/).
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O navio Vicuña que operava no estado do Paraná realizando o transporte de gás da


região gerou uma catástrofe regional. Em meados do ano de 2004, mais precisamente no dia 15
de novembro, na operação de descarga em um porto privado, o navio acabou explodindo,
causando a morte de 4 pessoas, juntamente a todo o impacto na fauna e na flora, e, a perda do
navio e da carga presentes naquele momento. A carga do navio era exclusivamente metanol
com tanques de (CO4P) óleo. A explosão despejou no mar milhões de litros de metanol e óleo
presentes no navio, comprometendo a região em que se encontrava, causando danos ambientais
e atrapalhou as atividades de pesca na região das baías de Paranaguá, Antonia e Guaraqueçaba.
O desastre ocorreu no pier da Cattalini Terminais Marítimos, que é um porto privativo
e não tem determinações diretas impostas pela APPA (Administração dos Portos de Paranaguá
e Antonina) na qual é gerida pelo governo do estado do Paraná. O acidente ficou marcado com
duas explosões seguidas com cerca de 30 minutos de intervalo que acabou gerando uma avaria
no casco, Figuras 3 e 4 com uma expressão popular de "abriu um rombo no casco". Dessa
forma, diversas casas ribeirinhas tiverem danos devido a explosão.

Figura 3 - Tentativa de conter o fogo principalmente da praça de máquinas.Fonte:


(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1711200426.htm).
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Figura 4 - Imagem do acidente após as chamas serem contidas. Fonte:


(https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/vicuna.pdf).

2.2 O impacto ambiental devido ao acidente

O líquido que estava sendo transportado, o metanol (5 milhões de litros) é um


biocombustível, categorizado como álcool metílico sendo encontrado na forma líquida. Sendo
assim, após ser amplamente criticado, o líquido possui características inflamáveis com
característica de chama durante o fogo sendo limpa e clara, ou seja, pode estar pegando fogo e
não ser vista por ficar praticamente invisível, dificultando o controle do fogo. Além disso, este
líquido é altamente volátil e é biodegradável em água.
Visto isso, toda a quantidade de combustível presente no navio ou se queimou, ou
volatilizou, ou acabou sendo solubilizado na água do mar. Como houve essa absorção, todo o
combustível que se solubilizou com a água do mar causou um efeito grave para a vida marinha
existente. no local.
O navio carregava em sua estrutura cerca de 1500 toneladas de óleo do tipo “bunker”,
aproximadamente 87% do total de óleo. Conforme o relatório da Transpetro/Petrobras
publicado dia 13/04/2005 teve uma recuperação de boa parte da quantidade de óleo derramado,
cerca de 20% do total e, o restante acabou não sendo possível realizar o tratamento.
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2.3 Técnicas utilizadas para amenizar o problema causado

O problema causado teve o derramamento de óleo diesel e metanol como citado


anteriormente. O tratamento acerca do metanol foi realizado muitas etapas, uma vez que grande
parte se evaporou e a parte que derramou na água acabou se solubilizando não sendo possível
a distinção entre o metanol e a água. Já com o óleo é diferente, por ser menos denso que a água,
ele se acumula na superfície do mar sendo possível aplicar alguns métodos para remover essa
camada como a filtragem ou coleta de água da superfície com o tratamento para retirar o óleo
antes de devolver a água ao mar. Porém, para o caso tratado, o único processo feito para
diminuir a quantidade de óleo foi a de implementação de barreiras flutuantes de contenção de
óleo que são colocadas em torno do navio, nas quais retem o óleo em sua parte interna, sendo
possível realizar a coleta e destinar o óleo para o descarte ideal. Uma crítica apresentada a esse
método é que não foi eficiente, sendo adicionadas poucas barreiras comparadas a quantidade
de óleo derrubado no mar, contaminando grande parte da fauna e da flora local e causando
inúmeros problemas socioeconômicos.

2.4 Consequências para a sociedade e meio ambiente

O impacto ambiental não proporcionou problemas apenas para a vida marinha na região,
no qual os materiais lançados têm uma grande capacidade de intoxicação dos animais e
possivelmente extinção de alguns animais que habitam a região. O acidente causou a morte de
diversas tartarugas, peixes, mamíferos (botos) e outras espécies, atingindo também a ictiofauna,
avifauna e fauna bentônica composta por animais que habitam o fundo marinho conhecidos
como moluscos, anelídeos poliquetas e os crustáceos. A região do acidente é vista como uma
localidade de maior mancha que resta da Floresta Atlântica, além da flora local que possui os
manguezais, marismas e fitoplâncton.
Além disso, a interação existente no complexo Estaurino Lagunar de Iguape-Cananeia
e Paranaguá, Figura 5, não só pode prejudicar, como prejudicou a região, alterando a cadeia
trófica estabelecida devido a explosão do navio Vicuña.
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Figura 5 - complexo Estaurino Lagunar de Iguape-Cananeia e Paranaguá.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o


IBAMA, e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), fizeram a proibição da pesca na região local
e diversas atividades náuticas de lazer até a região da baía. Este processo de isolamento pode
ter tido uma duração de mais de dois meses, causando não só um impacto ambiental, mas um
impacto socioeconômico nas áreas atingidas, devido ao sustento local não ser possível pela
população de pescadores.
Ainda, toda a rede de pescadores locais foi atingida, pois uma parcela da população
desta região vive e sobrevive com essa atividade. A população pesqueira era constituída com
mais de 5000 pescadores, sendo que tal atividade gerava uma economia local, com alguns
somente praticando para alimentação familiar e outros como sustento econômico para sua
família. Porém, quando o acidente ocorreu, além essas pessoas ficaram proibidas de utilizar o
mar durante 60 dias (IBAMA impôs) devido a contaminação, foi danificado a qualidade e
reduzido a quantidade de mercadoria irreparáveis com o acidente na região.
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2.5 Incentivos governamentais

O governo forneceu suporte para a população que dependia da pesca como


sobrevivência com um auxílio entre 300 e 900 reais durante o tempo que os pescadores não
puderam utilizar o mar para atividade comercial, pois os peixes estavam contaminados. Além
disso, foi acordado que a empresa responsável pela operação do navio e o porto, pagaria cerca
de 13.000 reais para cada pescador que comprovasse toda sua atividade e dependência disso
para sobrevivência. Sendo assim, foi verificado uma ilegalidade em relação a documentação
dos pescadores, onde alguns que não praticavam mais a atividade, mas já possuíram
certificação, tentaram receber essa indenização. Visto isso, a empresa não concordou em arcar
com os 13.000 e pagou somente 1.000, sendo uma discussão que se mantém até os dias de hoje.
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3. CONCLUSÃO

Com essa reflexão sobre os pescadores intrusos que tentaram receber a indenização, isso
só atrapalha quem realmente necessita dessa indenização para reerguer sua vida. Além disso,
toda a análise do problema, recorre aos dias de hoje, com o processo arquivado frente a
autoridade marítima pois não se tem conclusão da origem do problema, encontrando quem
realmente deve arcar com as consequências. Isso é algo que é inadmissível, um problema com
essa grandiosidade, que impactou negativamente não só a sociedade, mas principalmente o
meio ambiente como a fauna e a flora local, deve ser solucionado para tentar reerguer o meio
ambiente e a sociedade da melhor maneira.
Sendo assim, fica evidente o pensamento e ação minuciosa que o engenheiro deve fazer
para resolver os problemas da maneira mais detalhada possível, para evitar que casos como esse
ocorram e prejudique todo o habitat local, regional entre outros tipos dependendo da gravidade
do desastre ambiental. Assim como, quando ocorrer um evento de poluição independente do
tamanho, deve ser solucionado da maneira mais rápido possível, com urgência, visando
minimizar os impactos causados pelo ocorrido. Caso o processo deste acidente fosse lidado de
forma diferente provavelmente como funciona nos dias de hoje, quase 17 anos depois, os efeitos
seriam menores devido as tecnologias para tratamento de poluentes, assim como planejamento
de ações governamentais, que de fato ajudem a população a viverem melhor.
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4. REFERÊNCIAS

https://www.unisantos.br/edul/public/pdf/petroleo-gas-e-meio-ambiente.pdf
https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/45849/8.pdf?sequence=1
http://www.ppe.ufrj.br/images/publica%C3%A7%C3%B5es/mestrado/Andr%C3%A9_Morei
ra_de_Souza_Filho.pdf
https://www.marinha.mil.br/dpc/sites/www.marinha.mil.br.dpc/files/vicuna.pdf
https://tribunapr.uol.com.br/noticias/parana/navio-explode-e-causa-panico-em-paranagua/
https://tribunapr.uol.com.br/noticias/parana/explosao-no-navio-vicuna-teria-sido-interna/
http://www.defesacivil.pr.gov.br/sites/defesa-civil/arquivos_restritos/files/documento/2019-
05/acidente_ambiental_de_2000_-_navio_vicuna.pdf
http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL819666-16020,00-
ACIDENTE+E+BUSCAS+NO+PORTO+DE+PARANAGUA.html
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1711200426.htm
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/metanol.htm

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