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TESTE DE AVALIAÇÃO

DISCIPLINA: PORTUGUÊS

MÓDULO 8: Mensagem | Poetas Contemporâneos


Modalidade: Prova ESCRITA Data: 18 de outubro de 2019

Duração da prova: 90 minutos Ano Letivo: 2019/2020

Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitida a consulta de dicionário.

Não é permitido o uso de corretor. Risque o que pretende que não seja classificado.

Para cada resposta, identifique o grupo e o item.

Apresente as suas respostas de forma legível.

Ao responder, diferencie corretamente as maiúsculas das minúsculas.

Apresente apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se expressas no enunciado.

1 12.º CP TMM – M 8 – MENSAGEM – Teste de Avaliação – 18/10/2019


GRUPO I – PARTE A
(24 pontos)

1. Selecione a alternativa que completa o sentido de cada afirmação, considerando o estudo da


obra Mensagem. Indique o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. A obra Mensagem é


(A) o único livro que reflete a situação do país no século XVI.
(B) o livro que só descreve o estado de Portugal no século XX.
(C) a obra na qual se faz referência ao advento de um supra Camões.
(D) o único livro de Fernando Pessoa publicado em vida.

1.2. A situação política e social e que se verifica a publicação de Mensagem é


(A) diferente da que envolveu a publicação de Os Lusíadas.
(B) propícia ao advento de uma nova epopeia.
(C) semelhante à vivida na época dos Descobrimentos.
(D) coincidente com a queda da Monarquia.

1.3. A leitura de alguns poemas de Mensagem


(A) deixa antever a crítica à República e ao salazarismo.
(B) permite percecionar um diálogo com Os Lusíadas.
(C) revela-nos a necessidade de conhecer Fernando Pessoa.
(D) torna-se complexa e desmotivadora para qualquer leitor.

1.4. A obra pessoana divide-se em


(A) três partes, mas só a primeira se subdivide.
(B) três partes, duas delas subdivididas.
(C) cinco partes e duas subdivisões.
(D) três partes sem qualquer subdivisão.

1.5. Em «Brasão» fala-se


(A) da luta dos portugueses com o mar.
(B) dos cinco reis mouros derrotados por D. Henrique.
(C) da criação e da localização de Portugal.
(D) da expansão marítima e da chegada a África.

1.6. Os poemas da Parte III, «O Encoberto», sugerem o


(A) reerguer da pátria.
(B) elogio da nação portuguesa e dos heróis nacionais.
(C) apagamento de Portugal e consequente apelo ao ressurgimento da pátria.
(D) reforço da dimensão histórica.
GRUPO I – PARTE B
(48 pontos)
Leia atentamente o seguinte poema da obra Mensagem.

Nun’Álvares Pereira

Que auréola te cerca?


É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

5 Mas que espada é que, erguida,


Faz esse halo no céu?
É Excalibur1, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

‘Sperança consumada,
10 S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!

Fernando Pessoa, Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal,


Lisboa: Assírio & Alvim, 2016, p. 81

1
Excalibur - espada sagrada, com poder indestrutível para a defesa do bem. Só os puros de coração podiam empunhá-la.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Explicite dois traços caracterizadores de D. Nun’ Álvares Pereira valorizados pelo eu lírico. (16 pontos)

2. Interprete a simbologia associada à «espada», neste poema. (16 pontos)

3. Explique a expressividade dos versos: «’Sperança consumada,/S. Portugal em ser». (16 pontos)

GRUPO I – PARTE C
(32 pontos)
4. Considerando o estudo da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, realizado em aula, pronuncie-
se, num texto expositivo, sobre a seguinte afirmação:

O mito sebastianista está presente, de forma marcada, em Mensagem, de Fernando Pessoa.

O seu texto deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite a presença do mito sebastianista, fundamentando as
características apresentadas em, pelo menos, um momento significativo da obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2019/).
2. Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até cinco pontos) do texto produzido.

GRUPO II
(56 pontos = 8 pontos x 7 perguntas)

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta, indicando o número do item
e a letra que identifica a opção escolhida.

Leia atentamente o seguinte texto.

Meu «caso» com Fernando Pessoa


Chamo de «caso» àquele contacto de alma que o próprio Pessoa passou a vida toda a
esconder/revelar. O meu «caso» com o poeta começou no final dos anos sessenta, quando ouvi
pela primeira vez a música de Caetano Veloso «É proibido proibir», momento libertário da
juventude para se antepor à tirania da ditadura em que vivíamos. No meio da sua interpretação
5 antológica1, e contrariando os que esperavam palavras de ordem, casuísticas 2, Caetano introduzia
a declamação de umas palavras estranhas e enigmáticas, que se alojaram no meu inconsciente
como premissas de um tempo novo, inevitável. Corri atrás dessas palavras e vim a saber,
estarrecido, que eram de um poeta português, de que eu mal ouvira falar. Comprei o livro, as
obras então completas (a edição é de 1960), da Editora Aguilar: o poema era «D. Sebastião» 3,
10 terceira parte da Mensagem. A partir daí uma paixão súbita e definitiva me incendiou o coração e
nunca mais parei de ler e amar Pessoa. Com o passar do tempo, cheio de pudor e cumplicidade
oculta, fui-me embebedando daquela solidão imensa até descobrir que tinha sido
irremediavelmente capturado pelo delírio épico da Mensagem. Fernando Pessoa traduz em
linguagem metafórica uma antiga aspiração do ser humano, o sentimento obscuro de que existe
15 um mundo interior a ser descoberto, à semelhança dos descobrimentos portugueses. Essa sensação
de intervalo, essa ânsia doída, contida nos versos do poeta, reflete aquilo que não temos e não
vemos, mas desejamos e queremos: navegar por dentro, no rumo do lugar encoberto onde reina o
mais legítimo de nós. Mas cortejar o espírito argonauta era pouco e a forma que encontrei para
comungar com o poeta foi a música. Musicar os poemas da Mensagem (o primeiro disco, com
20 vários intérpretes, saiu em 1986 e agora vou no terceiro, e último) foi um desdobramento quase
natural do meu primeiro contacto, tantos anos atrás. Expressar esse sentimento abstrato de
pertença absoluta a uma «causa» foi a tarefa que o destino me impôs. As músicas da Mensagem –
sem medo, sem mistificação – começaram a descer como molduras sobre telas e, cumprindo
apenas a função de integrar-se a elas, integraram-me a ele.

André Luiz Oliveira, in o editor, o escritor e os seus leitores, Fundação Calouste Gulbenkian, 2012.

______________________________
1
Antológica: que merece ser registada.
2
Casuísticas: minuciosas.
3
D. Sebastião: poema do livro Mensagem recitado por Caetano Veloso no meio de «É proibido proibir», canção decisiva
da história da música brasileira de protesto contra o regime militar então vigente.
_________________________________________________________________________________

1. A música de Caetano Veloso, «É proibido proibir», surgiu, num contexto ditatorial, como
(A) uma reivindicação clara e antológica.
(B) um meio direto e explícito de contestação.
(C) uma forma de contestação singular e enigmática.
(D) uma forma de contestação meticulosa e enigmática.

2. Para o autor do texto, Fernando Pessoa traduz, através da linguagem,


(A) a busca eterna do Homem da sua verdadeira essência interior.
(B) os mundos descobertos pelos descobrimentos portugueses.
(C) a exaltação épica dos descobrimentos portugueses.
(D) a vontade humana de navegar e descobrir novos mundos físicos.

3. No contexto em que ocorre, o vocábulo «doída» (l. 16) remete para a ideia de
(A) ofensa.
(B) queixa.
(C) mágoa.
(D) ressentimento.

4. Na expressão «como molduras sobre telas» (l. 23) o autor recorre a uma
(A) metáfora.
(B) perífrase.
(C) hipérbole.
(D) comparação.
5. A oração «onde reina o mais legítimo de nós.» (ll. 17-18) é uma oração subordinada
(A) substantiva relativa.
(B) substantiva completiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) adjetiva relativa restritiva.

6. Indica o valor aspetual expresso em «É proibido proibir» (l. 3).

7. Identifica o antecedente do pronome «ele» na linha 24: «[…] integraram-me a ele.».

GRUPO III
(40 pontos)

A coragem, a determinação e o desafio do desconhecido, revelados no passado pelo povo


português, ainda hoje são evidentes em tudo quanto Portugal realiza enquanto nação.

Num texto de opinião, de 180 a 240 palavras, defenda um ponto de vista pessoal sobre a
coragem e o empreendedorismo do povo português, partindo da perspetiva exposta na frase acima
transcrita.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
…………………………………………………………………………..

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2019/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 150 e um máximo de 200 palavras –, há
que atender ao seguinte:
– um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
– um texto com extensão inferior a 50 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.

FIM
CHAVE DE RESPOSTAS – TESTE DE AVALIAÇÃO (18.10.2019)

GRUPO I – PARTE A
(24 pontos)
1.
1.1. (D) 1.2. (A) 1.3. (B) 1.4. (B) 1.5. (C) 1.6. (C)

GRUPO I – PARTE B
(48 pontos)

1. O sujeito poético evidencia a santidade de D. Nuno Álvares Pereira, através da referência aos elementos
«auréola» e «halo», representativos dos santos. Por outro lado, destaca a coragem e o valor guerreiro do herói,
simbolizados na «espada». Destaca ainda a excecionalidade e a predestinação desta figura, destinada a cumprir
uma missão sagrada, assinalando a sua fé: «’Sperança consumada, /S. Portugal em ser». Finalmente, o sujeito
lírico destaca o caráter visionário e a energia criadora de D. Nuno Álvares Pereira, capaz de impulsionar o
ressurgimento de Portugal: «Ergue a luz da tua espada / Para a estrada se ver!».

2. A «espada», neste poema, simboliza a capacidade guerreira do herói D. Nuno Álvares Pereira e o seu caráter
predestinado, como líder espiritual na missão superior de construir a paz. Assim, a «espada» é comparada a
«Excalibur» pro permitir a realização de uma guerra que se reveste de santidade, pois é aquela que leva à
descoberta da identidade e das características pessoais.

3. Os versos «’Sprança consumada/ S. Portugal em ser» funcionam como incitação aos portugueses para que o
herói do passado seja o exemplo a seguir, constituindo-se como «esperança» no renascimento de Portugal, ou
seja, a energia para nação construir um império espiritual, «em ser», o «Quinto Império».

GRUPO I – PARTE C
(32 pontos)

Resposta de caráter pessoal. Contudo, o aluno pode seguir a seguinte planificação:

Introdução – O mito sebastianista atravessa a literatura portuguesa, evocando um período de crise e a


esperança de o ultrapassar.
Após a perda da independência de Portugal e durante o domínio filipino, o mito do regresso do rei
desparecido em Alcácer-Quibir foi ganhando contornos cada vez mais fortes e marcando presença em várias
obras literárias.
Desenvolvimento – Na obra Mensagem, o mito sebastianista assume uma dimensão simbólica, dado que
representa o regresso do último herói que sonhou, cuja alma está guardada e que reencarnará como líder do
“Quinto Império”. Esta temática está claramente formulada em poemas como «D. Sebastião, Rei de Portugal»,
«O Quinto Império» e «Nevoeiro», que referem a urgência de que outros tomem o sonho que outrora moveu
D. Sebastião que, transformado em messias redentor, conduzirá os portugueses à construção de um novo
império.
Conclusão – Concluindo, o mito sebastianista simboliza o desejo de grandeza do povo português insatisfeito
com a precariedade do presente e ansioso pela recuperação da grandeza de outrora.
GRUPO II
(56 pontos)

1. (C) 2. (A) 3. (C) 4. (D) 5. (D)

6. Valor genérico.

7. «Fernando Pessoa».

GRUPO III
(40 pontos)

Resposta de caráter pessoal que deve refletir uma planificação prévia e contemplar as orientações dadas.
Porém, sugerem-se as seguintes linhas orientadoras.

Introdução:
O povo português, desde sempre, primou pela coragem, pela ousadia, pelo desafio do desconhecido.

Desenvolvimento:
No passado, as lutas pelo alargamento e pela independência do território português; o desenvolvimento de
técnicas e de instrumentos que permitiram as navegações e a descoberta de novas terras; a conquista e
colonização de novos territórios; o grande fluxo emigratório do século passado em busca de uma vida melhor,
sem garantias de emprego, portanto, rumo à indefinição. (…)
Na atualidade, a coragem e a vontade de vencer que conduziu a um novo fluxo emigratório (ocasionado pela
crise do início do século), nomeadamente por parte dos mais jovens e, inclusive, daqueles com mais anos de
escolaridade; a distinção em várias áreas, fruto do empenho e da coragem, como no desporto (os atletas
paraolímpicos, a seleção nacional de futebol, Cristiano Ronaldo, Nélson Évora, Sara Moreira, Patrícia Mamona,
Dulce Félix, Jéssica Augusto, entre muitos outros); na Ciência, com o reconhecimento mundial (na Química,
Isabel Ferreira; na Física, Nuno Peres; na Matemática, Delfim Torres; na biogeografia, Miguel Araújo;…); e na
arquitetura (Álvaro Siza Vieira, Elisabete de Oliveira Saldanha, Eduardo Souto de Moura, Nuno Teotónio
Pereira, Fernando Távora e Tomás Taveira); a criação de empresas inovadoras, como as start-ups, ao nível da
tecnologia, ou outras direcionadas para múltiplos domínios. (…)

Conclusão:
Em suma, no passado, como nos nossos dias, o povo português continua a acreditar e a ter coragem de
concretizar os seus sonhos, alcançando o reconhecimento do mundo.

FIM

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