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2019
DISCIPLINA: Português
TURMA: TESTE DO MÓDULO MÓDULO: 1.1
Ano Letivo 2019/2020 AUTOR: Paula Marçal
ENUNCIADO
Textos Medievais
Grupo I
A
Lê o seguinte excerto do Capítulo 11 da Crónica de D. João I de Fernão Lopes e consulta as notas,
se necessário.
1 O Page do Meestre que estava aa porta, como 1 lhe disserom que fosse pela vila segundo já
era percebido2, começou d’ ir rijamente a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo
altas vozes, braadando pela rua:
– Matom o Meestre! matom o Meestre nos Paaços da Rainha! Acorree ao Meestre que
5 matam!
E assi chegou a casa d’Alvoro Paaez3 que era dali grande espaço.
As gentes que esto ouviam, saiam aa rua veer que cousa era; e começando de falar uũs
com os outros, alvoraçavom-se nas voontades 4, e começavom de tomar armas cada uũ como
melhor e mais asinha5 podia. Alvoro Paaez que estava prestes e armado com ũa coifa 6 na
10 cabeça segundo usança daquel tempo, cavalgou logo a pressa em cima duũ cavalo que anos
havia que nom cavalgara; e todos seus aliados com ele, braadando a quaes quer que achava
dizendo:
– Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre, ca 7 filho é del-Rei dom Pedro.
E assi braadavom el e o Page indo pela rua.
15 Soarom as vozes do arroido pela cidade ouvindo todos braadar que matavom o Meestre; e
assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo 8 de marido, se moverom
todos com mão armada, correndo a pressa pera u 9 deziam que se esto fazia, por lhe darem vida
e escusar morte. Alvoro Paaez nom quedava 10 d‘ ir pera alá11, braadando a todos:
– Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre que matam sem por quê!
20 A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom
cabiam pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos 12, desejando cada uῦ de seer o
primeiro; e preguntando uῦs aos outros quem matava o Meestre, nom minguava 13 quem
responder que o matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da Rainha.
E per voontade de Deos todos feitos duῦ coraçom com talente 14 de o vingar, como forom
25 aas portas do Paaço que eram já çarradas 15, ante que chegassem, com espantosas palavras
começarom de dizer:
– U matom o Meestre? que é do Meestre? Quem çarrou estas portas?
Ali eram ouvidos brados de desvairadas 16 maneiras. Taes i havia que certeficavom que o
Meestre era morto, pois as portas estavom çarradas, dizendo que as britassem 17 para entrar
dentro, e veeriam que era do Meestre, ou que cousa era aquela.
Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica), Crónica de D. João I de Fernão Lopes
(textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992.
2. Transcreve uma expressão que demonstre o recurso às sensações visuais e comenta a sua
expressividade.
3. Explica de que forma a noção de identidade nacional está presente neste excerto,
justificando com citações textuais pertinentes.
4. Transcreve uma expressão que demonstre que o discurso de Fernão Lopes se pauta, entre
outras características, pelo coloquialismo que confere à ação.
5. Identifica o recurso expressivo presente na expressão: “por lhe darem vida e escusar
morte” (ll. 16 -17).
Lê a seguinte cantiga.
Bernal de Bonaval, B1068/V6549 Cantigas Medievais Galego Portuguesas, Lisboa, Instituto de Estudos
Medievais, FCSH/NOVA (consultado em novembro de 2019, disponível em: http://cantigas.fcsh.unl.pt).
9. Classifica cada uma das afirmações acerca da poesia trovadoresca como verdadeira (V) ou falsa
(F).
25 de Abril de 1974
Na madrugada do dia 25 de abril de 1974 Lisboa assistiu a um movimento militar inusual.
Homens e veículos avançam, através da noite, pela capital do império e vão ocupando, sem
resistência visível, vários alvos estratégicos, com o objetivo de derrubar o regime vigente.
Os militares golpistas, autodenominados Movimento das Forças Armadas – MFA –, são
5 comandados, secretamente, a partir do Quartel da Pontinha, em Lisboa, por Otelo Saraiva de
Carvalho, um dos principais impulsionadores da ação.
A par das movimentações em Lisboa no 25 de abril de 1974, também no Porto os militares
tomam posições. São ocupados o Quartel-General da Região Militar do Porto, o Aeroporto de
Pedras Rubras e as instalações da RTP.
10 Aos homens da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandados por Salgueiro Maia,
coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço e dos ministérios ali
instalados.
Mais tarde, Salgueiro Maia desloca parte das suas tropas para o Quartel do Carmo onde
está o chefe do governo, Marcelo Caetano, que acaba por se render no final do dia com
15 apenas uma exigência: entregar as responsabilidades de governação ao General António
Spínola, oficial que não pertencia ao MFA, para que “o poder não caia nas ruas”. O Presidente
do Conselho, que anos antes tinha sucedido a Salazar no poder, é transportado para a
Madeira e daí enviado para o exílio no Brasil.
Por detrás dos acontecimentos do dia 25 de abril de 1974 estão mais de 40 anos de um
20 regime autoritário, que governava em ditadura e fazia uso de todos os meios ao seu alcance
para reprimir as tentativas de transição para um estado de direito democrático.
A censura, a PIDE e a Legião e a Mocidade Portuguesas são alguns exemplos do que os
cidadãos tinham de enfrentar no seu dia a dia. Por outro lado, a pobreza, a fome e a falta de
oportunidades para um futuro melhor, frutos do isolamento a que o país estava votado há
25 décadas, provocaram um fluxo de emigração que agravava, cada vez mais, as fracas condições
da economia nacional.
Mas a gota de água que terá estado na origem da ação revolucionária dos militares que,
durante tantos anos tinham apoiado e ajudado a manter o regime, foi a Guerra Colonial em
África.
30 Internacionalmente o país era pressionado para acabar com a guerra e permitir a
4. Os processos fonológicos ocorridos na passagem de POTERE para “poder” (l. 15) são
(A) aférese e metátese.
(B) apócope e assimilação.
(C) apócope e sonorização.
(D) aférese e vocalização.
8. Classifica a oração sublinhada em “A sociedade considerava que o regime era injusto e opressor”.
Redige a síntese do texto do Grupo II, num texto de 120 a 180 palavras.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.:/dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma
única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2015/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
− um texto com extensão inferior a cinquenta palavras é classificado com zero pontos.
FIM
COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
I
16 8 16 4 4 8 16 8 10 20 110
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
II
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50
Textos Medievais
O pajem saiu a galope, devido ao sinal que recebeu, como demonstra a expressão
“segundo já era percebido” (l. 2).
Álvaro Pais já estava preparado – “Alvoro Paaez que estava prestes e armado com
ũa coifa na cabeça” (l. 9) – e pronto para cavalgar um cavalo “que anos havia que
nom cavalgara” (ll. 10-11).
2. ............................................................................................................................................................................ 8 pontos
As sensações visuais estão presentes, por exemplo, em:
3. .......................................................................................................................................................................... 16 pontos
Para explicar de que forma a noção de identidade nacional está presente neste excerto, devem
ser abordados os tópicos seguintes, ou outros igualmente relevantes:
O povo sai todo à rua, preocupado com o Mestre – “se moveram todos com mão
armada” (ll. 15-16);
estavam todos unidos com o mesmo objetivo – “todos feitos duü coraçom com
talente de o vingar” (l. 23);
o sentimento patriótico fá-los unirem-se e esforçarem-se por salvar aquele que
consideram o rei por direito.
4. ............................................................................................................................................................................ 4 pontos
Transcreve, por exemplo:
o “Matom o Meestre” (l. 4);
o “Acorramos ao Meestre” (l. 12)
5. ............................................................................................................................................................................ 4 pontos
Antítese.
6. ............................................................................................................................................................................ 8 pontos
Indica que se trata de uma cantiga de amor, identificando três das seguintes características:
7. .......................................................................................................................................................................... 16 pontos
Para indicar dois traços caracterizadores da “senhor”, devem ser abordados os tópicos seguintes,
ou outros igualmente relevantes:
8. ............................................................................................................................................................................ 8 pontos
Esta cantiga caracteriza-se formalmente por:
9. ................................................................................................................................... 10 pontos
Questão Pontuação
a) F 1 ponto
c) F 1 ponto
d) F 1 ponto
e) V 1 ponto
f) V 1 ponto
g) V 1 ponto
h) V 1 ponto
i) V 1 ponto
j) V 1 ponto
Questões Pontuação
a) V 2 pontos
b) V 2 pontos
c) F 2 pontos
d) V 2 pontos
e) V 2 pontos
f) V 2 pontos
g) F 2 pontos
h) F 2 pontos
i) V 2 pontos
j) V 2 pontos
Chave
1. A 5
2. B 5
3. D 5
4. C 5
5. B 5
6. D 5
7. C 5
Oração subordinada
8. 5
substantiva completiva
Predicativo do
9. 5
complemento direto
10. Sigla 5
4 Nível intercalar 6
2 Nível intercalar 2
4 Nível intercalar 6
2 Nível intercalar 2
4 Nível intercalar 6
2 Nível intercalar 2