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CEFET-MG
Abril/2020
Resumo 1 Introdução
O projeto de uma aeronave para a competição SAE A cada ano, as equipes apresentam aeronaves cada
Aerodesign é realizado em diversas etapas de desen- vez mais competitivas na competição SAE Aerodesign,
volvimento: o projeto conceitual, otimização, simula- isto exige que a equipe deva-se manter atualizada e de-
ções, ensaios, validação e construção do protótipo ofi- senvolvendo novas análises de forma a otimizar o tempo
cial. Este processo envolve simulações para avaliação de projeto, bem como seus resultados.
de diversas características do avião, como por exemplo Neste artigo, foi desenvolvido um modelo para avali-
características aerodinâmicas, de desempenho, estru- ação da estabilidade dinâmica, cujo modelo é aplicável
tural e dinâmica de voo, que engloba a área de estabi- a configurações genéricas de aeronaves. No entanto, o
lidade e controle. modelo desenvolvido será adotado no estudo da esta-
A cada ano, as equipes apresentam projetos cada vez bilidade dinâmica da aeronave Flash (Figura 1) proje-
mais competitivos, o que exige uma busca de métodos e tada pela equipe CEFAST Aerodesign para a compe-
de desenvolvimento de análises mais eficazes. Nos anos tição de 2019. Este avião é do tipo asa voadora, confi-
de 2018 e 2019, devido à restrição geométrica imposta guração escolhida pela equipe de forma a se enquadrar
pelos respectivos regulamentos, as equipes buscaram nas restrições e maximizar a pontuação de voo.
diferentes configurações a fim de maximizar a pontua-
ção de voo. A equipe CEFAST optou pela configura-
Figura 1: Aeronave Flash
ção do tipo asa voadora e isso trouxe novos desafios,
frente a dificuldade de definir e encontrar referências
para avaliação da qualidade de voo deste tipo de con-
figuração. Devido a isso, surge a importância de um
método que permita avaliar a estabilidade e controla-
bilidade da aeronave.
Este artigo tem como objetivo abordar uma metodo-
logia para simulação da dinâmica de voo e da análise
da estabilidade e controle do protótipo. Esta análise
será baseada nas equações do movimento de um corpo
rígido, com seis graus de liberdade, não lineares, inte-
gradas em um modelo no Simulink+Matlab.
Após o desenvolvimento do modelo, além de obter
respostas para comandos específicos e avaliar o com-
portamento dos modos de voo, será realizado uma in- Fonte: próprio autor
tegração a um ambiente de um simulador de voo. Dessa
forma, será possível obter feedback qualitativo do pi- O estudo da estabilidade dinâmica foi realizado por
loto sobre as respostas dinâmicas da aeronave e, com meio de um modelo desenvolvido no software Simu-
isso, realizar possíveis alterações no projeto antes do link, incorporando um modelo aerodinâmico linear jun-
início da construção de um protótipo. tamente com as equações de movimento de um corpo
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rígido com seis graus de liberdade. Esse modelo é com- direcionais [1]. Para a abordagem deste trabalho, será
posto por equações diferenciais não lineares e acopla- considerado que não existe acoplamento entre as variá-
das, sendo, inicialmente, não linear. Para analisar o veis longitudinais e látero-direcionais.
comportamento dinâmico em determinadas situações As forças e momentos aerodinâmicos podem ser
de voo, consideradas críticas, serão determinados mo- compostos pelas funções apresentadas no conjunto de
delos lineares que, para pequenas pertubações ao redor Equações 1, que levam em consideração a contribui-
do ponto de operação, representará as respostas dinâ- ção das derivadas aerodinâmicas e de estabilidade [1].
micas do avião. Nas equações, a letra ”C” é utilizada para identificar os
A construção de um protótipo requer tempo e re- coeficientes adimensionais e seus respectivos subíndices
curso financeiro, que são escassos no projeto de uma indicam os parâmetros que os coeficientes representam.
aeronave para o Aerodesign. Para prever modificações
antes da construção e reduzir o desperdício, as simu-
lações são de grande importância. Pensando nisso, CD = CD (α) + CDih ih + CDδe δe (1a)
além das análises quantitativas de estabilidade dinâ-
mica, incorporou-se o modelo a um simulador de voo Cy = Cy 0 + Cy β β + Cy δa δa + Cy δr δr
para que o piloto pudesse, de forma qualitativa, apre-
pb rb
sentar um feedback sobre manobras específicas e, se + Cyp + Cyr (1b)
necessário, possíveis modificações no projeto. 2Vt 2Vt
CL = CL (α) + CLih ih + CLδe δe
α̇ q
2 Metodologia + CLα̇ + CLq (1c)
2Vt 2Vt
A metodologia foi dividida em seis subseções a se- Cl = Cl0 + Clβ β + Clδa δa + Clδr δr
guir, a fim de se desenvolver o modelo em seis graus de + Clp
pb
+ Clr
rb
(1d)
liberdade da aeronave. 2Vt 2Vt
Cm = Cm0 + Cmα α + Cmih ih + Cmδe δe
2.1 Sistema de Coordenadas + Cmα̇
α̇
+ Cmq
q
(1e)
2Vt 2Vt
A primeira etapa do desenvolvimento de um modelo
de simulação é a definição do sistema de coordenadas Cn = Cn0 + Cnβ β + Cnδa δa
a ser utilizado [1]. No método utilizado, as derivadas + Cnδr δr + Cnp
pb rb
(1f)
+ Cnr
aerodinâmicas são apresentadas no sistema de coorde- 2Vt 2Vt
nadas de estabilidade (Figura 2), portanto, definiu-se
Em que:
que a modelagem aerodinâmica seria feita no respec-
tivo sistema cartesiano. • α e β são os ângulos de ataque e derrapagem, res-
pectivamente.
Figura 2: Sistemas de coordenadas
• D, y e L são as forças aerodinâmicas nos eixos x,
y e z, respectivamente;
• l, m e n são os momentos aerodinâmicos nos eixos
x, y e z, respectivamente;
• δa e δe são as deflexões de aileron e profundor,
respectivamente, e ih é a incidência da empenagem
horizontal;
• p, q e r são as taxas de rolagem nos eixos x, y e z,
respectivamente.
• Vt é a velocidade relativa do avião;
Fonte: [2]
Devido a configuração do avião ser do tipo asa voa-
dora, as contribuições relacionadas às empenagens ho-
2.2 Modelagem Aerodinâmica
rizontal e vertical são nulas, de forma que é conside-
Na maioria dos aviões, não existe um acoplamento rado apenas a contribuição da asa para a composição
significante entre variáveis longitudinais e látero- dos coeficientes de força e momento aerodinâmico [3].
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3 Resultados
Para os três pontos de operação definidos anteri-
ormente, as condição de trimagem encontradas estão
apresentadas na Tabela 2 Fonte: próprio autor
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são caracterizados por um par de raízes complexas e Em todos os pontos de operação, essa condição é aceita
duas raízes reais, em que o sinal da parte real define e, portanto, o avião pode ser classificado como Nível I
a estabilidade (negativo indica estável e positivo, ins- para o modo Dutch Roll.
tável) [1]. As raízes são apresentadas na Tabela 5 e Já no modo Roll, para ser enquadrado em Nível I,
plotadas no plano complexo na Figura 13. deve apresentar τ <1,4 [8], o que ocorre em todas as
condições analisadas. Por fim, no modo Spiral a norma
não contempla este modo apresentando convergência,
Tabela 5: Raízes complexas Látero Direcionais porém devido a características únicas do avião anali-
Modos Subida Voo reto Descida
Dutch Roll -1,8738±-9,3448i -0,6289±6,6468i -2,0647±11,0815i sado, como a ausência de empenagem vertical, a qual
Roll -20,3504 -41,7861 -14,6139 contribui para a divergência do Spiral, em todas as si-
Spiral -0,2179 -0,2229 -0,2677 tuações analisadas o Spiral foi convergente, assim foi
considerado que o avião se classifica como Nível I.
Os gráficos das respostas dinâmicas em voo reto para
duas funções teste: degrau e pulso, ambas com 5◦ de
Figura 13: Raízes no plano complexo
amplitude, são apresentados nas Figuras 14 e 15.
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o modo Dutch Roll. Posteriormente, ocorre um movi- Além disso, avaliar quais parâmetros do avião terão
mento rapidamente covergente, porém não oscilatório, mais influências nos modos de voo.
esse é o modo Roll. O modo spiral, apesar de conver-
gente, tem progressão lenta e não é facilmente obser-
vado como os outros nas respostas dinâmicas. Referências
[1] Jan Roskam. Airplane Flight Dynamics and Auto-
3.3 Simulador de voo matic FLight Controls. DARcorporation, 3 edition,
O simulador de voo foi implementado como descrito 2001.
na Subseção 2.6, conforme Figura 16.Ao longo dos tes- [2] William Rigon Silva, André Luís da Silva, and Hil-
tes, o piloto foi instruído a realizar manobras semelhan- ton Abílio Grundling. Modelling, simulation and
tes às que são realizadas ao longo da missão de voo. Os control of a fixed-wing unmanned aerial vehicle
resultados foram satisfatórios e a equipe recebeu bons (uav). 2703, 2017.
feedbacks do piloto. Apesar de não ser possível quanti-
ficar as respostas do piloto, como ocorre na análise dos [3] Sergio Esteban. Static and dynamic analysis of
níveis de qualidade voo, ter resposta qualitativas são flying wings. 01 2010.
importantes para certificar que o avião está realmente
com boa controlabilidade ou, caso contrário, propor [4] Jan Roskam. Methods for estimating stability and
modificações no projeto. control derivatives of conventional subsonic airpla-
nes. DARcorporation, 1973.
Figura 16: Avião implementado no Simulador [5] Frederico R. Garza and Eugene A. Morelli. A col-
lection of nonlinear aircraft simulations in matlab.
4:88–92, 2003.
[6] Aye Aye Maw, Maxim Tyan, Nhu Van Nguyen, and
Jae-Woo Lee. Investigation of matlab/python ode
solvers performance for efficient flight, simulation.
2016.
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