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Genética Humana

UNIDADE 1
Unidade 1

Diciplina: GENÉTICA HUMANA

Apresentação

Prezado(a) aluno(a), bem-vindo ao Guia de Estudos da disciplina de Genética


Humana. Nesta modalidade de ensino, pretende-se que você aprenda os conteúdos
da disciplina com autonomia, dessa forma você deverá estudar o material contido
neste guia e no livro texto. Para que você tenha um bom desempenho, é necessário
que haja de sua parte uma importante cooperação, no sentido do comprometimento
para a realização das atividades propostas. Sendo assim, organize-se para dedicar
algumas horas de sua semana para cumprir as tarefas de forma adequada.

O conteúdo deste material apresenta uma introdução à genética, para que você
compreenda o ensino enfatizado na disciplina. Entretanto, o estudo pode ser
enriquecido com a leitura da bibliografia indicada, pois ela poderá, eventualmente,
ajudá-lo na captação do assunto e facilitar sua atuação nas avaliações previstas.

Não esqueça: abuse das anotações e dos comentários sobre o texto. Para isso,
elabore um resumo. Depois, uma boa estratégia para fixar os conteúdos estudados é
compartilhar as suas anotações e questionamentos com os colegas e tutores.

Esta unidade proporcionará o contato com importantes fundamentos, definições,


características e curiosidades sobre a disciplina de Genética. As informações talvez
representem novidades para você, então procure contextualizar as discussões
dentro da sua própria realidade. Os conceitos aos quais você terá acesso são
bastante difundidos, e entendemos ser de suma importância apresentá-los, pois o
acompanharão durante todo o processo de formação profissional.

Nesta perspectiva, surge a pergunta:- Por que estudar genética? A genética, como
nenhuma outra disciplina científica, é central para vários aspectos de interesse
humano, uma vez que os processos genéticos são fundamentais para a própria vida.
As questões de genética parecem surgir em nossa vida cotidiana, e nenhum ser
pensante pode ignorar suas descobertas. A ciência da genética enfoca um material
que liga gerações e explica as similaridades e diferenças entre organismos. Perceba,
então, como essa disciplina é importante.

Esta ciência enfoca um material que influencia a maneira como os organismos se


desenvolvem, funcionam e se comportam. Em resumo, como eles vivem. Entretanto,
antes de iniciar o seu estudo é fundamental que compreenda/relembre o conceito e
a evolução histórica de nosso objeto de estudo nesta disciplina, ou seja, da Genética
Humana.

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O que é genética?

Alguns a definem como o “estudo da hereditariedade”, mas os fenômenos hereditários


já eram do interesse dos humanos muito antes da existência da biologia ou genética
como as disciplinas científicas que conhecemos hoje. As pessoas tinham uma
compreensão intuitiva de que algum tipo de material passava dos genitores para a
prole durante a reprodução e afetava a características da prole. Encontrando esse
material hereditário, as pessoas poderiam explicar porque um genitor e seu filho
podiam ter um mesmo tipo de nariz ou a mesma cor dos olhos e porque os irmãos
tendem a ser parecidos.

Você precisa saber que o material hereditário é uma ligação física entre gerações. A
prole recebe de seus genitores, que o receberam de seus pais, e assim em diante.
Contudo a prole não é uma replicação exata de seus pais, e os irmãos não são
exatamente iguais. Alguns aspectos do material hereditário devem contribuir para as
diferenças entre os indivíduos, mesmo parentes próximos. Assim, o material hereditário
explica similaridades entre indivíduos, mas também permite diferenças entre eles.

Volte ao passado e comece a imaginar. O ponto de partida da genética foi o jardim de


um mosteiro da Europa Central na década de 1860, quando um monge agostiniano
chamado Gregor Mendel (Fig. 1), realizou uma série de experimentos com ervilhas de
jardim durante uma década. O trabalho de Mendel mostrou que as características dos
seres vivos são transmitidas dos genitores para a prole de maneira previsível. Esse
monge concluiu que as características das ervilheiras são controladas por unidades
descontínuas de herança, que hoje chamamos de genes.

Talvez você esteja se perguntando: - Mas o que é um gene? Um gene é um trecho de


uma molécula de ácido desoxirribonucleico, abreviado como DNA. A palavra genética
vem do grego genetikós (capaz de procriar), gene é o radical que contém o significado
da palavra.

Figura 1. Gregor Mendel (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Gregor_Mendel).

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Mendel estudou vários genes nas ervilhas de jardim. Cada um desses genes está
associado a características diferentes, por exemplo, altura da planta, ou cor da flor,
ou textura da semente. Ele descobriu que tais genes existem em formas diferentes,
que hoje chamamos de alelos. Uma forma do gene para altura, por exemplo, permite
que as ervilhas cresçam mais de dois metros; outra forma limita seu crescimento para
cerca de um metro. Mendel propôs que as plantas de ervilhas levavam duas cópias
de cada gene. Essas cópias podem ser iguais (indivíduos homozigotos) ou diferentes
(indivíduos heterozigotos). Durante a reprodução, uma das cópias é aleatoriamente
incorporada a cada célula sexual ou gameta. Os gametas femininos (ovócitos) se
unem aos gametas masculinos (espermatozoides) na fertilização para produzir células
únicas, chamadas zigotos, que se desenvolverão em novas plantas.

Para que fique claro em sua mente o real significado de gene e alelo, é interessante
que você acesse os seguintes links (leitura obrigatória): http://sereduc.com/F7vpBs e
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alelo. Nesses sites você encontrará informações objetivas
acerca do assunto.

Dando continuidade, é extremamente importante que você entenda que os diferentes


alelos podem produzir dissimilaridade nos aspectos observáveis, ou fenótipo, de
um organismo. Também é relevante saber que o conjunto de alelos para uma dada
característica é chamado de genótipo e o complemento básico de DNA de um organismo
é chamado de genoma. As células somáticas da maioria dos animais e plantas contêm
duas cópias de seu genoma, esses organismos são diploides. As células da maioria
dos fungos, algas e bactérias contêm apenas uma cópia do genoma; são organismos
haploides. O próprio genoma é feito de uma ou mais moléculas extremamente longas
de DNA organizadas em cromossomos. Nas células diploides, cada cromossomo e
seus genes componentes estão presentes duas vezes.

Neste momento, é interessante que você pare um pouco a leitura e visualize um


vídeo de aproximadamente 47 minutos produzido pela Science, que relata o histórico
e as maiores descobertas no ramo da genética. O vídeo encontra-se disponível no
seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=PHmnX5-168I.

Agora que você já sabe a história da genética e descobriu conceitos importantes para
o desenrolar da disciplina, podemos dar continuidade ao assunto e seguir para o nosso
próximo ponto de interesse. Até aqui você já ouviu falar sobre o DNA, mas o que foi
apresentado ainda é muito superficial para a complexidade desta molécula. Então
pergunto:- Qual a estrutura do DNA? Quais os elementos que o formam? E se você
já ouviu falar de DNA, o que seria então o RNA? Se você ainda não sabe responder
a esses questionamentos, não se preocupe, pois a partir de agora iniciaremos um
estudo aprofundado do DNA e do RNA e suas composições químicas e estruturas
moleculares.

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Composição química e estrutura do DNA e do RNA

Antes de dar início a esse novo tópico, peço que você se dirija ao seu livro texto e faça
uma leitura da página 2 até a página 11. Nestas páginas encontram-se importantes
informações a cerca do assunto será abordado. Para complementar o estudo, você
pode ainda visitar o seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=FD_iOPkvKUA. Este
vídeo tem aproximadamente 12 minutos e contém informações acerca das diferenças
encontradas entre o DNA e o RNA.

Dando continuidade, há uma informação que você precisa saber a respeito dos genes.
Eles são constituídos de substâncias chamadas de ácidos nucleicos, que são as
maiores moléculas encontradas no mundo vivo. Os ácidos nucléicos são responsáveis
pelo controle dos processos vitais básicos em todos os seres. Essas moléculas foram
denominadas de “ácidos nucléicos”, porque se acreditava que fossem encontradas
apenas no núcleo das células. Atualmente sabe-se que os ácidos nucléicos também
são encontrados nos cloroplastos e nas mitocôndrias.

Os ácidos nucleicos são feitos de blocos estruturais elementares chamados


nucleotídeos (Fig. 2). O grande impacto no estudo dos ácidos nucleicos veio em 1953
quando James Watson e Francis Crick deduziram a maneira como os nucleotídeos
são organizados. Cada nucleotídeo tem três componentes: (1) uma molécula de
açúcar; (2) uma molécula de fosfato, que tem propriedades químicas ácidas; e (3) uma
molécula contendo nitrogênio, que tem propriedades químicas levemente básicas.

Figura 2. Estrutura de um nucleotídeo (Fonte: http://sereduc.com/OZYjdL)

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Existem dois tipos de ácido nucleico: o RNA e o DNA. No Ácido Ribonucleico, ou
RNA, o açúcar constituinte é a ribose, no ácido desoxirribonucleico, ou DNA, o açúcar
constituinte é a desoxirribose. No RNA ou no DNA, um nucleotídeo é distinto do outro
por sua base nitrogenada. Ocorrem dois tipos de bases nitrogenadas: as púricas, que
apresentam dois anéis; e, as pirimídicas apresentam um só anel. Na formação dos
ácidos nucléicos as bases púricas se combinam com as pirimídicas da seguinte forma:

No DNA

No RNA

Watson e Crick propuseram que os nucleotídeos são ligados, um ao outro, em uma


cadeia. As ligações são formadas por interações químicas entre o fosfato de um
nucleotídeo e o açúcar do outro nucleotídeo. As bases contendo nitrogênio não estão
envolvidas nessas interações. Assim, uma cadeia de nucleotídeos consiste em um
arcabouço de fosfato-açúcar ao qual as bases se ligam, uma base a cada açúcar no
arcabouço. De uma extremidade a outra da cadeia, as bases formam uma sequência
linear característica desta cadeia particular.

É importante que você saiba que Watson e Crick ainda descobriram que as moléculas
de DNA consistem em duas cadeias de nucleotídeos. Tais cadeias são mantidas unidas
por atrações químicas fracas entre pares de bases nitrogenadas particulares. Devido
a estas regras de pareamento de bases, a sequência de uma cadeia de nucleotídeos
uma molécula de DNA pode ser prevista pela outra. Neste caso, então, as duas cadeias
de uma molécula de DNA são complementares. O dois filamentos de uma molécula
de DNA apresentam uma configuração helicoidal. Tais moléculas helicoidais podem
ser extraordinariamente grandes. Algumas contêm centenas de milhões de pares de
nucleotídeos, e seu tamanho de uma extremidade a outra excede a 10 centímetros.
Não fosse extremamente fina (cerca de centésimo de milionésimo de um centímetro),
nós seríamos capazes de vê-las a olho nu.

Neste momento você precisa parar e prestar atenção para a seguinte informação; o RNA,
como o DNA, consiste em nucleotídeos unidos um ao outro em uma cadeia. Entretanto,
ao contrário do DNA, as moléculas de RNA geralmente são unifilamentares. Os RNA
podem ser agrupados em duas classes gerais. Uma classe de RNA é intermediária no

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processo de decodificação dos genes em cadeias polipeptídicas. Chamaremos estes
RNA “informacionais” de RNA mensageiros, pois eles passam a informação como um
mensageiro, do DNA para a proteína. Na minoria restante de genes, o próprio RNA é o
produto funcional final. Referiremos-nos a estes RNA como “RNA funcionais”.

-RNA mensageiros (mRNA): Para a maioria dos genes, o mRNA é apenas um


intermediário necessário para a síntese de uma proteína, que é o produto funcional
final que influencia o fenótipo.

-RNA funcionais: Se enquadram em uma variedade de classes que desempenham


diversos papéis. Eles nunca são traduzidos em polipeptídeos. Cada classe de RNA
funcional é codificada por um pequeno número de genes. Entretanto, embora o número
de genes que os codificam sejam relativamente poucos, alguns RNA funcionais
contribuem para uma grande porcentagem de RNA na célula, porque eles são tantos
estáveis quanto transcritos em muitas cópias.

• RNA transportador (tRNA) - são responsáveis por trazer o aminoácido correto


para o mRNA no processo de tradução;

• RNA ribossômico (rRNA) - são os principais componentes dos ribossomos,


que são grandes máquinas macromoleculares que guiam a montagem da
cadeia de aminoácido pelo mRNA e tRNA.

• RNA pequenos nucleares (snRNA) - são a parte de um sistema que


processa os RNA transcritos em células eucarióticas. Alguns snRNA guiam
a modificação de rRNA. Outros se unem a várias subunidades proteicas
para formar o complexo de processamento de ribonucleoproteínas (chamado
spliceossomo) que remove os íntrons dos mRNA eucarióticos.

• Micro-RNA (miRNA) - são unifilamentares curtos, com 20 a 22 nucleotídeos,


que são cortados em precursores pequenos em forma de grampo e bloqueiam
a expressão de mRNA complementares ou parcialmente complementares
causando sua degradação ou reprimindo sua tradução.

Fique atento! Agora iremos sintetizar o que foi visto, apresentando as principais
características do DNA e do RNA:

DNA

• Apresenta-se como fita dupla, formando uma dupla hélice (modelo de Watson
e Crick);
• Apresenta a pentose desoxirribose com exclusividade;
• Apresentam a base nitrogenada “Timina” com exclusividade;
• Promove a Duplicação ou Replicação: Sintetiza cópias idênticas de si mesmo;
• Promove a transcrição: Sintetiza moléculas de RNAm (mensageiro);

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• O DNA é encontrado em maior quantidade no núcleo (na cromatina) que no
citoplasma (nas mitocôndrias e cloroplastos).

RNA

• É sintetizado pelo DNA;


• É constituído por fita única de nucleotídeos;
• Apresenta o açúcar ribose em seus nucleotídeos, em vez da desoxirribose
encontrada no DNA;
• A base piramidina uracil está presente em lugar da timina.

Bom, agora que você já viu as características do DNA e do RNA, creio que é mais fácil
responder as perguntas realizadas anteriormente. Sendo assim, pegue uma caneta
e um papel e responda as seguintes perguntas: Qual a estrutura do DNA? Quais os
elementos que o formam? Qual a estrutura do RNA? Quais as principais diferenças
entre o DNA e o RNA?

Tendo respondido as perguntas, podemos passar para o nosso próximo objeto de


estudo. Continue atento a explicação e não esqueça de anotar as principais informações.

Replicação do DNA

Você sabe me responder o que é a replicação do DNA? Se não, não se preocupe! A


partir de agora entraremos no extraordinário processo de replicação. Antes, contudo,
você precisa acessar um vídeo de aproximadamente 7 minutos a partir do link
http://sereduc.com/eFxdtL. A visualização do vídeo é de natureza obrigatória.

Você já pôde perceber que a própria estrutura da molécula de DNA sustenta uma
das funções essenciais do gene, que é a de ter diversidade de estrutura para
regular os processos vitais, isto é, ser capaz de existir ou possuir informação para o
desenvolvimento de todos os tipos de órgãos, tecidos, células e processos bioquímicos
que caracterizam as espécies. No entanto, esta molécula que é o material genético,
necessita ter a habilidade de replicar a si mesma, realizando a sua autoduplicação
exata, ou seja, sintetizar a si mesma.

Quando Watson e Crick deduziram a estrutura de dupla hélice do DNA com seu
pareamento complementar de bases, eles imediatamente reconheceram que a
especificidade do pareamento de bases poderia fornecer o princípio fundamental para
um mecanismo simples de duplicação do DNA. Se os dois filamentos complementares
de uma dupla hélice se separam, por rompimentos das pontes de hidrogênio de cada
par de bases, cada filamento parental poderia dirigir a síntese de um novo filamento
complementar por causa das exigências específicas de pareamento de bases. Isto
é, cada filamento poderia funcionar como um molde, um único filamento de DNA que
especifica a sequência de nucleotídeos de um novo filamento complementar. A adenina,
por exemplo, no filamento parental, serviria como um molde para a incorporação de

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timina no filamento complementar. Este mecanismo de replicação do DNA é chamado
replicação semiconservativa porque cada um dos filamentos complementares da dupla
hélice parental é conservado durante o processo (Fig. 4).

Como colocado acima, a replicação correta do DNA (também chamada de


autoduplicação, duplicação ou síntese de DNA) é essencial para transmitir a informação
genética às células filhas, originadas pela divisão celular. A replicação ocorre antes da
divisão celular, seja uma divisão mitótica ou meiótica.

Figura 4. Replicação semiconservativa do DNA (Fonte: http://sereduc.com/E79QST)

Até aqui, você viu um pouco sobre a replicação do DNA, o que precisa ser entendido a
partir de agora é para que haja o processo de duplicação é preciso de um desenrolamento
parcial da dupla hélice, seguido pelo rompimento das pontes de hidrogênio entre as
bases nitrogenadas, o que propicia o afastamento dos filamentos do DNA (abertura da
molécula do DNA), dando origem à chamada forquilha de replicação, local de síntese
das novas moléculas de DNA. Surge então a pergunta: Onde se inicia a replicação do
DNA ao longo do cromossomo? Há somente uma origem ou a síntese de DNA se inicia
em mais de um ponto? O ponto de origem ocorre em local aleatório, ou ele ocorre em
uma região específica na extensão do cromossomo? O segundo aspecto é: uma vez
iniciada, a replicação prossegue em uma só direção ou em ambas as direções, a partir
da origem? Em outras palavras, a replicação é unidirecional ou bidirecional?

Note que este processo de separação dos filamentos inicia em pontos específicos, os
chamados pontos de origem da replicação ou replicons, a partir dos quais começa a
síntese do DNA (Fig. 5). Esta origem de replicação é única em procariontes e múltipla
em eucariontes (uma célula de mamífero possui de 50.000 a 100.000 replicons). Ao
ocorrer a abertura do DNA nos pontos de origem, forma-se uma bolha de replicação.
Nos eucariontes, ocorre a formação de várias bolhas de replicação sobre a cadeia de
DNA, as quais vão aumentando de tamanho até coalescerem, ou seja, até se unirem
em uma só.

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Figura 5. Forquilhas de replicação (Fonte: http://coral.ufsm.br/blg220/hide/replic3.htm).

O processo de replicação do DNA ocorre em ambas as direções na bolha de replicação


é, portanto, bidirecional. Assim, em cada extremidade da bolha de replicação, forma-
se uma forquilha de replicação, que são os locais onde estão ocorrendo a síntese e
onde se encontram as enzimas e proteínas essenciais para este processo.

À medida que a DNA polimerase III se move para adiante, a dupla hélice está
continuamente se desenrolando adiante da enzima para expor outros trechos de
filamentos únicos de DNA que irão atuar como moldes. A DNA polimerase III atua na
forquilha de replicação, a zona onde a dupla hélice está se desenrolando. Entretanto
como a DNA polimerase sempre adiciona nucleotídeos na ponta crescente 3’, apenas
um dos filamentos com polaridade inversa pode servir como molde para a replicação
no sentido da forquilha. Para este filamento, a síntese pode ocorrer de modo contínuo
no sentido da forquilha.

A síntese no outro filamento molde ocorre no sentido “errado”, pois neste filamento
o sentido 5’ para 3’ da síntese está distante da forquilha de replicação. A natureza
da maquinaria de replicação requer que a síntese de ambos os filamentos ocorra
na região da forquilha de replicação. Portanto, a síntese que se move se afastando
da forquilha não pode durar muito. Ele deve ser em curtos segmentos: a polimerase
produz um segmento, então se move para trás para a ponta 5’ do segmento, onde
a forquilha crescente expôs um novo molde, e começa novamente o processo. Os
trechos curtos (1000 a 2000 nucleotídeos) do filamento de DNA recém sintetizados
são chamados de fragmentos de Okazaki.

Agora, observe que a DNA polimerase pode ampliar uma cadeia, mas não começá-
la, portanto, a síntese do filamento deve ser iniciada por um primer, ou uma curta
cadeia de nucleotídeos, que se liga ao filamento molde para formar um segmento
de DNA dúplice. Os primers são sintetizados por um conjunto de proteínas chamado
primossomo, do qual o componente central é uma enzima chamada primase, um tipo
de RNA polimerase. A primase sintetiza um trecho curto de RNA complementar a uma
região específica do cromossomo.

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Você deve notar que uma DNA polimerase diferente, a poli I, remove os primers de
RNA e preenche os espaços resultantes com DNA. Outra enzima, a DNA ligase, une a
ponta 3’ do DNA preenchedor de espaço a ponta 5’ do fragmento de Okazaki posterior.
O novo filamento assim formado é chamado de filamento de replicação descontínua
(lagging). A DNA ligase une os pedaços quebrados do DNA catalisando a formação
de uma ligação fosfodiéster entre a ponta 5’fosfato de um fragmento e o grupo 3’-OH
adjacente de outro filamento.

Nosso assunto de replicação encerra por aqui. A partir de agora, daremos início a um
novo assunto, a síntese proteica.

Síntese proteica: transcrição e tradução

Estamos chegando ao final da nossa unidade, mas ainda existem importantes conceitos
que precisam ser abordados para que você possa compreender os assuntos futuros.
Antes de iniciarmos a abordagem da síntese proteica, indico a leitura do nosso livro
texto da página 18 até a página 29, lá você encontrará importantes subsídios para o
assunto em estudo.

Para darmos início ao tema, você deve entender que o problema central que se
apresenta na expressão gênica através da síntese proteica é a transferência sem erro
da informação contida no DNA para uma sequência de aminoácidos. Como os ácidos
nucléicos são formados por nucleotídeos e as proteínas por aminoácidos, o processo
se resume basicamente na conversão de urna sequência de nucleotídeos em uma
sequência de aminoácidos. O código para esta conversão está contido no mRNA,
sendo complementado pelo tRNA.

Convencionou-se chamar de códon ao trio de nucleolídeos do RNA mensageiro que é


complementar e, portanto, reconhecido pela sequência de três nucleotídeos do RNA de
transferência, chamada anticódon. Estes dois RNAs se prendem por ligações químicas
fracas (pontes de hidrogênio) que se formam entre as bases do trio nucleotídico do
códon e as do trio complementar do anticódon.

O RNA possui apenas quatro bases diferentes, porém existem cerca de 20 aminoácidos
formando as proteínas. Isto levou à suposição, experimentalmente comprovada, de
que o código genético é escrito com três bases para cada aminoácido. São os códons
de terminação UAA, UAG e UGA. O códon AUG, conhecido como códon de iniciação,
é parte do sinal para início da cadeia polipeptídica. Isso quando ele está localizado na
extremidade do mRNA; quando está situado em outra posição na molécula do mRNA,
codifica o aminoácido metionina.

É importante que você note que o código genético é universal, sendo o mesmo para
todos os organismos procariontes e eucariontes. A síntese proteica é um dos processos
bioquímicos mais complexos que ocorrem nas células e como é fácil perceber, de
extrema importância biológica. Calcula-se que são necessárias cerca de 200 proteínas

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diferentes para que a célula possa produzir moléculas proteicas.

Agora, é necessário que você redobre a atenção. Observe que a síntese de proteínas
é dividida em algumas etapas, a primeira etapa é produzir um filamento de RNA cuja
sequência de bases se ajuste a um segmento do DNA, às vezes seguido de modificações
deste RNA para prepará-lo para seus papéis celulares específicos. Assim, o RNA é
produzido por um processo que copia a sequência de nucleotídeos do DNA. Esse
processo é chamado de transcrição. Por esse motivo, a RNA-polimerase também é
chamada transcriptase. Existe uma enzima que realiza o processo inverso, isto é, a
produção de DNA a partir de um modelo de RNA: é a transcriptase reversa. Para que
você entenda melhor como ocorre a transcrição, indico um filme de aproximadamente
2 minutos, que pode ser encontrado no seguinte link: http://sereduc.com/IJDfvH.

O próximo passo é a ativação dos aminoácidos por ATP, seguida pela combinação do
grupo carboxila do aminoácido com o respectivo tRNA. Cada aminoácido é ativado por
uma sintetase que tem especificidade dupla: para o aminoácido e para os respectivos
tRNAs. Depois da aminoacilação do tRNA, os eventos da síntese proteica passam a
ter lugar nos ribossomos. Os ribossomos oferecem locais onde os outros componentes
da síntese proteica se colocam em posição que torna possível ao código genético
contido no mRNA ser traduzido corretamente, formando-se uma cadeia polipeptídica.
A síntese proteica se continua com a ligação do aminoaciladenilato mais o tRNA
iniciador à subunidade menor do ribossomo. Em seguida, o RNA mensageiro junta-se
ao complexo formado pela subunidade ribossômica menor + tRNA + GTP, de modo que
o códon de iniciação, AUG, interage com o anticódon da tRNA, formando-se assim o
complexo de iniciação. Em seguida, a subunidade maior (50S) do ribossomo junta-se
a esse complexo. É interessante notar que o tRNA liga-se à subunidade ribossômica
menor sem interferência do mRNA, que só é adicionado posteriormente.

Sempre que sai um aminoácido, já inserido na nova cadeia polipeptídica, há


transferência do que ficou no ribossomo para o sítio de saída (sítio P), ficando vazio
o sítio de entrada (sítio A). O alongamento da cadeia polipeptídica se continua até o
ribossomo encontrar, no mRNA, um código ou trio de terminação, o que determina a
liberação do último aminoácido e a separação das duas subunidades ribossômicas,
que podem ser usadas novamente para produzir outras novas cadeias polipeptídicas.
Os polirribossomos se formam porque vários ribossomos traduzem simultaneamente a
mesma molécula de mRNA, cada ribossomo dando origem a uma cadeia polipeptídica
igual à originada nos outros ribossomos ligados ao mesmo mRNA. Pode ocorrer uma
amplificação da informação gênica durante a tradução, dependendo principalmente da
duração da molécula de mRNA.

A tradução, como foi vista, é o processo de produção de proteínas. Como um auxílio


para a fixação do conhecimento, visite o seguinte link: http://sereduc.com/xYtzPg. O
vídeo tem aproximadamente 4 minutos.

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Parabéns, você conseguiu concluir mais um tópico da unidade, entretanto nos restam
ainda alguns conceitos importantes a respeito da divisão celular. Então não pare por
aqui, dê continuidade aos estudos para que haja êxito no seu crescimento acadêmico.

Divisão celular

Nosso assunto em questão agora é a divisão celular. Mas, pra você, o que é divisão
celular? Como ela ocorre? Aonde ocorre? Acredito que você já ouviu falar no assunto.
Dentre as muitas atividades desempenhadas pelas células vivas, a divisão é a mais
incrível. Uma célula pode dividir-se em duas células, cada uma das quais também
podem dividir-se em duas, e assim em diante ao longo do tempo, para criar uma
população de células chamadas clone. Dentro de um clone, todas as células são
geneticamente idênticas. A divisão celular é parte integral do crescimento de organismos
multicelulares e é também a base da reprodução.

Querido aluno, o seu livro texto trata com bastante fidedignidade a respeito do assunto,
então conto com sua participação para a realização da leitura do mesmo, da página 29
até a página 46. Após a leitura, retorne ao seu guia de estudos, para prosseguirmos
com o tema.

Agora que você já estudou o que é divisão celular, iremos sintetizar o que foi visto para
o seu melhor entendimento. Você observou que cada vez que uma célula se divide
ela passa por uma série de fases coletivamente que formam o ciclo celular. A célula
eucariótica pode reproduzir-se por dois processos: mitose e meiose.

O ciclo celular corresponde ao tempo de geração da célula, isto é, ao período entre duas
reproduções celulares. Ele é divido entre intérfase e mitose. A duração do ciclo celular
varia em função do tipo de célula. Em geral, a intérfase é mais demorada que a mitose,
correspondendo aproximadamente 90% do ciclo celular. É o período compreendido
entre duas divisões celulares consecutivas. O núcleo interfásico apresenta carioteca,
nucléolo e cromatina bem característicos. É durante a intérfase que a célula se prepara
para a divisão, tendo como evento mais marcante a duplicação do material genético.
A intérfase é subdividida em três períodos: G1, S e G2.

• G1: transcrição de RNA e síntese de proteínas.


• S: replicação do DNA e duplicação dos filamentos de cromatina.
• G2: transcrição de RNA e síntese de proteínas.

No livro texto você viu que a mitose é o tipo de divisão em que uma célula dá origem
a duas células-filhas com o mesmo número de cromossomos da célula inicial. Para
complementar o que já foi visto, acesse o http://sereduc.com/tzr3NI, onde se encontra
um vídeo de aproximadamente 10 minutos, relatando as fases da mitose.

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Diferente da mitose, o processo de meiose é o tipo de divisão em que uma célula
origina quatro células-filhas com a metade do número de cromossomos da célula
inicial. A meiose é, portanto, um processo importantíssimo para a manutenção da
carga genética das espécies e ocorre na formação dos gametas.

Através deste processo, células diplóides podem originar células haplóides, o que se faz
através de duas divisões sucessivas. A primeira delas, uma divisão reducional, pela qual
uma célula diplóide origina duas células haplóides (com redução dos cromossomos) e
a outra, uma divisão equacional, em que cada uma das células haploides resultantes
da primeira divisão origina duas outras, porém com mesmo número de cromossomos.
Agora que você já entendeu os dois processos de divisão celular, é de grande importância
que você complemente o seu estudo visualizando um vídeo de aproximadamente 5
minutos, disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=7yyJ6bNlBOo.

Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da unidade. Neste guia de estudo, você entrou em
contato com fundamentos essenciais para a sua vida acadêmica e profissional. Vimos
que os seres vivos contêm uma substância descrita como o seu material genético
e compreendemos as diferenças entre o RNA e o DNA. Além disso, foi observado
que na continuidade genética das células, estão envolvidos dois processos principais,
a mitose e a meiose, e anteriormente a essas divisões observamos o processo de
transcrição e tradução. O nosso anseio é que tenhamos alcançado o objetivo inicial
que é a otimização na construção do conhecimento.

Agora, não deixe a matéria acumular, é hora de realizar as atividades propostas. Se


você deixar para estudar em um único dia, poderá não dar conta da carga de trabalho.
Procure aproveitar seus horários vagos. Organize-se e mãos à obra.

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