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Universidade Federal de Pernambuco – Curso de Especialização em Comunicação Política – maio/2021

Adriano Rodrigues de Oliveira – Matrícula 20212000029

TEORIAS DO JORNALISMO - ATIVIDADE ASSÍNCRONA 2 - FICHAMENTO DE TEXTO


David Manning White. O Gatekeeper (p. 201-212)

O autor David Manning White trata em seu artigo no livro organizado por Nelson
Traquina sobre a ideia de Gatekeeper que, conforme ele aponta, foi cunhada
inicialmente pelo cientista social Kurt Lewin, que afirma que determinados setores dos
gates são regidos ou por regras imparciais ou por um grupo “no poder” tomar a decisão
de “deixar entrar” ou de “rejeitar”. Assim, White busca examinar em seu estudo a forma
como um dos gatekeepers de um grande canal de comunicação opera o seu gate.

Para tanto, ressalta-se que há um ator fundamental a ser analisado neste estudo de caso,
que é o operador chave para a seleção das notícias que de fato irão a público. No caso
em tela, trata-se do redator telegráfico de um jornal não metropolitano, que possui 25
anos de experiência jornalística e 40 de idade, e é responsável pelo conteúdo que será
distribuído em 30.000 exemplares na região. A partir da figura deste profissional,
interessa compreender por que é que o editor telegráfico selecionava e rejeitava os
artigos fornecidos pelas agencias de notícias.

A partir da tabulação de dados referente aos registros das justificativas do gatekeeper


para cada notícia selecionada ou rejeitada, o autor aponta a identificação de alguns
padrões. Destaca-se, por exemplo, preferência deste por um estilo de escrita
conservador, rejeitando as notícias de tom mais sensacionalista ou apelativo. Ao mesmo
tempo, ele também tende a rejeitar as notícias que contém muitos números ou
estatísticas. Outro dado de destaque é a aparente irrelevância de uma distribuição
balanceada das notícias por categoria, o que se percebe, por exemplo, na presença
desproporcional de notícias sobre algumas categorias específicas como “interesse
humano” e “crime”.

A partir dessas inferências, o autor chega ao que ele chama de “conclusão óbvia” de que
os critérios para a seleção das notícias, bem como as preferências do gatekeeper em
relação a esses critérios pode ter mais relação com a dinâmica de concorrência das

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organizações jornalísticas e com as expectativas em relação à satisfação do público. A


ser alcançado pelo veículo.

É interessante notar que na entrevista feita com o gatekeeper analisado, este, ao


responder às perguntas, afirma que de fato possui alguns preconceitos e que tem
preferências em relação a algumas políticas e figuras públicas, bem como tem
preferência pelas “estórias” de interesse humano. Também destaca-se na resposta a sua
preocupação em relação ao público, que também influencia sua seleção a partir da sua
perspectiva sobre a expectativa de cada um dos perfis de consumidores das notícias. No
que se refere ao estilo de escrita, ele conclui que um dos principais fatores considerados
para a seleção é a clareza.

Por fim, por meio da análise dos dados apresentados sobre a seleção e rejeição das
matérias das agências noticiosas, é possível concluir que a comunicação dessas notícias
possui um forte viés subjetivo, que parte em grande medida do conjunto de
experiências, atitudes e expectativas do próprio gatekeeper. Ressalta-se também a
grande importância da figura do gatekeeper que, assim como centenas de outros
existentes, desempenha um papel fundamental dentro do complexo processo da
comunicação jornalística.

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