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CBI of Miami 2
ESTRATÉGIAS DE ENSINO
Aída Teresa dos Santos Brito
Natalie Brito Araripe

TENTATIVA DISCRETA
Estamos iniciando a disciplina de estratégias de ensino. Começaremos falando
de uma estratégia de intervenção bastante utilizada por analistas do
comportamento: a tentativa discreta. Chamamos de tentativa discreta uma
unidade de ensino estruturada em:
• Apresentação de um estímulo antecedente claro pelo instrutor.
• Emissão da resposta pela criança.
• Provimento de uma consequência.

Sua estrutura básica remete à tríplice contingência. Podemos também adicionar


mais três elementos de possível ocorrência na tentativa discreta:
• Obter a atenção do aluno.
• Apresentar um estímulo antecedente claro.
• Fornecer dica, caso o aluno necessite.
• Aguardar, no critério de ensino estabelecido, a emissão da resposta.
• Corrigir se houver erro.
• Reforçar se houver acerto.

Existe também o intervalo entre tentativas, um curto intervalo no qual o professor


registra o comportamento do aluno e esse consome o reforçador. Para o
aprendizado de pessoas com autismo, são recomendadas centenas de
tentativas de ensino por dia, as quais chamamos de oportunidades de ensino!

ANTECEDENTE
Antecedente é o estímulo ou conjunto de estímulos que estabelece a resposta
do aluno/cliente. Ele pode ser verbal, como uma instrução que é dada para o
aluno, ou não verbal (uma imagem ou um objeto, por exemplo). Pode ser
também uma ação ou parte de uma cadeia comportamental. Alguns exemplos
de antecedentes:
• “Faz igual”, para ensino de imitação motora.

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• “Manda beijo”, para ensino de seguimento de instrução.
• Movimento motor ou com objeto, para ensino de imitação motora.
• Imagem de pato ou foto de pato, para o ensino de tato.
• Torneira, para o ensino do lavar as mãos.

Para que a instrução tenha um Sd efetivo, deve ser clara, consistente, livre de
estímulos estranhos e com um volume de voz um pouco acima do normal, mas
com tom adequado ao ensino.
Clara quer dizer que pode ser entendida facilmente pelo ouvinte. Ao invés de
dizer, por exemplo, toquionariz eu digo “toque o nariz”, em claro e bom tom.
Concisa quer dizer que utilizo uma quantidade de palavras suficientes para a
instrução (exemplo: toque o nariz, ao invés de “por favor, você pode achar o
nariz?).
A instrução deve ser emitida uma vez apenas, com exceção de programações
diferentes estabelecidas no planejamento. Por isso, é bem importante garantir a
atenção do aluno antes da apresentação da instrução.

COMPONENTE DICAS
Uma dica é uma assistência ou suporte oferecida ao aluno a fim de aumentar a
probabilidade da resposta correta e transferir gradualmente o controle para o Sd
da tentativa discreta. A dica pode ser considerada um Sd suplementar que deve
ser esvanecida (retirada gradualmente) na medida em que a resposta do aluno
fica sob o controle de estímulos apropriado.
Além disso, a dica permite minimizar os erros do aluno, uma vez que a ocorrência
desses, em situação de ensino, provavelmente interferirão na acurácia e na
manutenção de repertórios e aumentarão a frequência da emissão de
comportamentos de fuga e esquiva. O uso de dicas, então, acontece para
favorecer o paradigma da aprendizagem sem erros.
Existem tipos diferentes de dicas que são utilizadas para o ensino de diversas
habilidades. As dicas podem ser classificadas, de forma mais abrangente, em
dicas extraestímulo ou intraestímulo. As primeiras são externas ao Sd. As
segundas sofrem transformação direta do ambiente ao sofrer alteração gradativa
de suas características físicas. As dicas extraestímulos são classificadas em

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física, modelo, gestual, verbal, visual ou contextual. Especificaremos cada uma
delas abaixo:
1. Dica física: Consiste na condução física do aluno sempre que não
responder a dicas menos intrusivas (como a gestual e a verbal). Pode ser
classificada em total, parcial ou leve, de acordo com a intensidade de
como é dispensada.
2. Consiste na apresentação do modelo total ou parcial da emissão da
resposta para aluno.
3. Dica gestual: Consiste na apresentação de gestos sobre como apresentar
a resposta.
4. Dica verbal: Consiste na apresentação de modelos verbais vocais (pistas,
instruções, regras). Podem ser ecoicas ou intraverbais.
5. Dicas visuais: São estímulos (imagens, objetos, palavras escritas)
utilizados como pistas visuais para o aprendizado.
6. Dicas contextuais: Consiste nas dicas que não dependem diretamente do
comportamento do professor (ex.: reposicionamento de estímulos em
uma tarefa).

Existem ainda dicas não programadas que podem atrapalhar ou facilitar a


resposta, mas que não foram planejadas pelo instrutor.

SISTEMA DE DICAS
Sistemas de dicas, também chamados de procedimentos de dicas, são a forma
de apresentar ou esvanecer qualquer dica. Quando bem implementado, o
sistema de dicas favorece as condições de ensino, diminui a dependência de
dicas e aumenta a probabilidade de aprendizagem. Apresentamos na aula
alguns sistemas de dica mais utilizados, que serão especificados abaixo:
1. Apresentação simultânea da dica – Nesse sistema, o educador apresenta a
instrução ou demanda/ simultaneamente à apresentação da dica em algumas
sessões ou tentativas e depois faz algumas sessões/ tentativas de sonda, sem
apresentar a dica.
2. Atraso de tempo constante – Primeiramente, apresentamos imediatamente a
dica simultânea à instrução/demanda em algumas tentativas. Depois um número

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x de tentativas dessa forma, o tempo entre a apresentação da
instrução/demanda e da dica é aumentado para um valor constante.
3. Atraso de tempo progressivo – Similar ao anterior, no entanto, o tempo de
atraso aumenta gradativamente.
4. Apresentação de dica da menos para a mais intrusiva – também conhecido
como sistema de dicas mínimas, consiste na apresentação da dica mais intrusiva
nas primeiras tentativas e, na medida em que o aluno atinge os critérios de
aprendizagem, as dicas vão esvanecendo para menos intrusivas. Esse sistema
de dica é bastante utilizado no ensino de habilidades funcionais.
5. Apresentação de dicas da mais para a menos intrusiva – funciona da forma
contrária a anterior. É bastante utilizado no treino de vários conjuntos de
habilidades, por ser bem efetivo. Pode ser combinado com o sistema de atraso
progressivo ou de atraso constante.
Para evitar a dependência de dicas, deve-se levar em consideração alguns
aspectos: 1. Quanto menos intrusiva, melhor. 2. Quanto mais rápido for a retirada
da dica, melhor. 3. O terapeuta deve planejar blocos ou tentativas de sonda, a
fim de testar o desempenho sem a dica e 4. A programação de esquema de
reforçamento intermitente para um aluno que já tem um com desempenho em
esquema contínuo é fundamental!
Referência: Da Hora. C. L. Procedimentos de dicas e correção de erros: para
que servem e como utilizar? Em: Duarte, C.P. Silva, L. C. Velloso, R. L.
Estratégias da Análide do Comportamento Aplicada para pessoas com TEA.
Mmnon: São Paulo, 2018.

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