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Funções

• Definição
• Exemplos
• Propriedades
Definição: Considere dois conjuntos não vazios e . Uma função de
em , que simbolizaremos por é uma correspondência que
associa a cada elemento , um e somente um elemento .

O conjunto sobre o qual está aplicada a função é chamado o


domínio da função, enquanto o conjunto é chamado o contradomínio
da função.

Se o elemento está associado ao elemento pela


função , escrevemos ou e dizemos que a função
leva em . Nesse caso dizemos que é a imagem de por . O
subconjunto de formado pelas imagens de todos os elementos de é
chamado o conjunto imagem de .
Exemplo 1: Paulo, Francisco e Roberto nasceram respectivamente em
agosto, janeiro e dezembro. Considere os conjuntos:
e dos meses do ano.
• Podemos definir a função que associa a cada pessoa de o seu
mês de nascimento em .
• Temos então , e
.
• Podemos representar também essas associações utilizando pares
ordenados , , .
• Desse modo a função fica caracterizada por um conjunto de pares
ordenados cujos primeiros elementos pertencem a e os segundos
elementos pertencem a
Definição: Considere dois conjuntos não vazios e . Uma função de
em , que simbolizaremos por é um conjunto de pares ordenados
com e , sendo que dois pares ordenados distintos nunca
terão o primeiro elemento igual.

• O conjunto é o domínio da função, enquanto é o contradomínio.

• O conjunto formado por todos os segundos elementos dos pares


ordenados resultantes da aplicação de sobre todos os elementos de é
o conjunto imagem de .

• Simbolicamente representamos .
• Geralmente as funções apresentam uma regra de associação entre
elementos de e . Essa regra é chamada lei de formação da função.

• Resumindo, podemos dizer que uma função é uma estrutura


matemática caracterizada por três componentes principais:
o Um conjunto chamado domínio da função;
o Um conjunto chamado contradomínio da função;
o Uma lei de formação que caracteriza a função.

• É possível representar uma função utilizando diagramas sagitais,


isto é, representando os conjuntos e através de diagramas de Venn, de
modo que a cada par ordenado esteja associada uma seta unindo a
, orientada de para , comumente chamada de flecha. Popularmente os
diagramas sagitais são conhecidos como diagramas de flechas.
Exemplo 2: Maria e Joana tem olhos azuis, Ana tem olhos verdes e Rosa tem
olhos castanhos. Considere os conjuntos:
,
e a função que atribui a cada pessoa uma cor de olhos.
• Podemos representar essa função através de diagramas sagitais.
𝑃 𝐶
Maria azuis

Joana
verdes
Ana

Rosa castanhos
• De modo geral, em Matemática lidamos com funções numéricas, isto é,
funções cujo domínio e o contradomínio são conjuntos numéricos. Nesses
casos há outra representação além da enumeração dos pares ordenados e
do diagrama sagital. Trata-se da representação geométrica através do plano
cartesiano.
• O plano cartesiano consiste de duas retas perpendiculares orientadas
chamadas eixos, uma delas horizontal e denominada eixo das abcissas,
simbolizado por e a outra vertical e denominada eixo das ordenadas,
simbolizado por . No plano cartesiano fazemos a representação gráfica de
todos os pares ordenados de números reais, isto é, tais que e
. Simbolicamente temos:
𝑦

𝑃 𝑎, 𝑏
𝑏

𝑂 𝑎 𝑥
• Quando tratamos de funções com valores numéricos é costume representar
genericamente os pares ordenados na forma , sendo um número pertencente ao
domínio de e a imagem de pela função .

• Como os valores obtidos para dependem especificamente dos valores de atribuídos,


diremos que é a variável independente e é a variável dependente.

• Observe que a cada par ordenado de números reais está associado um único ponto
do plano cartesiano e vice versa.

• Desse modo podemos definir o gráfico da função como o conjunto de pontos


para os quais é um par ordenado de , ou seja,

• A forma mais simples de se obter o esboço do gráfico de uma função é construir uma
tabela na qual atribuímos valores a e calculamos diretamente o valor numérico da
função, obtendo assim os pares ordenados resultantes.
• O exemplo a seguir apresenta três funções distintas que possuem a mesma
lei de formação, porém domínios diferentes.
Exemplo 3: Esboce os gráficos das funções , e
definidas pela lei de formação .
• Podemos calcular facilmente as imagens dos pontos , e , obtendo os
pares ordenados , e que compõem o gráfico de .
• O gráfico de inclui todos os pontos correspondentes aos pares ordenados
da forma com .
• Finalmente, o gráfico de corresponde a todos os pontos correspondentes
aos pares ordenados da forma com .
• Entre as funções numéricas, destacam-se as funções reais de variável real,
isto é, as funções da forma , em que é um intervalo ou uma união
de intervalos não degenerados.

• Quando falamos função real, estamos querendo dizer que o resultado da


aplicação da função é um número real e, de variável real, significa que a
variável (que normalmente simbolizamos por , mas poderia ser qualquer
outra letra) assume valores reais contínuos em trechos bem determinados
(por isso consideramos os intervalos).

• Da mesma forma, se dissermos que é uma função real de variável inteira,


isso significa que o domínio de é um subconjunto de e as imagens
pertencem a .
• Para funções reais de variável real é muito comum encontrar a função
definida apenas pela sua lei de formação, ficando o domínio
subentendido como o mais amplo subconjunto de no qual essa
função pode ser definida.

• Por exemplo, a função cuja lei de formação é tem


domínio determinado por , já que não existe raiz
quadrada real de números negativos, o que gera

• E no caso da função quociente definida por o domínio


é , pois não existe divisão por zero e devemos
ter .
• Porém precisamos tomar muito cuidado, pois a função considerada pode
estar relacionada a algum problema que imponha condições restritivas na
determinação de seu domínio.
Exemplo 4: No problema de determinar as dimensões do retângulo de maior
área possível que tenha perímetro fixo de 60 cm, considerando as dimensões
da base do retângulo igual a e da altura desse retângulo igual a , e a
área como função de , qual é o domínio dessa função?

𝑥
• Como o perímetro é igual a 60 cm temos , isto é, .

• Obtém-se daí que e a função representante da área do retângulo


tem lei de formação .

• Embora essa função seja polinomial, seu domínio não é todo o conjunto dos
números reais.

• Como e são medidas dos lados de um retângulo, devem ser ambos positivos.

• Portanto e . Resolvendo essas desigualdades obtemos o


intervalo e assim o domínio da função é
ou, em notação de intervalo, .
Zeros ou Raízes de uma Função
• Os zeros ou raízes de uma função real são os valores pertencentes
ao domínio de que tornam nula esta função.
• O número real é raiz da função se e .
• Graficamente os zeros ou raízes de uma função real são os pontos
correspondentes aos pares ordenados da forma , ou seja, os
pontos em que o gráfico de intersecta o eixo das abscissas.

• Por exemplo, a única raiz da função é .


• Já a função possui duas raízes e .
• No caso da função só temos uma raiz .
• E para não há raízes reais.
Operações Aritméticas entre Funções

• Dadas duas funções e , definimos as funções:


o soma, denotada por e definida por ;
o diferença, denotada por e definida por ;
o produto, denotada por e definida por ;
o quociente, denotada por e definida por ;

• Em cada um desses casos, o domínio corresponde à interseção dos


domínios de e , isto é, .
• No caso do quociente há ainda a exigência adicional de que .
Exemplo 5: Dadas as funções e , determine
e , bem como seus domínios e seus gráficos.


• Essas duas funções não possuem restrições e como , teremos


que .

• A seguir apresentamos os gráficos dessas duas funções:


𝑓+𝑔

𝑓−𝑔
Exemplo 6: Dadas as funções e , determine
e seu domínio. Esboce também o gráfico da função produto.
• Note que e , pois devemos ter , bem
como .
• Então .

• Da Geometria Analítica podemos deduzir que o gráfico de é:

Semicircunferência
superior
Exemplo 7: Dadas as funções e , determine ,
o domínio da função quociente e esboce o gráfico dessa função.

• Como , temos que .

• A condição nos dá .

• Então .

• .

• Fazendo uma tabela podemos obter o esboço do gráfico da função


quociente:
Exemplo 8: Dadas as funções e , determine
, seu domínio e o gráfico dessa função.

• Novamente temos , e então .

• A condição nos dá .

• Portanto .

• , desde que se tenha .


• Desse modo, o gráfico da função quociente será:
• No caso em que a função é uma constante real , a soma é
representada graficamente por uma translação vertical do gráfico de . Se
, o gráfico resultante é uma translação do gráfico de de unidades
para cima. Caso seja , a translação será de unidades para baixo.

𝑦 𝑦 𝑓+𝑘 𝑦

𝑓+𝑘

𝑘>0 𝑘<0

𝑂 𝑥 𝑂 𝑥 𝑂 𝑥
• No caso em que a função é uma constante real , o produto
provoca deformações e/ou reflexões do gráfico de .

• Para , a função resultante tem gráfico simétrico ao de com relação ao eixo


das abscissas.

• Se , o gráfico sofre um alongamento vertical ;

• Se , o gráfico sofre um achatamento vertical ;

• Se , então, além do alongamento vertical, o gráfico sofre uma reflexão com


relação ao eixo das abscissas;

• Se , então, além do achatamento vertical, o gráfico sofre uma reflexão


com relação ao eixo das abscissas.
𝑘⋅𝑓

𝑓
𝑘⋅𝑓

𝑘>1 0<𝑘<1

𝑘 < −1 −1 < 𝑘 < 0


Paridade
• Considere , um intervalo da forma ou , sendo
ou .
• Uma função é par se para todo .
• Uma função é ímpar se para todo .

• Por exemplo, as funções e são pares,


pois

 .

• A função é ímpar já que


 .
( )
• Uma função real pode não ser nem par, nem ímpar.
• Por exemplo, a função não é nem par, nem ímpar, pois
que não é igual nem a , nem
a .
• Propriedade 1: O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo
dos .
De fato temos os pares ordenados
e que são representados por
pontos simétricos em relação ao eixo dos .
• Propriedade 2: O gráfico de uma função ímpar é simétrico em relação à
origem dos eixos coordenados.

De fato, temos os pares ordenados


e que são
representados por pontos simétricos
em relação à origem dos eixos.
• Dados e dois conjuntos não vazios e uma função, dizemos que
é injetiva ou injetora se elementos distintos no domínio de possuem
imagens distintas, isto é, se e , então . Pode-se
verificar que é injetiva mostrando a validade da implicação
.

• Por exemplo, seja qual for o domínio considerado, a função é


injetiva. De fato, se , então que implica em
, isto é, como queríamos.

• A função definida por não é injetiva, pois


, e, de modo geral, para todo real
diferente de zero.
• Dados e dois conjuntos não vazios e uma função, dizemos que
é sobrejetiva ou sobrejetora se todo elemento de é imagem de algum
elemento de . Em outras palavras, o contradomínio é igual ao conjunto
imagem da função .

• A função definida por é sobrejetiva, pois para todo


existe tal que . De fato, para que se tenha ,
basta que seja .

• A função definida por não é sobrejetiva, já que não é


possível encontrar nenhum satisfazendo , por exemplo.
Contudo a função definida por é sobrejetiva, pois seu
conjunto imagem é exatamente .
• Dados e dois conjuntos não vazios e uma função, dizemos que
é bijetiva ou bijetora se for simultaneamente injetiva e sobrejetiva.

• A função definida por é bijetiva, pois como


acabamos de ver anteriormente, é injetiva e sobrejetiva.

• A função definida por não é bijetiva, pois não é injetiva,


como vimos anteriormente. Porém a função definida por
é bijetiva,o que nos mostra a importância do domínio e do
contradomínio nos quais está definida a função.
• Graficamente, é injetiva quando toda reta horizontal da forma
com intersecta o gráfico de em no máximo um único ponto.

• Do mesmo modo se é uma função real, então é sobrejetiva


quando toda reta horizontal com intersecta o gráfico de

•E é bijetiva quando toda reta horizontal com


intersecta o gráfico de em exatamente um único ponto.
Função Composta
• Dadas duas funções e , se , podemos definir a operação de
composição de com como .
• A função é chamada função composta de com .

• Por exemplo, as funções e têm ambas


domínio e imagem reais. Então podemos determinar tanto como .
Observe:


• Nesse caso também podemos determinar e :


• Observação: Como já foi anteriormente mencionado, para que possamos
fazer a composição entre duas funções e ,é
necessário que se tenha , ou seja, . Além disso, a
função resultante dessa composição será da forma .

• Por exemplo se e , podemos obter uma vez


que .
• Temos então .
• Observe que , isto é, não é igual à função identidade
definida em todo o conjunto dos números reais.
Função Inversa
• Considere uma função bijetiva.
• Definimos a função inversa como a bijeção que satisfaz a
condição .
• Fazendo a representação de em diagrama sagital, podemos perceber que
é a função que faz o caminho inverso ao de .
• Quando uma função possui inversa, dizemos que é invertível.

𝐴 𝑓 𝐵

𝑥 𝑦

𝑓
• Em termos de composição de funções, valem as seguintes propriedades:

• Isso significa que tanto como são iguais à identidade restrita


a seus respectivos domínios.

• Essa é a maneira formal para verificarmos que duas funções são uma a
inversa da outra.
• Nos casos mais simples é possível determinar algebricamente a inversa de
uma função através de sua lei de formação.
• Por exemplo, se , podemos representar essa função por
.
• Como a função inversa leva em , basta isolarmos a variável , obtendo
.
• Trocando agora as variáveis de lugar encontraremos a função inversa
, isto é, .
• Podemos verificar o resultado fazendo:

( )

• Representando graficamente e em um mesmo plano cartesiano, é
possível notar que os gráficos são simétricos com relação à reta .
Vamos demonstrar essa propriedade geometricamente.
• Se pertence ao gráfico de , então vale a relação .
• Consequentemente, supondo invertível, , ou seja, o ponto
pertence ao gráfico de .

𝐴
𝑏

𝑎
𝐵

𝑎 𝑏

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