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FILOSOFIA
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO 4. O FILÓSOFO E O SEU AVESSO
UMA ILUSTRE DESCONHECIDA P.5 CONCEITUAÇÃO DIALÉTICA P.29
DIMENSÃO EDIFICANTE DA FILOSOFIA P.6 O CÃO E O LOBO P.29
O APERITIVO DE UM BANQUETE P.7 FILOSOFIA E ANTIFILOSOFIAS P.30
UM PASSEIO APRAZÍVEL P.9 PHYSIS E NOMOS P.31
A DIALÉTICA FILOSÓFICA P.32
2. AMOR À SABEDORIA
UMA DÚVIDA
DÚVI SUFOCANTE P.11 5. GUIA DE LEITURAS
A QUINTESSÊNCIA DA FILOSOFIA P.11 PEQUENAS INTRODUÇÕES DIDÁTICAS P.34
O ESTADO DE ÂNIMO DO FILÓSOFO: O AMOR P.12 COLEÇÃO LEITURAS FILOSÓFICAS P.34
FILÓSOFO, E NÃO SÁBIO P.13 DA EDITORA LOYOLA
A VIDA FILOSÓFICA COMO ARTE DO AMOR P.14 COLEÇÃO COMO LER FILOSOFIA DA P.34
O RISCO DOS REDUCIONISMOS P.15 EDITORA PAULUS
ADMIRAÇÃO COMO ORIGEM DA FILOSOFIA P.16 INTRODUÇÕES GERAIS P.34
ENCICLOPÉDIAS
ENCIC P.35
DICIONÁRIO P.35
3. AS DISCIPLINAS FILOSÓFICAS HISTÓRIA DA FILOSOFIA P.35
DOIS MÉTODOS P.18 EM INGLÊS P.35
UM AMOR ORDENADO P.18 OS CLÁSSICOS P.35
CIÊNCIAS PRÁTICAS P.19
ÉTICA E POLÍTICA P.20
CIÊNCIAS TEÓRICAS P.23
SER, CONHECER E DIZER P.24
ONTOLOGIA CLÁSSICA
A ON P.25
A EPISTEMOLOGIA MODERNA P.26
A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA P.27
DA LINGUAGEM
INTRODUÇÃO À
FILOSOFIA
1 APRESENTAÇÃO
UMA ILUSTRE
DESCONHECIDA
A filosofia é complexa e profunda, mas
ela não precisa ser obscura e confusa.
No contexto da pedagogia atual, muitos têm um contato traumático com a filosofia, por meio de uma disciplina escolar
ou universitária em que as ideias filosóficas são lançadas de modo praticamente aleatório e arbitrário.
Desse desencontro, restam empoeirados na memória alguns rótulos e clichês filosóficos, como o idealismo de Platão, o
dogmatismo de Tomás de Aquino, o racionalismo de Descartes, o empirismo de Locke, o materialismo de Marx e o ateísmo
de Nietzsche, que embaçam a compreensão do esforço intelectual dos grandes filósofos da nossa tradição, que alcançaram
um patamar superior de interpretação e elucidação da realidade e que tiveram um impacto significativo nas instituições soci-
ais e na cultura.
Se a filosofia fosse um conjunto de ideias soltas e sem sentido, uma especulação vazia e sem sentido, como explicar o
seu prestígio e permanência ao longo dos últimos 2.500 anos?
Qual é a sua finalidade? Este e-book foi escrito para começar a desmistificar esse preconceito e permitir a redescoberta
da filosofia, com um novo colorido, demonstrando o impacto que ela pode ter na nossa vida, pela expansão do nosso hori-
zonte intelectual.
Por isso, há mais de dez anos, além da docência no e Tomás de Aquino (conheça o meu livro A filosofia do di-
magistério superior e da pesquisa acadêmica, dedico-me a reito natural de John Finnis, vol. 1 Conceitos fundamen-
levar a filosofia a um público maior, com a intenção pe- tais. Editora Lumen Juris).
dagógica de contribuir para sua formação moral e intelec- Mas nunca me restringi à atividade acadêmica estrita,
tual. Penso que, ao lado da literatura e da história, a filoso- pois sou o organizador da edição bilíngue de Platão (numa
fia seja uma disciplina humanista e edificante, capaz de coleção de 18 volumes, pela Editora UFPA), o pai e fonte
nos ajudar a orientar nos dilemas da nossa vida. permanente da Filosofia, e da obra ensaística de Benedito
Naturalmente, valorizo muito a filosofia “profissional”, Nunes (em 9 livros, por várias editoras, como Companhia
praticada com o rigor científico na Universidade. Com a das Letras, Martins Fontes e Loyola), um dos maiores filóso-
minha formação acadêmica de mestrado e doutorado em fos e críticos literários do Brasil.
Filosofia, sou professor e pesquisador da Universidade Fe- A importância desses dois autores não se limita à especiali-
deral do Pará e do Centro Universitário do Pará, com a pro- dade acadêmica, mas alimenta a inteligência de todas as
dução técnica e especializada de filosofia, sobretudo no pessoas, tanto quanto a música interessa-nos a todos, e
âmbito da teoria da lei natural, de inspiração de Aristóteles não apenas aos músicos profissionais e acadêmicos.
O APERITIVO DE
UM BANQUETE
Nas próximas páginas, não espere longas reflexões fi-
losóficas, com demonstrações analíticas dos argumentos,
mas apenas um convite na forma de um aperitivo que
aguce o seu paladar para um banquete que será servido
em seguida, caso você se disponha a me acompanhar
nesta longa caminhada, que não tem um ponto de chega-
da fixo.
Como a dança, a filosofia é um fim em si mesma, uma
atividade intelectual desinteressada, que não serve a
nenhum objetivo específico, como a diplomação ou capaci-
tação profissional. Ou seja, ela não tem fim e consome toda
a vida do filósofo autêntico. Por isso que Aristóteles distin-
guia a vida prática (voltada aos negócios da cidade,
necessários para a subsistência) e a vida contemplativa
(dedicada à atividade intelectual e científica de com-
preender o mundo, amando-o pela inteligência).
Um importante filósofo tomista¹ do século XX, o frade
dominicano Sertillanges, renovou a atenção a esta reali-
dade da filosofia clássica, a da vida intelectual, com vir-
tudes morais necessárias, como a paciência, a persev
rança e a amizade, para a conquista das virtude intelectuais
da concentração, memória, articulação e escrita.
¹ Tomista é quem desenvolve seu pensamento a partir de Tomás de Aquino, o maior filósofo da Cristandade.
Mas a filosofia é contemplativa, é uma forma de amor, que não tem preço e nem prazo. Portanto, ela não se confunde
com uma habilidade técnica profissionalizante, como as ciências em geral. Ela é teorética, seu fim é conhecer, e não
prático-produtiva. Mas ela é iminentemente ética, porque enriquece a personalidade de quem a pratica.
UMA DÚVIDA
razão, poderiam afirmar aos filósofos: “Primeiro, decidam
o que é a filosofia; depois, convidem-nos a participar dela.”
Se decidimos estudar matemática ou jogar futebol,
por exemplo, precisamos apenas nos inteirar das regras e
SUFOCANTE
das finalidades dessas atividades para começar a pra-
titicá-las. Com a filosofia é um pouco diferente, porque,
antes de praticá-la, precisamos tomar consciência do que
ela é. E os próprios filósofos divergem sobre a sua essência.
Essa divergência é explicada pela dimensão crítica da
A filosofia é tão reflexiva e questionadora que ela filosofia, que convida a sempre questionar e problematizar
começa interrogando-se a si mesma, perguntando que tipo o que já foi conquistado, o que pode gerar um ceticismo
de atividade intelectual ela realiza. Por isso, é natural que generalizado sobre a própria filosofia, num gesto que o
ela enfrente, recorrentemente, uma espécie de crise de Chesterton (um dos filósofos mais perspicazes e incomuns
identidade, em que os seus diversos cultores concorram da nossa tradição) chamava de “suicídio do pensamento”,
sobre a sua natureza e finalidade. quando o pensamento duvida do próprio pensamento.
Essa característica reflexiva arrisca resvalar num círcu-
A QUINTESSÊNCIA
DA FILOSOFIA
Mas, em meio a este mar de dúvidas e incertezas que
constituem a natureza da filosofia, há um consenso, que
chega a ser uma unanimidade entre os filósofos: Platão
inaugurou uma série de questões permanentes e incon-
tornáveis.
Desde o seu mais célebre aluno, Aristóteles, passando
pelo seu mais conhecido herdeiro cristão, Santo Agostinho,
até o seu mais inflamado inimigo moderno, Nietzsche,
praticar filosofia é dialogar com Platão, é responder aos
seus múltiplos questionamentos. Por isso, o importante
filósofo da matemática Withehead afirmou, famosamente,
que a melhor caracterização da filosofia europeia (ociden-
tal) é que ela consiste numa série de notas de rodapé
a Platão.
O ESTADO DE ÂNIMO
DO FILÓSOFO: O AMOR
números; a biologia, os seres vivos; a física, o movimento;
o direito, as leis, e assim por diante.
Ao invés de ser definida pelo objeto de análise, a filo-
sofia se caracterizou, na Grécia antiga, pelo estado subjeti-
vo do filósofo: o amor (philia). Mas amor ao quê? À sabe-
doria (sophia). Sabedoria de quê? De tudo o que se pode
saber, sem exceção.
Quando lemos as obras fundamentais da filosofia,
que são as de Platão e Aristóteles, assusta a amplitude do
seu horizonte intelectual. Tudo lhes interessava, eram cien-
tistas universais, que amavam o conhecimento de toda a
realidade, das realidades naturais até os símbolos e narra-
tivas religiosas.
Por isso, podemos dizer que toda ciência tem uma dimensão
filosófica na sua origem, expansão e aprofundamento.
Quando Albert Einstein, um dos maiores e mais populares cientistas do século XX, procurou refutar a física moderna de Isaac
Newton, ele agiu como um filósofo, analisando e criticando uma teoria, tanto quanto Newton havia feito em relação à física
antiga de Aristóteles.
Ao propor a teoria da relatividade de forma acabada e definitiva, Einstein estabeleceu uma verdade científica, a ser re-
produzida por alunos e ensinada a alunos de física. Mas ela também pode ser estudada pela filosofia, critica e mesmo refuta-
da. O filósofo da ciência Thomas Khun refere-se às mudanças paradigmáticas, que são sempre filosóficas, por que passa a
ciência ao longo das eras.
O RISCO DOS
e natural. Exemplo máximo disso é o embate entrea psiqui-
atria (ciência médica da dimensão orgânica da mente) e a
psicologia (teoria filosófica de interpretação da limguagem
simbólica da alma).
REDUCIONISMOS
Quando a filosofia perde de vista o nexo entre a di-
Isso explica, parcialmente, porque as ciências mo-
dernas resultaram em ideologias como o positivismo
(objetivista) e o romantismo (subjetivista), em que a
descoberta da realidade natural despreza o universo subje-
mensão subjetiva e interior com a objetiva e exterior, ela tivo do homem e, reciprocamente, a análise da interiori-
pode recair nos reducionismos modernos do cientificismo dade e da psicologia humana neutraliza a dimensão objeti-
(objetivista) e existencialismo (subjetivista), em que o polo va e universal da natureza.
oposto é neutralizado pela afirmação exclusiva de um Sem o ideal de totalidade e unidade, a filosofia pode
deles. se fragmentar numa miríade de ciências desencontradas,
Por isso, essas filosofias modernas acumularam autorrefutatórias e mutuamente excludentes. Um dos
notáveis conhecimentos sobre a natureza, por um lado, e maiores filósofos contemporâneos, Husserl denunciou essa
sobre a subjetividade, por outro, mas raramente con- crise das ciências, propondo a fenomenologia como alter-
seguiram uni-los de modo coeso e orgânico. Os resultados nativa.
extremos desses reducionismos são ora uma ciência desu-
mana, ora uma subjetividade descolada da realidade social
MÉTODOS
Esta
Es abordagem privilegia a história da filosofia, sua
origem e crises epocais, relacionando-a às situações
históricas específicas, como as guerras, as invenções tec-
nológicas, as descobertas científicas e as mudanças nas
formas de vida.
Há dois métodos básicos e intrinsecamente ligados da O ideal é sempre articular as duas abordagens, alternan-
filosofia: (1) o analítico-conceitual e (2) o hermenêu- do conceituações lógicas com considerações históricas e
tico-histórico. (1) O analítico é sincrônico e analisa os con- contextuais. Mas, como o objetivo deste e-book não é
ceitos filosóficos de modo abstrato, abstraído do contexto apresentar a história da filosofia, o que me exigiria muito
biográfico, histórico e social do filósofo, concentrado na di- mais páginas, cabe agora apresentar, sumariamente, o
mensão lógica dos argumentos, com seus termos, pro- quadro das disciplinas filosóficas tradicionais, sempre fron-
posições e silogismos. teiriças e interligadas.
UM AMOR ORDENADO
A filosofia é o amor ao todo da realidade e, como a
realidade se apresenta altamente complexa, composta por
múltiplas partes interdependentes, para alcançá-la na sua
inteireza, a filosofia precisa analisá-la por partes. Essa é a
origem das tradicionais disciplinas filosóficas, em que nor-
malmente os cursos universitários são divididos.
Foi Aristóteles que procurou, pela primeira, sistema-
tizar e fundar essas disciplinas, mas nunca descurou as
suas interrelações.
Ninguém aprende a nadar fora da piscina, é preciso As virtudes são forças da personalidades, excelências
treinar e testar a capacidade intelectual diante de proble- morais que franqueiam o bem individual e comum. A ética
mas reais e relevantes para a vida. Assim, o maior filósofo tem uma dimensão política, porque normatiza, racional-
da modernidade postulou quatro perguntas fundamentais: mente, a conduta social, por meio das leis e das concepções
1. Na metafísica: O que posso saber? morais da justiça.
2. Na ética: o que devo fazer? Se as ações éticas constituem o caráter do agente, as
3. Na religião: o que posso esperar? ações técnicas são produtivas, interessadas na produção de
4. Na antropologia: O que é o homem? objetos exteriores, que podem ser técnicos (pautados na
Como Kant já trabalha num contexto da crítica à utilidade, como um engenheiro que constrói uma ponte)
metafisica aristotélico-tomista, para erigir o seu sistema do e/ou artísticos (pautados na beleza, como um pintor que
idealismo transcendental, convém partir da primeira orga- desenha um quadro).
nização do saber filosófico na Antiguidade, que é a de
Aristóteles.
Baseada no maior intérprete de Aristóteles, Tomás de Aquino, que comentou minuciosamente a Ética a Nicômaco e a
Política, essa interpretação do governo constitucional e da dignidade humana é a mais consoante com a atual política dos di-
reitos humanos. Mas a riqueza de um clássico como a “Política” de Aristóteles é a abertura intelectual que ela franqueia.
Mesmo pautada numa estrutura social de cidade-estado radicalmente diferente da moderna, essa obra-prima permanece
imprescindível para compreender a tradição política ocidental e continua a alimentar os debates em torno das ideologias
contemporâneas do socialismo, fascismo, liberalismo, republicanismo, conservadorismo e comunitarismo. Se Aristóteles não
fornece respostas prontas ou soluções definitivas para nossos incontáveis e incontornáveis dilemas atuais, ele ainda con-
tribui para reflexão sobre as virtudes da amizade e da justiça que mantêm a cidade unida.
CIÊNCIAS
pensam a “matéria” quantificada. Assim, não importam se
são dois homens ou dois gatos que, somados com dois
entes da mesma espécie, resultam em quatro deles. O raci-
ocínio opera num nível de abstração da matéria, refletindo
TEÓRICAS
sobre a estrutura interna dos números.
Platão considerava absolutamente indispensável a ini-
ciação nessas ciências matemáticas como propedêuticas à
filosofia. Ele teria, inclusive, escrito no pórtico de sua Aca-
demia: “Aqui não entra, quem não for geômetra”. A ge-
As ciências teóricas são contemplativas, porque ometria é a projeção da matemática às formas sólidas,
buscam espelhar (do termo latino speculum, de que deriva analisando as suas relações numéricas.
também a palavra especulação) na mente a realidade que
não se pode transformar. Elas são ciências puras e desin- (3) A ciência metafísica é ontológica
teressadas, visam tão somente compreender a realidade porque enfoca o ser enquanto ser”, que
das coisas, independente da eventual aplicação técnica não é nada de específico e que, ao
desse conhecimento. mesmo tempo, é aquilo de que tudo o
É claro que a ciência da matemática tem uma utili- que é participa.
dade imediata para praticamente qualquer atividade, pela
capacidade de contar e relacionar os dados quantitativos
entre si. Do mesmo modo, a ciência da astronomia permite Essa ciência abstrai tanto a qualidade das espécies (cães) e
a orientação náutica, a compreensão dos ventos, das águas dos entes individuais (este poodle individual, peludo e alei-
e assim por diante. Mas essas ciências não teóricas exata- jado), quanto a sua quantidade (um ou trezentos cães ou
mente porque não se definem pelo uso técnico se faz dela estrelas), abstrai toda a matéria (carne ou granito) e forma
ou pela influência ética no caráter do filósofo. (circular ou retangular), concentrando-se simplesmente na
Num nível de abstração crescente, pode-se dividir as estrutura do ser, com as categorias metafísicas que o
ciências teóricas em (1) ciências naturais, (2) ciências tornam inteligível. A compreensão do que é a metafísica é
matemáticas e (3) ciência metafísica. fortemente condicionada à capacidade abstrativa da in-
(1) As ciências naturais se voltam à realidade forneci- teligência, que exige bastante treino gramatical e lógico.
da inicialmente pelos sentidos, abstraindo as diferenças in- Junto com a retórica, essas ciências são propedêuticas à fi-
dividuais dos fenômenos e se concentrando nas qualidades losofia.
ou propriedades comuns de um conjunto da realidade,
como os vegetais ou animais, por exemplo.
Não interessa este ou aquele cão, mas a natureza
canina, seus atributos constitutivos, sua essência ou espé-
cie científica, a substância sem a qual um animal deixa de
ser um cão. O binômio substância (aquilo que existe por si
mesmo) e acidente (aquilo que depende de outro ente
para existir) ajuda na formulação das essências dos entes
categorizados em conjuntos. Note que essa é a metodolo-
gia de qualquer ciência.
(2) As ciências matemáticas são lógicas e formais,
porque abstraem a qualidade sensível dos entes para se
concentrar na sua quantidade. Elas são formais porque dis-
CLÁSSICA
sos e profundos expoentes, Platão e Aristóteles, que, ao
contrário, apostaram e demonstram ser possível exercitar e
depurar o pensamento e a linguagem de modo a alcançar
o ser fundamental da realidade, a causa não causada e o
moto imóvel, que consideravam divino.
Essa dimensão filosófica e metafísica de Deus, já elaborada que exploraram e desenvolveram as categorias clássicas
por Platão, Aristóteles e Plotino, embora de modos dife- para refletir sobre a teologia (natureza de Deus) e antropo-
rentes em cada um deles, foi essencial para a assimilação da logia (natureza humana), epistemologia (teoria do conhe-
filosofia grega na especulação religiosa cristã, em filósofos cimento), psicologia (teoria das faculdades da alma
como Santo Agostinho de Hipona e Santo Tomás de Aquino, humana) e a ética (teoria do bem humano e da felicidade).
FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA
DA LINGUAGEM
A filosofia contemporânea é dominada pelo tema da
linguagem. É comum dividi-la na vertente continental (her-
menêutica) e peninsular (analítica), considerando a cisão
pós-kantiana entre positivismo e romantismo.
Os positivistas afirmam a objetividade e a verdade
das ciências particulares, reduzindo o escopo da filosofia
ao âmbito empírico e material da realidade, ao passo que
os românticos se voltam para a complexidade da subjetivi-
dade e da psicologia humana, enfocando-a também pela
história e pela cultura a que ela pertence.
Essas posturas filosóficas têm em comum uma crítica
da metafísica clássica, com sua demonstração da existência
de Deus e a proposição de uma ética normativa das vir-
tudes, como a da lei natural.
A linguagem do ponto de vista lógico motiva as investi-
gações de Wittgenstein e os membros do Círculo de Viena,
O CÃO E O LOBO
meias verdades ou quase-verdades. Seu objetivo é apenas
convencer, pela verossimilhança, e não conhecer o mundo
tal como ele é.
INTRODUÇÕES GERAIS
1. ALBERT, Karl. Platonismo. Caminho e essência do filosofar ocidental. São Paulo: Loyola, 2011.
2. • BARZOTTO, Luis Fernando. Filosofia do direito. Os conceitos fundamentais e a tradição jusnatualista. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2010.
3. MARCONDES, Danilo; FRANCO, Irley. A Filosofia. O que é? Para que serve? Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar; PUC-RJ, 2011.
4. MORENTE, Gabriel Garcia. Lições preliminares de filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
5. • MELENDO, Tomas, Iniciação à filosofia. Razão, fé e verdade, São Paulo, Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência ‘Rai
mundo Lúlio’, 2005, p. 32.
6. NUNES, Benedito. ‘O fazer filosófico ou oralidade e escrita em filosofia’. In: Ensaios filosóficos. Organização e apre
sentação Victor Sales Pinheiro. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
7. PINHEIRO, Victor Sales. A crise da cultura e a ordem do amor. Ensaios filosóficos. São Paulo: É Realizações, 2021.
8. • ROBINET, François, O tempo do pensamento, São Paulo, Paulus, 2004.
9. ROOCHINIK, David. Pensar filosoficamente – Uma introdução aos grandes debates. São Paulo: Loyola, 2018.
10. SERTILLANGES, Antonin-Glibert, A vida intelectual – Seu espírito, suas condições, seus métodos. São Paulo, É Rea-
lizações, 2010.
11. SCIACCA, Michele Federico. Filosofia e antifilosofia. São Paulo: É Realizações, 2011.
12. VOEGELIN, Eric. Ciência, política e gnose, Coimbra, Ariadne, 2005.
DICIONÁRIO
ABBAGNO, Nicolas. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
HISTÓRIA DA FILOSOFIA
1. MARIAS, Julian. História da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
2. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
3. REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. História da filosofia. 3 vols. São Paulo: Loyola, 2017.
4. WEISCHEDEL, Wilhelm. A escada dos fundos da filosofia. A vida cotidiana e a o pensamento de 34 grandes filósofos.
São Paulo: Angra, 2001.
EM INGLÊS
1. KREEFT, Peter, The platonic tradition, Indiana, St. Augustine Press, 2018.
2. KREEFT, Peter, The philosophy of Thomas Aquinas, Maryland, Recorded Books, 2009.
3. KREEFT, Peter, Summa Philosophica. Indiana: St. Augustine´s Press, 2012.
4. KREEFT, Peter, Socratic Logic. A logic text using socratic method, platonic questions and aristotelian principles.
Indiana: Augustine, 2014.
OS CLÁSSICOS
Estas obras permitem o mergulho efetivo na filosofia. Ainda que não sejam plenamente entendidas, merecem ser lidas
e estudadas com calma e dedicação.
Ao procurar as edições dos próprios filósofos, nem sempre disponíveis em português, prefira as editoras universitárias
(como a Ed. UFPA, no caso de Platão, Ed. UNESP, no caso de Aristóteles, Descartes, Hume e Schopenhauer, e Ed. UNICAMP,
no caso de Heidegger), assim como editoras consolidadas como a Martins Fontes, no caso de Aristóteles, Hobbes e Kant,
Companhia das Letras, no caso de Nietzsche e Freud, Loyola, no caso de Aristóteles e Tomás de Aquino, e É Realizações e
Vide Editorial, no caso Santo Agostinho.
Não há tradução perfeita e nem é imprescindível saber a língua original do filósofo, embora isso seja muito recomenda-
do no aprofundamento do estudo.
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