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Compressibilidade do Solo

Conteúdo:
- Estrutura do solo
- Causas da compressão
- Tipos de recalque
- Definições e hipóteses relacionadas ao recalque elástico imediato
- Perfis de recalque sob fundações flexíveis e rígidas
- Pressões de contato na areia e na argila
- Relações para cálculo do recalque imediato
- Relação aprimorada para cálculo do recalque imediato
- Definições e hipóteses relacionadas ao recalque por adensamento
- Tipos de argila e seu comportamento no adensamento
- Modelo cilindro-mola
Compressibilidade do Solo

Objetivos:
Conhecer e compreender a definição e os conceitos ligados à
compressão dos solos e sua importância para uma preparação
adequada do solo para receber a carga externa.

Aplicações:
- Cálculo de carga do terreno;
- Cálculo de quanto e quando o solo irá adensar;
- Preparação adequada do terreno para evitar recalques indesejáveis
na construção;
- Escolha adequada da fundação para receber a carga externa.
Compressibilidade do Solo

A compressibilidade é uma característica de todos os materiais de se


deformarem quando submetidos a forças externas (carregamento).

A estrutura interna do solo pode ser alterada pelo


carregamento, com deslocamento e/ou ruptura
das partículas.
Sua composição (fases sólida, fluida e gasosa)
confere um comportamento próprio (tensão-
deformação) que pode depender do tempo.
Compressibilidade do Solo

A compressão é causada por:

a) Deformação das partículas do solo;


b) Deslocamento das partículas do solo;
c) Expulsão da água e do ar dos espaços vazios.

A compressibilidade do solo é a diminuição do seu volume sob a ação de


cargas aplicadas e depende do tipo de solo.
Recalque do Solo

O recalque do solo causado por cargas pode ser dividido em três categorias:

1) Recalque elástico (ou recalque imediato): causado pela deformação


elástica do solo seco e dos solos úmidos e saturados sem qualquer alteração
no teor de umidade. Os cálculos do recalque elástico geralmente têm base
nas equações derivadas da teoria da elasticidade.
Recalque do Solo

2) Recalque por adensamento primário: resultado de uma alteração do


volume em solos coesivos saturados devido à expulsão da água que ocupa
os espaços vazios.
Recalque do Solo

3) Recalque por compressão secundária: presente em solos coesivos


saturados, resulta do ajuste plástico da estrutura do solo.

Recalque total de uma fundação pode ser determinado por:

ST = Sc + Ss + Se

Onde:
ST = recalque total
Sc = consolidação do recalque primário
Ss = consolidação do recalque secundário
Se = recalque elástico
Recalque Elástico

O recalque elástico (Se) ocorre diretamente após a aplicação de uma


carga sem alteração do teor de umidade do solo.

A magnitude do recalque de contato dependerá da flexibilidade da


fundação e do tipo de material sobre o qual ele é colocado.

Hipóteses consideradas para determinar o aumento da tensão geradora


de recalque elástico:
1) A carga é aplicada na superfície do solo;
2) A área carregada é flexível;
3) O meio do solo é homogêneo, elástico, isotrópico e estende-se a
uma grande profundidade.
Recalque Elástico

Teoria da Elasticidade:

Para cada tensão (carga) tem-se uma deformação (Lei de Hooke =


proporcionalidade tensão-deformação).

O parâmetro que reflete este comportamento é dado pelo:

Módulo da Elasticidade = E = Módulo de Young = Módulo de


Deformabilidade.
Recalque Elástico

Teoria da Elasticidade: Assim, a partir do gráfico tensão x


deformação obtido em um ensaio de
compressão, pode-se determinar o módulo
de elasticidade em um segmento reto.

Módulo inicial = é o adotado na condição


em que o equilíbrio é elástico (retirada a
carga o corpo volta a forma primitiva,
sendo que nos solos o retorno se dá
sempre parcialmente, havendo uma
deformação residual ou plástica).

Deformação de um corpo submetido a um carregamento


Recalque Elástico

Considerando que o corpo de prova de solo sofre uma tensão de


compressão, no sentido da altura, este sofre uma deformação neste
sentido e, consequentemente, no sentido de seu diâmetro b, tem-se
então:
Recalque Elástico

A partir das deformações nos sentidos horizontal e vertical pode-se


determinar o Coeficiente de Poisson (μ).

O Coeficiente de Poisson é o parâmetro que reflete o quanto o solo


deforma no sentido horizontal em relação à deformação no sentido do
carregamento.
Recalque Elástico
Recalque Elástico

Módulos de elasticidade típicos de areias em solicitação drenada, para tensão confinante


de 100 kPa.

Valores típicos para coeficiente de Poisson (μ) de solos:


tem-se a seguinte variação: 0,25 < μ < 0,5
Recalque Elástico

Relação entre as tensões vertical e horizontal

Segundo o princípio da superposição dos efeitos:

“A superposição dos estados elásticos diferentes ocasiona a superposição


das deformações correlatas”.

A deformação no sentido da aplicação de σV, será:


Recalque Elástico

Relação entre as tensões vertical e horizontal

Para se ter a deformação no sentido ortogonal (horizontal), basta


multiplicar por μ cada uma das parcelas da última igualdade, assim:
Recalque Elástico

Relação entre as tensões vertical e horizontal

Agora, se quisermos a deformação no sentido normal ao


considerado (no caso vertical), por analogia temos:
Recalque Elástico

Relação entre as tensões vertical e horizontal

Em função da elasticidade do material (E e μ), verifica-se existir, uma


proporcionalidade entre a tensão vertical e a correspondente tensão
horizontal.

O material recebe o esforço, absorve-o e se deforma segundo seus


parâmetros de elasticidade.
Recalque Elástico

Relação entre as tensões vertical e horizontal

Dentro deste princípio, qualquer valor de pressão horizontal será


sempre calculado em função da pressão vertical que, em função
apenas da ação do peso próprio do solo, corresponde, no sentido vertical,
à pressão efetiva (e ocorrendo pressão neutra, adicionando-se o valor da
mesma).
Recalque Elástico

PERFIL DO RECALQUE ELÁSTICO E PRESSÃO DE CONTATO NA


ARGILA E NA AREIA

Pressão de contato: são as pressões sob a fundação e sobre o solo.

A distribuição das pressões de contato depende da natureza do solo


(argiloso e arenoso), da rigidez da fundação (E.I  módulo de
elasticidade pelo momento de inércia) e da profundidade.
TRANFERÊNCIA DE CARGAS

superfície
do terreno
TRANFERÊNCIA DE CARGAS

superfície
do terreno
TRANFERÊNCIA DE CARGAS

superfície
do terreno

Bulbo de Pressões
BULBO DE PRESSÕES

Solo resistente

Solo pouco resistente


BULBO DE PRESSÕES

Solo resistente

PROBLEMAS !!!

Solo pouco resistente


Recalque Elástico

PERFIL DO RECALQUE ELÁSTICO E PRESSÃO DE CONTATO NA


ARGILA E NA AREIA

Sob fundações flexíveis: devido à flexibilidade das fundações, as


pressões de contato são uniformes e idênticas às que são transmitidas
pelas fundações (a fundação acomoda-se perfeitamente às deformações
do solo).

Sob fundações rígidas: são indeformáveis em relação ao solo, impondo


uma deformação constante ao solo sob a superfície de carga. As
pressões de contato não poderão ser uniformes.
Recalque Elástico
Recalque Elástico

Sapatas flexíveis:
São de uso mais raro, sendo mais utilizadas em fundações sujeitas a pequenas
cargas. Outro fator que determina a escolha por sapatas flexíveis é a resistência
do solo. ANDRADE (1989) sugere a utilização de sapatas flexíveis para solos
com pressão admissível abaixo de 150kN/m2 (0,15MPa).

Sapatas rígidas:
São comumente adotadas como elementos de fundações em terrenos que
possuem boa resistência em camadas próximas da superfície. Para o
dimensionamento das armaduras longitudinais de flexão, utiliza-se o método
geral de bielas e tirantes. Alternativamente, as sapatas rígidas podem ser
dimensionadas à flexão da mesma forma que as sapatas flexíveis, obtendo-se
razoável precisão.
Recalque Elástico

PERFIL DO RECALQUE ELÁSTICO E PRESSÃO DE CONTATO NA


ARGILA E NA AREIA

1) Pressão de contato em areia - considerando-se uma placa flexível


uniformemente carregada.
maior resistência

Confinamento menor Confinamento menor

A areia é empurrada
A areia é empurrada
para fora
para fora
Recalque Elástico

PERFIL DO RECALQUE ELÁSTICO E PRESSÃO DE CONTATO NA


ARGILA E NA AREIA

2) Pressão de contato em areia - considerando-se uma placa rígida


uniformemente carregada, esta ocasionará deformações uniformes
na superfície do terreno para que o recalque seja uniforme.
maior resistência Maior pressão
da areia de contato
Recalque Elástico

PERFIL DO RECALQUE ELÁSTICO E PRESSÃO DE CONTATO NA


ARGILA E NA AREIA

3) Pressão de contato em argila - considerando-se uma placa flexível


uniformemente carregada.

Tensões
maiores
Tensões Tensões
menores menores
Recalque Elástico

PERFIL DO RECALQUE ELÁSTICO E PRESSÃO DE CONTATO NA


ARGILA E NA AREIA

4) Pressão de contato em argila - considerando-se uma placa rígida


uniformemente carregada.

Menor pressão
RECALQUES

Aterro
(1o estágio)

superfície
RECALQUE HOMOGÊNEO

Aterro
(2o estágio)
superfície

deformação no solo de fundação


RECALQUE DIFERENCIAL

Aterro
(2o estágio)
superfície

deformação maior em uma porção


RECALQUES DIFERENCIAIS

argila mole

rocha
RECALQUES DIFERENCIAIS

argila mole

rocha
RECALQUES DIFERENCIAIS

paleo vale

areia e cascalho
rocha sã
RECALQUES DIFERENCIAIS

argila mole
rocha sã
RECALQUES DIFERENCIAIS

argila
areia compacta

rocha sã
RECALQUES DIFERENCIAIS
TORRE DE PISA

59mm
59
1174 - 1350 22 m
1174 - 1350 22 m
TORRE DE PISA

Areia argilosa (4,3 m)


Areia pura (6,3 m)

Argila marinha
TORRE DE PISA

Bulbo de pressões
PRÉDIOS DE SANTOS

Areia pouco argilosa

Argila marinha
Recalque Elástico

RELAÇÕES PARA CÁLCULO DO


RECALQUE ELÁSTICO

Recalque elástico: resultante das


deformações elásticas do solo de
apoio de uma fundação e ocorre
logo após a aplicação das cargas.

São preponderantes em solos


arenosos ou em solos são saturados.
Recalque Elástico

Teoricamente, se a fundação for perfeitamente flexível, o recalque pode


ser expresso por:

1  s2 Onde
Se  B I  = pressão vertical líquida aplicada à
Es fundação (intensidade da pressão de
contato)
s = coeficiente de Poisson do solo
Es = módulo de elasticidade média do solo
sob a fundação, medido a partir de z = 0
até cerca de z = 4B
B = largura da fundação (menor dimensão
1
 
 1  m2  1  
I   m1 ln  1   ln m1  m1  1 
2
da sapata)
  m1  
    I = fator de influência adimensional

m1 = comprimento da fundação dividido pela largura


Recalque Elástico

Exemplo 1: Considere um bloco de fundação retangular com 1m x 2m


em planta localizada em uma camada de areia que se estende a uma
grande profundidade. Considere que Es = 14000 kN/m2 e s = 0,4. Se o
aumento líquido da pressão () na fundação for 96 kN/m2, estime o
recalque elástico levando em conta que a fundação seja rígida.
Recalque Elástico
Recalque Elástico
Recalque Elástico

RELAÇÃO APRIMORADA PARA O RECALQUE ELÁSTICO

Mayne e Poulos (1999): nova relação que leva em conta:

1) A rigidez da fundação;
2) A profundidade do assentamento;
3) O aumento do módulo de elasticidade do solo com a profundidade;
4) A localização das camadas rígidas em profundidade limitada.
Recalque Elástico

RELAÇÃO APRIMORADA PARA O RECALQUE ELÁSTICO

Necessita-se determinar o diâmetro equivalente de uma fundação


retangular:
4 BL Onde
Be 
 B = largura da fundação
L = comprimento da fundação
Be = diâmetro equivalente
Df = profundidade da fundação
t = espessura da fundação
Ef = módulo de elasticidade média do
material da fundação

Fundações circulares:
Be = B (diâmetro da fundação)
Recalque Elástico

RELAÇÃO APRIMORADA PARA O RECALQUE ELÁSTICO

O recalque elástico pode ser dado por:

Be I G I F I E
Se 
E0

1   s2  Onde
IG = fator de influência para a variação de
Es com a profundidade = f (E0, k, Be e h)
IF = fator de correção da rigidez da
 1 fundação
If   IE = fator de correção da profundidade do
4  
 Ef  2t 3 assentamento da fundação
4,6  10  
 E  e k  Be 
B
1

0
2  IE  1
1, 22 s 0, 4   Be 
3,5e *  1,6 
D 
 f 
Recalque Elástico

Exemplo 2: Para uma fundação rasa suportada por argila siltosa, é dado
o seguinte:
Comprimento = L = 1,5m
Largura = B = 1m
Prof. Da fundação = Df = 1m
Espessura da fundação = t = 0,23m
Carga por unidade de área =  = 190 kN/m2
Ef = 15 x 106 kN/m2
O solo argilo-siltoso tem as seguintes propriedades:
h = 2m
s = 0,3
E0 = 9000 kN/m2
k = 500 kN/m2/m
Estime o recalque elástico da fundação.
Recalque Elástico
Recalque Elástico
Recalque Elástico
Recalque por Adensamento

Fundamentos do Adensamento

O adensamento é resultante das variações volumétricas que ocorrem em


solos finos saturados.

O recalque por adensamento deve-se à expulsão da água e ar dos


vazios.

Ocorre mais lentamente pois depende da permeabilidade do solo.

 solos arenosos: por causa da drenagem rápida da água dos poros, o


recalque elástico e o adensamento ocorrem simultaneamente;
 solos argilosos: quando submetidos a alta pressão, o recalque
elástico ocorre imediatamente. Como a drenagem é lenta, o excesso de
poro-pressão gerado se dissipa lentamente, assim a mudança de volume
associada pode continuar por um longo tempo após o recalque elástico.
Recalque por Adensamento

Argilas

1) Normalmente adensadas: a pressão efetiva presente é a pressão


máxima a que o solo foi submetido no passado.

2) Sobreadensadas: a pressão efetiva presente é inferior àquela que o


solo experimentou no passado. A pressão efetiva máxima passada é
chamada de pressão de pré-adensamento.
Pw = peso
suportado pela água Recalque por Adensamento
Ps = Peso suportado
pela mola

Ps = 0
P = Ps + Pw
Pw = P

Ps > 0
Pw < P Ps = P
Pw = 0
Recalque por Adensamento

Deformação de uma camada de argila saturada submetida a um


aumento de tensão:
Recalque por Adensamento
Recalque por Adensamento

Esse processo gradual de drenagem sob a aplicação de uma


carga adicional e a transferência associada do excesso de
poropressão para a tensão efetiva causam o recalque
dependente do tempo na camada de argila do solo.

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