Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
Campus Araraquara Docente: Guilherme Andolfatto Libanori Discente: Artur Pinheiro do Val / Prontuário: 1510011 Curso: Licenciatura em Matemática Semestre: 3º
RESENHA
ZORZAN, Adriana Salete Loss. ENSINO-APRENDIZAGEM: ALGUMAS
TENDÊNCIAS NA DUCAÇÃO MATEMÁTICA. In: R. Ciências Humanas. Frederico Westphalen. v. 8. n. 10. p. 77 - 93. Jun 2007.
Este artigo tem o propósito de identificar as principais tendências em
educação matemática, expondo-as de maneira a criar um documento que auxilie os professores, os profissionais em educação e aqueles que ainda estão em formação nas fundamentações teóricas relacionadas a este assunto. A revisão dessas tendências é necessária para identificar as concepções que sustentam e preenchem o processo de ensino-aprendizagem nos dias de hoje.
Até as décadas de 60 e 70, o ensino da matemática, em várias partes do
mundo, recebeu influências do movimento "matemática moderna", que tinha como característica o desenvolvimento excessivo da abstração, utilizando muito mais a teoria do que a prática em seus métodos de ensino. Posteriormente surgiram alternativas para as ações pedagógicas, que constitui o "movimento da educação matemática" ou, também, "tendências em educação matemática", que são as seguintes: a etnomatemática, a modelagem, a resolução de problemas, a tecnologia e a filosofia na educação matemática.
Através de pensadores e estudiosos de países de Terceiro Mundo,
surge no início dos anos 70 a etnomatemática, como uma forma de oposição entre a matemática escolar e as distintas matemáticas dos diferentes meios culturais.
Ubiratan D’Ambrósio, professor de Matemática da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp), foi o criador do termo “etnomatemática”. Nota-se que, para compor esta palavra (“etnomatemática”), utilizam-se “as raízes tica, matema e etno para significar que há várias maneiras, técnicas, habilidades (ticas) de explicar, de entender, de lidar e de conviver com (matema) distintos contextos naturais e socioeconômicos da realidade (etnos). Em outras palavras, este termo busca dimensionar todas as variadas e diferentes matemáticas criadas e utilizadas nos mais variados ambientes de convivência humana.
A etnomatemática visa trabalhar com situações do dia-a-dia para
construir um conhecimento que auxilie os sujeitos a resolver situações em seu contexto social. Metodologicamente, a etnomatemática é interdisciplinar e transdisciplinar, ou seja, a matemática nesta ótica é trabalhada de forma contextualizada com as diferentes formas do conhecimento e com as necessidades e história do grupo social aonde é ministrada.
A modelagem é uma alternativa de ensino em matemática que começou
a ser discutida entre pensadores à partir da década de 70. Nesta modalidade, a matemática parte dos interesses dos alunos, de seu contexto social, dando condições para que o conteúdo desenvolvido tenha origem em temas oriundos da problematização da realidade do aluno.
Esta tendência em educação matemática (modelagem), exige que o
professor conduza o estudo matemático, interagindo a matemática com a realidade, tornando possível representar uma situação real através de ferramentas matemáticas, enquanto que ao mesmo tempo é excluída a relação entre transmissor e receptor, uma vez que agora o professor conduz o saber. Vista desta forma, a matemática permite ao aluno construir diversos modelos com aplicações em sua vida real.
Também no início da década de 70, em vários países, começou a surgir
no campo investigativo da matemática o "aprender a partir da resolução de problemas". Este método inicia-se à partir de uma situação-problema e parte para o estudo abstrato, aonde a solução encontrada é feita através de uma representação simbólica. Isto permite ao aluno a pesquisa, a construção e a compreensão dos conceitos matemáticos, assim como a aplicação desses nas mais diversas situações-problema de seu cotidiano.
Com o crescente avanço tecnológico houve a informatização de diversos
setores da sociedade. O ensino da matemática, que era caracterizado pela lousa e pelo giz, pelo caderno, lápis e borracha, passou a ser abordado com o auxílio de novos recursos tecnológicos.
Inicialmente houve um certo receio por parte de alguns professores, pois
temiam a perda do papel pedagógico que faziam. Porém, quando as máquinas passaram a possibilitar o envio de informações e a criação de soluções em tempo reduzido, não seria possível que a escola continuasse a desconsiderar essas novas tecnologias em suas propostas pedagógicas.
O pensar matemático também deve acontecer no ambiente tecnológico,
para que as dúvidas surgidas através das investigações possam conduzir a um novo estudo e a uma nova aplicação do saber. Porém, é necessário que haja a democratização dos recursos tecnológicos, de forma a não negar esta nova forma de pensar a nenhuma parcela da sociedade.
A Filosofia é uma forma de investigar a Educação Matemática,
possibilitando a reflexão sobre as teorias e práticas matemáticas, tais como a natureza dos objetos matemáticos, a veracidade do conhecimento matemático, o valor da matemática, e etc.
O professor de matemática, através da filosofia, pode focar o seu
esforço na intenção de promover, a partir da variedade de compreensões do mundo, a análise, a discussão e a problematização para a ação desencadeadora de soluções dos problemas do dia-a-dia.
Por fim, o papel da Educação Matemática, partindo de uma autocrítica e
do conhecimento constituído, é recriar aquilo que já foi feito, em um interminável movimento de construir o inacabado, deixando de ser uma ciência pronta e dogmatizada, para ser algo em constante aperfeiçoamento.