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Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Módulo 3
Gestão de
Processos e
de Riscos
Profa. Janaína Régis
Profa. Jacqueline Canuto
Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 1
Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Apresentação
Apresentação
Prezado(a) aluno(a), composto por indicadores de estrutura, processo e
resultados. Este sistema permitirá uma tomada de
Bem-vindo(a) ao Módulo 3: Gestão de Processos e decisão baseada em fatos e evidências, não apenas
Gestão de Riscos. relacionadas aos processos gerenciais, mas também
à prática assistencial, apoiando a gestão do cuidado
Agora que você já estudou sobre Gestão de Pessoas e ao usuário.
Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde, iremos
discutir algumas definiçoes utilizadas na área de Na quarta e última unidade, abordaremos um as-
Qualidade, visando a possibilitar que, ao final deste sunto considerado de suma importância no seg-
módulo, você possa aplicar este modelo de gestão na mento de saúde, mas que vem sendo trabalhado
organização onde atua, melhorando os processos ge- ainda de forma muito tímida pelas organizações de
renciais e os resultados organizacionais, contribuin- saúde brasileiras. Trata-se da Gestão de Riscos e o
do para melhorar a qualidade da atenção à saúde no Gerenciamento da Segurança da Assistência. Esses
Sistema Único de Saúde (SUS). temas, apesar de pouco desenvolvidos, propiciam
discussões em eventos científicos na área de gestão
Um dos grandes desafios das organizações presta- em serviços de saúde, devido à conscientização dos
doras de serviços de saúde, na atualidade, tem sido profissionais e fatos ocorridos, por vezes noticiados
oferecer qualidade na atenção médico-hospitalar nas mídias nacionais, que correspondem a ocorrên-
com menor custo e maior segurança, em um cenário cias fatais ou que provocam lesões permanentes nos
no qual os avanços tecnológicos e científicos exigem, usuários. Enfim, este módulo discute como a Gestão
cada vez mais, organizações planejadas e eficazes. de Processos, a utilização das Ferramentas da Qua-
lidade e o Sistema de Medição podem dar suporte à
Esse cenário torna inadiável a profissionalização e prática de uma assistência mais segura aos usuários
o aperfeiçoamento da gestão das organizações, de das organizações prestadoras de serviços de saúde,
forma a cumprir sua missão e atender aos seus ob- mediante a Gestão de Riscos.
jetivos. Para tanto, um dos caminhos corresponde à
utilização e ao aprimoramento constante dos concei- O módulo apresenta a conceituação dos temas abor-
tos da Gestão pela Qualidade, ressaltando a meto- dados e questões para reflexão e fixação dos conte-
dologia da Gestão de Processos, Gestão dos Riscos údos. Aprofundaremos esses conceitos nos fóruns e
e o Gerenciamento da Segurança da Assistência ao no estudo de caso ao final do módulo. Todas essas
Usuário. atividades irão compor a sua nota final. Por isso, sua
disciplina na administração do tempo dedicado ao
As organizações que adotam essa metodologia vol- estudo e participação são fundamentais para obter
tam-se, essencialmente, para ampliar a segurança êxito!
e a satisfação dos seus usuários, racionalização na
utilização de recursos financeiros e tecnológicos, Gostou dos temas apresentados neste módu-
desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo dos lo?
profissionais, bem como o alcance de referenciais de
excelência nos cuidados prestados. Então, vamos em frente e amplie seus conhe-
cimentos!
Este módulo é composto por 4 unidades. A primeira
aborda como estruturar a Gestão de Processos em
organizações prestadoras de serviços de saúde, per-
mitindo a você, profissional da área assistencial ou Ementa
administrativa, uma visão sistêmica da organização,
bem como a prática de soluções simples e eficazes, Discute sobre a evolução da racionalização do tra-
mediante a utilização das Ferramentas da Qualida- balho na perspectiva das diversas Escolas da Admi-
de, visando à busca da melhoria contínua, de me- nistração e a importância da Gestão de Processos
lhores resultados organizacionais e satisfação dos para a qualidade das organizações prestadoras de
usuários. Serviços de Saúde, apresentando métodos e ferra-
mentas. Classificação da cadeia de processo de uma
A segunda e a terceira unidades subsidiarão o acom- organização. Principais conceitos e ferramentas re-
panhamento e a análise de resultados correspon- lacionadas à Gestão de Processos. Sistema de Me-
dentes à implementação do Sistema de Medição, dição composto por indicadores de estrutura, pro-
cesso e resultado. Processos estratégicos na gestão

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da qualidade em serviços de saúde. Metodologia da sultados organizacionais mediante o uso de um


Gestão da Qualidade. O PDCA na solução de proble- Sistema de Medição, composto por indicadores
mas. Gerenciamento da Segurança da Assistência ao de estrutura, processo e resultado;
Usuário. • sensibilizar os participantes sobre a necessidade
de adotar um sistema que permita a Gestão de
Riscos e o Gerenciamento da Segurança da As-
sistência ao Paciente, de forma a garantir a qua-
Objetivos lidade e a segurança da prática assistencial;
• discutir sobre a elaboração de estratégias para
O módulo em estudo tem como objetivo geral apre- a estruturação, implementação e manutenção
sentar o suporte teórico e prático, necessários para do Sistema de Gerenciamento da Qualidade nos
que os profissionais das áreas assistenciais e admi- serviços públicos de saúde.
nistrativas assimilem os principais conceitos, imple-
mentem a cultura da qualidade e utilizem as ferra-
mentas e este modelo de gestão para acompanhar
e melhorar os resultados organizacionais, além de Conteúdo programático
contribuir para uma visão sistêmica da organização,
visando sempre à melhoria da qualidade da atenção • Unidade Didática I – Gestão de Processos nas
ao usuário e redução de riscos. Organizações de Saúde
• Unidade Didática II –As Ferramentas da Quali-
Dessa forma, nossos objetivos específicos são: dade como base para a melhoria contínua
• Unidade Didática III – Sistema de Medição - In-
• apresentar aos participantes as principais defi- dicadores
nições e ferramentas relacionadas à Gestão de • Unidade Didática IV – Gerenciamento da Segu-
Processos, e subsidiar sua aplicabilidade na or- rança da Assistência ao Paciente
ganização onde atua;
• refletir sobre a necessidade de adotar um modelo
de gestão que permita analisar e melhorar os re-

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Módulo 3
Gestão de Processos e de Riscos

Gestão de Processos
Unidade Didática I

Gestão de Processos
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Refletindo um pouco...
Refletindo um pouco...

Fonte: www.jlc.net.br

Se desejamos melhorar, temos que mudar a situação atual. Você concorda?

O que você gostaria de melhorar no setor em que atua? Trabalhar com foco na gestão de processo implica estar
disposto(a) a implantar mudanças e melhorias contínuas.

Esta é a Unidade 1, das quatro Unidades que com- Para tanto, partiremos da evolução da racionaliza-
põem o Modulo 3 - Gestão de Processos e Gestão de ção do trabalho na perspectiva das diversas Escolas
Riscos. da Administração. Posteriormente, discutiremos a
importância da Gestão de Processos para a qualida-
Neste módulo, apresentamos a Gestão de Processos de, apresentando métodos e ferramentas.
e Gestão de Riscos nos serviços públicos de saúde.

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Racionalização
Racionalização dodo trabalho
trabalho nas nas
organizações: breve
organizações: breve evolução
evolução
A racionalização do trabalho nas organizações apre- qualquer pessoa pudesse comprar um automóvel.
senta, basicamente, quatro gerações, que possuem Devido ao aumento das vendas dos automóveis Ford
características peculiares. “T”, outros setores desenvolveram-se significativa-
mente, sendo que o Fordismo teve seu ápice após a
A primeira geração consistiu nos grandes clás- segunda guerra mundial.
sicos da Gestão da Produção de Taylor e Ford. Na
virada do século XIX para XX, Taylor passou a de- No entanto, a rigidez deste modelo foi a causa do seu
fender uma “Gestão científica da produção”, basea- declínio, que se inicia a partir da década de 1970. Em
da em cinco princípios: análise científica e posterior paralelo, houve o crescimento da General Motors
padronização de tarefas, seleção de trabalhadores (GM), que passou a flexibilizar sua produção, lan-
aptos a executar as tarefas, treinamento dos traba- çando no mercado vários modelos e cores de auto-
lhadores selecionados, motivação exclusivamente móveis, e adotando um modelo de gestão profissio-
salarial desses trabalhadores e, finalmente, como nalizado. Com isso, a GM ultrapassa a Ford e passa a
decorrência, uma cooperação entre trabalhadores e ser a maior montadora do mercado.
direção da organização.

No início do século XX, a atenção das organizações


foi direcionada para a melhoria das operações, utili- Sistema Toyota de Produção
zando, essencialmente, os conceitos da Administra-
ção Científica de Taylor. Ainda na década de 1970, com a crise do petróleo
e a entrada dos competidores japoneses no merca-
Os princípios fundamentais da Administração Cien- do automobilístico, a produção em massa dá lugar a
tífica eram: produção enxuta, iniciando-se a era Toyota, que fo-
cava na produção de lotes menores, permitindo uma
• Planejamento – utilização de métodos, substi- maior variedade dos produtos.
tuindo o empirismo;
O sistema de produção em massa procurava reduzir
• Seleção – foco na aptidão do trabalhador para os custos unitários dos produtos mediante produção
cada cargo específico; em larga escala, especialização e divisão do trabalho.
Entretanto, esse sistema tinha que operar com es-
• Controle – supervisão direta das atividades; toques e lotes de produção elevada. No início, não
havia grande preocupação com a qualidade do pro-
• Execução – distribuição de responsabilidades. duto.

Reforçando as ideias da Escola Taylorista, surge o Já no Sistema Toyota de Produção, os lotes de produ-
Fordismo em 1914, movimento idealizado pelo en- ção são pequenos, permitindo uma maior variedade
genheiro americano Henry Ford e centrado na pro- de produtos. Os trabalhadores são multifuncionais,
dução em massa. já que conhecem outras tarefas além de sua própria e
sabem operar mais do que uma única máquina.
O sucesso desse modelo deveu-se ao foco na padro-
nização e simplificação de tarefas, valorizadas por No Sistema Toyota de Produção, a preocupação com
Taylor, e ao incremento de outras ideias avançadas a qualidade do produto e eliminação do desperdício
para época, como o aperfeiçoamento da linha de é extrema e a sua base de sustentação encontra-se
montagem. em dois pilares: o Just-in-time (produção sob de-
manda) e a automação (linha de produção parada,
Esse aperfeiçoamento consistia na montagem de quando existia defeito na máquina).
veículos em esteiras rolantes, enquanto os trabalha-
dores ficavam parados, tarefa esta que exigia pouca
qualificação dos operários.
Segunda geração
A ideia de Ford era tornar o processo produtivo o
A segunda geração da racionalização de traba-
mais barato possível, de forma a possibilitar que
lho, a Teoria Comportamental de Simon, Argyris,

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McGregor e Likert, daria continuidade a esta segun- completa com as anteriores, mas recuo parcial. A
da geração de racionalização do trabalho, aperfei- única alteração fundamental é o relaxamento no
çoando seu enfoque com técnicas da Sociologia das grau de separação entre tarefas manuais e intelec-
Organizações. Esta geração jamais substituiu a pri- tuais. Os gerentes passaram a buscar sugestões dos
meira: apenas complementou. trabalhadores na análise das tarefas, disseminação
do trabalho em equipe, delegação de certas respon-
Ela fez com que os fatores humanos entrassem nas sabilidades, alargamento de tarefas (sobretudo a dis-
preocupações cotidianas dos supervisores das fá- tribuição de tarefas de controle de qualidade entre
bricas americanas; preferencialmente, por meio de todo o pessoal da fábrica, como proposto pelo TQC
acertos com grupos informais, evitando-se, assim, (VALLE, 2007).
negociações explícitas e formalizadas com os sindi-
catos. O verdadeiro corte entre a produção fordista e a pro-
dução flexível ocorreu com a quarta geração de
Quando se deseja reduzir a centralização e os custos racionalização do trabalho, que se deu quando os
indiretos, ou, mais ainda, quando se trata de demi- gestores da produção passaram a se apoiar em outra
tir e comprimir salários, as práticas sugeridas pela concepção do trabalho (qualificado, em grupo e com
segunda geração transformam-se num estorvo one- múltiplas tarefas) e de sua divisão (novas formas de
roso. integração com fornecedores e clientes, marcadas
pela subcontratação, pela informatização e pela re-
A primeira e a segunda geração de trabalho foram dução do tamanho dos lotes). As mudanças correla-
bem sucedidas, enquanto o contexto das fábricas tas nas relações de trabalho são significativas: indi-
exibia relativa estabilidade: mercados em expansão, vidualização dos contratos de trabalho, aumento das
necessidade de produtos em massa, inovação tecno- negociações locais ou por empresas, privatização da
lógica1 e a presença reguladora do estado. seguridade social, etc. (HARVEY apud MICELI e RI-
BEIRO, 2009). E foi nesse contexto que a gestão dos
Com a explosão da inovação tecnológica, a saturação processos tornou-se imprescindível.
de mercados e demanda por produtos diversificados
e por mais qualidade, somadas a uma menor regula- Embora a terceira geração já houvesse inaugurado
ção dos mercados pelo Estado, a busca por eficiência a ênfase gerencial na visão de processo, a quarta
nas funções cedeu lugar à já mencionada busca de geração a ampliou e a aperfeiçou. Todas as técnicas
flexibilidade por meio da gestão de processos. As li- mais contemporâneas têm a gestão por processos
nhas de produção tradicionais não suportavam essas como pilar: Workflow, ERP, Six Sigma, inovação
contínuas mudanças nos processos. de processos, custeio baseado em processos (ABC -
Activity-Based Costing), análise de cadeia de valor2,
gerenciamento de cadeia de suprimentos, etc. (SMI-
TH& FINGAR, 2003).
Terceira e quarta geração
O modelo de gestão fundamentado na divisão do
Inicia-se, então, a fase do TQC (Total Quality Con- trabalho possui características que são contrárias às
trol, Círculo de controle de qualidade Just-in-Time), demandas das organizações modernas. Estas exigem
muito influenciado pela hierarquia das necessidades agilidade, integração e flexibilidade, requisitos bási-
do homem, do psicólogo americano Abraham Mas- cos para a busca do aprimoramento do desempenho
low, e pelos fatores de conforto e desconforto no tra- organizacional.
balho. Quer historicamente, quer conceitualmente,
essa terceira geração não significa uma ruptura

1 Entende-se por inovação tecnológica a introdução no 2 Para detalhes sobre cadeia de valor veja: PORTER,
mercado de novos, ou significativamente melhorados, produ- Michael,Vantagem Competitiva: Criando e Sustentando um
tos ou serviços (WIKIPÉDIA, 2011). Desempenho superior: 2 ed. Rio de janeiro:Campus,1985.

Vamos aprofundar o Gerenciamento de Processo dentro de uma organização prestadora de


serviços de saúde.

Prepare-se.

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Agora que já revisamos a evolução da racionaliza- bilidade do produto (não gera produtos e não pode
ção do trabalho nas organizações de um modo geral, ser patenteado); perecibilidade, o que significa que
iremos discutir sobre o gerenciamento do processo serviços não podem ser estocados, armazenados ou
em organizações prestadoras de Serviços de Saúde. transportados, e qualquer falha compromete o re-
Afinal, estas organizações possuem especificidades, sultado; heterogeneidade na produção ou variação
tais como: dependência de pessoas qualificadas e es- de padrões (MENDES, 1994).
pecializadas para a realização do trabalho, intangi-

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Gerenciamento de processo
Gerenciamento de processo
Partimos do pressuposto que, para gerenciar, é es- terizar os seus processos chave, e alinhá-los a diver-
sencial conhecer os processos. Resultados, bons ou sos tipos de administração de recursos, tais como:
ruins, não acontecem por acaso. São frutos de um tecnologia da informação, comunicação, canais de
processo. Qualquer produto do trabalho humano - distribuição, logística, recursos humanos, investi-
realização de cirurgia, administração de um medica- mentos em infraestrutura, dentre outros. Veremos,
mento, emissão de uma conta hospitalar – é o resul- a seguir, como isso pode ser feito.
tado de um ou mais processos. (NOGUEIRA,1999).

A adoção de uma abordagem por processo significa


a adoção com foco no usuário. Os processos são o Definição de processo
método pelo qual uma organização faz o necessário
para produzir valor para seus usuários. Um processo pode ser definido como “um conjunto
de causas que gera um determinado efeito, ou um
Entender toda a cadeia de valor possibilita a análise conjunto de meios para se chegar a um determina-
detalhada e estruturada das atividades de uma or- do fim” (NOGUEIRA,1999).
ganização, permite maior compreensão dos custos,
tempos e qualidade dos processos, além de facilitar Assim, entendemos como processo, um conjunto de
a detecção e a implementação de oportunidades de operações sucessivas e/ou paralelas que proporcio-
melhorias. nam um resultado bem definido. Geralmente, como
parte de um ciclo global de produção de um produto
Para iniciar o gerenciamento de processos, a organi- ou de um serviço.
zação deve conseguir identificar, classificar e carac-

Figura 1 – Sistema Organizacional – Processo.


Fonte: Elaborada pela autora, 2008.

Segundo Nogueira (1999), quanto mais simples os A abordagem na gestão por processos obedece a re-
processos, mais fácil se torna gerenciá-los. Os pro- quisitos e a conceitos sistêmicos, que estabelecem
cessos podem ser subdivididos em outros menores, uma orientação integrada, na qual vários elementos
também chamados de sub-processos, para facilitar o interagem em função de definição de estratégias,
seu controle. Assim, o processo Farmácia poderia ser buscando atingir um único objetivo, ou seja, o resul-
subdividido, por exemplo, em compra, estocagem, tado.
dispensação e controle de estoque. Cada um desses
processos, por sua vez, poderia ser, novamente, des- Segundo Paim (2009), o desenho de processos sem-
membrado. Controlando-se os processos menores, é pre está inserido dentro de um contexto organizacio-
possível localizar, mais facilmente, os problemas e nal, no qual há um ambiente externo que influencia
agir sobre sua causa fundamental. e direciona a atuação da organização, e um contexto

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ou ambiente interno, que deve ser entendido para desdobramentos internos sobre os processos da or-
responder, adequadamente, às demandas do contex- ganização.
to externo. Dessa forma, a primeira tarefa associada
ao desenho de processo está relacionada ao entendi- Essa abordagem de ordem sistêmica tornou-se uma
mento da estratégia organizacional. ferramenta pertinente para examinar questões numa
nova realidade tecnológica. O enfoque sistêmico é
Essa tarefa está apresentada sob duas perspectivas. um meio para examinar soluções possíveis e esco-
A primeira, sob o olhar das ferramentas necessárias lher as que apresentem melhor desempenho e custo
para entender e relacionar os ambientes externos e mínimo, numa rede complexa de interações.
internos. A segunda entende a tarefa como um típi-
co processo transversal à organização, que, por si só, O gerenciamento de processo exige o conhecimento
tem atividades que resultam na análise externa e em das inter-relações entre os diversos componentes,
e das pessoas que trabalham nele.

Você sabia?

Que o objetivo de um processo deve ser estabelecido por aqueles que o gerenciam?

E que sem objetivo não se pode dizer que existe um processo?

Assim, em uma organização prestadora de serviços Processos gerenciais são aqueles que existem
de saúde, é necessário estabelecer a cadeia de pro- para facilitar o funcionamento regular da organiza-
cesso, definir os objetivos, ou seja, o resultado de ção. Ex: Diretoria Clínica / Gerência de Enfermagem
cada processo e torná-la de conhecimento de todos / Diretoria Operacional, dentre outros.
da organização.
Processos primários são os que resultam em um
produto ou serviço. Ex: Farmácia / Central de Es-
terilização / Centro Cirúrgico/ Oncologia/ Unidade
Classificação de processo de Terapia Intensiva (UTIs) / Emergência. Estão li-
gados diretamente à produção do serviço que a or-
Assim, em uma organização prestadora de serviços ganização tem por objetivo disponibilizar para seus
de saúde, é necessário estabelecer a cadeia de pro- usuários.
cesso, definir os objetivos, ou seja, o resultado de
cada processo e torná-la de conhecimento de todos Processos de apoio ou suporte são os que geram
da organização. produtos invisíveis ou intangíveis, aqueles que ocor-
rem nos bastidores, mas são essenciais para a gestão
Vamos agora entender como elaborar uma cadeia de eficaz da organização. Ex: Gestão de Pessoas / Tec-
processo dentro de uma organização? nologia da Informação / Segurança do Trabalho /
Manutenção / Engenharia Clínica. São todos os pro-
A cadeia de processo de uma organização pode ser cessos que suportam os processos primários, dando-
classificada da seguinte maneira: lhes apoio para que possam existir. Estão voltados à
administração de recursos.
• Processos Gerenciais
• Processos Primários
• Processos de Apoio

Isso posto, como você avalia a definição ou delimitação da cadeia de processos na organiza-
ção em que você trabalha?

Qual a importância da classificação desses processos para o desenvolvimento das suas ativi-
dades?

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Os processos podem estar em diferentes níveis de Assim, segundo Paim (2009), os processos são obje-
detalhamento, relacionados às atividades gerenciais, tos de controle e melhoria, mas também permitem
primárias ou de apoio. Se forem primários, os resul- que a organização os utilize como base de registro do
tados gerados são produtos/serviços para os proces- aprendizado sobre como atua, atuou ou atuará em
sos de trabalho da organização; se forem gerenciais, seu ambiente ou contexto organizacional. Os pro-
facilitam as definições e o funcionamento da orga- cessos são as organizações em movimento; são, tam-
nização e de seus processos, e se forem de apoio, bém, uma estruturação para a ação: para a geração e
prestam suporte aos demais processos de trabalho a entrega de valor.
da organização.

Figura 2 - Cadeia de Processos.


Fonte: Elaborada pela autora, 2008.

Você sabia?

Que os processos primários respondem por 80% de desempenho estratégico nas organiza-
ções?

Já os processos gerenciais e de apoio geram despesas operacionais de 20 a 40 %?

Estruturação da • elaborar a descrição detalhada de cada processo


de trabalho;
cadeia de processo • definir as interações entre os processos;
• mapear os riscos de cada processo;
Para estruturar a cadeia de processo de uma organi- • definir indicadores quantitativos e qualitativos
zação é necessário: para realizar o acompanhamento dos processos;
• definir as estratégias de monitoramento e de me-
• definir os processos gerenciais, primários e de lhoria dos processos.
apoio;
• definir os processos que serão considerados es- Por que atuar nos processos estratégicos?
tratégicos;

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• Para focalizar naquilo que realmente é impor-


tante no momento da organização, obtendo re- É como se cada setor ou área da organização passas-
sultados desejados com menor esforço; se a ser vista como um processo, que conta com usu-
• Para suprir as necessidades imediatas dos usu- ários, fornecedores, pessoas, equipamentos, e que
ários. necessitam de insumos, para gerar seus produtos ou
serviços. É preciso, portanto, ter bem claro: quem
E, quanto aos demais processos? Devem ser também, são estes usuários, quais são as suas necessidades,
gerenciados? A resposta é sim. Todos serão objeto de que tipo de produto ou serviço é resultado do pro-
melhorias, seguindo uma escala de prioridades pré- cesso de trabalho, e gerenciar todo o processo com
estabelecida pela organização. base na compreensão de toda essa dinâmica, além
das suas inter-relações.
Uma vez selecionados os processos estratégicos, é
necessário estabelecer a descrição detalhada de cada
processo de trabalho, identificando os usuários do
processo, as suas necessidades, as entradas e as saí-
das, definindo o produto/serviço, e, a partir daí, es- Descrição do
tabelecer uma estratégia para gerenciar o processo
de forma a atendê-las.
processo de trabalho

Figura 3 - Sistema Organizacional.


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

Dessa forma, a descrição do processo de trabalho em MISSÃO: compromisso e dever da organização


um setor deve conter: para com a sociedade. Razão de sua existência. Li-
nha comum que une os programas e as atividades de
1. definição da missão do setor / área; uma entidade. Pode, também, ser aplicada a setores,
2. meios colocados sob sua autoridade, pessoas serviços, pessoas, etc.
equipamentos, etc.;
3. principais insumos; PRODUTO: resultado (EFEITO) de um processo,
4. principais fornecedores (internos e externos), podendo ser material ou não (SERVIÇO). Um re-
bem como a especificação dos produtos que latório é um produto, uma prescrição médica é um
você recebe de cada um; produto, a administração de medicamentos é um
5. produtos (bens ou serviços); produto.
6. principais usuários (internos e externos) de
cada produto, bem como as especificações dos USUÁRIO: toda pessoa ou organização que é afeta-
seus produtos. da pelo PROCESSO, ou seja, quem adquire ou utiliza
um produto ou serviço. Pode ser dividido em:
Vamos agora compreender o que significa
cada uma dessas descrições?

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a. externo: não pertence à organização que fabri- FORNECEDOR: qualquer pessoa ou organização
ca o produto ou presta o serviço; que forneça recursos (entrada) a um processo.
b. interno: pessoa ou Unidade de Trabalho que
recebe o produto ou serviço do fornecedor, Então, o processo possui uma sequência coordenada
dentro da própria organização. É o que, no de atividades, com o objetivo de produzir um dado
passado, chamava-se “paciente” (aquele que resultado.
espera)! Lembre-se de que a família do usuá-
rio, também, é considerada usuária do serviço • todo processo gera um produto (saída)
de atenção à saúde. • todo processo tem usuários
• todo processo requer entradas
INSUMO: combinação dos fatores que entram na • todo processo tem fornecedores
produção de determinada quantidade de bens ou
serviços (matéria-prima, horas trabalhadas, energia
consumida, etc.).

Figura 4 - Sistema Organizacional.


Fonte: Elaborada pela autora, 2008.

Um processo pode ser definido de diversas dos requisitos de entrada. Para cada processo ma-
formas, alguns autores os definem assim: peado, deve ser elaborado um mapa das principais
etapas e/ou atividades desse processo.
• ordenação específica das atividades de trabalho
no tempo e no espaço, com um começo e um Exemplo:
fim, entradas e saídas claramente identificadas
(DAVENPORT,1994); A Central de Material Esterilizado (CME) recebe os
• grupo de tarefas logicamente interligadas, que materiais cirúrgicos contaminados (entradas), re-
utilizam recursos da organização para gerar re- processa-os utilizando métodos de desinfecção e es-
sultados definidos, de forma a apoiar seus objeti- terilização (processo) e os transforma em materiais
vos (HARRINGTON,1993); reprocessados, prontos para um novo uso (saídas).
• conjunto de atividades vinculadas que tomam
um insumo (entrada) e o transformam para criar O Bloco Cirúrgico recebe os materiais reprocessados
um resultado (saídas) (JOHAANSON,1994); pela CME (saída do processo anterior passa a ser a
• série de etapas criadas para produzir um produ- entrada do novo processo) para utilizá-los nos pro-
to ou serviço (RUMMLER e BRACHE,1994); cedimentos operatórios (novo processo).
• conjunto de atividades inter-relacionadas ou Para mapear o processo, é necessário determinar
interativas que transformam insumos (entra- onde o processo começa e onde ele termina.
das) em produtos (saídas) (ISO – 9000 ABNT, Veja um modelo de descrição de processo utilizado
2000). em hospitais:

O modelo de rede de processos ilustra que os usu-


ários desempenham papel significativo na definição

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Figura 5 – Mapeamento do Processo Emergência.


Fonte: Elaborada pela autora, 2009.

Figura 6 - Mapeamento do Processo Centro Cirúrgico.


Fonte: Elaborada pela autora, 2009.

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Quais os principais produtos/serviços dos processos de trabalho da organização em que você


atua?

Identifique os principais fornecedores e receptores da organização em que você atua.

Identifique os principais fornecedores do processo de trabalho no qual você atua e os princi-


pais insumos que ele fornece.

Você atua no processo gerencial, primário ou de apoio?

Hierarquia de processos: As interações entre os processos da organização po-


dem ser complexas, resultando em uma rede de pro-
Para detalhar essa hierarquia Tânia Pedrosa e Re- cessos interdependentes. As entradas e saídas desses
nato Couto (2006, p.197) organiza os processos da processos podem ser relativas a usuários internos e
seguinte forma: externos.

• Macroprocesso – é um processo que geral- Uma boa gestão de processo tem por objetivo asse-
mente envolve mias que uma função na estrutu- gurar que o mesmo seja desenvolvido em condições
ra organizacional, e a sua operação tem um im- que permitam obter as saídas desejadas ao menor
pacto significativo no modo como a organização custo/tempo. Assim, é fundamental planejá-los,
funciona. definindo as entradas necessárias, as saídas espe-
radas, bem como o desempenho esperado e a for-
• Processo – é um conjunto de atividades se- ma de monitorar esse desempenho, resultando em
qüenciais (conectadas), relacionadas e lógicas, uma estrutura para fornecer produtos ou serviços.
que tomam uma entrada com um fornecedor, Isso caracteriza a chave para o bom desempenho dos
acrescentam valor a ele e produzem uma saída processos e da organização. A saída de um processo
para um cliente (interno ou externo) é a entrada do próximo processo. Os processos não
ocorrem de forma isolada, mas integrada!
• Sub processo – é a parte que, inter-relaciona-
da de forma lógica com outro subprocesso, reali- A especificação dos requisitos de entrada e de saída é
za um objetivo específico em apoio ao macro p e essencial para minimizar a ocorrência de não confor-
contribui para a missão deste. midade3 e, portanto, reduzir custos da não qualidade
(perdas e retrabalhos). Essa especificação contribui
• Atividades – são as ações que ocorrem den- para realizar a gestão de processo, bem como pro-
tro do processo ou subprocesso. São geralmen- mover a melhoria contínua dos mesmos. Para isso,
te desempenhadas por uma unidade (pessoa ou é sempre necessário analisar as não conformidades
departamento) para produzir um resultado par- identificadas entre os processos, analisá-las utilizan-
ticular. Elas se constituem a maior parte em flu- do as ferramentas específicas da qualidade e definir
xogramas. as ações corretivas e preventivas.

• Tarefa – é a parte específica do trabalho, ou me- É essencial, também, que se definam indicadores
lhor, o menor microenfoque do processo, poden- para controle e monitoramento do processo. As ati-
do ser um único elemento e/ou um subconjunto vidades devem ser, preferencialmente, detalhadas
de uma atividade. em rotinas de trabalho, muito difundidas pelos pro-
cedimentos operacionais.

A definição do fluxo de cada processo fornece parâ-


Interações entre metros para relatar e manusear dados relativos aos
processos na organização mesmos. É uma forma de acompanhar a execução
das tarefas, constatando as necessidades de evolu-
ções e melhorias.
Vamos avançar mais um pouco no entendimento da
gestão por processo, entendendo a importância de
formalizarmos as interações entre processos na or-
ganização. 3 Não conformidade é o não atendimento de um requisito
legal ou do sistema organizacional.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 15


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Imagine como seria mais fácil desenvolver as atividades no processo de trabalho em que
você atua, caso as interações/acordos estivessem claramente definidos e formalizados na
organização.

Será que teríamos menos situações de conflito?

Então, a gestão pela qualidade poderia contribuir, dessa maneira, com a gestão de pessas?

Para gerenciar e integrar toda essa cadeia de valor,


é necessário estabelecer uma Política de qualidade
na organização e implementar um sistema formal de
gestão pela qualidade.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 16


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Metodologia dapela
Metodologia da Gestão Gestão pela
Qualidade
O que é um sistema de gestão da qualidade? facilitar o acompanhamento e o controle. Controlan-
do os processos menores (micro processos), é pos-
É um conjunto de medidas desenvolvidas por uma sível localizar, mais facilmente, os problemas e agir
organização, para promover a integração dos ele- sobre a causa fundamental.
mentos relacionados com: planejamento estratégico,
estruturação organizacional, definição de responsa- A Gestão da Qualidade sugere estabelecer uma me-
bilidades e atribuições de indivíduos ou grupos, ado- todologia para gerenciar e controlar os processos.
ção de procedimentos administrativos e executivos Primeiro, é fundamental DETECTAR os problemas,
requeridos, utilização de métodos e processos apro- resultados indesejáveis, ANALISAR, buscando as
priados e alocação dos recursos materiais e huma- suas causas, e ATUAR sobre elas, para que o resulta-
nos, necessários para permitir uma implementação do possa ser atingido conforme planejamos.
efetiva das ações de garantia da qualidade, aplicáveis
ao produto ou serviço. A garantia da qualidade é o Segundo Nogueira (1999), a Gestão pela Qualidade
conjunto das ações sistemáticas e planejadas, neces- enfrenta cada problema, cada mau resultado, como
sárias para proporcionar confiança adequada de que uma oportunidade para melhorar – uma chance de
uma estrutura, componente ou instalação, ou servi- se estudar o processo, descobrir, exatamente, qual
ço, funcionarão adequadamente. foi a causa fundamental que originou aquele resul-
tado indesejável, e atuar nessa causa, bloqueando-a,
Assim, a Gestão da Qualidade propõe o desdobra- para que ela não volte a ocorrer.
mento desses processos em outros processos, para

Fique atento(a)!

Quem não tem problemas não está gerenciando, pois problema é uma oportunidade de me-
lhoria.

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Controle e Monitoramento
Controle e Monitoramento de Processos
Problemas são provenientes das anomalias ou des- Reafirmando, detectar um problema é uma opor-
vios de padrão e devem ser eliminados o quanto tunidade de identificar melhorias nos processos,
antes. O controle dos processos é absolutamente estudar o processo, descobrir, exatamente, qual foi
fundamental porque, de acordo com Deming (apud a causa fundamental que originou aquele resultado
NOGUEIRA, 1999), de 85% a 95% dos problemas indesejável e atuar para que ela não volte a ocorrer.
são resultado de falha nos processos, e não de fa-
lha das pessoas Problemas bons são os que surgem Os resultados são consequências de um ou mais pro-
a partir de novas metas de melhorias. Estes sempre cessos. Resultados, bons ou ruins, não acontecem
existirão. por acaso. Ex: realização de uma cirurgia, material
esterilizado, medicamento dispensado, emissão de
Isso revela uma prática organizacional que precisa um laudo, emissão de uma conta hospitalar, é resul-
ser revista por toda liderança, ou seja, diante de um tado de um ou mais processos.
problema a nossa tendência, em geral, é procurar
um “culpado”: “quem fez isso”? Quando deveríamos Lembre-se: para controlar um processo é preciso
perguntar: ”por que isso aconteceu”? conhecê-lo. Reflita se você conhece bem os proces-
sos dos quais o seu trabalho participa, na sua orga-
nização.

Existem métodos para controlar os processos?

Você controla os processos nos quais se insere na organização? De que maneira?

O método mais utilizado pela metodologia da Gestão O objetivo principal da Gestão pela Qualidade é ga-
pela Qualidade é o do ciclo do PDCA, também co- rantir o planejamento, a manutenção e a melhoria
nhecido como ciclo de Shewhart – Deming. contínua dos processos. Sem o aprimoramento con-
tínuo não é possível avançar na qualidade. Assim, a
O ciclo PDCA foi introduzido no Japão após a segun- utilização de um método é de fundamental impor-
da guerra, idealizado por Shewhart e divulgado por tância para a garantia e a consolidação da Gestão
Deming, quem efetivamente o aplicou. Inicialmente, pela Qualidade na organização.
deu-se o uso da estatística e de métodos de amos-
tragem. O ciclo de Deming tem por princípio tornar Segundo Nogueira (1999), para conseguirmos con-
mais claros e ágeis os processos envolvidos na exe- trolar, com êxito, os processos, é preciso utilizar um
cução da gestão, como, por exemplo, na gestão pela método, um caminho, com ferramentas e com téc-
qualidade. nicas específicas, que nos permita chegar aonde de-
sejamos. Na Gestão pela Qualidade, este método é o
Ciclo PDCA de controle de processos.

Figura 7 - O Ciclo PDCA para controle de processos.


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

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O Ciclo do PDCA é aplicado para se atingir resulta- de práticas habituais. Isso requer informar as pesso-
dos dentro de um sistema de gestão e pode ser utili- as e treiná-las.
zado em qualquer organização de forma a garantir o
controle dos processos, independentemente da área C (Check) ou Checar - é confrontar os resultados
de atuação. alcançados com o planejado. Nesse caso, é preciso
coletar dados, a fim de evidenciar que o objetivo foi
O ciclo inicia pelo planejamento, em seguida a ação atingido. Isso equivale a verificar se o plano de ação
ou conjunto de ações planejadas são executadas, eliminou o problema, permitindo avançar rumo à
checa-se se o que foi feito estava de acordo com o etapa seguinte.
planejado, constantemente e repetidamente (cicli-
camente), e toma-se uma ação para eliminar, ou ao A (Act) ou Agir - é necessário atuar em relação a
menos mitigar, defeitos no produto ou na execução. todo o processo. Existem, basicamente, duas possi-
bilidades: a primeira, eu consegui alcançar a meta
P (Plan) ou Planejar – corresponde a definir as estabelecida; precisarei padronizar o método que
metas e os métodos que permitirão atingi-las. De- utilizei, para garantir que o resultado será sempre
finidas as metas, é preciso identificar os problemas aquele, toda vez que o processo for executado.
a ela relacionados e as dificuldades existentes para
cumpri-las. Observa-se, inicialmente, o problema; A segunda possibilidade é que eu não consegui al-
depois, procede-se à sua análise detalhada, com o cançar a meta. Nesse caso, é preciso atuar, corretiva-
objetivo de identificar suas principais causas. Poste- mente, em relação aos desvios observados: retornar
riormente, é elaborado o plano de ação, com o ob- à fase P (Plan) e girar, novamente, o ciclo, até que
jetivo de eliminar as causas do problema e, assim, a meta proposta seja alcançada. Assim, o resultado
aprimorar o processo, produto ou serviço. significa criar um mecanismo para que a resolução
do problema seja duradoura. Pode-se, então, criar
D (Do) ou Fazer - significa desenvolver o plano de um padrão de trabalho a ser seguido rotineiramente.
ação. Envolve a preparação das pessoas para a rea- Além disso, as atividades devem ser revistas e um
lização das novas tarefas ou, então, para a alteração novo planejamento deve ser atingido.

Figura 8 - Ciclo PDCA.


Fonte: http://www.gomesdematos.com.br/2010/esse-tal-de-pdca/

O gerenciamento de processos pressupõe o controle Controle é o ato de buscar as causas (meios) da im-
dos processos de trabalho, para assegurar a sua es- possibilidade e se atingir uma meta (fim), estabele-
tabilidade e ações que objetivem a sua melhoria con- cer contramedidas, elaborar um plano de ação, atuar
tínua. Assim, é muito importante ter a compreensão e padronizar em caso de sucesso.
adequada do comportamento (previsibilidade) des-
ses processos. Um processo pode ser controlado (ou gerenciado)
com dois objetivos:

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a. para manter os resultados dentro de uma fai- propósito. Assim, a essência da manutenção é a pa-
xa de valores denominada padrão – SDCA. dronização dos procedimentos. Desse modo, quando
o ciclo PDCA é utilizado para manter o processo, é
Na fase de manutenção da qualidade, a preocupação também conhecido como SDCA, onde o “S” vem da
é garantir que o processo esteja sobre total controle, palavra “standart”, que significa padrão.
ou seja, que o processo ocorra sempre da forma como
foi planejado, visando a garantir a previsibilidade dos Segundo Campos (1992) apud Nogueira (1999, p.22)
resultados. Para que isso possa ocorrer, é necessário “a manutenção dos resultados é obtida pelo cumpri-
utilizarmos a padronização dos processos. É através mento de padrões e é possivelmente o aspecto mais
da padronização que garantiremos a constância de importante do Controle da qualidade total.”

Figura 9 - Ciclo PDCA para Manutenção de Resultados.


Fonte: Campos (1992).

b. para melhorar os resultados de forma a atin- dade e estabelecer novos métodos e ações para que
gir ou superar certo valor denominado meta – as metas possam ser atingidas.
PDCA.
O PDCA pode ser utilizado tanto para a solução de
Para possibilitar melhorias nos processos é necessá- problemas quanto para as melhorias de processos.
rio alterar as metas para níveis superiores de quali-

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Figura 10 - Ciclo PDCA para Manutenção de Resultados.


Fonte: Campos (1992).

Observe que o controle para melhorar é conduzido cionais, muito embora as funções gerenciais atuem
pelas funções gerenciais, já o controle para manter no tratamento dos desvios ou ações corretivas.
é conduzido, principalmente, pelas funções opera-

Fique atento(a)!

O método do PDCA pode ser utilizado para planejar, para manter os resultados atuais e para
melhorar estes resultados.

Reflita como você se situa em relação ao PDCA.

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Utilização do método
Utilização do método PDCA PDCA
O uso do PDCA é mais indicado para tratar proble- D 5 - Execução: acompanhe e providencie apoio
mas numa fase ainda inicial, na qual não haja fatos e moral para que o bloqueio das causas fundamen-
dados registrados de forma sistemática. tais se concretize.

P 1 - Identificação do Problema: natureza real, C 6 - Verificação: acompanhar os resultados obti-


responsabilidade, grau de dificuldade e prioriza- dos. Se houver reincidência do problema, volte ao
ção para solução. passo 2 (causas fundamentais mal determinadas).
Se o bloqueio foi efetivo, prossiga com o passo 7.
P 2 - Observação do Problema: conhecê-lo da for-
ma mais detalhada possível. Apresentar à equipe A 7 - Padronização: para se prevenir contra o rea-
as características principais e pedir que pesquisem parecimento do problema:
outros detalhes. Responder às questões: Por que
ele está ocorrendo? Quando? Que características a. estabeleça procedimentos simples, que garan-
específicas este problema apresenta? Já ocorreu tam o sucesso do bloqueio do problema, bem
antes? Em caso positivo, qual foi a causa e a so- como o cumprimento de novos padrões;
lução dada? b. redija um POP – Procedimento Operacional
Padrão, em linguagem simples e de fácil com-
Coletar o maior número possível de fatos e dados preensão para todos os envolvidos.
que aumentem a compreensão a respeito do pro-
blema. Se for repetitivo, é necessário coletar Na unidade 2 explicaremos como fazer um POP, as-
dados durante algum tempo e calcular a capaci- sim como sua importância e utilização.
dade do processo para avaliar se precisará reformar
todo ele. A 8 - Conclusão: recapitular todo o processo de
Solução do Problema para o trabalho futuro. Res-
P 3 - Análise do Problema: busca da causa fun- ponder às questões:
damental.
a. foi fácil seguir o PDCA em 8 passos?
a. Faça um Brainstorming (tempestade de idéias) b. houve dificuldade na utilização de alguma fer-
para encontrar a causa fundamental. ramenta?
b. Construa um Diagrama de Causa e Efeito e c. houve participação de todos?
classifique as causas como prováveis e impro- d. as reuniões foram produtivas?
váveis, com base na observação do passo 2. e. a distribuição de tarefas foi boa?
c. Para as causas prováveis, prepare experimen- f. o que poderia ser melhorado?
tos simples para confirmar a relação de Causa
e Efeito. Para aprimorar os processos, é necessário esclarecer
d. Havendo confirmação de alguma causa prová- com a equipe de trabalho: quem tem autoridade so-
vel, tente chegar à causa fundamental, pergun- bre o processo e quem tem responsabilidade sobre o
tando várias vezes: “por quê?”. processo.

Na próxima unidade, falaremos, detalhadamente, A autoridade é exercida sobre os meios colocados


sobre Brainstorming e Diagrama de Causa e Efeito. sob sua orientação para que os resultados sejam pro-
duzidos.
P 4 - Planejamento da Ação de Bloqueio (5W2H):
significa, em inglês: What, When, Where, Who, A responsabilidade é exercida pelos resultados do
Why, How e How Much. Ou, em português: o quê, processo perante os usuários.
quando, onde, quem, por quê, como e quanto cus-
ta.

a. Promova um novo Brainstorming para deter- Autoridade - Sobre seu Processo


minar as ações de bloqueio. (Meio)
b. Elabore um Planoh de Ação. DELEGAÇÃO
Responsabilidade - Sobre os Resul-
O plano de ação também será explicado de forma tados (Fins)
mais aprofundada na próxima unidade.

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Você só pode assumir responsabilidade por algum 1. um objetivo gerencial


resultado quando tiver autoridade sobre os meios 2. um valor
(processo) necessários para atingir aquele resultado. 3. um prazo
Assumir responsabilidade é cumprir as metas esta-
belecidas pelas pessoas (usuários, financiadores, co- Exemplo: reduzir o número de reclamações no servi-
laboradores, dentre outros). ço de marcação de consultas em 30% até dezembro
deste ano.
Lembre-se: não existe gerenciamento sem meta. Ge-
renciar é estabelecer metas e ter um plano de ação • Um objetivo gerencial - reduzir o número de re-
para atingi-las. clamações no serviço de marcação de consultas
• Um valor - em 30%
Uma meta é um gol. Um ponto a ser atingido no fu- • Um prazo - até dezembro deste ano
turo.
Todo o esforço para atingir a meta necessita de uma
Planejar é definir aquilo que tem que ser feito para metodologia de acompanhamento, ou seja, um mé-
que a meta seja atingida. todo.

Uma meta é constituída de três partes: Assim, o PDCA é o caminho para gerenciar os pro-
cessos e atingir as metas.

Fique atento(a)!

Na próxima Unidade, aprofundaremos pontos e aspectos apontados até aqui. Ampliaremos,


mais ainda, os nossos conhecimentos e estudaremos as ferramentas da qualidade, que são
instrumentos essenciais para consolidar a utilização do PDCA e, consequentemente, a Gestão
pela Qualidade.

Continue atento(a)!

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 23


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Módulo 3
Gestão de Processos e de Riscos

Ferramentas da Qualidade
Unidade Didática II

As Ferramentas da Qualidade
como base para a melhoria contínua
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Refletindo um pouco...
Refletindo um pouco...

Fonte: www.jlc.net.br

Qual aplicabilidade você conseguiu enxergar para a Gestão de Processos em sua área de trabalho?

Você lembra qual a utilidade do método PDCA?

Agora, vamos conhecer como poderemos integrar as Ferramentas da Qualidade a Gestão de Processos. Você
conhece alguma ferramenta?

A melhoria contínua do desempenho, entendido O modelo de Gestão pela Qualidade adota técnicas
como resultado obtido com a gestão, exige aprimora- para a resolução de problemas, conhecidas como
mento contínuo da organização do trabalho. Para se “ferramentas da qualidade”, cuja aplicação possibi-
alcançar esse estágio, o caminho correto passa pela lita a identificação e a solução de problemas, além da
resolução efetiva das não conformidades1, buscando, mensuração das melhorias alcançadas.
progressivamente, metas mais exigentes, formulan-
do as perguntas certas, orientadas para as soluções e Esta unidade tem como objetivo abordar as princi-
efetuando as análises apropriadas. pais ferramentas da qualidade para o gerenciamen-
to de organizações de saúde, que são importantes
instrumentos de apoio para auxiliar os gestores e
1 Não conformidade é o descumprimento de um requisito
profissionais na prática da qualidade e, consequen-
especificado (CAMPOS, 1994). temente, na busca pela melhoria contínua.

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Relembranso
Relembrando o PDCA o PDCA
O princípio fundamental da Gestão pela Qualidade O ciclo do PDCA é utilizado para controlar tais pro-
Total está baseado no controle de processos, já que cessos, através de funções básicas como planejar,
todo o trabalho humano realiza-se através de pro- executar, verificar e atuar corretivamente, sendo
cessos. que, para cada uma dessas funções, existe uma série
de atividades que devem ser realizadas.

Figura 1 - O Ciclo PDCA.


Fonte: http://sempreon.blogspot.com/2007/09/ciclo-pdca-gerenciamento-projetos.html

Cada letra do ciclo corresponde a um termo do voca- C – CHECK (Verificar)


bulário americano, que se traduz da seguinte forma: Fase de monitoração e avaliação, quando os resul-
tados da execução são comparados com o planeja-
P – PLAN (Planejar) mento (metas versus resultados) e registrados os
Antes da execução de qualquer processo, as ativi- desvios encontrados (problemas).
dades devem ser planejadas, com as definições de
onde se quer chegar (meta) e do caminho a seguir A – ACTION (Atuar Corretivamente)
(método). Definição de soluções para os problemas encontra-
dos, com contínuo aperfeiçoamento do processo.
D – DO (Executar) Como pode ser verificado na Figura 1, existe um
É a execução do processo com o cuidado do regis- sentido a ser obedecido, que vai do “P” ao “A”.
tro de dados, que permitam o seu controle poste-
rior. Nesta fase, é essencial o treinamento.

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Visando fixar o conceito e aplicabilidade do ciclo


PDCA, veja abaixo um exemplo da atuação do pro-
fissional médico.

Figura 2 - O Ciclo PDCA e a atividade do médico.


Fonte: Nogueira, 1999, p. 30.

Figura 3 - O Ciclo PDCA para controle de processos (autoria própria, 2000).

Ao analisar o exemplo e esquema anterior, em qual situação no seu processo de trabalho o


método PDCA poderia auxiliar na resolução de um problema?

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As Ferramentas
As Ferramentas da Qualidade
da Qualidade
Conceitualmente, podemos dizer que as ferramentas • Gráfico de Pareto
são técnicas que utilizamos com a finalidade de iden- • Diagrama de causa-efeito (espinha de peixe ou
tificar o problema, mensurá-lo, analisá-lo e propor diagrama de Ishikawa)
soluções. Por isso, a prática da qualidade não pode • Gráficos de dispersão
estar dissociada da utilização dessas ferramentas, • Histogramas
que permitem definir, objetivamente, os pontos de • Gráfico Sequencial e Carta de controle
melhoria de cada processo analisado.
Conforme ressalta Nogueira (1999), na visão de um
Basicamente, trabalhamos com sete ferramentas da dos grandes estudiosos da Qualidade, o Prof. Kaoru
qualidade, que são: Ishikawa (1915-1989), 99% de todos os problemas
dentro de uma organização podem ser resolvidos
• Estratificação utilizando-se essas ferramentas.
• Folha de verificação

Você conhece, já utilizou ou ouviu falar dessas ferramentas?

Agora vamos conhecer cada ferramenta mais


detalhadamente!

Estratificação
Esta ferramenta é uma maneira de se enxergar uma
situação sob vários ângulos diferentes, identifican-
do diversas partes do todo, ou subgrupos dentro do
grupo maior. Vamos imaginar, por exemplo, que um Fonte: http://www.toptalent.com.br/index.php/2010/09/22/
determinado hospital esteja enfrentando um sério reduza-o-absenteismo-utilizando-a-metodologia-seis/
problema de aumento do absenteísmo2 entre seus
colaboradores. Com a estratificação, pretende-se Para responder a essas perguntas, algumas informa-
examinar o problema, permitindo sua visão de for- ções específicas precisam ser observadas: categoria
ma mais específica (NOGUEIRA, 1999). profissional, turno, dia da semana, setor de traba-
lho. Assim, uma situação genérica que no início era
Tomando esta situação, por exemplo, surgem alguns conhecida como “aumento do absenteísmo de cola-
questionamentos: borados do hospital”, após a estratificação poderia
se tornar, por exemplo, “aumento do absenteísmo
• Como tem ocorrido esse absenteísmo? entre os enfermeiros da unidade de internação, do
• Ocorre de forma generalizada ou prevalece em turno da noite, às sextas-feiras”. É evidente que a se-
um determinado dia da semana ou turno? gunda situação é mais clara, o que facilita a aborda-
• Acontece com todas as categorias profissionais? gem para solução do problema (NOGUEIRA, 1999).

2 Absenteísmo é a frequência ou duração de tempo de tra-


balho perdido quando os empregados não vão ao trabalho.
Constitui a soma dos períodos em que os funcionários se en-
contram ausentes do trabalho, seja por falta ou algum motivo
de atraso (WIKIPÉDIA, 2011).

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 28


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Por isso, lembre-se: o primeiro passo para a solução de um problema é saber identificá-lo
corretamente!

Outro exemplo é analisarmos as cirurgias iniciadas especialidade cirúrgica, dia da semana, dentre ou-
com atraso em determinado hospital. Poderemos tros. Neste caso, poderemos estudar a performance
definir, neste exemplo, vários estratos, como turno, do centro cirúrgico com um foco mais específico.

Esse problema acontece na sua organização?

Quais estratos você utiliza para analisar melhor esse problema?

Figura 4 - Exemplos de estratos.


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

Folha de Verificação a coleta de dados represente um ciclo típico da ati-


vidade.
Trata-se de uma ferramenta em que as dimensões
Na utilização desta ferramenta Nogueira destaca:
de um determinado fenômeno, a serem estudadas,
já estão previamente impressas. Sua finalidade é co-
É importante também que a pessoa
letar os dados de forma fácil e já organizada, o que
que fizer as anotações tenha consci-
facilitará ainda mais o seu estudo posterior (NO-
ência da importância do seu trabalho
GUEIRA, 1999).
e que esteja claro para ela que bons e
maus resultados deverão ser anotados
Com a folha de verificação, qualquer padrão que
igualmente, sem medo nem culpa. Do
exista torna-se claro e facilmente verificável. É im-
contrário, corre-se o risco de obten-
portante que os dados coletados sejam uma amostra
ção de um quadro irreal da situação
significativa do total, e que o período de tempo para
(NOGUEIRA, 1999, p.57).

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 29


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Como fazer uma Folha de Verificação • Utilizar o impresso padronizado e listar as ocor-
rências a serem registradas na coluna correspon-
• Estabelecer com a equipe envolvida o objetivo da dente.
coleta dos dados. • Lembrar que pode haver um estrato denomina-
• Definir a quantidade, o tamanho da amostra dos do OUTROS, que deve corresponder a ocorrên-
dados e a frequência de coleta dos dados (diário, cias isoladas, com frequência baixa.
semanal, ou mensal). • Atentar para que a coleta seja realizada em si-
• Definir a responsabilidade pela coleta dos dados tuação típica das atividades, evitando situações
e treinar a equipe envolvida, enfatizando a im- sazonais.
portância desta tarefa.
• Definir de que forma os dados serão coletados
(números, valores, símbolos, etc.).

Figura 5 - Exemplo de folha de verificação.


Fonte: http://tecnologiaegestao.wordpress.com/2010/05/14/folhas-de-verificacao/

Não esqueça: uma Folha de Verificação bem feita auxilia muito na solução de um problema!

Imagine um problema real de uma organização.

Agora, experimente exercitar e utilize a Folha de Verificação.

Você consegue enxergar o problema de uma maneira mais clara e objetiva?

Diagrama de causa e efeito


É uma representação gráfica usada para apresentar gorias e em diversos níveis. Esta ferramenta é conhe-
a relação existente entre o PROBLEMA a ser solu- cida também como diagrama de espinha de peixe ou
cionado (efeito) e os FATORES (causas) do processo diagrama de Ishikawa.
que podem causar o problema, agrupados em cate-

Figura 6 - Diagrama de Causa e Efeito.


Fonte: http://www.talentusconsultoria.com/ishikawa.php

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 30


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Mas, antes de estudarmos de fato o diagrama de vários outros fatores precisam ser le-
causa e efeito, é importante destacar uma das valio- vados em consideração: número de sa-
sas contribuições que o psicólogo norte-americano las para atendimento, disponibilidade
Abraham Maslow deixou ao abordar a teoria da Ges- de material, disponibilidade de pessoal
tão pela Qualidade Total: o fato de, frequentemente, auxiliar, equipamentos e técnicos para
confundirmos o meio com os fins. realização de procedimentos diagnósti-
cos etc. (NOGUEIRA,1999, p.58).
Para exemplificar esta dúvida, Nogueira (1999) nos
relata a seguinte situação: Com esse exemplo, torna-se claro a nossa constante
análise imediatista, não levando em consideração a
Ao passarmos diante do ambulatório necessidade de uma verificação mais detalhada da
de um hospital e vermos uma fila enor- situação, visando a identificar, realmente, a causa do
me, podemos em um primeiro racio- problema.
cínio simplista achar que o problema
deste local é que existem poucos mé- Como fazer um Diagrama de Causa e Efeito
dicos atendendo. Mas, na realidade,
o fim, o objetivo, o efeito desejado no • Definir, claramente, o problema a ser analisado;
ambulatório não é possuir muitos mé- • Reunir um grupo de pessoas envolvidas no pro-
dicos. O objetivo final é o atendimento blema para realizar um Brainstorming2 ou “tem-
satisfatório dos pacientes. No entanto, pestade de ideias”, ou ainda, utilizando a técnica
para atingirmos este efeito, é preciso dos “por quês”, até que se chegue às causas fun-
considerar várias causas, vários meios, damentais.
através dos quais este objetivo será • Esquematizar o Diagrama, conforme figura abai-
atingido. E os médicos, com certeza, xo:
constituem um dos meios. Entretanto,

Figura 7 – Diagrama de Causa e Efeito.


Fonte: http://www.gestaoindustrial.com/Ishikawa.jpg

• Escrever o problema no retângulo denominado ambiente, Mão-de-obra e Método). É importante


EFEITO. ressaltar que estas categorias devem servir ape-
• Classificar as causas encontradas através do nas para orientação, e não, necessariamente, as
Brainstorming em causas principais ou sub-cau- causas têm que se encaixar nelas. Portanto, po-
sas, que sempre estarão relacionadas às anterio- derá haver problemas analisados nos quais não
res, e devem ser escritas em retângulos separa- haja causas prováveis em uma ou outra categoria.
dos, mas mantendo no diagrama a ligação com a Na área de serviços, as causas, frequentemente,
causa principal. podem ser agrupadas nas seguintes categorias:
• No segmento da indústria, as causas principais Pessoas, Métodos/Processo, Equipamentos/Ma-
são conhecidas como “fatores de manufatura” ou teriais e Ambiente.
6 M’s (Matéria-prima, Máquina, Medida, Meio

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 31


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Figura 8 – Diagrama de Causa e Efeito.


Fonte: Adaptado pela autora, 2000

Na utilização desta ferramenta, Nogueira (1999) gico, representante da central de material esteriliza-
destaca: do, da lavanderia, cirurgião e anestesista.

A construção cuidadosa do diagrama De uma primeira análise (Brainstorming3) foram


de causa e efeito tem por finalidade identificadas as seguintes causas:
mostrar com clareza e em diversos ní-
veis de detalhamento quais as causas • atraso do cirurgião;
que contribuem para o surgimento de • atraso do anestesiologista;
um determinado efeito. Desta forma, • sala ocupada;
quando temos um efeito indesejável, • sala não preparada;
a identificação de suas causas funda- • atraso do paciente;
mentais torna possível conceber uma • falta de roupa;
forma de solucioná-las, e não perder • falta de instrumental;
tempo atacando sintomas. A analogia • exames incompletos;
com o tratamento médico aqui é per- • paciente demora a chegar ao centro cirúrgico;
feita: não adianta nos concentrarmos • falta de maca;
na febre (efeito) se não descobrirmos • estimativa inadequada de duração da cirurgia
e combatermos a razão dela (causa). anterior;
É importante ressaltar que quando um • complicação na cirurgia anterior.
grupo se reúne para discutir um pro-
blema, obviamente cada um o enxerga A partir daí, foi construído o seguinte Diagrama de
inicialmente sob a sua própria perspec- Causa e Efeito:
tiva, sob uma ótica pessoal. O brains-
torming e o diagrama de causa e efeito
a que ele dará origem são formas efica-
3 Brainstorming ou chuva de ideias é uma técnica criada
zes de se combinarem estas percepções
por Alex Osborn, em 1953, que tem como principal objetivo
individuais. O resultado é uma visão explorar a criatividade. É uma ferramenta para geração de
mais ampla, abrangente e profunda da novas ideias, conceitos e soluções para qualquer assunto ou
realidade. (NOGUEIRA, 1999, p.58). tópico num ambiente livre de críticas e de restrições à ima-
ginação. O Brainstorming é útil quando se deseja gerar, em
Vamos exemplificar a construção de um diagrama de curto prazo, uma grande quantidade de idéias sobre um as-
sunto a ser resolvido, possíveis causas de um problema, abor-
causa e efeito para o problema “alto índice de atrasos
dagens a serem usadas ou ações a serem tomadas. Sua grande
para início de cirurgias eletivas”. Suponhamos que, vantagem é liberar as pessoas a pensarem de maneira cria-
para a análise deste problema, foram chamadas pes- tiva. (Fonte: Site Sucesso News - http://www.sucessonews.
soas das diversas áreas envolvidas: enfermeiras da com.br/tag/brainstorming/)
unidade de internação, coordenação do centro cirúr-

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 32


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Figura 9 – Exemplo de Diagrama de Causa e Efeito adaptado (NOGUEIRA, 1999, p. 62).

Em resumo:

O QUE É DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO (DCE)? Diagrama que expressa, de modo simples e
fácil, a série de causas de um efeito indesejado (Problema).

PARA QUE SERVE? Para pesquisar, de forma sinérgica, as causas de um problema.

Outra técnica que pode ser utilizada é o chamado 5 causas triviais de um problema, para que sejam prio-
porquês. Consiste em selecionar um problema ou rizadas as ações e otimizado o uso dos recursos na
evento e perguntar por que ele aconteceu. Depois, su- solução deste problema.
cessivamente, ir perguntando por que cada resposta
dada aconteceu. Por exemplo: na área de Radiologia Permite dividir um problema maior em um grande
identificamos que o serviço interrompeu o funciona- número de problemas menores e mais fáceis de se-
mento por três horas. Por que deixou de funcionar? rem resolvidos, resultando na eliminação de quase
Por que o revelador acabou. Por que o pedido foi fei- todas as perdas. Pode ser utilizado para priorizar
to com atraso? Por que não foi observado o ponto de projetos e estabelecer metas concretas e atingíveis.
reposição? Por que os técnicos não foram comunica-
dos nem treinados adequadamente? A denominação desta ferramenta deve-se aos estu-
dos estatísticos realizados pelo engenheiro romeno
Experimente utilizar, separada e, depois, associa- J. M. Juran, que tomou como base os trabalhos an-
damente, as técnicas do brainstorming, 5 porquês teriores de Vilfredo Pareto, um economista italiano,
e gráfico de espinha de peixe, para solucionar o pro- que viveu entre o período de 1848 e 1923.
blema. Então, fica mais claro em que assuntos de-
veremos atuar, para que um problema cesse ou seja Princípio de Pareto:
minimizado?
“Sempre que um grande número de cau-
sas contribui para um determinado efeito,
poucas destas causas são responsáveis pela
Gráfico de Pareto maior parte do efeito.” (NOGUEIRA, 1999,
p.61).
Esta é uma ferramenta utilizada para distinguir, com
clareza, as poucas causas fundamentais das muitas

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• Elaborar uma planilha contendo as seguintes co-


lunas:
◦◦ estratos em ordem decrescente de ocorrência;
lembre-se de que as ocorrências classificadas
como “outros” devem ser aquelas consideradas
de menor importância;
◦◦ quantidade absoluta;
◦◦ quantidade acumulada;
◦◦ porcentagem por estrato;
◦◦ porcentagem acumulada;
• Construir o Gráfico de Pareto, traçando:
◦◦ dois eixos verticais e paralelos, um contendo
o número absoluto de ocorrências e o outro a
porcentagem de 0 a 100;
Fonte: http://www.eumed.net/cursecon/economistas/Pareto.htm ◦◦ um eixo horizontal, onde cada barra corres-
ponderá a um estrato;
◦◦ uma linha acima das barras do gráfico, que
Como fazer o Diagrama de Pareto corresponderá à somatória das porcentagens
de cada estrato em relação ao total das ocor-
• Identificar o problema. rências;
• Realizar um Brainstorming com a equipe envol- • Coletar os dados a partir de uma Folha de Veri-
vida. ficação (caso tenha dúvidas, consulte novamente
• Elaborar um Diagrama de Causa e Efeito. “como fazer uma folha de verificação”).

Figura 10 – Exemplo de Gráfico de Pareto.


Fonte: http://www.geranegocio.com.br/imagem/peqneg/q1.gif

Para exemplificar, voltemos ao problema do alto ín- Imagine que a equipe de trabalho de um determina-
dice de atraso para início de cirurgias eletivas. De do Centro Cirúrgico, ao invés de tomar uma decisão
forma imediatista, poderíamos pensar que esse pro- precipitada, já conseguiu identificar as causas que
blema seria resolvido com advertência aos aneste- levam ao atraso de cirurgias através do diagrama
sistas e cirurgiões, aquisição de mais roupa, mudan- de causa e efeito. No entanto, é importante verificar
ça no processo de marcação etc. Qualquer decisão qual destsas causas tem maior impacto no resultado
gerencial quando não é baseada em fatos e dados, indesejado (atraso). Ao utilizar a Folha de Verifica-
corre o risco de ser ineficaz, além de trazer desgaste ção, a equipe constatou os seguintes resultados:
e desestímulo às pessoas atingidas pela mesma (NO-
GUEIRA, 1999).

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Quadro 1 - Folha de Verificação - Ocorrências de atrasos em cirurgias.


Fonte: NOGUEIRA, 1999, p. 63.

A seguir, utilizamos a folha de verificação para facili- tidade acumulada de ocorrências, outra coluna de
tar a construção do Gráfico de Pareto. Esta planilha percentagem por estrato e, por último, uma coluna
retrata a reação dos estratos, em ordem decrescente onde colocamos as percentagens acumuladas (NO-
de ocorrência, seguida de uma coluna com a quan- GUEIRA, 1999).

Quadro 2 - Planilha de dados para a construção do Gráfico de Pareto.


Fonte: NOGUEIRA, 1999, p. 64.

O próximo passo é a construção do Gráfico de Pare- presenta um estrato. A linha traçada na parte supe-
to: dois eixos paralelos, o da esquerda com o número rior, acima das barras do gráfico, mostra a somatória
absoluto de ocorrências e o direito com a percenta- das percentagens de cada estrato em relação ao total
gem, de 0 a 100. No eixo horizontal, cada barra re- das ocorrências (NOGUEIRA, 1999).

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 35


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Gráfico 1 - Gráfico de Pareto – Atraso de Cirurgias.


Fonte: NOGUEIRA, 1999, p. 65.

Ao analisar esses dados, a que conclusões podemos chegar?

Quais ações podem ser adotadas visando a solucionar o problema?

A análise do Gráfico 1 demonstra que existem duas nossos esforços. Dessa forma, estaremos priorizan-
causas principais de atraso no início de cirurgias: do ações, otimizando resultados, economizando re-
falta de roupa e sala ocupada. Então, solucionando cursos e atuando sobre as causas responsáveis pela
as duas primeiras causas, teremos resolvido 71,4% maior parte do problema (NOGUEIRA, 1999).
do problema. Por isso, é aí que devemos concentrar

Vamos exercitar!

Identifique um problema na sua área de trabalho.

Agora utilize as ferramentas até então apresentadas: estratificação, folha de verificação, dia-
grama de causa e efeito e gráfico de Pareto.

E então, o que mudou na sua análise?

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Para fixar, ainda mais, a utilização do Gráfico de Pa-


reto, vamos analisar outro exemplo que corresponde
a erros em prontuário.

Quadro 3 - Planilha de dados para a construção do Gráfico de Pareto.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

a - Ausência de Assinatura
b - Sem Evolução Médica
c - Sem Evolução Enf.
d - Ausência de Data
e - Outros

Gráfico 2 – Gráfico de Pareto – Erros em Prontuário.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do
Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

O Gráfico de Pareto indica, claramente, que o erro os itens sem evolução médica, sem evolução de en-
com maior incidência é ausência de assinatura. Por- fermagem, estaremos solucionando quase 85% de
tanto, esse erro deve ser solucionado primeiro. Além todos os erros existentes.
disso, se solucionarmos ausência de assinatura, com

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Diagrama de Dispersão A construção do gráfico pode nos sinalizar que a cor-


relação entre as variáveis estudadas é positiva ou ne-
gativa, ou, ainda, que não exista correlação alguma.
São gráficos que permitem avaliar se existe correla-
ção entre duas ou mais variáveis, bem como a inten-
A correlação positiva demonstra que, à medida que
sidade dessa correlação e a relação de causa e efeito.
os valores de uma variável aumentam, os valores da
outra variável também se elevam. Poderíamos citar,
Como fazer um Diagrama de Dispersão
como exemplo, o aumento do faturamento hospita-
lar decorrente do aumento das internações em de-
• Coletar os pares da amostra em uma quantidade
terminado período.
significativa para análise; sugerimos, pelo me-
nos, 30 pares de dados.
A correlação negativa apresenta a diminuição de
• Traçar o eixo vertical com a variável “efeito” e o
uma variável quando ocorre o aumento da outra.
eixo horizontal com a variável “causa”;
Exemplo: em um ambulatório, à medida que se tem
• Marcar no gráfico os pares de valores.
mais médicos atendendo, menor é o tempo de espe-
• Incluir no gráfico algumas informações adicio-
ra do usuário.
nais como: nome das variáveis, período de cole-
ta, tamanho da amostra e outros.
A seguir, alguns exemplos de diagramas de disper-
são:

Figura 11 – Diagrama que correlaciona o consumo de gasolina e a velocidade de um carro – correlação negativa.
Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Figura 12 – Diagrama que correlaciona as consultas marcadas com o número de faltas dos usuários – correlação positiva.
Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

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Figura 13 – Diagrama que correlaciona o número de desistências com o tempo de atendimento – ausência de correlação.
Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Histograma saltar que o histograma pode ser comparado a uma


fotografia instantânea de um processo, ao passo que
o gráfico sequencial, próxima ferramenta que vere-
É uma ferramenta que consiste num gráfico de bar-
mos, poderia ser comparado a um filme, já que per-
ras que associa os valores de uma característica da
mite a observação do processo ao longo do tempo.
Qualidade, dividida em pequenos intervalos, com a
frequência com que ocorreram na amostra. Confor-
Para exemplificar a utilização desta ferramenta, No-
me destaca Nogueira (1999), o histograma “resume
gueira (1999) nos traz o exemplo de um Hospital X,
e mostra visualmente a distribuição de um grande
que deseja reestruturar o processo de marcação de
número de dados a respeito de um processo” (Ibi-
ultrassonografia obstétrica. A definição dos interva-
dem, p.67).
los para marcação entre um cliente e outro foi obtida
mediante a análise do tempo gasto para atendimen-
Ainda segundo Nogueira (1999), através da observa-
to no serviço, em 100 casos, obtendo o seguinte his-
ção do histograma podemos obter informações so-
tograma:
bre os padrões de variação, a amplitude dos valores,
a existência de um ou mais picos e outros. Vale res-

Gráfico 3 – Histograma – tempo de atendimento para ultra-sonografia obstétrica.


Fonte: NOGUEIRA, 1999, p. 68.

Conforme análise de Nogueira (1999), o histograma do gestor será baseada em um estudo real, que pode
revela que 20 minutos são suficientes para a reali- possibilitar a organização agendar 3 pacientes por
zação do exame em 90% dos casos, e que, na maio- hora, assegurando que este tempo é suficiente para
ria desses casos, há uma pequena sobra de tempo. realizar o atendimento.
Com base nestas informações, a tomada de decisão

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Gráfico Sequencial e lizados para monitorizar e controlar o desempenho


dos processos e para estudar a variação e suas causas
Carta de Controle (NOGUEIRA, 1999).

Os gráficos sequenciais são instrumentos que mos- Para exemplificar a utilização desta ferramenta, No-
tram, de forma dinâmica, a forma como um deter- gueira nos traz o exemplo do processo de coleta de
minado processo está evoluindo ao longo do tempo, sangue em paciente ambulatorial para exames bio-
tornando evidentes eventuais tendências ou padrões químicos. Observe o gráfico abaixo que representa
indesejáveis que possam estar ocorrendo. Quando o tempo médio de coleta, considerado desde o mo-
acrescidos de limites de controle superior e inferior, mento em que o paciente chega ao laboratório com a
que são determinados estatisticamente, através de requisição até o momento em que ele é liberado, em
cálculos e fórmulas específicas, esses gráficos pas- determinado período de tempo.
sam a ser chamados cartas de controle, e são uti-

Gráfico 4 - Gráfico de Controle: tempo gasto para coleta de sangue de paciente ambulatorial para exames.
Fonte: NOGUEIRA, 1999, p. 50.

Conforme análise de Nogueira, este processo, da for- lhorar o nosso desempenho em relação
ma como está ocorrendo, nos permite afirmar que à coleta de sangue, só uma alteração
a coleta de sangue para exames bioquímicos nessas do processo, que reduzisse as causas
condições leva, em média, 30 minutos, podendo va- normais de variação, seria capaz de
riar de 20 a 40 minutos, e que essa variação se deve consegui-lo. Observe o quanto isto é
a causas normais. Daí, podemos concluir que o pro- importante do ponto de vista gerencial:
cesso está sob controle estatístico. não é função do operador atuar sobre
os processos que estão sob controle.
Nogueira (1999) destaca: Promover melhorias através da altera-
ção dos processos é função do gestor da
A correta identificação do tipo de causa área. Trata-se de um erro gerencial co-
responsável pela variação dos proces- brar do operador explicações para va-
sos (normal ou especial) é extremamen- riações ocorridas dentro dos limites de
te importante, porque o tipo de ação a controle do processo, que não são sig-
ser tomada para corrigir uma e outra nificativas do ponto de vista estatístico
é de natureza totalmente diferente. As e dependem de causas aleatórias, sobre
causas normais de variação, intrínse- as quais não se está exercendo controle.
cas ao processo, só serão solucionadas Voltando ao nosso exemplo, a diferen-
mediante uma melhoria do processo em ça entre os tempos de coleta de sangue
si – necessitam de uma ação gerencial. de 25 a 35 minutos, por exemplo, não é
No nosso exemplo, caso desejássemos significativa (Ibidem, p.51 e 52).
reduzir a dispersão dos valores e me-

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Ao observar o gráfico novamente, notamos que um não na alteração de todo o processo. No


ponto está localizado fora dos limites de controle: o nosso exemplo, ao analisarmos o ocor-
ponto nº 13. Isso nos indica que algo de diferente rido exatamente neste 13º dia, identifi-
ocorreu, fazendo com que o resultado do processo camos como causa que a impressora es-
variasse de uma forma diferente da esperada. A isso tava inoperante e que o preenchimento
chamamos causa especial de variação. das etiquetas de identificação teve que
ser realizado manualmente, levando a
Explica Nogueira (1999): um aumento do tempo médio de coleta.
Da mesma forma, decidir atuar sobre
Ao contrário das causas normais, a todo o processo e modificá-lo em res-
causa especial é uma variação extrín- posta a este evento, seria uma ação ge-
seca em relação ao processo, para a rencial inadequada e não solucionaria
qual existirá uma explicação, um agen- o problema. A solução estaria apenas
te causador externo. Por conseguinte, a na substituição da impressora para
solução consistirá na identificação e re- que o processo voltasse a se comportar
moção dessa causa – uma ação local, e conforme o esperado (Ibidem, p.52).

As três últimas ferramentas apresentadas têm um caráter mais estatístico e não


são muito utilizadas no segmento de saúde, embora contribuam para a análise e
solução de problemas.

As sete ferramentas que estudamos até agora compõem, basicamente, o Sistema de Controle
de Qualidade

Figura 14 - Diagrama que correlaciona o número de desistências com o tempo de atendimento.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão. 2008.

Aprofunde seu conhecimento sobre as ferramentas da qualidade e leia muito mais


sobre a Gestão pela Qualidade, visitando o site da Associação Brasileira de Controle
da Qualidade – ABCQ: http://www.abcq.org.br/

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Plano de ação a razão pela qual estas contramedidas


estão sendo propostas (por que – Why)
e a maneira de implementá-las (como
É um instrumento útil e simples, que permite orga-
– How). (Ibidem, p.29).
nizar as ações e as responsabilidades de quem irá
executá-las, para se alcançar um determinado resul-
Como fazer um Plano de Ação
tado. É, também, conhecido como 5W1H, devido à
origem dos termos em inglês, sendo utilizado para
• Esquematizar uma tabela, onde cada coluna
solucionar as causas encontradas na análise de de-
deve corresponder a um questionamento: O que
terminado problema, conforme esclarece Nogueira
(What), Quem (Who), Quando (When), Onde
(1999):
(Where), Por que (Why) e Como (How).
• Utilizar na coluna “O quê” sempre o verbo no in-
[...] trata-se de uma forma sistemática
finito para descrever as ações. Exemplos: anali-
de listar as causas de um problema, as
sar, solicitar, elaborar etc..
contramedidas propostas para neutra-
• Utilizar na coluna “Como” sempre o verbo no ge-
lizá-las (o que fazer – What), seguidas
rúndio; exemplos: propondo, descrevendo.
do nome do responsável por tomá-las
• Estabelecer na coluna “Quando” prazos factíveis
(quem – Who), do local onde estas
para a execução da ação.
medidas deverão ser tomadas (onde
• Escrever na coluna “Quem” o nome dos respon-
– Where), o prazo para que tais medi-
sáveis pela execução das ações.
das sejam tomadas (quando – When),

Um plano de ação bem elaborado e executado adequadamente tem o poder de, realmente,
modificar a situação. (NOGUEIRA, 1999, p.29).

Figura 15 – Exemplo de Plano de Ação – adaptado (NOGUEIRA, 1999, p. 28).

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Vamos exercitar!

Utilizando o exemplo do alto índice de atraso no início de cirurgias eletivas, que vimos ao
longo desta unidade, construa um plano de ação visando a eliminar as principais causas
detectadas.

E então, conseguiu aplicar a ferramenta na sua área de trabalho?

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Padronização
Padronização

Padronizar é garantir a manutenção da Qualidade.

A padronização é uma ferramenta gerencial de gran- a uma pessoa em particular, seguem


de importância para os gestores de uma organização. uma determinada rotina em sua estru-
Conforme estudamos na Unidade 1, o ciclo PDCA tura básica.(Ibidem, p.35).
tem a função de manutenção da qualidade, que é as-
segurada pelo cumprimento de Procedimentos Ope-
racionais Padrão (POP), formalmente estabelecidos.
Podemos dizer, ainda, que todo trabalho dentro de Importância da
uma organização envolve a execução de tarefas repe-
titivas, que estão baseadas nestes procedimentos.
Padronização
Os principais benefícios da padronização são garan-
Conforme destaca Nogueira (1999):
tir aos processos:
Atividades como administração de
• uniformidade
medicamentos, realização de proce-
• previsibilidade
dimentos diagnósticos e terapêuticos,
• orientação
cuidados de enfermagem – todas elas,
• eficiência
apesar de serem realizadas cada vez
• segurança
como procedimento único, destinado

Como podemos monitorar a qualidade nos processos organizacionais e assegurar que os


resultados esperados irão se concretizar, se não existe uma forma padronizada de executá-
los?

A utilização de padrões de forma adequada e moni- surgem com frequência, já que questionamos como
torada proporciona uniformidade, previsibilidade podemos padronizar atividades relacionadas ao
e possibilita que cada colaborador tenha segurança atendimento de um usuário, que é único, com histó-
para desempenhar a sua função dentro da organiza- ria própria e quadro clínico específico.
ção.
Nogueira (1999) nos traz alguns esclarecimentos
A padronização é o instrumento que garante a ma- acerca desses questionamentos,
nutenção da qualidade, porque o conhecimento e a
tecnologia deixam de estar apenas na mente das pes- Na realidade, o que padronizamos são
soas, e passam a compor a memória da organização, os processos que serão utilizados ou
fazendo com que ocorram as melhorias necessárias. não, em função da peculiaridade de
cada paciente – deverá haver um pro-
No entanto, quando pensamos em padronizar algu- cesso padronizado, por exemplo, para
ma atividade na área de saúde, algumas questões aplicação de medicação endovenosa.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 44


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Mas, isso não significa que todos os pa- dos colaboradores, que traz na sua
cientes receberão medicação endove- essência o conceito de melhoria contí-
nosa [...] Da forma como a Gestão pela nua, já que um bom padrão é aquele
Qualidade preconiza o desenvolvimen- que sofre melhorias constantes a partir
to da padronização, esta ferramenta da experiência daqueles que o utilizam
estimula a criatividade e participação (Ibidem, p. 36).

Você já pensou como a Padronização está mais presente no nosso dia-a-dia do que
imaginamos?

Já pensou se cada banco adotasse critérios próprios para preenchimento de um cheque?

E se cada cidade adotasse cores diferentes nos semáforos?

E se, ainda, cada fabricante de material médico-hospitalar utilizasse embalagens com volu-
mes e concentrações diferentes de soro?

Portanto, os exemplos de padronização são muitos ao nosso redor, e servem para simplificar
e nos dar segurança, ao invés de nos tolher.

(NOGUEIRA, 1999, p. 36)

Objetivos da Padronização • ser um “meio” para se alcançar o objetivo final,


que é garantir o melhor resultado;
• ter flexibilidade, pois eles podem e devem ser
São os principais objetivos da padronização:
melhorados;
• deve garantir a transmissão de informação, de-
• conseguir com que as pessoas façam, exatamen-
vendo estar claro quem é o usuário;
te, aquilo que tem de ser feito e sempre da mes-
• deve ser registrado de forma organizada, clara e
ma maneira;
simples;
• documentar a forma de operar da organização;
• deve indicar responsabilidade, datas de emissão
• facilitar a consulta em casos de dúvidas;
e revisão;
• facilitar a Educação e o Treinamento de novos
• ser coerente com o sistema organizacional/se-
colaboradores.
torial, não contrariando normas e legislações vi-
gentes.

Características do Padrão É importante, ainda, que os padrões tenham um for-


mato específico na organização, para que possam ser
São características essenciais de um padrão: facilmente identificados. Deverão conter os nomes
das pessoas que colaboraram na sua elaboração e o
• ser voluntário e fruto de consenso do grupo que nome de quem os aprovou. Evidentemente, o padrão
utilizará o padrão, ou seja, originar-se dos cola- deve ser aprovado por uma instância superior àque-
boradores; la área que o utilizará.
• ser baseado na prática; por isso, passível de cum-
primento;

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 45


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Figura 16 – Dinâmica da Padronização.


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

O que padronizar? como ele ocorre, mediante representação gráfica sis-


tematizada, que denominamos fluxograma. Esta
ferramenta permite que as etapas sejam ordenadas
A padronização pode se tornar uma tarefa gigantes-
de uma forma sistemática, com níveis variáveis de
ca, portanto precisamos selecionar prioridades para
detalhamento, definindo a sequência na qual as eta-
fazê-lo. Dessa forma, seguem algumas dicas:
pas ocorrem, facilitando a identificação de retraba-
lhos ou focos de ineficiência no processo.
• inicie pelo produto prioritário ou crítico e por
aqueles cuja padronização houver sido determi-
nada pela alta Administração da organização;
• identifique o processo que dá origem a este pro-
duto;
• explicite as tarefas conduzidas em cada proces-
so;
• determine com a equipe as tarefas prioritárias a
serem padronizadas.

Podemos entender como tarefas prioritárias aquelas


que:

• se houver um pequeno erro, este afetará forte-


mente a qualidade do serviço/produto;
• em que já ocorreram acidentes no passado;
• em que há reclamações de clientes;
• conduzem a análise de anomalias de alto custo/
representativas.

Como Padronizar?
Figura 17 – Fluxograma
Uma boa forma de começar a padronização é, jus- Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxograma
tamente, tentar compreender o processo da forma

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 46


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Conforme Nogueira (1999): Em resumo, os modelos para formatação dos pa-


drões são:
Outra característica importante do
fluxograma é permitir diversos níveis • Macrofluxograma (Simplificado e Detalhado) - é
de detalhamento: um macrofluxo será a representação gráfica global de uma seqüência
uma representação simples, mostran- de processos complementares com um objetivo
do apenas a informação suficiente para comum. Cada processo pode ser desdobrado em
a compreensão do mecanismo geral de fluxograma das etapas que o compõe;
funcionamento de um processo. Por • Fluxograma (Simplificado e Detalhado) - é a re-
outro lado, o fluxograma detalhado presentação gráfica seqüencial das diversas eta-
pode descrever com mais informações pas de um processo. Retrata o “passo a passo”
as etapas de um determinado processo de um trabalho revelando todas as áreas/pessoas
(Ibidem, p.38). envolvidas, permitindo assim uma visão ampla
da seqüência de ações;
Além do macrofluxo e do fluxograma detalhado, ain- • Procedimento Operacional Padrão (POP) - é o
da podemos utilizar o Procedimento Operacional documento final e mais elementar da padroniza-
Padrão – POP, que corresponde ao item mais ele- ção. Ele descreve cada passo crítico que deverá
mentar da padronização, já que descreve o passo-a- ser dado pelo executante para garantir o resulta-
passo de uma tarefa, para que se alcance o resultado do esperado da tarefa.
esperado.

Para isso, o POP deve conter os seguintes campos:


Simbologia básica utilizada
• executante: sinalizando o responsável por de-
sempenhar a tarefa;
nos fluxogramas
• resultado esperado: descrevendo o que se espera
alcançar com a realização da tarefa;
• materiais necessários: listando os materiais ne-
cessários à execução da tarefa;
• atividades: descrevendo de forma sequencial as
principais atividades para a execução da tarefa;
• cuidados: descrevendo possíveis ações para aler-
tar o executante, de forma a garantir o resultado
esperado;
• ação em caso de não conformidade: descreven-
do as ações que devem ser adotadas caso ocorra
uma não conformidade. Figura 18-Símbolos de uso mais freqüente em fluxogramas.
Fonte: NOGUEIRA, 1999, p. 39.

A partir das conceituações, visualize fluxogramas na sua área de trabalho.

Quais as tarefas prioritárias que mereceriam um fluxograma ou um POP?

Na organização em que você trabalha este tema é abordado?

Existem procedimentos descritos?

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 47


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Exemplo de MACROFLUXO

Figura 19–Macrofluxograma do “Processamento de Roupa”.


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

Exemplo de FLUXOGRAMA DETALHADO

Figura 20 – Fluxograma referente à etapa de “Recebimento e Lavagem de Roupa”.


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 48


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Exemplo de POP

Figura 21 – POP referente à tarefa de “Lavagem de Roupa”


Fonte: Elaborada pela autora, 2000.

ATENÇÃO!

A padronização como um fim, mas um meio para se obter a previsibilidade dos resultados
finais.

Agora que concluímos esta unidade, vamos entender um pouco mais sobre como monitorar
os resultados dos processos e garantir a realização de um planejamento adequado para o
alcance dos objetivos da organização prestadora de serviços de saúde.

Continuando o módulo, vamos estudar o Sistema de Medição, que corresponde à utilização


de indicadores de desempenho.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 49


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Módulo 3
Gestão de Processos e de Riscos

Sistema de Medição
Indicadores
Unidade Didática III

Sistema de Medição
Indicadores
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Refletindo um pouco...
Refletindo um pouco...

Fonte: www.jlc.net.br

E então, das ferramentas apresentadas na unidade anterior, quais você já utilizou na organização onde traba-
lha?

Você conseguiu focar melhor o problema em questão, utilizando essas ferramentas?

Nesta unidade nós vamos aprender um pouco mais sobre indicadores. Este tema irá nos auxiliar a perceber,
de maneira mais objetiva e direta, os resultados da organização. Atualmente, na área na qual você atua, quais
indicadores são mensurados? E como são utilizados?

Não poderíamos deixar de iniciar esta unidade sem a não fazer parte do cotidiano das organizações pres-
célebre frase de Peter Drucker “Só se gerencia aquilo tadoras de serviços de saúde. Ou pelo menos, não
que se mede”. No entanto, esta frase parece ainda com o enfoque da Gestão de Processos.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 51


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Introdução
Introdução
O crescimento dos gastos com saúde, atrelado a ne- Ao mesmo tempo, percebemos que, cada vez mais,
cessidade da utilização eficiente dos recursos, prin- as organizações possuem inúmeros indicadores,
cipalmente no âmbito público, tem estimulado as que permitem não apenas uma análise da popula-
organizações de saúde a estabelecerem mecanismos ção atendida, traçando-se um perfil epidemiológico
sistemáticos que permitam avaliar a eficácia dos (mortalidade, morbidade, estrutura etária da popu-
seus processos, bem como a qualidade dos serviços lação), mas também indicadores que possibilitam a
prestados à população. visualização de uma tendência no ambiente externo,
que subsidia os gestores no estabelecimento de uma
A qualidade da assistência hospitalar depende da or- de estruturação interna mais eficiente nessas organi-
ganização dos recursos hospitalares, da estruturação zações, principalmente no âmbito público.
administrativa, da capacitação do quadro funcional,
da eficiência dos processos de trabalho e, ainda, da Um fator que permite as organizações e profissio-
interação entre os profissionais e o usuário. nais de saúde obterem tais indicadores refere-se ao
avanço da informatização, utilização da internet em
Por tudo isso, mensurar a qualidade assistencial de larga escala e criação de sistemas nacionais de in-
uma organização de saúde significa adotar um siste- formação, a exemplo do RIPSA – Rede Interagencial
ma de medição, que contemple indicadores associa- de Informações para a Saúde no âmbito nacional, da
dos à eficiência e eficácia na utilização de instalações, Rede InovarH - Rede de Inovação e Aprendizagem
materiais e equipamentos, no desempenho dos pro- em Gestão Hospitalar-Bahia, no âmbito estadual,
fissionais e processos internos, até avaliações quali- que permitem a socialização de indicadores que po-
tativas da assistência, que podem estar relacionadas dem subsidiar gestores na elaboração e prática das
a todo o fluxo assistencial que um paciente percorre políticas públicas de saúde, bem como melhorar os
na organização, desde a admissão até a alta hospita- processos da organização.
lar, como taxa de complicações, mortalidade, erros
diagnósticos, erros relacionados ao uso de medica- Em contrapartida, ao mesmo tempo em que as or-
mentos etc. Esse cenário nos mostra a complexidade ganizações e gestores possuem mais informações, a
que existe no segmento de saúde, o que dificulta a evolução qualitativa e melhoria da prática assisten-
mensuração da qualidade da assistência prestada. cial nas organizações não se torna evidente.

Então, podemos questionar:

Existem mais informações disponíveis do que a capacidade dos profissionais de analisá-las?

As organizações compartilham essas informações e utilizam tais indicadores para otimizar


seu sistema organizacional na prestação do cuidado à população?

A complexidade da assistência hospitalar gera a pos- delo unificado de Avedis Donabedian, composto por
sibilidade de serem utilizados inúmeros indicado- três componentes do cuidado em saúde: estrutura,
res. E na definição dos objetivos da avaliação de uma processo e resultado. Mais tarde, iremos retornar a
organização de saúde, devemos, sim, considerar esse assunto e detalhar esses conceitos!
aspectos relacionados ao contexto socioeconômico,
demográfico e recursos disponíveis. Mas, também, A estruturação desse modelo foi concebida consi-
não podemos negligenciar o contexto interno desta derando a normatização dos hospitais americanos
organização. E, neste momento, devemos considerar e os conceitos do modelo de Gestão pela Qualidade
a mensuração da eficácia dos processos de trabalho Total, praticado pelas indústrias japonesas no pós-
que compõem uma organização de saúde, que tem guerra. Por isso, houve grande influência das ideias
como objetivo primordial a assistência médico-hos- de William Edwards Deming e Joseph Moses Juran.
pitalar. Esse modelo caracteriza-se por se basear em um pa-
drão de qualidade fundamentado em reuniões de
A sistematização das avaliações de qualidade em consensos, a partir da ideia de especialistas e evidên-
saúde passou a ganhar importância neste segmento cias científicas, baseadas em revisões sistemáticas de
a partir da década de 60, com a disseminação do mo- literatura específica.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 52


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

O que
O que são Indicadores?
são Indicadores?
A essência da Gestão pela Qualidade corresponde à 2012 (prazo). Mais adiante, iremos dar outros exem-
melhoria contínua. Mas, como podemos melhorar plos!
constantemente aquilo que não sabemos como está?
Dentro das organizações de saúde, quando pensa- Por isso, os indicadores podem estar relacionados a
mos em cuidados aos pacientes, quais dados, fatos aspectos financeiros, satisfação do usuário, apren-
ou informações nos demonstram se a assistência que dizagem organizacional, eficiência de processos in-
prestamos é a melhor e mais segura que podemos ternos, avaliação de fornecedores, dentre outros.
oferecer? Podem, também, mensurar os aspectos técnicos,
permitindo algum diagnóstico do nível de qualidade
Para responder a tais perguntas é preciso que defina- da assistência prestada, nos casos de organizações
mos, na nossa organização, um sistema de medição, hospitalares.
que contemple medidas objetivas e diretas sobre o
desempenho dos processos internos, na tentativa de Normalmente, são utilizados para descrever uma si-
identificarmos onde podemos melhorar. tuação atual e subsidiar o planejamento para uma
meta futura, que apresente resultados mais favo-
Esse sistema de medição tem como elemento funda- ráveis à organização. Possibilitam, ainda, realizar
mental o indicador, que, conceitualmente, represen- comparações, analisar mudanças e tendências, tanto
ta uma medida quantitativa de um processo, utiliza- no ambiente interno, quanto externo.
da para monitorar e/ou melhorar os resultados em
um determinado período de tempo. Conforme Nogueira (1999), ainda abordando a con-
ceituação, é importante considerarmos que o indica-
Como o objetivo do indicador é mensurar para man- dor deve ser:
ter uma situação sob controle ou melhorar um re-
sultado, esse mesmo indicador pode estar relaciona- • quantitativo: expressa em unidades de medida,
do a uma meta, que corresponde a um valor a ser correspondem a fatos e dados objetivos, sem im-
alcançado em um determinado período de tempo. pressões ou julgamentos, e possuem fórmula;
As metas são determinadas considerando-se três • válido: capaz de captar corretamente o que está
elementos: objetivo, valor e prazo. Então, tomemos sendo procurado e identificar fielmente o fenô-
como exemplo uma meta relacionada à taxa de in- meno em estudo;
fecção hospitalar: reduzir em 30% a taxa de infecção • confiável: a mesma medida será obtida sempre,
na UTI Neonatal (objetivo + valor) até dezembro de para a mesma situação.

Agora que vc já entendeu o que é indicador, quantos indicadores existem no setor onde você
atua?

Você sabe como são utilizados?

Esses indicadores já foram responsáveis por gerarem alguma melhoria na sua organização?
Qual?

Além de ser quantitativo, válido e confiável, o indi- lhosos para serem calculados, normalmente não
cador, também, deve possuir algumas característi- agregam valor à melhoria dos processos; por
cas importantes, conforme ressalta Zambon (2008) isso, devem ser de fácil coleta;
como: • disponível: os profissionais envolvidos devem
ter acesso rápido e frequente, já que atraso na
• simples e de fácil entendimento: deve permitir disponibilidade do indicador dificulta ações ime-
que qualquer profissional, ao analisá-lo, seja ca- diatas, que impeçam que fragilidades ou erros no
paz de estabelecer conclusões, tornando-se, re- processo permaneçam acontecendo;
almente, útil ao processo decisório em busca da • testado no campo: é importante que o indicador
melhoria contínua; seja testado e tenha sua utilidade comprovada na
• econômico na sua obtenção: indicadores que prática.
necessitam de grandes investimentos ou traba-

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 53


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Também são importantes características do indi- identificação da origem dos dados e ser representati-
cador: ter uma permanência no tempo, permitindo vo das etapas críticas dos processos que estão sendo
que exista uma série histórica, possibilitar a fácil analisados.

Os indicadores têm como função principal a análise da situação atual, visando a uma melho-
ria futura. Por isso, constantemente, devemos nos perguntar: Estamos obtendo o resultado
que deveríamos obter no processo analisado?

Resumindo...

O sucesso de uma organização ou de seus processos é avaliado por meio de seus RESULTA-
DOS.

Os RESULTADOS são medidos por um conjunto de INDICADORES, que reflete as necessidades


e os interesses de todos os envolvidos.

Este conjunto de indicadores está relacionado à mensuração da eficiência do PROCESSO,


através da utilização dos recursos necessários (materiais, pessoas, equipamentos, método
e ambiente).

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 54


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O quê
O quê medir?
medir?
Ao começar a construção do sistema de medição de de trabalho só ocorre porque alguém necessita dele.
uma organização, deparamo-nos com o seguinte Partindo dessa premissa, devemos atuar de forma a
questionamento: “por onde começar?”. E, imediata- satisfazer as necessidades e os interesses dos usuá-
mente, após essa pergunta, devemos pensar em uma rios das organizações hospitalares considerando as
próxima: “a organização onde atuo ou o processo dimensões citadas.
pelo qual sou responsável está atingindo o resultado
esperado? Ou, existe algo que pode ser revisto, ou Diante dessa conceituação de Campos (1992), é im-
melhorado? portante medir aquilo que devemos entregar da me-
lhor forma ao usuário da organização.
A partir desses questionamentos e com o apoio das
ferramentas da qualidade (vistas na unidade 2), con- Ainda segundo Nogueira (1999), os profissionais
seguiremos identificar o problema. Depois do pro- de saúde tendem a adotar a postura de detentores
blema identificado, precisamos avaliar se dispomos do conhecimento e saberem, na maioria das vezes,
de todas as informações necessárias a respeito dessa o que é melhor para o usuário. Do ponto de vista
situação inicial. E, caso não tenhamos, é importante técnico, isso pode ser verdade, na medida em que o
que os profissionais responsáveis sejam envolvidos usuário não tem condições de avaliar. No entanto,
de forma a possibilitar a obtenção de dados e, poste- esse mesmo usuário avaliará outras dimensões na
riormente, de informações mais detalhadas e especí- prestação desses cuidados, como atenção, rapidez,
ficas sobre o problema. exatidão das informações fornecidas, serviços de
apoio etc. Daí a necessidade de considerarmos todas
No entanto, além de todos esses questionamentos, é as dimensões quando definirmos o sistema de medi-
importante para as organizações que pretendem ini- ção da organização.
ciar o trabalho com indicadores, considerar as cinco
dimensões da qualidade: qualidade intrínseca, custo, A figura abaixo demonstra o impacto das dimensões
atendimento (ou entrega), segurança e moral. Con- da qualidade na satisfação do usuário e na sobrevi-
forme destaca Nogueira (1999), qualquer processo vência da organização.

Figura 1: Dimensões da Qualidade Total.


Fonte: FCO - Fundação Christiano Ottoni, UFMG, 1992, apud TURRIONI, J. B., [2001].

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 55


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“Um produto ou serviço de “qualidade” é aquele que atende perfeitamente, de forma confiá-
vel, de forma acessível, de modo seguro e no tempo certo às necessidades dos clientes.”

Fonte: CAMPOS, V. F. TQC - Controle da Gestão da Qualidade (no estilo japonês), FCO/
UFMG(1992).

Detalhando mais essas dimensões no seg- d. Moral – esta dimensão é facilmente percebida
mento de saúde! pelo usuário no contato direto com os profis-
sionais de saúde, através da atenção, disponi-
a. Qualidade intrínseca – está relacionada, bilidade, cordialidade. No entanto, todos eles
diretamente, às características do serviço (ou são aspectos subjetivos, que devem ser traba-
produto), por isso o nome “intrínseca”. No am- lhados pela organização para que sejam refleti-
biente hospitalar, essa dimensão refere-se aos dos na motivação e comprometimento dos co-
recursos e técnicas disponíveis, considerando laboradores na execução das suas atividades. O
aspectos como previsibilidade, confiabilidade, moral, também, está relacionado às condições
ausência de erros, profissionais capacitados de trabalho oferecidas a esses colaboradores.
para execução das atividades assistenciais. Indicadores que refletem claramente essa di-
Ou seja, a qualidade intrínseca, no ambiente mensão são turn over e absenteísmo.
hospitalar, está relacionada ao tratamento da
doença visando à recuperação total, dentro das e. Segurança – no segmento de saúde, esta di-
possibilidades reais daquela pessoa. Alguns in- mensão tem sido, cada vez mais, abordada pe-
dicadores que refletem essa dimensão são: per- las organizações e também pelo usuário, que,
centual de satisfação do usuário, tempo médio atualmente, possui um alto nível de conheci-
de permanência, taxa de incidência de compli- mento e, por isso, de exigência. Esta dimensão
cações, etc. significa adotar métodos e técnicas para evitar
danos ao usuário e também ao profissional de
b. Custo – podemos pensar que esta dimensão saúde. Exemplos de indicadores, relacionadas
não interessa as organizações de saúde sob o à segurança são taxa de infecção hospitalar,
ponto de vista do usuário, já que estamos no percentual de acidente de trabalho, etc.
âmbito público e a prestação do serviço é gra-
tuita. No entanto, existe uma fonte pagado- Sabemos que a área de saúde possui uma complexi-
ra desses recursos, que necessita monitorar dade ímpar. Por isso, definir o sistema de medição
quanto se gasta na prestação deste serviço. Por determinando um número de indicadores para cada
isso, indicadores que compõem esta dimensão organização não irá satisfazer às necessidades de
podem ser taxa de ocupação de leitos, intervalo melhoria contínua, que fundamentam o modelo de
de substituição, custo por procedimento, etc. Gestão pela Qualidade.

c. Atendimento ou Entrega – para o usuário Cada organização, dada a sua complexidade, perfil
de organizações de saúde esta dimensão torna- de usuário e ambiente interno, precisa estabelecer o
se primordial, uma vez que refere-se ao tempo que é necessário mensurar, considerando que a utili-
para que ele seja atendido, seja em uma uni- zação de indicadores deve estar centrada sempre na
dade de emergência, seja para realizar uma ci- análise de tendências, e não no dado ou informação
rurgia ou outro procedimento médico. Alguns precisa e absoluta, de maneira estática. Daí, a impor-
indicadores que refletem esta dimensão são: tância dos gestores em monitorarem as séries histó-
percentual de atraso de cirurgia, tempo médio ricas, que vão permitir um planejamento mais con-
para realização de exame, tempo médio para sistente e, consequentemente, o desenvolvimento de
internamento, etc. ciclos de melhoria permanentes para a organização.

Aprofunde seu conhecimento sobre indicadores e leia o artigo Indicadores de Qualidade e


Quantidade em Saúde, do Médico especialista em Administração de Serviços de Saúde e Po-
líticas de Saúde; Professor Doutor com Livre-Docência em Saúde Pública Olímpio J. Nogueira
V. Bittar. Instituto Dante Pezzanese de Cardiologia - São Paulo, de 2001.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 56


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Diante do que você já aprendeu até agora, conseguiria responder a estes questionamentos:
Você gostaria de melhorar o desempenho da sua área?
O que, especificamente, você quer melhorar?
Você sabe qual a meta que deseja alcançar?
Conhece a situação atual?
Essa situação está mais próxima ou distante da meta que você definiu?
Como você vai saber se está no caminho certo para atingir essa meta?

Já se tornou evidente a necessidade da utilização de Conforme ressalta Sá (2006), os indicadores devem


indicadores nas organizações de saúde. Mas, vamos proporcionar aos gestores responderem a importan-
ressaltar mais algumas justificativas que correspon- tes perguntas sobre três atributos primordiais para
dem às vantagens dessa prática. a organização de saúde: eficiência, eficácia e efetivi-
dade.

Figura 2: Eficiência, Eficácia e Efetividade


Fonte:Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, FIOCRUZ, Recife, 2006.

Detalhando melhor estes atributos, podemos dizer do cuidado obtido na melhor situação possível.
que: Também, significa a relação entre o resultado
obtido e o resultado esperado. Por exemplo, em
• eficiência está relacionada à utilização mínima uma unidade de emergência poderíamos medir a
ou racionalização dos recursos disponíveis na eficácia através da razão entre o número de aten-
organização, para atender ao principal objetivo dimentos realizados em determinado dia sobre o
da organização de saúde, que é prestar assistên- número de usuários que buscaram atendimento
cia médico-hospitalar ao usuário. Partindo des- neste mesmo período.
se conceito, os indicadores referem-se à produ-
tividade; à utilização da capacidade instalada e • efetividade corresponde à capacidade de se ob-
operacional; distribuição dos custos por tipo de ter o resultado pretendido na situação real. Os
atenção ao usuário. Como exemplo, poderíamos indicadores epidemiológicos melhor retratam
ter o número total de atendimentos realizados este atributo (mortalidade, morbidade e fatores
em uma unidade de emergência, em determina- de risco). Ainda utilizando o exemplo da unidade
do dia. de emergência, poderíamos mensurar a efetivi-
dade através da taxa de mortalidade ou compli-
• eficácia refere-se às consequências decorren- cações para usuários atendidos com infarto agu-
tes das ações adotadas em função da estrutura do do miocárdio.
e recursos disponíveis, ou seja, é o resultado

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 57


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Recomendamos que você aprofunde seu conhecimento sobre estes três atributos: eficiência,
eficácia e efetividade.

Leia do texto Eficiência, Efetividade e Eficácia do Planejamento dos Gastos em Saúde, do


Prof. Eduardo Augusto Werneck Ribeiro, da UNIESP - Presidente Prudente, de 2006.

Bittar (2001) ressalta que o sistema de medição per- É um processo contínuo e sistemático
mite às organizações de saúde e seus gestores, não para avaliar produtos, serviços e pro-
apenas a obtenção de dados para uma análise ini- cessos de trabalho de organizações que
cial e avaliação da efetividade das ações de melho- são reconhecidas como representantes
ria, mas também possibilita manter os processos em das melhores práticas, com a finalida-
constante monitoramento, e favorece à organização de de melhoria organizacional. Pode
a criação de um banco de dados, que irá compor a sé- também ser definido com uma marca
rie histórica e possibilitar a comparação com outras conhecida ou elevação assumida do
organizações na prática do Benchmarking. geral onde outras elevações podem ser
estabelecidas, ou ainda um padrão de
A definição de Bittar (2001), ainda, esclarece sobre o referência pelo qual outros podem ser
benchmarking: medidos ou julgados (Ibidem, p. 25).

Quadro 1 - O que é Benchmarking.


Fonte: SILVA, apud SPENDOLINI, 1993, p. 34.

Se desejar, conheça mais sobre esta excelente ferramenta, o Benchmarking, lendo a mo-
nografia Bechmarking: Uma Visão Holística, do administrador Nildro Carlos Baião Silva, de
2006.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 58


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Como medir?
Como medir?
Após a definição dos indicadores que irão compor o Assim, consideramos importantes algumas informa-
sistema de medicação da organização, é necessário ções que precisam ser definidas pela organização so-
ordenar e padronizar a maneira como essas infor- bre cada indicador:
mações estarão disponíveis para os gestores e pro-
fissionais.

Quadro 2 - Ficha descritiva de indicadores.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 59


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

O indicador
O indicador como
como parteparte integrante
integrante
dos sistemas
dos sistemas de informação
de informação

Na definição dos indicadores de uma organização, é processamento de dados, capaz de possibilitar modi-
importante destacar, conforme enfatiza Sá (2006), a ficações no conhecimento de pessoas, ambientes ou
construção do sistema de informação, que tem como métodos que a gerou.
elemento fundamental a informação, que resulta do

Figura 3: Informação e Gestão em Saúde.


Fonte:Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, FIOCRUZ, Recife, 2006.

Diante do conceito de sistema de informação defini- Em nível estratégico, as informações são utilizadas
do por Nogueira (1999), que é a entrada ou saída or- para tomadas de decisões em nível macro e exigem
denada de dados ou informações, entendemos que o um grande conhecimento da organização, bem como
gerenciamento de processos se dá através da função o cenário externo no qual está inserida.
controle1. E, para que as organizações desempenhem
de forma satisfatória essa função, é necessário saber No nível tático, a utilização das informações está
o que está acontecendo e ter feedback, a tempo. E, relacionada à prática gerencial. As decisões são de
esse feedback só é possível através de um sistema de repercussão local e envolvem, diretamente, as ativi-
informações. dades de supervisão.

No entanto, é necessário que as organizações defi- No nível operacional, as informações são utilizadas,
nam quem deve ter acesso a quais informações. basicamente, para a execução das atividades rotinei-
ras e estão pouco relacionadas à tomada de decisão.
A utilização desse sistema de informação aumenta
em complexidade a depender do nível em que se Tão importante quando definir quem deverá ter aces-
esteja dentro da organização: estratégico, tático ou so a quais informações, é a forma como estas serão
operacional. visualizadas. Podemos utilizar gráficos, relatórios,
tabelas, painéis. Enfim, são inúmeras as formas de
visualização, mas todas devem ser objetivas, diretas,
1 Controle é uma das funções que compõem o processo ad- de fácil leitura e entendimento.
ministrativo. A função controlar consiste em averiguar se as
atividades efetivas estão de acordo com as atividades que fo-
ram planejadas. (WIKIPÉDIA, 2011).

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 60


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Figura 4: Gráfico 1 – Número de revisões de lâminas no Serviço de Anatomia Patológica.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Figura 5: Gráfico 2 – Cirurgias desmarcadas.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 61


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Figura 6: Tabela 3 - Indicadores da condição de saúde da população com 65 ou mais anos de idade,
Brasil e Estados Unidades, 2000.
Fonte: REBOUÇAS, M.; PEREIRA, M.G. Indicadores de saúde para idosos: comparação entre Brasil e os Estados Unidos.
Revista Panamericana de Salud Pública, v.23 nº4. Washington, abr. 2008.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 62


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Tipologia dos Indicadores


Tipologia dos Indicadores
Conforme mencionamos no início desta unidade, máticas, que gerem informações capazes de permitir
iremos agora detalhar o modelo de avaliação conce- a otimização dos recursos e estrutura disponíveis,
bido por Avedis Donabedian. em busca dos melhores resultados.

A ideia da sistematização da avaliação dos serviços Reis et al. (1990) destacam:


de saúde surgiu lentamente, já que nunca foi consi-
derada essencial à prática médica, conforme ressalta Vários autores trabalharam este pro-
Reis et al. (1990). blema, bem como analisaram suas
causas, ligadas ao fato de que o cui-
No entanto, essa realidade mudou a partir do traba- dado médico, além de difícil padroni-
lho de um médico americano, Ernest Codman, pu- zação, não possui valor de troca, mas
blicado em 1916, cuja temática estava diretamente tão somente valor de uso para aquele
relacionada à definição de uma metodologia que pu- que o consome. Alia-se a este fato que,
desse avaliar periodicamente o estado de saúde dos ao contrário do que ocorre na evolução
pacientes, a fim de estabelecer intervenções médicas da manufatura para a indústria, a in-
no ambiente hospitalar. corporação tecnológica não substitui o
trabalho vivo consumido no cuidado,
Segundo Reis et al. (1990) este trabalho: nem tecnologias mais antigas. (Ibidem,
p. 52).
Relatava, caso a caso, a que se poderia
atribuir o sucesso ou o insucesso do tra- Nas últimas décadas, o modelo proposto por Do-
tamento, qual momento em que se po- nabedian (apud Reis et al,1990), parece se encai-
deria ter uma avaliação definitiva do xar nessas necessidades das atuais organizações de
caso e, por fim, o que poderia ocorrer saúde. Conforme já mencionado anteriormente, este
até mesmo um ano depois de terem sido modelo propõe a análise de:
realizadas as intervenções. Sob a influ-
ência do trabalho de Codman, o Colé- • estrutura – condições e recursos físicos, huma-
gio Americano de Cirurgiões assumiu nos, materiais, financeiros e organizacionais dis-
a responsabilidade pela avaliação da poníveis e necessários para a prestação de uma
qualidade das práticas cirúrgicas e dos assistência de qualidade, ou seja, estrutura na
hospitais. Realizou, então, um famoso qual o cuidado se dá. Conforme cita Reis et al.
estudo, no qual registra que, entre os (1990), devemos considerar a avaliação da “or-
aproximadamente 800 hospitais exa- ganização administrativa da atenção médica;
minados com mais de 100 leitos, menos descrição das características das instalações,
de 135 tinham algum grau razoável de da equipe médica disponível, fundamentalmen-
qualidade. Como conseqüência deste te em relação à sua adequação com as normas
trabalho e dos estudos desenvolvidos vigentes; perfil dos profissionais empregados,
por Codman, cria-se, em 1928, o Hos- seu tipo, preparação e experiência”. (Ibidem, p.
pital Standartization Program, que é o 54).
embrião da Joint Comission of Accre-
ditation of Hospitals (JCAH) (25). (Ibi- • processo – refere-se à forma e ao como o cuidado
dem, p. 51). é prestado ao usuário. Ainda citando Reis et al.
(1990):
Desde então, as organizações e profissionais de saú-
de, principalmente em países europeus, Estados Uni- Esse tipo de avaliação está orienta-
dos e Canadá, têm buscado sistematizar as avaliações do, principalmente, para a análise da
dos hospitais, definindo metodologias específicas. A competência médica no tratamento dos
Acreditação Hospitalar internacional preconizada problemas de saúde, isto é, o que é fei-
pela Joint Comission e a nacional normatizada pela to para o paciente com respeito à sua
ONA – Organização Nacional de Acreditação são doença ou complicação particular. A
exemplos desta preocupação e tendência. avaliação do processo compara os pro-
cedimentos empregados com os estabe-
Diante dessa tendência e aliado ao crescente aumen- lecimentos como normas pelos próprios
to dos custos do setor de saúde, as organizações têm profissionais de saúde. (Ibidem, p. 54).
despertado para a necessidade de avaliações siste-

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 63


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• resultado – podemos dizer que corresponde ao devem a muitos fatores, a sua medida
produto final da assistência prestada (cuidado), e avaliação constituem o que existe de
considerando a satisfação do usuário e o aten- mais próximo em temos de avaliação
dimento das suas expectativas. Significa ainda do cuidado total (9). Considerando-se
a mudança no estado de saúde do usuário, que a natureza multifacetada do estado de
pode ser atribuída ao cuidado prestado, por isso, saúde, existem muitas metodologias
é a característica mais difícil de ser avaliada. que utilizam medidas de resultado se-
Completando esta definição, podemos citar no- guras e válidas. Entre elas, incluem-se
vamente Reis et al. (1990): medidas de capacidade física e estado
funcional, inventários de saúde mental,
A avaliação do resultado descreve o es- medida do impacto das doenças sobre
tado de saúde do indivíduo ou da popu- o comportamento dos indivíduos (Perfil
lação como resultado da interação ou de Impacto da Doença – SIP) e medida
não com os serviços de saúde. Como, de percepção pessoal da saúde geral.
em termos de saúde, os resultados se (Ibidem, p. 54).

“O propósito dos sistemas de atenção à saúde, em seu núcleo e através de inúmeras partes,
é proporcionar o mais alto nível de qualidade ao menor custo, de maneira mais eqüitativa ao
maior número de pessoas.” Donabedian, 1986.
(Fonte: http://www.cih.com.br/Indicadores.htm)

Agora que você avançou um pouco mais no entendimento sobre avaliação dos serviços de
saúde, você consegue identificar o que é mensurado e avaliado na sua organização, conside-
rando estes três aspectos: estrutura, processo e resultado?

Em termos práticos, podemos considerar indicado- cação de não conformidades nos processos internos
res relacionados a cada um destes aspectos: estrutu- ou oportunidades de melhoria, referente à otimiza-
ra, processo e resultado. ção e/ou utilização racional da dinâmica implemen-
tada. Como por exemplo, rever todo o processo de
Imaginemos um hospital que possui serviço de medicação de um usuário, visando a torná-lo mais
emergência ou pronto-socorro. Para esta organiza- seguro, desde o momento da prescrição médica, até
ção hospitalar, poderíamos definir como indicadores a administração do medicamento.
de estrutura a quantidade de equipamentos para o
número de leitos ativos, o número de atendimentos Finalizando a análise do modelo proposto por Dona-
realizados com a capacidade instalada, a quantidade bedian, consideremos como indicadores de resulta-
de leitos disponíveis para observação, o número de do no serviço de emergência, a taxa de mortalidade
médicos e enfermeiros do serviço, etc. Ou seja, os in- dos usuários atendidos por patologia, taxa de com-
dicadores irão retratar a estrutura física, de pessoas plicações para os usuários atendidos, o retorno de
e recursos (materiais, equipamentos etc.), disponí- usuários pelo mesmo CID (Classificação Internacio-
veis para a prestação do cuidado. Mensurar indica- nal de Doenças) em até 72h. Esses indicadores cor-
dores como esses, permite aos gestores analisarem, respondem ao “final da linha”, ou seja, refletem se a
criticamente, a relação entre a demanda atendida e a estrutura e o processo fizeram diferença. Analisando
estrutura disponível, definindo por ações de melho- esses indicadores é possível direcionar a tomada de
ria relacionadas a investimento e/ou provimento de decisão para o prosseguimento ou não da interven-
recursos necessários para a organização. ção realizada.

Ainda tomando, por exemplo, o serviço de emergên- Conforme cita Zambon (2008), as características
cia, poderíamos definir como indicadores de pro- mais fáceis de mensurar são estrutura e processo.
cesso o tempo para avaliação médica, o número de No entanto, para as organizações de saúde, a mais
erros relacionados a administração de medicamen- importante está relacionada aos resultados.
tos, tempo médio para realização de um exame de
imagem, números de prescrições médicas não con- Precisamos considerar, ainda, que as estruturas das
formes, números de dispensações de materiais e me- organizações hospitalares, principalmente no âm-
dicamentos incorretas, etc. Indicadores como esses bito público, são muito variáveis e dependem, dire-
refletem de que forma a estrutura disponível está tamente, dos recursos financeiros disponibilizados.
sendo utilizada para prestar a assistência ao usuário, Em contrapartida, os processos e resultados estão,
ou seja, significa a dinâmica do cuidado de saúde. A extremamente, relacionados à qualidade de como o
análise crítica desses indicadores favorece a identifi- cuidado é prestado.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 64


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Vamos ver dois exemplos práticos de Indicadores em Assistência à Saúde:

Quadro 5 - Exemplo 1 - Tratamento do IAM em um Hospital.


Fonte: ZANBOM, L. C. Indicadores de Processo e Resultado. Medicinanet, revisado em 15 dez. 2008.

Quadro 6 - Exemplo 2 - Imunização Infantil na Rede Básica de Saúde.


Fonte: ZANBOM, L. C. Indicadores de Processo e Resultado. Medicinanet, revisado em 15 dez. 2008.

Se desejar, visite o site http://www.medicinanet.com.br/.

Esse site apresenta vários artigos científicos, sobre gerenciamento de processo, indicadores e
segurança na assistência ao usuário, que é o assunto da nossa próxima unidade.

Vale a pena conhecer!

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 65


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Em resumo
Em resumo
Benefícios decorrentes do uso de indicado- • documentação da qualidade da assistência;
res: • comparação dentro e entre organizações ao lon-
go do tempo;
• criação de linguagem comum, clara e precisa; • sistemática para avaliação dos serviços presta-
• disponibilidade de dados gerenciais para a orga- dos;
nização; • estabelecimento de prioridades;
• incentivo ao envolvimento e trabalho em grupo; • demonstração da confiabilidade e transparência
• identificação de pontos de referência de desem- dos serviços prestados frente à sociedade;
penho/análise de tendência; • melhoria contínua da qualidade.

Você sabe o que é a metodologia da Gestão à Vista?

Esta metodologia foi difundida pelo modelo da Gestão pela Qualidade Total e tem como obje-
tivo principal disponibilizar as informações ou indicadores de forma simples, de fácil assimila-
ção e que permita aos gestores e equipes atuar de forma a praticar o fundamento primordial
da Qualidade, a melhoria contínua.

Para saber mais leia o artigo Gestão à vista como ferramenta para melhoria da qualidade e da
produtividade (Ribeiro et. al., 2003).

Os desafios trazidos pelo uso de novas tecnologias, Então, quando se pensa em organizações de saúde, o
ocasionando efeitos sobre a saúde, se transformam grande desafio da qualidade torna-se então harmo-
em uma preocupação cada vez mais complexa e nizar três objetivos díspares: a satisfação dos usu-
abrangente na área hospitalar, acarretando uma ários e profissionais, a eficiência dos processos e a
reflexão sobre a necessidade de programas de qua- obtenção de resultados que proporcionem a susten-
lidade, que subsidiem esta nova forma de pensar e tabilidade da organização.
abordar os problemas.
Para que este equilíbrio seja alcançado, podemos
O advento da qualidade tem demonstrado, cada vez dizer, que as organizações de saúde que adotam
de maneira mais enfática, não apenas a necessida- a Gestão pela Qualidade precisam ter como foco o
de de uma metodologia específica de trabalho, mas, desenvolvimento de todas as áreas, de modo a oti-
principalmente, a importância de se desenvolver o mizar estrutura, processos e resultados, propician-
senso de interdependência entre as áreas da institui- do e garantindo o êxito na realização das ações que
ção, além do desenvolvimento das pessoas que reali- fundamentam o tratamento ao doente, contribuindo
zam tarefas tão complexas. para uma visão sistêmica e evitando o surgimento de
ilhas de excelência.

Após estudarmos sobre o Sistema de Medição e os benefícios que a sistemática da avaliação


dos serviços de saúde proporciona a organizações, profissionais e usuários, chegou a vez de
entendermos melhor o que é o Gerenciamento da Segurança da Assistência, que integra a
utilização de método, ferramentas e indicadores, visando a monitorar o resultado principal de
qualquer instituição de saúde: a qualidade da assistência prestada ao usuário.

Então, na próxima unidade estudaremos, de forma mais detalhada, o Gerenciamento da


Segurança da Assistência.

E lembre-se: medir e avaliar só tem sentido se o objetivo final for a melhoria de processos
e resultados!

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 66


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Módulo 3
Gestão de Processos e de Riscos

Gestão de Riscos e
Gerenciamento da Segurança
da Assistência ao Paciente
Unidade Didática IV

Gestão de Riscos e Gerenciamento da


Segurança da Assistência ao Paciente
Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Concluindo
Concluindo

Fonte: http://www.flickr.com/photos/upvcfrontdoor/4642100389/sizes/s/in/photostream/

Estamos caminhando para concluirmos este módulo.

Abordamos um pouco sobre a Gestão de Processo, apresentamos as Ferramentas da Qualidade e Sistema de


Medição e, agora, vamos discutir sobre a importância do Gerenciamento da Segurança da Assistência.

Esse é o propósito desta unidade.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 68


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Política
Política de de segurança
segurança da da
assistência e gestão
assistência e gestão de risco
de risco
Houve um tempo em que prestar serviços de saúde
não envolvia um olhar mais aprofundado no geren-
ciamento de risco. Pouco se sabia sobre os riscos, o
que isso representava para os usuários, para os pro-
fissionais e para os processos das organizaçõespres-
tadoras de serviçosde saúde. Diante da diversidade
de usuários, dos diferentesprocessos, multiplicidade
de produtos, de fornecedores e serviços, e da com-
plexidade das atividades, o gerenciamento de risco
de forma integrada tornou-se imprescindível para o
desenvolvimento das atividades dentro dessas orga-
nizações. Assim, a diversidade, a dificuldade de atu-
ar de forma sistêmica e o não cumprimento de nor-
mas básicas de segurança, muitas vezes, favorecem a Fonte: http://www.flickr.com/photos/upvcfrontdoor/4642715944/
sizes/s/in/photostream/
fragilidade na segurança dos processos assistenciais,
com consequências gerenciais e judiciais.
de serviçosde saúde, que é o resultado da assistência,
De acordo com Feldman (2008), a gestão de risco até as que dizem respeito aos riscos do processo, da
envolve um conjunto muito diversificado de ativida- atividade operacional, dos profissionais, das instala-
des e ações, desde as que se relacionam com os ris- ções, dos sistemas de informação, dos riscos finan-
cos do principal objetivo da organização prestadora ceiros e dos assistenciais, dentre outros.

VAMOS REFLETIR?

A necessidade de garantir a segurança na assistência ao usuário tem resultado na busca


de uma metodologia de gestão formal, na utilização de uma comunicação efetiva e, princi-
palmente, na utilização de ferramentas específicas visando a contribuir para a mudança do
cenário.

A base fundamental para a implementação da se- Segundo Wachter (2010, p. 35), o movimento para
gurança da assistência é o “pensamento sistêmico” a segurança do usuário substitui o “jogo da culpa e
e focado na gestão por processo. A noção de que a da vergonha” por uma nova abordagem, conhecida
maioria dos erros é cometida por pessoas competen- como modelo mental sistêmico. Esse modelo pres-
tes e cuidadosas, e de que a segurança do usuário de- supõe a condição humana – que os humanos erram
pende de profissionais de saúde incorporados a um – e conclui que a segurança depende da criação de
sistema que antecipe erros e os impeçam de causar sistemas que antecipem os erros e, também, os pre-
dano, é fundamental para consolidarmos a gestão da vinam ou os interceptem antes que causem dano.
segurança da assistência dentro das organizações de
saúde.

Lembre-se:

Desenvolver gerenciamento da segurança da assistência dentro nas organizações prestado-


ras de serviços de saúde implica gerenciar com foco na Prevenção e mudança de atitude.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 69


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Assim, para consolidar uma Política de Risco, faz- • um ambiente livre de culpa, no qual os profis-
se necessário sedimentar a cultura de segurança em sionais são capazes de notificar erros ou quase
toda a organização, principalmente, com o foco na erros, sem medo de punições;
prevenção. Esta se refere a um comprometimento • uma expectativa de colaboração das diversas
com a segurança que permeia todos os níveis da or- áreas em busca de soluções para as vulnerabili-
ganização, desde o pessoal de linha de frente até os dades;
profissionais da alta administração. A cultura de se- • uma disposição por parte da organização de des-
gurança esclarece uma série de aspectos que deverão tinar recursos para atender às preocupações com
ser trabalhados, exaustivamente, na organização, a segurança;
tais como: • uma disposição da organização para disponibili-
zar para todos os integrantes, de forma sistêmi-
• consciência do alto risco e natureza voltada para ca, as melhores práticas.
o controle de erros nas atividades da organiza-
ção;

Refletindo!

Para realizar o gerenciamento de risco nas organizações, visando à segurança da assistência,


faz-se necessário definir uma Política que abrange a segurança do usuário, do profissional, do
ambiente e dos processos que compõem a organização.

Para ampliar mais o seu conhecimento sugerimos ler sobre Gerenciamento de Risco de Ger-
son Florence e Saide Jorge Calil, de 2005, disponível em http://www.opas.org.br/gentequefa-
zsaude/bvsde/bvsacd/cd49/umanova.pdf.

Nesse contexto, à medida que evoluímos na presta- tificar e a minimizar a ocorrência de eventos ad-
ção de uma assistência cada vez mais segura ao usu- versos ou sentinelas, decorrentes das atividades
ário, aumentam as exigências de segurança na uti- assistenciais, que podem causar danos físicos ou
lização de equipamentos, medicamentos, artigos de psicológicos aos usuários;
uso médico, sangue e seus derivados nos ambientes • avaliar e tratar, de forma sistemática, a notifica-
hospitalares. Essa política visa, também, a reforçar ção de eventos adversos e sentinela adotando a
as medidas de farmacovigilância, hemovigilância e metodologia da qualidade.
tecnovigilância. Esse projeto foi, inicialmente, de-
senvolvido pela Agência Nacional de Vigilância Sa- Para viabilizar esses objetivos é necessário:
nitária (ANVISA), com o objetivo de sistematizar a
vigilância dos produtos de saúde e assim promover 1. ter uma base sólida e segura para tomada de
melhores serviços e condições de trabalho. decisão e elaboração de planejamento;
2. identificar melhor as oportunidades e amea-
A Política de segurança institucional objetiva: ças;
3. tirar proveito de incertezas e variabilidades;
• consolidar a cultura de segurança em toda a or- 4. ter uma gestão pró-ativa em vez de reativa;
ganização; 5. tornar mais eficaz a alocação e o uso de recur-
• avaliar, de forma contínua, os processos geren- sos;
ciais, primários (assistenciais) e de apoio, iden- 6. melhorar a gestão de incidentes e reduzir per-
tificando e monitorando os riscos clínicos e não das e custos com riscos;
clínicos, visando adotar e reforçar as ações de se- 7. melhorar a segurança e confiança das partes
gurança na assistência ao usuário e, com foco na envolvidas;
prevenção de agravos e melhoria dos resultados; 8. garantir a conformidade com a legislação per-
• sistematizar medidas que visam a prever,a iden- tinente.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 70


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Os profissionais de saúde, por natureza, esforçam- to não impede que ocorram falhas, erros, acidentes,
se em proporcionar uma assistência de qualidade e eventos adversos e eventos sentinelas no processo.
segura aos usuários. Entretanto, esse comportamen-

Reforçando...

Propósito da Política de Segurança da Assistência


Garantir o estabelecimento de medidas que visam a prever, a identificar e a minimizar a ocor-
rência de eventos sentinelas, eventos adversos decorrentes de atividades, que podem causar
danos físicos ou psicológicos aos usuários.

Fique atento(a)!

A avaliação contínua de riscos nos serviços e a notificação de ocorrências constituem os pila-


res da Segurança da Assistência.

Fonte: http://www.flickr.com/photos/upvcfrontdoor/4642713208/sizes/s/in/photostream/

Reflita...

Quanto o seu trabalho é focado na identificação dos riscos para os profissionais e para os
usuários?

As ações preventivas estão definidas?

Algumas entidades e órgãos de classe têm desenvol- Conheça o GUTIS – Guia da UTI SEGURA disponi-
vido iniciativas para disseminar a cultura da segu- bilizado pela Associação de Medicina Intensiva Bra-
rança da assistência ao usuário. sileira – AMIB http://www.orgulhodeserintensivis-
ta.com.br/gutis.html.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 71


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Ocorrência e tratamento
Ocorrência e tratamento de eventos
Definições fundamentais para o entendimento da Evento Sentinela: é a ocorrência inesperada ou
Política de Segurança da Assistência dentro das or- variação do processo envolvendo óbito, lesão física
ganizaçõesprestadoras de serviços de saúde. ou psicológica sérias.

Risco: probabilidade de ocorrência de um PERIGO Segurança do usuário: é a redução e mitigação de


que provoque DANOS. atos não seguros dentro do sistema de assistência à
saúde, assim como a utilização de boas práticas para
Perigo: uma fonte potencial de DANO. alcançar resultados ótimos para o usuário.

Dano: lesão física ou psíquica e/ou prejuízo para Evento Adverso: é qualquer ocorrência médica
a saúde como: doença, sofrimento, deficiência ou nova e imprevista em um usuário que recebeu um
morte. produto farmacêutico e que não precisa, necessaria-
mente, uma relação causal com esse tratamento.
Erro: desvio em relação ao que é direito ou correto,
referente a uma norma (método), ou seja, falha não
intencional na realização de uma ação planejada.

Gravidade Consequência

Ocorrência que resultou na necessidade de intervenções imedia-


Grau 1 tas atingindo o paciente, ou o acompanhante, ou o colaborador, e
resultou em óbito.
Ocorrência que resultou na necessidade de intervenções imedia-
Grau 2 tas, atingindo o paciente, ou o acompanhante, ou o colaborador,
causando danos permanentes.
Ocorrência que resultou na necessidade de intervenções imedia-
Grau 3 tas, atingindo o paciente, ou o acompanhante, ou o colaborador, e
causando danos temporários.
Ocorrência que resultou na necessidade de intervenções imedia-
Grau 4 tas, entretanto não atingiu o paciente, nem o acompanhante, nem
ou o colaborador.

Quadro 1: Graus de Gravidade do dano e Consequências.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

No segmento de saúde, percebemos a existência de o ambiente de trabalho com maior possibilidade de


alguns fatores que estão associados com maior pro- ocorrência de dano. Muitas vezes, não conseguimos
babilidade de falhas e acidentes, tais como: tecnolo- alterar a condição humana, mas é possível mudar as
gia diversificada, muitos profissionais atendendo o condições em que as pessoas trabalham.
mesmo usuário, a interdisciplinaridade, gravidade
das doenças, ambiente com propensão a desaten- Segue abaixo um exemplo de evento que ocorreu em
ção, estresse, necessidade de tomar decisões rápi- uma organização, envolvendo vários processos e vá-
das, excessiva jornada de trabalho; excesso de usu- rias categorias profissionais, como se fosse uma se-
ários, supervisão inadequada, sistemas ineficientes quência de “furos”, que levou a ocorrência do evento,
de comunicação. Enfim, são situações que tornam parecidas com um “Queijo Suíço”.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 72


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Figura 1: Representação do Modelo do Queijo Suíço e semelhanças com possíveis falhas.


Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65132007000100013&script=sci_arttext.

1. No consultório do ortopedista, usuário e médico agendam a data da cirurgia eletiva.


O médico analisa a ressonância magnética do joelho esquerdo, explica ao usuário e
faz a solicitação de internação. Por distração, na solicitação o médico anota o nome
da patologia: artroscopia de joelho direito.

2. O usuário não verifica a anotação, a letra é difícil de entender e, afinal, é somen-


te um pedido de internação para cirurgia.

3. A cirurgia é marcada no hospital, todos os registros apontam para artroscopia de


joelho direito.

4. O usuário é internado e os dados de internação são anotados conforme a solicita-


ção de internação do médico.

5. Como há um curto período de tempo, a enfermagem do andar prepara o usuário para


a cirurgia no joelho direito, não há checagem sistemática implantada.

6. O usuário recebe visita pré-anestésica, recebe medicação é encaminhado para o cen-


tro cirúrgico em estado de sedação.

7. Todo equipamento está preparado para cirurgia de joelho direito.

8. O usuário é submetido à cirurgia no joelho incorreto.

Quadro 2: Exemplo de evento.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 73


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Wachter (2010) esclarece sobre a teoria do queijo ou de tentar alcançar o comportamen-


suíço: to humano perfeito e mais na tentativa
de encolher os buracos do queijo suíço
O modelo do queijo Suíço, do psicólogo (algo referido como erros latentes),
britânico James Reason, para os aci- assim como criar múltiplas camadas
dentes organizacionais, tem sido mui- sobrepostas de proteção a fim de dimi-
to utilizado como modelo mental para nuir a probabilidade de que os buracos
a segurança do paciente. Esse modelo se alinhem novamente, permitindo que
desenhado a partir de numerosas in- um erro os atravesse.
vestigações de acidentes, em campos
como o da aviação comercial e de ins- O modelo de ”Queijo Suíço” enfatiza que
talações nucleares, enfatiza que, em or- as análises dos erros associados à assis-
ganizações complexas, um único erro tência à saúde devem se concentrar em
na ponta raramente é suficiente para suas causas-raiz, causa fundamental e
causar dano. Em vez disso, esses erros não somente na causa mais aparente,
devem perpassar múltiplas e incomple- ocorrida na ponta do processo, mas em
tas camadas de proteção (as fatias de todas as condições subjacentes que tor-
queijo suíço) para causar um resultado nam um erro possível (ou, em algumas
devastador. O modelo de Reason trouxe condições inevitáveis). (Ibidem, p.35).
a necessidade de focar menos no alvo

Leia mais consultando o artigo Avaliação da Maturidade de um Sistema de Gestão: Proposta


de um Instrumento, de Giovanni Moraes de Araújo http://www.cpsol.com.br/upload/arqui-
vo_download/1872/artigo_giovanni___ultimo%5B1%5D.pdf

Veja abaixo alguns exemplos de eventos que podem suporte, viabilizando as condições estruturais para
ocorrer em organizações prestadoras de serviços de que os usuários sejam bem atendidos. Assim, mes-
saúde: mo com toda essa sistematização, estamos sujeitos
a determinadas implicações. Vejam abaixo algumas
• compressa cirúrgica não retirada da cavidade ab- dessas implicações nas organizações prestadoras de
dominal durante cirurgia para retirada de Apên- serviços de saúde:
dice;
• parada cárdio-respiratória de paciente durante a 1. aspectos legais
realização de procedimento hemodinâmico, por 2. imagem dos profissionais
interrupção do sistema de energia elétrica; 3. imagem organizacional
• cirurgia realizada em joelho errado; 4. prejuízo econômico, dentre outros.
• parada cárdio-respiratória de paciente durante
transporte de Unidade de Terapia Intensiva para
o Serviço de Imagem (Tomografia) sem acompa-
nhamento médico;
• acidente com queda do paciente em sanitário
sem barra de segurança, causando fratura no
braço, resultando em cirurgia.

Todo sistema está sujeito a imperfeição. Os proces-


sos contêm falhas que podem em um determinado
momento produzir um evento que atinja o usuário, o
profissional e/ou a organização, ou todos. Já vimos
no módulo anterior que uma organização é consti-
tuída de processos gerenciais, cujos profissionais
definem as diretrizes; de processos primários, cujos
profissionais atuam na assistência direta ao usuário Fonte: http://www.flickr.com/photos/upvcfrontdoor/4642721938/
in/photostream
e de processos de apoio, cujos profissionais atuam no

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 74


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Fique atento(a)!

Para a ocorrência de um evento adverso ou dano no doente, é necessário o alinhamento de


diversos “buracos” na organização, por exemplo, falhas estruturais ou pontuais, má prática
ou descuido por parte de profissionais de saúde, comportamentos inseguros ou de riscos por
parte de doentes, etc. (FELDMAN, 2008, p.35).

Feldman (2008) esclarece:

Os erros são normalmente decorrentes de:

• ações automáticas
• distração
• memória longa (quando os padrões que armaze-
namos diferem dos reais)
• especificação insuficiente
• falta de conhecimento
• falta de dados
• esquecimento
Avedis Donabedian
Os erros podem ser derivados de: Fonte: http://gerenteyauditordecalidadensalud.blogspot.
com/2009/05/avedis-donabedian.html
capacidades – a pessoa sabe o que fazer, mas a
ação não ocorre como planejada;
Vários autores estudiosos dos sistemas de Avaliação
regras – a pessoa sabe o que fazer, mas não repara da Qualidade em Saúde (REASON, 1997, FELD-
em contra-indicações, aplica as regras erradas, ou MAN, 2008) baseiam-se na tríade, definida por Ave-
não aplica as regras corretamente; dis Donabedian, composta por estrutura, processo e
resultado.
desconhecimento – a pessoa não sabe o que fa-
zer. Para exemplificar essa tríade, Feldman (2008) des-
taca o processo organizacional de uma escola de
Parece, então, que errar é uma condição humana e samba. Podem–se visualizar essas evidências desde
que resta a todos aprender a viver com essa condi- a preparação da escola de samba até a apresentação
ção, tirando dela o maior proveito para o conheci- da equipe no desfile. Veja abaixo:
mento, aprendizado e prevenção.
estrutura – corresponde ä Organização, ao plane-
Algumas sugestões, talvez, auxiliem como iniciar a jamento, quando são importantes pensarmos nas
reflexão ou passos e etapas que devem ser seguidos cores, temas, histórico, desenhos reuniões de equi-
para evitar erros: pe, espaço físico, ambiente, etc.
• gerir os erros – identificá-los, analisar as causas
e definir ações corretivas;
• pensar bem antes de retirar do ambiente do erro
a pessoa que cometeu o erro (ela pode ajudar a
identificar as causas);
• considerar os erros como um produto final de
falhas menores nos processos (as pessoas são
normalmente conduzidas ao erro pelas circuns-
tâncias.

A fonte do problema é, na maioria das vezes, desen-


cadeada por múltiplos fatores, podendo a sua ori-
gem resultar de deficiências ou falhas na estrutura,
no processo ou no resultado.(FELDMAN, 2008, Figura 2: Desfile de escola de samba.
Fonte: http://visaocarioca.com.br.
p.37).

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 75


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

processo – corresponde às etapas sequenciais de resultado - é o que se espera de uma ação. Para ser
um procedimento que, se seguidas, podem conduzir exitoso necessita de: harmonia, disciplina, organiza-
a um resultado esperado. No exemplo acima, parte ção técnica, etc., avaliação e premiação (FELDMAN,
dos processos, os ensaios, grupos, enredos, treina- 2008, p. 37).
mento em grupo e/ou individual, marcação de tem-
po, desfile, etc.

Figura 4: Comemoração.
Fonte: http://www.avendanova.com.br/
resultadovendanova.jpg.

Figura 3 – Desfile de escola de samba.


Fonte: http://www.mundodastribos.com/como-desfilar-
numa-escola-de-sambacarnaval-2011.html.
É através da avaliação da performance da equipe, da
estrutura e da avaliação dos processos que chegamos
ao resultado desejado.

ENTÃO...

Implantar o gerenciamento de risco na organização implica desenvolver, sistematicamente,


as Políticas, os procedimentos e as práticas de gestão, assim como as atividades de comuni-
cação, estabelecimento de contextos, identificação, análise, avaliação, tratamento, monitora-
mento e análise crítica de riscos.

Como seria a estrutura, os processos e os resultados na organização prestadora de serviços


de saúde que tem uma política de gerenciamento de risco implantada?

Você já sabe o que é estrutura, processo e resultado. Um risco pode ser entendido como a probabilidade
Agora, vamos definir o que é um risco para que você de ocorrência de um PERIGO que provoque DANOS,
possa ampliar, mais ainda, os seus conhecimentos. que pode ter impacto nos objetivos.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 76


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Figura 5 – Sistema de Risco.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 77


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Classificação
Classificação do risco do risco

Os riscos podem ser classificados em clínicos e não Os riscos não clínicos podem ser evitados com a
clínicos. aplicação sistemática de políticas, procedimentos e
práticas de gestão das atividades de manutenção da
estrutura e dos processos.

Pontos que devemos estar atentos para evitar maiores danos!

Nos Quadros 3, 4, 5 e 6 apresentamos alguns pontos nicos referentes à Estrutura, Manutenção Predial e
de controle com foco na prevenção de Riscos não clí- Equipamentos:

Sinalização visível de rota de fuga Acesso seguro para macas e cadeiras de roda

Sistema de chamada de emergência Sistema de segurança nos banheiros dos


acessível a todos os pacientes usuários

Iluminação de emergência Pias exclusivas para lavagem das mãos

Locais específicos para guarda temporá-


Escadas com corrimãos de ambos os lados ria de resíduos, roupa suja e materiais de
limpeza
Quadros elétricos descentralizados, Sinalização interna padronizada e de fácil
sinalizados e com identificação interna visualização

Sala de guarda de resíduo externo conforme


Acesso exclusivo para ambulâncias
legislação

Sistema de planejamento e organização dos Sistema de segurança nas janelas da


acessos e da circulação unidade de pediatria

Quadro 3: Exemplos de alguns pontos de controle referente à estrutura física.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 78


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Sistema de Suprimento de Gases Medicinais

Oxigênio
Local da Instalação
Acesso Seguro
Condições de Manutenção
Cilindros Reservas

Vácuo
Bombas independentes
Acesso Seguro
Condições de Manutenção
Ligação ao Sistema Alternativo de Energia

Compressor de Ar
Compressores Equivalentes (ou cilindro reserva)
Acesso Seguro
Condições de Manutenção
Ligação ao Sistema Alternativo de Energia
Inspeção dos Secadores

Laudo do Pára-Raio

Manutenção dos Elevadores

Programa de Manutenção do Sistema de Ar Condicionado

Critérios de Inspeção e Laudos de Segurança dos Vasos de Pressão


Autoclave
Caldeira
Sistema de vapor
Gases medicinais
Vácuo
Ar comprimido

Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico

Poço Artesiano

Sistema de Aterramento

Quadro 4:Exemplos de alguns pontos de controle referente à manutenção.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 79


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Divisão dos equipamentos por criticidade Definição da periodicidade por criticidade

Plano de manutenção preventiva dos Elaboração dos procedimentos e


equipamentos check-list de checagem dos equipamentos

Definição dos equipamentos que serão


Definição da frequência das Calibrações
submetidos ao controle metrológico

Controle das calibrações das bombas de infusão

Quadro 5: Pontos de controle referente à manutenção.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

1. Riscos de Incêndio – Brigada de incêndio, plano de contingência

2. Higiene – soluções utilizadas validadas pelo controle de infecção, procedimentos básicos


de higiene, utilização do Manual de Biossegurança, etc.

3. Insumos – Qualificação de fornecedores, rastreabilidade, plano de contingências, dentre


outros

4. Segurança Ocupacional (ex: disponibilidade de PPRA – Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais, PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, o PPRA –
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, Plano de Radioproteção, Controle Vacinal,
CIPA, dentre outros

5. Gerenciamento de Resíduos – Cumprimento do PGRSS – Programa de Gerenciamento de


Resíduos dos Serviços de Saúde

6. Qualidade da água - Análise e Controles

Quadro 6: Exemplos de outros pontos sistêmicos de controle.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008

Como estão esses pontos de sistêmicos de controle na organização em que você trabalha?

O que podemos fazer para melhorar?

Continue atento(a)!

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 80


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Você já conhece alguns riscos não clínicos. Exemplos:

Vamos abordar agora os riscos clínicos. • fluxo de medicamentos;


• terapia intravenosa;
Riscos Clínicos: Todo risco associado à ação direta • utilização de antibióticos;
ou indireta dos profissionais da área da saúde, resul- • assistência cirúrgica segura;
tante da ausência / deficiência de Políticas e ações • cuidados com usuários críticos;
organizadas na prestação de cuidados de saúde. • assistência nutricional.

Refletindo!

Na organização em que você atua, a Política de gerenciamento de risco já está definida?

As medidas preventivas estão claras?

Todos conhecem-na?

Como a sua área atua diante dos riscos?

Para possibilitar mais segurança a assistência ao • melhorar o atendimento do infarto agudo do


usuário é fundamental que sejam definidas estraté- miocárdio;
gias e medidas preventivas, tais como: • prevenir reações adversas a medicamentos;
• prevenir úlceras de pressão;
• prevenir pneumonia associada à ventilação me- • controlar os medicamentos de risco.
cânica;
• prevenir infecção associada a cateteres venosos
e centrais;

Aprofundando o seu conhecimento sobre Segurança da Assistência, pare um pouco e leia a


cartilha 10 Passos para a Segurança do Paciente, elaborada pelo COREN – Conselho Regional
de Enfermagem do Estado de São Paulo, disponibilizado no site: http://inter.coren-sp.gov.br/
node/4892.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 81


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Sistema de Notificação
Sistema de Notificação
A estratégia de notificação de erros/eventos, embo- ser bem usados, em geral transformando-se em um
ra conceitualmente atrativa, precisa ser executada caso que possa ser compartilhado entre as áreas. Por
com cuidado nas organizações. Esses cuidados sig- fim, erros que são, particularmente, preocupantes,
nificam: ser fáceis de usar, não punitivas e maneja- classificados como eventos sentinelas, devem ser
das por pessoas habilitadas em análise de dados, de analisados de forma a gerar rapidamente o máximo
forma a torná-los úteis. Os erros notificados devem aprendizado organizacional e a catalisar as mudan-
ças necessárias nos processos.

Dica

Criar um ambiente favorável à notificação de erros, visando à prevenção, é o maior desafio.

Como notificar?

A notificação de ocorrência é parte integrante da Política de Segurança.

Segundo Wachter (2010), as notificações preenchi- é pouco utilizado na área de saúde, pois o potencial
das em papel ou via sistema/web devem ser enca- para publicidade não desejada e acusações é muito
minhadas a Gerência de Risco, ou Gerência de Segu- forte, sendo, relativamente, fácil para os indivíduos
rança ou a um Comitê de Risco, conforme definido esconderem os erros.
pela organização. Tais notificações são de três cate-
gorias: anônimas, confidenciais e abertas. Um sistema ideal de notificação é caracterizado por:

Anônimas: são aquelas em que não se solicita a • participação de todos os envolvidos;


identificação do notificador. Tem a vantagem de es- • objetivos claros para todos;
timular a notificação, porém tem como desvantagem • cultura de justiça;
não permitir que perguntas de investigação sejam • aspectos de responsabilidades claros, focados e
respondidas. inteligíveis;
• opção para notificação tanto anônima quanto
Confidenciais: são aquelas em que a identidade confidencial;
do notificador é reconhecida, mas protegida de au- • notificação acessível e fácil a qualquer pessoa;
toridades como reguladores, ou representantes de • formulários com campos abertos ou múltipla es-
sistemas legais (exceto em caso de má conduta ou colha;
caso criminoso). Esses sistemas tendem a capturar • análise de dados executada por especialistas de
melhor as notificações, porque as perguntas de in- segurança;
vestigação podem ser feitas. • utilização de ferramentas da qualidade para a re-
alização das análises;
Abertas: consistem nas que todas as pessoas e lu- • retorno rápido aos envolvidos;
gares são publicamente identificados. Esse sistema • liderança forte, essencial para proteger a missão
principal e os valores.

Agora que você já entendeu a importância da notificação, vamos abordar sobre a metodologia
de investigação?

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 82


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Metodologia de investigação
Metodologia de investigação

Compreendendo como e por


que o evento ocorreu

Lembre-se:

Para a investigação de eventos, utilizaremos as ferramentas da qualidade que já estudamos.

Caso tenha alguma dúvida, consulte a Unidade II.

É fundamental que as organizações definam uma lise dos eventos e dos danos, a fim de evitar outros
metodologia formal de notificação e investigação dos eventos, agravos à saúde e garantir a qualidade da
eventos que contemple as seguintes fases: assistência.

1. notificação do evento Várias ferramentas podem ser utilizadas nesta fase


2. análise do evento de análise, tratamento e definição de ações correti-
3. tratamento de evento vas, algumas já citadas na unidade 2, como o Diagra-
4. ações corretivas ma de causa e efeito, utilizado para analisar, deta-
5. monitoramento lhadamente, as possíveis causas de um determinado
problema ou efeito, possibilitando também a redu-
Para facilitar a investigação nas organizações, é ne- ção outros danos ao usuário.
cessário adoção de ferramentas e técnicas para aná-

Lembre-se:

Ao analisar um evento que ocorreu na organização em que você atua, não se esqueça de
realizar alguns questionamentos para entender o ocorrido:

• o que aconteceu?
• por que aconteceu?
• o que fazer para que não aconteça novamente?

Abordamos, também, anteriormente, o método do


PDCA, utilizado para controlar o processo, com as
funções básicas de planejar, executar, verificar e
atuar corretamente. Para cada uma dessas funções,
existe uma série de atividades que devem ser reali-
zadas, que foram apresentadas, detalhadamente, na
unidade 2.

O uso das ferramentas da qualidade nessas ativida-


des tem o objetivo de facilitar a definição e execução
das ações, além de dar agilidade, conhecimento e se-
gurança na resolução do problema. Figura 6: Ciclo PDCA e seu uso na identificação de eventos.
Fonte: http://conhecendooorientadordegestao.blogspot.
com/2011/03/por-caroline-faria-tambem-conhecido.html.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 83


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Em resumo...

Para uma investigação multiprofissional é necessário:

• analisar os fatores causais com a utilização de ferramentas da qualidade;


• propor ações de melhoria;
• acompanhar o desenvolvimento do Plano de Ação.

Segundo Feldmam (2008), o diferencial na utiliza- dos riscos, problemas ou falhas potenciais antes da
ção de uma metodologia de investigação, está na sua ocorrência de erro, sugerindo medidas corretivas e
abordagem proativa, pois propõe uma análise crítica, melhorias que visam a prevenir e eliminar as falhas,
sistematizada, prospectiva e contínua dos processos. melhorando a confiabilidade, segurança e qualidade
As análises propiciam, cada vez mais, a identificação dos serviços prestados ao usuário.

Agora que já sabemos que é preciso notificar o evento, proceder à sua análise, como tratá-lo,
quais as ações corretivas a serem adotadas e como monitorá-lo, vamos conhecer como fazer
para assegurar que as investigações tenham o máximo de produtividade nas organizações.

Alguns pontos são importantes: discussões podem ser carregadas de emoção e a


presença do líder é fundamental para conduzir
• liderança presente: o líder deve ter a habilidade de forma produtiva a reunião. O líder deve di-
para conduzir a discussão na busca das falhas im- recionar a entrevista, para apresentação dos fa-
portantes no sistema de segurança, incluindo os tos, a fim de assegurar o máximo de benefícios,
aspectos que envolvem cultura e comunicação; dando particular atenção para coibir acusações
• abordagem interdisciplinar: a equipe encarrega- e a subseqüente atitude defensiva. É indicado
da de analisar o evento deve incluir representan- ter todos os envolvidos no mesmo encontro para
tes de todas as disciplinas relevantes. Além disso, partilharem suas visões dos fatos.
é necessária a presença de um Gerente de Ris-
co, pois a discussão deve se concentrar naquilo O objetivo principal das investigações é identificar
que é possível aprender com o evento e não em fatores relacionados com os sistemas que levam ao
reduzir a responsabilidade da organização; erro e sugerir soluções que possam prevenir que
• os profissionais que participaram do evento de- eventos similares venham a causar danos no futuro.
vem ser convidados a relatar o ocorrido: essas (WACHTER, 2010).

Lembre-se: Não culpe o sistema, ajude a corrigi-lo!

Os erros significativos devem ser, detalhadamente, Compartilhar histórias de erros é uma parte impor-
investigados por meio de ferramentas da qualidade tante da melhoria da segurança, que deverá ser con-
(apresentadas na unidade anterior), em busca de templado nas atividades educativas, treinamentos,
ampliar o entendimento do problema e definição das reuniões interdisciplinares. Essa prática contribui
ações corretivas. para a disseminação da cultura de segurança.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 84


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Ciclo da segurança
Ciclo da segurança da assistência da
O que é preciso para manter o ciclo de segurança da Um sistema de vigilância da segurança é aquele em
assistência? que tanto a alta administração quanto os profissio-
nais compartilham as responsabilidades pela con-
1. Mensurar os danos dução das atividades de maneira segura, regular e
2. Entender as causas efetiva.
3. Identificar as soluções
4. Avaliar o impacto
5. Transformar as evidências em um cuidado
mais seguro

Figura 7: Esquema da metodologia para garantir a Segurança da Assistência e o Gerenciamento de Riscos.


Fonte: Slide do Curso Gerenciamento de Risco do Instituto Qualisa de Gestão, 2008.

Finalmente, apresentamos abaixo algumas estraté- • Incluir o usuário e seus familiares na confirma-
gias para a redução do evento e esperamos que você ção de dados.
faça uso delas no seu processo de trabalho. • Definir uma política de gestão pela qualidade.
• Estabelecer políticas para desenvolver uma cul-
• Utilizar de protocolos. tura de segurança.
• Capacitar os profissionais de forma contínua.
• Melhorar a qualidade dos registros em prontu- Essas estratégias devem ser utilizadas de forma con-
ário. tínua e com constante avaliação de seus resultados.
• Padronizar procedimentos.
• Participar de iniciativas de processos de melho-
ria.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 85


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Considerações
Considerações finais finais
Enfim, a definição de uma política de gerenciamento ça, que minimizem as possibilidades do ser humano
de risco, incluindo a correção e prevenção de riscos, cometer erros.
tão somente, não garante a qualidade da assistência
na organização de prestação de saúde, pois é neces- O nosso compromisso com a qualidade e a segurança
sária também uma mudança de cultura organizacio- não termina aqui. Para tanto, precisamos aprender
nal voltada para a segurança do usuário. No entanto, mais. Assim, o próximo Módulo – Gestão da Infor-
o gerenciamento por processos, a utilização de ferra- mação – representa uma temática muito relevante
mentas e indicadores, como apresentadas nas uni- para o monitoramento de processos, segurança do
dades anteriores, podem estimular e conscientizar usuário, gestão de pessoas e gestão pela qualidade.
as lideranças e profissionais de que problemas exis- Esperamos, conjuntamente, ter contribuído para as
tem, eventos irão ocorrer, tudo depende do estabe- melhorias da qualidade dos serviços públicos de saú-
lecimento de uma gestão com medidas de correção de.
definidas, com construção de barreiras de seguran-

Agora que concluímos o Módulo 3, vamos, no Módulo 4, entender um pouco mais sobre Ges-
tão da Informação: o processo pelo qual pessoas de uma organização, planejam, aplicam, e
avaliam o uso de dados e informações para ajudar a realizar os objetivos dos seus principais
projetos.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 86


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Referências
Referências
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Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 87


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

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Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 88


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Sobre as autoras
Sobre as autoras

Profª. Jacqueline Canuto


• Especialista em Administração Hospitalar e de
Serviços de Saúde pela FDC, Fundação para o
Desenvolvimento das Ciências - Salvador/BA.
• Graduada em Psicologia pela FCH - FUMEC, Fa-
culdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saú-
de, Belo Horizonte/MG.
• Experiência profissional de treze anos na área
de Recursos Humanos em Empresas de grande
e médio porte.
• Consultora do Grupo Promédica – Operadora de
Plano de Saúde, desde 1995 a 2009, atuando na
Área de Gestão de Processos.
• Coordenadora da implantação da Gestão pela
Qualidade do Hospital Jorge Valente, de 1996 a
2009, Salvador/BA.
• Professora de Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu“ em Auditoria Médica e de Enfermagem
e MBA Executivo em Saúde da Atualiza Associa-
ção Cultural.
• Consultora na área de Gestão e Qualidade, no
segmento de Saúde.
• Atualmente, Gerente de Qualidade do Hospital
São Rafael, Salvador/BA e Coordenadora da im-
plantação da Acreditação Hospitalar do Hospital
do Subúrbio, Salvador/BA.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 89


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Profª. Janaína Regis


• Especialista em Psicologia Transpessoal Aplica-
da à Educação e Gestão de Pessoas, pelo Institu-
to Hólon em convênio com a Escolha Bahiana de
Medicina e Saúde Pública, em Salvador/BA.
• Graduada em Administração de Empresas pela
Faculdade Ruy Barbosa, Salvador/BA.
• Experiência profissional de doze anos na área de
saúde, atuando em Escritório da Qualidade.
• Atualmente, Coordenadora do Núcleo de Quali-
dade do Hospital Jorge Valente e do Projeto de
implantação do Sistema da Acreditação Hospi-
talar do Hospital da Cidade e do Hospital do Su-
búrbio, Salvador/BA.
• Consultora na área de Gestão e Qualidade no
segmento de Saúde.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 90


Curso de Extensão em Gestão Hospitalar e Sistemas em Serviços de Saúde - EAD

Profª. Vera Mendes


Doutora e Mestre em Administração pelo Núcleo de
Pós-Graduação em Administração da Escola de Ad-
ministração - Universidade Federal da Bahia. Pro-
fessora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação
em Administração da Universidade Federal da Bahia
(Especialiação/Mestrado/Doutorado). Professora
do Curso de Mestrado em Enfermagem da Escola de
Enfermagem/ UFBA. Coordenadora da Capacitação
Profissional Avançada do Núcleo de Pós-Graduação
em Administração. Coordenadora da Rede de Inova-
ção e Aprendizagem em Gestão Hospitalar/ Escola
de Administração. https://www.inovarh.ufba.br.
Coordenadora e pesquisadora do Grupo de Pesqui-
sa ObservaPolíticas. http://www.observapoliticas.
adm.ufba.br/ da Escola de Administração da UFBa.
Possui graduação em Enfermagem pela Universida-
de Federal da Bahia e em Direito, especialização em
Planejamento de Governamental pela Escola de Ad-
ministração da UFBA. Sanitarista pela FIOCRUZ/
RJ. Atualmente é professor Associada I, lotada no
Departamento de Finanças e Políticas Públicas da
Escola de Administração - Universidade Federal da
Bahia. Tem experiência na área de Administração,
com ênfase em Gestão Pública, atuando principal-
mente nos seguintes temas: cidadania, direitos, par-
ticipação, avaliação de serviços, sistema de gestâo
da qualidade, comprometimento organizacional,
inovação e gestão de Sistemas e Serviços de Saúde,
estilo gerencial, novo gerencialismo e estado con-
temporâneo.

Módulo de Gestão de Processos e de Riscos 91

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