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A pedagogia Reggio Emilia foi criada no período pós-segunda-guerra, por iniciativa de mães viúvas
e sob a coordenação do pedagogo e jornalista Loris Malaguzzi. Em uma época de reconstrução
das cidades, a preocupação primordial do grupo era em relação às novas escolas, onde desejavam
criar um ambiente tranquilo, acolhedor e alegre (com uma atmosfera de lar) onde as crianças
pudessem ficar enquanto as mães trabalhavam. Entender os interesses da criança e proporcionar
um ambiente adequado para permitir experimentos e exploração é um dos pontos focais dessa
pedagogia. A preparação de um ambiente seguro e estimulante é tão fundamental que, em muitas
literaturas, ele aparece como um terceiro professor.
A criança é entendida como um ser potente e capaz; sua curiosidade inata é o combustível que
guia seu aprendizado, pois é através dela que a criança experimenta, absorve e constrói seu
aprendizado sobre o mundo. E seu desenvolvimento deve ocorrer em todas as suas linguagens:
expressivas, comunicativas, cognitivas, éticas, lógicas, imaginativas e racionais.
O terceiro professor
O ambiente reggiano é visto como um terceiro professor. Sua importância se equipara à dos outros
dois professores que conformam a equipe em cada uma das salas de aula. Isso porque ele é visto
como 'algo' que educa a criança, por convidá-la que o explore com liberdade e segurança, guiando
seu aprendizado.
O lugar reggio é muito mais do que "apenas útil e seguro" (EDWARDS; FORMAN; GANDINI, 2016,
p. 138), mas sim um espaço que incentiva o pertencimento das crianças, bem como sua
comunicação com o restante dos usuários, sejam eles outras crianças ou adultos. Pode-se afirmar
que o ambiente ensina através dos estímulos e das experiências que ele proporciona ao
aprendizado e ao desenvolvimento de cada criança em particular.
SkyPlay: North Perth School of Learning / Tom Godden Architects & Matthew Crawford Architects.
Image © Peter Bennetts
Por entender a criança como parte da comunidade, a pedagogia reggiana também busca sempre
inseri-la como parte também da responsabilidade pela vida em sociedade. Frequentemente são
organizadas atividades que levam as crianças às ruas dos bairros e aos marcos históricos das
cidades para que ela possa vivenciá-la. Nenhuma escola que siga Reggio Emilia pode ser
construída ou reformada sem que seu contexto urbano seja considerado e analisado. Portanto, é
difícil definir regras a serem seguidas, mas há parâmetros que se repetem em todas elas. São os
seguintes:
1. Elementos arquitetônicos são entendidos como parte do material didático das aulas. Os tetos e
as paredes, por exemplo, são importantes elementos de exposição e documentação das obras de
artes (como esculturas, pinturas ou móbiles) feitas pelas crianças.
2. Iluminação natural é aproveitada para criar efeitos de luz e cores que estimulam a curiosidade e
a criatividade. Neste aspecto, lanternas, mesas de luz, focos de luz naturais e espelhos também
contribuem bastante.
SkyPlay: North Perth School of Learning / Tom Godden Architects & Matthew Crawford Architects.
Image © Peter Bennetts
4. Flexibilidade dos interiores que, de preferência não têm elementos fixos, para assegurarem
rapidez e segurança na modificação proposta pelas próprias crianças. Por isso, a maioria das
escolas reggianas possuem um mobiliário planejado normalmente em madeira.
Escola Infantil Beelieve / 3Arquitectura. Image © Leonardo Finotti
6. Paredes de vidro tem a função de conectar jardins internos e externos. Oferecem maior
incidência de luz natural, permitem brincadeiras com transparências e reflexos e, além disso, dão
uma maior sensação de comunidade pois é possível ver outras crianças trabalhando entre as
salas.
Escola René Beauverie / Dominique Coulon & associés. Image © Eugeni PONS
7. Banheiros lúdicos onde os espelhos são comumente recortados em diferentes formatos para
proporcionarem uma experiência mais divertida.
9. Ritmo e movimento são valorizados. Eles estão presentes na organização ritmada dos espaços
e dos elementos arquitetônicos e também no incentivo à atividades com essas características.
Nos espaços para crianças de 0 a 3 anos a maior preocupação no ambiente para as crianças
menores é com o aconchego e a segurança para que os bebês possam engatinhar. Há nele uma
variedade de objetos que estimulam o movimento. É muito frequente o uso de paredes de vidro
para separar a área dos bebês das demais áreas para que não se sintam sozinhos no ambiente. O
ateliê para essa idade utiliza materiais como farinha e tintas valorizando a experiência sensorial das
crianças.
Já nas salas para crianças de 3 a 6 anos, os brinquedos disponíveis são todos "não-estruturados"
(LEGO®, blocos, animais), preferencialmente feitos em madeira. Há muito material reciclável
disponível para o desenvolvimento de projetos e réplicas de itens utilizados em cozinhas
residenciais. A maior parte do espaço é coberta por tapetes para que a criança se sinta confortável
para explorá-lo livremente. No ateliê dessa faixa etária são utilizados materiais como argila, papéis
diversos e arame.
Escuela Infantil Municipal De Berriozar / Javier Larraz + Iñigo Beguiristain + Iñaki Bergera. Image ©
Iñaki Bergera
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Referências
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