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Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas 


Departamento de Química e Engenharia Química (DEQ) 
ENQ 271 – LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I 
Nomes: Adriana Marques  Matrículas: 86463 
              Jean Silva                       90376 
              Larissa Cardoso             90394  

Prática 06 – Volume parcial molar Turma: 3 

1 INTRODUÇÃO
As variáveis termodinâmicas podem ser classificadas em propriedades
extensivas ou intensivas. A pressão e temperatura são exemplos de propriedades
intensivas, assim como as quantidades parciais molares, definidas por:

∂( nM )
Ḿ i=
[ ∂ ni ]
P , T , i≠ j
(1)

Em que:
- M representa qualquer propriedade extensiva.
- P e T são constantes.
O volume parcial molar de uma substância em uma mistura é relativamente fácil
de ser visualizado. É definido como a variação do volume total da mistura quando se
adiciona um mol de uma determinada substância a um grande excesso da mistura. No
caso do volume parcial molar tal variação reflete a influência das interações entre o
componente i e os demais componentes da mistura (SMITH, et. al, 2007).
Para medir os volumes parciais molares precisamos determinar a densidade dos
compostos, e assim, usa-se uma técnica laboratorial chamada picnometria. O principal
instrumento usado nessa técnica é o picnômetro, que nada mais é que um pequeno
frasco de vidro esmerilhado, cuidadosamente construído de forma que seu volume seja
aproximadamente invariável.
Figura 1: Picnômetro

Como líquido de referência utiliza-se água, devido à existência de dados


tabelados de suas propriedades para diversas condições diferentes. De posse das massas
do picnômetro vazio e com água, é verificado seu volume da seguinte maneira:

[m pic vazio−m pic água ]


V= (2)
ρH 2O

Em que:
V= volume do picnômetro;
mpic vazio = massa do picnômetro vazio;
m pic água= massa do picnômetro cheio de água;
ρ H 2O = massa específica da água na temperatura de trabalho.

De posse dos volumes dos componentes é possível determinar a massa e a fração


de cada um deles na mistura, sendo essas propriedades calculadas pela equação da
densidade:
mi
ρ= (3)
Vi
E assim:
ni
x i= (4)
∑ ni
i

MM mis =∑ x i MM i (5)
i
Em que:
mi = massa de cada componente da mistura;
Vi = volume do componente adicionado à mistura;
ρ H 2O = massa específica da água;
xi = fração molar do componente i;
ni = quantidade de moles do componente i;
MM mis = massa molar da mistura;
MM i = massa molar do componente i.

Assim, determina-se a massa específica da mistura:

( m mis −m picvazio )
ρmis = (6)
V pic
Em que:
ρmis = massa específica da mistura;
mpicvazio = massa do picnômetro vazio;
mmis = massa do picnômetro contendo a solução;
Vpic = volume do picnômetro.

1.1 VOLUME MOLAR DA MISTURA


As determinações advindas da metodologia do picnômetro podem ser tratadas
em função do volume real da mistura, volume ideal e a variação do volume da mistura.
As propriedades volumétricas de misturas binárias são propriedades complexas, pois
dependem não somente de interações soluto-soluto, solvente-solvente e soluto-solvente,
mas também de efeitos estruturais resultantes das acomodações intersticiais, devido a
diferenças no volume molar e no volume livre entre os componentes presentes na
solução (MAGALHÃES, et al). No que diz respeito ao volume real da mistura
utilizamos a seguinte equação:

MM mis
V real = (7)
ρmis
Neste caso, V real é o volume real da mistura, MM mis é sua massa molar e ρmis é a
massa específica da mistura.
Em relação ao volume ideal, utilizam-se dados encontrados na literatura, uma
vez que a intenção é comparar a situação real com a ideal.

V ideal =∑ x i V i (8)
i

Por fim, para encontrar a variação do volume da mistura:

△ V mix=V real −V ideal (9)


Da relação de soma das propriedades parciais, define-se o volume molar real (
V real ) em função da composição (xi) e do volume parcial molar (V́ i):

V real =∑ x i V́ i (10)
i

O balanço de massa diz que ∑ x i=1, e assim, combinando essas informações


i

tem-se uma relação analítica entre △ V mix e as frações molares de cada componente da
mistura (xi) é possível obter as equações:

d ∆ V mix
V 1=∆ V mix + x 2 +V 1 (11)
d x1
d ∆ V mix
V 2=∆ V mix− x1 +V 2 (12)
d x1

Enfim, este experimento visa determinar o volume parcial molar da água e do


etanol a partir de soluções aquosas com diferentes concentrações de etanol. Utiliza-se a
técnica da picnometria para determinar a densidade das soluções e através de cálculos
obter os volumes parciais molares. É verificado, também a dependência do volume
molar parcial de um determinado composto com a composição da mistura.

2 MATERIAIS E METODOLOGIA 
Materiais:
- Água destilada;
- Pipeta graduada;
- Solução de etanol comercial 96°GL;
- 12 picnômetros;
- Termômetro de mercúrio:
- Banho termostático;
- Balança analítica;
- Papel absorvente.

Metodologia:
Preparou-se em balões volumétricos soluções de diferentes proporções de água e
etanol, utilizando álcool 96% v/v. As soluções foram deixadas em banho por 30 minutos
a 20°C. Foram pesados 12 picnômetros secos e vazios e também após serem
preenchidos com água e deixados no banho por 15 minutos a 20°C. Os picnômetros
foram preenchidos com a solução, após ambientá-los três vezes, e determinou-se sua
massa. Para isso utilizou-se balança analítica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1 Cálculos do volume molar real, variação do volume molar de mistura, volume
parcial molar
A Tabela 1 apresenta os resultados da pesagem dos picnômetros vazios e com
água. O volume do picnômetro foi encontrado usando a massa específica da água a
20°C (ρágua =0,998203 g mL-1) e a massa de água obtida por diferença, segundo a
Equação (2).

Tabela 1 - Determinação do volume dos picnômetros.

Picnômetro mpic (g) mágua+pic (g) mágua (g) Vpic (mL)


1 18,9825 28,8806 9,8981 9,91592
2 18,7556 28,4631 9,7075 9,72498
4 18,6320 28,9438 10,3118 10,33036
5 19,2248 28,6753 9,4505 9,46751
6 11,1709 21,4224 10,2515 10,26996
7 14,0830 23,6875 9,6045 9,62179
8 19,5816 29,3955 9,8139 9,83157
9 11,8020 21,8429 10,0409 10,05898
10 19,2998 29,3910 10,0912 10,10937
11 11,5302 21,7381 10,2079 10,22628
12 12,7424 22,6290 9,8866 9,9044
13 12,4492 22,5126 10,0634 10,08152

O cálculo das frações molares de água e de etanol em cada solução foi feito
calculando a massa (m = Vadicionado x ρ) e o número de mols (n = m/MM) correspondente
a cada volume de etanol e água adicionado. Dados utilizados nos cálculos:

ρágua=0,998203 g mL-1

MMágua= 18,01528 g mol-1

ρetanol=0,7890 g mL-1

MMetanol= 46,07 g mol-1

Como o etanol utilizado é 96% v/v, seu volume foi corrigido. O resultado se
encontra na Tabela 2:

Tabela 2 – Frações molares de água e etanol em cada solução.

Vetanol Água Etanol MM média


Vágua ∑ (Xi MMi)
corrigido
n
(mL) m (g) Xágua m (g) n (mol) Xetanol
(mL) (mol)
0 99,8203 5,540 1 0 0 0 18,0153
100
9
9,6 89,8383 4,986 0,9684 7,5744 0,16441 0,0319 18,9164
90
8
19,2 79,8562 4,432 0,9316 15,1488 0,32882 0,0691 19,9645
80
7
28,8 69,8742 3,878 0,8882 22,7232 0,49323 0,1128 21,1988
70
6
48 49,9102 2,770 0,7730 37,872 0,82205 0,2288 24,4679
50
4
67,2 29,9461 1,662 0,5934 53,0208 1,15087 0,4091 29,5376
30
3
76,8 19,9641 1,108 0,4599 60,5952 1,31529 0,5427 33,2886
20
2
86,4 9,9820 0,554 0,2745 68,1696 1,4797 0,7276 38,4636
10
1
90,24 5,9892 0,332 0,1786 71,19936 1,54546 0,8230 41,1307
6
5
93,12 2,9946 0,166 0,0953 73,47168 1,59478 0,9056 43,4388
3
2
95,04 0,9982 0,055 0,0333 74,98656 1,62767 0,9671 45,1535
1
4
0 96 0 0 0 75,744 1,64411 1 46,0700

A pesagem dos picnômetros preenchidos com as soluções tem resultado exposto


na Tabela 3. Com a massa molar média da solução calculada acima foi possível
determinar o volume molar da mistura (Vmis).

Tabela 3 - Determinação do volume molar da mistura.

msolução+pic msolução Vpic nsolução (mol) Vmis (mL/mol)


Picnômetro mpic (g) msolução/MMmédia Vpic/nsolução
(g) (g) (mL)
18,982 9,8782 0,54832 18,08407
1 28,8607 9,91592
5
18,755 9,684 0,51194 18,99646
2 28,4396 9,72498
6
18,632 10,137 10,3303 0,50777 20,34475
4 28,7693
0 3 6
19,224 9,2555 0,4366 21,6844
5 28,4803 9,46751
8
11,170 9,9153 10,2699 0,40524 25,3431
6 21,0862
9 6
14,083 9,1695 0,31043 30,99454
7 23,2525 9,62179
0
19,581 9,244 0,27769 35,40445
8 28,8256 9,83157
6
11,802 9,4626 10,0589 0,24601 40,88777
9 21,2646
0 8
19,299 8,8446 10,1093 0,21504 47,01231
10 28,1444
8 7
11,530 8,3848 10,2262 0,19303 52,9789
11 19,9150
2 8
12,742 8,0731 0,17879 55,39606
12 20,8155 9,9044
4
12,449 8,1188 10,0815 0,17623 57,20742
13 20,5680
2 2

Para obtenção dos volumes molares de água e etanol foi estabelecida uma
relação entre volume molar da mistura (Vmis) e fração molar de água (Xágua), plotando os
seguintes dados experimentais:
Vmis (mL/mol) Xágua
18,08407 1
18,99646 0,9684
20,34475 0,9316
21,6844 0,8882
25,3431 0,7730
30,99454 0,5934
35,40445 0,4599
40,88777 0,2745
47,01231 0,1786
52,9789 0,0953
55,39606 0,0333
57,20742 0

70
Model Polynomial
Adj. R-Square 0,99749
Value Standard Error
A Intercept 57,79021 0,55351
60 A B1 -70,7034 6,11004
A B2 A59,03202 15,19167
A B3 Polynom
-28,18317 ial F it10,02949
of A
-1
V olum e m olar da m istura /m L m ol

50

40

30

20

10
-0,25 0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25

Fraçao m olar da agua

Gráfico 1 – Gráfico de Volume molar da mistura versus Fração molar da água feito
com software OriginPro® 8.

O ajuste polinomial fornece a seguinte relação entre volume parcial da mistura e


fração molar:
Vmis = -28,1832·X 3água + 59,0320·X 2água -70,7034. X água + 57,7902

A partir dessa expressão, de acordo com Smith et al. (2007), é possível


determinar os volumes parciais de cada substância, segundo as Equações (11) e (12):

d V mis
V́ água =V mis + ( 1−X água )
d X água
3 2
V́ água =56,3664 · X água −143,5816 · X água +118,064. X água −12,9132

d V mis
V́ etanol =V mis −X água
d X água
V́ etanol =56,3664 · X 3água −59,032· X 2água +57,7902

Em que:

V́ água: volume parcial molar da água (ml mol-1)

V́ etanol = volume parcial molar do etanol (mL mol-1)

Os volumes parciais molares de cada substância calculados pelas expressões


(11) e (12) se encontram na Tabela 4.
Também foi calculado o volume molar da mistura considerando solução ideal,
dado pela Equação (08), e a variação do volume molar da mistura ao se misturar etanol
e água, por meio da Equação (09). Os resultados também estão resumidos na Tabela 4.
V mis (ideal)=X água .V água + X etanol . V etanol

∆ V mis =V mis−V mis (ideal)


Tabela 4 – Variação do volume molar da mistura e volumes parciais molares.

Vmis Vmis ideal ∆ V mis V́ água V́ etanol


Solução Xágua
(mL mol-1) (mL mol-1) (mL mol-1) (mL mol-1) (mL mol-1)
1 18,0841 18,0476 0,03646 1 17,9356 54,9246
2 18,9965 19,3400 -0,34354 0,9684 17,9593 53,4200

4 20,3448 20,8480 -0,50327 0,9316 18,0370 51,9307

5 21,6844 22,6165 -0,93207 0,8882 18,1758 50,5159


6 25,3431 27,3108 -1,96773 0,7730 18,59112 48,3519
7 30,9945 34,5969 -3,60232 0,5934 18,3653 48,5814

8 35,4045 39,9883 -4,58384 0,4599 16,4987 50,5874

9 40,8878 47,4387 -6,55093 0,2745 9,8423 54,3080


10 47,0123 51,2781 -4,26583 0,1786 3,9142 56,0283
11 52,9789 54,5987 -1,61975 0,0953 -2,9169 57,1029
12 55,3961 57,0703 -1,6742 0,0333 -9,1388 57,5268
13 57,2074 58,3903 -1,18283 0 -12,9132 57,5902

3.2 Cálculo do volume real de uma solução formada por 2 litros de etanol e
1,5 litros de água

Considerando etanol 100% v/v e temperatura de 20ºC:


netanol = ρV/MM = (2000 mL x 0,7890 g mL-1)/ 46,07 g mol-1 = 34,25 mol

nágua = ρV/MM = (1500 mL x 0,9982g mL-1)/ 18,016 g mol-1 = 83,11 mol

Xágua = nágua/ntotal = 0,708

Utilizando a expressão obtida experimentalmente:

Vmis = -28,1832·X 3água + 59,0320·X 2água -70,7034. X água + 57,7902

Vmis = 27,32 mL mol-1

Esse valor de volume molar encontrado, multiplicado pelo número total de mols
da solução resulta em 3206,28 mL. Isso corresponde á uma diminuição de 293,72 mL
em relação ao volume molar ideal.

4 CONCLUSÃO
Neste experimento foi comprovada a validade dos conceitos de volume parcial,
volume molar real e volume molar ideal, uma vez que foi possível observar que ao
preparar misturas de dois ou mais componentes (etanol e água, nesse experimento) o
volume final da solução não necessariamente corresponde à simples soma dos volumes
parciais de cada um dos componentes.
As fontes de erro na execução dessa prática podem ter sido devido a imprecisão
na tomada das massas dos picnômetros durante as pesagens e na evaporação de etanol
das soluções com maior porcentagem desse componente, entre o preparo da solução e a
pesagem do picnômetro que a continha. Porém mesmo com esses problemas foi
possível obter uma equação satisfatória relacionando a fração molar de água e o volume
da mistura.

5 REFERÊNCIAS
MAGALHÃES, J. G.; VOLPE, P. L. O.; TÔRRES, R. B. Propriedades volumétricas
de misturas binárias de (triclorometano e aminas) em temperaturas entre T=
288.15 K e T= 303.15 K à p= 0.1 MPa. 31ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Química .

SMITH, J. M.; VAN NESS, H. C.; ABBOTT, M. M. Introdução à Termodinâmica da


Engenharia Química. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. 625 p.

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