Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO


PROF.: ZACARIAS
JOÃO ANGELO TUPPER GIL

RESENHA DO CAPÍTULO 7

O capítulo 7, intitulado como “Inovações na Educação Básica Municipal:


Gestão Pedagógica, Planejamento e Avaliação”; disserta sobre iniciativas inovadoras na esfera
municipal com o incentivo do governo federal. Escrito por Sandra Zákia Sousa e Angela
Maria Martins, o texto começa abordando a responsabilidade municipal pela gestão direta do
ensino fundamental. Esse encargo é atribuído aos municípios mas é orientado por diretrizes
nacionais dadas pelo governo federal; seja através de políticas de incentivo ou por parâmetros
pré- estabelecidos.
Uma das estratégias de orientação federal é o “Projeto Laboratório de
Experiências Inovadoras em Gestão Educacional, criado pela Secretaria de Educação Básica
(SEB), do Ministério da Educação e coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que instituiu o Prêmio Inovação em
Experiência e Gestão.” (pág. 159). O projeto tem como intuito a aproximação das gestões ao
PNE e ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.
As autoras a fins de esclarecimento sobre o prêmio e o conceito de inovação,
coordenaram um estudo que se denominou de: “Experiências inovadoras em educação:
avaliação de programas educacionais incentivados pelo governo federal.” Esse estudo avalia
escolas municipais do Estado de São Paulo que participaram do prêmio, foca-se em
parâmetros administrativos e pedagógicos pretendendo dar conta dos problemas da qualidade
e do desempenho apontados pelas Secretarias Municipais de Educação.
Segundo o Inep, os critérios para os projetos serem atribuídos como inovadores
são: “experiências que introduzam alterações em relação às praticas anteriores; apresentem contextualização e
conhecimento da realidade local pelo órgão gestor, para o desenho da experiência; indiquem perspectiva de
continuidade, abrangência, controle, transparência e eficiência no uso dos recursos, além de evidenciarem

potencial de fortalecimento da gestão democrática e integrada (MEC/ INEP, 2010).”(pág. 162) . Para a
candidatura, o projeto deve se enquadrar em uma das seguintes temáticas que citaremos:
Gestão Pedagógica, Gestão de Pessoas, Planejamento e Gestão e Avaliações de Resultados
Educacionais. Para as autoras, essas temáticas são contraditórias em análise mais profunda,
leiamos:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO
PROF.: ZACARIAS
JOÃO ANGELO TUPPER GIL
“Esses agrupamentos geram ambiguidades no que diz respeito às suas
especifidades, o que se evidenciou na análise das ementas e da classificação das experiências
registradas pelo Banco.” (pág.163)
Concluindo:
“Talvez isso revele a assunção da avaliação como instrumento de gestão, em
detrimento de uma visão que a conceba como subsídio ao planejamento e à gestão.” (pág.
163)
Sobre as indicações para o prêmio, as autoras refletem que o conceito de
inovação varia de acordo com o problema de cada localidade, atendendo, assim, a relações
não gerais e universais. Trata-se de um conceito amplo, que é embutido de maneira consoante
com o diagnóstico da secretaria municipal. Porém, a elucubração do possível prêmio deprecia
a autonomia das esferas municipais, privilegiando as funções de enquadramento nas
expectativas do governo federal para tal indicação. O texto argumenta:
“Em outros termos, ao tempo em que se constata a presença de referencias ao PNE, não se
observa igual ênfase nos instrumentos de planejamento e gestão das municipalidades, tal como o Plano
Municipal de Educação e demais instrumentos normativos legais.
Talvez isso seja expressão do excessivo formalismo no cumprimento das normas estabelecidas
pela premiação, o que nos leva a inferir que esse tipo de resposta pode ser visto como dependência das instâncias
subnacionais em relação ao governo federal, questão que vem sendo bastante analisada pela literatura da área. As
possibilidades e os limites para que as prefeituras assumam a gestão da educação básica tem sido o foco de
estudos realizados no âmbito da produção acadêmica e dos próprios órgãos governamentais. Entretanto, parte-se
do pressuposto que a cultura política consolidada nas localidades dificilmente será substituída automaticamente
por um novo conjunto normativo, embora a norma seja o pressuposto do regime democrático (MARTINS, 2004;
FARIA, 1989).” (pág.166)
Apesar da variedade das propostas de inovação, o capítulo nos indica que
inovação pressupõe que há uma insatisfação com o estado atual e que traz valores assumidos
que têm que ser impostos. Destaca ainda que se trata de um meio para transformar a realidade
educacional e não um fim em si mesmo.
Para refletirmos sobre a indução do governo federal nas esferas de gestão
municipais, de acordo com o que já foi dito, salientamos dois questionamentos que as autoras
nos trazem e induzem suas respostas; porém parece-me mais interessante, já que se trata de
indução, as questões ficarem em aberto para o entendimento pessoal de cada um. São elas:
Assumindo-se que o propósito mais geral da iniciativa do MEC é estimular a gestão
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO
PROF.: ZACARIAS
JOÃO ANGELO TUPPER GIL
democrática nas redes municipais de ensino, a indução é um caminho promissor? Que
possíveis efeitos podem ser gerados com a premiação de iniciativas isoladas de gestão?

Você também pode gostar