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A ARQUITETURA COMO FATOR DE DECISÃO NO PROJETO DE

SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A EDIFICAÇÕES

Clarissa Debiazi Zomer (UFSC) - clazomer@gmail.com


Isadora Pauli Custódio (UFSC) - isadorapcustodio@gmail.com
Ricardo Rüther (UFSC) - rruther@gmail.com

Resumo:

As reduções significativas de preços nos últimos anos, o avanço na eficiência e a grande


variedade estética da tecnologia tem incentivado a integração de sistemas fotovoltaicos à
arquitetura, sejam sobrepostos a envoltórias já existentes como materiais de revestimento,
sejam compondo novas edificações, inclusive, como materiais de vedação. Neste contexto,
questões arquitetônicas entram como mais um fator de decisão na fase de projeto dos sistemas
fotovoltaicos e, para isso, torna-se fundamental conhecer as influências que tais decisões
possam acarretar em aspectos energéticos. Este artigo teve como objetivo comparar três
sistemas fotovoltaicos integrados à arquitetura, cujo fator dominante no posicionamento dos
módulos foi privilegiar a composição arquitetônica, com dois sistemas montados em solo,
instalados em posições que otimizam a geração energética anual. Todos os sistemas
analisados operam no Laboratório Fotovoltaica/UFSC (www.fotovoltaica.ufsc.br), localizado
em Florianópolis - SC (27°S; 48°O) e são monitorados desde a conexão com a rede. Os
geradores usam diferentes tecnologias fotovoltaicas e os módulos são montados em diferentes
ângulos de inclinação e desvios azimutais. O desempenho energético de cada sistema foi
investigado em relação aos aspectos arquitetônicos, disponibilidade de irradiação solar e
sombreamentos parciais, além de dois parâmetros de desempenho, yield (em kWh/kWp.ano) e
performance ratio (PR, em %), para o período de um ano. Os resultados mostraram que, nas
condições climáticas analisadas, os sistemas idealmente posicionados e os sistemas que
privilegiaram questões arquitetônicas tiveram desempenhos energéticos semelhantes,
demonstrando que independentemente do tipo de tecnologia adotada, os módulos fotovoltaicos
podem ser usados como elementos arquitetônicos de diversas maneiras e, ainda assim,
apresentarem um bom desempenho energético.

Palavras-chave: Sistemas BIPV, Arquitetura solar, Desempenho de sistemas fotovoltaicos

Área temática: Arquitetura e Energia Solar

Subárea temática: Aspectos arquitetônicos do uso de instalações fotovoltaicas

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VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

A ARQUITETURA COMO FATOR DE DECISÃO NO PROJETO DE


SISTEMAS FOTOVOLTAICOS INTEGRADOS A EDIFICAÇÕES

Clarissa Debiazi Zomer – clazomer@gmail.com


Isadora Pauli Custódio – isadorapcustodio@gmail.com
Ricardo Rüther – ricardo.ruther@ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil

Resumo. As reduções significativas de preços nos últimos anos, o avanço na eficiência e a grande variedade estética
da tecnologia tem incentivado a integração de sistemas fotovoltaicos à arquitetura, sejam sobrepostos a envoltórias já
existentes como materiais de revestimento, sejam compondo novas edificações, inclusive, como materiais de vedação.
Neste contexto, questões arquitetônicas entram como mais um fator de decisão na fase de projeto dos sistemas
fotovoltaicos e, para isso, torna-se fundamental conhecer as influências que tais decisões possam acarretar em
aspectos energéticos. Este artigo teve como objetivo comparar três sistemas fotovoltaicos integrados à arquitetura,
cujo fator dominante no posicionamento dos módulos foi privilegiar a composição arquitetônica, com dois sistemas
montados em solo, instalados em posições que otimizam a geração energética anual. Todos os sistemas analisados
operam no Laboratório Fotovoltaica/UFSC (www.fotovoltaica.ufsc.br), localizado em Florianópolis - SC (27°S; 48°O)
e são monitorados desde a conexão com a rede. Os geradores usam diferentes tecnologias fotovoltaicas e os módulos
são montados em diferentes ângulos de inclinação e desvios azimutais. O desempenho energético de cada sistema foi
investigado em relação aos aspectos arquitetônicos, disponibilidade de irradiação solar e sombreamentos parciais,
além de dois parâmetros de desempenho, yield (em kWh/kWp.ano) e performance ratio (PR, em %), para o período de
um ano. Os resultados mostraram que, nas condições climáticas analisadas, os sistemas idealmente posicionados e os
sistemas que privilegiaram questões arquitetônicas tiveram desempenhos energéticos semelhantes, demonstrando que
independentemente do tipo de tecnologia adotada, os módulos fotovoltaicos podem ser usados como elementos
arquitetônicos de diversas maneiras e, ainda assim, apresentarem um bom desempenho energético.

Palavras-chave: Sistemas BIPV, Arquitetura solar, Desempenho de sistemas fotovoltaicos.

1. INTRODUÇÃO

A tecnologia fotovoltaica (FV) é a forma de geração energética que mais cresce no mundo. A capacidade
instalada acumulada de energia FV ultrapassou meio Terawatt no início de 2019 e a tendência é que sua participação no
mix de energia continue aumentando em todo o mundo. Estima-se que a maioria das novas instalações seja de usinas
solares convencionais montadas em solo (Mints, 2019), no entanto, um grande diferencial desta tecnologia é poder ser
integrada a edificações, os chamados Building-Integrated Photovoltaic systems – BIPVs. Com a acentuada redução de
preço, 10 vezes nos últimos 10 anos (Mints, 2019), os módulos FV custam menos por unidade de área do que muitos
materiais de revestimento convencionais, como vidro, material composto de alumínio (ACM) e granito (Lai e Hokoi,
2015; Sorgato et al., 2018). De acordo com Peng et al. (2011), não é necessário que os componentes FV durem tanto
quanto os edifícios, mas a facilidade de manutenção e substituição deles deve ser enfatizada. Em sistemas BIPV, a
orientação e a inclinação não ideais dos módulos FV tornam-se menos problemáticas se o custo evitado ao substituir
materiais nobres por um material gerador de energia compensar as perdas energéticas associadas.
Uma grande vantagem dos sistemas BIPV é que a energia é gerada próxima ao ponto de consumo, de forma
distribuída e sem ocupar área extra, pois se sobrepõem ou desempenham o papel de vedação na arquitetura (Ordenes et
al., 2007; Santos e Rüther, 2012). Geralmente, os projetos de sistemas BIPV seguem práticas clássicas de projeto de
sistemas FV, com ângulos de inclinação que correspondem à latitude local e orientação em direção ao hemisfério
oposto (orientado ao norte, se o sistema estiver no Hemisfério Sul), a fim de maximizar a geração anual de energia; são
os sistemas considerados “ideais” (Badescu, 2006; Hummon et al., 2012; Yang e Lu, 2007). Embora a maximização do
yield (ou produtividade) e do performance ratio (PR) (ou taxa de desempenho) represente um melhor retorno do
investimento, as diferenças entre os desempenhos de um sistema FV otimizado e um não otimizado podem ser de
apenas alguns pontos percentuais (Mulcué-Nieto e Mora-López, 2015; Sun et al., 2012; Zomer et al., 2014; Zomer et
al., 2013). Desafios como sombreamento parcial, inclinação não ideal e desvios azimutais são comuns em sistemas
BIPV; portanto, é importante estar ciente das consequências em seu desempenho energético (Mulcué-Nieto e Mora-
López, 2015; Zomer et al., 2016).
O primeiro sistema BIPV instalado no Brasil está localizado em Florianópolis (27°S; 48°O). Foi projetado e
instalado em 1997 pelo Laboratório Fotovoltaica/UFSC e tem sido monitorado continuamente. Trata-se de um sistema
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idealmente posicionado (inclinação de 27°, voltado para o norte verdadeiro) que utiliza módulos de silício amorfo (a-
Si), cujo yield anual é de 1.100 kWh/kWp (Rüther, 1998; Rüther e Dacoregio, 2000; Rüther et al., 2010).
Em junho de 2015, o Laboratório Fotovoltaica/UFSC inaugurou o Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia
Solar da Universidade Federal de Santa Catarina, também localizado em Florianópolis, projetado com o intuito de
demonstrar diferentes possibilidades FV na integração arquitetônica, não necessariamente para maximizar a geração
anual, mas buscando alcançar compromissos entre forma e função, ou, em outras palavras, entre o apelo estético do
edifício e a produção de energia dos sistemas FV.
Diante do exposto, o objetivo principal deste artigo foi comparar o desempenho energético de sistemas FV
integrados à arquitetura, que tiveram a composição arquitetônica como diretriz de projeto, com sistemas FV idealmente
orientados, sob as mesmas condições climáticas. Para isso, o yield anual e o PR de três sistemas BIPV (BIPV_A,
BIPV_B e BIPV_C) foram investigados em relação aos aspectos arquitetônicos da instalação, à disponibilidade de
irradiação solar, à existência ou não de sombreamentos parciais e à energia gerada durante um ano. Para comparar os
resultados dos três sistemas BIPV com sistemas FV instalados de maneira otimizada, dois sistemas FV montados em
solo instalados no mesmo local foram considerados como sistemas de referência (SR_1 e SR_2).

2. OBJETO DE ESTUDO: CENTRO DE PESQUISA E CAPACITAÇÃO EM ENERGIA SOLAR DA UFSC

O Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da UFSC é constituído por dois blocos: A e B. O Bloco A
foi planejado para abrigar duas salas de aula para capacitação e treinamento de profissionais que irão trabalhar ou
desenvolver pesquisas na área de energia solar FV; um auditório que possibilita a realização de eventos, com
capacidade para 80 pessoas; e salas para professores e alunos da UFSC desenvolverem seus projetos de pesquisa.
O Bloco B é destinado à realização de atividades práticas relacionadas aos projetos desenvolvidos no Bloco A,
além da capacitação prática de pessoas. Possui um laboratório de monitoramento de usinas FV, bem como um
laboratório de prototipagem. A ligação entre os laboratórios se dá por uma oficina equipada com ferramentas e
aparelhos mecânicos, que dá suporte aos mesmos. O Bloco B possui ainda um mezanino, ocupado por pesquisadores, e
um terraço com uma moderna e completa estação solarimétrica.
Ambas as coberturas possuem integração de módulos FV instalados de modo a possibilitar a sua visualização
pelos visitantes do local e, portanto, divulgar esta tecnologia. Além das edificações, o Centro de Pesquisa e Capacitação
em Energia Solar possui um estacionamento e uma estação de recarga para o ônibus elétrico da UFSC (eBus),
igualmente cobertos por módulos FV. Além de gerar energia limpa para suprir a necessidade energética das edificações,
os geradores solares do Laboratório Fotovoltaica UFSC alimentam veículos elétricos e injetam energia excedente na
rede elétrica em horários específicos.
Os três sistemas BIPV do centro de pesquisa que foram estudados no presente artigo podem ser visualizados na
Fig.1: o sistema do Bloco A, que é integrado à sua cobertura curva (BIPV_A), o sistema do estacionamento, que se trata
de uma cobertura com módulos FV utilizados como material de vedação (BIPV_B), e o sistema da estação de
carregamento do eBus, integrado de maneira levemente inclinada em uma laje plana (BIPV_C). A Fig.1 mostra também
a localização dos sistemas de referência: SR_1 e SR_2. Todos os sistemas analisados são conectados à rede e possuem
sistemas de aquisição de dados desde sua instalação.

BIPV_A
BIPV_B

BIPV_C

SR_2

SR_1

Figura 1 - Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da UFSC com destaque para os três sistemas
BIPV (BIPV_A, BIPV_B e BIPV_C) e os dois sistemas de referência (SR_1 e SR_2).
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3. MÉTODO

A metodologia foi dividida em cinco partes.

3.1. Análise dos projetos arquitetônicos e elétricos

Nesta etapa destacou-se como se deu a concepção de cada BIPV, mostrando que a integração FV foi um
importante aspecto arquitetônico considerado desde os estágios iniciais do projeto arquitetônico. Os projetos foram
ainda avaliados de acordo com as seguintes características: orientação e inclinação dos módulos FV; forma de fixação
dos módulos FV no telhado; e afastamento entre os módulos FV e o envelope do edifício.
A análise do projeto elétrico foi baseada nas seguintes características: tecnologia FV adotada; potência nominal
dos módulos FV; potência nominal dos inversores; e configuração elétrica dos módulos FV. Com base nas
características mencionadas, os sistemas FV foram analisados de acordo com a carga do inversor e a configuração
espacial dos módulos e das strings no envelope do edifício.

3.2. Análise da incidência de irradiação solar no plano dos módulos

Transposições da irradiação horizontal global local foram realizadas para avaliar a irradiação no plano de cada
sistema FV em análise. Os dados globais de irradiação horizontal utilizados foram obtidos a partir de um piranômetro
no mesmo local. A resolução temporal dos dados é de minuto em minuto e, para este estudo, os dados foram integrados
mensalmente. Posteriormente, o software Radiasol (UFRGS, 2001) foi utilizado para quantificar a irradiação no plano
de cada sistema com base no modelo de transposição de Perez-Ineichen (Perez et al., 1990; Perez et al., 1987), uma vez
que esse é o modelo que melhor representa os valores medidos de irradiação solar no plano inclinado para Florianópolis
(Portolan dos Santos e Rüther, 2014).
Todas as análises foram realizadas no período de janeiro a dezembro de 2017, pois esse foi o primeiro ano
completo em que todos os sistemas FV operaram juntos.

3.3. Análise de sombreamento

A análise do sombreamento existente nos sistemas BIPV foi feita com base em simulações computacionais,
utilizando o software PVsyst®, a partir de um modelo tridimensional dos sistemas e dos elementos do entorno, criado
no software SketchUp®.
O PVsyst® especifica percentuais de perdas de desempenho de sistemas FV relacionados ao sombreamento, ao
ângulo de incidência de irradiação solar, ao acúmulo de sujeira, à temperatura, à tecnologia do módulo FV, à
incompatibilidade do arranjo FV, entre outras. Foram utilizados alguns valores de perdas padrão do próprio software,
como 1,5% para perdas ôhmicas, 0,8% para perdas por ineficiência dos módulos e 2,0% para indisponibilidade do
sistema. Para perdas de incompatibilidade foi utilizado um valor de 2,0% (Hickel et al., 2014), para sujeira, 3,0%
(Hickel et al., 2016) e para LID (Degradação Induzida por Luz), 3,0% (Munoz, 2011). As perdas por sombreamento
foram calculadas pela ferramenta "According to module strings", que considera o sombreamento de acordo com as
strings elétricas dos sistemas.

3.4. Análise energética

A quarta parte foi uma análise de geração de energia baseada em valores medidos ao longo do ano de 2017. Os
valores mensais medidos nos três sistemas BIPV e nos dois sistemas FV de referência foram adquiridos dos inversores
de cada sistema FV ao final de cada mês (janeiro a dezembro de 2017). Finalmente, a geração total de energia foi
comparada com o consumo do edifício, a fim de avaliar o balanço energético.

3.5. Análise de desempenho energético

A quinta parte foi uma análise de desempenho dos sistemas FV através da avaliação de dois parâmetros: yield
anual e PR. Esses dois parâmetros são os mais indicados para comparar o desempenho de sistemas FV com diferentes
configurações, potências nominais, tecnologias e localizações.
O yield, ou produtividade, é a relação entre a energia elétrica gerada pelo sistema em um determinado intervalo
de tempo e a potência nominal do sistema (kWh/kWp) (Marion et al., 2005), e está diretamente relacionado à
disponibilidade de irradiação solar na superfície dos módulos.
O PR, ou taxa de desempenho, expressa o desempenho de um sistema FV real em comparação com um sistema
FV ideal (sem perdas) para a mesma localização geográfica, e indica o quanto o sistema real se aproxima do sistema
ideal. É influenciado pela irradiação no plano dos módulos, eficiência dos componentes do sistema, taxa de carga do
inversor e projeto do sistema (Decker e Jahn, 1997; Deschamps e Rüther, 2019; Mondol et al., 2006). Portanto, pode-se
dizer que o PR está diretamente relacionado à qualidade de engenharia e instalação dos sistemas FV. PRs de sistemas
FV já foram extensivamente estudados em vários países, incluindo o Brasil (Marion et al., 2005; Nobre et al., 2012;
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Oliveira e Zilles, 2001; Rüther e Dacoregio, 2000) e segundo esses autores, o desempenho dos sistemas pode variar de
60 a 90%, sendo PRs abaixo de 70% considerados baixos e acima de 80% considerados muito bons.
A análise de desempenho consistiu em quantificar o yield e o PR anuais de cada BIPV e compará-los com os dos
sistemas FV de referência, montados em solo, com orientação e inclinação ideais. Por fim, os yields e PRs foram
contrastados com os percentuais de perdas de irradiação devido ao posicionamento não ideal e aos sombreamentos
parciais a fim de perceber a influência destes fatores no desempenho energético dos estudos de caso.

4. RESULTADOS

4.1. Análise dos projetos arquitetônicos e elétricos dos sistemas fotovoltaicos

Como um laboratório de energia solar que receberia muitos visitantes, um dos princípios fundamentais deste
projeto foi torná-lo uma vitrine de possibilidades de integração de sistemas FV a edificações. Assim, a forma otimizada
de gerar energia, com ângulo de inclinação correspondente à latitude local e orientação em direção ao hemisfério oposto
ao que o sistema se encontra, não foi obrigatória. Em vez disso, neste projeto, os módulos FV foram integrados
seguindo o desenho arquitetônico de cada edifício.
O projeto conceitual e formal das edificações foi baseado em estratégias de eficiência energética da arquitetura
bioclimática para a zona bioclimática 3 e, principalmente, no uso de módulos FV combinados com a arquitetura. O
objetivo foi criar um Edifício de Energia Zero (ZEB), pela redução do consumo e geração de energia local, com
compromissos entre forma (arquitetura) e função (geração de energia). As estratégias de eficiência energética adotadas
foram: o uso de telhas metálicas brancas tipo sanduíche, com lã de rocha no interior; ventilação cruzada constante
através de venezianas; uso de iluminação natural, através de treliças envidraçadas nas coberturas; telhados verdes e
pérgolas de madeira que atuam como brises; espelhos d'água que circundam os edifícios e proporcionam maior conforto
térmico; uso de pavimentos permeáveis, madeira reflorestada e vegetação nativa na área externa; uso de materiais
locais, renováveis e de baixo impacto ambiental; iluminação artificial de LED com acionamento independente para as
fileiras mais próximas às janelas; além de uma implantação de edifício orientada a norte.
O BIPV_A é um sistema FV integrado ao telhado do Bloco A. É uma demonstração da aplicabilidade de módulos
FV planos e rígidos em telhados curvos, onde a posição paisagem foi utilizada para facilitar a composição da curva. Os
módulos foram fixados em perfis metálicos, com afastamento de 10 cm da telha, para permitir ventilação sob eles. São
15 fileiras de 18 módulos, com ângulos de inclinação que variam de 20° ao norte até 8° ao sul. Em relação ao projeto
elétrico, o BIPV_A consiste em 270 módulos de silício multicristalino (p-Si) com 245 Wp de potência nominal, 66,15
kWp no total. A eficiência do módulo é de 15% e o coeficiente de temperatura de -0,45%/°C. Dois terços do sistema
estão orientados a norte e um terço é horizontal ou ligeiramente inclinado para o sul. O BIPV_A está conectado a três
inversores de 20 kWp, portanto é dividido em três subsistemas e registra dados de geração de energia desde agosto de
2016.
O BIPV_B é um sistema FV integrado à cobertura do estacionamento, onde os módulos fazem o papel de telha e,
portanto, são livremente ventilados. Consiste em 112 módulos de disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) de 120 Wp
de potência nominal (13,44 kWp de potência total), possui ângulo de inclinação de 5° e orientação oeste (seguindo o
layout das vagas de estacionamento). O módulo possui eficiência de 11,2% e coeficiente de temperatura de -0,39%/°C.
O BIPV_B cobre oito vagas de estacionamento e um bicicletário para 16 bicicletas. A instalação foi feita em uma
estrutura metálica com calhas para direcionar a água da chuva e, ao mesmo tempo, garantir a estanqueidade da
cobertura. Uma das características do módulo adotado possui destaque nesta solução: a face posterior espelhada, que
reflete o estacionamento e os jardins, agregando valor estético à instalação. O sistema está conectado a um único
inversor de 12 kWp e registra dados de geração desde abril de 2016.
O BIPV_C é um sistema FV integrado à cobertura da estação de carregamento do eBus, que além de abrigar um
transformador de 100 kVA e um carregador de 75 kW, foi projetada como um ponto de ônibus. Consiste em 25
módulos de telureto de cádmio (CdTe) de 120 Wp com ângulo de inclinação de 3°, orientados a 36° para o leste, e uma
potência total de 2,44 kWp. A eficiência dos módulos é de 13,5% e o coeficiente de temperatura de -0,29%/°C. O
espaço entre os módulos FV e a cobertura é pequeno, portanto esse sistema não é tão ventilado quanto os outros. O
BIPV_C é conectado a um único inversor de 3 kWp e registra dados de geração desde janeiro de 2017.
Os dois sistemas FV instalados em solo (SR_1 e SR_2), usados como referência, são cada um composto por 20
módulos CdTe, com potência total de 2,2 kWp, e conectados a dois inversores de 2,5 kWp. Os módulos possuem
eficiência de 15,3% e coeficiente de temperatura de -0,34%/°C. Os dois sistemas são orientados para o norte com
ângulo de inclinação de 20°, ou seja, são orientados de maneira mais próxima da ideal para maximizar a geração de
energia FV do que os sistemas BIPV, se considerarmos a localização geográfica de Florianópolis (lat. 27°S). Ambos os
sistemas são ventilados livremente. A diferença entre eles é que os módulos do SR_2 possuem uma camada anti-
reflexiva (ARC) que contribui para uma maior geração de energia, enquanto os módulos do SR_1 não a possuem. Esses
sistemas registram dados de geração desde agosto de 2016.
A Fig. 2 demonstra os cinco sistemas FV analisados (três BIPVs e dois sistemas instalados em solo) e a Tab. 1,
suas principais características de posicionamento e de configuração elétrica.
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Figura 2 - Características arquitetônicas dos cinco sistemas FV analisados.

Tabela 1 – Características dos sistemas FV analisados.

Sistema Desvio Início de Potência Carregamento


Tecnologia Subsistema Inclinação operação nominal (kWp) do inversor
FV azimutal
A1 17° 0° Aug/16 22,05 110%
BIPV_A p-Si A2 5° 0° Aug/16 22,05 110%
A3 4° 180° Aug/16 22,05 110%
BIPV_B CIGS - 5° 270° Apr/16 13,44 112%
BIPV_C CdTe - 3° 36° Jan/17 2,44 81%
SR_1 CdTe - 20° 0° Aug/16 2,20 88%
SR_2 CdTe - 20° 0° Aug/16 2,20 88%

Nota-se que, enquanto o BIPV_A e o BIPV_B possuem taxas de carregamento do inversor de 110% e 112%, o
BIPV_C, SR_1 e o SR_2 possuem 81%, 88% e 88%, respectivamente. Esses valores mais baixos, nos três sistemas
compostos por módulos CdTe, se devem aos menores coeficientes de perdas por temperatura desta tecnologia e sua
melhor resposta espectral para as condições de irradiação de Florianópolis (predominantemente azul), que levam a
melhores desempenhos energéticos.

4.2. Disponibilidade de irradiação solar

Com base na irradiação global horizontal local e na posição específica dos sistemas FV, foi possível quantificar a
irradiação mensal e anual em cada plano FV.
Todos os sistemas BIPV recebem mais radiação solar durante os meses de verão do que os sistemas SR. Por outro
lado, nos meses de inverno, a situação é invertida: os BIPVs recebem consideravelmente menos irradiação do que os
SRs. Isso acontece devido às mudanças da trajetória do sol ao longo do ano. Como os sistemas BIPV foram instalados
em ângulos de inclinação menores que a inclinação dos SRs e muitas vezes próximos da horizontal, eles recebem mais
irradiação quando os raios solares incidem mais verticalmente (verão), e menos quando incidem mais inclinados
(inverno). Observa-se também que quanto maior o desvio azimutal do sistema analisado, maiores são as perdas de
irradiação dos meses de inverno. Os perfis de irradiação solar dos sistemas são mostrados na Fig. 3. Os níveis de
irradiação incidente nos sistemas BIPV são representados por linhas cheias e nos sistemas SR, por uma linha tracejada.
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Figura 3 – Irradiação incidente no plano de cada sistema FV.

4.3. Análise de sombreamento

A Tab.2 mostra os percentuais de perdas anuais por sombreamento para todos os sistemas FV, obtidos pelo
software PVsyst®. Estes percentuais consideram a fração de área sombreada devido aos obstáculos vizinhos, além da
geometria dos sistemas FV e suas características elétricas (configuração das strings).

Tabela 2 - Percentual de perdas de irradiação por sombreamento na base anual.

Percentual Anual de Perdas por Sombreamento


BIPV_A 1,60%
BIPV_B 5,70%
BIPV_C 0,50%
SR_1 3,20%
SR_2 1,60%

O sistema BIPV_C foi o mais ensolarado e apresentou apenas 0,5% de perdas anuais por sombreamento. O
sistema BIPV_B é o mais afetado pelo sombreamento, com 5,7% de perdas anuais. Esses resultados são considerados
bons (pouco sombreamento), e isso só foi possível pois as strings de todos os sistemas analisados foram pensadas de
acordo com o perfil de sombreamento de cada sistema, a fim de minimizá-las.

4.4. Análise energética

A geração mensal de energia e o total anual de cada um dos cinco sistemas FV pode ser vista na Fig. 5.
10.000

Geração Energética
8.000
(kWh/mês)

6.000

4.000

2.000

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
BIPV A BIPV_B BIPV_C SR_1 SR_2
82.659 15.609 3.669 2.669 2.781
kWh/ano kWh/ano kWh/ano kWh/ano kWh/ano
Figura 5 - Geração energética mensal e anual dos sistemas FV analisados.
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Finalmente, a geração total de energia dos cinco sistemas FV analisados foi comparada com o consumo dos
edifícios no mesmo período, e o balanço final pode ser visto na Fig. 6.

Consumo energético X Geração FV


25.000

Energia (kWh/mês) 20.000

190 MWh
15.000
67 MWh
10.000

5.000

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Consumo energético Geração FV

Fig. 6 – Balanço energético do Laboratório Fotovoltaica/UFSC para o ano de 2017.

Em 2017, o consumo de energia do laboratório representou apenas 35% da energia FV total gerada pelos cinco
sistemas analisados. Portanto, o laboratório não é apenas um edifício autossuficiente em energia, mas produz muito
mais energia do que consome, exportando o excedente para a rede. Parte da energia excedente alimenta o eBus cinco
vezes por dia e parte é consumida por outros edifícios do campus principal da universidade.

4.5. Análise de desempenho

A Fig. 7 apresenta os yields anuais e os PRs para cada sistema FV no ano de 2017. Em geral, os yields e PRs
apresentaram valores de cerca de 1.200 kWh/kWp e 75%, respectivamente. Como os sistemas FV instalados em solo
eram os mais idealmente inclinados e orientados para otimizar a geração anual de energia, esperava-se que
apresentassem os maiores valores de desempenho. No entanto, não foi o que as análises mostraram. O SR_1 apresentou
um yield anual de 1.213 kWh/kWp e um PR de 68%, e o SR_2, 1.264 kWh/kWp e 74%, o que pode ser explicado pelo
sombreamento causado pelo Bloco B nos dois sistemas, no período da tarde. Ao contrário do esperado, o desempenho
dos BIPVs não foi muito menor que o dos SRs. O sistema BIPV_C obteve o melhor desempenho, com um yield anual
de 1.503 kWh/kWp e um PR de 88%, o que pode ser explicado por sua recente instalação (que leva a um valor baixo de
degradação do sistema), pelo fato de ser praticamente livre de sombreamento, além de ser composto por módulos de
CdTe, que são adequados para aplicações em locais quentes e ensolarados.

Yield e Performance Ratio


1.600 100%

90%
1.400
80%
1.200
70%
Performance Ratio (%)
Yield (kWh/kWp)

1.000
60%

800 50%

40%
600
30%
400
20%
200
10%

0 0%
BIPV_A BIPV_B BIPV_C SR_1 SR_2

Yield PR

Figura 7 – Yield anual (kWh/kWp) e PRs (%).


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A Fig.8 relaciona os yields e PRs obtidos por cada sistema com as respectivas perdas de irradiação sofridas pelos
mesmos, tanto devido ao posicionamento não otimizado (27°N) quanto pelo sombreamento parcial ao longo do ano,
demonstrando o impacto destas perdas no desempenho energético.

1300 Influência das perdas de irradiação no Yield Anual


BIPV_C
1280
Yield (kWh/kWp)

1260 SR_1
1240 BIPV_B
1220 BIPV_A
1200
1180
1160 SR_2
1140
0% 1% 2% 3% 4% 5% 6%
Sombreamento
x Posicionamento não ideal

95% Influência das perdas de irradiação no PR


Performance Ratio (%)

90%
BIPV_C
85%
80%
75% BIPV_A SR_2

70% BIPV_B SR_1


0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0%
Percentual de perdas por sombreamento
x Percentual de perdas por posicionamento não ideal

Figura 8 – Influência do sombreamento e da redução de irradiação no Yield anual (kWh/kWp) no PR (%) dos sistemas
analisados.

Através da Fig.8, foi possível perceber que alguns sistemas apresentaram maiores valores de yield mesmo
apresentando maiores valores de perdas de irradiação, seja devido a sombreamentos parciais, seja devido ao
posicionamento não otimizado dos módulos FV. Este resultado corrobora que no meio urbano, em sistemas FV
integrados à arquitetura, pode-se adotar situações não otimizadas e ainda assim obter-se bons resultados de
produtividade e desempenho, desde que a configuração elétrica do arranjo FV seja projetada de forma eficiente.

5. CONCLUSÕES

O desempenho energético (yield anual e PR) de três sistemas BIPV não idealmente inclinados e orientados, cujas
posições foram determinadas pela estética da arquitetura de seus edifícios, foram investigados em relação aos aspectos
arquitetônicos da instalação, a disponibilidade de irradiação solar, a existência ou não de sombreamentos parciais e a
energia gerada, durante um ano. Para comparar os resultados dos três sistemas BIPV com sistemas FV instalados de
maneira ideal, dois sistemas FV montados em solo no mesmo local foram considerados como sistemas de referência
(SR_1 e SR_2). Por meio dessas análises, foram avaliados os compromissos entre desempenho energético e estética dos
sistemas BIPV, uma vez que, em áreas urbanas, muitas vezes é necessário enfrentar situações em que a instalação FV
ideal não é possível, seja por sombreamento parcial ou por características arquitetônicas das edificações.
Os resultados mostraram que os sistemas de referência não tiveram desempenho significativamente melhor que
os sistemas BIPV. O sistema BIPV_C foi o que obteve o melhor desempenho, com um yield anual de 1.503 kWh/kWp e
um PR de 88%, o que pode ser explicado pelo fato de que este gerador FV ser praticamente livre de sombreamento,
além de ser composto por módulos de CdTe, que são adequados para aplicações em climas quentes e ensolarados,
típicas de locais brasileiros. Além disso, o fato de ser a instalação mais recente dentre as analisadas também contribui
para seu alto desempenho, pois foi o sistema que sofreu a menor degradação anual até o período avaliado. O segundo
melhor desempenho foi o do SR_2, com um yield de 1.264 kWh/kWp e PR de 74%. O sistema FV curvo BIPV_A teve
o terceiro melhor desempenho, com yield anual de 1.250 kWh/kWp e PR de 74%. O SR_1 apresentou um yield de
1.213 kWh/kWp e um PR de 68% e o BIPV_B, 1.161 kWh/kWp e 71%.
VIII Congresso Brasileiro de Energia Solar – Fortaleza, 01 a 05 de junho de 2020

A principal razão para esses resultados foi a incidência de sombras. A análise de sombreamento demonstrou que
os sistemas FV que mais sofreram redução de irradiação foram o BIPV_B (5,7%) e o SR_1 (3,2%). Esse fato explica o
motivo pelo qual o BIPV_B obteve o pior desempenho energético. Vale destacar que o SR_1 é um sistema montado em
solo e o BIPV_B, uma cobertura de estacionamento. Embora esses tipos de instalação tenham mais liberdade no
posicionamento dos módulos, o que favorece a otimização dos sistemas, eles geralmente possuem alturas mais baixas e,
no contexto urbano, são mais suscetíveis a sombreamentos parciais.
Além disso, os sistemas FV montados no solo podem usar áreas nobres e cada vez mais raras em grandes centros
urbanos. Quando os sistemas FV são integrados a envelopes de edifícios, como em coberturas e fachadas, em posições
não ideais para a otimização da geração energética, ainda é possível aproveitar uma grande quantidade de sol e, assim,
apresentar um bom desempenho energético. Com os custos decrescentes dos módulos FV e a possibilidade de utilizá-los
em substituição a materiais de construção tradicionais, a orientação e a inclinação não ideais dos módulos FV tornam-se
ainda menos problemáticas, uma vez que o custo dos materiais tradicionais pode ser evitado.
Este artigo mostrou que, quando o projeto elétrico suporta decisões arquitetônicas, é possível utilizar os módulos
FV mais livremente como material de construção na arquitetura, nas mais diferentes posições e layouts, e até mesmo as
perdas parciais por sombreamento na geração de energia podem ser minimizadas. Dessa forma, podem ser alcançados
compromissos entre desempenho energético e estética dos sistemas FV integrados a edificações.

Agradecimentos

Este estudo foi apoiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) e pela ANEEL (Agência Nacional de
Energia Elétrica) por meio do programa P&D Estratégico 021/2016.

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ARCHITECTURE AS A DECISION FACTOR IN THE DESIGN OF BUILDING INTEGRATED PHOTOVOLTAIC


SYSTEMS

Abstract. Significant price reductions in recent years, advances in efficiency and the aesthetic variety of the technology
have encouraged the integration of photovoltaic systems into architecture, whether overlapping existing building
surfaces as cladding materials, or even composing new buildings as sealing materials. In this context, aesthetic issues
come as another decision factor in the design phase of photovoltaic systems, thus it is essential to know the influences
that such decisions may have on energy aspects. This article aimed to compare three photovoltaic systems integrated
into architecture, whose dominant factor in positioning the modules was aesthetics, with two ground-mounted systems
installed in “ideal” positions, which optimize energy generation. All analysed systems operate at the Photovoltaic
Laboratory/UFSC (www.fotovoltaica.ufsc.br), located in Florianópolis - SC (27°S; 48°W) and have been monitored
since their connection to the grid. The generators use different photovoltaic technologies and the modules are mounted
at different inclination angles and azimuth deviations. The energy performance of each system was investigated in
relation to the architectural aspects, solar radiation availability and partial shading, as well as two performance
parameters, yield (in kWh/kWp.year) and performance ratio (PR, in %), for the period of a year. Results showed that,
under the analysed climatic conditions, the ideally positioned systems and the systems that favoured aesthetic issues
had similar energy performances, mainly due to the electrical configurations of their subsystems. Therefore, regardless
to the type of technology adopted, photovoltaic modules can be used as architectural elements in a variety of ways, and
still present good energy performances.

Key words: BIPV systems; solar architecture; photovoltaic systems’ performance.

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