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Por Rcformo&Avivamenio Hoje I

Sola scriptura. sola gratia, sola fide, solus Chrlstus. soli Deo gloria O S PURITANO S

Mulher no Púlpito
Permissão ou Impedimento Bíblico?

EDITORIAL:
Fundam entos D e struilo s. 2
M inistros de Sala. 3
M u lheres n o Oficio. 6 0 C onceito do Ensino Autoritatfvo, 15 M u lheres Deveriam Pregar. 23 0 Aborto, o Biblla e o Testem unho.... 35
0 que Significa ndo Ensinar, 9 O ficio n o N T e o M in istério d a M ulheres, 19 Hom ens e M ulheres. 28 Preparand o-se p ara o C asam ento..., 38
C onflssào de Fè de Westminster, 14 Quem D eve P re ga r a Palavra de Deus, 21 A M ulher n o M inistério. 29 Soli D eo Gloria, 42
Fundamentos
Destruídos Manoel Canuto

Em uma conferência na Inglaterra, na década de 60, certo orador parecia prever a crise que vivemos hoje na igreja do Brasil, ao dizer:
*Uma fécomum e um interesse comum pela condição da Igreja em nosso país, trouxeram-nos a esta conferência. Afligimo-nos com as muitas
evidências de uma crescente apostasia dentro da igreja de um modo geral. E dentro de nossas próprias igrejas sentimos a desaprovação divina.
Parece que uma mortalha caiu sobre nós, e estamos vivendo debaixo da ira de Deus".
Este orador falou de algo que estamos vivenciando hoje no Brasil - 2012.0 cristianismo ruma e parece ter chegado a um obscurantismo
semelhante ao da Idade Média.
O secularismo, o liberalismo, o ecumenismo, o pós-modernismo e o misticismo invadiram a igreja. Não é sem razão que ela está conforme
o mundo. Opostamente à Europa o povo no Brasil parece mais religioso e em muitas igrejas evangélicas os pastores e a liderança buscam um
pietismo destituído da verdade (não valorizam a doutrinária) que tem "forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder". Os líderes não
sabem o que ortodoxia e muito menos ortopraxia bíblica definida e obrigatória. Por isso toleram a forma mundana de agir por parte da igreja.
Pastores estão caídos moralmente e, longe da verdade, sobem aos púlpitos para pregar o''evangelho”.
Quando os filisteus derrotaram Israel e os filhos de Eli foram mortos, a esposa de um deles (Finéias) disse algo que devemos dizer hoje ao
ver a situação da igreja, seus líderes, suas instituições, sua vida: "Foi-se a glória de Israel'(1 Sm 4:21). Ela estava triste pela morte do seu marido
e seu sogro, mas sua tristeza é vista por algo expresso em suas palavras: "Foi-se a glória de Israel, pois foi tomada a arca de Deus'(v.22). Por
isso, enquanto ela morria ao dar à luz uma criança, disse que aquele seu filho se chamaria Icabô, que quer dizer, "Onde está a glória?"(de Israel).
Para Israel a arca da aliança era o centro do culto, da adoração a Jeová, era a expressão da presença de Deus com Seu povo. Agora estava
nas mãos dos filisteus, dos inimigos de Deus. O fundamento de Israel fora tirado.
No Salmo 11, Davi vê esta situação. Seus inimigos estão com os arcos retesados para dispararem suas flechas contra "os retos de coração".
Ele recebera sugestão de buscar refúgio no mundo, mas reconhecendo a gravidade da situação 0"Ora, destruídos os fundamentos, que poderá
fazer o justo?" (v.3) 0 ele busca socorro em Deus que está vendo tudo, está no "seu santo templo" (v.4). Ele busca os fundamentos que o farão
ficar de pé e lutar.
Hoje nossos fundamentos estão sendo destruídos. O ensino da Palavra de Deus, a verdade revelada, a sã doutrina está sendo entregue nas
mãos dos "filisteus". Eles manipulam-na, fazem-na conforme o mundo, transportam-na em carros novos puxados por vacas (1 Sm 6.7).
Com isso a igreja parece não ser maisa'coluna e baluarte da verdade"( 1Tm 3:15). Estamos buscando a prática dos filisteus, estamos fazendo
o que aprendemos com o inimigo, à semelhança de Israel (2 Sm 6.3). Estamos mundanizados porque nossos fundamentos, a Palavra, nossos
símbolos de fé, nossa doutrina reformada, nossos credos, foram esquecidos e distorcidos. Como poderemos viver se os fundamentos foram
desprezados e hoje desconhecidos?
Soube recentemente que professores de Seminários Presbiterianos estão sugerindo a reinterpretação da Confissão de Fé de Westminster
(posição do liberalismo teológico) fazendo afirmações as mais estranhas. Soube de um líder de presbitério que afirmou que os ministros, por
ocasião de suas ordenações, não fizeram votos e juramentos e sim apenas promessas de "compromissos"ou de "lealdade". O que é isso? O que
querem dizer com isso? Esses homens querem abrir a porta para a quebra dos votos que fizeram publicamente e diante de Deus e nos chamar
de "tolos". Eu pergunto: Eles diriam a mesma coisa ecom a mesma intenção quando prometeram "compromisso" e"lealdade" às suas esposas
por ocasião dos seus casamentos?
Irmãos, a igreja hoje está hierarquizada e os que estão "acima" manipulam, intimidam, escravizam as consciências, agem como o mundo;
falam falsamente, agem politicamente, denigrem a imagem dos justos...; agem como os jesuítas, pois para eles os fins justificavam os meios. As
igrejas estão preocupadas mais com números de membros do que com a fidelidade à Palavra. Os pregadores não usam mais expressões como
redimir, converter, mortificar, pois isso poderia indicarás pessoas queelastêm de assumir com promissoe se humilhar; não falam palavras como
inferno, condenação, ira de Deus. A ideia é ver a intenção das pessoas, é colocá-las acima da verdade doutrinária e aceitá-las como são sem
qualquer exigência de santidade ou verdade, é tolerar o erro e chamar de descaridosos os que combatem o erro e amam a justiça.
Quando a igreja abandona a sã doutrina sua autoridade é comprometida, adapta-se às exigências do mundo e destrói seus fundamentos.
Com isso caminha para a apostasia. As marcas de uma igreja verdadeira desa parecem, perverte-seo evangelho, abre-se por tas para o plural is mo
religioso e para a tolerância ao erro. Dessa forma vemos uma igreja maculada que desonra a Cristo e provoca a ira de Deus.
Nossa busca deve ser pela verdade e santidade, pela restauração dos fundamentos bem colocados por Paulo:"... se eu tardar fiques ciente
de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade"(1 Tm 3.15).
Restauremos os fundamentos - Igreja reformada, sempre reformando!
Boa leitura.

r Revisores Centro de Literatura Reform ada


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Linda Oliveira, Mareio D o ria e Josafa Vasconcelos E-m ail o spuritan os9 gm ail.co m
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Editor Heraldo F de Alm eida M agalhães.
M anoe l Canu to Im pressão
m scanu to 9uo l.co m ,br Fac « li Grafica e Editora Ltda.
C onselho Editorial Fone 11- 6957-5111 — São Paulo-SP
Josafa Vasconcelos e M anoe l Canuto O S P U R IT AN O S e um a publicação trim estral d a C U R E —

V
Ministros
de Saia
Por Douglas Wilson_________________________

aramente os crentes lutam em batalhas estraté­ 8-9). Isso pode magoar a todos nós nesta época m o­

R gicas. Quando são provocados, por vezes lutam


bem e de forma efetiva em escaramuças táticas,
mas não são bem sucedidos fora desse seu campo tá­
derna, mas tal ensino de maneira nenhuma pode ser
conciliado com qualquer tipo de feminismo. Mas para
aqueles, na igreja, que querem manter algum tipo de
tico. Quando algum abuso não pode mais ser ignora­ diálogo com o feminismo, as palavras apresentam um
do, podem se juntar à batalha e o ultraje é contra-ata­ caminho exegético cheio de obstáculos. Como pode­
cado. Mas quase nenhum crente vê um padrão nessa mos conservar a redação desse texto, permanecendo
confusão geral. Poucos generais podem ficar sobre evangélicos, e ao mesmo tempo contornar o que ele
uma montanha e considerar todos os movimentos de diz, e assim ficar na crista da onda teológica? Temos
sua tropa. que olhar para o original grego!
Em nossas batalhas culturais, e em vista de tudo Mas a existência do debate dentro da igreja nos fala
isso, é que a questão de mulheres no púlpito, ou no muito mais da sujeira de nossos corações do que da
conselhode presbíteros, tem sido tratada como temos obscuridade de qualquer texto. Aqueles cristãos que
visto — de maneira ineficaz. Muita gente boa tem se realmente enxergam o que estas passagens dizem
dedicado a lutar contra isso como se fosse uma ques­ freqüentemente serão arrastados para um debate tá­
tão puramente tática. Mas não é. No corrente clima de tico por crerem, tolamente, que seus oponentes acei­
incredulidade, a exegese correta do ensino de Paulo tam a autoridade do texto. Mas este não é o caso, em
sobre o papel da mulher na igreja jamais irá solucionar absoluto. As feministas evangélicas não aceitam a au­
qualquer coisa. toridade (patriarcal)do texto; elasestão simplesmente
As palavras parecem suficientemente claras."A mu­ naquele estágio inicial de subversão onde o desafio
lher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não aberto seria contraproducente aos seus propósitos.
permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade Então, qual é a nossa posição estratégica? Como é
de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque primei­ que este debate conseguiu atenção e credibilidade?
ro foi formado Adão, depois Eva.E Adão não foi iludido, Por que há tal interesse nos meios evangélicos em ad-
mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. mitir mulheres na Iiderança da igreja? A resposta éque,
Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, não é que não queiramos liderança feminina; o fato
se ela permanecer em fé, e amor e santificação, com é que queremos mais liderança feminina. Os homens
bom senso"(ITim. 2:11 -15). Masaqui está a questão: as em nossos púlpitos por muitos anos têm, provisoria­
palavras são simples somente para aqueles que que­ mente, sido mulheres; quando se tem o pedido de tra­
rem que elas sejam simples. Para os de má vontade, a zer para dentro a coisa de forma realista, com baseem
passagem é cheia de mistérios. que princípio será negado este pedido? Não podemos
Por ser a mulher a glória do homem, a esposa deve­ dizer que temos deter masculinidade no púlpito, por­
ria ir para a congregação local com a cabeça coberta que não temos isso agora.
pelo cabelo; a glória de uma mulher humilde. E por Por bem mais de um século na igreja americana, as
que isso tem de ser assim?"Porque o homem não foi normas de espiritualidade foram os padrões estabe­
feito da mulher; e sim, a mulher do homem. Porque lecidos por um feminismo vitoriano adocicado. No iní­
também o homem não foi criado por causa da mu­ cio do século dezenove, como duas multidões conver­
lher; e, sim, a mulher, por causa do homem" (I Cor. 11: gindo numa encruzilhada tranqüila, duas revoluções
D o u g las W il s o n

se fundiram para produzir este efeito e forma que os humildes batistas e os que aclamam a piedade dela revelam
nós ainda não recuperamos qualquer metodistas desbravadores das fron­ que não sabem o que aconteceu à
entendimento do que era a vida na teiras do Mississipi tinham de fazer. igreja. Outro exemplo é o ancestral
igreja antes disso nos ter acontecido. As mulheres que tinham tempo à de nosso abobado bracelete WWJD
A primeira foi a ascensão de um disposição se prestaram prontamente — aquele livro intitulado Em Seus pas­
feminismo sentimental e doméstico. como audiência para estes ministros, e sos. Esse livro em muitos aspectos era
Por causa da Revolução Industrial o os ministros anticalvinistas providencia­ típico do gênero; a influência divina é
papel da mulher na América estava no ram um evangelho sentimental apro­ mediada através de uma mulher. Ho­
centro da economia. As mulheres ad­ priado para as m ulheres acostumadas a mens podem ser convertidos ao ouvi­
ministravam o lar, produziam o tecido, sua diversão literária feminizada. Assim, rem uma voz bonita. Isso me lembra
processavam a comida, alimentavam a foi formada uma aliança entre o clero e do tempo no campo quando éramos
família toda, etc. Porém, com a ascen­ as mulheres, e uma nova norma espiri­ entretidos na capela por um grupo vi­
são da riqueza industrializada, o papel tual foi estabelecida dentro da igreja. sitante de adoráveis mulheres cantan­
da mulher mudou de produtora para Todos estes desdobramentos, em do. Quando o apelo foi feito, um pobre
consumidora. As mulheres foram, com grande parte centrados na Nova marinheiro totalmente reavivado, foi à
efeito, desestabilizadas — etornaram- Inglaterra, não foram seguidos em frente pulando por cima dos bancos.
-se decorativas. As mulheres de classe sua maior parte pelo Sul, mais conser­ Como resultado de todos estes
médiasetornaram uma novaclassedo vador e agrário. Mas o novo regime de fatores, um padrão de piedade femi­
lazer, com dinheiro para gastar, e tem­ feminização chegou também à igreja nina foi aceito como normativo na
po para preencher. E uma das coisas do Sul. A guerra entre os estados vir­ igreja, como o padrão para todos os
que começaram a fazer foi escrever e tualmente dizimou a liderança mas­ santos, tanto homens como mulhe­
ler romances tolos. culina forte do Sul. Os homens já não res. O clero, tentando viver à altura da
O segundo fator foi a revolta sen­ lideravam mais, pois estavam mortos. sua reputação como sendo o terceiro
timental dos ministros contra a rígida Desde aquele tempo (exagerando só sexo, lutou poderosamente para ser o
teologia calvinista. O sistema calvinis- de leve) as igrejas do Sul têm sido di­ que precisava ser a fim de manter este
ta mais antigo era tido como austero rigidas por três mulheres e um pastor. padrão. Mas poderiam tentar o que
e duro (e na cultura Yankee da Nova A literatura do século dezenove não quisessem, homens não conseguem
Inglaterra realmente era). Esta revolta foi reticente em propagar esta nova vi­ ser mulheres. Não importa o quanto
teve manifestações ta nto na ala direita são sentimental do Evangelho. Nestas tentem, os seus esforços são inúteis.
como na ala esquerda. Os anticalvinis- histórias vemos um regime de ferro de A pressão então passa a ser de dar
tasdaalaesquerdaeramllnitarianos.e domesticidade — gostos e valores fe­ lugar àqueles que conseguem ser fe­
tomaram Harvard em 1805. Osantical- mininos são postos como o padrão de mininos na liderança de maneira mais
vinistas de direita eram os reavivalistas piedade e como uma influência rege­ convincente: mulheres. Quando os
tipificados por líderes como Charles neradora genuína. O homem não rege­ padrões de liderança cristã são todos
Finney, que estavam grandemente nerado da história era sábio aos olhos femininos, os indivíduos obviamente
inchados por um espírito humanista do mundo, é c laro,e um tipo rico e imo­ mais qualificados para serem líderes
democrático que todos eles pen savam ral, a menos que ele se converta a a cristãos são as mulheres. Isto traz um
ser o Espírito Santo. o quê? Até que ele fosse convertido e dilema: por que deveríamos excluir
Tudo isso ocorreu no período em tivesse a visão dela, e viesse se acon­ as mulheres da liderança quando elas
que as igrejas da Nova Inglaterra es­ chegar no evangelho de aura feminina. são tão obviamente qualificadas para
tavam perdendo o patrocínio dos Estamos tão atordoados que os o que chamamos de liderança? Neste
fundos vindos de impostos. Mais im­ "valores tradicionais"cristãos correntes ponto dividimos, com alguns queren­
portante do que a perda do dinheiro estão na verdade reeditando e circu­ do que elas sejam incluídas, e outros
dos impostos,noentanto,eraofatode lando tal xaropada do século dezeno­ conservadores relutantes admitindo
que estes clérigos congregacionais, há ve como se representasse uma visão que mulheres poderiam se sair tão
muito já acostumados com o seu pa­ bíblica do mundo. Mas Elsie Dinsmore bem quanto ou até melhor, mas ainda
pel, como parte central da igreja oficial, não representa nada do gênero. Ela assim temos de nos submeter a este
flagraram-se de fora, tendo agora que simplesmente adota uma forma primi­ pronunciamento arbitrário de Paulo.
competir por paroquianos da mesma tiva de feminismo, e os conservadores Por enquanto.

R e v i s t a O s P u r it a n o s 4
M in is t r o s d e S a ia

Quando se entende o pano de fun­ conservadores finalmente se retraiam. de alterar a linguagem das Escrituras
do, muitas coisas a respeito da igreja Eles têm de se retrair porque a opo­ — consertando alguns daqueles pon­
contemporânea se explicam. Explica- sição feminista é consistente e hábil tos problemáticos que incomodam.
-se por que os Promise Keepers, um para apelar para presunções e pressu­ Quando o plano veio a público, houve
movimento de renovação masculina, posições compartilhadas. Até que isto um levante de protestos de todo lado.
facilmente virou em sentimentalismo mude nada de significativo irá mudar. E a batalha tática foi vencida pelos m o­
bobo e choroso. Explica-se por que E quando mudar veremos que se en­ cinhos.... por enquanto.
os ministros não podem pregar so­ trou numa batalha estratégica. Mas com respeito às questões sub­
bre determinados assuntos de púlpi­ Não falhamos porque nossas habi­ jacentes, nada mudou. Com respeito
to. Explica-se por que os cristãos não lidades exegéticas estão enferrujadas. às pressões culturais que contribuem
conseguem falar claramente o porquê Falhamos porque esquecemos até de para isso, nada mudou. Com respei­
de as mulheres no combate serem como deve ser a piedade masculina. to ao estado da igreja, nada mudou.
uma abominação. Explica-se por que Quando ela ocasionalmente aparece Então, quando consideramos tudo
as virtudes masculinas de coragem, em nosso meio, somos totalmente isso, e a condição da igreja moderna,
iniciativa, responsabilidade e força es­ desconcertados por ela. Deus, entre­ realmente não há razão para objeções
tão em baixa. Não podemos resistir à tanto, deu o padrão de piedade femi­ a qualquer uma das modificações na
tentação de deixar mulheres bonitas nina para complementar e não para NIV (Nova Versão Internacional). Não
nos liderarem pela simples razão de dominar. A liderança foi dada aos ho­ há realmente nenhuma razão para se
sermos correntemente liderados por mens. Quando tal liderança é desafia­ opor à mulher nos púlpitos de igrejas
homens bonitinhos. da, tudo fica desconexo, e nada, a não evangélicas.
Então, uma batalha aqui ou ali ser o arrependimento, pode colocar as Isso porque o evangelicalismo m o­
sobre o papel da mulher na igreja ja­ coisas no seu devido lugar. derno tem sido castrado em termos do
mais irá resolver qualquer coisa. É por Como exemplo final, de muitas pacto por bem mais de cem anos. Está
isso que este debate em particular, formas, considere as tentativas evan­ na hora "H"para ajuntarem alguns mi­
ou aquela controvérsia em particular gélicas do ano passado de amaciar a nistros, e uma Bíblia, eenfrentarem sua
sempre terminarão, mais uma vez, de Bíblia para que se torne mais macia condição efeminada.
maneira estéril, com a causa das femi­ e delicada. O leitor pode se lembrar
nistas um pouco mais avançada. O pa­ que a situação foi uma tentativa do
Credenda Agenda — Agenda 'Things to Be Done’
drão se repetirá vez por vez até que os pessoal da Nova Versão Internacional Volume 11/ Número 2

A igreja tem Segundo o Catecismo Maior da Assembléia de West­


minster, pergunta 159, cumpre aos ministros "pregar
m ais e m ais
a sã doutrina". Mas infelizmente isso "caiu de m oda"
n eg lig en ciad o o quase por completo. O que não é de adimirar, se tiver­
d o u trin am en to mos em mente o rápido bosquejo, de heresias surgidas
do povo... no campo teológico. A muitos ministros resta um credo
de tal forma atenuado que lhes é impossível "pregar a
sã doutrina". Mas, até mesmo os que aceitam as dou­
Klaas Runia
trinas como vêm formuladas nos credos e confissões da
igreja têm sido faltosos neste particular. Com bastante
freqüência, seus sermões têm sido piedosos antes que
confessionais e doutrinários.

5 R e v is t a O s P u e it a iio s
Mulheres no Ofício
O Que Mudou na Minha Cabeça
Por David Feddes

studei no seminário com mulheres talentosas filhas de Deus, como discípulas inteligentes, como

E que desejavam ser pastoras. Os oponentes da


ordenação feminina pareciam-me antiquados e
esquisitos. Eu lia livros e artigos que diziam ser permi­
auxiliadoras da Sua missão e Suas testemunhas. Não
obstante o nosso Senhor optou por 12 homens, quan­
do escolheu os líderes oficiais da Sua igreja.
tido, até mesmo necessário, que as mulheres atuas­ A liderança masculina estendeu-se ao longo de
sem em todos os ofícios eclesiásticos. A consideração toda era neotestamentária e além dela. À medida
que tinha pela habilidade das mulheres me fez pro­ que a igreja antiga crescia, as mulheres foram mem­
curar ardorosamente por fundamentação bíblica e bros de vital importância, entretanto os presbíteros e
acadêmica. os diáconos sempre foram homens. Quando a igreja
Não encontrei o que queria. Quanto mais estudava sofreu perseguição, as mulheres estavam entre seus
os argumentos em prol da ordenação feminina, tanto heróis e mártires, mas apenas os homens ocupavam as
mais superficiais se mostravam. Quanto mais exami­ posições oficiais de ensino e de supervisão "em todas
nava a posição histórica da igreja, tanto mais sólida e as igrejas dos santos" (1Co.14:33).
bíblica se me revelava, gostasse eu ou não. Descobri Algumas seitas que degeneraram do cristianismo
que o ofício de pastor ou de supervisor espiritual é para o gnosticismo ou para o culto a divindades femi­
para certos homens, e não para mulheres. Por mais ninas ordenavam sacerdotisas, mas a igreja jamais o
que quisesse pensar de outra forma, o caso é fortíssi­ fez. Com a passagem dos séculos a responsabilidade
mo em três níveis: prática, preceito e princípio. pelo ensino e governo oficiais da igreja permanece­
ram tarefa dos homens.
Prática Porque razão tal prática permaneceu a mesma por
Considere a prática histórica do povo de Deus. No tão longo tempo? Foi porque se achava que os ho­
Israel do Velho Testamento os sacerdotes tinham ofi­ mens eram mais inteligentes ou mais espirituais que
cialmente a responsabilidade de conduzir os rituais as mulheres? Não. Havia, vez por outra, a infiltração do
de culto público e de ensinar a lei de Moisés. Aqueles preconceito pecaminoso, mas não foi esse o motivo
líderes e mestres oficiais eram, sem nenhuma exceção, para se restringir aos homens os ofícios de governo. A
homens. igreja ao longo dos séculos, quaisquer que fossem as
Quando Jesus veio à terra manteve a prática de ter suas falhas, sempre esteve consciente de que as mu­
apenas homens como líderes oficiais. Ele tinha mui­ lheres poderiam conhecer as Escrituras tão bem quan­
tos seguidores, tanto mulheres quanto homens, mas to os homens, algumas vezes até melhor do que eles,
ao escolher 12 apóstolos para servirem como líderes, e que poderiam ser tão santas quanto eles, e algumas
todos foram homens. vezes bem mais do que eles.
Isso tudo é muito mais notório à luz do quanto Je­ A igreja contudo insistia que, "a mulher por mais
sus se importava com as mulheres. Os exemplos bási­ erudita e santa que seja, não deve ter a presunção de
cos das mulheres na vida de Jesus incluem a Sua mãe, ensinar a homens na assembléia (...) nem a presun­
Maria; a profetisa Ana, que falou sobre o recém-nas­ ção de batizar"(segundo instituía uma ordenança do
cido Jesus; as mulheres que O seguiam e apoiavam o século V).
Seu ministério; e as mulheres que foram as primeiras a Se o exercício do oficio de pastor ou bispo fosse
contemplar o Cristo ressurreto. Jesus tratava-as como uma mera questão de inteligência, integridade, ou

R e v i s t a O s P u r it a n o s
M u l h e r e s n o O f íc io , O q u e M u d o u n a M in h a C a b e ç a

habilidade, há muito que a igreja ha­ sua guarda para edificar a igreja e fazer subjacente que se aplique à todas as
veria de ter ordenado mulheres para avançar a missão de Deus no mundo. eras e culturas? Na verdade existe.
seus postos de ensino e governo ofi­ O apóstolo Paulo arrola diversas Após dizer que "não permito que a
ciais. A igreja não demorou 2000 anos qualificações necessárias aos que en­ mulher ensine, nem exerça autoridade
para poder reconhecer a sabedoria e a sinam e exercem autoridade oficial­ sobre homem", Paulo prossegue expli­
pureza de muitas mulheres cristãs.Tais mente: caráter piedoso, sã doutrina, cando: “Porque, primeiro, foi formado
qualidades foram sempre evidentes. apto para ensinar e liderar. Paulo fala Adão, depois, Eva. E Adão não foi ilu­
Todavia, por toda a Escritura e história de homens fiéis a uma única esposa e dido, mas a mulher, sendo enganada,
da igreja, a liderança oficial da igreja que administram bem a sua casa. Para caiu em transgressão" (1Tm.2:13~14
sempre esteve reservada aos homens. que não haja a menor dúvida de que - ARA2).
isso significa apenas homens, o após­ Paulo não está simplesmente dan­
Preceito tolo diz: "E não permito que a mulher do um conselho para um tempo e
Essas práticas bíblicas e históricas ensine, nem exerça autoridade sobre situação particulares. Ele apela a um
são meramente acidentais, ou existe hom em "(1 Tm. 2:12, NKJV). princípio estabelecido na criação e
por trás delas um preceito — um co­ Paulo não está dizendo que a mu­ violado na queda: o princípio da lide­
mando explícito da parte de Deus — lher jamais possa ensinar qualquer rança masculina.
sendo obedecido? coisa ou exercer qualquer tipo de au­ Deus primeiro criou o homem e
Não foi por acaso que os israelitas toridade. Ele está falando quanto ao dele e para ele, então,formou a mulher.
acabaram tendo um sacerdócio mas­ tornar-se o docente oficial da doutrina "Porque o homem não foi feito da mu­
culino. Foi Deus quem o ordenou. Não no culto público, e sobre a autoridade lher, esima mulher, do homem.Porque
foi a Mirian, irmã de Moisés, e as filhas pertinente a tal ofício. Noutra parte também o homem não foi criado por
dela que Deus ordenou que se tornas­ ele fala aprovativamente sobre a mu­ causa da mulher, e sim a mulher, por
sem sacerdotisas, mas ao seu irmão lher profetizar e partilhar com outros causa do homem"(1Co.11:8~9). Quan­
Aarãoe aos filhos deste (Nm.3:10). das percepções concedidas por Deus. do homem e mulher encontraram-se
Agora que Jesus é o nosso Sumo Ele as refere como parceiras na divul­ pela primeira vez, o homem assumiu
Sacerdote e sacrifício perfeitos, os sa­ gação do evangelho. Mas quando se a liderança ao dar a ela um nome e
crifícios rituaiseo sacerdócio aarônico trata do ensino oficial e da supervi­ a defini-la em relação a ele mesmo
são desnecessários. O povo de Deus, são autoritativa de uma congregação (Gn.2:23).
entretanto, continua precisando de Paulo diz: "não permito que a mulher A ordem de Deus na criação foi pri­
líderes oficiais que os ensine e exer­ ensine, nem exerça autoridade sobre meiro Adão, depois Eva. A ordem de
çam autoridade em nome de Jesus. O homem". Satanás na tentação foi primeiro Eva,
Novo Testamento usa a palavra pastor Não é uma mera sugestão à qual depois Adão. Contudo a ordem de
(poimen/poimen), o líder das ovelhas seria tolice não seguir, mas um manda­ Deus permaneceu: primeiro Adão. De­
responsável pelo cuidado do rebanho mento ao qual seria errado não obede­ pois de haverem pecado e se escondi­
de Deus e também a palavra supervi­ cer. "Não permito" significa "é proibido", do, o homem é que foi chamado pelo
sor (ejpivskopo"/epískopos), traduzida e não "não é aconselhável". É preceito Senhor: "onde estás?" (Gn3:9). Embo­
normalmente como "presbítero" ou de um apóstolo de Cristo, escrito com ra Eva tenha pecado primeiro. Deus
"bispo" alguém que é responsável pela a autoridade do Senhor sob a inspira­ dirigiu-se primeiro a Adão. A respon­
supervisão de almas. ção do Espírito Santo. sabilidade original permaneceu com
Tais líderes são os responsáveis pelo o homem.
ensino da sã doutrina nas reuniões ofi­ Princípio A liderança masculina estabelecida
ciais da igreja, por receber pessoas na Mesmo se admitirmos que na prá­ na criação, violada durante a queda no
igreja através do batismo, por supervi­ tica os pastores e os supervisores da pecado, e reafirmada por Deus em se­
sionar a Ceia do Senhor, e por excluir igreja têm sido homens e que um pre­ guida é o princípio que subjaz ao pre­
da Ceia e da igreja os que pela doutri­ ceito bíblico proíbe as mulheres de ceito eà prática de se ordenar homens
na e vida opõem-se a Cristo. Os líderes, servirem em tais posições, podemos como líderes da igreja. Deus quer uma
por meio desses atos autoritativos ofi­ ficar pensando por que isso é assim liderança masculina piedosa no lar e
ciais, devem mobilizar e coordenar os e, se ainda é aplicável à nossa socieda­ na casa de Deus, a igreja. Na verdade, a
don s espirituais do povo de Deus sob a de hoje. Será que existe um princípio capacidade de liderar a família é o sinal

7 R e v is t a O s P u e it a iio s
D a v id F e d d e s

de que o homem pode ou não liderar Deus as chamou para fazer. As igrejas Muitos membros de igreja, inclusi­
a igreja de Deus. "se alguém não sabe têm que condenar as distorções da li­ ve oficiais, jamais ouviram um sermão
governar a própria casa, como cuidará derança masculina, tais como dominar sobre se as mulheres devem ou não ser
da igreja de Deus?"(1Tm.3:5). e denegrir as mulheres. ordenadas. Muitos pastores (de ambos
A liderança masculina expressa o As igrejas devem edificar as filhas os lados) pouco ou nada falam sobre
propósito da criação de Deus; refle­ de Deus e encorajá-las a usar os seus isso de púlpito. Embora votem nas as­
te a relação entre Cristo e Sua igreja dons espirituais da maneira apropria­ sembléias eclesiásticas, tentam evitar
(Ef.5:23); é comparada até com à vida da. A congregação que defende a li­ a controvérsia local. Portanto, a menos
no seio da Divindade: "Cristo [é] o ca­ derança masculina, mas que erronea­ que os leigos estudem o problema por
beça de todo homem, e o homem, o mente sufoca os dons e negligencia as si mesmos, jamais compreenderão o
cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de necessidades femininas, é pior do que porquê de as igrejas cristãs ao longo
Cristo"(ICo.11:3). Assim como Deus o a que valoriza as mulheres mas que da história (e a maioria das igrejas ain­
Pai e Cristo são unidos e iguais — com erroneamente as ordena em todos os da hoje) só terem ordenado homens
o Pai liderando e Cristo submetendo- ofícios. É pior ter uma trave do que um como pastores e presbíteros.
-se — assim também homem e mulher cisco no olho. Nem todo mundo tem um posicio­
são unidos e iguais, com papéis com­ Mesmo que traves causem muito namento consolidado. Alguns nem
plementares na família e na igreja. mais dano que ciscos, não vamos fin­ deram muita atenção ao problema.
gir que estes ajudem ou melhorem a Outros têm opiniões instáveis e con­
Em busca de uma visão visão. A ordenação de mulheres pode vicções inconsistentes. Inclinam-se
mais esclarecida não ser o pior dos erros, mas é de fato para o lado que gostam — como eu fiz
Há, portanto, uma boa razão para um erro. — mas que podem ser persuadidos de
se crer que a vontade de Deus para a Veteranos dos debates de longo- outra forma se levarem em considera-
igreja é que homens sejam ordenados -prazo sobre a ordenação de mulhe­ çãoo entendimento histórico da igreja
nos ofícios de presbítero e pastor. res queixam-se por vezes que: "vimos sobre o ensinamento bíblico. Seja qual
A congregação não deve, entretan­ estudando isso a décadas, e não é for o caso, se for deixado às congrega­
to, pensar que está satisfazendo um provável que a mente de ninguém ções decidir se devem ou não ordenar
ensinamento bíblico só porque não mais se modifique". Muitos, entretan­ mulheres, é mais importante do que
ordena mulheres. Para ser bíblico é to, especialmente aqueles de nós com nunca que membros e oficiais enten­
preciso muito mais do que apenas di­ menos de 40 anos, não o estudamos a dam qual é a posição histórica da igre­
zer o que as mulheres não devem fazer. tanto tempo e podemos não estar tão ja antes de decidirem se esta deve ou
As igrejas precisam valorizar e encora­ entrincheirados o quanto pensam os não ser modificada.
jar as mulheres nas muitas coisas que veteranos cansados da guerra.
Por David Feddes em The Banner 20/04/2000

"E não permito Por esta razão, parece errado alguns argumentarem
que a mulher que os presbíteros da igreja podem dar a uma mulher
ensine, nem tenha o direito de expor a Palavra de Deus à igreja. A idéia
é que isto é aceitável, desde que ela o faça debaixo da
autoridade sobre o
autoridade da liderança masculina. Mas Paulo descarta
homem, mas que esta possibilidade, afirmando que, na situação de en­
esteja em silêncio". sino público, onde homens estão presentes, a mulher
II Tm.2:12 deve permanecer "em silêncio". Nenhuma decisão da
liderança masculina pode justificar a desobediência ao
George. Knight III que o apóstolo ordena.

R e v i s t a O s P u iu t a m o s
0 Que Significa Não
Ensinar ou Ter Autoridade
sobre Homens?
Por Douglas M oo____________________________

' 'A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. se ela permanecer em fé, e amor e santificação, com
U E não permito que a mulher ensine, nem exerça auto­ bom senso”.
ridade de homem; esteja, porém, em silêncio. ’3Porque, A Igreja tem se mostrado correta ao pensarqueesta
primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. K E Adão não passagem impõe certas restrições ao ministério das
foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em mulheres? Certamente é o que a passagem parece di­
transgressão. 15 Todavia, será preservada através de zer. As mulheres não devem ensinar ou ter autoridade
sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e sobre os homens. Não devem fazer isso por causa da
santificação, com bom senso. (1 Tm 2:11-15) seqüência em que Deus criou o homem e a mulher e
por causa de como eles caíram em pecado.
ovo Testamento deixa bem claro que as m u­ Porém, muitos em nossos dias pensam que esta

N lheres cristãs, como também os homens cris­


tãos, receberam dons espirituais (1 Co 12.7-11).
Am bos devem usar estes dons para ministrar o corpo
passagem não requer que a igreja contemporânea
limite o ministério das mulheres. Outros pensam que
ela deve limitar somente certas mulheres, em alguns
de Cristo (1 Pe 4.10). Seus ministérios são indispen­ ministérios e em certas circunstâncias. Assim, há mui­
sáveis à vida e ao ministério da Igreja (I Co. 12.12-26). tos cristãos sinceros que afirmam a inspiraçãoe a auto­
Há muitos exemplos no Novo Testamento de tais mi­ ridade das Escrituras, mas não pensam que 1 Tm 2.8-15
nistérios da parte de mulheres cristãs agraciadas com estabeleça qualquer restrição sobre o ministério das
dons. Para ser fiel ao Novo Testamento, então, a igreja mulheres. Será que estão corretos? Terá sido a posi­
contemporânea precisa honrar os variados ministé­ ção da igreja cristã nesta questão, por vinte séculos,
rios de mulheres e encorajá-las a buscá-los. 0 produto de um condicionamento cultural, do qual
Mas o Novo Testamento coloca alguma restrição ao finalmente conseguimos nos livrar?
ministério de mulheres? Desde os primeiros dias da Este não é o nosso pensamento. Pensamos que
igreja apostólica, a maioria dos cristãos sinceros têm 1 Tm 2.8-15 impõe duas restrições ao ministério das
crido assim. Uma razão importante pela qual eles têm mulheres: (1) Elas não devem ensinar doutrina cristã
pensado desta forma é o ensino de 1 Tm 2.8-15: aos homens e (2) não devem exercer autoridade dire­
"Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, tamente sobre os homens da igreja. Estas restrições
levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade. são permanentes e têm autoridade para direcionar a
Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, igreja em todos os tempos, lugares e circunstâncias.
se ataviem com modéstia e bom senso, não com ca­ Neste ensaio, procuraremos justificarestas conclusões.
beleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário Ao fazê-lo, estaremos particularmente preocupados
dispendioso, porém com boas obras (como é próprio em mostrar porque os argumentos em favor de outras
às mulheres que professam ser piedosas). A mulher interpretações não são convincentes.
aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não per­
mito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de O Cenário
homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, Paulo escreveu esta primeira carta a seu coo-
foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, peradorTim óteo, para lembrá-lo de "com o se deve
mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus
Todavia, será preservada através de sua missão de mãe. vivo" (1 Tm 3.15). Paulo enviou esta carta porque a

R e v is t a O s P u e it a iio s
D o u g las M o o

igreja em Éfeso, onde Timóteo fora mestres. Os falsos mestres estavam in­ Paulo deseja que as mulheres cristãs
deixado, estava cercada por falsas centivando as pessoas a se absterem aprendam, e isto é uma questão im­
doutrinas (1 Tm 1.3). Certas pesso­ do casamento e, muito provavelmen­ portante, pois tal prática não era, em
as da igreja haviam se afastado do te, estavam também incentivando as geral, incentivada pelos judeus. Mas
verdadeiro ensino do evangelho, mulheres a destacarem o que poderí­ isto não significa que o fato de Paulo
tornando-se contenciosas e propa­ amos chamar de tradicionais papéis fe­ desejar que as mulheres aprendam
gando doutrinas errôneas. mininos, em favor de uma abordagem seja o ponto principal desse texto. A
M uitas interpretações de 1 Tm mais igualitária a respeito dos papéis preocupação de Paulo não é que elas
2.11-15 se baseiam fortemente na a serem desempenhados por homens devem aprender, mas a maneira como
natureza daquela falsa doutrina, ao e mulheres. devem aprender: "em silêncio" e "com
explicarem o que Paulo quer dizer toda submissão".
nestes versículos. Não há nada erra­ Com portam ento Apropriado às Paulo está preocupado com que
do com isto, em princípio; boa exe­ Mulheres - Versículos 8-11 as mulheres aceitem o ensinamento
gese sem pre considera o contexto A fim de entendermos 1 Timó­ da igreja pacificamente, sem crítica
em que aparece o texto. Contudo, teo 2.11-15, precisamos voltar ao ou disputa. Evidentemente algumas
Paulo nos fala notavelmente pouco versículos 8, onde Paulo pede que “os mulheres não estavam aprendendo
sobre as particularidades desta fal­ varões orem em todo lugar, levantan­ "em silêncio"; provavelmente haviam
sa doutrina. Isto significa que não do mãos santas, sem ira e sem animosi­ adquirido dos falsos mestres os hábi­
podem os estar certos, de m odo dade". Este cuidado com relaçãoà ira e tos de contender. Por isso, o apóstolo
nenhum, quanto à natureza preci­ à animosidadedurantea oraçãoéqua- Paulo exorta aquelas mulheres a acei­
sa dela. Vamos, então, nos aproxi­ se certamente causado pelo impacto tarem sem crítica o ensino dos líderes
mar com cautela. Em nossa exegese, do falso ensinamento na igreja, poisa da igreja.
vamos usar apenas aqueles aspectos divisão e a discórdia foram resultados Entretanto, provavelmente há mais
da falsa doutrina que podem ser cla­ óbvios de tal ensinamento (1 Timóteo do que isto em questão. Há boa razão
ramente relevantes a 1 Tm 2.11 -15 são: 6.4-5). para pensarmos que o assunto no
1. Os falsos mestres semeavam dis­ Nos versículos 9-10 Paulo incentiva versículo 11 não é apenas submissão
sensão e estavam preocupados com as mulheres cristãs a se ataviarem com ao ensinamento da igreja, mas sub­
trivialidades (1 Tm 1.4-6; 2 Tm 2.14,16- "modéstia e bom senso" e com "boas missão de mulheres a seus maridos e,
17,23-24; Tt 1.10; 3.9-11). obras", em vez de penteados sofistica­ talvez, à liderança masculina na igreja.
2. Os falsos mestres enfatizavam o dos e roupas ostensivas. Esta exorta­ Isto é sugerido pelo uso que Paulo faz
ceticismo como um meio de adquirir ção pode também ser dirigida contra da palavra submissão. Submissão é a
espiritualidade. Ensinavam a absti­ o impacto da falsa doutrina em Éfeso. atitude apropriada dos cristãos para
nência de certos tipos de alimentos, Pois vestido ostensivo, no mundo anti­ com aqueles que estão em autoridade
do casamento e, provavelmente, de go, às vezes podia indicar uma mulher sobre eles. Observe que este versículo
relações sexuais (I Tm 4.1 -3). de moral frouxa e sua independência é dirigido apenas a mulheres e que os
3. Os falsos mestres haviam persua­ do marido. O problema tratado em 1 versículos 12-14 focalizam o relaciona­
dindo muitas mulheres a segui-lo em Coríntios 11.2-16é da mesma natureza mento dos homens com as mulheres.
seus ensinos (ITm 5.15; IITm 3.6-7). geral. Em Corinto, as mulheres cristãs Isto nos inclina a pensar que a sub­
4. Em I Tm 5.14 Paulo aconselhou estavam adotando um estilo de vestir missão em vista aqui é a submissão de
às jovens viúvas que "se casem, criem (ou de penteado) que implicitamen­ mulheres à liderança masculina. Pre­
filhos, sejam boas donas de casa", isto é, te proclamava sua independência de sumimos que as mulheres, em Éfeso,
a se ocuparem com os tradicionais pa­ seus maridos. estavam expressando sua "liberação"
péis femininos. Este conselho foi dado Tendo lembrado a Timóteo que as de seus maridos ou de líderes na igreja,
porque algumas haviam se desviado, mulheres cristãs deveriam se adornar criticandoe falando contra a liderança
"seguindo a Satanás" (v. 15). Visto que com "boas obras" Paulo agora adverte masculina. Paulo incentiva Timóteo a
Paulo classifica o falso ensinamento sobre certas atividades que não se en­ combater esta tendência, enfatizando
com o demoníaco (1 Tm 4.1), é prová­ quadram nesta categoria. No versículo o princípio da submissão das mulhe­
vel que este "desviar-se para seguir a 11, ele ordena que "a mulher aprenda res à liderança masculina apropriada.
Satanás" signifique seguir os falsos em silêncio, com toda a submissão".

R e v i s t a O s P u r it a n o s ie
O Q u e S ig n if ic a N á o E n s in a r o u T e r A u t o r id a d e s o b r e H o m e n s ?

Aida Besancon Spencer argumenta amplamente para descrever o minis­ de Deus com a autoridade de Deus e
que o próprio fato de que mulheres tério geral de edificação que acontece da sua Palavra.
deveriam aprender implica que deve­ de vários modos (Cl 3.16). Mas geral­ À luz destas considerações, argu­
riam eventualmente ensinar, visto que mente esta atividade é restrita a certas mentamos que o ensino proibido às
muitos textos antigos enfatizam que pessoas que têm o dom de ensinar (I mulheres inclui o que chamaríamos
propósito de se aprender é preparar Co 12.28-30; Ef 4.4-11). Isto deixa claro de pregação. (Observe 2 Tm 4.2 - "Pre­
alguém para ensinar. Mas é evidente que nem todos os cristão estão enga­ ga a palavra, insta, quer seja oportuno,
que o incentivo para que as mulheres jados no ensino. quer não, corrige, repreende, exorta
aprendam, em 1 Timóteo 2.11, não Nas epístolas pastorais, o ensino com toda a longanimidade e doutri­
dá razão para imaginarmos que tam­ sempre tem este sentido restrito. Pau­ na".) Inclui também o ensino da Bíblia
bém deveriam se envolver em expor e lo está profundamente preocupado e da doutrina na igreja, em faculdades
aplicar a verdade bíblica aos homens. em garantir que o ensino saudável e em seminários. Outras atividades -
Além disso, aprender não leva neces­ e correto seja mantido pelas igrejas. dirigir estudos bíblicos, por exemplo
sariamente a uma atividade de ensino Uma das principais tarefas de Timó­ - podem ser incluídas, dependendo
reconhecida oficialmente. Todos os teo era ensinar (1 Tm 4.11-16; 2 Tm de como são realizadas. Ainda outras,
homens judeus eram incentivados a 4.2) e preparar os outros para cumpri­ tais como testemunho evangelístico,
estudar a Lei; porém, nem todos se rem este ministério vital de instrução aconselhamento, ensino secular, não
tornavam rabinos. Semelhantemente, doutrinária com autoridade (2Tm 22). são, em nossa opinião, ensinar no sen­
todos os cristãos são incentivados a Embora, talvez, não fosse restrito aos tido que Paulo propõe aqui.
estudar as Escrituras; mas Paulo ex­ pastores, o ensino era uma atividade Paulo está proibindo as mulheres
pressamente limita o "ensinar" a um importante destas pessoas (1 Tm 3.2; de exercerem qualquer tipo de ensi­
número restrito de pessoas que têm o 5.17; Tt 1.9). no? Não pensamos assim. A palavra
dom de ensinar (cf. ICo 12.28-30). Neste ponto, a questão da aplica­ homem é claramente o objeto da
ção não pode ser evitada. De acordo expressão "exercer autoridade". Tam­
A Proibição de Ensinar-Versículo 12 com este significado, quais funções bém, ela poderia ser analisada como
A frase "com toda a submissão" é a seriam consideradas ensino, na igreja objeto do verbo ensinar. Em Tito 2.3-4,
conexãoentre a ordem,no versículo 11, moderna? Alguns têm sugerido que Paulo permite a mulheresensinarem a
e as proibições, no versículo 12. Pode­ não temos paralelo moderno, pois, outras mulheres. Mas aqui, neste con­
mos parafrasear a transição desta for- como se argumenta, o cânon do Novo texto, ele se preocupa com a diferença
ma:"Deixe que as mulheres aprendam Testamento é a autoridade de ensino existente entre homens e mulheres (v.
em silêncio e em completa submissão; que substitui o mestre do primeiro sé­ 13) ecom a submissão (v. 11). Portanto,
mas completa submissão também sig­ culo. Deve-se observar, porém, que an­ ele proíbe que as mulheres ensinem
nifica que eu não permito que uma mu­ tes das Escrituras do Novo Testamento, aos homens.
lher ensine ou exerça autoridade sobre os antigos mestres cristãos possuíam
u m homem". O versículo 12 é o foco da autoritárias tradições cristãs nas quais A Proibição de Exercer
discussão desta passagem, pois atra­ baseavam seus ministérios. A impli­ Autoridade - Versículo 12
vés dele, Paulo proibiu as mulheres em cação de passagens como 2 Tm 2.2 é O verbo traduzido por "exercer
Efeso de se engajarem em certos minis­ que o ensino deveria continuar a ser autoridade" significa "ter autoridade
térios designados aos homens. muito importante para a igreja. Além sobre" ou "dominar" (no sentido de
Ao proibir que as mulheres ensi­ disso, as Escrituras deveriam ser vistas "ter domínio sobre" e não no sentido
nem, o que exatamente Paulo está como substitutas dos apóstolos que as negativo de "subjugar"). Que tipo de
proibindo? A palavra ensinar, no Novo escreveram, não dos mestres que as prática, na igreja moderna, Paulo esta­
Testamento, denota a cuidadosa trans­ expuseram. Certamente, qualquer au­ ria proibindo, quando dizque a mulher
missão da verdade a respeito de Jesus toridade que o mestre possua é deriva­ não deve exercer autoridade sobre o
Cristo e a proclamação com autorida­ da. A autoridade é inerente à verdade homem?
de da vontade de Deus para os crentes a ser proclamada e não à pessoa do Evidentemente isto excluiria uma
à luz daquela verdade (ver especifica­ ensinador. Ainda assim, a atividade de mulher de se tornar pastora nos mol­
mente I Tm 4.11; II Tm 2.2; At 2.42; Rm ensino possui autoridade em si mes­ des como este ofício é descrito nas
12.7). A palavra pode ser usada mais ma. Isto porque o mestre vem ao povo epístolas pastorais. Por extensão, as

ii R e v is t a O s P u e it a iio s
D o u g las M o o

mulheres seriam impedidas de ocupar, ensinar ou exercer autoridade sobre o cias. Por exemplo, Paulo desenvolve
em uma igreja, qualquer posição que seu marido". 0 contexto (versículos sua doutrina da justificação pela fé, em
seja equivalente à de presbítero. Esta 8-9) claramente se refere a homens Gálatas, em oposição a específicos fal­
proibição é válida até mesmo se o ma­ e mulheres como membros da igreja, sos mestres do primeiro século. A natu­
rido der permissão para que a esposa não como maridos e esposas. Não são reza específica destas circunstâncias de
ocupe tal posição. Pois a preocupação apenas os maridosque devem levantar modo algum limita a aplicação do seu
de Paulo aqui não é que a mulher aja mão santas em oração, mas todos os ensino. Podemos dizer que as circuns­
independentemente de seu marido homens; e não apenas as esposas que tâncias fazem surgir um ensinamento,
ou usurpe sua autoridade, mas que a devem se vestir com modéstia, mas mas não limitam sua aplicação.
mulher exerça autoridade sobre qual­ todas as mulheres (versículos 9-10). Este ponto em particular é impor­
quer homem na igreja. Portanto, as proibiçõesdo versículo 12 tante, porque alguns estudos a respei­
Por outro lado, não cremos que a são aplicáveis a todas as mulheres da to de 1 Timóteo 2.12 sugerem que, se
proibição de Paulo deveria restringir igreja, em seus relacionamentos com alguém pode identificar a circunstân­
as mulheres de votar em uma assem­ todos os homens da igreja. cia em função da qual foi escrita uma
bléia congregacional. Nem cremos passagem, então pode concluir que o
que Paulo pretendia proibir as mulhe­ A Base da Instrução: A Criação e a texto tem uma aplicação limitada. Isto,
res de exercerem a maioria das ativida­ Queda - Versículos 13-14 obviamente, não é verdadeiro. Ao in­
des administrativas na igreja. No versículo 12, Paulo proíbe as vés disso, a pergunta a serfeita acerca
Até aqui temos falado da proibição mulheres, na igreja situada em Efeso, de 1 Timóteo 2.12 é: Podemos iden­
de Paulo, dirigida às mulheres, sobre de ensinar a homens e de exercerem tificar circunstâncias que limitam sua
duas atividades específicas: "ensinar" autoridade sobre eles. Porém, agora aplicação a certas épocas e lugares?
homens e "exercer autoridade sobre" enfrentamos a questão crucial: Esta Muitos pensam que sim, e há nume­
eles. Argumentou-se, porém, que os proibição se aplica à igreja cristã hoje? rosas sugestões que foram propostas
dois verbos deveriam ser tomados jun­ Não podemos simplesmente pre­ sobre as circunstâncias locais. Focali­
tos e que Paulo realmente está proi­ sumir que sim. O Novo Testamento zaremos os dois pontos de vista mais
bindo as mulheres de "ensinar de uma contém muitas injunções que são populares.
forma autoritária". Porém, não pensa­ aplicadas a uma situação específica e, OprimeiroafirmaquePauloestá se
mos que esta interpretação é provável. quando a situação muda, a injunção referindo apenas a mulheres que su­
Embora ensinar seja autoritário em si, pode mudar sua forma ou perder sua cumbiram ao falso ensinamento em
nem todo exercício de autoridade na validade. Por exemplo, a maioria dos Éfeso. Os defensores desta perspecti­
igreja é através do ensino. Paulo tra­ cristãos concorda que não somos mais va insistem que o propósito de Paulo
ta as duas tarefas como distintas, em obrigados a saudar-nos "uns aos ou­ não é impedir todas as mulheres, em
1 Timóteo, quando discute o trabalho tros com ósculo santo"(1 Co 16.20). As todas as épocas, de ensinarem aos
dos pastores na igreja (3.2, 4-5; 5.17). formas de cumprimentar mudaram; e, homens, mas proibir as mulheres que
É verdade que ensinar e exercer auto­ em nossos dias, para praticar este cos­ sucumbiram às falsas doutrinas de en­
ridade estão proximamente relaciona­ tume, podemos apertar as mãos como sinarem e propagarem estas doutrinas.
dos; mas aqui, como em outros textos, sinal de amor cristão. Em nossos dias, dizem eles, obedece­
são distintos. Em 1 Timóteo 2.12, Pau­ Por outro lado, não é simplesmente mos a injunção de Paulo ao impedir
lo proíbe as mulheres de conduzirem o caso de identificarmos uma circuns­ que mulheres sem treinamento e sob
qualquer uma destas atividades em tância local, à qual o texto está sendo di­ influência defalsas doutrinas ensinem
relação aos homens. rigido, e concluir que o texto é limitado tal doutrina.
Alguns propuseram que Paulo está em sua aplicação. Quase todo o Novo Quais são as razões para aceitaresta
proibindo não o ensino e o exercício Testamento foi escrito em circunstân­ interpretação específica? Os defenso­
de autoridade da parte de qualquer cias específicas, tais comocorrigirfal sos res deste ponto de vista, que se tornou
mulher sobre qualquer homem, mas, ensinamentos, responder a perguntas muito popular, apontam particular­
sim, de esposas sobre seus próprios específicas, buscar a unidade das fac­ mente para o versículo 14. Ali, eles argu­
maridos. Mas, as palavras e o contex­ ções da igreja, etc. Mas isto não signifi­ mentam, Paulo cita Eva como exemplo
to não apoiam esta perspectiva. Paulo ca necessariamente que tais escritos se típico do que as mui heres de Éfeso esta­
não diz:"Eu não permito a uma esposa aplicam somente àquelas circunstân­ vam fazendo: ensinando falsa doutrina

R e v i s t a O s P u r it a n o s
O Q u e S ig n if ic a N á o E n s i n a r o u T e r A u t o r id a d e s o b r e H o m e n s ?

e fazendo-o sem o preparo adequado. que Eva cometeu e trariam desastre vista, Paulo ordenou que as mulheres
Eva ensinou o homem a comer da árvo­ semelhante sobre si mesmas e sobre a não ensinassem ou exercessem autori­
re, trazendo a ruína da transgressão; as igreja. Melhor do que qualquer outra, dade sobre os homens, porque tais ati­
mulheres, em Éfeso, não deviam repe­ esta explicação descreve a ênfase de vidades seriam consideradas ofensivas
tir seu erro de propagar falsa doutrina Paulo no versículo 14. à grande maioria das pessoas em Éfeso.
e trazer ruína para a igreja. Ao explicar o sentido dos versículos É verdade que Paulo menciona nas
Mas este argumento falha com­ 12 e 14, não devemos perder o signi­ epístolas pastorais sua preocupação
pletamente em ser convincente. A ficado do versículo 13. Este provê a sobre os cristãos evitarem um com por­
referência de Paulo a Eva, no versículo primeira razão para a proibição no tamento que traria má fama ao evan­
14, focaliza o relacionamento entre o versículo 12. Paulo enfatizou que o gelho (1 Timóteo 6.1; Tito 2.5). E.como
homem e a mulher ("Adão não foi ilu­ homem foi criado primeiro e, depois, temos visto, os falsos mestres estavam
dido; mas a mulher"). Paulo também Eva. Na língua original, o fator tempo­ propagando uma visão antitradicional
focaliza o engano. Isto sugere que ral é intensamente marcante. Qual o acerca do papel das mulheres. Mas de­
Eva permanece como um tipo para as motivo desta afirmação? É o seguinte: vemos fazer uma pergunta crucial: ao
mulheres efésias que estavam sendo a prioridade do homem na ordem da reagir contra tal ensino falso, Paulo
enganadas pelas falsas doutrinas, mas criação indica a liderança que o ho­ restringe as atividades das mulheres
não como um tipo para as mulheres mem deve exercer sobre a mulher. A apenas porque tais atividades seriam
que estavam ensinando falsa doutrina. mulherfoi criada após o homem, como ofensivas a essa cultura? Cremos que
Daí a necessidade de Paulo adverti-las sua ajudadora. Isto mostra a posição não. Não há referência, no contexto
sobre aprender “em silêncio, com toda de submissão que Deus intencionou de 1 Timóteo 2.11-12, a uma preocu­
a submissão"(v. 11). Observe também no relacionamento da mulher com o pação com a acomodação cultural. Ao
que não há evidência nas epístolas homem. Esta submissão é violada se contrário, Paulo apela para a ordem
pastorais de que as mulheres estives­ umamulherensina doutrina ou exerce da criação - uma consideração mani­
sem ensinando estas falsas doutrinas. autoridade sobre um homem. festamente transcultural - como base
Se, de fato, o problema está no Observe como Paulo fundamenta inequívoca para o comportamento.
engano, pode ser que Paulo deseja­ estas proibições nas circunstâncias da Resumindo, achamos que Paulo
va sugerir que todas as mulheres são, criação, e não nas circunstâncias da estava corrigindo perspectivas erra­
como Eva, mais suscetíveis de serem queda no pecado. Desta forma, Paulo das sobre o lugar das mulheres e, de
enganadas do que os homens e, por mostra que não considera estas res­ forma especial, combatendo o ensino
isso, não deveriam estar ensinando trições como o produto da maldição dos falsos mestres. O versículo 12 afir­
aos homens! Embora esta interpreta­ (presumivelmente, portanto, a serem ma a posição costumeira de Paulo, em
ção não seja impossível, nós a conside­ desfeitas pela redenção). Observe, qualquer igreja, que as mulheres não
ramos improvável. Primeiramente, ela também, que ele cita a criação, e não deveriam ensinar ou exercer autorida­
não combina com o contexto. Paulo a situação local, como sua base para de sobre os homens. Ele precisou dar
aqui está preocupado em proibir as as proibições. Assim, Paulo mostra que, ensinamento claro sobre o assunto,
mulheres de ensinar aos homens; o embora os problemas locais e cultu­ em 1 Timóteo, simplesmente porque
foco está no desempenho dos papéis rais possam ter fornecido o contexto a questão havia surgido como um pro­
masculino e feminino. Eva foi enga­ da questão, eles não fornecem o m o­ blema na igreja de Éfeso. No entanto,
nada pela serpente, quando tomou a tivo para a sua exortação. Seu motivo esta seria sua posição em qualquer
iniciativa independentemente do ho­ para as proibições do versículo 12 é o igreja, não importando se algum en­
mem que Deus havia dado para estar diferente desempenho de papéis do sino falso exigisse que ele escrevesse
com ela e cuidar dela. Da mesma for­ homem e da mulher. Com razão po­ a respeito.
ma, se as mulheres na igreja em Éfeso demos concluir que estas proibições
proclamassem sua independência são aplicáveis enquanto este motivo 0 Papel da Mulher Sob uma Luz
dos homens da igreja, recusando-se permanecer verdadeiro. Positiva - Versículo 15
a aprender "em silêncio, com toda a Isto nos leva ao segundo ponto de Antes de concluir, devemos dizer
submissão" (v. 11), buscando papéis vista que procura confinar o ensino do algo sobre o versículo 15.
que foram dados aos homens na igre­ versículo 12 a uma situação local ou li­ "Todavia, será preservada através da
ja (v. 12), elas caíram no mesmo erro mitada. De acordo com este ponto de sua missão de mãe, se elas permanece­

13 R e v is t a O s P u e it a iio s
D o u g las M o o

rem em fé e amor e santificação, com Provavelmente, Paulo faz esse locais ou culturais que possam res­
bom senso" destaque porque os falsos mestres tringir a aplicação de um texto. Com
Ainda que este versículo seja difícil estavam alegando que as mulheres tal metodologia qualquer ensino na
de entender, ele conclui o parágrafo. só poderiam realmente experimentar Escritura poderia ser descartado.
Entendê-lo trará luz sobre o todo. o que Deus tinha para elas, se aban­ No caso de 1 Timóteo 2.12, muitos
Uma interpretação do versículo 15 donassem as atividades do lar e se en­ fatores locais têm sido propostos (as
ensina que Paulo está prometendo volvessem ativamente em papéis de mulheres não eram suficientemente
que as mulheres serão resguardadas ensino e liderança na igreja. Se esta educadas para ensinar; os judeus
fisicamente durante o parto. Porém, interpretação está correta, então o ficariam ofendidos, se uma mulher
este é um sentido incomum para a versículo 15 se encaixa perfeitamente ensinasse, etc.). Mas nenhum destes
palavra salvar, que em outros textos com a ênfase que temos visto neste é declarado, ou sequer sugerido, no
se refere à salvação. E mais, esta in­ contexto. Contra a tentativa dos falsos texto. Não é um procedimento peri­
terpretação não se encaixa bem com mestres de fazer as m ul heres em Éfeso goso propor tais fatores sem o claro
as qualificações que se seguem: "Se adotarem atitudes e comportamento aval do texto?
elas permanecerem na fé e amor e antibíblico, Paulo reafirma o modelo Com certeza, há ordens na Bíblia
santificação, com bom senso". bíblico da mulher cristã, adornada de que não consideramos aplicáveis hoje
Outros encontram no versículo 15 boas obras (em vez de ornamentos (ver, por exemplo, 1 Coríntios 1620).
uma referência ao nascimento de Cris­ externos e sedutores), aprendendo Mas a diferença entre tais textos e
to. Porém, achamos que é preferível quietas e submissas, evitando assumir 1 Timóteo 2.12 é dupla. Primeiro, as
ver o versículo 15 como uma desig­ posições de autoridade sobre homens, atividades envolvidas em 1 Timóteo
nação das circunstâncias em que as dando atenção àqueles papéis aos 2.12 são, por definição, transculturais,
mulheres cristãs experimentarão sua quais Deus chamou especialmente as ou seja, são princípios permanentes
salvação. Ou seja, elas serão salvas ao mulheres. na igreja cristã. Em segundo lugar, as
manterem como prioridades aqueles proibições de 1 Timóteo 2.12 estão
papéis que Paulo enfatiza: serem fiéis, Conclusão baseadas na teologia. Quando acres­
esposas úteis, criando os filhos para Queremos enfatizar um ponto final centamos a isso ofatodeque oensino
que amem e temam a Deus e cuidan­ muito importante sobre todas as ten­ do Novo Testamento nestas questões
do do lar (cf. 1 Timóteo 5.14;Tito 2.3-5). tativas de se limitar a aplicação de 1 é consistente, não podemos deixar de
Isto não quer dizer, é claro, que as mu­ Timóteo 2.12.0 estudioso das Escritu­ concluir que as restrições impostas por
lheres não podem ser salvas a menos ras poderá de forma válida questionar Paulo, em 1 Timóteo 2.12, são válidas
que tenham filhos. Inferimos, porém, se qualquer ordem deve ser aplicada para os cristãos em todos os lugares e
que as mulheres a quem Paulo se di­ além da situação para a qual foi dada em todos tempos.
rige são casadas. Então ele menciona inicialmente. Mas o critério usado
Extraído do livro Homem e Mulher da Editora Fiel,
um papel central - ter e criar filhos - para responder essa pergunta deve pág 53-66.
como uma forma de descrever papéis ser formulado com muito cuidado.
femininos em geral. Certamente não basta sugerir fatores

CONFISSÃO DE FÉ DE W ESTM INSTER - CAPÍTULO XXIV


DO MATRIMÔNIO E DO DIVÓRCIO

A Toda sorte de pessoas que são capazes de dar seu consentimeto ajuizado é lícito casar;5 no
entanto é dever dos cristãos casar som ente no Senhor.6 Portanto, os que professam a genuína
religião reform ada não devem casar-se com infiés, papistas, ou outros idólatras; nem devem os
piedosos prender-se a um jugo desigual, casando-se com os que são notoriam ente ím pios em
sua vida, ou que m antêm heresias perniciosas.7

' Hl>.13:4; 1 Tm.4:3; 1 Co.7:36-3S; Gn.2457,5S; ‘ 1 Co.7:39;r Gn.34:14; Êx.34:16, Dt.7:3,4; 1 R s.ll:4; Ne.13:25-27; M 1.2:ll,12; 2 Co.6:14

R e v i s t a O s P u r it a n o s 14
0 Conceito do 'Ensino Autoritativo'
e o Papel da Mulher no
Culto Congregaciona
Por R. Fowler White

Introdução. de 1Tm.2:12. A questão interpretativa é: Em 1Tm.2:12


irculam hoje entre alguns pastores da PCA (Igreja Paulo está restringindo a mulher quanto a duas ati­

C Presbiteriana na América) a expressão "ensino au-


toritativo" e terminologias semelhantes, cunha­
das recentemente ao discutirem sobre a propriedade
vidades (funções) ou quanto a uma única atividade?
Isto é, Paulo intenta proibir às mulheres o "ensino au­
toritativo" (uma atividade/função), ou "a não ensinar
da mulher ensinar (pregar) no culto congregacional nem a exercer autoridade"(duas atividades/funções)?
sob a supervisão dos presbíteros. A expressão deriva SegundoFoh (págs. 125~126)e Hurley (pág. 201), Pau­
da posição defendida em obras como a de Suzan T. Foh, lo não está falando, por um lado, sobre ensinar e, por
Women and the Word of God (A Mulher e a Palavra de outro, em exercer autoridade; mas fala sobre ensinar
Deus), e a de James B. Hurley, Man and Woman in Bi- autoritativamente, fala sobre assumir o ofício de mes­
blical Perspective (Homem e Mulher na Perspectiva tre, sobre o engajamento na função habitual de ensi­
Bíblica). No centro da discussão está a exegese deles no que compete a um presbítero. É assim que Foh e
de 1Tm2:12 (vide: Foh, págs. 122-128,246-248; Hurley, Hurleyfalamde"ensinoautoritativo"ou de "o ofício de
págs. 201,224-229). No meu entendimento, o conceito mestre/presbítero".
de "ensino autoritativo"é exegeticamente indefensável
e não deve ser levado em conta na decisão sobre o pa­ Os problem as com a exegese da "atividade
pel da mulher na igreja. Considere os seguintes pontos. única" de 1Tm.2:12.
Quando, entretanto, observamos em outros luga­
A diferença entre o ensino autoritativo e o não- res as vezes em que Foh e Hurley citam 1Tm.2:12, des­
autoritativo. cobrimos que as suas interpretações desse texto são
Precisamos primeiro esclarecer, nesta discussão, a inconsistentes. É certo que o ponto de vista da "ativi­
distinção que existe entre o ensino autoritativo e o dade única" de 1Tm.2:12 domina o pensamento deles,
não-autoritativo. A diferença é basicamente esta: "en­ entretanto a visão das "duas atividades" transparece
sino autoritativo" é quando se ensina tendo o ofício quando negam que o presbiterato está aberto às m u­
de presbítero, e "ensino não-autoritativo" é quando lheres. Veja primeiro em Foh. Na sua discussão sobre
se ensina sem ter o ofício de presbítero. Foh, Hurley 1 Timóteo 2 nas págs. 125-126, ela argumenta a favor
e seus seguidores querem dizer com esta diferencia­ do ponto da "atividade única", relacionando a proibi­
ção que tanto mulheres quanto homens qualificados ção de Paulo às mulheres ocuparem o ofíciode mestre/
podem ensinar à igreja sem que detenham o ofício presbítero. Mais tarde, entretanto, ao argumentar con­
presbiteral. Nesse ponto é preciso que se apresente tra a ordenação de mulheres nas págs. 238-240, ela
um bom argumento, porque a diferenciação é crucial, pressupõe uma visão de "duas atividades", afirmando
necessária até, para sustentar a posição que permitirá que 1Tm.2:12 "significa que o ensino e os ofícios de
à mulher, sob a supervisão dos presbíteros, ensinar à governo da igreja não são acessíveis às mulheres"(pág.
igreja congregada. Qual é, então, a base da diferença? 239). A sua incoerência é patente. Hurley comete equí­
voco semelhante. Depois de adotara visão da "ativida­
A exegese da "atividade única" de 1 Tm. 2:12. de única"na pág. 201, ele cita novamente 1 Timóteo 2
A diferença entre "ensino autoritativo"e "não-auto­ na pág. 226, colocando lá, no plural:"áreas [ênfase mi­
ritativo" tem as suas raízes numa exegese particular nha] de ensino e de exercício de autoridade sobre os

R e v is t a O s P u e it a iio s
R. F o w l e r W h it e

homens". Essas declarações de "duas (1Tm.2:12 com 1Tm.5:17). (Essas ati­ não o ensinamento delas no exercício
atividades" de Foh e Hurley são clara­ vidades também se manifestam fora de um ofício, estando ou não sob a su­
mente a ntagônicas à exegese deles da do ofício de presbítero, e.g.: ensino, pervisão dos presbíteros, não se deve
"atividade única" em 1Tm.2:12. Infeliz­ CI3:16; governo, 1Tm3:4~5). Se, en­ permitir à mulher ensinar à igreja reu­
mente essa visão dobre ocorre precisa­ tretanto, me fundamentar na visão nida. Essa conclusão harmoniza-se
mente onde eles têm necessariamente da "atividade única" de 1Tm.2:12 para perfeitamente com o ponto a seguir.
que ser claros. chegar àquela conclusão, privo-me de
Um segundo problema com o uma peça crucial da evidência bíblica A analogia das profetisas
conceito de ensino autoritativo de sobre a qual repousa a minha convic­ Pretexta-se amiúde, seguindo-se a
Foh/Hurley é o modo como tratam a ção. Segundo a exegese da "atividade Foh e Hurley (entre outros), que era
sintaxe de 1Tm.2:12 (que constitui a única" Paulo exclui as mulheres de permitido às profetizas falar à igreja
base do conceito). Não se esforçam apenas uma única atividade, a saber, congregada, e que, portanto, dever-
nem para provar que a sua exegese da função de ensino autoritativo do -se-ia permitir o mesmo às mestras.
da sintaxe do texto está dentro do presbítero. Conforme essa mesma Deixe-me aduzir apenas uma breve
âmbito do uso conhecido. Quanto a exegese, Paulo não exclui as mulhe­ consideração a esse respeito.
essa questão, veja o recente ensaio de res de uma segunda atividade, isto é, A menos que eu esteja por fora de
Andreas J. Kõnstenberger."A Complex da função de governo do presbítero. alguma coisa, a visão de Hurley/Foh
Sentence Structure in 1 Timothy2:12" Somente se considerarmos ensinar da mulher e dos dons de falar no NT
(A Complexa Estrutura da Sentença de e exercer autoridade em 1Tm.2:12 apresenta-nos uma igreja na qual o
1 Timóteo 2:12). Ele demonstra que a como duas atividades teremos de fato dom de ensinar era exercido segundo
visão da "atividade única" não tem a fundamentação bíblica para limitar um conjunto de princípios e regula­
comprovação sintática que a funda­ o ensino e o governo presbiterais aos mentações diferentes dos dons profé­
mente. No entanto, há amplo supor­ homens. Se presumirmos a exegese ticos e de línguas. O resultado é que
te para a visão das "duas atividades". de Foh/Hurley, o texto não apresenta­ as mulheres poderiam profetizar mas
Semelhantemente, veja o ensaio de rá motivo para se excluir as mulheres não poderiam ensinar à igreja reunida
Douglas Moo, "What does it Mean Not de ambos os ofícios, tanto o d e ensino (pelo menos não oficialmente).
toTeach or Have Authority Over M en? quanto o de governo; no mínimo, o ofí­ Eu poderia argumentar contra Hur­
1 Timothy 2 :1 1-1 5 "(Que Significa Não cio de governo estará aparentemente ley e Foh afirmando que todos os dons
Ensinar ou Exercer Autoridade de Ho­ aberto a elas. de falar (profecia, ensino, etc.) conce­
mens? 1 Timóteo 2:11-15). Embora Em suma, a base bíblica para per­ didos à igreja são governados pelos
M oo argumente de modo diferente mitir que a mulher ensine à congrega­ mesmos princípios e regulamenta­
de Kõstenberger, ele afirma clara e ção estando ela sob a supervisão dos ções apresentados em 1 Timóteo 2 e 5
precisamente que 1Tm.2:12 refere-se presbíteros não se comprova. A exe­ (1Tm.5:2;3:11; 5:9-10,14; veja também
a duas atividades, e não a uma única. gese da "atividade única" de 1Tm.2:12 Tt.2:3~5 e 2Tm.1:5) e também mencio­
Em resumo, há fortes indicativos que sobre a qual foi assentada é insusten­ nados em 1 Coríntios 11 e 14(1 Co.11:5
favorecem a visão das "duas ativida­ tável. Nenhuma base bíblica — exceto e 14:26-35). Voltaremos, a baixo, a fa­
des"; por outro lado, não há indícios essa tal exegese — é apresentada para lar nos princípios e regulamentações
sintáticos que apóiem a proposição proibir a mulher de ensinar autoritati- de 1 Timóteo 5, mas agora observe
de que 1Tm.2:12 fala apenas da função vamente à igreja reunida, conquanto dois pontos. Primeiro, note que a ana­
oficial de ensino do presbítero. que a permite fazê-lo não-autoritati- logia família-igreja está presente em
Terceiro, Foh e Hurley ensinam que vamente. Os indícios sintáticos, que todos os quatro capítulos. Segundo,
o ensino e o governo presbiterais não dão sustentação à visão das "duas considere que em cada capítulo Paulo
estão abertos às mulheres. Concordo, atividades", não têm sido examinados insiste no ponto de que os diferentes
mas só porque, entre outras coisas, nem refutados. Há, portanto, um bom papéis atribuídos aos homens e às
estou convencido de que ambas as motivo para se opor à posição e prá­ mulheres no casamento e na família
referências de Paulo sobre o ensino e tica dos que têm citado a exegese de deveriam estender-se nos distintos
o exercício de autoridade estão repre­ 1Tm.2:12 de Foh/Hurley para justificar papéis assumidos por homens e mu­
sentadas respectivamente, no ensino que se permita à mulher ensinará igre­ lheres na igreja. Se essa interpretação
e no governo presbiterais da igreja ja numa posição não-oficial. Ocorra ou estiver correta, isso significaria que as

R e v i s t a O s P u r it a n o s u
0 C o n c e it o d o 'E n s in o A u t o r it a t iv o ' e o P a p e l d a M u l h e r n o C u l t o C o n g r e g a c io n a l

mestras e as profetizas participavam cf. 18:28, "em debate público") com ser um desses fatores de controle. Em­
livremente das reuniões da família Priscila e Áquila que "convidaram- bora não seja ele o responsável pela
de Deus quando ocorria a oração, o -no para ir à sua casa" (NVI; NASB e minha aplicação do seu pensamento,
cântico, as ações de graças, e coisas NKJV: "tomaram-noà parte") para lhe devo ao ensaio de Vern Poytress no
semelhantes (1Co.11:5 com 14:15~19; explicar com maisexatidãoocaminho livro “The Church as Family" (A Igre­
cf. At.1:14; 2:17-18); mas quando de Deus. Na minha opinião, se estamos ja Como Família) de "Piper/Grudem,
acontece instruir à igreja reunida por procurando por uma melhor analogia págs. 233-247, pelo que segue.
meio do exercício de seus dons, elas entre o episódio de Priscila-Áquila- Tenho sido levado a crer que as
ficavam, pelo menos aparentemente, -Apolo e alguma coisa relevante para a diferenças existentes entre nós deve-
em silêncio (1Co.14:19 com 14:34-35; igreja, melhor faríamos se olhássemos -se em grande parte a uma aplicação
1Tm.2:12). Ao mesmo tempo, como as palavras de Paulo quanto à mulher incoerente do princípio que distingue
"mães" na família de Deus, as mulheres falar em casa comparado ao falar na os papéis atribuídos aos homens e às
que tinham (ou não) os dons de falar igreja (ICo. 14:34-35). mulheres no casamento e na família, e
instruíam a outras mulheres, assim Segundo, é claro que os manda­ que se estende aos diferentes papéis
como indicam as diretivas de Paulo a mentos “uns aos outros" podem vir a assumidos pelos homens e mulheres
Tito (Tt.2:3~5). ser citados como base para se permi­ na igreja. Segundo Paulo, os princí­
tir à mulher ensinar não-autoritativa- pios fundamentais que governam os
Os mandamentos de "uns aos ou­ mente nas reuniões da igreja. Mas se relacionamentos na família humana
tros'^ o episódio de Atos 18:26. formos utilizar esse tipo de argumen­ são aplicáveis à igreja como a família
Alguns podem dizer algo como: "à tação, alguém poderia citar com igual de Deus (1Tm.3:15; 5:1-2; cf. 3:4-5).
luz de todos os mandamentos de'uns justificativa o mandamento "sujeitan­ O seu ponto é que, na casa de Deus,
aos outros' no NT e o exemplo de Pris­ do-vos uns aos outros"em Efésios 5:21 os membros ao se relacionarem são
cila ensinando a Apoio (At.18:26), está e dizer que ele apresenta uma razão obrigados a levar em conta se os seus
claro que a mulher pode ensinar espe­ para que se permita à mulher exer­ co-irmãos são homens ou mulheres,
cificamente à igreja e aos homens que cer autoridade sobre a igreja, e tenha velhos ou jovens (1Tm.5:1~2). A apli­
a integram desde que isso ocorra sob a assim a igreja submissa às mulheres cação dos princípios de Paulo seriam
supervisão dos presbíteros" Mas a ape­ pelo menos no papel de presbíteros alguma coisa assim. Uma mulher, por
lação aos mandamentos de "uns aos regentes. Com certeza poderíamos mais competente e talentosa que seja,
outros" e ao episódio Priscila/Apoio, citar 1Tm.2:12 para barrar esse argu­ jamais pode exercer a função de pai
não torna as coisas tão mais claras mento, mas somente se adotarmos a em uma família humana. Da mesma
quanto sugerem os seus advogados. visão das "duas atividades" desse tex­ maneira que uma mulher, por mais
Primeiro que tudo, precisamos to. Considere também a importância competente e talentosa que seja, ja­
averiguar se o exemplo de Priscila de 1Tm.5:1~2 para compreender a mais será autorizada a exercer a fun­
ensinando a Apoio constitui razão aplicação dos mandamentos "uns aos ção de"pai"na família de Deus. Ela, na
para que se permita à mulher ensi­ outros", como resumido abaixo. verdade, tem permissão para exercer
nar à igreja assim como se permite a a função de "mãe" na família de Deus
qualquer homem não ordenado. As A analogiaentreafamíliaea igreja (cf. Sara, 1Pd.3£), e os papéis indicados
duas situações são claramente distin­ No dá e toma que caracteriza toda em 1Tm.5:2; 3:11; 5:9-10,14; Tt.2:3~5;
tas e só problematicamente a nálogas. interpretação bíblica, a exegese é e 2Tm.1:5. Mas, da mesma forma que
Por exemplo, as palavras de Priscila a inevitável e decisivamente influencia­ os papéis de homem e mulher não são
Apoio faziam parte de uma explana­ da pelos comprometimentos e pelo intercambiáveis nas famílias humanas,
ção à qual também contribuiu o seu amplos padrões de entendimento assim também não o são na família da
marido Áquila, e foram ditas num existentes. A tentativa de identificar igreja.
encontro particular entre os três. Cer­ e abordar esses fatores de controle é Com base na argumentação prece­
tamente que Priscila, ao contrário de uma maneira tão necessária quanto dente, a restrição de Paulo quanto aos
Apoio, não é retratada como falando potencialmente mais proveitosa de se papéis das mulheres em 1Tm.2:12sãoa
na reunião da sinagoga. Lucas, na trabalhar na solução das questões em conseqüência natural da analogia entre
verdade, contrasta Apoio falando disputa entrenós. Permita-se, nessa úl­ a igreja e a família humana. Da mesma
"ousadamente na sinagoga" (18:26; tima seção, explorar aquilo que creio maneira podemos aplicar os manda-

17 R e v is t a O s P u e it a iio s
R. F o w l e r W h ite

mentos de "uns aos outros" da Escritu­ derivado dele. Além disso as princi­ efeito, criando uma classe de mestres
ra conforme o princípio de 1Tm5:1~2. pais instruções de Paulo em 1Tm.5:1 - 2 que funcionam como presbíteros
Além do que, como sugeri acima, deve­ vêm esclarecer o nosso entendimento docentes e "pais" na família de Deus;
ríamos interpretar e aplicar o episódio quanto aos papéis da fala das mulhe­ conquanto sejam "mães" na família de
de Atos 18:26 nos termos de 1Tm.5:1~2 res de um modo geral, quanto aos Deus e lhes faltem o nome e a auto­
(como também 1Co. 14:34-35). Do mandamentos de "uns aos outros" e ridade oficial. Aquilo que a Escritura
modo como percebo, a visão que per­ sobre a importância de Atos 18:26. nega de jure às mulheres lhes está
mitiria à mulher ensinar à igreja reunida A emergente freqüência com que sendo concedido de facto. Isso não
nãoenxerga a analogia de Paulo entre a algumas igrejas estão permitindo deveria ser assim.
família e a igreja, e permite, como resul­ que as mulheres ensinem (preguem) As palavras do Pregador em Eclesias-
tado, que a mulher exerça de todas as sob a supervisão dos presbíteros está tes 3:7b resumem a doutrina de Paulo
maneiras, exceto pelo nome, a função criando uma categoria de mulheres em 1Tm.2:12 e versos correlates: quan­
de "pai" na família de Deus. Tal visão é com função presbiteral de facto. Se a do acontecer de se dar instrução, há um
portanto um rompimento dos princí­ prática continua, as mulheres talento­ tempo para que as mulheres estejam
pios fundamentais que governam os sas que ensinam à igreja irão, quase caladas, e um tempo para que falem. E,
relacionamentos entre homens e mu­ com toda a certeza, ensinar com tanta coerentemente, confirmemos as mu­
lheres na igreja. freqüência quanto os presbíteros re­ lheres como "mães" na família de Deus,
gentes, e possivelmente muito mais especialmente as dotadas dos talentos
Conclusões. freqüentemente que eles, e contudo da fala, encorajando seus ministérios
O texto de 1Tm.2:12 impõe res­ vamos ter que continuar dizendo que de ensino para com outras mulheres, e
trições a duas atividades (ensino e elas não são presbíteros regentes. Dei- desse modo, mantenhamos os princí­
governo), e não a apenas uma delas xe-me colocar o meu ponto de modo pios que devem governar, da mesma
(ensino autoritativo). Como tal, o tex­ diferente: sendo tudo igual, por se per- maneira, a igreja e o lar.
to não serve para apoiar o conceito de mitirque a mulher ensine numa condi­
R Fowler White, Ph.D. Professor de NT no Knox The­
"ensino autoritativo" freqüentemente ção não oficial, tal perm issão está, com ological Seminary

Anselmo de "Vocês ainda não tem considerado quão grande é o peso do pecado".
Anselmo disse que esse era o problema daqueles que reduziam a morte
Cantuária, o primeiro de Cristo a uma matéria de influência moral. Esse também é o problema
teólogo a articular daqueles que reduzem a santificação a uma experiência instantânea, ou a
algum ato especial de fé, ou a uma matéria de contemplação mística, ou
claramente a visão a um processo mecânico (como o sopro do espírito). Eles não entendem o
quanto estão desabilitados. Santificação tem a ver com o se tornar santo.
"satisfatória" do
Isto significa ser separado espiritualmente e moralmente. Significa se
sofrimento de Cristo, tornar como Cristo. Como isso acontece? Aqui outra vez a Fé Reformada
faz uma diferença prática vital. Alguns dizem: "Você não pode fazer
dizia freqüentemente isso", e convidam a carnalidade e à complacência. Outros dizem: "Você
de seus detratores: pode fazer isso" e convidam a uma justiça própria e ao farisaísmo. A Fé
Reformada faz a diferença. Por um lado, ela nos resgata do legalismo
e do moralismo (o qual diz que a santidade é um problema de esforço
Terrxj Johnson moral apenas), e de outro lado ela nos salva das falsas expectativas de
facilidade. Ela captura o equilíbrio da soberania de Deus e da responsa­
bilidade humana tão poderosam ente descrita na exortação de P a u lo ,"...
desenvolvei a vossa salvação com tem or e trem or; porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa von­
tade (F1 2:12,13). "Deus está trabalhando" e ao mesmo tempo estamos
"desenvolvendo nossa salvação". Deus faz isso, e nós fazemos também.
Deus é soberano, e ainda assim o homem é responsável.

R e v i s t a O s P u r it a n o s ii
Ofício no Novo
Testamento — eo
Ministério das Mulheres
Por Georqe W. Kniqht III_____________________

ota do Autor: O Sínodo Ecumênico Refor­ Apóstolo com sua autoridade apostólica e portan­

N mado — RES (Reformed Ecumenical Synod),


conta como membros trinta igrejas na Áfri­
ca, Ásia, Europa, América do Norte, América do Sul,
to normativa diz especificamente: "E não permito
que a mulher ensine, nem que exerça autoridade de
homem; esteja porém em silêncio" (1 Tim. 2:12). A
Pacífico Sul. As igrejas membro nos Estados Uni­ proibição é motivada dentro da própria declaração,
dos são: Associate Reformed Presbyterian Chur- pelo fato de que a mulher deve estar em sujeição ao
ch, Christian Reformed Church of North America, homem (v. 11) e ensino, governo e dom ínio sobre
Orthodox Presbyterian Church, e Reformed Pres- um homem é uma violação dessa sujeição. A razão
byterzan Church of North America (Covenanter). para essa proibição é dada nos versículos 13 e 14:
O fundamento do RES são as Escrituras, a respei­ "Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E
to das quais a Constituição do Sínodo afirma, "Em Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo engana­
sua totalidade bem como em todas as suas partes da, caiu em transgressão." Pode-se resumir assim
[elas] são a infalível e sempre-permanente Palavra a prioridade da criação de Adão (do homem) em
do Deus Vivo e Triúno, absolutamente autoritativa relação a de Eva (da mulher) e o fato de Eva (mu­
em todos os assuntos de credo e conduta". Este lher) ter sido enganada ou levada à perdição. Paulo
documento foi apresentado ao RES em 1972 pelo assim apela aos dois grandes fatos da significativa
Comitê Consultivo, e suas recomendações foram ordem de Deus em criar o homem e a mulher, e às
adotadas na forma de emenda. Ele está aqui reim­ implicações da Queda. A referência à prioridade da
presso em sua forma literal, exceto que as citações criação de Adão em relação à da mulher refere-se a
das Escrituras foram mudadas da American Stan­ Gênesis 2:18-25 com seu ensinamento de que a m u­
dard Version para a New American Standard Bible lher é criada para auxiliar o homem e estar em su­
e que uns poucos parágrafos foram omitidos da jeição a ele como o cabeça sobre ela (cf. 1 Co 11:2ff.
secção B, "Análise. e Ef. 5:22ff.). A importância da ilusão de Eva como
razão para a proibição não é indicada aqui e em
...5. Ministério de mulheres. Considerando que a nenhum outro lugar das Escrituras. Na passagem de
prática histórica Cristã e Reformada de limitar os 1 Coríntios 14:33b-37 uma proibição similar é feita,
ofícios de governo e de presbítero de pregação a e lá também as razões são dadas.
homens está sendo questionada por algumas igre­
jas do RES5 e que especial atenção a este assun­ As razões são que as mulheres devem estar em
to foi dada pelo relatório do comité de estudos, o sujeição "como também a lei o determina" (v. 34) e
comitê consultivo também dará especial atenção que "para a mulher é vergonhoso falar na igreja" (v.
a isto em suas observações de m odo que fique de­ 35). Aqui o apóstolo indica que a Lei de Deus exige
monstrado "que é o simples e óbvio ensinamento tal sujeição da mulher, que elas não falem nem en­
das Escrituras que mulheres são excluídas dos ofí­ sinem na igreja, e que a violação de tal exigência
cios de governo e presbíteros de pregação". Duas da Lei de Deus é em si mesmo algo vergonhoso.
passagens no NovoTestamento lidam direta e expli­ Aparentemente a igreja de Corinto pensou e pra­
citamente com este assunto no contexto da vida da ticou algo diferente daquilo que Paulo ensinou e
igreja, 1 Timóteo 2:11-1 5 e 1 Coríntios 14:33b-37.0 aparentemente eles defenderam uma visão mais

R e v is t a O s P u e it a iio s
G e o rge W. K n ig h t III

liberal para as mulheres na igreja (v. 36). Paulo indica non] da igreja que está em Cencreia" (Rom. 16:1); Pau­
que o m andam ento para que a mulher se mantenha em lo m encionou a situação da igreja de Corinto onde as
silêncio na igreja é para ser observado na igreja deles mulheres estavam orando e profetizando (1 Cor. 11:5)
"Com o em todas as igrejas dos santos" (v. 33b). Prosse­ e Priscila e Áquila, aquela inseparável equipe esposa-e-
guindo, ele repreende a prática deles em deixara mulher -marido, em uma discreta conversa à parte, "com mais
falar e ensinar contrária à lei de Deus e à prática em to­ exatidão expuseram a Ap oio o cam inho de Deus".
das as igrejas, perguntando se de fato a Palavra de Deus Em considerando o ministério de mulheres na igre­
teria se originado no meio deles ou vindo exclusiva­ ja essas três verdades bíblicas devem ser m antidas em
mente para eles (v. 36). Finalmente, ele conclui que este correlação: (1) "Não pode haver nem homem, nem m u­
ensinam ento sobre mulheres falarem ou ensinarem na lher, mas todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gal. 3:28);
igreja é para ser admitido por eles e reconhecido com o em suas posições em Cristo e perante Cristo, hom em e
uma das coisas que "são m andam ento do Senhor" (v. 37). mulher são iguais.(2) Mulheres, pela ordem criadora de
Deve ser cuidadosam ente notado que essas passagens Deus, devem estar em sujeição aos hom ens no lar e na
(1 Tim. 2:11 — 15; 1 Cor. 14:33b— 37) não são ilustrações igreja, e são portanto excluídas do ofício de governo e
mas mandamentos, e que as razões ou fundam entos presbítero de pregação (Ef.. 5:22; 1 Tim. 2:11-15; 1 Cor.
dados não são argum entos dependentes de tem pos 14:33b-37; 1 Tim. 3:4-5). (3) Mulheres têm uma função
ou épocas ou cultural e historicamente relativos, que ímpar a preencher na tarefa diaconal na igreja, e em si­
surgem de ou se aplicam àquele tem po ou época, mas, tuações apropriadas de ensino (cf., por exemplo, 1 Tim.
ao invés disto, o m odo com o Deus criou o homem e a 3:11; 5:9ff.; Tito 2:3-4; Rom. 16:1).
mulher e o relacionamento que Deus ordenou que eles
mantivessem um em relação ao outro. Q uando nós per­ D. RECOM ENDAÇÕES:
cebem os que o ofício de governo e o de presbítero de ...3. Aquele Sínodo reafirma que é o ensinam ento das
pregação tem com o sua essência a responsabilidade de Escrituras que as mulheres devem ser excluídas do ofício
ensinar na igreja e ter dom ínio naquela igreja (ver acima), de governo e presbítero de pregação. Fundamento: As
e também que aquilo se refere aos homens, nós vemos Escrituras indicam que para todas as igrejas as mulheres
que esses m andam entos de Paulo excluem as mulheres não são autorizadas a ensinar nem ter dom ínio sobre
daquele ofício. hom ens com base na ordem da criação de Deus, a impli­
cação da Queda, a afirmação explícita da lei, e o fato de
O fato de que "não pode haver nem hom em nem m u­ que o m andam ento dos apóstolos é em si m esm o "m an­
lher, mas todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gal. 3:28) dam ento do Senhor" (1 Tim. 2:11-15; 1 Cor. 14:33b— 37).
não nega o ensinamento d e i Timóteo 2 e i Coríntios 14
do m esm o m odo com o não nega a natureza masculina 4. Aquele Sínodo recomenda às igrejas m embro que,
do hom em e feminina da mulher, nem anula seu relacio­ porque não há evidência clara das Escrituras quanto
namento na família (cf. Ef. 5:22ff.; para a significância da a mulheres ocuparem o ofício de diácono, que façam
correlação do papel do homem na família com seu papel total uso dos dons e serviços das mulheres nas tarefas
na igreja, ver 1 Timóteo 3:4-5). diaconais em uma capacidade auxiliar e em situações
apropriadas de ensino. Fundamento: Comparar 1 Tim ó­
Ainda que 1 Timóteo 2:11-15 e 1 Coríntios 14: 33b-37 teo 3:8-13 e os versículos acima referidos indicando as
excluem as mulheres do ofício de ensino e governo na tarefas diaconais e as situações apropriadas de ensino
igreja, outras passagens indicam que as mulheres estão para as mulheres.
envolvidas em tarefas diaconais e m esm o em situações
apropriadas de ensino. Uma amostra dessas atividades GEORGEW. KNIGHT III
pode ser vista no seguinte: viúvas m ais velhas são ins­ Relator
critas na igreja (1 Tim. 5:9-16); viúvas mais velhas são
Dr George Knight III é Professor adjunto d o Seminário Presbiteriano deGre-
cham adas a ensinar etreinar mulheres mais jovens com enville, SC. USA, Bacharel e Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico
de Westminster e Doutor em Teologia pela Universidade Livre de Amsterdã
referência a suas responsabilidades para com seus mari­
dos e crianças (Tito 2:3-4); mulheres (ou esposas, gunai- NOTAS
Extraído d o livro H om em e Mulher - Suas Atribuições (apêndice), Dr George
kas) são mencionadas no meio da descrição de diáconos Knight III, Editora O s Puritanos, pp 63-67 (Junho, 2000)
(1 Tim. 3:11); Febeé designada com o "uma serva [diako- Atas d o Reformed Ecumenical Synod Amsterdam 1968, art 84, p 39. e itens
3— 5 de materiais

R e v i s t a O s P u r it a n o s 20
Quem Deve Pregar a
Palavra de Deus —
Catecismo Maior Comentado
Por Gerardus Vos

Pergunta 158. Por quem deve ser pregada a Palavra de ser ele mesmo desviado por um falso ensinamento e,
de Deus? por s ua vez, capaz de desviar outros. U m homem a quem
R. A Palavra de Deus deve ser pregada somente pe­ falta educação geral e teológica normalmente não será
los que forem suficientemente dotados e devidamente capaz de fazer justiça à grande obra de pregação da Pala­
aprovados e chamados para tal ofício. vra de Deus ecorrerá o perigo de pregar uma mensagem
Referências bíblicas desequilibrada ou parcial. Quando Deus chama um ho­
DAquelesque pregam aPalavrade Deus publicamente mem para a obra do ministério, também o aparelha com
devem possuir obrigatoriamente certas qualificações defi­ as habilidadese qualificações necessárias para que possa
nidas na Bíblia. 1Tm 3.2,6; Ef 4.8-11; Os 4.6; Ml 2.7; 2Co 3.6. realizar a obra adequadamente.
2) A Palavra de Deus deve ser pregada publicamen­ 3. Por que a nossa igreja, e a maioria das igrejas
te somente pelos que foram legitimamente chamados Protestantes, exige a formação superior completa
para o ofício do ministério da Palavra. Jr 14.15; Rm 10.15; num seminário para o ofício do ministério?
Hb 5.4; 1Co 12.28-29; 1Tm 3.10; 4.14; 522. Quanto mais importante for a obra, mais importante
será que tenham o treinamento adequado os que a rea­
Comentário lizarão. Sempre tem havido quem ache que seja perda
1. Essa pergunta do Catecismo trata especial­ de tempo, em maior ou menor grau, gastar sete anos
mente de que tipo de pregação da Palavra? na formação superior num seminário, preparando-se
Trata da pregação da Palavra numa congregação da para a obra do ministério. Há hoje em muitas denomi­
igreja de Cristo. Pode-se inferir isso das palavras"em pú­ nações a pressão constante para que essas exigências
blico para a congregação"na resposta da Pergunta 156. sejam relaxadas e que sejam admitidos no ministério
Quem não for ministro ordenado ou licenciado pode homens que tenham menos do que isso. Alguns consi­
testemunhar de Cristo em particular ou em público, deram que as matérias ensinadas em um curso superior
conforme a oportunidade o permita, mas a pregação — como filosofia, história e literatura — sejam inúteis ao
pública oficial da Palavra na igreja deve ser feita apenas ministério e uma perda do tempo que deveria ser inves­
por aqueles devidamente separados para essa obra. tido "ganhando almas". Há, da mesma maneira, quem
2. Por que a pregação oficial da Palavra deve ser pense que um breve "Curso de Bíblia"e mais algumas
feita só "pelos que forem suficientemente dotados"? matérias práticas como a retórica religiosa (homilética)
Claro está que a pregação da Palavra é uma obra de im­ e prática pastoral devam ser suficientes e que o amplo
portância muito grande. São necessáriasasqualificações estudo de Hebraico, Grego, História Eclesiástica e Teolo­
apropriadas para que seja feita da maneira adequada. Há gia Sistemática sejam desperdício de tempo.
qualificações espirituais, intelectuais e educacionais so­ Ninguém que precisasse passar por uma cirurgia es­
bre as quais se deve insistir para que a igreja tenha um mi­ taria disposto a ir a um cirurgião que obteve o seu treina­
nistério adequado. Um homem que não tenha nascido mento através de atalhos. O Estado insiste, corretamen­
de novo e que não seja um consistente crente em Cristo, te, que aqueles cujas decisões e ações envolvam a vida
não tem obviamente condição de pregar a Palavra de ou a morte de seus semelhantes estejam plenamente
Deusaos outros; seria apenas um cego conduzindo outro. treinados para o exercício do seu ofício. Quão mais im­
Um homem incapaz de pensar corretamente, incapaz de portante é que os ministros do evangelho, cujotrabalho
detectar a falácia de um argumento perverso, é passível pode afetar odestino eterno de seres humanos, estejam

R e v i s t a O s P u r it a n o s
A utor

plenamente instruídos para a tarefa a eles designada. Consi­ Isso não quer dizer uma revelação especial do céu, como um
derando-se o espaço de tempo necessário ao treinamento na sonho ou uma visão, mas a consciência de que se possui em
medicina e de outras doutas profissões, os quatro ou cinco alguma medida as qualificações exigidas, juntamente com o
anos empenhados no curso superior de um seminário não sincero desejo de pregar o evangelho, a disposição para fazer
são demasiados para o treinamento ministerial. sacrifícios pela causa de Cristo e de empenhar-se para obter a
O ministro a quem faltar o treinamento num seminário preparação necessária. Deus conduzirá ao ministério, da Sua
dificilmente conseguirá entender o mundo moderno ao própria maneira, àqueles a quem Ele chamar.
qual tem de entregar a sua mensagem. O estudo defilosofia, A chamada da igreja consiste, primeiro, em autenticar a
história e de outras matérias acadêmicas está longe de ser chamada de Deus pela"devida aprovação"do candidato, suas
uma perda de tempo. Elas apresentam o cenário do pensa­ convicções religiosas, sua habilidade geral ea sua preparação
mento moderno e habilitam o ministro a proclamar todo o acadêmica e teológica. Essa "aprovação" está normalmente
conselho de Deus de modo que confronte cabalmente a si­ dividida em vários estágios. Primei ro, o candidato é recebido
tuação dos dias presentes. Semelhantemente o estudo de sob os cuidados de um presbitério como estudante para o
Grego, Hebraico, Teologia Sistemática, etc., é qualquer coisa, ministério; depois de uma preparação parcial ele é licenciado
menos perda de tempo, pois permitem ao ministro conhecer para pregar; finalmente, depois de completada a preparação
de primeira-mão a Bíblia e seus ensinamentos, e pregar uma e com o convite de uma congregação ou junta missionária é
mensagem bíblica, consistente e integrada. ordenando ao ofício do ministério.
A tendência moderna de cortar os estudos "teóricos" e A chamada formal da igreja é o convite de alguma congre­
aumentar os estudos "práticos" na preparação para o minis­ gação para que o candidato venha a ser o seu pastor, ou de al-
tério é deplorável e deve ser resistida. Existem dois tipos de gumajunta missionária ou outra agência da igreja visível para
seminários teológicos e institutos bíblicos. Num deles o alvo que o candidato se engaje na obra missionária local ou no
é instrumentar o estudante com uma certa quantidade de estrangeiro, ou em algum outro aspecto da obra ministerial.
material pronto com o qual ele pode saire ir pregar. No outro, Em todo caso, antes que o homem seja ordenado, deve haver
o objetivo é colocar nas mãos do estudante as ferramentas uma chamada definitiva — seja para o pastorado de alguma
do estudo bíblico e da pesquisa teológica e treiná-lo para congregação ou de outro campo de trabalho específico.
usá-las corretamente. Daí, então, ele pode sair e pregar e a 5. Porqueantes de entrar noofícioministerialo homem
matéria-prima da sua pregação jamais vai se esgotar enquan­ tem de ser devidamente chamado por Deus e pela igreja?
to viver. Crem os que este ú Itimo é q ue é o ún ico e apropri ad o Nem mesmo o nosso Senhor Jesus Cristo fez de si su mo sa­
tipo de treinamento para a obra do ministério. cerdote, masfoi chamadopor Deus para esseofícioda mesma
Não se deve entender, pelo que foi dito, que jamais haja maneira que Aráo o fora (Hb 5.4-5). Apesar disso existem hoje
exceções a essas regras. É óbvio que alguns dos discípulos muitos pregadores e missionários freelancers e independen­
do nosso Senhor tiveram pouca ou nenhuma educação for­ tes. Essa é uma tendência errada e deve ser desencorajada.
mal, mas tornaram-se eficazes ministros da Palavra. Eles, no Muitos desses pregadores e missionários independentes po­
entanto, gozaram da inestimável vantagem de passarem dem verdadeiramente ter sido chamados por Deus e podem
três anos na companhia de Jesus sob a Sua instrução pesso­ estar fazendo um bom trabalho pregando a Cristo, e este
al. Deus às vezes chama para o ofício ministerial um homem crucificado; mas há uma certa falta de consideração e negli­
com pouca ou nenhuma educação formal e nesses casos ex­ gência da igreja visível como instituição divina comprometida
cepcionais, ondeestá evidente a chamada divina, a igreja não com a atitude deles, eque não pode ser aprovada. O chamado
deve hesitar em ordenar ocandidato ao ministério.Taiscasos, de Deus e o chamado da igreja não são antagônicos, toda ver­
contudo, são muito raros, especialmente em dias em que são dadeira igreja é instrumento de Deus para o treinamento e o
normaisas oportunidades para a aquisição da educação. Não ordenamento de homens no ofício mini sterial. Alguns há que,
se deve permitir que a exceção torne-se regra. alegando uma piedade superior, sustentam que a chamada
4. Que significa "devidamente aprovados e chamados"? de Deus é suficiente e que eles não precisam da chamada e
Há uma chamada divina para o ministério e uma chamada da ordenação da igreja. Essa falta de respeito para coma igreja
da igreja.Devemos lembrarsemprequeoministério nãoéuma visível não é bíblica edeve ser desestimulada.
profissão, masum ofício. Ninguém podesimplesmentedecidir
Extraído do livro Catecismo Maior de Westmmster Comentado, por I G. Vos,
tornar-se um ministro da mesma maneira que decide tornar- Editora O s Puritanos, páginas 508-511
-se advogado ou exercer uma linha de trabalho. É preciso ter NOTA O Catecismo Maior de Westmlnster é adotado oficialmente pela IPB
com o sistema expositivo de doutrina e prática juntamente com o Breve Cate-
alguma razão para se crer que seja chamado para o ministério. clsm oe a Confissão de Fé (Constituição da Igreja Presbiteriana d o Brasil, capítulo
I — Natureza, Governo e Fins da Igreja, § 1)

R e v i s t a O s P u r it a n o s 22
Mulheres
Deveriam Pregar?
PorWavne Camp___________________________

"A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus
Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use não seja blasfemada". (Tito 2:3-5). Está evidente que
de autoridade sobre o marido, mas que esteja em si­ isto está perfeitamente em ordem.
lêncio." (I Timóteo 2: 11-12)
E a questão não é se estava correto ou não, de
Introdução acordo com as Escrituras, Áquila e sua esposa levar
or favor leia novamente o texto com atenção. consigo Apoio a sua casa, e a ele expor a palavra de

P Não creio que seja necessário uma educação


universitária ou seminarista, para entender a
importância desse texto. Em relativo aos oradores
Deus? "E chegou a Éfeso um judeu chamado Apoio,
natural de Alexandria, homem eloquente e poderoso
nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Se­
públicos nas igrejas e em outros locais públicos, Pau­ nhor e, fervoroso de espírito, falava eensinava diligen­
lo escreveu: "Quero, pois, que os homens orem em temente as coisas do Senhor, conhecendo o Batismo
todo o lugar, levantandoas mãos santas, sem ira nem de João. Ele começou a falar na sinagoga; e, quando
contenda". (I Tim 2:8). o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe
declararam mais precisamente o caminho de Deus".
A palavra homens, neste versículo em Grego é (Atos 18: 24-26)
aner (anhr), a qual, de acordo com os linguistas, sig­
nifica um adulto do sexo masculino, em contraste às Nossa questão é MULHERES DEVERIAM PREGAR? A
mulheres e crianças. É claro que a minha mensagem palavra pregar tem a idéia da proclamação pública da
não trata a respeito das orações públicas do povo palavra de Deus. A palavra grega trás justa mente esta
de Deus, mas sim da questão: MULHERES DEVERIAM ideia. Strong diz que a palavra khrussw (kay-roos-so).
PREGAR? Entretanto, algumas Escrituras que serão ci­ É traduzida no KJV (Bíblia em inglês, 1611) a seguir:
tadas nesta mensagem, proíbem as orações audíveis pregar - 51 vezes, publicar - 5 vezes, proclamar - 2
ou pronunciáveis por mulheres nos cultos da igreja, e vezes, pregado - 2, e pregador - 1 vez, de um total
deveriam ser obedecidas pelas mulheres que fazem de 61 vezes. Segundo Strong, a palavra significa "ser
profissão de servir a Deus. um orador, ser um orador por ofício, proclamar ao
modo de um orador, sempre sugerindo formalidade,
Por favor, notequeaquestãoMULHERESDEVERIAM gravidade e uma autoridade na qual deve ser ouvido
PREGAR? não questiona se mulheres deveriam falar e obedecida, publicar, proclamar abertamente: algo
de Cristo a outras mulheres. Isto está perfeitamente que foi feito, usado na proclamação pública da ver­
ordenado. Nem questiona se mulheres deveriam ou dade divina e das coisas pertencentes a ela, feito por
não ensinar a outras mulheres como elas deveriam João o Batista, por Jesus, pelos Apóstolos e outros
se comportar. "As mulheres idosas, semelhantemente, discípulos de Cristo".
que sejam sérias no seu viver, como convém às santas,
não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras Desde que a pregação é a declaração e exposi­
do bem; para que ensinem as mulheres novas a serem ção pública da palavra de Deus, vamos considerar a
prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus questão MULHERES DEVERIAM PREGAR? Eu não peço
filhos; a serem moderadas, castas, boas donasde casa, desculpas por responder esta questão na negativa.

R e v is t a O s P u e it a iio s
M u l h e r e s D e v e r ia m P r e g a r ?

De fato, eu digo inequivocamente: NOSSO TEXTO SERIA ensinamentos deste texto, bem com
"não, mulheres não deveriam pregar!" DEFINIDAMENTE VIOLADO os outros textos, e ainda permanecer
Por quê? POR QUALQUER MULHER QUE obediente a Deus e Sua Palavra.
TOM ASSE PARA SI PRÓPRIA A
A ANALOGIA DA FÉ E A VOZ RESPOSABILIDADE PARA PREGAR. HÁ OUTRAS ESCRITURAS QUE
SAGRADA DAS ESCRITURAS Veja novamente o texto:" A mu­ FALAM NA M ESM A LINHA QUE
É CONTRA UMA MULHER lher aprenda em silêncio, com toda a NOSSO TEXTO, E NÓS IREMOS
PREGADORA. sujeição. Não permito, porém, que a BREVEMENTE OBSERVÁ-LAS.
Entre o povo de Deus os homens mulher ensine, nem use de autorida­ Alguns reivindicam que o proble­
estiveram sempre, com raras exceções, de sobre o marido, mas que esteja em ma em Coríntios foi uma situação
à frente. Os profetas de Deus eram silèncio."(ITim 2:11-12). isolada. Uma pessoa escreveu: "numa
homens. Os líderes de Israel eram situação isolada, algumas das mulhe­
homens. Os apóstolos de Cristo eram Paulo ordena as mulheres a apren­ res de Coríntios começaram a fazer
homens. Todos exemplos de prega­ der em silêncio, uma palavra que sig­ perguntas e a fazer interrupções du­
ção no Novo Testamento são relativos nifica quietude, silêncio. Pauloordena rante o culto e, então, Paulo instruiu
aos homens. O homem Jesus Cristo as mulheres a aprender com toda a estas mulheres a ficar em silêncio, e a
pregou: "Desde então começou Jesus sujeição, significando obediência e su­ perguntar a seus maridos em casa, se
a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, jeição. Paulo não permitiria uma mu­ elas quisessem obter as respostas as
porque é chegado o reino dos céus". lher a ensinar publica mente. A palavra suas perguntas." O estudo da passa­
(Mt. 4:17). Ele enviou os doze após­ ensinar usada aqui é muito semelhan­ gem que essa pessoa se referia mostra
tolos, todos homens, a pregar. "E no­ te à palavra pregar no seu significado. o contrário: "As vossas mulheres este­
meou doze para que estivessem com Isto significa manter discurso a outros jam caladas nas Igrejas; porque não
ele e os mandasse a pregar."(Mc 3:14). nosentidode instruí-los, dardiscursos lhes é permitido falar; mas estejam
João o Batista, outro homem, pregou. didáticos, ser um professor, dispensar sujeitas, como também ordena a lei.
"Apareceu João batizando no deserto, o ofício de um professor, conduzir al­ E, se querem aprender alguma coisa,
e pregando o batismo de arrependi­ guém só como se fosse um professor, interroguem em casa a seus próprios
mento, para a remissão dos pecados." dar instrução, catequizar, explicar ou maridos; porque é vergonhoso que as
(Mc 1:4). expor alguma coisa. mulheres falem na igreja."(I Co. 14:34-
35).
Jesus chamou outros homens a pre­ Através de Paulo, o Espírito Santo
gar. Ele observou a um homem: "Deixa proibiu uma mulher de estar em po­ Considerem as seguintes coisas di­
aos mortos o enterrar seus mortos; po­ sições onde usurpasse de autoridade tas nestes dois versículos que afetam
rém tu vai e anuncia o reino de Deus." sobre um homem. Uma vez que pre­ nosso tema, MULHERES DEVERIAM
(Luc 9: 59-60). Barnabé e Paulo foram gar significa proclamar a palavra de PREGAR?
mandados a pregar. "Nós também Deus de maneira autoritária, nenhu­ Nãofoi um fato isolado o incidente
somos homens como vós, sujeitos as ma mulher poderia pregar ou ensinar em Coríntios que estava sob observa­
mesmas paixões, e vos anunciamos aos homens sem violar tal restrição. ção, pois Paulo pediu silêncio às mu­
que vos convertais dessas vaidades Desde que a pregação dá a ideia de fa­ lheres nas igrejas (no plural), não ape­
ao Deus vivo." (Atos 14:15) Paulo exor­ lando em voz alta, proclamando com nas na igreja em Coríntio. "As vossas
tou o jovem homem Timóteo a pregar. uma voz forte, de modo algum uma mulheres estejam caladas nas igrejas."
"Que pregues a palavra." (II Tim 4:2). mulher poderia ser uma pregadora. De acordo com esta inspirada ordem
Mais uma vez Paulo pede silêncio às Divina dada por Paulo, não é permiti­
Eu garanto a vocês, Caros Leitores, mulheres, reforçando sua ordem, com do às mulheres falar nas igrejas "por­
que vocês não encontrarão a palavra uma repetição da mesma. que não lhes é permitido falar." Disse
pregar usada para descrever a ação que foi uma ordem Divina dada pelo
de uma mulher nas Escrituras. Eu digo Desconsiderando como isto es­ Apóstolo Paulo, eeste é substanciada
novamente que a voz sagrada das Es­ teja tão racionalizado hoje, não há pelas Escrituras. "Se alguém cuida ser
crituras é contra as mulheres pregan­ nenhum motivo em torno do fato no profeta, ou espiritual, reconheça que
do e como pregadoras. qual uma mulher possa abdicar dos as coisas que vos escrevo são man-

R e v i s t a O s P u r it a n o s 24
P o r W ayne C a m p

damentos do senhor." (I Cor. 14:37). A ignorância, o façam com a intenção igreja do Novo Testamento, e não há
mesma regra que tratou deste assun­ de se rebelar contra a Palavra de Deus. de modo algum nenhuma mudança
to e perdurou sob a lei, é válida nas da clara proibição contra as mulheres
igrejas atualmente. "Mas estejam su­ A AUTORIDADE DOS HOMENS falando na assembleia da igreja. "As
jeitas, como também ordena a lei." Se É OUTRA RAZÃO PARA QUE vossas mulheres estejam caladas nas
as mulheres tiverem perguntas, elas MULHERES NÃO DEVERIAM igrejas; porque não lhes é permitido
devem perguntar aos seus maridos PREGAR. falar; mas estejam sujeitas, como tam­
em casa. "E, se querem aprender algu­ Uma mulher que é sujeita ao seu bém ordena a lei. E, se querem apren­
ma coisa, interroguem em casa a seus marido não pode ser a pregadora ou der alguma coisa, interroguem em
próprios maridos." pastora dele. "Semelhantemente, vós, casa a seus próprios maridos; porque
mulheres, sede sujeitas aos vossos é vergonhoso que as mulheres falem
Évergonhosoparaumamulherfalar próprios maridos; para que também, na igreja." (I Cor. 14:34-35). "A mulher
numa assembleia da igreja. "É vergo- se alguns não obedecem à palavra; aprenda em silêncio, com toda a su­
nhosoqueasmulheresfalem na igreja." pelo porte de suas mulheres sejam jeição. Não permito, porém, que a
A palavra vergonhoso traduzida aqui ganhos sem palavra." (I Pedro 3:1) Um mulher ensine, nem use de autorida­
significa ignóbil e desonroso. É ignó­ pregador deve pregar com autorida­ de sobre o marido, mas que esteja em
bil e desonroso para uma mulher falar de e, nenhuma mulher pode o fazer silêncio." (I Tim 2:11 -12). Nada que seja
na igreja, portanto, deveria ser ignó­ sendo calada, uma esposa obediente dito das ações e palavras de Débora
bil e desonroso para ela pregar. Para que deve ser para agradar ao Senhor. poderá mudar a ordem à igreja do
obter mais perspectiva do significado "Fala disto, e exorta e repreende com Novo Testamento. Nada que seja dito
desta palavra, considere seu uso em toda a autoridade. Ninguém te des­ em Juizes, relativo a Débora, poderá
outro lugar: "E não comuniqueis com preze." (Tito 2:15). mudar as declaradas qualificações de
as obras infrutuosas das trevas, mas Deus que um pastor das suas igrejas
antes condenai-as. Porque o que eles A maioria dos pregadores que eu se preenchesse.
fazem em oculto até dizê-lo é torpe." conheci a minha vida inteira, ambos
(Ef. 5:11-12). Na luz destes versículos, é homens e mulheres, desejaram ser A bíblia é clara e correta quando
difícil compreender porque qualquer pastores, mas nenhuma mulher pode ela ordena que pastores deverão ser
Cristão piedoso sustentaria a ideia de ser um pastor, de acordo com as Es­ homens. "Esta é uma palavra fiel: se
mulheres pregadoras. Com certeza, crituras. Apenas um homem pode alguém deseja o episcopado, exce­
não há nenhum modo pelo qual uma alcançar o episcopado, e olhar para o lente obra deseja. Convém, pois, que
mulher possa ser obediente a Deus, rebanho. “Esta é uma palavra fiel: se al­ o bispo seja irrepreensível, marido
Jesus Cristo, e as Escrituras, sendo pre­ guém deseja o episcopado, excelente de uma mulher, vigilante, sóbrio, ho­
gadora. Não há nenhum modo pelo obra deseja." ( I Tim 3:1). Não há caso nesto, hospitaleiro, apto para ensinar.
qual uma igreja possa ser obediente algum, no Novo Testamento, no qual Não dado ao vinho, não espancador,
à Trindade e a Palavra, deixando que uma mulher é uma superintendente não cobiçoso de torpe ganância, mas
mulheres preguem. de uma igreja. O bispo deverá ser o moderado, não contencioso, não ava­
marido de uma mulher e, nenhuma rento; Que governe bem a sua própria
Estes são os mandamentos de mulher pode alcançar tal qualificação, casa, tendo seus filhos em sujeição,
Deus, e aqueles que são espirituais re­ de acordo com as Escrituras. "Convém, com toda a modéstia; (Porque, se al­
conhecerão isso."Se alguém cuida ser pois, que o bispo seja irrepreensível, guém não governar a sua própria casa,
profeta, ou espiritual, reconheça que marido de uma mulher, vigilante, só­ terá cuidado da igreja de Deus?); Não
as coisas que vos escrevo são manda­ brio, honesto, hospitaleiro, apto para neófito, para que, não se ensoberbe­
mentos do Sen hor."(l Cor. 14:37). Pau lo ensinar.”(I Tim 3:2). cendo, não caia na condenação do
também explica porque alguns insisti­ diabo."(I Tim 3:1-6).
rão de modo contrário, a despeito do ALGUMAS OBJEÇÕESE
que Deus diz em sua Palavra. "Mas se ARGUMENTOS RESPONDIDOS. Agora note os seguintes fatos con­
alguém ignora isto, que ignore."(I Cor. Débora foi uma profetisa e juíza tidos nestes versículos. A expressão se
14:38). Aqueles que não violarem es­ em Israel (Juizes 4 e 5). Primeiro, isto alguém deseja, refere-se, em grego, a
tes mandamentos das Escrituras, em aconteceu em Israel, e não em uma um homem adulto. A palavra bispo é

25 R e v is t a O s P u e it a iio s
M u l h e r e s D e v e r ia m P r e g a r ?

masculina e, portanto, refere-se a um recusou-se a encarar seus inimigos se É verdade que Deus enviou Moisés,
homem adulto. A expressão marido Débora não estivesse o acompanhan­ Arão e Miriã diante de Israel, e que M i­
de uma mulher refere-se a um ho­ do. "Então lhe disse Baraque: Se fores riã é denominada uma profetisa, mas
mem adulto, em contrário as mulhe­ comigo, irei; porém, se não fores comi­ isto não muda ou minimiza as decla­
res ou crianças. Até a expressão não go, não irei. E ela disse: certamente irei rações do Novo Testamento, a respei­
contencioso, no Grego, é masculina e contigo, porém não será tua a honra to da questão das mulheres na igreja.
também afirma que o pastor deve ser da jornada que empreenderes; pois à Elas têm que manter silêncio e quie­
do sexo masculino. 0 fato no qual o mão de uma m ulheroSenhor venderá tude. Aqueles que tentam usar Miriã
pastor deve governar bem sua própria a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com uma desculpa, justificativa e li­
casa proibiria uma mulher casada de com Baraque para Quedes." (Juizes 4: cença para a violação das instruções
ser uma pastora. Até a palavra neófito 8-9). do Novo Testamento, o fazem ao seu
é masculina enfatizando ainda mais próprio risco.
aquele que preenche o ofício de pas­ Miriã foi uma profetisa e líder em
tor, não deve ser um homem neófito. Israel, durante a peregrinação à Terra Ana foi uma profetisa. Isto é mui
Prometida. O que fora dito sobre Dé­ verdadeiro. Lucas a chamou profeti­
Aqueles quem colocam as Escritu­ bora deveria ser aplicado neste caso sa. "E estava ali a profetisa Ana, filha
ras contra Escrituras, num esforço de também. Ademais, deveria ser lem­ de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era
justificar, deste modo, sua violação brado que, quando Míriam e Arão dis­ já avançada em idade, e tinha vivido
destes ensinamentos, o fazem para cutiram com Moisés, por causa de sua com o marido sete anos, desde a sua
sua própria perdição. Eles são culpa­ esposa, Deus os lembraram de que Ele virgindade; E era viúva, de quase oi­
dos de torcer as Escrituras. "Falando tinha somente um profeta em Israel, e tenta e quatro anos, e não se afastava
disto, como em todas as suas epístolas, ele se chamara Moisés. "E falaram M i­ do templo, servindo a Deus em jejuns
entre as quais há pontos difíceis de en­ riã e Arão contra Moisés, por causa da e orações, de noite e de dia. E sobre­
tender, que os indoutos e os instáveis mulher cusita, com quem casara; por­ vindo na mesma hora, ela dava graças
torcem, e igualmente as outras Escri­ quanto tinha casado com uma mulher a Deus, e falava dele a todos os que
turas, para a sua própria perdição." (II cusita. E disseram: Porventura falou o esperavam a redenção em Jerusalém."
Pedro 3:16). Aqueles que distorcem a Senhor somente por Moisés? Não fa­ (Luc. 2:36-38). Mas Ana não fora uma
Palavra de Deus para adequá-las aos lou também por nós? E o Senhor o ou­ pregadora em uma igreja do Novo
seus próprios pensamentos dão evi­ viu. E era o homem Moisés mui manso, Testamento. Ana serviu a Deus jejuan­
dências de suas reais atitudes contra mais do que todos os hom ens que ha­ do e orando, e não pela pregação ou
Deus e sua inspirada Palavra. "Todos via sobre a terra. E logo o Senhor disse pelo pastorado. Ela falou a outros que,
os dias torcem as minhas palavras; a Moisés, a Arão e a Miriã: Vós três saí com o ela, estavam em busca da che­
todos os seus pensamentos são con­ atenda da congregação. E saíram eles gada de Cristo a Israel para a redenção.
tra mim e para o mal." (Sal. 56:5). Eles três. Então o Senhor desceu da coluna Não há registros de quaisquer atos
com o alguns nos dias de Jeremias, de nuvem, e se pôs à porta da tenda; dela que qualquer mulher temente a
"pois torceis as palavras do Deus, do depois chamou Arão e Miriã e ambos Deus não os possa fazer.
Senhor dos Exércitos, o nosso Deus." saíram. E disse: Ouvi agora as minhas
(Jer 23:36). palavras; se entre vós houver profeta, Qualquer mulher temente a Deus
eu, o Senhor, em visão a ele me farei pode jejuar ou orar. Qualquer mulher
Bom seria também notar, que conhecer, ou em sonhos falarei com temente a Deus pode dizer a outra so­
aquele tempo era uma ocasião de ele. Não é assim com o meu servo bre Jesus Cristo, individualmente. Ana
terríveis pecados em Israel, e Deus Moisés que é fiel em toda a minha nunca pregou em uma assembleia de
designou uma mulher como meio de casa. Boca a boca falo com ele, clara­ uma igreja do Novo Testamento. Ana
envergonha os homens pelos seus pe­ mente e não por enigmas; pois ele vê nunca procurou ser pastora de uma
cados e pela sua resistência ao enfren­ a semelhança do Senhor; porque, pois, igreja do Novo Testamento. Muito
tar seus inimigos. "Porém os filhos de não tivestes temor de falar contra o além do que os registros bíblicos vão,
Israel tornaram a fazer o que era mau meu servo, contra Moisés? Assim a ira Ana nunca falou ou orou publicamen­
aos olhos do Senhor, depois de falecer do Senhor contra eles se acendeu; e te antes, em uma assembleia de uma
Eúde."(Juízes4:1). Até mesmo Baraque retirou-se." (Núm. 12:1-9). igreja do Novo Testamento. Aqueles

R e v i s t a O s P u r it a n o s 2«
Po r W ayne C am p

que a usam esta prática como des­ Fé e Mensagem, ela disse, "Se você é a chamasse a ser pastor, não impor­
culpa para procurar ser pastora, e Batista, enquanto haja congregações ta se você é homem ou mulher. Meu
pregar em violação às proibições do onde alguém tenha coragem de seguir marido discorda." (de um artigo em
Novo Testamento, estão realmente a vontade de Deus, haverá espaço para um texto do Associated Press, 14 de
destorcendo a Palavra de Deus para mulheres pastoras."(Grupo de Batistas Junho de 2000).
almejar suas próprias ambições pe­ Proíbem Mulheres Pastoras, Associa­
caminosas. Aqueles que tentam usar ted Press, 15 de Junho de 2000). Esta mulher desacata, e arrogante­
esta mulher temente a Deus, como li­ Note que, esta mulher não citou mente desobedece a Palavra de Deus,
cença para violar os inequívocos e cla­ que as Escrituras revelam a vontade e a liderança de seu marido. A verdade
ros ensinamentos da palavra de Deus, de Deus para que ela seja uma pastora. é que ela pode até desqualificá-lo na
não têm direito nenhum de subir em Ela está enganada se ela acredita que sua posição de pastor, uma vez que o
púlpito algum ou preencher outra Deus pudesse tê-la pregando em uma pastor deve ser o cabeça de sua mu­
posição onde possam falar diante da igreja e ela tem confundido a vontade lher, e ela deve estar sujeita a ele.
igreja. de Satã e a sua própria, com a vonta­
de de Deus. A vontade de Deus é para Deus proíbe as mulheres de fazer
E se Deus tiver te chamado a pre­ que as mulheres estejam caladas. "A qualquer coisa que as façam usurpar
gar? Algum as mulheres poderão ser mulher aprenda em silêncio, com de autoridade sobre os homens. Ne­
deselegantes e dizer que Deus as cha­ toda a sujeição. Não permito, porém, nhuma mulher pode pregar ou ser
mou a pregar. Martha Philips, uma Ba­ quea mulher ensine, nem use de auto­ pastora, e ainda obedecer a Palavra
tista da Convenção do Sul e "pastora" ridade sobreo marido, mas que esteja de Deus. Com o uma mulher pode es­
a qual serve de pastora interina da em silêncio."(I Tim 2:11-12)."As vossas tar em silêncio, pregando ou sendo
Igreja Batista de Mount Vernon em Ar- mulheres estejam caladas nas Igrejas; pastora? Com o uma mulher pode ser
lington,Virgínia, onde o Ex-VP Al Gore porque não lhes é permitido falar; mas pastora sem usurpar de autoridade
foi membro, demonstrou sua aberta estejam sujeitas, como também orde­ sobre um homem.
desobediência as Escrituras, quando na a lei. E, se querem aprender alguma
comentou aos jornais o seguinte: "Eu coisa, interroguem em casa a seus pró­ CONCLUSÃO.
não quero ser uma ministra da juven­ prios maridos; porque é vergonhoso Eu não esgotei este tema. Muito
tude ou da música. Eu quero conduzir queasmulheresfalem na igreja."(l Cor. mais poderia ser escrito. Alguns po ­
uma congregação. Eu acho que fui 14:34-35). Esta é a vontade de Deus derão não gostar do que leram aqui,
chamada à fazê-lo. E se você foi cha­ para as mulheres nas assembleias das mas pergunto apenas uma única coi­
mada por Deus, você é chamada por igrejas. Philips e Pennington-Russel, sa: "Tenho eu apoiado o que escrevi
Deus. Eu não vejo como eles podem entre cerca de outras 100"pastoras"da com a Palavra de Deus?"
dizer só porque você é mulher, você Convenção Batista do Sul, se atrevem
não possa ser chamada." ("Voto dos a desobedecer a Palavra de Deus. Elas Nós encararemos dias de desafio á
Batistas do Sul para Banir Mulheres menosprezam o que a sua convenção frente neste sentido. Os arrochos do
Pastoras," Washington Post, 15 de Ju­ acredita, e seguem fazendo o que elas feminismo são muito reais e amea­
nho de 2000). Por favor note que esta querem fazer, sem levar em conta sua çadores. Não é politicamente correto
mulher preponderante despreza a Pa­ convenção ou as Escrituras. levar em consideração esta posição
lavra de Deus, e deixa com que seus bíblica. Vamos fielmente opinar pelos
pensamentos e sentimentos sejam o Este desacato, insolência, e insu­ claros ensinamentos da Palavra de
seu guia. Não importa a ela se ela está bordinação à autoridade da Palavra Deus, e manter os padrões bíblicos
em conflito direto com a Inspirada Pa­ de Deus é refletida também em o u ­ para os homens, e não às mulheres,
lavra de Deus. tras mulheres. Por exemplo, Margaret como pregadores da Palavra e pasto­
Davis, esposa de um pastor, da New- res de Suas igrejas.
Julie Pennington-Russel, pastora port News, Virgínia, foi uma rara voz
Igreja Batista Pilgrim's Hope 3084
da Igreja Batista do Calvário em Waco, divergente entre os ouvintes de uma W oodrow - Mem phis - T n - 38127 EUA
Texas, é uma mulher. Em comentário reunião das esposas de pastores, na Tradução Gustavo Stapait, 04/01
Editação Calvin Gardner, 05/01
à mudança da Convenção Batista Do recente reunião da Convenção Batista Igreja Batista de Catanduva, SP
http //www ge ocities com /w btbrazil/estudos
Sul em relação a sua declaração de do Sul. Ela disse "Eu creio que se Deus html

27 R e v is t a O s P u e it a iio s
Homens e Mulheres
Em 1 Tm 2:8 Paulo abre a discussão com esta tarefa dos homens: “Quero,
portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira
e sem animosidade". Este texto estabelece a base para o chamado à oração.
"Portanto" refere-se aos sete versículos anteriores de 1 Tm 2, que falam sobre
a importância da oração em favor de todas as pessoas, especialmente as
autoridades não cristãs. A responsabilidade única de se oferecer oração pública
(grifo nosso) em favor dos perdidos é uma obrigação especial dos homens. O
contexto imediatamente anterior deixa claro que a questão é salvação.
A palavra grega traduzida como "varões" no versículo 8 refere-se ao homem
não num sentido genérico, mas ao gênero masculino.

Os homens devem liderar quando a Igreja se reúne para adoração corporativa.


Na sinagoga judaica, somente os homens tinham permissão de orar, e esta
prática continuou na Igreja posteriormente. A expressão grega traduzida "em
todo lugar" refere-se a uma assembléia oficial da igreja (I Co 1.2; II Co2.14;
I Tsl.8). Paulo estava dizendo que independente de onde a igreja se reúna
oficialmente, homens selecionados devem liderar a oração pública.

Alguns defendem que esta afirmação contradiz I Coríntios 11.5, onde Paulo
permite que as mulheres orem e proclamem a Palavra. Esta passagem, porém,
deve ser interpretada à luz de I Coríntios 14:.34, que proíbe que as mulheres
falem na assembléia. Além disso, conforme vimos no capítulo 2, as mulheres
têm permissão de orar e anunciar a Palavra, mas não quando a Igreja se reúne
num culto oficial. Isso de forma alguma marca a mulher como espiritualmente
inferior (cf. G13.28): nem todos os homens pregam a Palavra na assembléia, mas
só aqueles que foram chamados e qualificados para isso.

"Levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade" especifica como os


homens devem orar. Os israelitas tinham o costume de erguer as mãos quando
oravam (veja, por exemplo, SI 134.2) como um gesto que indicava a oferta da
oração e a prontidão em receber a resposta. A ênfase do mandamento de Paulo
não está no erguer das mãos, mas, sim, que nossa adoração deve ser oferecida
em santidade. Assim, permanece como uma metáfora expressando a vida pura.
Aqui, vemos uma qualificação específica dos homens selecionados para liderar
a oração no culto público: devem ter uma vida santa. Sua atitude interior é "sem
ira e sem animosidade". Os líderes eclesiásticos não devem ser caracterizados
pela raiva e pelas disputas; devem ter corações amáveis e pacíficos. A liderança
da congregação de Deus é uma tarefa sacerdotal. No Antigo Testamento, todos os
sacerdotes que lideravam o povo na presença de Deus eram do sexo masculino
(grifo nosso) (Ex 28.1; 32.26-29; Lev 8.2; Nm8.16-26)

John M acArthur, em seu livro, H o m e n s e Mulheres, da Editora Textus, na p á gin a 121-123

R evista O s P uritanos
A Mulher no Ministério
Por John Piper_____________________________

Introdução do editor pastora, ordenada. Na minha terra natal, a África do Sul,


ste é um tema que parece não ser prático, apesar a principal Igreja éa Presbiteriana ou a chamada Igreja

E do título. Muitos acham que se perderá tempo


se debatendo sobre este tema, que é polêmi­
co e não trará nenhuma edificação. Compreendo os
Reformada Holandesa. Em 1991, a liderança decidiu
pela ordenação de mulheres ao ministério e isso fez
com que alguns ministros abandonassem aquela Igre­
que assim pensam, pois já pensei dessa forma quan­ ja. Na Igreja da Escócia, hoje, você não pode ser pastor
do não havia despertado para as consequências do a menos que concorde com a ordenação de mulheres.
erro em não se ver o papel do homem e da mulher na
Igreja e no mundo. O leitor observará as implicações A despeito de tudo isso, a verdade é que a maioria
práticas e a importância de se abordar o tema na nos­ das denominações rejeita a ordenação de pastoras.
sa época. Esta palavra foi proferida por Dr. John Piper Acho, porém, que a questão deve ser decidida pelas
no encontro da Editora FIEL em 1994, mas iniciaria Escrituras. É fácil dizermos que aceitamos as Escrituras
apresentando o que disse o Pr. Errol Hulse em 1993, quando elas nos satisfazem, mas quando chega aque­
no início de sua palestra sobre o mesmo assunto, no le momento que temos de mudar nossa prática, então,
mesmo encontro anual da FIEL. Ele disse: deixamos isso de lado. O argumento usado hoje, é de
que a cultura mudou e que a cultura dos nossos dias
"A ordenação de mulher ao ministério foi o assunto é bem diferente do período da cultura judaica. Porém,
mais debatido na Inglaterra no ano de 93. A Igreja An­ cremos que a Bíblia é suficiente para todas as cultu­
glicana é a igreja que domina o cenário religioso da ras, em qualquer época. O relacionamento do homem
Inglaterra. Na reunião geral da liderança desta igreja, para com a mulher é imutável".
a ordenação de mulheres foi aprovado por um voto
apenas. O debate sobre esta questão estava sendo te­ Dr. John Piperassim iniciou sua palestra sobre
levisionado para que todo o povo acompanhasse seu A MULHER NO MINISTÉRIO:
desenrolar. Eu assisti a todos os debates e percebi que
não havia nenhum debatedor com uma Bíblia na mão Quero fazer cinco afirmações iniciais para deixar
e se alguém quisesse mostrar o que a Bíblia diz sobre o claro minha posição.
tema, teria de comprar um a, naquele momento. 1. Todos os cristãos, homens ou mulheres, são mi­
nistros pois lemos em Efésios 4:12 que os pastores de­
Esta aprovação de ordenação das mulheres ao mi­ vem preparar os santos para fazerem os seus ministé­
nistério trouxe uma grande cisão na Igreja Epis- copal rios. Assim, cada homem e cada mulher são ministros.
e até abalou o movi mento ecuménico, porque a Igreja 2. O ministério é a canalização da graça de Deus
Católica está furiosa com esta decisão deordenação de atravésdosdonsespirituais paraque os cristãos sejam
mulheres, pois ela não crê em mulheres sacerdotisas. aperfeiçoados e possam trazer para a igreja aqueles
É verdade que ela tem a motivação errada para não que foram eleitos por Deus. Em I Pedro 4:10 lemos
aceitar isso, pois olha para a missa como um sacrifício. que cada um recebeu um dom e por isso devem usá-
-lo como bons despenseiros da multiforme graça de
Na Inglaterra, a União das Igrejas Batistas abordou Deus. Assim, todos os homens e mulheres têm dons
esta questão em 1925 e elas tiveram a primeira mulher espirituais, e esses dons são como uma coisa que deve-

R e v is t a O s P u e it a iio s
J o h n P ip e r

mosadministrarpara o bem dasoutras lheres e também para os homens. Eu que isso se refere a um culto ou uma
pessoas. não posso decidir o que é realmente aula. A segunda coisa que precisamos
3. Todos os dons espirituais são bom para mim, Deus deve decidir isso. notar, é que a palavra silêncio apare­
dados, tanto para homens como para ce no versículo 2 e é a mesma palavra
mulheres mas isso não decide como Vamos para ITm. 2:11-14. Este deve grega êxousia . Mas veja o que esta
o dom deve ser usado. Por exemplo, ser um dos textos mais impopulares palavra significa no versículo 2: ore
se uma mulher tem o dom de ensinar, nos Estados Unidos, hoje. Se um pas­ "para que vivamos uma vida tranquila
isso não decide se ela deve ensinar a tor quer ser dispensado do seu minis­ e mansa, com toda piedade erespeito".
homens ou mulheres. Estaé uma outra tério, ele precisa pregar neste texto. É Essa palavra tranquila nos dá o "tom"
questão. um texto muito difícil e sei que muitas da palavra grega êxousia. Nós estam
4. A mi nha posição é que o ofício de pessoas discordam fortemente de mi­ os orando para que nossa vida seja
presbítero ou pastor é uma responsa­ nha posição. Não estou exigindo ter a vivida de modo tranquilo. Eu sei que
bilidade que deve ser tomada apenas última palavra nisso, mas eu estou di­ tanto em inglês quanto em português,
pelos homens. Acredito que isso é en­ zendo para vocês o que eu creio que existe uma conotação diferente do
sinado em I Tm.2:12. Devemos voltara a Bíblia ensina. Você deve aplicá-la à termo tranquilo para o termo silêncio.
este textoe analisá-lo ponto por ponto sua situação conforme a orientação Acho que a palavra, aqui, significa es­
nos seus detalhes. de Deus. tar tranquilo e não estar em absoluto
5. A verdadeira ação ministerial é silêncio. Vamos ver se este conceito
a ação do povo ministrando uns aos Vejamos o texto: funciona lá no versículo 12.0 versículo
outros, quando você usa seus dons es­ A mulher aprenda em silêncio com diz:"E não permito que a mulher en­
pirituais em grupos pequenos ou em toda a submissão. E não permito que sine, nem exerça autoridade sobre o
outro tipo de arranjo para o ministério. a mulher ensine, nem que exerça auto­ marido; esteja porém em silêncio" ou
Muitas pessoas pensam que ministrar ridade sobre o marido; esteja, porém, seja, tranquila. Mas sobre que tipo de
é ser um pastor ou um presbítero ou em silêncio. Porque primeiro foi forma­ tranquilidade estamos falando aqui?
diácono ou estar numa comissão es­ do Adão, depois Eva. E Adão não foi ilu­ Parece que é exatamente o contrário
pecial. Mas isso não está correto. Essas dido, mas a mulher, sendo enganada, de exercer autoridade sobreo homem.
pessoas existem para liberar os demais caiu em transgressão". No mínimo, então, o que podemos di­
para o ministério. zer é o seguinte: as mulheres não de­
A maneira como gostaria de me vem falar de uma certa maneira que
Quero fazer uma lista de algumas aproximar deste texto é pegar três pa­ chegue ao ponto de questionar ou
razões porque eu acho que os homens lavras principais e discutir cada uma colocar dúvida à autoridade do ho­
devem ser pastores e presbíteros e não delas. A palavra silêncio ("a mulher mem. Note no versículo 11 que essa
as mulheres. aprenda em silêncio"), a palavra ensi­ "tranquilidade" (silêncio), deve acon­
1. Acho que este é o significado de no ("não permito que a mulher ensi­ tecer em toda submissão. Então, no
ITm. 2:12 e 13. ne"), a palavra autoridade ("nem que versículo 12 o termo silêncio está em
2. Acho que este ensino encaixa exerça autoridade sobre o marido"). oposição à palavra autoridade do ho­
perfeitamente com o ensino bíblico Analisemos cada palavra. mem, e no versículo 11 é uma expres­
da complementação entre o homem são de submissão. Então, observando
e a mulher. Esse mesmo ensino está No versículo 11, quando diz que a palavra tranquila do versículo 2 e re­
presente em Gêneses, nos ensinos de a mulher deve aprender em silêncio, lacionando-a a esses dois significados
Cristo e dos apóstolos. o que é que este "silêncio" significa? do versículo 11 e 12, concluo: tranqui­
3. Nunca encontrei um outro texto Significa que a mulher não pode dizer lidade significa que as mulheres não
na Bíblia que contradiga este ensi­ uma única palavra na Igreja? Ou existe deveriam falar de uma certa maneira
namento. Já considerei vários argu­ um tipo de silêncio que permite que que questionasse ou deixasse em dú­
mentos contra minha posição, mas a mulher diga alguma coisa mas não vida a autoridade de um presbítero. Eu
nenhum deles me convenceu. talvez outra coisa. Note em primeiro duvido que esta palavra signifique um
4. Acho que Deus nos ama, e o que lugar, que o texto diz para ela” apren­ silêncio total. Voltaremos a este assun­
Ele determina que façamos na igreja é derem silêncio". Então, ocontextoaqui to posteriormente.
algo bom para nós. É bom para as mu­ é de ensino e aprendizagem. Eu acho

R e v i s t a O s P u r it a n o s
A M u l h e r n o M in is t é r io

Vamos olhar agora a segunda pa­ nãopermitoquea mulherensine,nem . Estas são as duas coisas que diferen­
lavra: ensino. "Não permito que a mu­ queexerçaautoridadesobreo homem". ciam um presbítero de um diácono.
lher ensine". Será que isso é uma coisa Acho que o que Paulo quer dizer é o Aqui está a minha conclusão: no mí­
absoluta? Será que as mulheres não seguinte: Acho que a mulher não deve nimo, o que Paulo está dizendo é que
podem ensinar nunca? A maneira de ensinar quando o seu ensino for parte não permite que uma mulherseja uma
explicar isso seria olhando outros tex­ do exercício da autoridade dentro da presbítera. Se significa mais do que
tos do ensino de Paulo, onde a mulher Igreja. Então, a segunda frase, que fala isso, poderemos depois discutir.
ensina. Por exemplo, em Tito 2:3-4, le­ de autoridade, influencia o significa­
mos que as mulheres mais idosas de­ do da primeira frase que fala de ensi­ Vamos falar um pouco desta natu­
vem ensinar às mais jovens, "a fim de no. A razão por que permito que esta reza de autoridade que os presbíteros
instruírem as jovens recém-casadas a segunda frase influencie o significado devem ter. Em Lucas 22.26 lemos que
amarem a seus maridos e a seusfilhos". da primeira, é porque existem(como "o maior entre vós seja como o menor;
Entào, pelo menos existe um tipo de vimos)outras passagens na Bíblia que e aquele que dirige seja como o que
ensino que as mulheres podem fazer. dizem que a mulher pode ensinar em serve". A primeira coisa que nós pode­
Vejamos outro texto: II Tm. 3:14. Pau­ algumas situações. Seria errado dizer mos dizer sobre o tipo de autoridade
lo está dizendo que Timóteo devia que Paulo, aqui, está afirmando que que o presbítero deve exercer é uma
lembrar aquilo que ele aprendeu na a mulher nunca pode, em qualquer autoridade de servo, o líder deve ser
infância. Quem ensinou a Timóteo na situação, ensinar. Voltaremos ainda a alguém que serve. Paulo descreve sua
infância? Nós lemos em II Tm.1:5 que analisar esta questão. própria autoridade em II Co.10:8; 13:10
quem o ensinou foi sua avó Lóide e sua .. nossa autoridade, a qual o Senhor
mãe Eunice, pois seu pai não era um Vamos olhar agora a terceira pala­ nos conferiu para a edificação, e não
crente (Atos 16). Quando o pai não é vra: autoridade. O que significa autori­ para destruição vossa ..." (10:8). A au­
um cristão, então a avó ou a mãe ou dade, neste contexto? O que nos ajuda toridade é dada aos líderes da Igreja
irmã devem ensinar a Palavra de Deus. a esclarecer este texto é o fato de exis­ para que eles edifiquem a Igreja e não
Vejamos uma terceira ilustração de tirem duas qualificações que fazem a para destruir pessoas. A terceira obser­
mulheres ensinando na Bíblia. Atos diferença entre presbítero e diácono. vação sobre autoridade do presbítero
18:26 nos mostra Áquila e Priscila en­ Existem dois aspectos do papel do vem I Pe.5:3. Não sejam "dominadores
sinando a Apoio com mais exatidão o presbítero que não pertencem ao pa­ dos que vos foram confiados, antes
caminho do Senhor, após tê-lo ouvido. pel do diácono. Podemos ver isso em I tornando-vos modelos do rebanho".
Dessa forma vemos uma mulher e seu Tm.3 e 5.17: "Devem ser considerados O presbítero não deve ser uma pes­
marido, numa situação bastante infor­ merecedores de dobrados honorários soa que cresça e torne-se dominadora
mal, ensinando a um outro homem. os presbíteros que presidem bem, das pessoas, mas alguém que esteja
com especialidade os que se afadigam ao lado e se torne um modelo para as
Temos, na Bíblia, pelo menos estas na palavra e no ensino". As duas coisas pessoas. É muito similar ao relaciona­
três situações: que fazem diferença entre um presbí- mento do marido para com sua espo­
1. Mulheres mais velhas ensinando teroe um diácono é o papel de presidir sa no lar. Ser o cabeça do lar significa
mulheres recém-casadas. e ensinar. É muito interessante que na que você vai ser um líder amoroso e
2. Mulheres ensinando crianças. lista das qualificações dos presbíteros vai sacrificar-se em favor da esposa.
3. Mulher, junto ao seu marido, está colocado que eles precisam estar Ser um líder na Igreja significa ser um
numa situação informal, ensinando a aptos para ensinar, mas diáconos não líder amoroso, parecido com Jesus,
um outro homem. precisam. Presbíteros são chamados auto-sacrificial.
a serem supervisores, enquanto que
Então, quando Paulo diz" eu não diáconos, não. E a razão que isto é tão Quero dizer duas coisas do que é
permito que a mulher ensine" o que importante é porque estas são exata­ autoridade e submissão na Igreja. Au­
ele quer dizer? Creio que o que nos mente as mesmas duas coisas que são toridade, refere-se ao chamado divi­
ajuda a interpretar isso é o resto do proibidas para a mulher em I Tm. no dado a homens espirituais e com
versículo, onde ele coloca o ensino 2.12. Veja que Paulo diz" não permito dons espirituais, que devem tomar
em paralelismo com autoridade. Deví­ que a mulher ensine" e "não permito a responsabilidade primária como
amos tomar as duas frases juntas: "Eu que exerça autoridade sobre o homem" presbíteros para ter uma liderança

31 R e v is t a O s P u e it a iio s
J o h n P ip e r

servil como Cristo teve e ensinar a ra" Mas, eu contra-argumento dizendo a mulher. O seu argumento,então, não
Igreja. Notem que a ênfase que estou que só estou dizendo o que eu acho vem do aspecto cultural nem do peca­
dando é em tomar uma responsabili­ que a Bíblia ensina. A conclusão a que do. Vem da ordem da criação. Que tipo
dade e não buscar certos direitos. Na chegamos, até agora, é a seguinte: a de gente nós éramos antes do pecado
verdade, Tiago diz q ue "não vos torneis, vontade de Deus é que haja um gru­ e antes que o homem arruinasse tudo?
muitos de vós, mestres, sabendo que po de homens humildes e espirituais Se Deus quisesse comunicar-nos que
havemos de receber maior juízo". Mas, que carreguem a responsabilidade de homens e mulheres têm os mesmos
vamos à definição de submissão: refe­ exercer a utoridade e o en sino na lg reja. papéis na criação, Ele poderia ter cria­
re-se ao chamado divino para o resto Acho que luz virá sobre este nosso en­ do homem e mulher ao mesmo tempo.
da Igreja, sejam homens ou mulheres, sino, se estudarmos os próximos dois Mas, ao que parece, Paulo viu a grande
para honrar e apoiar a liderança e o versículos. importância no fato de que o homem
ensino dos presbíteros e para serem I Timóteo 2:13 e 14. Paulo dá aqui foi criado primeiro, e a mulher, depois.
equipados por eles(os presbíteros), duas razões para as mulheres não se­ Não está sendo questionada aqui a
para centenas de ministérios variados rem presbíteras e notem que estas ra­ igualdade de valor que existe entre o
que estão disponíveis para homens e zões não são baseadas no aspecto cul­ homem e a mulher.
mulheres no serviço de Cristo. tural. Muitas pessoas dizem que nós
Estas "centenas de ministérios", são não temos mulheres como pastoras 2. Versículo 14. "Adãonãofoi iludido,
muito importantes. Falo sobre isso em porque isso é uma coisa cultural, nossa mas a mulher, sendo enganada, caiu
muitas escolas no meu país, quando cultura não aceita ou porque seria pe­ em transgressão". O que isso significa?
3 0 % dos estudantes dos seminários caminoso no meio dos homens. Mas Historicamente alguns intérpretes dis­
,hoje, nos Estados Unidos, são mulhe­ percebam que estes argumentos de seram que as m ulheres são mais vulne­
res. E quando eu falo sobre este assun­ Paulo não dependem de aspectos cul­ ráveis a serem iludidas. E por que elas
to nos seminários, estas estudantes turais, mas estão baseados em coisas são mais vulneráveis a serem engana­
ficam iradas comigo. Algumas vezes que aconteceram antes que o pecado das, dessa forma, elas não devem en­
elas perguntam: "Se você diz que nós entrasse no mundo. sinar. Mas, será que é isto que o texto
não podem os ser pastoras, então, o está dizendo? Vamos abrir um parên­
que podemos fazer?" Eu acho que No versículo 13 e 14, é este o argu­ tese aqui. Quando me perguntam se
esta é uma pergunta estranha. Minha mento: as mulheres são mais, ou menos, inteli­
resposta é que existem seis bilhões 1. gentes do que os homens; se as mulhe­
Versículo 13. Adão foi formado
de pessoas neste mundo e provavel­ primeiro e depois, Eva. Isso é colo­ res são mais fracas ou os homens são
mente dois terços dessas pessoas não cado com o a razão porque a mulher mais fracos; se as mulheres são mais
foram atingidas pelo Evangelho, sen­ não pode exercer autoridade sobre o medrosas ou os homens é que ficam
do que provavelmente 7 5 % delas são homem. Veja que Paulo está olhando mais facilmente com medo, então eu
mulheres ou crianças com menos de para um momento antes da queda. respondo: As m ul heres são mais fracas
quinze anos de idade. Se você tem um Ele diz que Adão foi criado primeiro, em algumas situações, mas os homens
coração preocupado em salvar pesso­ foi colocado no jardim e Deus lhe deu são mais fracos em outras situações. as
as, se você quer se dedicar a curar vidas os ensinamentos éticos e exigências mulheres são mais inteligentes em al­
estragadas, se quer realmente resistir para que soubesse se relacionar com guns aspectos, e os homens são mais
ao mal, se quer ir ao encontro das ne­ aquelas árvores da vida e do conhe­ inteligentes em outros aspectos; as
cessidades humanas, as possibilidades cimento do bem e do mal e depois mulheres são mais medrosas para
de ministrar a estas pessoas, são pos­ criou a mulher como uma coopera- determinadas coisas, e os homens fi­
sibilidades ilimitadas. Tome estas mu­ dora, uma assistente sua nesse traba­ cam com medo, mais facilmente, em
lheres e milhares de crianças e faça o lho do jardim. Paulo olha para isso e algumas situações. É muito perigoso
que quiser para trazê-las a Cristo. Mas, diz que há um significado. Da mesma colocar um valor negativo nestas fra­
eu sei que muitas vezes esta resposta forma como o homem veio primeiro quezas humanas, porque cada vez
nem sempre satisfaz a pergunta feita, na ordem da criação, então deve dar- que um homem ou uma mulher tem
porque parece uma discriminação di­ -se ao homem uma responsabilidade um ponto fraco na sua vida, é porque
zer que" você não pode ser uma pasto­ primária no seu relacionamento com aquele ponto fraco vai forçar o ponto

R e v i s t a O s P u r it a n o s
A M u l h e r n o M in is t é r io

forte do outro sexo ser salientado. Eu foi enganado, por isso a mulher não ceba que no capítulo 3, em nenhum
imagino um gráfico com duas colunas. deveensinarnemterautoridadesobre lugar, diz que Eva tenha conversado
De um lado eu coloco todos os pontos o homem. Com o é que esse argumen­ com Adão. Então, o que quer dizer" ...
fortes e fracos dos homens, e do outro to funciona? Vejamos algumas obser­ atendeste a voz de tua m ulher"? No
lado, todos os pontos fortes e fracos vações deste capo 3: mínimo Adão estava ouvindo o diá­
das mulheres. Se Deus colocasse no­ logo que ela teve com o tentador e
tas mais altas nos pontos fortes e notas 1. No versículo 1 lemos que" a ser­ ele não disse nada. Esta é a grande
mais baixas nos pontos fracos, quando pente, mas sagaz que todos os animais tragédia!
Ele somasse as duas colunas, em baixo, selváticos que o Senhor Deus tinha
a soma dos números das duas colunas feito" falou à mulher. Mas, porque a Mas vamos ver o que satanás es­
seria exatamente igual. M as se você serpente falou com a mulher? Ela é tava fazendo e recomendo que vocês
pegasse a coluna da mulher com seus muito sutil! Será que ela sabe que a estudem esta interpretação muito se­
pontos fortes e fracos e colocasse-os mulher é mais vulnerável para ser en­ riamente. Satanás chega, e estão Adão
em cima da coluna do homem com ganada ou será que ele sabe que ela e Eva juntos. Satanás sabe que existe
seus pontos fortes e fracos, nós tería­ não deve ser o líder no casamento mas uma ordem estabelecida na criação,
mos aquela perfeita complementação. está fazendo com que ela seja? Ele está uma belíssima ordem. O homem deve
empurrando-a para este lugar de ser tomar a responsabilidade de proteger
Quero exortar aos homens a serem o porta-voz. Fixemos isso na memória e liderar e a mulher deve apoiar com
muito cuidadosos em pensar na sua por um instante. alegria esta liderança. Mas, satanás
força física, como uma das suas gran­ odeia aquela ordem, odeia o homem
des virtudes. Os homens são 6 vezes 2. Versículo 6. Na tradução em por­ e a mulher, ele quer destruir a vida,
mais encarcerados, por uso de drogas, tuguês, esta palavra que eu quero quer destruir o casamento, quer des­
do que as mulheres (E.E.U.U.); 10 vezes ressaltar não está presente. Em inglês truir a Igreja. Então, qual o seu plano?
mais homens do que mulheres estão está assim: "Vendo a mulher que a ár­ Ele olha para o líder, o homem, vira
envolvidos com alcoolismo; 8 3 % dos vore era boa para se comer, agradável o rosto e conversa com a mulher. Ao
crimes sérios, na América, são come­ aos olhos, e árvore desejável para dar fazer isso, ele está quase que fazendo
tidos pelos homens; 25 vezes mais entendimento, tomou-lhe do fruto e uma "gozação" com aordem que Deus
homens do que mulheres estão nas comeu, e deu também ao marido, o criou, de forma muito sutil. Ele não
prisões; todos os estupros e violên­ qual estava com ela (está presente no fez uma pregação de como aquela
cias sexuais são causados por homens. hebraico) e ele comeu". O hebraico ordem era horrível, apenas trouxe a
Será que vamos ficar orgulhosos da dá a entender que Adão estava lá, na mulher para este lugar de liderança e
nossa força? Estão vendo como cada hora, e não que ele tenha vindo de­ de porta-voz do casal, lugar que é do
ponto forte tem um ponto fraco? Da pois. Na verdade o texto nunca disse homem. Naquele m om entoo homem
mesma forma pontos fracos puxam que Adão tenha chegado depois, mas falhou! Naquele momento o homem
pontos fortes. que ele estava lá todo tempo. Então, caiu! A queda aconteceu antes de ele
Adão estava lá quando satanás con­ comer o fruto. Se ele fosse aquele líder
Voltemos ao versículo 14. Supo­ versou com sua mulher e ele não dis­ amoroso que devia ter sido, ele deve­
nhamos que as mulheres sejam en­ se nada, só ficou ouvindo. Para que ria dizer: "Espera um pouco, nós não
ganadas mais facilmente. Ainda assim percebamos que isso é o caso, olhem vamos conversar com esta serpente,
significaria, apenas, que elas são mais no versículo 17 Deus trazendo o juízo Deus nos ama e Ele não está proibin­
facilmente enganadas em certos tipos sobre o homem. O que o homem fez do nada que seja bom para nós!" Mas
de situação. Mesm o tendo este signifi­ de errado? Será que a única coisa er­ o que aconteceu foi que ele abando­
cado, a dignidade da mulher e do ho­ rada foi comer do fruto? Ou será que nou aquela ordem estabelecida por
mem e seus valores não estão sendo ele também errou na maneira como Deus, e quando nós abandonamos a
diminuídos. Mas vou mostrar que não se relacionou com sua esposa? Veja o ordem criada por Deus, nos tornamos
é isto que o texto está dizendo. Veja- que diz o texto:"Visto que atendeste a vulneráveis à tentação. Então, o ponto
mosGênesis no capítulo 3. É daqui que voz de tua mulher, e comeste da árvo­ principal, não é que mulher seja mais
Paulo tira seu argumento. Ele diz que a re que eu te ordenara não comesses: facilmente iludida, mas o ponto é que,
mulher foi enganada e o homem não maldita é a terra por tua causa...". Per­ nós, humanos, em geral nos tornamos

33 R e v is t a O s P u e it a iio s
J o h n P ip er

muito facilmente iludidos se abando­ dido e que a mulher pode. O ponto é


namos a ordem criada por Deus. que quando essa ordem de Deus, da 1. 0 homem foi criado primeiro e
liderança masculina e da submissão depois a mulher, sendo dada a ele a
Voltemos a I Tm.2:14. Esta é minha feminina é esquecida, ambos, homem responsabilidade
opinião sobre o que Paulo está nos e mulher, se tornam vulneráveis a es­ de guardar o jardim do Éden, tendo
ensinando. Deixe-me fazer uma pa­ sas ilusões e tentações e a vida, como a mulher como ajudante, auxiliadora
ráfrase do segundo argumento. Seria era planejada por Deus, se arruina. O nas suas responsabilidades.
assim: Adão não foi iludido, ou seja, o casamento foi destruído em Gênesis
tentador não se aproximou de Adão, capítulo 3 e o que Paulo está dizendo 2. Quando esta ordem estabelecida
ele não chegou a conversar com o é: igrejas também serão destruídas se por Deus é abandonada, como Adão
tentador, mas a mulher foi enganada nós não mantivermos essa ordem. e Eva a abandonaram no momen­
e caiu em transgressão. Ou seja, ela é to da tentação, a beleza da vida, tal
aquela que começou a fazer seus acor­ Resumindo, diríamos: Deus plane­ qual Deus a planejou, se arruina.
dos com o tentador e nesse envolvi­ jou que a responsabilidade primária
mento direto com o tentador, ela caiu de liderança e ensino, na Igreja, per­
Dr John Piperé pastor da Igreja Batista Bethlehem
em transgressão. Mas não é o ponto tencesse aos homens. Ele coloca dois em Mineápolis/ Estados Unidos
aqui, que o homem não pode ser ilu­ argumentos:

Falsos Profetas
O m aior dom do Espírito Santo no Velho Testamento era o de profecia. Contudo quantos falsos pro­
fetas havia! Alguns deles serviam a outros deuses (1R s.18:26-29). Na verdade as suas m entes eram
possuídas pelo diabo que os capacitava a declarar coisas que eram ignoradas pelos outros homens
(IC o .10:20; 2Co.4:4).

Outros professavam falar no nome e pela inspiração do Espírito do Senhor, o único verdadeiro e San­
to Deus, m as eram falsos profetas (J r.2 8 :l-4 ; Ez.13 e 14).

Em tempos de perigo e de am eaça de calam idades sem pre há os que afirmam ter revelações extraordi­
nárias. O diabo os instiga a encher os homens de falsas esperanças para conservá-los no pecado e em
segurança enganosa. Quando então vier o julgamento do Senhor, eles serão apanhados de surpresa.
Portanto todo aquele que diz ter revelações extraordinárias, encorajando os homens a se sentirem se­
guros vivendo pecam inosam ente, faz a obra do diabo, pois tudo aquilo que encoraja os hom ens a se
sentirem seguros em seus pecados procede do diabo (Jr.5:30, 31; 23:9-33).

No Novo Testamento o evangelho tam bém foi revelado aos apóstolos pelo Espírito. Foi pregado com
o Seu auxílio e tornado eficaz para a salvação de almas pela Sua obra e poder. Na igreja primitiva a
pregação do evangelho era acom panhada dos milagres realizados pelos apóstolos. Contudo Pedro
adverte a Igreja de que assim com o na Igreja do Velho Testamento havia falsos profetas, do mesmo
modo existiriam falsos m estres no Novo (2P d .2:l).

João nos diz com o devem os testar esses falsos m estres (ljo .4:1-3). Prim eiram ente ele nos insta a não
dar crédito a todo espírito, e em segundo lugar, devem os prová-los por sua doutrina. Não devem os
ser persuadidos pelos extraordinários milagres que possam fazer, m as pela doutrina que ensinam
(A p.2:2). Esta é uma regra apostólica (G l.l:8).

Deus deu à Igreja primitiva dois recursos para se protegerem dos falsos profetas e mestres: a Sua Pala­
vra, e a capacidade de discernir os espíritos. Contudo, ao cessarem os dons extraordinários do Espírito
Santo, o dom de discernir espíritos também cessou. A gora, nos restou apenas a Sua Palavra para tes­
tarm os as falsas doutrinas.

John Owen - "O Príncipe dos Puritanos', teólogo do século XVII.


0 Aborto,a Bíblia e o
Testemunho da Igreja
Por Georqe W. Kniqht III_____________________

borto: como a Palavra de Deus considera uma Êxodo 21:22-25.

A criança não nascida? Esta passagem é citada com freqüência como um


dos primeiros pontos de apoio da nossa questão. Fala a
respeito deseferir uma mulher grávida desorteque ela
Usamos aqui o termo "aborto" para indicar a expul­ aborte. Segue-se, então, a frase tanto na forma negati­
são de uma criança viva do ventre materno, pela instru­ va quanto na positiva:"porém sem maior dano"e "mas
mental idade humana, com o objetivo de que a criança se houver dano". Com referência à última segue-se a lei
seja exterminada.NE da igualdade de punição: "então darás vida por vida..."
O motivo da nossa preocupação, como cristãos, A questão exegética é se a própria criança está, ou
está no próprio fato de ser ela uma criança ainda não não, incluída nas palavras: "mas se houver dano". Se es­
nascida cuja vida é aniquilada. É inevitável e apropria­ tiver — como acho que está — então esta passagem é
do que os cristãos abordem este assunto a partir do uma prova de que a morte de uma criança é considera­
ponto de vista divino quanto à vida humana, confor­ da como a morte de um ser humano, o que, na teocra­
me expresso no sexto mandamento: "Não matarás" cia de Israel do Velho Testamento, é punível com "vida
(Ex. 20:13). porvida".Tal correlação deveria salientar queacriançaé
O fundamento para a proibição de tirar intencio­ considerada como humana. Claro que, não sendo este
nalmente a vida humana está nas palavras: "porque um aborto premeditado, só se pode concluir quese um
Deus fez o homem segundo a Sua imagem" (Gn. 9:6). "aborto acidental"foi assim considerado, quanto mais o
Esta mesma passagem não proíbe mas, pelo contrário, aborto intencional estará sujeito à pena de morte.
autoriza o homem a matar outras criaturas para que Por causa da argumentação, deve-se considerar a
ele mesmo possa viver. O homem, entretanto, feito à situação oposta em que a criança não está incluída na
imagem de Deus, não pode ser morto. lei da igualdade de punição. Seria isso uma prova de
que o VelhoTestamento considerava a criança menos
A pergunta crucial. que humana e que o aborto não é uma violação da
A pergunta, posta diante de nós, é se a criança é ou santidade da vida humana? Pode ser, e assim se argu­
não um homem, uma pessoa humana à imagem de menta, mas não é isso que necessariamente se deduz.
Deus;e se o aborto, por causa disso, transgride ou não Tal interpretação poderia apenas indicar que o causa­
este elementar mandamento de Deus. dor do dano não era tido como responsável por uma
Como cristãos que estão sob a autoridade da Pala­ morte indireta e não intencional. Noutro lugaro Velho
vra de Deus, voltamo-nos para ela e indagamos que Testamento adota esta posição quanto ao homicídio
evidências, diretas ou indiretas, ela pode nos fornecer involuntário, sem entretanto implicar que tirar não in­
sobre o aborto, e, em particular sobre como as Escritu­ tencionalmente a vida humana não seja culpável. O
ras consideram a criança. mesmo pode se dizer desta passagem e da questão
Nossa investigação defronta-se, inevitavelmen­ do aborto intencional.
te, com as seguintes questões: Que diz as Escrituras
sobre a criança? Considera-a como humana, ou não? Salmo 139:13-16.
Indicam, as Escrituras, quando é que se inicia a vida Este é um exemplo extraordinário daquelas pas­
humana, isto é, quando é que o homem começa a ser sagens que se referem a uma pessoa em seu estado
uma pessoa à imagem de Deus?

R e v is t a O s P u e it a iio s
P o r G e o rge W. K n ig h t III

fetal. Entre outras frases significativas masse no ventre materno, eu te co­ envolverá com a Sua sombra; por isso
encontra-se o versículo 13: "entrete­ nheci, e antes que saísses da madre, também o ente santo que há de nascer,
ceste-me no ventre de minha mãe”. te consagrei e te constitui profeta às será chamado Filho de Deus"(v,35).
A importância desta declaração está nações" Esta passagem começa com a Para encorajar Maria a crer na pro­
no fato de que o salmista refere-se a afirmação de que o Senhor conhecia a messa destas palavras, o anjo conti­
si mesmo na sua identidade huma­ Jeremias antes mesmo de o formar no nuou: "E Isabel, tua parenta, igualmen­
na pessoal quando ainda estava no ventre materno. te concebeu um filho na sua velhice,
ventre de sua mãe: "entreteceste-me". Expressões tais como conhecer, for­ sendo este já o sexto mês para aquela
Ele refere-se a si mesmo, antes e de­ mar e consagrar, indicam que Jeremias que diziam ser estéril. Porque para
pois do nascimento, na sua unidade écon siderado, pelo próprio Deus, como Deus não haverá impossíveisem todas
psicossomática. Aquele que agora dá um ser humano enquanto no ventre. O as suas promessas" (w. 36,37).
graças a Deus, no versículo 14, é o mes­ fato de que Deus o conhecia ou o es­ A American Standard Version traduz
mo que foi maravilhosamente forma­ colheu mesmo antes de sua existência a palavra grega gennao, que significa
do em secreto no ventre da sua mãe, começar no ventre não nega o fato de conceber, por"darà luz". Embora a pala­
versículos 13 a 15. que o que estava formado no ventre vra possa significar gerar, conceber, ou
era uma pessoa humana, reconhecida darà luz, na minha avaliação o sentido
Salm o 51:5. e considerada por Deus como tal. do contexto é gerar ou conceber. A pa­
Aqui se esclarece a identificação da lavra aparece na resposta do anjo à per­
humanidade da criança, e, ao mesmo Lucas 1:24-26. gunta de Maria sobre como poderia ela
tempo, se exclui qualquer tendência Esta é uma das mais relevantes conceber, e não como poderia ela dar
para se dizer que isso não passa de passagens do Novo Testamento. O à luz. A própria concepção de Isabel é
uma mera licença poética. "Eu nasci versículo 41 diz que a criança de Isa­ apresentada como um encorajamento
na iniquidade, e em pecado me conce­ bel lhe estremeceu no ventre quando (v.36). Certamente que o contexto está
beu minha mãe". A afirmação de Davi é ela ouviu a saudação de Maria. "A cri­ voltado para a idéia de concepção. A
que ele estava marcado e caracteriza­ ança estremeceu de alegria dentro primeira parte do versículo 35, referen­
do pelo pecado desde o momento da em mim" (v. 44). Temos aqui um feto te à atividade do Espírito Santo, tem
sua concepção no ventre da mãe. Falar de seis meses descrito nos termos da também em vista a perspectiva de con­
sobre alguém no instante da sua con­ emoção humana da alegria. Esta mes­ cepção. E, porfim, o paralelo de Mateus
cepção, e fazê-lo nos termos da sua pe- ma criança é tratada, no versículo 36, 120 ("o que nela foi gerado é do Espíri­
caminosidade, é afirmar a sua humani- como "um filho". to Santo"), usa, aparentemente, o mes­
dade desde oinstante da concepção. A mo verbo gennao — que obviamente
pessoa que fala de si mesma como o A Encarnação significa e é traduzido por conceber ou
humano “eu" que ao nascer estava em A completa humanidade de nosso ser gerado — como o mesmo sentido
iniqüidade (v. 5a) é a mesma que faia Senhor é também um fato de grande de Lucas 1:35.
de si (“me") quando foi concebida em importância para o nosso estudo. M es­ Como será que Maria, que não co­
pecado pela sua mãe (v.5b). mo a singularidade da encarnação do nhece nenhum homem, conceberá tal
A iniqüidade e o pecado não são Filho de Deus como o Deus-homem criança? Como e por que será aquele
nem o ato sexual da concepção nem serve em si mesma, associada à sua filho um ente santo, o Filho de Deus?
o ato do nascimento, mas, pelo contrá­ identificação com a nossa natureza Lucas diz que a inferência é auto-
rio, são a pecaminosidade inerente ao humana, para auxiliar à nossa pesqui­ -evidente. A encarnação acontece por
salmista, e a todas as pessoas, desde o sa neste ponto. causa disso (grego: dio), o Espírito San­
momento de sua existência como ser O anjo declarou a Maria que ela to descerá sobre ela envolvendo-a no
humano. Davi descreve aquele mo­ conceberia e daria à luz um filho ao poder do Altíssimo com a Sua sombra
mento de existência como o instante qual chamaria de Jesus (Lc. 1:31). Maria (v.35).
em que sua mãe o concebeu. perguntou naturalmente: "Com o será Se a humanidade de Jesus, Sua
isto, pois não tenho relação com ho­ encarnação em forma humana como
Jeremias 1:4,5. mem algum ?" (v.34). O anjo lhe disse, Filho de Deus, concretiza-se quando
"A mim veio, pois, a palavra do SE­ como resposta: "Descerá sobre ti o Es­ Maria concebe pelo Espírito Santo; e se
NHOR, dizendo: Antes que eu te for­ pírito Santo e o poder do Altíssimo te isso é verdadeiro n'Aquele que se fez

R e v i s t a O s P u r it a n o s
O A b o r t o , a B íb l ia e o T e s t e m u n h o o a I g r e j a

semelhante a nós em todas as coisas, nenhuma). A falta de referência explíci­ Barnabé, 19:5; "não procurarás o
exceto no pecado, não seria isso mais ta quanto ao aborto só pode, também, aborto, não cometerás infanticídio".
uma indicação de que a nossa humani­ indicar que as Escrituras entendem O Didaquê, Cap. II: "Não assassi­
dade, semelhantemente, começa com que ele já foi levado em consideração narás uma criança pelo aborto, nem
a nossa concepção? A Igreja Cristã de na proibição geral de homicídio. matarás aquele que está gerado".
todas as épocas tem confessado pelo Tertuliano, Apologia IX: "Em nosso
Credo Apostólico que Jesus Cristo, o 0 Testem unho da Igreja. caso, sendo o assassinato totalmente
unigénito Filho de Deus, "foi concebi­ A oposição ao aborto tem sido uma proibido, não podem os nem mesmo
do por obra do Espírito Santo". das características da Igreja Cristã ao destruir o feto no ventre... Impedir um
longo de toda a sua história até aos nascimento é tão somente um hom i­
A Com provação Bíblica. dias presentes. Isso pode ser visto em cídio antecipado; não há diferença
Ascomprovações dasEscrituras não declarações da igreja dos primeiros entre tirar-se a vida do que é nascido
se resumem apenas nessas. A Bíblia é dias, que continuam presentes na Igre­ ou do que virá a nascer. Já é homem,
unânime ao considerar o nascituro ja Católica Romana hoje, num relatório aquele que se tornará em um; na se­
como um ser humano. E ao considerá- da Igreja Luterana do Sínodo do Mis- mente, já tendes o fruto".
-lo humano, isso indica que o aborto souri, e no impacto que o cristianismo A s Constituições Apostólicas, VILiii:
voluntário é a violação de um dos man­ tem exercido nas leis das nações cha­ "Não matarás teu filho pelo aborto,
damentos de Deus:"Não matarás". madas cristãs até bem recentemente. nem matarás aquele que está gerado:
Pode-se objetar que tal compro­ (A Carta das Nações Unidas traz uma porque tudo que é criado e recebeu
vação é esparsa e indireta; não é uma veemente condenação ao aborto). De uma alma de Deus, se for assassinado,
proibição explícita. Mas esta não é, m odo geral as leis estaduais nos Esta­ será vingado, por ter sido aniquilado
em si mesma, uma objeção substan­ dos Unidos proibiam o aborto, exceto injustamente".
cial. Muitas das provas bíblicas sobre para salvar a vida da mãe, até à cres­
tantas e importantes questões se apre­ cente onda para "liberar"tais leis.
Dr. George W. Knight III - Bei em Artes pelo Da-
sentam de modo semelhante. Isto faz Os modernos proponentes do vidson College, Bei. e Mestre em Teologia pelo
Westminster Theological Seminary, e Dr em Teo­
parte da natureza da revelação bíblica. aborto, tanto eclesiásticos quanto mi­
logia pela Free University of Amsterdam
A falta de explicitude não pode ser usa­ nisteriais, estão apenas confirmando o
N O T A D O E D IT O R :
da para forçar a aceitação do aborto, espírito dessa era, e ao fazê-lo negam Hoje já existe uma medicação abortiva muito sutil,
ou a sua indiferença. a histórica posição cristã. Seus pronun­ cujo princípio ativo é o levonorciestrel que é cha­
mado de 'pílula do dia seguinte” Por què ? Porque a
Na Bíblia, a dispersão de referência ciamentos encaixam-se na convulsão parceira toma a pílu la no dia seguinte ao ato sexual
A ação da pílula impede a nidaçáo (implantação)
quanto a uma determinada questão atual pelos "direitos" da mãe, enquan­ d o ovo no útero, fruto da fecundação d o óvulo na
só vem indicar uma forte e subjacente to ignoram os direitos do filho. trompa E verdade que a medicação poderia levar
à morte d o espermatozóide antes da fecundação
comprovação ou mesmo concordân­ em alguns casos. Assim sendo não seria abortiva,
mas o que irá acontecer não se pode prever A pos­
cia com ela. (Considere-se a virtual Apresentam os aqui algu m as sibilidade de ser abortivo é muito mais alta. Neste
omissão de referência à Ceia do Senhor das declarações da igreja prim i­ caso é algo condenável, pois mata um ser logo nos
seus primeiros m om entosapós a fecundação (Mais
nas epístolas. Não fosse o problema tiva com o dem onstração da informações, acessar o site d o d o Jornal Diário de
Pernambuco: www.dpnet com br - Vida Urbana) -
havido em Coríntios, não existiria mais com preensão cristã do aborto; d o dia 21 de fevereiro/2001)

O apóstolo Paulo Tenho certeza que este é um problema no Brasil tanto quanto nos Estados
Unidos. Este texto não fala tanto a respeito de um ofício, mas de uma
teve de que lid ar com atividade que o apóstolo Paulo, como porta voz de Deus, está aqui deli­
a questão de haver neando. Paulo também exclui, como a Igreja tem feito através dos séculos
por reconhecer biblicamente a impossibilidade de ordenação de mulheres
ou não lid eran ça
para o pastorado, para o presbiterato e para o diaconato. Isso está claro no
m ascu lin a tanto na fato de que, se não concordamos, baseados na Bíblia, que a mulher exerça
fa m ília como na Igreja. a autoridade de ensinar as Escrituras na Igreja, isso obviamente a proíbe de
ser uma pastora e se não queremos que ela exerça autoridade de homem,
como diz o texto, concluímos também que ela não deve ser eleita para estes
D r. George K night ofícios citados.

37 R e v is t a O s P u e it a iio s
Preparando-se para
o Casamento Cristão
Por Bob Sheehan

o mundo moderno de forma crescente o ca­ incompleto. Como ele era o único feito à imagem

N samento tem sido visto com o fora de moda.


Relacionamentos de natureza
("vamos experimentar para ver se dá certo") têm sido
temporária
de Deus, nenhuma outra criatura no mundo de Deus
poderia satisfazer suas necessidades e complementá-
-lo adequadamente. Sua inspeção da criação animal
introduzidos substituindo-o. Isto levanta a questão: e governo sobre eles aumentaram seu senso de que
era único e enfatizaram sua solidão. Deus reconheceu
0 CASAM ENTO É IMPORTANTE? isto e criou Eva para que fosse esposa de Adão, para
A resposta bíblica para esta questão é clara -'D igno complementar suas características ealiviar sua solidão,
de honra entre todos seja o matrimónio'. Ele não deve o grande castigo do solteiro.
ser visto como uma relação desejável por aqueles que
querem viver dessa maneira, nem meramente como 2) Procriação
uma opção entre muitas. Antes, as Escrituras reque­ Quando Deus uniu homem e mulher no primeiro
rem que seja dada honra universal ao casamento. casamento, Ele lhes ordenou que fossem frutíferos e
A razão para esta visão elevada do casamento deve crescessem em número, a fim de encher a terra e sub-
ser achada no fato de que Deus o ordenou. Ao respon­ jugá-la. A idéia de que se deve entrar num casamento
der perguntas acerca do d ivórcio nosso Senhor lembrou com a intenção de nunca ter filhos, apenas para per­
Seus ouvintes que Deus criou humanos macho e fêmea, mitir ao casal ter um relacionamento, mas sem família,
e ao trazer Eva para Adão ordenou o matrimônio e esta­ é incapaz de ser justificada nas Escrituras. A presença
beleceu seus elementos básicos. No Velho Testamento de filhos num casamento é considerada uma bênção
esta afirmativa acerca do casamento é feita sem que o de Deus. A criação de filhos no contexto da influência
interlocutor seja identificado, mas no Novo Testamento piedosa é um dos privilégios do casamento. Isto, claro,
nosso Senhor especificamente a atribui a Deus. não quer dizer que a presença de filhos é essencial
O comprometimento de Deus com a relação do para validar um casamento. Deus governa sobre todas
casamento é demonstrado mais ainda pelo uso dele as coisas, inclusive sobre o nascimento. Se Ele priva um
com o ilustração de Sua relação espiritual com Seu casal de ter filhos, nenhuma vergonha pode ser atribu­
povo. Deus o Pai e Deus o Filho são vistos como ma­ ída a eles por não cumprirem esta parte do casamento.
ridos casados com o Israel do Antigo Testamento e Alguns casamentos também são contraídos nos quais
com a igreja do Novo Testamento. O livro inteiro de há razões médicas ou questões de idade onde a pro­
Cânticos de Salomão é devotado a ilustrar este fato. criação é inapropriada. Essas são exceções que não
invalidam a regra.
RAZÕES PARA 0 CASAM ENTO
A cerimônia tradicional do casamento detalha três 3) Relações Sexuais
razões porque Deus ordenou o casamento, todas elas Deusfeza hum anidadem achoefêm ea eordenou
claramente fundamentadas nas Escrituras. e abençoou a união sexual. O impulso sexual nos hu­
manos pode levar ao pecado se não for cumprido no
1) Companheirismo casamento. Quando as Escrituras recomendam a vida
Ao ser criado por Deus num mundo livre de peca­ solteira como um apoio à dedicação na obra cristã,
do, Adão era justo, santo e inteligente; todavia, era sem as perturbações do casamento, elas a vêem como

R e v i s t a O s P u r it a n o s
Bo b S heehan

um dom de Deus. Aqueles que preci­ enfrentarem necessidades e dificulda­ trado espontaneamente. O casamen­
sam ser casados, não tendo o dom do des. A orientação completa do pensa­ to de Cristo e Sua igreja não é um ca­
celibato, é melhor que se casem do mento bíblico é de um estilo de vida sam ento^ bala', com os participantes
que serem inflamados com o desejo mais consciente da família do que é forçados pelas circunstâncias. Cristo
sexual e venham a entrar em pecado prevalecente na sociedade ocidental amou a igreja porque Ele assim o
extraconjugal. Desse modo a santida­ atual. Os anciãos devem ser recebe­ desejou. O amor do marido similar-
de pode ser preservada entre o povo dores de grande respeito. Contudo, m entedeveser genuíno. Estarcasado
de Deus. se um casal, unido pelo matrimônio, não deve ser um dever a fim de evitar
se considerar como união primária e maiores complicações, ou por causa
A NATUREZA DO CASAM ENTO aceitar que são independentes, eles dos perigos do que acontecerá se o
Ao ordenar o casamento Deus deu irão invariavelmente reservar os pro­ namorocontinuar. 0 verdadeiro amor
três instruções, que podem ser resu­ blemas para si mesmos e não os levar não faz o que deve sob um espírito
midas com o deixar, apegar-se e unir. todos a seus pais. Isto irá ligá-los um de obrigação, mas de bom grado faz
Esses são os três elementos funda­ ao outro. Eles desenvolverão seu pró­ o que é bom.
mentais em um casamento e podem prio jeito de fazer as coisas, e não me­ O amor de Cristo é gracioso. A gra­
ser comparados às pernas suportes ramente importarão as tradições de ça abençoa aqueles que são imerece-
de uma banco de três pernas. Uma seus respectivos pais, o que pode tra­ dores. Ela não funciona com o prin­
deficiência em qualquer dessas áreas zer conflitos entre os dois.'Minha mãe cípio de recompensa. O marido que
pode levar um casamento a sérias difi­ nunca fez assim!', é uma frase como entra num casamento determinado
culdades, ou no mínimo incitar agravo outras típicas que geram desarmonia. a proporcionar seu amor no grau em
e tensão. É muito melhor deixar as tradições pa­ que sua esposa agradá-lo (o agra-
ternas para trás para que o casal crie da?)é totalmente diferente de Cristo.
1) Deixar seu próprio jeito de fazer as coisas. Em Se Cristo amasse Sua igreja apenas
Mesmo na sociedade moderna muitas áreas da vida não há tal coisa quando ela fosse co-operadora e
onde adolescentes com freqüência como o jeito certo, e sim uma série de agradável a Ele, alguma vez Ele a ama­
deixam o lar para conseguir mais pre­ opções. O casal deve eleger sua opção. ria? Em muitos casamentos a esposa
paro ou achar emprego, e por isso para será freqüentemente agradável efácil
alguns a formatura rompe a unidade 2) Apegar-se de se amar, mas quando ela não o for,
da família, eles ainda são considerados Mais tempo será gasto com "ape­ a responsabilidade do marido em de­
como parte da família até que se ca­ gar-se" ou "ser u n id o ", pois sob este monstrar amor gracioso, procurando
sem."Ir para casa"geralmente se refere tópico nós consideraremos as respon­ o bem e benefícios dela, é uma ques­
mais ao lar fraterno do que ao aloja­ sabilidades particulares do marido e tão muito delicada.Teóricos e idealis­
mento da universidade, apartamento da esposa em relação um ao outro. tas previnam-se: não é fácil!
na cidade, ou pensionato onde vivem. O amor de Cristo é sacrificial. Ele
Ao ordenar o casamento Deus de­ a. O papel do marido deu-se a Si mesmo por Sua igreja com
cretou que ele envolvesse deixar os O marido precisa sempre ter dian­ o propósito de fazer o bem dela. Ele
pais. Avelha uniãodepai,m ãeefilhos te de si o fato de que o modelo de sua queria beneficiá-la e considerou que
é deixada para trás por causa da nova relação com sua esposa é aquele da nenhum custo era alto demais. Des­
união de marido e esposa. A esfera atitude e ações de Cristo para com cobrir o que é benéfico à esposa en­
primária de responsabilidade muda. Sua igreja. O que Cristo é para a igre­ volve compreensão e levar em conta
A velha ordem é substituída por uma ja, o marido deve ser para Sua esposa. as necessidades, temores e desejos
nova. A lealdade primária do casal é A palavra chave éamor. Cristo amou dela. Cristo compreendeu que a igre­
de um para com o outro, não para com a igreja. Os maridos devem amar suas ja precisava de apego, santificação e
seus pais. esposas. Das três possíveis palavras glorificação, e proveu isso embora
Isto não quer dizer, claro, que um gregas para amor Paulo não usou as isto fosse muito custoso a Si mesmo.
casal após o casamento deve ser ne­ que enfatizam união sexual e amizade, Da mesma forma, o marido deve viver
gligente edesatencioso com seus pais. mas a palavra que envolve se doar. com sua esposa com sabedoria e en­
Ele tem a responsabilidade dada por O amor de Cristo por Sua igreja tendimento da situação dela. Ele deve
Deus de honrá-los, eajudá-losquando tem muitas características. É dem ons­ então cuidar dela com o m esmo tipo

39 R e v is t a O s P u e it a iio s
P r e p a r a n d o - s e p a r a o C a s a m e n t o C r is t ã o

de cuidado e devoção que ele dispen­ lidade à esposa é vista com o tendo As características da atitude de
sa à sua própria saúde. O bem-estar alta prioridade aos olhos de Deus. uma esposa em sua relação com seu
dela deve ser seu principal interesse; É neste contexto que o papel do marido são resumidas sobas palavras
e sua fragilidade, que a incapacita de marido como o cabeça da esposa amor, e um espírito gentil e tranqüilo.
ser uma esposa e mãe feminina e gen­ deve ser entendido. Sua liderança é É possível haver um respeito carente
til, deve ser levada em consideração igual à de Cristo, à liderança do Salva­ de amor e alimentado pelo medo. A
por ele. Ele deve beneficiá-la, mesmo dor. Cristo não governa com o Cabe­ esposa é encorajada a amar aquele
que isto lhe seja custoso. ça sobre a igreja como um tirano faz. que ela respeita. Ela não deve vê-lo
O amor de Cristo é também dura­ Ele não é egocêntrico e arrogante - o como seu opressor, mas dar-se a ele
douro. Na terra Ele amou os discípu­ tipo de m arido'pegue meus chinelos e por ele. É difícil contemplar uma
los até o fim, e em Seu estado eterno e saiba seu lugar'. Algum as pessoas mulher mandona e valentona sendo
não há um nenhum ponto final onde não podem entender governo sem ao m esmo tempo uma mulher de es­
cesse Seu amor. Da mesma forma o agressão. Cristo governa a igreja com pírito tranqüilo e gentil. Estas últimas
amor do marido não é uma coisa tem­ autoridade, como o Cabeça real, toda­ qualidades são antes recomendadas
porária, mas até a morte. 0 encurta­ via com paciência, gentileza, compre­ com o virtudes do que vistas como
mento do matrimônio pelo divórcio ensão e amor. Cristo não é nem man­ evidências de fraqueza.
nunca fez parte da intenção de Deus dão nem 'moleirão', mas lidera com Exatamente como o objetivo da
para o casamento. A permissão para dignidade e sensibilidade. Liderança igreja é glorificar a Cristo, assim a
o divórcio foi dada como uma conces­ implica responsabilidade edireção. esposa deve ser a glória de seu mari­
são à fraqueza humana pelo pecado. O marido precisa reconhecer que do. Ela deve agir de maneira que lhe
Fundamentalmente Deus odeia o di­ ele tem um papel dado por Deus de traga louvor e respeito. Este é o jeito
vórcio. As bases nas quais o divórcio liderança dentro do casamento, do de viver da esposa para o benefício
e a separação são permitidos, embora qual é pecaminoso esquivar-se. Essa de seu marido, exatamente como ele
nunca ordenados ou recomendados, liderança não é uma autocracia tota­ deve viver para o benefício dela. Uma
são apenas duas - pecado sexual e litária, mas como a de Cristo, para o boa esposa levará seu marido a ser es­
deserção religiosa. bem da esposa e da família. timado.
Os votos do matrimônio refletem É um fato que se observa que, se
sua natureza duradoura. Eles não ape­ b. O papel da esposa uma mulher tem um marido tirano,
nas afirmam que o casamento é por A analogia de Cristo e a igreja apli­ ela geralmente recebe sim patia.'Po­
quanto tempo ambos os parceiros ca-se à esposa assim como ao marido. bre mulher', diz o vizinho, 'esse mari­
viverem, mas também que as dificul­ Ela deve reagir a seu marido assim do dela é mesmo um bruto'. Contudo,
dades, doença e pobreza não anulam como a igreja deve reagir a Cristo. A deixe um marido ter uma esposa re­
os votos. Maus tempos em qualquer igreja tem respeito e reverência por belde e fanfarrona; por todo aquele
dessas áreas não dá ao homem ou à Cristo por causa de quem Ele é. Ele que disser 'pobre rapaz', muitos mais
mulher o direito de pensar que che­ é o Cabeça da igreja. Assim a espo­ o terão em desprezo por ser mole de­
gou o tempo de mudar de parceiro. sa deve respeitar seu marido como mais para ser mandado! A reputação
Cristo é fiel em Seu am or pela aquele indicado por Deus para ser o de um marido depende largamente
igreja. Ele continua com Sua igre­ cabeça da casa. Esse respeito deve ser de sua esposa. O ditado 'por trás de
ja aconteça o que for a ela. As a d ­ mais que uma questão de lábia. Ele todo grande homem há uma grande
vertências terríveis que são feitas envolve submissão à liderança dele. mulher' é mais verdadeiro do que
contra o adultério nas Escrituras Claro, como sempre, há uma cláusu­ muitas pessoas admitirão!
deveriam ser o suficiente para nos la de exclusão. A subm issão deve ser A esposa que é amorosa, de uma
convencer que Deus tem ó d io pro­ em todas as áreas, mas apenas como disposição tranqüila, gentil e submissa,
fu nd o da infidelidade no casamen­ a igreja se submete a Cristo. Cristo cujo objetivo é elevar a reputação de
to. Exatamente como o matrimônio nunca requer que a igreja faça o mal, seu marido, não é a escrava apagada,
é a grande ilustração de um bom pois Ele busca o bem dela. Da mesma desmiolada e sem iniciativa que algu­
relacionamento com Deus, assim o forma, não é exigido de uma esposa mas feministas gostariam de sugerir. A
adultério é a descrição de um rela­ seguir a liderança de seu marido no verdade é que ela escolheu o casamen­
cionam ento infiel e rebelde. A fide­ pecado. Esta é a única exceção. to, e por isso a abandonar o individualis­

R e v i s t a O s P u r it a n o s
Bo b S heehan

mo egoísta por uma vida em que coloca deramos, e elas estão repercutidas na filhos, os cristãos precisam decidir
seu marido e filhos em primeiro lugar, identidade da linguagem dos votos, como planejar suas famílias. Por cau­
mas há abundância de espaço para a feitos pela mulher assim como pelo sa do fato de que isto é agora uma
iniciativa e uma larga variedade de ati­ homem, na cerimônia tradicional do possibilidade o uso de remédios não
vidades na busca daqueles fins. casamento. deve ser rejeitada como m enos natu­
Embora isto seja muito contesta­ ral do que é. Os cristãos irão desejar
do hoje, eu afirmaria que a esposa 3) União ter filhos, mas Deus não revelou o
tem responsabilidade primária pelo Por união estamos nos referindo número correto, ou o melhor tempo
lar. Ela reconhece que deve prover o ao conceito bíblico dos dois se tor­ entre cada filho.
contexto estável no qual seu marido narem uma só carne. Dois indivíduos Alguns cristãos acreditam que o
possa seguir sua carreira e seus filhos unidos pela relação sexual e tornados método do ciclo menstrual é natural
possam se desenvolver. Sua vida uma nova unidade conjugal. e s e g u ro , mas muitos acreditam que
pode ser cheia e ocupada, providen­ Embora seja correto que os cris­ não é nem natural nem seguro. Ao
ciando comida e roupas com eficiên­ tãos devam mostrar devida m ode­ escolher entre contraceptivos moder­
cia. Ela pode encontrar oportunida­ ração ao considerar este assunto tão nos os cristãos devem evitar aqueles
des para comprar, vender e ganhar íntimo, é necessário que reconheça­ que funcionam como abortivos, isto
algum dinheiro para si, para gastar m os a natureza honrosa das relações é, dispositivos intra-uterinos e pílulas
de forma não inconsistente com as sexuais dentro do casamento. Deus do dia-seguinte, por causa das ab­
responsabilidades que tem por sua nos fez macho e fêmea. Deus fun­ solutamente reais objeções bíblicas
familia. Em prego não é um pecado de dois em um. As relações sexuais contra o aborto.
para esposas e mães contanto que dentro do casamento não apenas Seria errado, entretanto, limitar
ele não as remova de suas responsa­ são vistas com o necessárias para a união dos dois em um à união fí­
bilidades primárias para com seus evitar o pecado , m as também são sica. Uma união espiritual deve tam­
maridos e filhos. usadas como uma descrição da re­ bém ocorrer. Esta é a razão por que
A esposa deveria também achar lação entre Cristo e Sua igreja. Este os crentes devem casar apenas com
oportunidades de fazer boas obras fato deveria deixar claro que não há crentes. Um matrimônio entre um
em ajudar outros que estão em ne­ nada inerentemente mau ou indese­ cristão e um não-cristão pode ser es­
cessidade. Grandes oportunidades jável acerca do lado físico do matri­ tável, mas é necessariamente incom ­
de expressão do cristianismo práti­ mônio. O s cristãos não devem pensar pleta porque é a união de um filho
co podem surgir quando os maridos que ele por isso deve ser depreciado, de Deus com um filho de Satanás.
estão no trabalho e as crianças na ou pensar que ele de alguma forma Esta é a razão dela ser proibida nas
escola. Esposas e maridos são colo­ é carnal. Escrituras.
cados em ambientes diferentes que A base para as relações sexuais A unificação espiritual irá se ex­
provêem possibilidades evangelísti- no casamento não é uma satisfação pressar de várias maneiras, incluindo
cas diferentes. Não se deve presumir lasciva. O amor entre os parceiros ca­ leituras da Bíblia e oração conjuntas.
que um espírito tranqüilo e gentil de sados está sendo expresso. Relações A utilidade de um casal cristão é vis­
subm issão signifique que a esposa assim entre marido e esposa são reco­ to em Priscila e Áquila, em com o eles
seja tratada como se desprovida de mendadas no casamento e devem trabalharam juntos para o benefício
pensamento. Uma esposa seguindo ocorrer regularmente e por mútuo de Apoio. Casais cristãos que levam a
as diretrizes bíblicas e vivendo na consentimento. Nem o marido nem sério sua união espiritual, e que oram
reverência de Deus será apreciada e a esposa devem considerar seus pró­ juntos toda noite, terão uma razão
suas opiniões serão pedidas. Esposas prios corpos como pertencentes si naturalmente real para rapidamente
contenciosas afastarão seus maridos mesmos. O fato de que o lado sexu­ superar quaisquer dificuldades que
de si. Boas esposas ganham a con­ al do casamento deve ser uma parte ocorram, de m odo que sua adoração
fiança e influenciam seus maridos. desfrutada do casa mento cristão está será aceitável a Deus, e suas orações
As mesmas requisições de casa­ claro por causa da atitude da Escritura. não interrompidas.
mento duradouro e fidelidade são Com o uma das conseqüências da
estabelecidas para a esposa assim atividade sexual dentro do casamen­
Bob Sheehan
com o para o marido. Nós já as consi­ to geralmente será o nascimento de

41 R e v is t a O s P u e it a iio s
Soli Deo Gloria
Somente a Deus Seja a Gloria
Por David Curtis

uando a nave espacial Challenger foi ao espaço destrutiva. I Cor. 1:18-25 realça a sabedoria de Deus na

Q e explodiu em setenta e três segundos de vôo,


o mundo ficou chocado. Muitos de nós vimos o
vídeo daquele momento terrível várias vezes. Podemos
cruz, a qual é loucura para o mundo. O próximo segmen­
to da carta de Paulo, I Cor. 126-2:5, nos diz que Deus usa
a mensagem da cruz para erradicar a vanglória humana.
até recriar em nossas mentes o quadro daquele céu azul A cruz exalta a Deus e dá a Ele toda a glória. A primeira
marcado por fumaça e grandes pedaços de metal cain­ maneira como Deus glorifica a si mesmo através da cruz
do no oceano. E nós sabemos, ao recordarmos o cruel é por meio das pessoas que Ele escolhe para Ele mesmo.
espectro da explosão, que entre aqueles pedaços que Em I Cor 1:26, lemos: "Irmãos, reparai, pois, na vossa
caíam estavam os corpos de alguns dos homens e mu­ vocação; visto que não foram chamados muitos sábios
lheres mais finos dos EUA. segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos
Muitos de nós também sabem que as investigações de nobre nascimento"
sobre a causa da tragédia apontaram alguns sérios défã- Paulo dizà igreja de Corinto: "Olhem para vocês mes­
citsdojulgamentohumanoeadministraçãode materiais. mos. Olhem para sua con gregação— o que vocês vêem r.
O "New York Times" escreve com franqueza: a causa defi­ Ele aponta para o fato de que não havia lá muitos sábios
nitiva do acidente com a nave espacial foi o orgulho. Um ou muitosdesuprema inteligência, gigantesintelectuais;
grupo de administradores-chefes errou em não atentar não muitos grandes ou poderosos, influentes, todo-po-
cuidadosamente para as advertências feitas por subordi­ derosos, pessoas com poder político; não muitos nobres,
nados, que estavam preocupados com a confiabilidade pessoas de berço nobre de famílias reais.
operacional de certas partes do foguete de lançamento; Sábio, poderoso e nobre são adjetivos que definem o
estes estavam sob condições anormais de estresse. As que o mundo acha que é um grande homem. O mundo
pessoas encarregadas estavam confiantes de que sa­ baseia grandeza em: conhecimento, educação, poder,
biam melhor as coisas, e que não deveriam mudar os dinheiro e status. Os convertidos ao cristianismo em ge­
esquemas de lançamento. Elas estavam equivocadas. ral não eram das camadas mais elevadas da sociedade.
Deus chamou pessoas para as quais o mundo olha como
Oorgulho é uma força destrutiva. Ele literalmente "Joões-ninguém". A palavra "chamado" se refere ao cha­
coloca o "eu" acima de Deus. Orgulho é uma atitude de mado salvador de Deus, ao chamado eficaz que resulta
auto-glorificação, uma tentativa de negar nossa depen­ na redenção antes do que vocação.
dência de Deus. Em I Corintios 1:26-25, Paulo enfatiza O comunismo contende contra isso dizendo que só
que o homem é totalmente dependente da sabedoria os fracos e oprimidos se voltam para Cristo, porque eles
de Deus para a salvação, e que a sabedoria de Deus não precisam da religião para fortalecê-los e mantê-los de pé.
deixa espaço para o orgulho humano ou a auto-glória. A A Bíblia nega isso completamente; Deus chama pessoas
sabedoria de Deus esmaga o orgulho do homem. fracas e oprimidas para Si mesmo, para a salvação. Na
Em I Corintios 1:10-17 Pa ulo coloca ofato de q ue havia igreja primitiva a grande maioria dos cristão eram es­
divisões na igreja.De I Cor. 1:18atéocapítulo 3, Paulo lida cravos, porque aprouve a Deus chamar escravos para a
com as causas desta divisão, e a primeira causa era que salvação e não imperadores romanos, fariseus judeus ou
homense mulheresem Corinto estavam se gloriando na saduceus, ou filósofos gregos. Deus escolheu escravos.
sabedoria humana. Eles estavam se gabando do homem Olhe bem ao seu redor quem são seus irmãos e irmãs
e da sabedoria do homem, a qual é orgulhosa, altiva e em Cristo? Não há muitos sábios segundo a carne, nem

R e v i s t a O s P u r it a n o s
D a v id C u r t is

muitos poderosos, nem muitos nobres. "A eleição soberana de Deus é a ver­ uma nação, mas elas ficam indignadas
Porfavor note queele não diz sequer um, dade mais detestada e recusada pela por Deus escolher indivíduos. Escolheu
mas"não muitos". Selina, a condessa de maioria das pessoas que se dizem cren­ Deus a Abraão por ele estar procurando
Huntington, foi uma cristã trabalhadora tes. Deixem que seja clara e abertamen­ a Deus? Não, Abraão era um pagão, um
famosa, muito usada por Deus para aju­ te pregado que a salvação não se origi­ adorador da lua.
dar Seu povo. Ela disse: "Eu agradeço a nou na vontade do homem, mas sim na A idéia de que o homem tem alguma
Deus pela letra "m" na palavra "muitos" vontade de Deus, e, se não fosse assim, integridade pessoal e liberdade, as quais
(em inglês "m" em "many" se tirarmos ninguém, nenhum sequer poderia ser Deus não pode violar, vai contra a Bíblia:
o "m" ficaria "any"=qualquer). Deus cha­ salvo — pois como resultado da queda, Salmo 65:4 (Revista e Atualizada): "Bem-
mou poucas pessoas dentre os sábios, o homem perdeu todo desejo e vonta­ -aventurado aquele a quem escolhes,
poderosos e nobres. Mas na sua maioria de para o bem, e até mesmo os eleitos e aproximas de ti, para que assista nos
Deus chamou os loucos, os politicamen­ devem ser despertados para este querer teus átrios: ficaremos satisfeitos com
te fracos e os de nascimento não-nobre. — e serão altos os gritos de indignação a bondade de tua casa — o teu santo
Paulo continuou explicando por que contra tal ensino. Os negociadores de templo."
Deus não escolheu poderosos, sábios méritos não admitirão a supremacia da
e nobres: I Cor 127-28:"... pelo contrá­ vontade divina e a resistência da vonta­ A natureza da nossa eleição está
rio, Deus escolheu as cousas loucas do de humana. Conseqüentemente estes na escolha soberana de Deus, como
mundo para envergonhar os sábios, e que são os amargos em denunciara elei­ vemos em Atos 13:46-48: "Então Paulo
escolheu as cousas fracas do mundo ção pelo prazer soberano de Deus são e Barnabé, falando ousadamente dis­
para envergonhar as fortes; e Deus es­ os que mais fervem em defender o livre seram: Cumpria que a vós outros em
colheu as cousas humildes do mundo, e arbítrio da vontade do homem caído." primeiro lugarfosse pregada a palavra
as desprezadas, e aquelas que não são, de Deus; mas, posto que a rejeitais e
para reduzira nada as que são." O homem em sua condição caída a vós mesmos vos julgais indignos da
Você percebeu a ênfase nestes querter parte na sua salvação porque vida eterna, eis aí que nos volvemos
versículos? Três vezes Paulo diz "Deus ele quer exercitar o seu orgulho. Ele para os gentios. Porque o Senhor as­
escolheu". Por que é tão difícil aceitar quer assumir alguma responsabilidade sim no-lo determinou: Eu te constitui
o fato que Deus escolhe pessoas para por ter crido; ele quer ter crédito por ter para luz dos gentios, a fim de que sejas
a salvação? Porque percebendo que feito a escolha certa. Uma compreensão para salvação até aos confins da terra.
Deus escolhe pessoas, em última ins­ correta da eleição de Deus não permite Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-
tância destrói a idéia de que um indi­ a qualquer crente se sentir superior em -se e glorificavam a palavra do Senhor,
víduo pode ir ao céu por sua própria relação a qualquer não-crente. e creram todos os que haviam sido
vontade: o indivíduo tem que ser es­ A idéia de Deus ter escolhido pes­ destinados para a vida eterna.”
colhido. Algumas pessoas usam João soas, particularmente pessoas fracas, Para a maior parte dos ouvintes
3:16 para argumentar que qualquer é um tema recorrente nas Escrituras: de Paulo e Barnabé, a mensagem da
um que quiser pode ser salvo, por isso Deuteronômio 7:6-8 (Revista e Atualiza- cruz era loucura, mas para aqueles que
Deus não pode escolher pessoas para da):"Porque tu és povo santo ao Senhor Deus havia escolhido era o poder de
serem salvas. Pode alguém querer crer teu Deus: o Senhor teu Deus te escolheu, Deus.
em Cristo, mesmo não sendo escolhi­ para que lhe fosses o seu povo próprio, Nós não apenas nos incomodamos
da? Isto é impossível porque à parte da de todos os povos que há sobre a terra. com o fato de Deus escolher, mas tam­
eleição de Deus ninguém gostaria ou Não vos teve o Senhor afeição, nem vos bém nos incomodamos com o tipo de
iria querer vir a Cristo, de acordo com escolheu, porque fôsseis mais numero­ pessoa que Ele escolhe. Deus escolheu
João6:44:"Ninguém pode vir a mim se sos do que qualquer povo, pois éreis o os loucos, fracos, pequenos e despre­
o Pai que me enviou não o trouxer; e menor de todos os povos,.." zados, pelo menos é isso que o mundo
eu o ressuscitarei no último dia". A pa­ Por que Deus escolheu a Israel? Por­ pensa da escolha de Deus. Tiago 2:5
lavra traduzida por"trazer"tem e dá a que Ele amava Israel. Ele não sentou no fala o seguinte: "Ouvi, meus amados
idéia de uma força irresistível. Se uma céu e disse "Eu espero que alguma na­ irmãos. Não escolheu Deus os que
pessoa tem qualquer desejo por Cristo, ção creia em mim e me escolha". Deus para o mundo são pobres, para serem
é porque Deus a chamou. Arthur Pink os escolheu! A maioria das pessoas não ricos em fé e herdeiros do reinoque ele
disse: se incomoda por Deus ter escolhido prometeu aos que o amam?"

43 R e v is t a O s P u e it a iio s
S o l i D e o G l o r ia — S o m e n t e a D e u s S eja a G l o r ia

0 cristianismo ensina que aqueles Você alguma vez já desejou a salva­ divina, e Deus somente merece o louvor
que não estão ligando para ninguém ção de algum atleta, ou humorista, ou e a glória por nossa salvação.
mais, importam-se intensamente de uma pessoa influente por causa do A palavra "glória" vem do grego kau-
com Deus. Nós cristãos somos os lou­ impacto que ela poderia ter em favor do chaomai, que quer dizer gabar-se ou or­
cos, fracos, pequenos e desprezados do Senhor? Mas uma das razões porque o gulhar-se dealgo.Paulofreqüentemente
mundo, mas escolhidos de Deus. Senhor escolheu os simples e humildes reprova os leitores pelo pecado de van­
As pessoas têm usado a "baixeza"dos para Sua Igreja, foi para testificar para o glória (I Cor 3:21; II Cor 10:17;11:12,18).
cristão como um argumento contra o mundo que Ele não precisa da classe, da Uma nota enfática na apresentação de
cristianismo. Num tempo próximo ao influência e sabedoria do mundo. Paulo do evangelho era que o homem
A.D. 178, o filósofo Celcus escreveu um não tem motivo para vangloriar-se.
dos ataques mais ferozes contra o cristia­ De acordo com Deus, o maior ho­ Em Efésios 2:8,9, lemos: "Porque pela
nismo, que jamais havia sido escrito. Ele mem que já viveu, exceto Jesus Cris­ graça sois salvos, mediante a fé; e isto
disse: "Não deixe que nenhuma pessoa to, foi João Batista. Ele não teve uma não vem de vós, é dom de Deus; não de
de cultura se aproxime (do cristianismo), educação formal, nem dinheiro, nem obras para que ninguém se glorie."
nenhum sábio, nenhuma pessoa sen­ posição política, nem pedigree social, Romanos 3:27: "Onde, pois, a jactân­
sata: porque tudo aquilo consideramos nem vestimentas que impressionam e cia? Foi de todo excluída. Por que lei? das
mal; mas se algum homem é ignorante, nem oratória. Ainda assim, disse Jesus obras? Não, pelo contrário, pela lei da fé.”
se algum é falto de senso e cultura, se al­ em Mateus 11:11:"Em verdade vos digo: Romanos 4.2: "Porque se Abraão foi jus­
gum é louco então deixe-o se aproximar." Entre os nascidos de mulher, ninguém tificado por obras, tem de que se gloriar,
Por que Deus escolheu pessoas lou­ apareceu maior do que João Batista; mas porém não diante de Deus."
cas, fracas, pequenas e desprezadas? De o menor no reino dos céus é maior do Nosso "gloriar-se" não é em nós mes­
acordo com o texto, Ele o fez para en­ que ele." mos, o que é a essência do pecado, pois
vergonhar os sábios e poderosos e para Este homem não satisfazia nenhum trata-se de orgulho, mas é sim em Cristo
reduzira nada as coisas que são. Ele está dos padrões do mundo, mas satisfa­ cuja obra trouxe salvação. Paulo afirma
demonstrando a todos os homens, que zia os padrões de Deus. O que o fez que os crentes foram soberanamente
todos nós somos pecadores e neces­ tão grande? Primeiro, João cumpriu escolhidos por Deus para a salvação e
sitamos da graça divina. Somos todos fielmente o seu chamado de proda- Paulo continua (em I Co. 1:30) a ensinar
incapazes de merecer o favor de Deus; mador: ele era fervoroso em apontar a origem e oefeito da posição do crente:
jamais chegaríamos ao céu por nosso Cristo e Sua obra redentora às pessoas. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual
mérito, não importa quem somos ou o "No dia seguinte, viu João a Jesus que se nos tornou da parte de Deus sabedo­
que fizemos. vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro ria, e justiça, e santificação, e redenção"
1Cor 1:28 diz que Deus escolheu coi­ de Deus, que tira o pecado do mundo!" Notem que a nossa união com Cristo
sas desprezadas e coisas que não são. (João 1:29). Em segundo lugar, João era origina-se "dEle" que fala de Deus. Paulo
A raiz da palavra "desprezada" significa um homem humilde que não procurou ensina claramente que a nossa posição
ser considerado como nada. As pesso­ a glória própria como ele disse em João de crentes origina-se em Deus. Este é o
as que a sociedade considerava como 3:30: "Convém que ele cresça e que eu "crescendo" do argumento de Paulo que
"João-ninguém" são os escolhidos de diminua" se encontra em I Cor 1:18-30, q ue a sabe­
Deus. A frase "coisas que não são" traduz Deus escolhe homens como João, o doria humana não tem participação na
a expressão mais indigna na língua gre­ louco, fraco, pequeno e desprezado do salvação humana. Em I Cor 1:26-31 Paulo
ga. Poderíamos traduzi-la como "o nào- mundo para que "nenhuma came se ensina que Deus elege homens para a
-existente"."Ser"era tudo para os gregos; glorie em sua presença" (I Cor 129). Aos salvação. Deus escolhe aqueles que se­
assim sendo, ser chamado de "nada" era gregos convinha a idéia de que Deus rão salvos, e Ele elege aqueles que pa­
o maior insulto para eles O m undo pode escolhe pessoas pequenas para se livrar recem os candidatos menos desejáveis.
debochar de nós e nos odiar e nos con­ de vanglória na Sua presença. Aqueles Ele escolheu você para estar em Cristo
siderar como nada, mas nós somos a que são escolhidos não têm base para não por alg uma coisa que você é ou fez,
escolha de Deus. Isso é empolgante e se gloriarem diante de Deus, pois não so­ mas por causa do Seu prazer benevolen­
encorajador. Quantos crentes estão an­ mos eleitos por sermos sábios, podero­ te. Paulo não elimina a responsabilidade
siando por fama e fortuna? Mas agrade­ sos politicamente ou nascidos em berço humana; todos os homens são respon­
ça a Deus por ser um de seus escolhidos. esplêndido. Somos eleitos pela escolha sáveis diante de Deus. A salvação do ho-

R e v i s t a O s P u r it a n o s 44
D a v id C u r t is

mem origina-se da iniciativa de Deus e verso 30 do capítulo 1:"Mas vocês são da sabedoria divina. Ela significa separar
culmina na Sua perfeição. A salvação do dEle em Jesus Cristo." para o uso de Deus e possessão de Deus.
início ao fim é a obra de Deus. Se Deus O resto do versículo 30 nos fala do Há quatro aspectos da santificação: pri­
é a fonte de tudo que somos e temos, efeito de nossa união com Cristo: Deus mária (eleição), posicionai, prática e per­
onde é que se encaixa o orgulho? Não nosfezsabedoria,ejustiça,esantificação feita. Aqui Paulo se refere a santificação
há motivo para o orgulho. e redenção. Paulo forçosamente ar­ posicionai como a possessão. Nósfomos
gumenta que a mensagem aparente­ declarados santos! Somos tão santos
A salvação de cada indivíduo mente "louca"da cruz — a doutrina da quanto Jesus Cristo. Isso também é uma
origina-se em Deus. Mas o que Paulo redenção — é na realidade sabedoria das riquezas da sabedoria divina. Somos
quer dizer com “Vocês estão em Cristo de Deus. É esta mensagem que traz sal­ justos e santos
Jesus"? Dr. H.A. Ironside contou uma vação a um homem, e é a sabedoria de
história que ilustra esta frase. Ele visitou Deus. O texto grego sugere que justiça, Redenção é a terceira das rique­
uma fazenda de criação de ovelhas na santificação e redenção explicam a pa­ zas da sabedoria divina. Esta palavra
época emqueoscordeirinhos nasciam. lavra sabedoria, e são subordinadas a teria intrigado o pensamento de cada
Ao olhar para o rebanho, ele notou um ela. Quando Deus une um indivíduo a homem e mulher nos dias do Novo Tes­
carneiro que era asqueroso e muito Cristo, todas as riquezas envolvidas no tamento, porque sugeria a liberdade de
fraco. Ele comentou com o fazendeiro Seu sábio plano de salvação pertencem um escravo, resultante do pagamento
que seria um ato de misericórdia ma­ àquele indivíduo. As riquezas do sábio de um preço de resgate. A palavra é
tar aquele carneiro ao invés de deixá-lo plano de salvação de Deus são: justiça, usada três vezes nas Escrituras para falar
viver. O fazendeiro chamou um rapazi­ santificação e redenção. Estes três cons­ de todo o processo de redenção (Efésios
nho e pediu-lhe que trouxesse o carnei­ tituem o fruto do plano de salvação de 1:9). Os outros usos falam do aspecto fi­
ro. Quando o carneiro foi trazido para Deus; eles expl icam a sa bed oria de Deus. nal de livramento do mal e do pecado,
perto do Dr. Ironside, este descobriu para a presença de Deus. O uso da pala­
que na verdade este carneiro estava Justiça, santificação e redenção vra redenção em I Cor 1:30 fala de nossa
envolto na pele de outro carneiro. O fa­ são doutrinas cristãs muito importan­ redenção final ou glorificação como em
zendeiro explicou que, durante a épo­ tes. Justiça significaria ser justo diante Romanos 8:23: "E não somente ela, mas
ca do nascimento de cordeirinhos, um de Deus e ser conformado ao padrão também nós que temos as primícias
criador de ovelhas enfrenta dois princi­ de perfeição de Deus. A passagem de­ do Espírito, igualmente gememos em
pais problemas: cordeiros órfãos que finitiva de justiça no VelhoTestamento é nosso íntimo, aguardando a adoção de
nenhuma outra ovelha-mãe aceitará; Deuteronômio 25, onde Moisés exorta filhos, a redenção do nosso corpo."
e ovelhas fêmeas chorando a morte de os filhos de Israel a usarem pesos e medi­
seus recém-nascidos. Para resolver este das honestos em seus lares e transações Redenção ou glorificação é tam­
problema, os fazendeiros pegam então comerciais. Na cultura deles, as merca­ bém uma das riquezas da sabedo­
a pele do cordeiro morto e envolvem dorias a serem vendidas eram pesadas ria divina. Paulo nos diz que, como
0 cordeiro órfão nesta mesma pele, e para determinar seu valor. Um vendedor resultado de nossa união com Cristo,
aí pegam o órfão e o levam para aque­ desonesto usaria um peso de 15 onças nós somos possuidores de tudo que
la mãe que perdeu seu filhote. A mãe e pagaria por apenas Vi kg. Moisés aler­ está envolvido no sábio plano de
sentiria o cheiro da pele do seu falecido tava-os a terem pesos corretos para as­ salvação. As três doutrinas de justiça,
filhote e assim aceita o órfão como seu segurar conformidade perfeita a um pa­ santificação e redenção sumariam
próprio filho. Ela o aceita, pois está na drão. Justiça éa conformidade perfeita a todo o plano de salvação como Paulo
pele de seu próprio filhote. Que grande um padrão, nosso padrãoéoSanto Deus ensina nos primeiros oito capítulos de
ilustração do fato de nós estarmos em Assim, Jesus dá ao pecador crente a Sua Romanos.
Cristo! Deus aceita homens e mulheres justiça de acordo com II Cor. 5:21. Deus Deus deu aos crentes as riquezas de
que estão em Seu Filho Jesus Cristo nos declara justos por causa de nossa Seu sábio plano de salvação: "aquele
como diz em Efésios 1:6. Esta frase "em posição em Jesus Cristo. Este é um ato que se gloriar, glorie-se no Senhor" (I
Cristo"é achada somente nas epístolas legal ou forense: nós somos justos por Cor. 1:31). Em outras palavras, já que
de Paulo. Paulo a usou seis vezes em causa de nossa união com Jesus Cristo. nossa salvação é toda em Deus, não
1 Coríntios e uma das vezes mais mar­ Justiça é uma das riquezas da sabedoria temos nada em nós de que nos gloriar­
cantes em que a usou é encontrada no divina. Santificação é a segunda riqueza mos. A citação é de Jeremias 9:23-24.

45 R e v is t a O s P u e it a iio s
S o l i D e o G l o r ia — S o m e n t e a D e u s S e j a a G l o r ia

A doutrina da eleição nos ensina que sujeição, ele também poderia dizer:“A ja, que começou na América do Norte
toda glória e louvor por nossa salvação minha palavraea minha pregaçáonáo na metade do século 19.0 apelo era
pertencem a Deus, que nos escolheu consistiram em linguagem persuasiva designado para que as pessoas se
para estarmos em Cristo. Olhe nova­ de sabedoria, mas em demonstração movessem, viessem à frente da igreja
mente para I Cor 1:29-31: versículo do Espírito e de poder" (I Cor 2:4). A para receberem a Jesus Cristo.Maisfre-
30 diz que a salvação do início ao metodologia que ele usava também qüente que isso, o apelo é um padrão,
fim é uma obra de Deus somente. Os refletia a sua teologia. Paulo não usa­ uma medida para o orgulho do pastor
versículos 29 e 31 sustentam este en­ va palavras persuasivas de sabedoria e para a sabedoria humana. Paulo não
sino como um lembrete que toda gló­ humana. Os oradores profissionais via espaço para teatrinhos calculados
ria pertence a Deus. Soli Deo Gloria! A gregos em Corinto criaram sistemas e técnicas de manipular uma resposta,
Deus somente seja a glória! muito elaborados e bonitos para con­ porque ele sabia que o Espírito Santo
Em I Cor 2:1 -5 Paulo continua o seu cluírem um argumento, uma defesa. ministraria através da mensagem da
tema. I Cor 1:18-31 defende sua tese Eles eram tão profundos e tão intelec­ cruz. A fé salvadora não consiste em
básica: sabedoria humana não tem tuais, que isso os tornava persuasivos caminhar em um corredor ou orar no
nenhuma participação na salvação em trazer as pessoas ao seu ponto-de- altar; a fé salvadora é confiar e crer na
do homem. Sendo assim, qual men­ -vista. Ao invés de argumentos e sabe­ pessoa e obra de Jesus Cristo. E mes­
sagem deveríamos enviar ao m undo? doria humana, Paulo tinha a demons­ mo esta fé é um dom de Deus (Efésios
Paulo usa a si mesmo como um exem­ tração do Espírito e de poder. A palavra 2:8,9).
plo: porque a sabedoria humana não demonstração ocorre apenas aqui no Paulo disse aos coríntios que ele
participa na salvação do homem, sua novo testamento grego, e é uma pa­ não usou de palavras que impressio­
mensagem, seu método, e sua motiva­ lavra muito forte que traz a idéia de nam "para que a vossa fé não se apoias­
ção não estavam de maneira nenhu­ prova convincente numa corte da lei. se em sabedoria humana: e, sim, no
ma baseadas na sabedoria humana: I A metodologia de Paulo era depender poder de Deus" (I Cor 2:5). A fé não se
Cor 2: 1-2: "Eu, irmãos, quando fui ter do Espírito de Deus para trazer um ho­ origina e nem é sustentada por sabe­
convosco, anunciando-vos o testemu­ mem ou uma mulhera Cristo. Quando doria humana. Na história da Igreja
nho de Deus, não o fiz com ostentação homens dependem de sua própria sa­ muitos pregadores iletrados deixaram
de linguagem, ou de sabedoria. Por­ bedoria para cumprir a obra de Deus, os doutores e teólogos dos seus dias
que decidi nada saber entre vós, senão os resultados podem ser desastrosos. cheios de inveja por verem mil hares de
a Jesus Cristo, e este crucificado." O rei Davi ignorou as instruções de pessoas convertidas pela mensagem
A mensagem de Paulo era "Cristo Deus para transportara arca da aliança, pregada com poder. Eles, às vezes, de­
crucificado" loucura para os gregos e e hom ens a colocaram numa carreta. bochavam dos milhões deconvertidos,
tropeço para os judeus. Paulo não está Assim que a carreta se movia sobre um mas os invejavam. Charles Spurgeon,
dizendo que isso era tudo que ele pre­ terreno desnivelado, a arca balançou que nunca foi à universidade, mostra
gava, mas este era o coro da sua mensa­ e um dos homens que estavam mais que o poder de Deus está na mensa­
gem: "Porque Cristo foi crucificado por próximos tocou a arca para segurá-la. gem e não no mensageiro ou em sua
vossa causa, Deus pode vos perdoar. Deus imediatamente matou o homem. metodologia.
Suas exigências justas foram satisfeitas” Os métodos de Deus produzem os re­ Deus enviou a Paulo com a men­
No verso 3 Paulo passa de sua pre­ sultados de Deus; métodos humanos sagem da cruz para que a fé estives­
gação para sua pessoa: "Eu estive en­ produzem tragédias. se alicerçada, ou existisse no poder
tre vocésem fraqueza, em temor e em divino, para que ninguém se vanglo­
grande tremor." Estas frases simples­ Hoje em dia nossa metodologia riasse. O principal ponto é que todo o
mente descrevem um espírito de de­ reflete nossa teologia. A Igreja usa processo de salvação é obra de Deus.
pendência e submissão à autoridade muitos métodos feitos por homens Os coríntios foram feitos cristãos pelo
de Deus, as quais marcavam o seu mi­ para tentar trazer homens a Cristo, poder divino. Toda obra e iniciativa
nistério. Em Filipenses 2:12, Paulo usa que são meras táticas humanas para na salvação são do Senhor e por isso
estas mesmas palavras para descrever cumprir a obra de Deus. Um dos meios toda a glória é dEle também. Soli Deo
com o viver a vida cristã. contemporâneos de persuasão huma­ Gloria!
Visto que Paulo pregou a mensa­ na é o "apelo" no final do culto. Este é
Esta mensagem foi pregada na Igreja Faith Bible por
gem num espírito de dependência e um desenvolvimento recente na igre­ David Curtis em 15 de outubro de 1995

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