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Arte Neoclássica

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A fachada Norte da Casa Branca – Washington – Estados Unidos da América

Arte Neoclássica ou Neoclassicismo é um estilo artístico surgido nas últimas décadas do século
18 e que predominou na Arte até meados do século 19. O Neoclassicismo foi gradativamente
substituindo o Rococó, trocando os ideais emocionais por uma estética racional; e, em seguida,
foi substituído pelo Romantismo.
O Neoclassicismo é a retomada dos cânones e formas greco-romanas, mas muito mais ligado
aos princípios Renascentistas do que aos princípios gregos clássicos, propriamente ditos. A
palavra “neo” significa novo, ou seja, esse novo Classicismo também terá suas características
próprias, como o Renascimento.
Iniciado na França, o Neoclassicismo está intrinsecamente relacionado à política. O estilo
expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da
sociedade européia, após a Revolução Francesa e, principalmente, com o Império de Napoleão.
Os grandes impérios gostam muito do Classicismo, pois ele dá uma imponência para as
construções e tem em si os valores de racionalidade, muito convenientes para um grupo
governante. Observe que as construções norte-americanas, como o Capitólio, centro legislativo
norte-americano, e a Casa Branca, residência oficial o Presidente americano, ambos em
Washington, são em estilo Neoclássico.
O Brasil também possui expressões artísticas neoclássicas importantes. Grandes pintores,
escultores e arquitetos produziram obras com essa estética. Ainda hoje é possível observar nas
capitais brasileiras construções neoclássicas imponentes e que marcam os cenários dessas
cidades.
O Neoclassicismo também é chamado de Academicismo, pois nesse momento surgem, inclusive
no Brasil, inúmeras escolas que ensinavam as formas clássicas, as chamadas “Academias de
Belas-Artes”.
Arquitetura
A Arquitetura Neoclássica é derivada da arquitetura greco-romana clássica e das construções
renascentistas. As ordens arquitetônicas jônica, dórica, coríntia e suas colunas são características
que identificam o exterior de uma construção neoclássica. Geralmente são construções de grande
vulto, com frontão triangular e uma econômica decoração.

A arquitetura neoclássica é justamente


o oposto da Barroca. Observe como a
fachada é praticamente lisa e
desprovida de decoração. As cores são
claras e poucas informações podem ser
observadas, como as colunas com
capitéis coríntios e as esculturas de
santos, em alto relevo.

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Catedral de São Luís – Bulgária

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Interior do Panteão de Paris

O Panteão de Paris é um dos edifícios mais importantes do período neoclássico. A


construção possui 110 metros de comprimento e 84 metros de largura. A fachada principal
está decorada com um pórtico de colunas de estilo coríntio que apoiam um frontão
triangular.
A construção é inspirada no Panteão Romano, seu interior tem formato de cruz grega e sua
cúpula possui 83 metros de altura. O interior é todo sustentado por colunas e suas paredes
forradas com pinturas neoclássicas.
É uma obra monumental para abrigar o túmulo de célebres nomes da História Francesa,
como os escritores Victor Hugo e Emilé Zola.
Escultura
A escultura neoclássica obedece aos mesmos padrões clássicos criados pelos gregos e
desenvolvidos pelos romanos e, posteriormente, pelos artistas renascentistas.
As composições escultóricas neoclássicas buscavam as linhas puras, em oposição às
sinuosidades, torções e espirais que caracterizam as esculturas barrocas; apresentam pureza nas
formas e nitidez nos contornos. Os escultores neoclássicos procuram, acima de tudo, atingir um
estilo sóbrio e equilibrado, comunicando solidez e simplicidade, porém com um grau de técnica
refinado.

Antônio Canova é um dos maiores escultores


do período. As esculturas neoclássicas podem
ser muito facilmente confundidas com as
esculturas clássicas do período anterior, pois as
regras que norteiam a escultura as tornam
muito parecidas.
Observe como os rostos não expressam
nenhuma emoção. Os escultores de estética
clássica são tão obcecados pela forma que o
rosto deve ficar impassível para que não quebre
o equilíbrio da obra. Isso tudo torna a obra,
apesar do realismo bem executado, bastante
monótona.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Canova_-_perseu_-_39b.jpg
Perseu com a cabeça da Medusa - Antonio Canova

A mitologia grega e o nacionalismo são dois


temas muito importantes para os artistas
neoclássicos de qualquer categoria artística.
Jean-Antoine Houdon é um artista que está
na transição entre o Rococó e o
Neoclassicismo e que se especializou em
esculpir bustos e estátuas de figuras
famosas, como filósofos, inventores e figuras
políticas do Iluminismo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Buste_de_Voltaire.jpg
Busto de Voltaire - Houdon
Pintura
A maioria das pessoas acredita que arte boa é aquela que faz uma cópia perfeita da realidade,
como hoje faz uma máquina fotográfica. Apesar disso, ainda hoje, este preconceito estilístico da
arte é comum. A pintura neoclássica é o estilo que bem se aplica a esse gosto pelas formas ditas
perfeitas. Excelentes copistas da natureza, os pintores neoclássicos, além de realizar essa tarefa
com maestria, serão também grandes entusiastas dos movimentos nacionalistas burgueses do
período. Utilizam sua arte para divulgar os ideais republicanos, buscando inspiração na Roma
antiga.
Sem sombra de dúvida, os dois maiores nomes do período são Jacques-Louis David, pintor da
corte de Napoleão e Jean Auguste Dominique Ingres.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:David-Oath_of_the_Horatii-1784.jpg
O Juramento dos Horácios - Jacques-Louis David

Essa é uma das pinturas mais importantes do período. A obra apresenta um fragmento
da história romana, que mostra três irmãos fazendo a saudação romana, pela qual
juram que lutarão pela República Romana, embora sua decisão traga sofrimento à sua
família que está dividida ideologicamente.
Essa pintura, executada um pouco antes da Revolução Francesa eclodir, pretende
simbolizar o princípio segundo o qual o dever público, o sacrifício pessoal, o patriotismo
são valores mais importantes que a própria segurança física ou os interesses pessoais.
David apoiou a Revolução Francesa,
desde o início. Era amigo de Robespierre
e membro do Clube dos Jacobinos.
Napoleão e David admiravam-se
mutuamente. David, desde o primeiro
encontro, ficou impressionado com o
então general. Quando Napoleão subiu
ao trono, David solicitou-lhe permissão
para fazer o seu retrato. Depois o pintou
na cerimônia da coroação, nas bodas
com Josefina, outra grande composição,
e, de novo, montado em um fogoso
cavalo em Saint Bernard.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Napoleon4.jpg
Napoleão no Passo de Saint-Bernard - Jacques-Louis David

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jean_Auguste_Dominique_Ingres,_
Apotheosis_of_Homer,_1827.jpg
A apoteose de Homero – Ingres

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ingres,
_Napoleon_on_his_Imperial_throne.jpg
Napoleão Entronizado - Ingres

Ingres foi aluno de David e está na passagem do estilo neoclássico para o romântico.
A obra “Apoteose de Homero” é das principais obras do mestre e contém um contexto
político, pois Ingres também apoiava as ideias de Napoleão. Nessa obra, se percebe,
observando a técnica, o estilo harmônico clássico e uma marcada simetria.
Retratista excepcional, habilidade artística em que realmente se destacou, sua obra já
apresenta indícios do Romantismo, com a acentuação da cor e das reações emocionais
presentes na maioria dos retratados.
Os clássicos de hoje e de ontem
Quando ocorre o encontro de dois times de futebol que jogam entre si e se rivalizam há muitas
décadas , especialmente se forem da mesma cidade, os jornalistas chamam esse jogo de
“clássico”. As bandas de rock da década de 60, hoje, são clássicas; um carro antigo, hoje, é um
clássico; a Literatura está abarrotada de clássicos. Mas de onde vem tanto classicismo?
A palavra “clássico” indica coisas que sobreviveram ao tempo. Essa palavra é um adjetivo para
indicar algo que não ficou démodé (fora de moda), e, como no futebol, é sinônimo do que é bom.
Mas onde surgiu essa palavra? O que, de fato, ela quer dizer? Por que hoje a utilizamos para
indicar algo do passado que é de “bom gosto”?
O termo clássico deriva do adjetivo latino classicus, que indicava o cidadão pertencente às
classes mais elevadas de Roma. Já no século II d.C., Aulo Gelio, jurista e escritor romano,
utilizou-o para designar o escritor que, por suas qualidades literárias, poderia ser considerado
modelar em seu ofício. Chegamos, então, a um ponto muito interessante: o clássico indica um
padrão.

A banda de heavy metal “Iron Maiden”, formada


na década de 70 e que teve seu auge na década
de 80, hoje, é um clássico do rock, lotando
estádios pelo mundo afora. Junto com a banda,
seu mascote/logotipo, o morto-vivo Eddie The
Head é um dos símbolos clássicos do rock.
A música da década de 80, com suas bandas de
pop rock, como Paralamas do Sucesso e Legião
Urbana também já são clássicos no Brasil.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Iron_Maiden_in_the_Palais_Omnisports_of_Paris-Bercy_(France).jpg

Percebemos, então, que o clássico é um padrão e não necessariamente o padrão e que o


clássico é usado para designar algo que sobreviveu ao tempo e continuou a ser considerado
bom.
Durante o Renascimento, os artistas irão retomar as conquistas técnicas promovidas pelos
artistas greco-romanos e vão considerá-las um padrão a ser seguido. Logo, então, tudo o que era
belo dentro da arte só poderia ser o que vinha da Antiguidade Greco-Romana.

Dentro dos padrões clássicos, a pintura da Idade


Média não poderia ser bela, pois não possuía as
regras greco-romanas que definiam o que era belo.
Hoje sabemos que a beleza é um conceito relativo,
pois temos que analisar vários aspectos culturais
e/ou subjetivos para algo ou alguém ser
considerado belo.
Em um sentido mais amplo para a palavra
“clássico”, a Arte da Idade Média já é um clássico.
Você consegue perceber a diferença na utilização
do mesmo termo?

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:KellsFol291vPortJohn.jpg
Ilustração de um livro sagrado do fim do século 8
No século 18, o termo “clássico” iria se estender a todos autores que aceitavam os cânones da
retórica greco-latina: ordem – clareza – medida – equilíbrio – decoro – harmonia e bom gosto. E,
para que todos aprendessem o que era de “bom tom”, foram criadas as Academias de Belas-
Artes para ensinar aos novos artistas os “macetes da beleza”.
Já no século 19, o Romantismo irá iniciar o rompimento com essas regras, que serão totalmente
desafiadas e rejeitadas pelos artistas modernistas do século 20. Hoje o senso comum indica que
as obras clássicas são superiores, indicando o que poderíamos chamar de perfeição. No entanto,
apesar do rompimento ocorrido com esses valores clássicos que foram considerados o padrão
para se mensurar o valor de uma obra de arte, muitas pessoas ainda estão presas a esses
conceitos.

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A moda é um ótimo exemplo para compreendermos que não é possível estabelecer um


padrão único e universal para a beleza. Nossa noção de moda é como a noção de beleza ou
perfeição: muda constantemente e está intrinsecamente relacionada com a época, o lugar e
a cultura de um grupo social.

CUIDADO COM A BELEZA ou CUIDE DA BELEZA?


A beleza promove uma indústria gigantesca de produtos cosméticos para pele e cabelo, além das
clinicas de estéticas e salões femininos dos mais diversos. Vende-se e compra-se a beleza na
nossa sociedade. As mulheres são as mais afetadas pela “indústria da beleza”, que é
impulsionada pela ferocidade do capitalismo. Hoje é muito comum a cirurgia plástica para corrigir
“defeitos” físicos. Para além da saúde, a cirurgia plástica já se tornou uma rotina para as
mulheres obcecadas pela beleza e seus padrões clássicos.

O site “Delas IG” faz um interessante recorte na história da beleza durante as décadas do século
20 e a primeira década dos anos 2000: http://delas.ig.com.br/beleza/dicas/linha-do-tempo-da-
beleza/n1237563755694.html

É importante refletir que também os homens, cada vez mais, têm se preocupado em “ficar
bonitos” e muitas das estratégias femininas para alcançar a beleza, como pintar e alisar os
cabelos, têm sido comum para muitos homens.

A beleza e, especialmente, os padrões impostos pela sociedade podem ser muito maléficos e
gerar questões sérias de preconceitos. Hoje o bullying é um tema comum e muita violência ainda
é cometida por pessoas que consideram que as pessoas que não estão no padrão de beleza
vigente deve sofrer alguma represália.
Você já parou para pensar porque as pessoas geralmente se referem ao cabelo crespo como
“cabelo ruim”? O cabelo liso é chamado de “cabelo bom”, pois o cabelo da maioria dos europeus,
que, de forma violenta, subjugaram os negros durante muitos séculos, é liso. Trata-se de uma
tentativa de diminuir o diferente, aquele que não é considerado o padrão pela maioria. Há formas
muito sutis de violência nos comentários feitos diariamente sobre a beleza; que o digam as
pessoas consideradas acima do peso.

A beleza é uma arma perigosa. Tome cuidado!

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