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Resumo e Motivação
O objetivo aqui é rever aspectos da Física Atômica conhecida na época de Bohr e
Sommerfeld (1913-1916), i.e. conforme a visão da Mecânica Quântica velha. Nosso
intuito é preparar-nos para a Física Atômica “Moderna”, de 1926, que veremos logo
a seguir.
Ano Evento
equivalente eletroquímico dum dado elemento pelo valor apropriado de q, obtemos a constante
de Faraday F , ou seja, o número de Coulombs de eletricidade que depositam uma quantidade
de gramas de um dado elemento é numericamente igual ao seu equivalente eletroquímico:
F = 96.500 Coulombs
Como neste número de gramas existem NA /V átomos do metal dado (NA é o número de Avo-
gadro, que é 6.023 × 1023 átomos por grama de átomos), dividindo-se a constante de Faraday
(expressa em unidades eletrostáticas absolutas) pelo número de átomos NA /V obtemos a se-
guinte expressão para a carga dum único íon:
F
Q=V .
NA
Desta fórmula segue que a carga de um íon é um múltiplo inteiro (de valor V ) de uma certa
carga (elementar) mínima:
F
e= = 4.82 × 10−10 CGSE [= 1.602 × 10−19 Coulombs]
NA
Portanto, a carga de um íon de prata Ag+ é igual a e, a dum íon bivalente de cobre Cu++ , 2e, e
a de um íon trivalente de ferro Fe+++ , 3e.
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1.2 A descoberta de cargas positivas no átomo (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
(a) Cruz de Malta projetada pelos “raios catódicos” (b) Funcionamento do tubo de Crookes
Figura 1: “Raios catódicos” foram observados pela primeira vez em 1869 pelo físico alemão Johann Hittorf. (a) Tubo de Crookes, mostrando
a sombra da cruz de Malta produzida pelos “raios catódicos” (i.e. elétrons). (b) Representação esqeumática do tubo de Crookes. A é uma fonte
de baixa voltagem usada para aquecer o cátodo C (Crookes usou um “cátodo frio”). B é uma fonte de alte tensão usada para criar uma ddp
entre o anodo P e o cátodo C. A máscara M está conectada ao mesmo potencial do cátodo e tem sua imagem projetada no fósforo da tela com
sendo uma área não-brilhante. Detalhes: http://en.wikipedia.org/wiki/Cathode_ray
Íons em gases: Medidas das cargas dos íons em gases mostraram que também neste caso a
carga dos íons é um múltiplo inteiro de e, cujo valor foi dado acima. Pularemos os tentativas
experimentais mais remotas de determinaçaão da carga de um íon gasoso feita por vários pes-
quisadores, tratando apenas dos experimentos realizados por Millikan (1910-16), nos quais os
procedimentos dos seus antecessores foram refinados consideravelmente.
No seu primeiro experimento, Millikan mediu a taxa de queda, no ar, de gotículas in-
dividuais de água, formadas através da condensação de vapor supersaturado em íons gasosos.
Foi possível estabelecer a presença de uma carga elétrica Q numa gota líquida pela variação da
taxa de queda (ou pela mudança do sinal da velocidade) quando um campo elétrico era ligado.
Através dum ajuste apropriado da magnitude da intensidade E do campo elétrico, era possível
interromper a queda da gota quando a força elétrica QE contra-balançava a força da gravidade,
i.e. o peso mg da gota (m sendo a massa da gota, g a aceleração da gravidade).
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1.2 A descoberta de cargas positivas no átomo (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
de metais.
In most popular texts on particle physics you see a long list of particles and their dis-
coverers: 1897 Thomson discovers the electron; 1911 Rutherford discovers the nucleus; 1932
Chadwick discovers the neutron, and so on and so on. Somewhere between Thomson and
Chadwick, physicists realized that there are positively charged constituents of the nucleus,
which we call ‘protons’. The way this happened was a gradual process, and that is why it
is hard to say exactly who discovered the proton, although if you had put a name against it, it
would be Rutherford, sort of.
After the discovery of the electron, it was realized that there must be positive charge
centers within the atom to balance the negative electrons and create electrically neutral atoms.
Rutherford’s discovery of the nucleus demonstrated that these positive charges were concentra-
ted in a very small fraction of the atoms’ volume. In 1919 Rutherford discovered that he could
change one element into another by striking it with energetic α-particles (which we now know
are just helium nuclei). In the early 1920’s Rutherford and other physicists made a number
experiments, transmuting one atom into another. In every case, hydrogen nuclei were emitted
in the process. It was apparent that the hydrogen nucleus played a fundamental role in atomic
structure, and by comparing nuclear masses to charges, it was realized that the positive charge
of any nucleus could be accounted for by an integer number of hydrogen nuclei. By the late
1920’s physicists were regularly referring to hydrogen nuclei as ’protons’. According to Pais,
the term proton itself seems to have been coined by Rutherford, and first appears in print in
1920 [Nature 106, 357, 1920].
An excellent reference on the history of particle physics is Abraham Pais’s “Inward
Bound” (Oxford Press). Another good, and less bulky, overview of the development of par-
ticle physics is “The Particle Hunters” by Ne’eman and Kirsh (Cambridge Press).
Complementar isto, com infos sobre o valor do raio do átomo segundo Mec. Estatística.
Figura 2: Exemplos de espectros atômicos obtidos experimentalmente, em filmes fotográficos: Os traços verticais brancos são as “linhas”
atômicas e o conjunto das linhas forma o “espectro” do átomo, que funciona como uma impressão digital que lhe é característica. (a) O espectro
do ferro; (b) O espectro do hidrogênio, indicando a localização relativa das linhas Hα , Hβ , . . . , bem como indicando a existência dum limiar
de acumulação; (c) O espectro do potássio. A curvatura visível para algumas das linhas resulta de distorções sofridas pela luz ao passar pelo
sistema de lentes existente entre a fonte de luz e o filme fotográfico. Em cores, de cima para baixo: espectros do hidrogênio, mercúrio e neônio
na região visível do espectro eletromagnético.
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1.3 A teoria de Bohr do átomo de hidrogênio (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
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1.3 A teoria de Bohr do átomo de hidrogênio (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
Figura 4:
As séries de
linhas que
constituem-
se no
espectro do
átomo de
hidrogênio.
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1.3 A teoria de Bohr do átomo de hidrogênio (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
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1.3 A teoria de Bohr do átomo de hidrogênio (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
hidrogênio, exceto que o núcleo possui o dobro da carga. Portanto o espectro do hélio deve
assemelhar-se ao do hidrogênio, porém com os “termos” sendo quatro3 vezes maiores. Assim,
esperamos encontrar a seguinte série de termos:
Na série do hélio, vemos que os termos sublinhados estão todos incluidos na série do hidrogênio,
como se pode ver do diagrama apresentado na Fig. 6. Ou seja, cada termo alternado do hélio
deveria coincidir com um do hidrogênio – desde que no cálculo os núcleos fossem supostos
como estando em repouso. Na verdade os núcleos movem-se pouco; mas aqui, como no sistema
solar, vale o teorema que o sol e o planeta giram em torno do seu centro de gravidade comum.
Considerando-se isto, os 2-os, 4-os, 6-os, . . . termos do hélio não coincidirão exatamente com
os 1-os, 2-os, 3-os, . . . termos do hidrogênio, pois as massas dos núcleos diferem bastante (o
núcleo do hélio sendo da ordem de quatro vezes mais pesado que o do hidrogênio).
Naquela época, conhecia-se um espectro obtido com um tubo de Geissler contendo hidro-
gênio e hélio e que possuia linhas exatamente entre as linhas da série de Balmer do hidrogênio.
Na época, tais linhas haviam sido atribuidas ao hidrogênio. Bohr, porém, declarou, como nos
conta Max Born: “Elas são linhas do hélio. Veja se estas linhas ainda aparecem quando todos
traços de hidrogênio são removidos do tubo. Se olharem direito, verão que é um erro chamar tais
linhas de linhas de Balmer do hidrogênio, pois elas aparecem um pouco deslocadas.” Ambas
afirmativas foram imediatamente confirmadas. E este foi o segundo triunfo da teoria de Bohr.
Naquele tempo, ninguém fazia idéia dos elétrons-onda e não existiam ainda a mecânica
ondulatória. Os físicos não tinham escrúpulos em aplicar a mecânica clássica para o cálculo das
órbitas eletrônicas, mesmo em casos complicados. Eles obtinham órbitas cujos valores de ener-
gia formavam um contínuo de valores. Hipóteses adicionais eram necessárias para selecionar
deste intervalo contínuo de energias as séries de órbitas estacionárias. Ilustraremos isto apenas
para o caso mais simples, das órbitas circulares.
Eventualmente descobriu-se que os níveis corretos de energia, os termos de Balmer, eram
obtidos aceitando-se como permitidas apenas as órbitas para as quais o produto (Momentum ×
3
De onde sai este fator “quatro” ??...
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1.3 A teoria de Bohr do átomo de hidrogênio (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
Agora, já era sabido que as linhas de Balmer não aparecem como linhas individuais úni-
cas, a menos que a resolução com que sejam observadas seja muito baixa. Na verdade, cada
linha consiste em um grupo de linhas finas. Tal fato foi referido como a estrutura fina das linhas.
Consequentemente, os níveis de energia devem possuir uma estrutura fina. Portanto, um
número quântico apenas não é suficiente para enumerá-las. O movimento deve ter um segundo
período, com um “segundo número quântico”.
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1.4 A mecânica ondulatória do átomo de hidrogênio (1 A estrutura eletrônica de um átomo)
Leituras recomendadas
M. Born, The Restless Universe, (Dover, NY, 1951), original de 1936.
M. Born, Física Atômica, (Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1986), original: 8th edition, 1969.
U. Benz, Arnold Sommerfeld, (WVG, Stuttgart, 1975), Reihe “Grosse Naturforscher”, Bd. 38.
G.W. Series, The spectrum of Atomic Hydrogen, Advances, (World Scientific, Singapore, 1988).
V. Kondratyev, The Structure of Atoms and Molecules, (MIR, Moscou, 1967), caps. 1 e 3.
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