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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Gametogênese............................................................ 3
3. Meiose............................................................................. 3
4. Espermatogênese....................................................... 6
5. Oogênese...................................................................... 8
6. Capacitação dos Espermatozoides...................11
7. Fases da Fecundação.............................................12
9. Formação do Blastocisto........................................17
Referências Bibliográficas..........................................21
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 3

1. INTRODUÇÃO quinta semana. As divisões mitóticas


aumentam em número no decorrer da
A primeira semana do desenvolvi-
migração e também quando alcan-
mento embrionário se dá após a ga-
çam a região da futura gônada. Em
metogênese, momento em que um
uma preparação para a fertilização, as
espermatozoide capacitado se en-
células germinativas sofrem gameto-
contra com o oócito e ocorre a fecun-
gênese, que inclui a meiose, para re-
dação. Basicamente, a fecundação
duzir seu número de cromossomos, e
consiste na união desses dois game-
citodiferenciação, para completar sua
tas haploides formando uma nova
maturação. Para um bom entendi-
célula diploide que originará um novo
mento da gametogênese, portanto, é
ser.
necessário estar a par do processo de
meiose, o qual iremos revisar na se-
2. GAMETOGÊNESE quência do conteúdo abaixo.

A gametogênese é o processo de
formação de gametas que ocorre em 3. MEIOSE
organismos dotados de reprodução
A meiose consiste em duas divisões
sexuada. O processo de divisão im-
celulares meióticas, durante as quais
portante para a produção de gametas
o número de cromossomos das célu-
(células haplóides) é a meiose, pois
las germinativas é reduzido à metade
esta reduz à metade a quantidade de
(23, o número haploide) do número
cromossomos das células e possibili-
presente em oneras células do corpo
ta a recombinação gênica no momen-
(46, o número diploide).
to em que ocorre a fecundação. Nos
homens o processo de gametogêne- Durante a primeira divisão meiótica, o
se é denominado espermatogênese e número de cromossomos é reduzido
nas mulheres oogênese. de diploide para haploide. Os cromos-
somos homólogos (um do pai e outro
Os gametas são derivados das célu-
da mãe) se pareiam durante a prófa-
las germinativas primordiais (CGPs)
se e então se separam durante a aná-
(formadas durante a segunda se-
fase, com um representante de cada
mana), movem-se pela estria primi-
par indo randomicamente para cada
tiva durante a gastrulação e migram
polo do fuso meiótico. O fuso se co-
para a parede da vesícula vitelínica.
necta ao cromossomo no centrômero.
Na quarta semana, essas células co-
Nesse estágio, eles são cromosso-
meçam a migrar da vesícula vitelínica
mos com duas cromátides-irmãs. Os
em direção às gônadas em desenvol-
cromossomos X e Y não são homó-
vimento, onde chegam até o final da
logos; no entanto, eles apresentam
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segmentos homólogos nas extremi- cromossomos (agora com uma única


dades de seus braços curtos. Eles cromátide).
se pareiam somente nessas regiões. Na figura 1 abaixo temos a represen-
Ao final da primeira divisão meiótica, tação diagramática da meiose, onde,
cada nova célula formada (esperma- ao final, são exibidos dois pares de
tócito secundário ou oócito secun- cromossomos. Os estágios da prófa-
dário) tem um número haploide de se da primeira divisão meiótica estão
cromossomos com duas cromátides- representados pelas letras de A à D.
-irmãs; portanto, cada célula contém Os cromossomos homólogos se apro-
metade do número de cromossomos ximam de cada par: cada membro de
da célula precedente (espermatóci- um par consiste em duas cromátides.
to primário ou oócito primário). Essa Observe o único crossover em um par
separação, ou disjunção, de cromos- de cromossomos, resultando na troca
somos homólogos pareados é a base de segmentos das cromátides. Na le-
física da segregação, ou separação, tra E, está representada a metáfase,
de genes alelos durante a meiose. onde os dois membros de cada par se
A segunda divisão meiótica sucede tornam orientados no fuso meiótico.
a primeira divisão, sem uma interfa- Na letra F, está representada a anáfa-
se normal. Cada cromossomo com se, enquanto que na letra G, temos a
duas cromátides-irmãs se divide, e telófase, momento no qual os cromos-
cada metade (ou cromátide) é rando- somos migram para polos opostos. A
micamente levada para um pólo di- distribuição dos pares de cromosso-
ferente do fuso meiótico; logo, o nú- mos parentais ao final da primeira di-
mero haploide de cromossomos (23) visão meiótica está representada na
é mantido. Cada célula-filha formada letra K. Nas letras I a K, observamos a
pela meiose tem o número de cro- segunda divisão meiótica, que é simi-
mossomos haploide reduzido, com lar à mitose, exceto pelo fato de que
um representante de cada par de as células são haploides.
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Figura 1: Representação esquemática geral da meiose. FONTE: Embriologia Básica – Moore –


8 ed.

RELEMBRANDO!
• Garante uma constância no número de cromossomos de geração para geração por meio
da redução do número cromossômico diploide para haploide, produzindo assim gametas
haploides.
• Permite uma distribuição aleatória de cromossomos maternos e paternos entre os gametas.
• Realoca os segmentos de cromossomos maternos e paternos por meio do crossing over
de segmentos cromossômicos, o que “embaralha” os genes e produz uma recombinação
do material genético.
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4. ESPERMATOGÊNESE começam imediatamente a formar


espermátides haploides. Ao longo
A espermatogênese, que começa na
dessa série de eventos, do momento
puberdade, inclui todos os eventos
em que as células do tipo A deixam a
que envolvem a transformação de
população de células-tronco até a for-
espermatogônias em espermatozoi-
mação das espermátides, a citocinese
des. No nascimento, as células ger-
é incompleta, de modo que gerações
minativas no menino podem ser re-
sucessivas de células são unidas por
conhecidas nos cordões seminíferos
pontes citoplasmáticas. Assim, a pro-
dos testículos como células grandes,
gênie de uma única espermatogônia
esbranquiçadas, cercadas por células
do tipo A forma um clone de células
de suporte. Estas, que são derivadas
germinativas que mantêm contato ao
do epitélio superficial dos testículos
longo da diferenciação. Além disso,
do mesmo modo que as células foli-
as espermatogônias e as espermáti-
culares, tornam-se células de susten-
des permanecem nos profundos re-
tação ou células de Sertoli.
cessos das células de Sertoli ao longo
Pouco antes da puberdade, os cor- de seu desenvolvimento. Dessa ma-
dões seminíferos adquirem um lúmen neira, as células de Sertoli sustentam
e se tornam túbulos seminíferos. Por e protegem as células germinativas,
volta do mesmo período, as CGPs ori- participam de sua nutrição e ajudam
ginam as células-tronco espermato- na liberação de espermatozoides ma-
goniais. Em intervalos regulares, cé- duros.
lulas emergem dessa população de
A espermatogênese é regulada pela
células-tronco para formarem esper-
produção de LH pela glândula hipófi-
matogônias do tipo A, o que marca o
se. O LH se liga a receptores nas cé-
início da espermatogênese. As célu-
lulas de Leydig e estimula a produção
las do tipo A sofrem um número limi-
de testosterona, que, por sua vez, se
tado de divisões mitóticas para formar
liga às células de Sertoli para promo-
clones de células. A última divisão ce-
ver a espermatogênese. O hormônio
lular produz espermatogônias do tipo
foliculoestimulante (FSH, do inglês
B, que, em seguida, dividem-se para
follicle-stimulating hormone) também
formar espermatócitos primários. Os
é essencial, porque sua ligação às cé-
espermatócitos primários entram, en-
lulas de Sertoli estimula a produção
tão, em uma prófase prolongada (22
de líquido testicular e a síntese de
dias), seguida pelo término rápido da
proteínas intracelulares receptoras de
meiose I e pela formação de esper-
andrógenos.
matócitos secundários. Durante a se-
gunda divisão meiótica, essas células
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A Espermiogênese po necessário para a espermatogônia


se desenvolver em um espermato-
A série de alterações que resulta na
zoide maduro é de aproximadamente
transformação de espermátides em
74 dias, e cerca de 300 milhões de
espermatozoides é chamada de es-
espermatozoides são produzidos dia-
permiogênese. Essas mudanças in-
riamente.
cluem: (1) a formação do acrossomo,
que cobre metade de toda a superfí- Quando estão completamente for-
cie nuclear e contém as mados, os espermatozoides entram
no lúmen do túbulo seminífero. A par-
enzimas que auxiliam na penetração
tir daí, são empurrados em direção ao
do ovócito e suas camadas circun-
epidídimo pela contração da parede
jacentes durante a fertilização; (2) a
dos túbulos seminíferos. Embora ini-
condensação do núcleo; (3) a forma-
cialmente sejam apenas levemen-
ção do colo, da porção média e da
te móveis, no epidídimo, já exibem a
cauda; e (4) a perda da maior parte do
mobilidade plena.
citoplasma e dos corpúsculos residu-
ais que são fagocitados pelas células
de Sertoli. Em seres humanos, o tem-

Espermatogônias
(46, XY)

(46, XY) Espermatócitos primários

1ª MEIOSE

Espermatócitos
(23, X OU Y)
secundários

2ª MEIOSE

(23, X OU Y) Espermátides iniciais

Espermátides tardias

ESPERMIOGÊNESE

Espermatozoides
(23, X OU Y)
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5. OOGÊNESE dos os oócitos primários sobreviven-


tes já entraram na prófase da meiose
A oogênese é o processo pelo qual
I, sendo a maioria deles circundados
a oogônia se diferencia em oócitos
por uma camada de células epiteliais
maduros. A maturação dos gametas
foliculares achatadas. Um oócito pri-
femininos em oócitos acontece ain-
mário, junto com suas células epite-
da antes do nascimento. Uma vez
liais achatadas circunjacentes, é co-
que as CGPs chegam à gônada de
nhecido como folículo primordial.
um embrião geneticamente feminino,
elas se diferenciam em oogônias. Es- Somente quando a mulher atinge a
sas células sofrem inúmeras divisões puberdade a maturação dos oócitos
mitóticas e, ao final do terceiro mês, continua. Próximo ao nascimento, to-
estão dispostas em grupos cercados dos os oócitos primários iniciaram a
por uma camada de células epiteliais prófase da meiose I; porém, em vez de
achatadas. Enquanto todas as oogô- prosseguirem até a metáfase, eles en-
nias de cada grupo são provavelmen- tram no estágio diplóteno, um estágio
te derivadas de uma única célula, as de repouso durante a prófase carac-
células epiteliais achatadas, conhe- terizado por uma estrutura reticulada
cidas como células foliculares, origi- de cromatina. Os oócitos primários
nam-se do epitélio superficial que re- permanecem parados na prófase e
cobre o ovário. não terminam sua primeira divisão
meiótica antes de a puberdade ser
Grande parte das oogônias continua
alcançada. Esse estado é produzido
a se dividir por mitose, mas algumas
pelo inibidor de maturação do oócito
param suas divisões mitóticas na
(IMO), um pequeno peptídio secreta-
prófase da meiose I e formam oócitos
do pelas células foliculares. Estima-se
primários. Nos meses seguintes, as
que a quantidade total de oócitos pri-
oogônias aumentam rapidamente em
mários no nascimento varie entre 600
número e, ao final do quinto mês de
e 800 mil. Durante a infância, a maio-
desenvolvimento pré-natal, o número
ria dos oócitos se torna atrésica; ape-
total de células germinativas no ová-
nas cerca de 40 mil estão presentes
rio alcança seu máximo, estimado em
no início da puberdade e menos de
7 milhões. Nesse momento, a morte
500 serão ovulados. Alguns oócitos
celular começa e muitas oogônias,
que alcançam a maturidade mais tar-
assim como oócitos primários, dege-
de durante a vida estiveram dormen-
neram e tornam-se atrésicos. Até o
tes no estágio diplóteno da primeira
sétimo mês, a maioria das oogônias
divisão meiótica por 40 anos ou mais
já degenerou, exceto por algumas
antes da ovulação. Não se sabe se o
próximas à superfície da gônada. To-
estágio diplóteno é a fase mais ade-
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quada para proteger o oócito contra folículo primário. As células granu-


as influências ambientais. O fato de losas estão localizadas sobre uma
que o risco de ter crianças com ano- membrana basal que as separa do
malias cromossômicas aumenta de tecido conjuntivo ovariano circunja-
acordo com a idade materna sugere cente (as células estromais) e formam
que os oócitos primários são vulnerá- a teca folicular. Além disso, as células
veis à lesão conforme envelhecem. granulosas e o oócito secretam uma
Na puberdade, um conjunto de folícu- camada de glicoproteínas na super-
los em crescimento se estabelece e é fície do oócito, formando a zona pe-
mantido continuamente a partir da re- lúcida. Conforme o folículo continua
serva. A cada mês, de 15 a 20 folícu- a crescer, as células da teca folicular
los dessa reserva começam a matu- se organizam em uma camada inter-
rar. Alguns morrem, enquanto outros na de células secretórias, a teca inter-
começam a acumular líquido em um na, e em uma cápsula fibrosa externa,
espaço chamado de antro, entrando, a teca externa. Pequenos prolon-
assim, no estágio antral ou vesicular. gamentos digitiformes das células
O líquido começa a se acumular de foliculares se estendem pela zona
maneira que, imediatamente antes pelúcida e se interdigitam com as mi-
da ovulação, os folículos estão bem crovilosidades da membrana plasmá-
inchados e são chamados de folícu- tica do oócito. Esses prolongamentos
los vesiculares maduros ou folículos são importantes para o transporte de
de De Graaf. O estágio antral é o mais materiais das células foliculares para
longo, enquanto o estágio vesicular o oócito.
maduro dura aproximadamente 37 Com a continuação desenvolvimento,
horas antes da ovulação. aparecem espaços repletos de líquido
À medida que os folículos primor- entre as células granulosas. A coales-
diais começam a crescer, as células cência desses espaços forma o antro,
foliculares circunjacentes e o folículo é chamado de folículo an-
passam de achata- tral ou vesicular. Inicialmente, o antro
das a cuboides e tem o formato de um crescente, mas,
p ro l i f e r a m - s e com o tempo, ele aumenta. As células
para produzir granulosas que circundam o oócito
um epitélio permanecem intactas e formam o cú-
estratificado mulo oóforo. Na maturidade, o folículo
de células vesicular maduro (de De Graaf) pode
granulosas; ter 25 mm de diâmetro ou mais. Ele é
a unidade é cercado pela teca interna, que é com-
chamada de posta por células com características
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de secreção de esteroides, ricas em de tamanho desigual, cada uma com


vasos sanguíneos; e pela teca exter- 23 cromossomos de estrutura dupla.
na, que se funde gradualmente com o Uma célula, o oócito secundário, re-
tecido conjuntivo ovariano cebe a maior parte do citoplasma; a
A cada ciclo ovariano, vários folículos outra, o primeiro corpo polar, recebe
começam a se desenvolver, mas, em praticamente nada. O primeiro corpo
geral, apenas um alcança a maturida- polar fica entre a zona pelúcida e a
de completa. Os demais degeneram- membrana plasmática do oócito se-
-se e tornam-se atrésicos. Quando o cundário no espaço pré-vitelínico. A
folículo secundário está maduro, um célula entra, então, na meiose II, mas
pulso de hormônio luteinizante (LH, fica parada na metáfase aproxima-
do inglês luteinizing hormone) induz damente 3 horas antes da ovulação.
a fase de crescimento pré-ovulatória. A meiose II se completa apenas se o
A meiose I se completa, resultando oócito for fertilizado; caso contrário,
na formação de duas células-filhas a célula degenera aproximadamente
24 horas após a ovulação.

Oócito primário – 46, XX no Oócito primário – 46, XX no


folículo primário folículo em crescimento

OVÁRIO

Primeira divisão meiótica


Segunda divisão
já completada
meiótica irá se completar

Oócito primário – 46, XX no


Oócito sendo fecundado Oócito secundário – 23, X no
folículo expandido
folículo maduro + primeiro
corpo polar
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6. CAPACITAÇÃO DOS enzimas encontradas na superfície


ESPERMATOZOIDES mucosa da tuba. Desse modo, a ca-
mada de glicoproteínas e proteínas
Após a ejaculação, os espermatozói-
plasmáticas seminais que recobre
des lançados no trato reprodutivo fe-
a região acrossômica é removida da
minino devem alcançar a região am-
membrana plasmática do esperma-
pular da tuba uterina – onde ocorre o
tozóide. Assim, os gametas capacita-
processo de fecundação. Para tal lo-
dos se tornam aptos a passar pelas
comoção, os gametas masculinos uti-
células da coroa radiada e sofrer a re-
lizam-se das contrações musculares
ação acrossômica.
do útero e de movimentos helicoidais
realizados pela sua cauda que possi- A reação acrossõmica, que ocorre
bilitam a sua propulsão. após à ligação à zona pelúcida, é in-
duzida por proteínas da mesma. Essa
Chegando ao istmo, os esperma-
reação culmina na liberação das en-
tozoides se tornam menos móveis
zimas necessárias para a penetração
e param sua migração. No entan-
da zona pelúcida, incluindo substân-
to, apenas chegar ao local ideal não
cias semelhantes à acrosina e à trip-
permite o processo de fertilização,
sina.
sendo necessário que os gametas
passem, portanto, pelo processo de
capacitação e pela reação acrossô-
mica para adquirirem a capacidade
de fecundação.
A capacitação é um processo de con-
dicionamento no sistema genital fe-
minino que, nos seres humanos, dura
aproximadamente 7 horas e possi-
bilita aos espermatozóides condi-
ções ideais para fertilizar o oócito. Tal
mecanismo se dá principalmente na
tuba uterina, por meio de interações
epiteliais entre o espermatozoide e Figura 2: Micrografia eletrônica de varredura dos
espermatozoides ligados à zona pelúcida. FONTE: Em-
briologia – Langman – 13 ed.
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Espermatozoide no trato Contrações uterinas +


Ejaculação
reprodutivo feminino Movimento da Cauda

Espermatozoide chega
Espermatozoide capacitado CAPACITAÇÃO à tuba uterina

Passagem pela coroa radiada


+ reação acrossômica

7. FASES DA FECUNDAÇÃO por meio da quimiotaxia, processo


de emissão de substâncias químicas
É importante ressaltar que a fecunda-
pelo trato reprodutivo que estimulam
ção ocorre na ampola da tuba uteri-
o movimento dos gametas na direção
na e os espermatozoides a localizam
correta do oócito.

Figura 3: Fases de penetração do espermatozóide no oócito. FONTE: Embriologia – Langman – 13 ed.


PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 13

Fase 1 | Penetração da alteram as propriedades da zona pe-


coroa radiada lúcida (reação da zona), para evitar
a penetração do espermatozoide e
Dos cerca de 300 milhões de esper-
inativar os locais de receptores espe-
matozóides ejaculados no sistema
cíficos de espécies para o esperma-
genital feminino apenas 300 a 500
tozoide na superfície da zona. Neste
alcançam o local de fertilização e,
momento outros espermatozoides
normalmente, só um deles fertiliza o
também são encontrados na região
oócito. Nesta fase inicial o acrossoma
da zona pelúcida, no entanto, apenas
libera hialuronidases que dissolvem o
um consegue penetrar o oócito.
material da coroa radiada e o esper-
matozoide adentra e encontra a zona
pelúcida. Fase 3 | Fusão das membranas
dos gametas e fecundação
Fase 2 | Penetração à zona A adesão inicial do espermatozoi-
pelúcida e ao citoplasma do oócito de ao oócito é mediada parcialmente
A zona pelúcida é uma camada de pela interação entre integrinas do oó-
glicoproteínas que cerca o oócito, fa- cito e seus ligantes, desintegrinas, no
cilita e mantém a ligação do esper- espermatozoide. Após a adesão, as
matozoide e induz a reação acrossô- membranas plasmáticas do esperma-
mica. Tanto a ligação quanto a reação tozoide e do oócito se fundem (Figura
acrossômica são mediadas pelo li- 2). Como a membrana plasmática que
gante ZP3, uma proteína da zona que cobre a cabeça acrossômica desapa-
possibilita que a reação aconteça. A rece durante a reação acrossômica,
liberação das enzimas acrossômicas a fusão de fato é alcançada entre a
(acrosina) permite que os espermato- membrana do oócito e a membrana
zoides penetrem a zona, entrando em que recobre a região posterior da ca-
contato com a membrana plasmática beça do espermatozoide. Tanto a ca-
do oócito. beça quanto a cauda do espermato-
zoide entram no citoplasma do oócito,
A permeabilidade da zona pelúcida mas a membrana plasmática é deixa-
se altera quando a cabeça do esper- da para trás, na superfície do oócito.
matozoide entra em contato com a
superfície do oócito. Esse contato in- No momento em que o esperma-
duz a liberação das enzimas lisosso- tozóide penetra o oócito tanto a
mais dos grânulos corticais que estão membrana plasmática do game-
alinhados na membrana plasmática ta feminino, quanto a sua zona pe-
do oócito. Por sua vez, essas enzimas lúcida alteram suas configurações
a fim de se tornarem impenetráveis a
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 14

outros espermetozoides e, dessa ma- Durante o crescimento dos pró-nú-


neira, evitarem a poliespermia. cleos masculino e feminino (ambos
Em sequência, o oócito termina sua haploides), cada pró-núcleo deve re-
segunda divisão meiótica imediata- plicar seu DNA. Se isso não ocorrer,
mente após a entrada do espermato- cada célula do zigoto no estágio de
zoide. Uma das células-filhas, que re- duas células terá apenas metade da
cebe pouco ou nenhum citoplasma, é quantidade normal de DNA. Imedia-
conhecida como segundo corpúsculo tamente após a síntese de DNA, os
polar; a outra é o oócito definitivo ou cromossomos se organizam no fuso
óvulo. Seus cromossomos (22 mais X) em preparo para a divisão mitótica
se dispõem em um núcleo vesicular normal. Os 23 cromossomos mater-
conhecido como pró-núcleo feminino. nos e os 23 paternos separam-se
Neste momento, o óvulo tem seu me- longitudinalmente no centrômero, e
tabolismo ativado e o fator que pos- as cromátides-irmãs se movem para
sibilitou tal ativação é carregado pelo polos opostos, fornecendo às duas
espermatozoide. A ativação inclui primeiras células do zigoto a quanti-
eventos moleculares e celulares as- dade diploide de cromossomos e de
sociados ao início da embriogênese. DNA. Conforme as cromátides-irmãs
O espermatozoide no citoplasma do se movem para polos opostos, apa-
oócito se move para frente até que fi- rece um sulco profundo na superfí-
que próximo do pró-núcleo feminino. cie da célula, dividindo o citoplasma
Seu núcleo se torna aumentado por gradualmente em duas partes. Dessa
meio da formação de novas glicopro- maneira está iniciado os processos
teinas e proteínas e forma o pró-nú- de clivagem do zigoto, e em sequ-
cleo masculino; a cauda se despren- ência, esse novo indivíduo vai sendo
de e degenera. Morfologicamente, formado.
os pró-núcleos masculino e feminino
não são distinguíveis e, por fim, ficam
em contato íntimo e perdem seus en-
velopes nucleares.
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 15

Figura 4: Processo de fecundação: A, Um espermatozoide entrou no oócito e a segunda divisão meiótica já ocorreu,
resultando na formação do oócito maduro. O núcleo do oócito é agora o pró-núcleo feminino. 8, A cabeça do esperma-
tozoide aumentou para formar o pró-núcleo masculino. C, os pró-núcleos estão se fusionando. D, o zigoto está formado.
FONTE: Embriologia Básica – Moore – 8 ed.

O zigoto é geneticamente único por- cruzamento de cromossomos, realo-


que metade de seus cromossomos cando os segmentos dos cromosso-
vem da mãe e a outra merade é pro- mos paternos e maternos, “embara-
veniente do pai. Este mecanismo é a lha” os genes, produzindo assim uma
base para a herança biparental e va- recombinação de material genético
riação da espécie humana. A meiose que já determina as caracteristicas e
possibilita segregação independente o sexo do novo indivíduo.
dos cromossomos maternos e pater-
nos entre as células germinativas. O
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SE LIGA! A fertilização in vitro (FIV) refere-se a um procedimento projetado para superar a


infertilidade e resultar em uma gestação. Em geral, os ovários são estimulados por uma com-
binação de hormônios e medicamentos para fertilidade e, em seguida, um ou mais oócitos
são aspirados dos folículos ovarianos e inseridos em uma placa. São fertilizados em labora-
tório (“in vitro”) por meio da técnica de injeção espermática intracitoplasmática, que envolve a
injeção do espermatozoide diretamente no citoplasma do oócito maduro. Este procedimento
é extremamente valioso nos casos de infertilidade decorrente do bloqueio das tubas uterinas
ou de oligospermia (baixo número de espermatozoides). Após a fertilização um ou mais em-
briões são transferidos para a cavidade uterina. Essas etapas ocorrem durante aproximada-
mente um intervalo de duas semanas, chamado ciclo de fertilização in vitro
A primeira gravidez após a fertilização de um ovo humano in vitro e o primeiro nascimento de
um embrião fertilizado in vitro foram relatados em 1976 e 1978. Desde então, cerca de sete
milhões de gestações foram alcançadas em todo o mundo pela fertilização in vitro e suas mo-
dificações, conhecidas genericamente como tecnologias de reprodução assistida. À medida
que a experiência se acumula, as taxas de sucesso aumentam e as indicações para esses
procedimentos se expandem

Fusão das membranas


Passagem do espermatozoide
dos gametas e entrada do Impermeabilização do oócito
pela coroa radiada e
espermatozoide no citoplasma a outro espermatozoide
reação acrossômica
do oócito

Segunda divisão meiótica


Crescimento do Migração do espermatozoide
do oócito → Formação do
espermatozoide originando para perto do
segundo corpúsculo polar e do
o pró-núcleo masculino pró-núcleo feminino
pró-núcleo feminino

Zigoto formado e início dos


Fusão dos dois pró-núcleos
processos de clivagem
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8. Clivagem do Zigoto alinham firmemente uns contra os


outros - compactação. Este fenôme-
Após a fecundação inicia-se o proces-
no pode ser mediado por glicoprote-
so de clivagem do zigoto, que consis-
ínas de adesão da superfície celular.
te em repetidas divisões mitóticas do
A compactação possibilita melhor in-
zigoto, levando a um rápido aumento
teração célula-célula e é um pré-re-
do número de células – agora cha-
quisito para a segregação das células
madas de blastômeros. A divisão do
internas que formam a massa celular
zigoto começa aproximadamente 30
interna (Fig. 5E). Quando há de 12 a
horas após a fecundação. Esses blas-
32 blastômeros, o concepto é cha-
tômeros se tornam menores a cada
mado de mórula. As células internas
divisão. Durante a clivagem, o zigoto
da mórula - o embrioblasto ou massa
ainda é envolto pela zona pelúcida.
celular interna - são envolvidas por
uma camada de blastômeros acha-
tados que formam o trofoblasto. Uma
proteína imunossupressora - o fator
precoce da gravidez- é secretada pe-
las células trofobláscicas e pode ser
detectada no soro materno dentro de
24 a 48 horas após a implantação.
O fator precoce da gravidez forma a
base do teste de gravidez aplicável
durante os primeiros dias do desen-
volvimento.

Divisões mitóticas Blastômeros


Zigoto
até 9 células

72H Compactação

Mórula Embrioblasto

Figura 5. Ilustração do processo de clivagem do zigoto


e formação do blastocisto. FONTE: Embriologia Básica – 9. FORMAÇÃO
Moore – 8 ed.
DO BLASTOCISTO
Logo após a entrada da mórula no
Após o estágio de oito células, os útero (aproximadamente 4 dias após
blastômeros mudam sua forma e se a fecundação), o líquido uterino pas-
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 18

sa através da zona pelúcida para for- Aproximadamente 6 dias após a fe-


mar um espaço repleto de líquido - a cundação, o blastocisto adere ao
cavidade blastoástica no interior da epitéLio endometrial (Fig. 6). Assim
mórula (Fig. 5E). Com o aumento do que ocorre a adesão ao epitélio, o
líquido na cavidade, os blastômeros trofoblasto começa a proliferar rapi-
são separados em duas partes: damente e a se diferenciar em duas
camadas:
• O trofoblasto, as células externas
delgadas que dão origem à patre O citotrofoblasto, a camada interna
embrionária da placenta. Função de células.
nutritiva. O sinciciotrofoblasto, a camada exter-
• O embrioblasto, um grupo peque- na que consiste em uma massa pro-
no de blastômeros que é o primór- toplasmática multitnucleada formada
dio do embrião. pela fusão das células.
Neste estágio, o concepto, ou em- Os processos digitiformes do sinci-
brião, é chamado de blastocisto. O ciotrofoblasto se estendem através
embrioblasto agora se projeta para a do epitélio endometrial e invadem o
cavidade blasrocísrica e o trofoblasco tecido conjuntivo endometrial. Ao fi-
forma a parede do blastocisto (Fig. 5 nal da primeira semana, o blastocisto
E e F). Após o blastocisto flutuar no está superficialmente implantado na
líquido uterino por aproximadamente camada compacta do endométrio e
2 dias, a zona pelúcida degenera-se e retira seus nutrientes do tecido mater-
desaparece. O destacamento da zona no erodido. O sinciciotrofoblasto alta-
pelúcida já foi ob- mente in-
servado in vitro. vasivo se
Esse destaca- expande
mento possibilita rapida-
que o blastocisto m e n t e
aumente rapida- próximo
mente de tama- ao em-
nho. Enquanto brioblas-
flutua livrememe to - o polo
na cavidade ute- embrioná-
rina, o blastocisto rio (Fig. 6).
se nutre através O sincicio-
das secreções trofoblas-
das glândulas to produz
uterinas. enzimas
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 19

proteolíticas que erodem os tecidos


SE LIGA! Muitos embriões recém-for-
maternos, permitindo que o blasto- mados são abortados espontaneamen-
cisto se insira no endométrio. Ao fi- te. Os estágios iniciais da “implantação
nal da primeira semana, uma cama- do blastocisto são períodos críticos do
da de células cuboides, chamada de desenvolvimento que podem não acon-
tecer corretamente por causa da pro-
hipoblasto, aparece na superficie do dução inadequada de progesterona e
embrioblasro, com a face voltada para estrogênio pelo corpo lúteo. Acredita-se
a cavidade blastocística. que a taxa média de abortos espontâne-
os precoces seja de aproximadamente
45%. Os abortos espontâneos precoces
ocorrem por várias razões, por exemplo
a presença de anormalidades cromos-
sômicas.

Figura 6. Adesão do blastocisto ao epitélio endometrial


durante os estágios iniciais de sua implantação. A, No
sexto dia, o trofoblasto está aderido ao epitélio endo-
metrial no polo embrionário do blastocisto. B, No 7° dia,
o sinciciotrofoblasto penetrou no epitélio e começou a
invadir o tecido conjuntivo endometrial.
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 20

GAMETOGÊNESE

Espermatozoide Oócito Primário

Oócito sendo
fecundado

Origem do Blastocisto e
processo de implantação ao
União dos pró-núcleos epitélio endometrial no final
masculino e feminino da primeira semana

Formação do zigoto e inicio


dos processos de clivagem
PRIMEIRA SEMANA DE DESENVOLVIMENTO 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOORE, Keith L; PERSAUD, T. V. N.; TORCHIA, Mark G. Embriologia básica. 8. ed. Rio de
Janeiro, RJ: Elsevier, 2013.
SADLER, Thomas W. Langman embriologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2016.
PAULSON, Richard. In vitro fertilization. UpToDate, 2020.
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