2011
Branca Miranda
Pedro Cabral
1
Índice
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 23
I. DIAGNÓSTICO ..................................................................................................................................... 23
1. O problema e a problemática do projeto ...................................................................................... 24
1.1. Conceito de problema educacional ....................................................................................................... 24
1.2. Delimitação do problema educacional .................................................................................................. 27
1.2.1. Clareza........................................................................................................................................... 27
1.2.2. Exequibilidade ............................................................................................................................... 28
1.2.3. A pertinência ................................................................................................................................. 28
1.3. Reflexão crítica sobre os problemas de índole educacional .................................................................. 29
2. – Revisão da literatura .................................................................................................................. 29
2.1. Reflexão pessoal/plágio......................................................................................................................... 31
3. Recolher informações .................................................................................................................... 31
3.1. Análise de documentos ......................................................................................................................... 31
3.2. Elaboração de instrumentos de recolha de informação........................................................................ 32
3.2.1. Questionários ................................................................................................................................ 32
2
3.2.2. Entrevistas ..................................................................................................................................... 35
3.3.3. A Confidencialidade............................................................................................................................ 35
4. Avaliar necessidades ..................................................................................................................... 35
4.1. Conceito de necessidade ....................................................................................................................... 35
4.2. Estabelecer prioridades ......................................................................................................................... 36
5. Analisar informações .................................................................................................................... 37
5.1. Análise estatística .................................................................................................................................. 38
5.2. Análise de conteúdo .............................................................................................................................. 39
5.3. Análise SWOT ............................................................................................................................. 41
Conclusão .......................................................................................................................................... 44
IV – AVALIAÇÃO ................................................................................................................................... 55
1. DIAGNÓSTICO................................................................................................................................... 65
2. PLANIFICAÇÃO .................................................................................................................................. 73
3. AVALIAÇÃO ...................................................................................................................................... 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 84
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................................... 6
3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 23
1. DIAGNÓSTICO .................................................................................................................................... 23
1.1. O problema e a problemática do projeto ................................................................................... 24
1.1.1. Conceito de problema educacional .................................................................................................... 24
1.1.2. Delimitação do problema educacional ............................................................................................... 27
1.1.2.1. Clareza........................................................................................................................................ 27
1.1.2.2. Exequibilidade ............................................................................................................................ 28
1.1.2.3. A pertinência .............................................................................................................................. 28
1.1.3. Reflexão crítica sobre os problemas de índole educacional ............................................................... 29
1.2. – Revisão da literatura ............................................................................................................... 29
1.2.1. Reflexão pessoal/plágio...................................................................................................................... 31
1.3. Recolher informações ................................................................................................................. 31
1.3.1. Análise de documentos ...................................................................................................................... 31
1.2.2. Elaboração de instrumentos de recolha de informação..................................................................... 32
1.2.2.1. Questionários ............................................................................................................................. 32
1.2.1.2. Entrevistas .................................................................................................................................. 35
1.3.3. A Confidencialidade ............................................................................................................................ 35
1.4. Avaliar necessidades .................................................................................................................. 35
1.4.1. Conceito de necessidade .................................................................................................................... 35
1.4.2. Estabelecer prioridades ...................................................................................................................... 36
1.5. Analisar informações ................................................................................................................. 37
1.5.1. Análise estatística ............................................................................................................................... 38
1.5.2. Análise de conteúdo ........................................................................................................................... 39
1.5.3. Análise SWOT .......................................................................................................................... 41
Conclusão .......................................................................................................................................... 44
4
1. ELABORAÇÃO DO PROJETO ................................................................................................................ 46
1.1. Definir objetivos exequíveis e pertinentes .................................................................................. 46
1.2. Definir metas .............................................................................................................................. 47
1.3. Definir atividades eficazes e eficientes....................................................................................... 47
1.3.1. Seleccionar e calendarizar atividades ................................................................................................. 49
1.4. Orçamento do projeto ................................................................................................................ 53
2. CHECK LIST: ........................................................................................................................................ 53
IV – AVALIAÇÃO ................................................................................................................................... 55
1. DIAGNÓSTICO................................................................................................................................... 65
2. PLANIFICAÇÃO .................................................................................................................................. 73
3. AVALIAÇÃO ...................................................................................................................................... 82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 84
5
Lista de Figuras
6
INTRODUÇÃO
Em todas as épocas da história a hora que se apresentou actual foi de
indecisão e de escolha; em todas elas, para que alguma obra surgisse, foi
necessário um projeto; o projeto parte do presente, só pode existir mesmo no
presente, mas é uma condição de futuro; simplesmente, para que ele se
realize, para que depois nele se baseiem outras organizações de ideias, é
necessário um acto de vontade.
Agostinho da Silva em Glosas
1. Sociedade e mudança
7
Estas mudanças, de carácter acelerado e imprevisível, afectam todos os aspectos da
nossa vida, nomeadamente, as relações entre homens e mulheres, entre maridos e
mulheres, entre pais e filhos; os nossos valores e a concepção de moral tradicional; o
modo como trabalhamos e utilizamos os tempos livres; as relações entre as nações
(Klerk, 2001).
8
2001:74), mas também a participação dos cidadãos em atividades e associações cívicas
tem vindo a crescer nos últimos anos.
Vivemos, assim, numa sociedade em mudança acelerada, uma mudança que se faz
sentir em múltiplos aspectos – a nível social, a nível económico, a nível tecnológico. A
própria natureza começa a responder de modo mais evidente às agressões que a
1
Atitudes podem ser definidas como estados da mente ou sentimentos sobre ideias, pessoas, objectos
ou acontecimentos, situações e/ou relações. Têm uma natureza mais restrita do que os valores, podem
mudar ao longo do tempo e estão menos enraizadas (IEA, 2007)
9
sociedade de consumo introduziu sucedendo-se catástrofes naturais um pouco por
todo o mundo.
O mundo torna-se, assim, mais imprevisível e mais ilegível o que contribui de um modo
paradoxal para, paralelamente à implantação de políticas reformistas, se registar um
aprofundamento do conservadorismo e do fundamentalismo.
A sociedade, tal como a conhecemos no século XX, reconfigura-se com as novas
exigências do mercado de trabalho, com as crises económicas que afectam
particularmente algumas regiões do mundo, com as crises políticas, com a insegurança
de muitas populações, com a subnutrição e as doenças, com a destruição de colheitas
e o desemprego.
Estas transformações ao provocarem um agravamento da distância entre países,
regiões e pessoas mais ricas e os que se afundam na pobreza dão origem a uma
enorme turbulência social, por parte daqueles que se consideram segregados, os filhos
menores da sociedade actual, os excluídos da sociedade. Desenvolvem-se, assim, as
identidades de resistência, daqueles que não encontram resposta no quadro da
sociedade actual para os seus problemas de sobrevivência, dos que por se sentirem
rejeitados desenvolvem comportamentos marginais.
Um mundo marcado pela complexidade e pelo conflito exige uma análise detalhada
das problemáticas sociais e um esforço na procura de propostas de solução que sejam
adequadas a cada situação concreta, com este objetivo desenvolvem-se propostas de
intervenção social que se consubstanciam em projetos operatórios.
Os projetos educacionais de inserção pretendem responder, em primeiro lugar, a estas
populações mais carenciadas, procurando contribuir para uma melhor integração nas
comunidades, na escola e no mercado de trabalho. Mas, o facto de os fenómenos
sociais terem um carácter situacional, ou seja, serem dependentes de um conjunto de
múltiplos factores que assumem características próprias em cada realidade e se
cruzam de modos diferentes em determinados momentos obriga a que a intervenção
junto das populações tenha que ser marcada por um estudo aprofundado das
problemáticas e da realidade do público-alvo. Esta necessidade de adequação à
situação concreta torna os projetos de intervenção documentos únicos e irrepetíveis.
Os projetos impõem-se, deste modo, como uma característica e um imperativo da
sociedade, uma característica porque são instrumentos reguladores da ação e
10
permitem maximizar a eficácia e a eficiência das nossas atividades, um imperativo
porque podem responder a necessidades prementes e ser um trampolim para a
emancipação social. Neste contexto encaramos o Projeto Educacional como um guia
para a ação dos profissionais que visa transformar positivamente uma realidade
através da resolução de problemas detectados num determinado grupo social.
11
Parte I - EM TORNO DO CONCEITO DE PROJETO
I. SOCIEDADE DE PROJETOS
Podemos afirmar que a atividade humana sempre foi conduzida por projetos. Mas, as
suas características e a sua abrangência têm vindo a assumir contornos distintos ao
longo dos tempos. Segundo Boutinet (1996) vivemos hoje numa sociedade dominada
por projetos que se estendem aos mais diversos campos da ação humana e que
pretendem atingir fins muito díspares. Assim, apesar de entre eles encontrarmos
pontos comuns, as suas características, divergem quer quanto à concepção quer
quanto à execução quer, naturalmente, quanto aos métodos e modos de avaliação.
Deste modo, no mundo complexo dos projetos encontram-se múltiplas configurações
como resultado dos objetivos e das finalidades a que se destinam. Consoante o tipo de
projeto, escrever um livro, construir uma ponte ou tirar a carta de condução, por
exemplo, optamos por diferentes abordagens.
Em termos gerais, e segundo o Dictionnaire Actuel de l’Éducation projeto consiste num
conjunto de operações que visam uma realização precisa, num contexto particular e
num lapso de tempo. Estamos portanto perante algo que estabelece objetivos claros
de modo a através da ação obter uma alteração da realidade. Por outro lado, Serrano
afirma que «projeto é um plano de trabalho com carácter de proposta que
consubstancia os elementos necessários para conseguir alcançar os objetivos
desejáveis. Tem como missão prever, orientar e preparar bem o caminho do que se vai
fazer» (2008: 16).
Neste trabalho centramo-nos apenas nos projetos educacionais nas suas
características e finalidades, nos modos e nos meios que nos permitem desenvolver
uma ação educativa coerente junto a um determinado tipo de população.
Tendo definido o conceito de projeto importa esclarecer o conceito de educação,
conceito que varia de acordo com os autores consultados. Existem, contudo, alguns
12
aspectos comuns que podemos destacar. No Dictionnaire Actuel de l’Education,
educação é definida como a aquisição de boas maneiras; ser polido, saber-viver; boa
conduta em sociedade; formação e informação recebidas por uma pessoa ao longo dos
anos de estudo. Possuir uma boa educação.
13
II. A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS EDUCACIONAIS
1. Funções do projeto
14
desenvolver os julgamentos e os comportamentos morais dos cidadãos tendo em vista
a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa. Este esforço de
transformação de mentalidades deve presidir o trabalho do educador que visando a
autonomização e emancipação dos indivíduos procura que todos possam ter acesso às
ferramentas necessárias para empreenderem com êxito os seus projetos pessoais.
O educador deve atender a que a formação de cidadãos no contexto de uma
sociedade democrática «tem a ver com os direitos das pessoas e dos grupos (…). Tem a
ver com o favorecimento e a organização da participação do maior número possível na
tomada de decisões com interesse colectivo. Tem a ver com a redução das
desigualdades sociais cuja natureza ou amplitude impediria, precisamente, a satisfação
dos direitos e a possibilidade de participação» (Silva, et al, 2001: 209). No contexto
actual, o exercício da cidadania tem, também, necessariamente, a ver com os deveres
de participação e cooperação na sociedade, de valorização da alteridade, de respeito
pelo Outro e pelos seus direitos.
15
5) Estabelecer uma hierarquia das necessidades detectadas em função da sua
premência;
6) Delimitar o problema a resolver – um projeto deve ter sempre um âmbito
relativamente circunscrito: quanto ao tempo da ação e quanto ao número de
envolvidos na ação.
7) Factor de envolvimento pessoal e colectivo – deve envolver todos os
implicados para ser eficaz;
8) Proposta que se pode avaliar e rever adaptando-se à realidade – deve ser
sujeito a uma avaliação permanente e aos ajustes daí decorrentes.
9) Ser um regulador da ação – o projeto tem que ser claro e bem estruturado,
estabelecendo objetivos, atividades, calendários coerentes e exequíveis.
Criatividade e audácia
Propor e inovar
Iniciativa e Liderança ao
longo do processo
Envolver toda a
comunidade, saber
ouvir os outros
16
A figura 1 mostra-nos alguns dos aspectos fundamentais para que um projeto seja
realizado com êxito. Em primeiro lugar é necessário que a proposta seja inovadora,
que alicie aqueles que vão ser envolvidos em todo o processo e que seja criativa, no
sentido em que é uma resposta única que se apresenta para um fenómeno que é ele
também único. Um bom projeto nunca pode ser obtido através do decalque de
projetos que se destinam a outros públicos, a outros lugares, a um outro tempo. Cada
projeto tem que ser uma proposta de ação original porque não existem situações
iguais. O projeto funda-se no desejo de mudar uma determinada realidade e a sua
elaboração e execução depende da capacidade de a compreender e de apresentar
propostas inovadoras que desafiem e congreguem todos os envolvidos no processo.
Em segundo lugar a elaboração de um projeto tem que partir de um profundo
conhecimento da realidade onde se vai realizar a intervenção. É necessário saber as
carências e as aspirações, as fraquezas e as forças, as expectativas e os entraves que
vão condicionar a mudança preconizada. Assim, partindo da análise da realidade
define-se uma problemática, hierarquizam-se os problemas detectados e, por fim,
procura-se encontrar soluções exequíveis e adequadas.
Em terceiro lugar devemos ter bem claro que um projeto, qualquer que ele seja, só
pode ter êxito se na sua elaboração estiverem envolvidos todos os seus actores. Num
projeto educacional os intervenientes podem ser muito variáveis consoante o público
a que se destina. Numa escola contaremos com professores, pais, alunos, funcionários,
entidades externas (como a junta ou empresas), num centro de formação teremos os
formadores, os formandos e as empresas onde se desenvolvem os estágios. As
situações são muito diversificadas pelo que não é possível enumerá-las, apenas
sublinhar que não é compatível com a ideia de projeto a elaboração de um documento
que se põe à disposição dos outros para o cumprirem. Aqueles que vão estar
envolvidos no processo devem fazer parte dele desde a primeira hora, não apenas ser
ouvidos mas participar na sua construção criando um compromisso pessoal, um laço
afectivo que os leve a cooperar activamente no desenrolar das atividades.
Em quarto lugar devemos atender ao facto de que apesar de o projeto dever resultar
de um trabalho realizado por um conjunto de pessoas a sua existência depende em
muito da capacidade e do tipo de liderança posto em prática pelos seus responsáveis.
O projeto não nasce sem que haja uma iniciativa de o pôr em marcha, de o
17
desenvolver e de o monitorizar. Os responsáveis pelo projeto têm que desempenhar
uma tarefa complexa: ser capazes de gerir diferentes sensibilidades, detectar
problemas de gestão, avaliar todo o processo e ir propondo rectificações no seu
percurso.
Em quinto lugar o êxito do projeto depende do rigor que é impresso em todas as suas
fases. Muitas vezes algumas fases do projeto são encaradas com pouca seriedade,
sendo vulgar cair-se no lugar-comum e nas frases feitas, de tal modo que o que lemos
se poderá aplicar a qualquer situação. Deve-se, portanto, procurar as respostas para a
elaboração do projeto numa análise cuidadosa da realidade baseada num
conhecimento teórico sobre as problemáticas em análise o que irá fundamentar as
nossas opções e viabilizar toda a ação subsequente.
Em sexto lugar devemos ter claro que o sucesso do projeto depende da aplicação de
um processo de avaliação formativa, que se desenrolará ao longo das diferentes fases,
permitindo a reformulação de aspectos que tenham sido menos bem-sucedidos. É por
isso necessário preparar os meios e os modos de avaliação desde o início, dotando-os
da eficácia necessária. Este processo de avaliação formativa, não exclui a necessidade
de fazermos uma avaliação sumativa, no final do processo, que nos permita verificar se
os objetivos foram cumpridos e elaborar propostas de melhoria para um projeto
futuro.
Sublinha-se que um projeto nasce com o objetivo de melhorar uma realidade. Para
respondermos ao problema entrevisto temos que entender a problemática em que ele
se enquadra. Uma problemática corresponde ao enquadramento teórico do nosso
projeto por exemplo a problemática da gravidez na adolescência ou a problemática da
marginalidade dos jovens adolescentes. Deste modo devemos iniciar o nosso projeto
fazendo uma análise teórica sobre o tema, o que nos irá permitir perceber como é que
um assunto é entendido por diversos autores e soluções já foram tentadas.
É com base nesta análise da problemática, e na percepção que temos de uma
determinada realidade, que podemos formular um problema bem estruturado: que
atenda aos conhecimentos acumulados sobre um determinado tema e que os aplique
a uma situação concreta.
Passamos, então, à formulação de um problema, ou seja, enunciamos aquilo que
queremos resolver. No caso de um projeto de inserção social, o problema deve
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perspetivar uma melhoria da qualidade de vida das populações. Um problema é
sempre formulado sobre a forma de uma pergunta.
2. Da coerência do projeto
3. Projetos educacionais
19
Os projetos educacionais podem ser desenvolvidos em diferentes contextos e,
dependendo do público a que se destinam e dos seus objetivos podem assumir
características distintas. Dentro deste tipo de projetos consideram-se três grandes
grupos: i) projetos de intervenção social; ii) projetos educativos e pedagógicos; iii)
projetos de formação.
20
Estes são projetos que se podem desenvolver sob a égide do Estado (por exemplo
projetos de prevenção da SIDA), de organizações não-governamentais (projetos da
Cruz Vermelha, das Misericórdias, ou outros), de autarquias locais (tempos livres das
crianças), de organizações de base locais (clubes, associações, etc.). A sua estrutura,
público a que se destinam, abrangência e duração podem assim ser muito
diversificados adequando-se aos objetivos que se procuram alcançar.
21
alcançar. São, assim, projetos de intenções a partir dos quais se desenvolvem outros
projetos com um carácter operatório.
Os projetos pedagógicos, que assumem um carácter operatório, referem-se a
situações formais de ensino e têm como objetivo desencadear situações de
aprendizagem que conduzam ao sucesso educativo numa determinada área do
conhecimento. São condicionados pela estrutura curricular e pelos programas em
leccionação e têm com atores apenas os alunos e o(s) professores. Restringem-se às
instituições escolares e pretendem regular as relações entres os vários actores em
presença. As opções tomadas nestes projetos determinam o tipo de relações
pedagógicas que vão ser desenvolvidas entre docentes e discentes.
22
Parte II - FASES DO PROJETO
Introdução
I. DIAGNÓSTICO
Introdução
23
7. Caracterizar os fatores externos (conjuntura económica, política e social,
analisar a legislação de interesse para o projeto);
8. Identificar recursos que possam contribuir para a resolução do problema (fazer
um levantamento das instituições que podem ser envolvidas, identificar fontes
possíveis de financiamento).
Na posse desta informação podemos determinar causalidades entre diferentes
fenómenos, identificar recursos, determinar constrangimentos e linhas de ação com
maiores possibilidades de êxito. O objetivo do diagnóstico será conseguir obter
informações detalhadas sobre a situação que nos permitam agir de uma forma eficaz e
eficiente, aproveitando todas as sinergias que, ao nível local, regional, nacional ou
internacional, possam ser mobilizadas para a transformação positiva da realidade. Um
bom projeto parte sempre de um bom diagnóstico, razão que nos leva a sublinhar a
necessidade da equipa do projeto investir os seus recursos na realização desta tarefa.
Sendo uma tarefa complexa o diagnóstico deve ser desenvolvido ao longo de diversas
fases que se descrevem de seguida.
No início de um projeto os responsáveis têm uma ideia genérica sobre a situação que
desejam superar. As hipóteses são muito diversificadas, mas suponhamos que a
situação a resolver seria o desemprego dos jovens. Partindo desta necessidade, far-se-
ia uma análise inicial muito genérica procurando informações relativas à situação do
país e pistas de solução encontradas em situações idênticas. Feita esta prospeção
inicial devemos então voltar as nossas atenções para a formulação de um problema
educacional. Este é o primeiro passo do projeto.
24
primeiro passo será a determinação do problema a resolver pois dele decorrerão todos
os outros aspectos do projeto.
No sentido geral um problema é uma situação preocupante com que nos deparamos e
cuja resolução tem um certo nível de dificuldade, uma necessidade de reduzir ou
eliminar uma diferença entre a realidade e o que é exigido, um obstáculo à satisfação
de uma necessidade (Legendre: 1993)2. Um problema é, portanto, uma interrogação
pertinente que tem sentido numa realidade específica e que se enquadra num certo
domínio do saber – ou seja numa determinada problemática.
Ao educador põem-se, diariamente, uma infinidade de problemas da mais diversa
ordem, situações complexas que escapam ao seu entendimento e que necessitam de
uma solução adequada ao meio onde se insere o seu trabalho. A resolução de um
problema implica antes de mais a capacidade de o formular de modo claro e objetivo,
apelando para capacidades como a criatividade, o espírito de descoberta, de análise da
realidade pressentida.
O enunciado de um problema estará bem definido quando o conjunto de informações
que possuímos, ou aqueles que vamos recolher, nos permitem obter uma solução,
uma resposta coerente à questão colocada no início do trabalho; um problema está
mal definido quando, perante a pergunta inicial não somos capazes de obter uma
resposta credível ou não conseguimos estar certos de ter encontrado uma boa solução
para ele.
A resolução de um problema exige, por conseguinte, um percurso de pesquisa
claramente definido com o objetivo de alcançarmos o resultado desejado. A este
percurso tem, necessariamente, que estar subjacente um determinado quadro teórico
que nos permita enquadrar as diversas fases do trabalho, justificar as nossas
interpretações da realidade e as nossas opções e metodológicas, ou seja, depois de
escolhida uma temática de trabalho a 1ª fase será a formulação de um problema e a 2ª
fase será a opção por uma determinada problemática ou seja pelo campo teórico
subjacente à solução do problema formulado.
2
Legendre, R, (1993) Dictionnaire Actuel de l’Education, Guérin, Montréal.
25
exequível. Formular um problema traduz-se na elaboração de uma pergunta de
partida que possa ser respondida com clareza e que tenha como suporte uma
problemática bem estabelecida.
Note-se, contudo, que no âmbito dos projetos educacionais o problema equacionado
deverá traduzir um problema específico necessariamente contextualizado na ação
educativa. Por exemplo: “qual o património construído existente na região – sua
classificação, características e história?” Ou “qual a causa do progressivo
desaparecimento do sobreiro na região?”, São problemas que poderão conduzir a
projetos de investigação interessantes, mas não estão perspectivados em termos de
responder a uma disfunção, carência ou zona de intervenção marcadamente
educacional, isto é, voltada para a educação.
1) o que fazer para que os jovens que faltam frequentemente se interessem mais
pelo trabalho na escola?
2) como interagir com as famílias de modo a que elas se responsabilizem pela
presença dos seus educandos na escola?
Ou ainda, relativamente ao exemplo referido do desemprego na região, podemos
equacionar:
1) que apoios poderão ser dados aos jovens de modo a tornar mais fácil a
obtenção do primeiro emprego?
26
1.2. Delimitação do problema educacional
Depois de estabelecida a temática do trabalho, por exemplo «A delinquência juvenil na
freguesia de Santo António», deverá procurar restringir o seu campo de trabalho de
modo a que o projeto seja exequível no tempo e com os recursos que dispõe. Esta
primeira etapa, que consiste na identificação e formulação do problema, é
fundamental, pois dela depende a coerência e exequibilidade de todo o percurso
posterior. Para tal, é essencial que o problema seja o mais concreto possível, os
recursos necessários à sua resolução sejam acessíveis e que as
metodologias/estratégias de resolução sejam adequadas ao tempo disponível.
Em síntese, o educador poderá avaliar até que ponto o seu problema está bem
formulado reflectindo sobre a sua pergunta de partida, de acordo com os aspectos que
se evidenciam no quadro seguinte.
1.2.1. Clareza
A pergunta de partida deve ser elaborada com o máximo de clareza. Por exemplo,
«qual o impacto da utilização das consultas de planeamento familiar na gravidez na
adolescência?» é uma pergunta demasiado vaga uma vez que não estabelecemos o(s)
tipo(s) de impacto(s) que queremos analisar. Deste modo, a pergunta poderá ter várias
respostas, o que irá dificultar a persecução do seu trabalho. No entanto, se
reformularmos a pergunta tornando-a mais precisa e directa, (por exemplo, «de que
27
modo podemos utilizar as consultas de planeamento familiar para reduzir a gravidez
na adolescência?») obtemos uma questão de partida que nos permitirá conduzir o
nosso projeto de um modo coerente. Utilizando o exemplo anterior podemos então
partir da problemática «A delinquência Juvenil», para o problema «quais as estratégias
adequadas para reduzir a delinquência juvenil na freguesia de Santo António?»
1.2.2. Exequibilidade
A exequibilidade prende-se com a possibilidade de formularmos uma questão que seja
passível de resposta, atendendo aos constrangimentos de tempo e de recursos com
que nos deparamos. Questões como por exemplo «Como resolver o problema do
abandono dos idosos?» ou «Terão as crianças o apoio suficiente das suas famílias?»,
são perguntas interessantes, mas cuja resposta só poderia ser obtida com uma equipa
da trabalho alargada e com uma pesquisa feita ao longo de vários anos. No entanto,
estas questões muito abrangentes poderão dar origem a perguntas mais específicas,
como por exemplo: «como apoiar as crianças da freguesia de modo a evitar situações
de risco?». A resposta a esta pergunta de partida implicará a aplicação de
questionários cuja formulação deve ser feita com o máximo cuidado. Mais à frente
tornaremos a abordar este aspecto.
1.2.3. A pertinência
Este aspecto põe em evidência a necessidade de não partirmos de ideias
preconcebidas, das nossas opiniões pessoais, as quais poderão não ter qualquer
fundamento. Pegando num exemplo anterior se em vez de se perguntar «Terão as
crianças o apoio suficiente das suas famílias?» colocasse a questão «Porque é que as
famílias não apoiam as suas crianças?» estaria a partir do princípio que as famílias não
apoiavam as crianças o que pode não corresponder inteiramente à realidade.
Muitas vezes o nosso trabalho é condicionado pela nossa visão do mundo e pelos
nossos preconceitos. Num trabalho deste género devemos “despirmo-nos” de
preconceitos e de crenças, ou seja das nossas representações do mundo, e sermos
capazes de questionar a realidade de uma forma objectiva. No entanto, a pergunta de
28
partida deverá estar enraizada na realidade, na experiência pessoal e, sobretudo,
permitir obter uma resposta que tenha pertinência para o seu trabalho profissional.
1.3. A problemática
Identificado o problema, o passo seguinte da equipa do projeto será a análise reflexiva
sobre a problemática, ou seja sobre o quadro teórico de referência desenvolvido
através do estudo de situações idênticas àquelas com que vamos trabalhar.
2. – Revisão da literatura
29
que foram elaborados sobre essa temática, pois o tempo que dispõe para a leitura e
análise crítica desses documentos é limitado. Deste modo, torna-se imprescindível,
nesta primeira fase da pesquisa bibliográfica, realizar uma selecção muito criteriosa,
escolhendo duas ou três obras que sejam fundamentais para o seu trabalho.
Para um melhor aproveitamento da bibliografia analisada o investigador deve elaborar
fichas de leitura. A elaboração destas fichas pode seguir diferentes modelos consoante
as necessidades e o modo de trabalhar do investigador. Existem, no entanto algumas
regras que são genericamente utilizadas.
Em primeiro lugar, deverão escrever com clareza o nome do autor, a data, o título da
obra, a edição e o local. Seguidamente, devem procurar resumir as ideias principais da
obra utilizando uma linguagem própria, podendo posteriormente utilizar essa
compilação no corpo do trabalho. Por último, caso considerem necessário, poderão
escolher algumas frases do autor que considerem pertinentes, a fim de o poderem
citar no trabalho. As citações aparecem sempre entre aspas seguidas da indicação do
autor, ano da obra e página. Por exemplo, segundo Humberto Eco devem viver a
elaboração deste trabalho «como um desafio. O sujeito do desafio são vocês:
inicialmente fizeram uma pergunta a que não sabiam responder. Trata-se de encontrar
a solução num número finito de movimentos». (Eco, 1977: 224-225)
As citações dos autores devem ser criteriosamente escolhidas, atendendo à
necessidade de fundamentarmos teoricamente as nossas afirmações. Isto significa que
não devemos citar frases banais que correspondem a um conhecimento generalizado
da população, por exemplo «Portugal tem recebido um número cada vez maior de
imigrantes», mas antes escolher aquelas que podem servir de suporte teórico de
afirmações mais controversas, bem como as que nos ajudam a ter uma perspectiva
mais crítica relativamente às análises que fazemos sobre a realidade. No entanto, se
no trabalho que estamos a elaborar for necessário incluir dados relativos ao número
de imigrantes residentes em Portugal, deve sempre citar a origem assim com indicar a
data a que se referem essas informações.
Uma última recomendação prende-se com a extensão e o número de citações que
incluímos nos textos que elaboramos. São de evitar citações demasiado extensas ou
muito numerosas, pois tal facto dará ao leitor a indicação de que não somos capazes
de elaborar um texto próprio, que ponha em evidência quer a análise crítica
30
relativamente às leituras efectuadas quer a inter-relação entre o corpo teórico e a
nossa experiência no terreno.
3. Recolher informações
31
Quaisquer que sejam os documentos disponíveis dever-se-á ter sempre o máximo
cuidado na sua análise a qual deve ser realizada de forma objectiva evitando-se a
influência de conceções pré-estabelecidas. Por outro lado, deve procurar-se realizar
uma leitura crítica sobre os documentos que permita o cruzamento entre as leituras
efectuadas e a experiência no terreno. De entre os documentos a analisar dever-se-á
dar uma atenção especial à análise de relatórios de projetos semelhantes já
desenvolvidos junto ao mesmo público que nos poderão dar indicações preciosas
sobre os caminhos a trilhar.
A primeira etapa desta fase será a de uma escolha criteriosa dos documentos que são
fundamentais para responder à questão de partida. A segunda constituirá na seleção
dos elementos exatos que se querem obter com a sua leitura. Assim podemos, por
exemplo, tentar a partir da análise de uma determinada legislação estabelecer se ela
permite ou até incentiva o desenvolvimento de projetos de intervenção em
determinadas temáticas, o tipo de características que se preconizam, etc.
Esta segunda etapa é muito importante uma vez que possibilita canalizar a análise
apenas para os aspetos fundamentais, deixando de lado todos os restantes que não
iremos utilizar no nosso trabalho.
3.2.1. Questionários
Ao elaborarmos um questionário devemos ter sempre presentes dois aspectos
fundamentais: o primeiro consiste em determinar com rigor o(s) objetivo(s) que
subjazem à sua construção, construindo as questões de modo a que as respostas
obtidas nos possam responder à nossa questão de partida; o segundo consiste em ter
32
em atenção o público-alvo, desse instrumento de recolha de informação, elaborando
perguntas que sejam adequadas ao seu nível etário e às suas características culturais.
Deste modo, «para construir um questionário é obviamente necessário saber com
exactidão o que procuramos, garantir que as questões tenham o mesmo significado
para todos, que os diferentes aspectos da questão tenham sido abordados, etc.»
Giglione, R. e Matalon, B., 1993:115).
Por conseguinte, torna-se necessário que o inquérito só inclua questões que sejam
indispensáveis para o seu trabalho, deste modo, se o seu problema inicial for «Como
utilizar o computador para desenvolvimento das relações intergeracionais», perguntas
como qual a sua naturalidade ou qual o seu desporto favorito, não terão nenhum
significado para as conclusões do trabalho, enquanto outras como, por exemplo, “tem
computador em sua casa” têm grande relevância.
Por outro lado, as questões elaboradas devem, também, ser absolutamente claras
para o público-alvo do nosso questionário. Assim, segundo Giglione, r. e Matalon, B.
(1993), devem ser evitadas perguntas:
elaboradas na negativa como por exemplo, “é necessário que os encarregados
de educação não tenham muito poder nas escolas” as quais, normalmente,
criam dificuldades aos inquiridos;
com expressões que podem ter um duplo significado como, “qual o local onde
nasceu?”, e que podem dar origem a respostas tão diversas como Hospital X,
ou na freguesia de Y, o que inviabiliza a análise desta pergunta;
colocar duas perguntas numa só, como por exemplo “Os países ricos devem dar
maior atenção à protecção da natureza, cobrando mais impostos para esse
efeito?”. Esta frase deverá ser subdividida em duas questões: a) os países ricos
devem dar maior atenção á protecção da natureza? e b) estaria disposto pagar
mais impostos se o seu destino fosse a protecção da natureza?;
que induzam a uma resposta, ou estejam marcadas pelos nossos valores, “os
jovens mais agressivos devem ser expulsos da escola, de modo a que o
ambiente de aprendizagem se torne mais positivo?”
que sejam excessivamente vagas como “gosta dos tempos livre para as crianças
da freguesia?”, já que naturalmente os diversos habitantes podem ter
diferentes opiniões relativamente aos diversos aspectos desta atividade.
33
Por outro lado, devem sempre ser evitadas perguntas que possam ser consideradas
indiscretas ou ofensivas pelos inquiridos ou pelos seus encarregados de educação, no
caso do inquérito se destinar a menores.
Finalmente, quando elaboramos uma questão em que propomos diversas alternativas
de resposta, devemos ter o máximo cuidado na sua escolha, de modo a incluirmos
todas as posições possíveis dos inquiridos. Quando não é possível ter a certeza de
termos omitido uma ou várias hipóteses de resposta é preferível acrescentar à
listagem a questão: Outro – Qual?
As questões elaboradas para um questionário podem ser de dois tipos: abertas ou
fechadas. As perguntas abertas são aquelas que exigem a redação de uma resposta
estando neste caso aquelas que apelam para a justificação de uma determinada
escolha ou aspectos relativamente aos quais não possuímos informação suficiente
para elaborarmos uma listagem completa de hipóteses de resposta. Como exemplo
deste tipo de questões podemos ter perguntas como: Qual a sua experiência
profissional?
As perguntas fechadas são as que apelam para a seleção de uma resposta de entre
várias hipóteses dadas. Neste caso podemos ter questões como a seguinte:
34
poderá ainda reformulá-las de modo a que os inquiridos sejam capazes de responder
sem qualquer ajuda.
3.2.2. Entrevistas
Um outro instrumento de recolha de dados a que poderá recorrer é a aplicação de
entrevistas. As entrevistas podem ser meramente exploratórias, ou seja ter um
carácter aberto e ter como objetivo uma abordagem geral ao tema em estudo,
assumindo o papel de abrir perspectivas mais fundamentadas a todas as etapas
posteriores do seu trabalho. Um outro tipo de entrevista é o que adquire um carácter
mais estruturado, tendo o entrevistador previamente estabelecido pelo menos a
maioria das questões que pretende colocar ao entrevistado.
Qualquer que seja o tipo de entrevista que necessite de implementar deve-se ter
sempre bem claros os objetivos que desejam alcançar, evitando perguntas repetitivas,
indiscretas ou demasiado vagas. O entrevistado não deve nunca ser conduzido ou
influenciado pelas representações do entrevistador, pelo que as questões devem ser
colocadas de uma forma neutra, de tal modo que o sujeito da investigação se sinta
absolutamente livre para formular a sua opinião.
3.3.3. A Confidencialidade
Num trabalho em que utilizamos Inquéritos, sejam eles questionários ou entrevistas,
devemos sempre respeitar a confidencialidade das nossas fontes de informação. Deste
modo, caso tal seja possível os questionários deverão ser preenchidos anonimamente
e os nomes dos entrevistados não deverão aparecer a não ser que tenhamos obtido
uma autorização expressa por parte dos mesmos.
4. Avaliar necessidades
35
(necessidades de desenvolvimento) ou gostaríamos que fossem (necessidades
individualizadas) e a forma como essas coisas são de facto.
A avaliação das necessidades do público a que um programa se destina torna possível
um conhecimento detalhado sobre a situação de partida, a determinação de
prioridades e a apreciação das mudanças realizadas.
Para procedermos a esta avaliação devemos ter em atenção que:
1) as necessidades prescritivas são determinadas a partir de normativos pré-
estabelecidos a que devemos aceder quando empreendemos o estudo de uma
determinada problemática. Por exemplo as pessoas precisam de um mínimo X
de rendimentos para sobreviver ou os jovens devem ser capazes de utilizar os
programas básicos do Office. Nesta fase considera-se importante proceder a
uma ampla troca de opiniões entre toda a equipa de projeto de modo a
determinar os aspectos normativos que devem ser alcançados.
2) as necessidades individualizadas correspondem aos desejos daqueles com
que vamos trabalhar. Por exemplo as pessoas desejam ter um salário suficiente
para ter acesso a determinados bens de consumo (televisão, telemóvel, etc.) ou
desejam saber navegar bem na internet. Para determinar as necessidades
individualizadas dever-se-á inquirir aqueles com que vamos trabalhar através
da aplicação de inquéritos ou de questionários.
3) as necessidades de desenvolvimento estão relacionadas com aquilo que se
poderá atingir para além do prescritivo. Estão neste caso, por exemplo,
aprender a elaborar um currículo enquanto utilizam o Word ou desenvolver as
relações interpessoais no decorrer do projeto. Aqui a equipa procura
estabelecer quais as mudanças a que o processo vai dar origem, para além dos
objetivos definidos inicialmente. Podemos dizer que nos estamos a referir aos
efeitos colaterais do nosso projeto, que são importantes mas não constituem a
sua finalidade.
Depois de determinadas, as necessidades, serão convertidas em objetivos do projeto.
36
envolvidos no projeto. Este aspecto tem uma enorme importância pois o sucesso de
todo o trabalho depende largamente da motivação dos envolvidos.
Assim, partindo duma hierarquia de objetivos já estabelecida, Wulf e Shave (In
Zabalza, 1997) propõem um método bastante simples para estabelecer a prioridade de
cada um dos objetivos. Inicialmente são atribuídos valores aos objetivos de 1 (mais
importante) a 3 (menos importante), de seguida as competências daqueles com que
vamos trabalhar são também classificadas entre 1 (baixa) e 3 (alta). A determinação do
grau de importância dos objetivos decorre do problema inicialmente formulado, ou
seja da análise cuidada relativamente ao papel que cada um dos objetivos assume para
a solução do nosso problema. O nível de competências da população-alvo deve ser
determinado a patir da auscultação dos sujeitos feita através de inquéritos.
A partir desta classificação constrói-se uma tabela como a seguinte:
Competências
Baixos Moderados Altos
Alta 1 2 3
dos objetivos
Importância
Média 2 3 4
Baixa 3 4 5
(1) máxima prioridade; (2) segundo nível; (3) terceiro nível; (4) e (5) menor prioridade.
Como se pode observar o objetivo considerado prioritário (1) é o que tem uma
importância alta e, simultaneamente, aquele em que os participantes demonstram ter
baixas competências; Nas casas 4 e 5 temos os objetivos de menor prioridade pois
foram considerados pouco importantes e bem dominados pelos participantes.
5. Analisar informações
37
tratamento objetivo que permita interpretar com a maior correcção possível a
realidade. Consoante o tipo de instrumentos utilizados podemos optar pelo
tratamento estatístico (quantitativo) ou pela análise de conteúdo (qualitativo).
Neste tipo de perguntas o inquirido tem que escolher uma das hipóteses de resposta
apresentadas. O que significa que as questões devem ser claras para todos os
inquiridos. Assim, como já foi referido, antes de aplicarmos um inquérito devemos
fazer o pré-teste de modo a verificar se não existem dúvidas relativamente ao sentido
das questões. No exemplo apresentado anteriormente imagine que algum dos
inquiridos desconhece o que é o e-mail e lhe responde: não sei. Para abranger esta
possibilidade a questão devia ser colocada com as seguintes hipóteses de resposta:
3 Entende-se por perguntas fechadas aquelas em que as todas respostas possíveis já estão enunciadas.
38
Aplicados os questionários as informações estão disponíveis para análise.
Naturalmente, para realizar este tipo de análise o formador tem que dominar as
técnicas de análise estatística.
39
as categorias de análise devemos ter em conta determinados aspetos, sem as quais
todo o edifício investigativo perde qualidade (Bardin, 1995):
a exclusão mútua – ou seja cada elemento só pode ser incluído numa única
subdivisão;
a pertinência – o sistema de categorias tem que reflectir as intenções da
investigação bem como o quadro teórico em que esta se fundamenta;
a objectividade e a fidelidade – que dependem da diminuição da subjectividade
aquando da análise de conteúdo de tal modo que com o mesmo material e
utilizando a mesma grelha categorial em momentos diferentes, os resultados
obtidos deverão ser os mesmos.
a produtividade – que implica que o sistema estabelecido nos deve permitir
obter resultados férteis em inferências, hipóteses e informações exactas.
SITUAÇÃO PROBLEMA
40
5.3. Análise SWOT
41
Fonte: Bicho e Baptista (2006)
ANÁLISE INTERNA
S (strenghs) W (weahnesses)
Pontos fortes Pontos fracos
TO
tN
A
R
sX
o
o
p
u
n
u
n
d
Ee
e
E
a
S
SO (maxi-maxi) WO (mini-maxi)
L
s
r
r
t
)
tI
Ei
42
(3) A equipa tem pessoal qualificado nesta (4) Regista-se um elevado nº de
área de intervenção depressões entre a população mais
(8) Centro da terceira idade com diferentes idosa
valências (5) Reduzida mobilidade da população
(10) Instalações adequadas para o projeto alvo
(12) Desinteresse dos familiares por
esta problemática
(1) Existem subsídios europeus para
apoiarem este tipo de projetos (1) Existem subsídios europeus para
(6) Apoio logístico da Câmara Municipal apoiarem este tipo de projetos
(7) Disponibilidade de colaboração do centro (6) Apoio logístico da Câmara Municipal
de saúde (7) Disponibilidade de colaboração do
centro de saúde
ST (maxi-mini) WT (mini-mini)
(3) A equipa tem pessoal qualificado nesta (4) Regista-se um elevado nº de
área de intervenção depressões entre a população mais
(8) Centro da terceira idade com diferentes idosa
valências (5) Reduzida mobilidade da população
(10) Instalações adequadas para o projeto alvo
T (threats)
problemática
43
No 4º quadrante, representado a azul claro + rosa claro, (WT – mini-mini) concentram-
se os fatores negativos da situação interna (pontos fracos) e da situação externa
(ameaças), na nossa atividade devemos sempre evitar conjugar estes fatores.
Passando agora para um exemplo. Queremos combater as depressões na população
idosa (W) para isso podemos usar duas oportunidades (O) o apoio do centro de saúde.
A questão que se colocará ao desenvolver o projeto é de que modo se podem
aproveitar esses aspetos positivos para melhorar a qualidade de vida da população
idosa. Por exemplo, usando os apoios da junta para criar espaços lúdicos. Por outro
lado, ao desinteresse das famílias (W) e o abandono dos idosos pelos familiares (T)
poderemos opor o centro de apoio da terceira idade (S) no sentido de obter um
reforço dos laços familiares (T). Pensando em atividades como a entreajuda em casos
de graves dificuldades, organizar formas de recolher ou distribuir alimentos, etc.
Estes são apenas exemplos que explicitam as vantagens da utilização da análise SWOT,
já que ela nos permite ver com clareza, e em simultâneo, os vários fatores que
condicionam a realidade onde vamos trabalhar.
Deste modo, o quadro SWOT consiste numa forma de clarificar o diagnóstico efetuado,
permitindo vislumbrar soluções que irão ser, posteriormente, delineadas no design do
projeto de intervenção social.
Por isso, para que a análise SWOT seja eficaz é necessário que os organizadores dos
projetos tenham feito um levantamento eficaz da situação. Este levantamento que
deverá ser feito ao longo do diagnóstico deve abarcar todos os aspetos que de algum
modo possam influenciar a execução do projeto. De outro modo, corremos o risco de
deixar escapar oportunidades e pontos fortes, não os rentabilizando na nossa
atividade e de, consequentemente, não combater efetivamente os pontos fracos.
Conclusão
44
No final da sua elaboração devemos analisar cuidadosamente o documento e
certificarmo-nos da sua clareza e coerência. As perguntas seguintes poderão ser uma
ajuda para proceder à avaliação do diagnóstico.
45
III – DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
1. ELABORAÇÃO DO PROJETO
46
- desenvolver ações de esclarecimento e apoio para a criação de auto-emprego;
Para além dos objetivos os projetos devem ter metas definidas. Elas decorrem,
naturalmente, dos objetivos e apresentam os resultados concretos que prevemos
alcançar. As metas são sempre quantificadas. Relativamente ao exemplo anterior
podemos indicar como metas hipotéticas:
envolver 50 pessoas em acções de formação profissional;
obter uma empregabilidade de 40%;
Estes valores, que dependem muito dos meios disponíveis em cada localidade, vão-nos
permitir realizar uma avaliação mais objetiva do projeto.
47
analisar os constrangimentos organizacionais, institucionais e situacionais a
ultrapassar e a forma de os ultrapassar;
analisar os meios disponíveis, quer a nível de recursos humanos, quer
financeiros e materiais e, se necessário, estudar soluções que permitam dotar o
projeto dos meios necessários;
descrever sequencialmente, tendo em conta a gestão temporal do projeto, as
atividades a realizar e verificar, em cada caso, a adequação dos meios
necessários a cada atividade;
prever os meios e as técnicas a implementar para avaliar no final os resultados
previstos com o projeto e esboçar os instrumentos adequados a verificar a
consecução dos diversos objetivos do projeto.
48
4) Características do público-alvo: i) Predisposição do público-alvo - é necessário
fazer um levantamento sobre as motivações que justificam a presenças das
pessoas no projeto; ii) Capacidades do público-alvo – desenvolver atividades
para jovens que não terminaram os estudos ou para desempregados de mais
de 40 anos é bastante diferente;
49
necessárias para a sua implementação torna-se possível elaborar um
calendário de atividades. De entre os modelos possíveis escolhemos o
gráfico de Gantt (fig.1)
1ª semana
2ª semana
3ª semana
4ª semana
5ª semana
6ª semana
7ª semana
Levantamento de necessidades ➔ ➔ ➔ ➔
➱ Entrevista com o responsável ➔
pela encomenda
➱ Inquéritos aos jovens ➔
➱ Análise da informação ➔ ➔
➱ Escolha do local
Planeamento da atividade ➔ ➔
➱ Entrevista com o responsável no ➔
local da vi ita
➱ Elaboração de guiões para a ➔
visita
➱ Acerto da logística (transporte, ➔
autorizações, etc.)
Avaliação da ação ➔ ➔
➱ Elaboração de inquéritos ➔
➱ Aplicação do inquérito aos jovens ➔
➱ Aplicação do Inquérito ao ➔
responsável pela ação
50
Vamos supor que a Câmara de Alfaiate detetou que no seu concelho existia um
elevado número de pessoas com doenças sexualmente transmissíveis (DST). Depois de
analisada a situação foi:
1) estabelecida uma problemática: as DST em Portugal;
2) definido um problema: o que fazer para reduzir as DST no concelho de Alfaiate;
3) hierarquizaram-se as necessidades;
4) estabeleceram-se os objetivos para a população local: i) identificar os
diferentes tipos de DST; ii) reconhecer comportamentos de risco; ii)
desenvolver hábitos saudáveis.
51
VIVER COM SAÚDE
PLANO DE ATIVIDADES
Maio Junho
Ação Conteúdo Recursos 4 6 11 13 18 20 25 27 1
Apresentação da ação e dos - Informações ao grupo sobre os diversos Sala da Câmara 2h
elementos de grupo aspectos do projeto
- Apresentação em grupo;
Visita a um centro de saúde - Enfermeiras relatam casos clínicos de Autocarro da Câmara 1h
DST.
Apresentação de filme sobre - Estudo de caso sobre a SIDA Sala da Câmara; Projetor 1h40
DST de DVD
Debate sobre as percepções - Causas e consequências da SIDA Sala da Câmara 30min
individuais
Conferência e debate com a - Principais tipos de DST; Sala da Câmara 2h
presença de um médico - Consequências das DST;
- Prevenção das DST.
Elaboração de trabalhos de - Cada grupo estuda uma DST e elabora Biblioteca Municipal 2h 2h 2h
grupo: material para power point e uma pequena Computadores
- pesquisa na biblioteca; apresentação oral
- preparação da apresentação
oral
Conferência para os jovens do - Jovens apresentam os seus trabalhos de Sala da escola 1h
9º ano da escola local grupo Computador e projetor
Balanço e confraternização - Avaliação das atividades Sala da Câmara 3h
- Almoço no parque das merendas Autocarro da Câmara
Para que o projeto seja viável é indispensável calcular os seus custos e ter a certeza
que somos capazes de obter o financiamento necessário. Deste modo, devem ser
calculados os custos com o pessoal, despesas em aluguer de salas, viagens, materiais
necessários, etc.
Seguidamente, é essencial obter os financiamentos necessários junto a organismos
públicos ou privados. Eles irão avaliar a qualidade de projeto e, face a isso,
disponibilizar os apoios financeiros.
2. CHECK LIST:
54
Projetos de Intervenção Educativa
IV – AVALIAÇÃO
2. CONCEITO DE AVALIAÇÃO
55
Projetos de Intervenção Educativa
3. CONCEBER A AVALIAÇÃO
Em primeiro lugar avaliamos o projeto em si, a sua coerência interna, a sua clareza e a
sua pertinência face ao público e à situação social, política e económica vivida num
determinado momento. Esta fase precede a apresentação do projeto a uma entidade
que o poderá aprovar (ou não).
56
Projetos de Intervenção Educativa
No final da elaboração do projeto ele deve ser avaliado em si mesmo: está bem feito?
é coerente? Responde a necessidades reais? É claro? Esta avaliação pode ser feita por
terceiros se, por exemplo, apresentar o projeto a uma entidade para obter apoios. Se
não for o caso, essas são perguntas que a equipa deve colocar a si mesma no sentido
de garantir a eficácia do projeto.
Ao longo da execução do projeto, ou seja depois de elaborado e aprovado, ele tem
que ir sendo avaliado, ou seja, é necessário monitorizar as várias atividades que vão
sendo implementadas. Esta é uma avaliação formativa que deve ser usada para
melhorar os passos seguintes, evitando cair em erros já detetados.
Depois de encerrado o projeto procede-se à avaliação sumativa, verificam-se as metas
e os objetivos alcançados, o grau de satisfação dos utentes, recolhe-se a opinião dos
parceiros. Com estes dados podemos partir melhor preparados e com maiores
possibilidades de sucesso para um novo projeto.
57
Projetos de Intervenção Educativa
Elementos como, por exemplo, o número de pessoas que participaram nas ações, a
opinião dos participantes sobre as atividades, a alteração de comportamentos, são
fundamentais para construir um ponto de partida da avaliação.
Um bom indicador deve possuir as seguintes características (cf. Ander-Egg e Idáñez):
Independência – cada indicador só deve medir uma meta ou objetivo;
Verificabilidade – os indicadores devem permitir verificar as mudanças
originadas pelo projeto;
Validade – os indicadores devem medir exatamente o que pretendem. O
conjunto dos indicadores deve medir todos os efeitos esperados do projeto;
Acessibilidade – a informação necessária deve ser de fácil acesso.
4. DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO
58
Projetos de Intervenção Educativa
grande importância já que vão servir de base a uma actuação mais sustentada, mais
adequada à realidade. Incidem particularmente em balanços das atividades que vão
sendo realizadas e nas reacções manifestadas pelo público. Chamamos a esta a
avaliação formativa.
Outras características tem a avaliação sumativa pois com ela pretende-se fazer a
realização de um balanço final do projeto, no seu todo, através de um levantamento
exaustivo de todos os aspetos do projeto, nomeadamente o grau de consecução dos
objetivos e das metas traçados. Os resultados desta avaliação permitem, por um lado
obter uma perspectiva da mudança registada numa determinada realidade onde se
processou a nossa intervenção e, por outro lado, torna as nossas experiências mais
claras e consistentes, sendo possível utilizá-las na realização de novos projetos. Assim,
a avaliação sumativa seve para medir o grau de eficácia do projeto, através da
comparação entre os resultados obtidos e as metas e objetivos traçados. Deste modo
podemos fazer um balanço final do trabalho realizado e iniciar novas ações.
DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO
Avaliação Interna Avaliação Externa
59
Projetos de Intervenção Educativa
5. O CICLO AVALIATIVO
O conceito de ciclo avaliativo (fig. 14) decorre do facto de o processo de avaliação ser
contínuo e interativo. Contínuo, porque atravessa todas as fases do projeto. Interativo,
porque deve dar origem a ajustamentos do projeto e influenciar a elaboração de
outros projetos a realizar no futuro. Deste modo, sendo a chave para o controlo de
qualidade de todas as ações empreendidas, o design da avaliação é um dos aspetos
fulcrais de qualquer projeto.
Avaliação
diagnóstica
Antes do projeto
Os resultados
Os seus resultados podem
influenciam a elaboração
provocar alterações no
de futuros projetos
projeto
Avaliação formativa
Avaliação sumativa Durante o projeto
No final do projeto Verificar metas e
objetivos
60
Projetos de Intervenção Educativa
AVALIAÇÃO DO PROJETO
ASPETOS A ANALISAR QUESTÕES ORIENTADORAS
61
Projetos de Intervenção Educativa
Estudo de caso
META 1 – Verifique:
Quantos alunos se estão a inscrever?
Os inscritos têm o perfil adequado?
Em caso negativo:
O curso foi bem divulgado?
O curso está bem estruturado e é apelativo?
Se a situação for preocupante deve repensar alguns dos passos dados, por exemplo,
divulgar melhor o curso.
Uma segunda avaliação deve ser feita a meio do projeto, pois ao fim de seis meses já
podemos ter uma ideia clara dos progressos alcançados e ainda estamos a tempo de
alterar algum aspeto negativo.
62
Projetos de Intervenção Educativa
Avaliação formativa
Nesta fase vamos atender sobretudo a duas grandes questões:
Os objetivos de aprendizagem estão a ser atingidos pelos alunos?
Qual é o grau de satisfação dos alunos com o curso?
Estes aspetos devem ser avaliados de uma forma muito concreta devendo ser feito o
levantamento das dificuldades de cada um dos jovens o que nos permitirá desenhar
planos de recuperação específicos. Quanto ao segundo aspeto importa fazer uma
auscultação dos formandos que nos permita adequar as características da ação às suas
necessidades.
Esta é uma fase em que se procedem sempre a algumas reformulações procurando
uma maior inclusão de todos os jovens nas atividades desenvolvidas.
A fase I e II da avaliação (figuras 15 e 16) enquadram-se no conceito de avaliação
formativa pois têm com principal objetivo recolher informação relevante que permita
melhorar os resultados finais.
Numa terceira fase procedemos a uma avaliação sumativa do curso de formação
profissional e verificamos se a segunda meta foi alcançada.
Avaliação sumativa
META 2 – verifique:
Quantos alunos concluíram o curso?
Porque é que alguns alunos não terminaram?
Qual o grau de satisfação dos alunos?
Quais as opiniões dos formadores?
Depois deste processo avaliativo falta, ainda, avaliar a terceira meta definida que nos
permite determinar o grau de empregabilidade atingido pelo curso ministrado. A
última fase da avaliação terá lugar dois anos depois do início do curso.
63
Projetos de Intervenção Educativa
Avaliação sumativa
Verificar:
Número de formandos a trabalhar como pasteleiros;
Acompanhamento feito para que os jovens obtenham colocação profissional;
Grau de satisfação dos jovens com o curso;
Grau de satisfação dos empregadores com os jovens.
Para responder a estas questões o avaliador tem que usar instrumentos rigorosos de
recolha de informação (questionários ou entrevistas) e fazer um tratamento adequado
dos dados recolhidos.
6. CHECK LIST:
64
Projetos de Intervenção Educativa
A análise que se pretende fazer neste caso prático, diz respeito a um projeto de
intervenção social num contexto urbano, decorrente de um processo de realojamento
de uma população proveniente de um bairro com baixas condições sociais, de saúde e
habitacionais.
1. Diagnóstico
O diagnóstico é o primeiro passo a tomar num projeto, ele começa com uma ideia
muito genérica sobre o que se pretende superar, mas precisa de uma análise mais
profunda para que possamos planificar e executar o nosso projeto.
Neste documento analisamos alguns aspectos da exclusão social e, através dele, um processo
específico de realojamento, procurando demonstrar em que medida os novos realojamentos
contribuem ou não para minimizar as situações de exclusão social. Neste sentido, para além de se
65
Projetos de Intervenção Educativa
Os processos de realojamento parecem ser processos mais complexos do que o simples facto de
atribuir e distribuir casas, necessitando de um conhecimento em profundidade das especificidades
do tecido social que se vai querer desmanchar e costurar de novo, de molde a promover a
inclusão das populações a realojar na nova realidade. O estudo da pobreza ou exclusão é o estudo
de uma das formas de manifestação das desigualdades sociais e já há muito passou a ser
considerado como problema social que importa resolver ou atenuar. O termo denota e resume,
com efeito, todo um conjunto de exclusões e marginalidades sociais; ele denota a privação de
recursos materiais e culturais que um certo momento histórico produz e define como
desejavelmente acessíveis. Acresce que a pobreza ou exclusão, para alguns sectores sociais, tende
a constituir situação duradoura, enquistada e em grande parte geracionalmente transmissível. Se
faz sentido falar aqui de círculo vicioso é que, nesses sectores, às carências objectivas vem somar-
se um certo sentido de inelutabilidade e de desistência. O círculo torna-se assim tanto mais difícil
de romper, as situações tanto mais prolongadas, quanto mais nos mesmos grupos se concentram
e reciprocamente se reforçam desvantagens materiais e culturais. Portugal pode considerar-se
um país de desenvolvimento intermédio, não no sentido de uma equidistância em relação aos
países mais ricos e aos do chamado Terceiro Mundo, mas da especificidade de algumas das suas
características e dos seus problemas. Aqui se encontram, com efeito, desiguais níveis de
modernização dos sistemas económico e produtivo; diferenciações regionais, igualmente
acentuadas, dos dinamismos económicos e demográficos; alta incidência da economia informal;
segmentação vincada do sistema de emprego. Aqui se verifica, por outro lado, a deficiência dos
padrões de escolaridade e de qualificação profissional; o carácter estrutural dos fluxos
migratórios internos e para o espaço internacional, a existência, ainda que em perda de
expressão, de importantes redes familiares de solidariedade e entreajuda; a escassez de
capacidade financeira e organizativa do estado para a concretização de políticas globais,
eficientes e eficazes de protecção social. Estas são algumas das características com mais
evidentes repercussões na intensidade, na extensão e nos modos de manifestação da exclusão. As
dificuldades de avaliação da pobreza, resultantes do facto de se tratar de um conceito relativo no
tempo e no espaço, são ainda acrescidas por tal noção ter por referência os valores
predominantes numa dada sociedade e de, por isso, a sua compreensão ter de se subordinar a
uma teoria da estruturação e do funcionamento dessa mesma sociedade. São vários os domínios
em que se pode verificar a existência da pobreza ou exclusão e são inumeráveis as memórias de
66
Projetos de Intervenção Educativa
toda a literatura que se tem disposto a clarificar esta noção. Mas, sensivelmente desde 1991 que
o conceito se tem vindo a transfigurar de forma a torna-lo mais abrangente: exclusão social, diz-
se agora, são todas as formas de marginalização face aos direitos de cidadania de todos os
actores sociais. A noção é então tornada uma das dimensões da exclusão em geral e interiorizada
de forma diferenciada por diversos grupos sociais, de acordo com as características específicas
dos seus modos de vida. Podemos, desta feita, enumerar alguns indicadores que permitem
enquadrar o fenómeno da exclusão:
Verificamos, até este momento, uma exploração geral das problemáticas associadas à
pobreza, que nos apontam para uma contextualização geral da temática em Portugal e
que poderão ser tidas em consideração no nosso diagnóstico do projeto, mais
concretamente na análise externa do modelo SWOT.
No que respeita aos níveis de instrução dos indivíduos que residiam num bairro semelhante
àquele que estamos a analisar, 37,3% eram analfabetos e somente 29,9% tinham o 4º ano de
escolaridade. Apenas 9% possuíam habilitações literárias superiores ao 1º ciclo de ensino. Na
freguesia onde residiam os habitantes que foram alvo das medidas de realojamento deste
projeto, verifica-se igualmente uma das taxas de analfabetismo mais elevadas do concelho que
rondava os 6,1%. A inserção no mercado de trabalho torna-se, assim, mais difícil, sobretudo em
situações de crise económica generalizada em que o emprego dos indivíduos qualificados se
tornou mais lento, se agudizou o problema da adaptação das qualificações à evolução
tecnológica e se degradaram as possibilidades dos que são considerados demasiado velhos para
aprender ou com qualificações sem perspectiva. E quando essa inserção apesar de tudo se faz, ela
processa-se em empregos mal remunerados e, geralmente precários. A composição do
desemprego da população deste projeto, caracteriza-se por uma elevada proporção de jovens à
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Projetos de Intervenção Educativa
Neste ponto constatamos uma procura em articular alguns dos dados recolhidos
(desconhecemos a origem dos mesmos, o que se afigura como aspecto a melhorar
neste projeto) com outros contextos semelhantes e próximos da comunidade sobre
quem recai este projeto. Após este momento, voltamos a uma análise generalista
sobre o que se passa nos processos de realojamento, o que pode revelar uma
estrutura pouco lógica na organização da informação e dos dados que darão
sustentação à formulação do nosso problema educacional e na determinação das
nossas escolhas estratégicas.
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Projetos de Intervenção Educativa
Esta é uma análise que se verifica de uma forma surpreendentemente repetitiva nos vários
estudos efectuados nos bairros alvo de realojamento, e que também se observa na população
realojada. Várias pessoas comentam o facto de no antigo bairro, passarem as tardes na sentadas
na soleira das portas com as vizinhas, ou mesmo nas janelas de rés-do-chão. Essa intimidade
deixou de existir, uma vez que vivem em apartamentos, acima do piso térreo e, os patamares das
escadas que fazem o elo de ligação entre a casa e a rua, cumprem sobretudo uma função de
passagem e não de estar. Trata-se dum espaço que não é mais o prolongamento da casa, mas um
espaço que se quer embelezado, na medida do possível. De costas voltadas para a casa, o
patamar serve de porta de entrada na rua: se as portas da rua dos prédios se encontram com
bastante frequência abertas, o mesmo não sucede com as portas das casas, sempre fechadas.
Assim, principalmente as mulheres domésticas, excepto as mais idosas que frequentam as
atividades do Centro de Dia, passam a maior parte do seu tempo em casa, aproveitando as
oportunidades para vir à rua, seja ao supermercado, seja ao café, para se encontrarem e
conversarem. Os homens mais rapidamente começaram por se encontrar nas colectividades e no
Centro de Dia, sendo também poucas as “reuniões” em plena rua. Realçamos, então, como de
grande interesse a oposição entre duas lógicas de quotidiano e vivências no espaço assentes em
diferentes centralidades: enquanto que nos cenários residenciais anteriores o centro da sua
vivência quotidiana era a “casa” com extensão para a rua, no novo bairro, em situação de
realojamento em prédios, como é o caso, o centro vital dos habitantes passa a ser
predominantemente a casa. A compreensão deste fenómeno revela-se muito importante no
estabelecimento dos objetivos nos vários equipamentos sociais deste realojamento, uma vez que
todas as atividades são orientadas, tendo por base este mesmo conhecimento: contrariar a
tendência do isolamento social, a perca de algumas das solidariedades de vizinhança,
promovendo o sucesso da integração individual e a da comunidade, ou seja, promover em última
instância a educação para a cidadania. Duma forma genérica, a ação do realojamento em
contraponto à exclusão social parece assumir duas vertentes de análise: uma de forma positiva e
outra de teor mais negativo. Para a primeira, temos: Melhoria substantiva das condições
habitacionais e, por esta via, das condições de vida criando requisitos fundamentais a uma maior
promoção e integração sociais; A concretização de um sonho permanentemente alimentado por
esta população incapaz de resolver por meios próprios as suas carências habitacionais, gerando
elevados níveis de satisfação dirigidos à casa; O reinvestimento em torno da casa e da vida
familiar que se converte no principal espaço/tempo da vida quotidiana e que obriga a uma
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Projetos de Intervenção Educativa
restruturação das despesas de consumo. Quanto aos “efeitos perversos” que o realojamento
introduz, temos: Perda de sociabilidades locais e de factores identitários fundamentais com
incidências importantes no modo de apropriação do espaço residencial e das suas formas de vida
social; Maior isolamento social e espacial, pela tendência a um centramento das atividades e
temporalidades da vida quotidiana em torno da casa e pela diminuição dos espaços apropriáveis
exteriores ao bairro; Aumento da conflitualidade interna e das disfuncionalidades da dinâmica
social, traduzíveis em sentimentos generalizados de insegurança. Na análise da população
realojada verifica-se que ela é maioritariamente jovem e solteira, existindo uma ligeira diferença
entre os efectivos femininos e masculinos. Grande parte encontra-se a cargo da família, sendo a
população que trabalha, uma percentagem relativamente inferior. Existem ainda muitos
desempregados à procura de novo emprego ou seja desempregados de longa duração. A
percentagem da população entre os seis e os vinte anos que se encontra a estudar, não é muito
alta, podendo-se concluir que se verifica um certo abandono escolar, em idades muito precoces.
As habilitações académicas, situam-se maioritariamente no 4º ano de escolaridade, existindo
ainda uma percentagem significativa de analfabetos e analfabetos funcionais. Alguns dos fogos
apenas servem para dormir, utilizando os inquilinos, principalmente os jovens solteiros, a casa dos
pais para comer e tomar banho. Grande parte da população encontra-se satisfeita com as
relações que mantêm: os pais com os filhos e vice-versa e com outros familiares. Quanto às
relações extra parentesco, com os vizinhos, com os professores e com a entidade patronal,
também se verifica uma atitude globalmente positiva. Relativamente ao tipo e frequência do
contacto entre pais e filhos que já saíram de casa e que moram e/ou não moram no mesmo
bairro, existe mais contacto por telefone entre aqueles que não moram no mesmo bairro e mais
encontros pessoais entre aqueles que vivem no mesmo bairro. Quanto ao tipo e frequência da
ajuda que existe entre progenitores e progenitura, muito poucos recebem ajuda dos filhos a não
ser nas tarefas domésticas, entre aqueles que moram no mesmo bairro. Quanto ao apoio que
recebem dos filhos que não moram no mesmo bairro, relaciona-se muito mais com os cuidados de
saúde. A população realojada, raramente vai a conferências e seminários, indo sobretudo os
homens ao futebol e as senhoras a passeios e visitas. Juntos também participam de vez em
quando em bailes e festas populares. Vão pouco ao cinema, mas muito mais que ao teatro e, de
vez em quando, ainda assistem a noites de fado. Os idosos, que não frequentam o Centro de Dia,
e adultos dependentes ocupam os seus tempos livres a ver televisão. Para os jovens, algumas
instituições disponibilizam um conjunto de atividades, nomeadamente ateliers de expressão
plástica e dramática, musical, informática, fotografia e vídeo, com grande aceitação. Numa
primeira fase a agressividade manifesta/latente dos participantes naquelas atividades era
acentuada, sendo progressivamente atenuada, apresentando actualmente uma atitude mais
positiva e colaborante. Em relação ao desenvolvimento profissional e para “subir na vida” é
considerado mais importante ser cumpridor, ou seja, esforçado e trabalhador, do que ter
instrução escolar. Nas principais motivações para trabalhar, um bom ordenado aparece como
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Projetos de Intervenção Educativa
primeira opção, logo seguido da importância de ser respeitado. Ter perspectivas de carreira não é
importante, o que se relaciona sobretudo com uma certa atitude fatalista desta população que
considera que o futuro será sempre pior do que o presente.
Nesta descrição, constam vários elementos, contudo, não sabemos a forma como
estes dados foram recolhidos. Esta situação remete-nos para um conjunto de questões
ligadas à fidedignidade dos dados recolhidos. Serão todos os dados imparciais? As
técnicas e instrumentos usados terão sido suficientemente abrangentes de modo a
recolher dados úteis às tomadas de decisão? Terão sido estas técnicas e instrumentos
adequados e pertinentes?
As políticas gerais que permitiriam integrar estes grupos nas estruturas correntes da sociedade
parecem não suportar um olhar mais atento para a prática da luta contra a exclusão social, que
tem fundações seguras na atitude fatalista das próprias vítimas da exclusão, como atrás se
refere. Neste sentido, Luís Capucha no seu artigo Exclusão Profissional, Exclusão Social e
Cidadania aborda os aspectos específicos desta luta e que são:
O combate contra a exclusão social assume, pois, uma enorme complexidade e exige uma
significativa mobilização de esforços prolongados.
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Posto isto, importa olharmos para a informação que temos disponível e procurar,
através dela, fazer uma a análise com base no modelo SWOT. Este tipo de diagnóstico
pode revelar-se importante porque:
Como a análise externa depende sempre muito das condições contextuais aos níveis
macro e meso que se vivenciam no momento, importa focarmo-nos na análise interna
deste diagnóstico.
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Desigualdades sociais;
Exclusões e marginalidades sociais;
Privação de recursos materiais e culturais;
Atitude de desistência e fatalista;
Deficiência dos padrões de escolaridade e de qualificação profissional;
Condições de habitação, de saúde, nível de escolaridade e abandono escolar,
percentagem significativa de analfabetos e analfabetos funcionais;
Condições precárias de emprego e elevada taxa de desemprego.
Para finalizar, importa referir que neste diagnóstico foi feita uma extensa análise do
ponto de vista social, uma análise mais fraca das expectativas da população-alvo e uma
identificação vaga das possibilidades de ação [estes três critérios encontram-se
identificados por Boutinet (1996) como fundamentais para a realização de um bom
diagnóstico]. Por outras palavras não são referidas as prioridades e desejos desta
população, nem estão identificadas acções que permitam resolver os pontos fracos e
ultrapassar as ameaças, utilizando os pontos fortes e as oportunidades.
2. Planificação
A planificação em papel de um projeto tem que tornar claro estes pontos. Esta
planificação assenta, genericamente, nos pontos abordados no capítulo III –
Desenvolvimento do Projeto:
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Projetos de Intervenção Educativa
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Apropriação e construção da filosofia social comunitária, através da efectivação da
cidadania, e a formação de mediadores que contribuam para a concretização dos
direitos sociais.
2) Contribuir para a diminuição da violência institucional, implícita no tratamento da
exclusão social, retirando os obstáculos à efectivação da cidadania e da concretização
dos benefícios sociais.
3) Construir e adoptar programas, materiais pedagógicos e didácticos de orientação que
contribuam para o diagnóstico e a intervenção social.
4) Reconhecer o mundo do trabalho e as atividades económicas e culturais das diferentes
zonas, com o objetivo de identificar os recursos humanos e materiais e prioridades na
luta contra a exclusão social.
5) Estimular a capacidade de iniciativa dos jovens e das mulheres para a inserção no
mercado de trabalho, através de soluções inovadoras colectivas e da criação do auto-
emprego.
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Projetos de Intervenção Educativa
OBJETIVOS GERAIS
1) O objetivo geral do projeto é o de construir o perfil do novo espírito de cidadania
colectiva e a criação de uma metodologia específica de orientação e informação pessoal
e profissional para jovens e mulheres com o objetivo de aumentar as suas possibilidades
de inserção laboral e a efectivação da sua cidadania.
2) A mudança de atitudes institucionais e colectivas face ao problema da exclusão social e
da não participação na construção da cidadania.
3) Contribuir para a diminuição da exclusão social, mediante desenvolvimento de recursos
de orientação próprios das grandes urbes e das regiões envolventes, que permitam
igualdade de oportunidades.
4) Cooperação na potencialização administrativa dos recursos locais das estruturas
públicas.
5) Construção de espaços públicos de debate a partir de associações, formais e informais,
para viabilizar soluções para os problemas colectivos.
* Beneficiários directos
Jovens, homens e mulheres, em situação de exclusão social ou em riscos de exclusão, que através
da informação, da orientação e da formação de uma consciência cidadã, se transformem em
sujeitos dos seus projetos de vida. Todas as pessoas e sujeitos colectivos, implicados em acções de
orientação, formação e gestão de recursos para unificar esforços a nível comunitário local.
* Beneficiários indirectos
Agentes sociais e económicos, mediadores das políticas sociais, instituições particulares de
solidariedade social, grupos e associações de cidadãos, formais e informais, instituições de ensino
e de cultura, autarquias.
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Projetos de Intervenção Educativa
Um outro aspecto que importa focar está na articulação entre os objetivos gerais e os
específicos. Aqui constata-se que, apesar de haver alguma articulação entre alguns
deles, noutros isso não acontece. Por exemplo, não existe qualquer objetivo específico
que vá ao encontro do objetivo geral ‘Construção de espaços públicos de debate a
partir de associações, formais e informais, para viabilizar soluções para os problemas
colectivos’. Para além disso, os objetivos específicos deveriam ter uma formulação
mais estreita, de modo a terem características capazes de ser operacionalizados, para
não deixar o projeto cair na incerteza. Alguns dos objetivos, também apresentam
características que podem ser de muito difícil realização. Um projeto sem objetivos
sustentáveis, é um projeto idealista, que não passará disso mesmo, o que levanta um
grave problema na criação de expectativas elevadas sobre os seus actores.
INTERVENÇÃO
Numa análise sumária, verifica-se que uma percentagem significativa da população acima dos 45
anos de idade se encontra na reforma dispondo de baixos recursos financeiros. Grande parte
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destes estão entregues a si próprios sem qualquer tipo de apoio familiar, vivendo em situação de
carência socio-económica, dependendo da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia. A
capitação mensal é muito diminuta, não sendo suficiente para a satisfação das necessidades
básicas. Com o objetivo de responder às necessidades desta população e ao desafio das diversas
instâncias este projeto tem vindo a contribuir para suprir carências e dar enquadramento à
população alvo no que diz respeito à prevenção na saúde, higiene pessoal e na habitação, apoio
psicossocial, atividades ocupacionais e no incrementar dos cuidados de saúde.
Estes pontos focados anteriormente, não têm muita pertinência, na medida em que o
local mais adequado para a sua referência deveria ocorrer no diagnóstico. Estes dados
são essenciais para a tomada de decisões estratégicas no enfoque das atividades.
OBJETIVOS
O projeto visa:
1) Promover a realização de um envelhecimento activo e digno e a promoção global da
personalidade do utente, tendo em conta que se trata duma população que durante
anos foi objecto de exclusão social;
2) Valorizar a riqueza espiritual e humana desta população;
3) Aproveitar as reservas de experiência/vivência acumuladas ao longo da vida,
canalizando-as em favor da comunidade.
Não se entende também a inclusão neste ponto de objetivos, dirigidos para os idosos.
Estamos a falar novamente de objetivos específicos? Porque é que não houve uma
identificação/articulação feita anteriormente? Neste aspecto o projeto, em termos de
planeamento, revela vários pontos pouco esclarecidos do ponto de vista daquela que
deve ser a metodologia de projeto. O documento que lhe dá corpo deve transmitir
uma visão clara daquilo que pretende. Neste caso preciso, ficamos com uma ideia
geral, mas não temos noção real do caminho que quer seguir.
Asseguramos uma melhor qualidade de vida, desenvolvendo atividades de apoio ao utente com o
objetivo de satisfazer as suas necessidades básicas:
Alimentação
Cuidados de Saúde
Higiene Pessoal
Higiene da Habitação
Atividades Ocupacionais
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Projetos de Intervenção Educativa
Convívio
Passeios
Relações com outros Grupos Etários
Apoio Psicossocial
APOIO DOMICILIÁRIO
O nosso Apoio Domiciliário é dirigido aos utentes com grandes dificuldades de mobilidade e
presta os cuidados necessários para o funcionamento da residência, tais como, a higiene pessoal,
a alimentação e diligências ao exterior, para além dos cuidados básicos de saúde e da particular
atenção ao bem-estar psicológico. Através deste apoio proporcionamos ao utente as condições
básicas que possibilitem manter-se na sua residência e identificar-se com a mesma. Temos vindo
a assegurar uma melhor qualidade de vida, prestando serviços de apoio que garantam:
Alimentação
Higiene Pessoal
Higiene da Habitação
Lavagem e Arranjo de Roupas
Cuidados Básicos de Saúde
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Diligências no Exterior
Disponibilidade para ouvir as preocupações e problemas familiares do idoso
Apoio Psicossocial
1. Artes Manuais
2. Artes Decorativas
4. Espaço de Memória
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A nossa ação tem visado incentivar a população idosa e reformada para a prevenção e cuidados
primários de saúde (área da geriatria, alimentação, toma terapêutica, etc.), bem como resolver
problemas de assistência.
1. Psicomotricidade
Ginástica oriental para idosos Tai Chi Chuan com o objetivo de facilitar o movimento e
desenvolver a expressão corporal.
2. Saúde Preventiva
3. Assistência
Temos adquirido e pensamos alargar os nossos contactos para continuar a adquirir através de
ofertas/compra canadianas, cadeiras de rodas, óculos, próteses dentárias e /ou outras.
4. Rastreios
ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS
Uma parte significativa dos habitantes do bairro (110 numa população de 580) é analfabeta ou
afirma saber ler e escrever sem ter terminado a 4ª classe. Tendo em consideração esta realidade,
o Projeto iniciou um Curso de Alfabetização com o objetivo de criar dinâmicas e possibilitar a
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3. Avaliação
O tipo de avaliação que temos estado a fazer deve ocorrer sempre no início da
elaboração de um projeto. De um modo geral, os projetos passam por uma etapa de
aprovação num órgão com poderes institucionais superiores àquele onde são
elaborados. Estas indicações que surgem ao longo do texto do projeto devem ser feitas
por um técnico especializado, que conheça as metodologias inerentes à elaboração do
projeto. Mas não basta ver o projeto em si. É importante falar com as pessoas que o
elaboraram, analisar os instrumentos usados aquando da recolha de dados para o
diagnóstico e, se possível, ir ao terreno confirmar algumas das informações recolhidas.
Este tipo de avaliação externa permite uma visão exterior ao projeto, bastante útil na
melhoria do mesmo.
Para além dos elementos já focados na forma como foi feito o diagnóstico, mas
também na análise à coerência e pertinência dos objetivos e das atividades (sendo que
a pertinência, para ser melhor analisada, obriga a um contacto com o ambiente que
envolve o projeto), é necessário focar um outro conjunto de elementos que estão em
falta no projeto e que são essenciais à consecução do mesmo.
Um dos elementos em falta no projeto diz respeito às metas. Um projeto tem que ter
uma linha orientadora, um caminho a seguir. As metas são os indicadores mais
precisos que temos para avaliarmos o projeto e está associada a avaliação sumativa.
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Projetos de Intervenção Educativa
Este elemento está, igualmente, associado à eficácia do projeto. Deste modo não
temos forma de identificar se os objetivos de ação que foram fixados e as atividades
que visavam o(s) objetivo(s) eram os mais correctos e/ou adequados.
O outro elemento importante está relacionado com os recursos. Apesar de não ter
sido aqui exposto, o projeto tinha a indicação dos recursos humanos do projeto.
Temos ainda identificados alguns dos recursos físicos do projeto, mas no projeto só
surgem os relativos às estruturas físicas, como o centro de dia e convívio. Assim, era
importante a presença de um orçamento porque este vai ser a componente que
permitirá avaliar, no decorrer do projeto, a eficiência deste, ou seja, a análise da
relação entre os recursos usados e os resultados obtidos (por outras palavras, os
custos-benefícios). No que diz respeito à importância do orçamento na avaliação do
projeto, apesar de este ter mais peso no momento do desenvolvimento do projeto, a
sua inclusão inicial é estruturante para a definição das atividades a desenvolver, bem
como na concretização de objetivos reais.
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Referências bibliográficas
Ander-Egg, E. e Idáñez, M. (sd) Como elaborar um projeto: Guia para desenhar projetos
sociais e culturais. CPIHTS
Azevedo, R. (sd) Avaliação de programas e de projetos: conceitos básicos de
metodologias de avaliação. Consultado em:
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Bicho, L. e Baptista, S. (2006). Modelo de Porter e Análise SWOT: estratégias de
negócio. Consultado em: http://www.prof.santana-e-silva.pt/gestão_de_
empreendimentos/ (22/06/2010)
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