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Derivadas Parciais
Derivadas Parciais
DERIVADAS PARCIAIS
5.1 Introdução
Definição 5.1. Sejam A ⊂ R3 um conjunto aberto e f : A −→ R uma função.
∂f f (x + t, y, z) − f (x, y, z)
(x, y, z) = lim
∂x t−→0 t
se o limite existe.
∂f f (x, y + t, z) − f (x, y, z)
(x, y, z) = lim
∂y t−→0 t
se o limite existe.
∂f f (x, y, z + t) − f (x, y, z)
(x, y, z) = lim
∂z t−→0 t
se o limite existe.
De forma análoga são definidas as derivadas parciais para funções de duas variá-
veis. Observe que o conjunto A deve ser aberto, pois para todo x ∈ A é necessário
que x + t ei ∈ A, onde i = 1, 2, 3; o que é verdadeiro se |t| < η (η > 0 pequeno).
Veja a bibliografia.
89
90 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
Exemplo 5.1.
∂f f (x, t + y) − f (x, y) x (t + y) − x y tx
(x, y) = lim = lim = lim = x.
∂y t−→0 t t−→0 t t−→0 t
∂f f (x, t + y, z) − f (x, y, z) x2 (t + y) z 2 − x2 y z 2
(x, y, z) = lim = lim
∂y t−→0 t t−→0 t
2
tx z 2
= lim = x2 z 2 ,
t−→0 t
Observação 5.1.
∂f
h′ (y) = (c, y).
∂y
Analogamente para mais variáveis. Consequentemente, para derivar parcialmente
uma função em relação a x, as demais variáveis são consideradas como constantes
e a derivação é feita como em R.
Em relação às outras variáveis o procedimento é análogo. Assim, todas as regras
de derivação estudadas para funções em R podem ser aplicadas.
5.1. INTRODUÇÃO 91
Exemplo 5.2.
p
[1] Se z = f (x, y) = x2 + y 2 , calcule suas derivadas parciais.
Calculemos, primeiramente, a derivada
√ parcial de f em relação a x. Pela observa-
ção anterior consideramos z = x2 + c, onde c = y 2 ; derivando como em R:
∂f x x
(x, y) = √ =p ;
∂x 2
x +c x + y2
2
[2] Se z = f (x, y) = (x2 + y 2 ) cos(x y), calcule suas derivadas parciais no ponto
(1, π).
Calculemos, primeiramente, a derivada parcial de f em relação a x. Pela observa-
ção anterior consideramos z = (x2 + c2 ) cos(c x), onde y = c; derivando como em
R:
∂f
(x, y) = (x2 + c2 ) cos(c x))′ = 2 x cos(c x) − c (x2 + c2 ) sen(c x)
∂x
= 2 x cos(x y) − y (x2 + y 2 ) sen(x y);
∂f ∂f
(1, π) = −2, (1, π) = −2 π.
∂x ∂y
[3] Se w = f (x, y, z) = ln(x2 + y 2 + z 2 ), calcule suas derivadas parciais.
Calculemos, primeiramente, a derivada parcial de f em relação a x. Seja w =
ln(x2 + c), onde c = y 2 + z 2 ; derivando como em R, temos:
∂f 2x 2x
(x, y, z) = 2 = 2 ;
∂x x +c x + y2 + z2
x
analogamente para y; fazemos c = e para z; fazemos c = x y:
z
∂f x xy
(x, y, z) = c cos(c y) = cos e
∂y z z
∂f c xy xy
(x, y, z) = −c z −2 cos( ) = − 2 cos .
∂z z z z
De forma análoga ao Cálculo de uma variável, as derivadas parciais de uma função
são funções e, portanto, podemos calcula-lás em pontos de seus domínios.
[5] Seja f (x, y) = ln (x2 + y 2 + 1); então:
∂f 2x ∂f 2y
(x, y) = 2 e (x, y) = 2 .
∂x x + y2 + 1 ∂y x + y2 + 1
2x 2y
Temos duas novas funções: g(x, y) = e h(x, y) = 2 Logo,:
x2 2
+y +1 x + y2 + 1
2 3 2
g(1, 1) = h(1, 1) = , g(3, −2) = e h(1, −2) = − .
3 7 7
2
0
-2
0
-2
A não existência das derivadas parciais de uma função contínua de duas variáveis
num ponto indica que o gráfico
p da função apresenta "arestas"nesse ponto.
De fato, seja z = f (x, y) = x2 + y 2 ; então, as derivadas parciais existem, exceto
na origem.
5.2. GENERALIZAÇÕES 93
p
Figura 5.3: Gráfico de f (x, y) = x2 + y 2 .
5.2 Generalizações
Definição 5.2. Seja A ⊂ Rn um conjunto aberto, x = (x1 , x2 , ..., xn ) ∈ A e f : A −→ R
uma função. A derivada parcial de f em relação à j-ésima variável no ponto x ∈ A é
∂f
denotada por ∂x j
(x) e definida por:
se o limite existe.
∂f f (x + tej ) − f (x)
(x) = lim .
∂xj t−→0 t
∂f
g′ (x0 ) = (x0 , y0 )
∂x
Figura 5.4:
Figura 5.5:
Exemplo 5.3.
2 2
4
0
0
2
-2 0
-2
Proposição 5.1. Seja f : A ⊂ R2 −→ R uma função tal que as derivadas parciais existam
no conjunto aberto A, então:
∂f
(a, b) = g′ (a) se g(x) = f (x, b)
∂x
∂f
(a, b) = h′ (b) se h(y) = f (a, y)
∂y
A prova segue das definições e observações anteriores. Esta proposição se estende
naturalmente para n ≥ 2.
Exemplo 5.4.
p ∂f ∂f
[1] Se f (x, y) = 4
x4 + y 4 , calcule (0, 0) e (0, 0).
∂x ∂y
Seja g(x) = f (x, 0) = x e h(y) = f (0, y) = y; logo g ′ (x) = 1 e h′ (y) = 1; então:
∂f ∂f
(0, 0) = (0, 0) = 1.
∂x ∂y
2 y+y 3 x2 ) , ∂f
[2] Se f (x, y) = x2 (x2 + y 2 ln(y 2 + 1))−5 etg(x calcule
p
(1, 0).
∂x
Seja g(x) = f (x, 0) = x−3 e g′ (x) = −3 x−4 ; logo:
∂f
(1, 0) = g′ (1) = −3.
∂x
cos(x + y + z) ∂f
[3] Se f (x, y, z) = 2 2 2
, calcule (π, 0, 0).
ln(x + y + z ) ∂x
cos(x) x ln(x) sen(x) + cos(x)
Seja g(x) = f (x, 0, 0) = e g′ (x) = − ; logo:
2 ln(x) 2 ln2 (x)
∂f 1
(π, 0, 0) = g′ (π) = .
∂x 2 π ln2 (π)
96 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
y +t
0 A
e2
c(t)
c(t)
y
0
e1
x0 x 0+t
d(t) d(t)
Figura 5.8:
Exemplo 5.5.
T ∂P 8
P (V, T ) = 8 ; então, (V, T ) = ;
V ∂T V
logo,
∂P
(150, T ) ∼
= 0.0533 N/cm2 /kal.
∂T
5.4. DERIVADAS PARCIAIS COMO TAXA DE VARIAÇÃO 97
T ∂V T
V (P, T ) = 8 ; então, (P, T ) = −8 2 .
P ∂P P
T 16
Por outro lado, P = 8 e para T = 100 e V = 150, obtemos P = ; logo:
V 3
∂V 16
( , 100) = −28.13 cm3 /N.
∂P 3
A variação do volume em relação à pressão diminui a uma razão de 28.13 cm3 /N .
[2] O potencial elétrico no ponto (x, y, z) é dado por:
x
V (x, y, z) = p ,
x2 + y2 + z2
∂V 13
logo; (1, 2, 3) = √ volts/cm.
∂x 14 14
∂V 1
(b) Devemos calcular (1, 2, 3): Seja h(y) = f (1, y, 3) = p ; então:
∂y 2
y + 10
∂V y
= h′ (y) = − 2 ,
∂y (y + 10)3/2
∂V 1
logo; (1, 2, 3) = − √ volts/cm.
∂y 7 14
∂V 1
(c) Devemos calcular (1, 2, 3): Seja k(z) = f (1, 2, z) = √ ; então:
∂z 2
z +5
∂V z
= k′ (z) = − 2 ,
∂z (z + 5)3/2
∂V 3
logo; (1, 2, 3) = − √ volts/cm.
∂z 14 14
98 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
[3] Quando materiais tóxicos são despejados ou manipulados num aterro podem
ser liberadas partículas contaminadas para a atmosfera circundante. Experimental-
mente, a emissão destas partículas pode ser modelada pela função:
40
30
20
10
10 20 30 40 50
∂E ∂E
(a) Calculamos (10, 13): Então, (V, M ) = 0.000122 V 0.3 M −1.4 ; logo,
∂V ∂V
∂E
(10, 13) = 0.00001496.
∂V
∂E ∂E
(b) Calculamos (10, 13): Então, (V, M ) = −0.000291 V 1.3 M −2.4 ; logo,
∂M ∂M
∂E
(10, 13) = −0.00001234.
∂M
5.5 Diferenciabilidade
No caso de uma variável sabemos que se uma função é derivável num ponto, ela é
contínua no ponto. Gostaríamos de ter um comportamento análogo para funções
de várias variáveis; no entanto, a existência das derivadas parciais não garante a
continuidade da função.
5.5. DIFERENCIABILIDADE 99
∂f
De fato, a existência de depende do comportamento da função f somente na
∂x
∂f
direção do eixo dos x e a existência de depende do comportamento da função
∂y
f somente na direção do eixo dos y. Por exemplo, sabemos que a função:
2xy
se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 ,
0 se (x, y) = (0, 0)
∂f 2 y 3 − 2 x2 y ∂f 2 x3 − 2 x y 2
= e = .
∂x (x2 + y 2 )2 ∂y (x2 + y 2 )2
Em uma variável, a existência da derivada de uma função num ponto, garante que
nas proximidades desse ponto o gráfico da função fica bastante próximo da reta
tangente a esse gráfico no ponto considerado. Seguiremos esta idéia para esten-
der o conceito de diferenciabilidade para funções de várias variáveis. Correspon-
dendo à reta tangente num ponto do gráfico de uma função em R temos o "plano
tangente"num ponto do G(f ) e este plano deve ser uma "boa"aproximação para o
G(f ) numa vizinhança do ponto.
∂f ∂f
f (x0 , y0 ) + (x0 , y0 ) (x − x0 ) + (x0 , y0 ) (y − y0 ),
∂x ∂y
Exemplo 5.6.
Considere a função:
2
x y
se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x2 + y 2 ,
0 se (x, y) = (0, 0)
considere y = k x, k > 0:
|x2 y| |kx3 | ±k
lim 3 = lim 3 = lim 3
(x,k x)→(0,0) (x2 + y 2 ) 2 (x,k x)→(0,0) (x2 + k 2 x2 ) 2 (x,k x)→(0,0) (1 + k2 ) 2
k
=± 3 ;
(1 + k2 ) 2
o limite depende de k; logo f não é diferenciável em (0, 0).
O teorema estabelece apenas uma condição suficiente, ou seja, nem todas as fun-
ções diferenciáveis num ponto x0 devem ter derivadas parciais contínuas numa
vizinhança de x0 . Para a prova do teorema, veja o apêndice.
5.5. DIFERENCIABILIDADE 101
Exemplo 5.7.
∂f ∂f ∂f 2xy 4 ∂f 2x4 y
(0, 0) = (0, 0) = 0, (x, y) = 2 e (x, y) = 2 .
∂x ∂y ∂x (x + y 2 )2 ∂y (x + y 2 )2
∂f 2xy 4 ∂f
lim (x, y) = lim = (0, 0) = 0.
(x,y)→(0,0) ∂x (x,y)→(0,0) (x2 + y 2 )2 ∂x
x y4 |
De fato, |x| ≤ x2 + y 2 e y 4 ≤ (x2 + y 2 )2 ; logo, (x|22 +y x2 + y 2 ; se δ = 2ε ,
p p
2 )2 ≤ 2
2 x y4 p
teremos (x2 +y2 )2 < ε se 0 < x2 + y 2 < δ. Analogamente para a outra derivada
parcial.
∂f x ∂f y
=p e =p
∂x x2 + y 2 ∂y x2 + y 2
Definição 5.5. Uma função é dita de classe C 1 em A quando existem as derivadas parciais
em cada ponto de A e estas são contínuas. Logo f de classe C 1 implica em f diferenciável.
102 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
∂f ∂f
n(x0 , y0 , z0 ) = ± (x0 , y0 ), (x0 , y0 ), −1
∂x ∂y
Exemplo 5.9.
2 +y 2 )
[1] Determine a equação do plano tangente ao gráfico de z = (x2 + y 2 + 1) e−(x
no ponto (0, 0, 1).
2 2
Observemos que f (x, y) = (x2 + y 2 + 1) e−(x +y ) é uma função diferenciável em
2 2
R2 . Sejam g(x) = f (x, 0) = (1 + x2 ) e−x e h(y) = f (0, y) = (1 + y 2 ) e−y ; logo,
2 2
g′ (x) = −2 x3 e−x e h′ (y) = −2 y 3 e−y e:
∂f ∂f
(0, 0) = g′ (0) = 0; (0, 0) = h′ (0) = 0
∂x ∂y
z = 1.
∂f ∂f
(x, y) = 1, (x, y) = −12 y.
∂x ∂y
As equações dos planos tangente ao G(f ) nos pontos (1, 1, −5) e (−1, −1, −7) são:
z = x − 12 y + 6 e z = x + 12 y + 6,
respectivamente.
104 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
∂f ∂f
f (1, 1) = 2, (x, y) = ex−y + y 2 e (x, y) = −ex−y + 2 x y.
∂x ∂y
z = 2 x + y − 1.
Os vetores normais no ponto (1, 1, 2) são n = (2, 1, −1) e n = (−2, −1, 1).
1. se n = 2 e z0 = f (x0 , y0 ):
∂f ∂f
l(x, y) = z0 + (x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )
∂x ∂y
2. se n = 3, x0 = (x0 , y0 , z0 ) e w0 = f (x0 ):
∂f ∂f ∂f
l(x, y, z) = w0 + (x0 ) (x − x0 ) + (x0 ) (y − y0 ) + (x0 ) (z − z0 )
∂x ∂y ∂z
e satisfaz:
E(x)
lim = 0.
x−→x0 kx − x0 k
Em outras palavras l(x) aproxima f (x) numa vizinhança de x0 . A função l(x)
também é chamada linearização de f numa vizinhança de x0 .
Exemplo 5.10.
∂T ∂T
l(x, y) = T (1, 0) + (1, 0) (x − 1) + (1, 0) y
∂x ∂y
∂T ∂T ∂T
=1+ (1, 0) x + (1, 0) y − (1, 0).
∂x ∂y ∂x
∂T ∂T
(x, y) = ex y (1 + x y) e (x, y) = ex y x2 ; então, numa vizinhança do ponto
∂x ∂y
(1, 0), temos:
x ex y ≃ x + y.
O ponto (1.0023, 0.00012) está perto do ponto (1, 0), logo:
∂T ∂T
l(x, y) = T (0, 1) + (0, 1) x + (0, 1) (y − 1)
∂x ∂y
∂T ∂T ∂T
= (0, 1) x + (0, 1) y − (0, 1)
∂x ∂y ∂y
= x.
x ex y ≃ x.
106 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
∂ρ ∂ρ ∂ρ
l(x, y, z) = ρ(1, 0, 1) + (1, 0, 1) (x − 1) + (1, 0, 1) y + (1, 0, 1) (z − 1).
∂x ∂y ∂z
Temos:
∂ρ x ∂ρ y
(x, y, z) = 2 , (x, y, z) = 2 e
∂x x + y2 + z2 ∂y x + y2 + z2
∂ρ z
(x, y, z) = 2 .
∂z x + y2 + z2
∂f ∂f ∂f
l(x, y, z) = f (1, 4, 8) + (1, 4, 8) (x − 1) + (1, 4, 8) (y − 4) + (1, 4, 8) (z − 8).
∂x ∂y ∂z
Temos:
∂f x ∂f y ∂f z
(x, y, z) = , (x, y, z) = e (x, y, z) = .
∂x f (x, y, z) ∂y f (x, y, z) ∂z f (x, y, z)
∂f 1 ∂f 4 ∂f 8
Logo, f (1, 4, 8) = 9,(1, 4, 8) = , (1, 4, 8) = e (1, 4, 8) = ; então, numa
∂x 9 ∂y 9 ∂z 9
vizinhança do ponto (1, 4, 8), temos:
p 1
x2 + y 2 + z 2 ≃ (x + 4 y + 8 z),
9
Em particular, no ponto (1.01, 4.01, 8.002):
p 1
1.012 + 4.012 + 8.0022 ≃ (1.01 + 4 × (4.01) + 8 × (8.002)) ≃ 9.0073.
9
[2] Lei de gravitação de Newton. A força de atração entre dois corpos de massa m
e M , respectivamente, situados a uma distância r é dada por:
GmM
F (m, M, r) = ,
r2
onde G é a constante de gravitação. Determinemos a linearização da função F ao
redor do ponto (m0 , M0 , r0 ).
∂F GM ∂F Gm ∂F 2GmM
(m, M, r) = 2 , (m, M, r) = 2 e (m, M, r) = − ;
∂m r ∂M r ∂r r3
5.6. APROXIMAÇÃO LINEAR 107
[4] Suponha que 4 resistores num circuito são conectados em paralelo; a resistência
R do circuito é dada por:
1 −1
1 1 1
R(r1 , r2 , r3 , r4 ) = + + + .
r1 r2 r3 r4
Determine a linearização de R numa vizinhança do ponto (10, 20, 40, 10), onde os
ri são medidos em Ohms. Seja x = (r1 , r2 , r3 , r4 ):
∂R (R(r1 , r2 , r3 , r4 ))2 ∂R (R(r1 , r2 , r3 , r4 ))2
(x) = , (x) = ,
∂r1 r12 ∂r2 r22
108 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
1
R(r1 , r2 , r3 , r4 ) ≃ (16 r1 + 4 r2 + r3 + 16 r4 ).
121
∂f ∂f
, : A ⊂ R2 −→ R.
∂x ∂y
Definição 5.8. As derivadas parciais de segunda ordem de f são definidas e denotadas por:
∂f ∂f
∂ ∂f (x + t, y) − ∂x (x, y)
(x, y) = lim S ∂x
∂x ∂x t→0 t
∂f ∂f
∂ ∂f ∂y (x + t, y) − ∂y (x, y)
(x, y) = lim
∂x ∂y t→0 t
∂f ∂f
∂ ∂f ∂x (x, y + t) − ∂x (x, y)
(x, y) = lim
∂y ∂x t→0 t
∂f ∂f
∂y (x, y + t) − ∂y (x, y)
∂ ∂f
(x, y) = lim ,
∂y ∂y t→0 t
se os limites existem.
∂ ∂f ∂2f ∂ ∂f ∂2f
(x, y) = (x, y) (x, y) = (x, y)
∂x ∂x ∂x2 ∂x ∂y ∂x∂y
∂ ∂f ∂2f ∂ ∂f ∂2f
(x, y) = (x, y) (x, y) = (x, y)
∂y ∂x ∂y∂x ∂y ∂y ∂y 2
Exemplo 5.11.
∂f ∂f
Primeiramente, calculamos as de primeira ordem = 2 x y3 e = 3 x2 y 2 ; logo:
∂x ∂y
∂2f ∂ ∂f ∂ 3 3 ∂2f ∂ ∂f ∂
3 x2 y 2 = 6 x2 y,
2
= = 2 x y = 2 y , 2
= =
∂x ∂x ∂x ∂x ∂y ∂y ∂y ∂y
2
∂ f ∂ ∂f ∂ 2
∂ f ∂ ∂f ∂
3 x2 y 2 = 6 x y 2 , 2 x y3 = 6 x y2 .
= = = =
∂x∂y ∂x ∂y ∂x ∂y∂x ∂y ∂x ∂y
∂2f ∂2f
∂ 2y −4xy ∂ 2x −4 x y
= = 2 , = = 2 .
∂x∂y ∂x x2 + y 2 (x + y 2 )2 ∂y∂x ∂y x2 + y 2 (x + y 2 )2
∂f ∂f
∂ ∂f ∂x (x + tej ) − ∂xi (x)
(x) = lim i ,
∂xj ∂xi t→0 t
∂ ∂f ∂2f
se os limites existem. A notação é (x) = (x). Logo, definimos n2
∂xj ∂xi ∂xj ∂xi
funções:
∂ ∂f
: A ⊂ Rn −→ R.
∂xj ∂xi
∂ ∂f ∂2f
(x) = (x).
∂xi ∂xi ∂x2i
Exemplo 5.12.
∂f ∂f ∂f
Calculemos as de primeira ordem: = y z, = xz e = x y, logo:
∂x ∂y ∂z
∂f ∂f
Calculemos as de primeira ordem: = y z cos(x y z), = x z cos(x y z) e
∂x ∂y
∂f
= x y cos(x y z); logo:
∂z
∂2f ∂2f
== −y 2 z 2 sen(x y z), = z cos(x y z) − x y z 2 sen(x y z),
∂x2 ∂y∂x
∂2f
= −x2 z 2 sen(x y z), ∂2f
∂y 2 = x cos(x y z) − x2 y z sen(x y z),
∂2f ∂y∂z
= −x2 y 2 sen(x y z),
∂z 2 ∂2f
∂2f = y cos(x y z) − x y 2 z sen(x y z),
= z cos(x y z) − x y z 2 sen(x y z), ∂z∂x
∂x∂y
∂2f ∂2f
= y cos(x y z) − x y 2 z sen(x y z), = x cos(x y z) − x2 y z sen(x y z).
∂x∂z ∂z∂y
[3] Equação de Laplace: Seja u = u(x, y) uma função duas vezes diferenciável num
conjunto aberto do plano. A equação de Laplace é:
∂2u ∂2u
+ 2 = 0.
∂x2 ∂y
∂2u ∂2u
= −sen(x) ey e = sen(x) ey .
∂x2 ∂y 2
5.7. DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR 111
1
0 2 4 6 8
[4] Equação da onda: Seja u = u(x, t) uma função duas vezes diferenciável num
conjunto aberto do plano. A equação homogênea da onda é:
∂2u 2
2 ∂ u
= c ,
∂t2 ∂x2
onde c > 0 (c é chamada a velocidade de propagação da onda). u(x, t) descreve o
deslocamento vertical de uma corda vibrante. A função :
u(x, t) = (x + c t)n + (x − c t)m , n, m ∈ N
satisfaz à equação da onda. De fato.
∂2u
= m (m − 1) (x − c t)m−2 + n (n − 1) (x + c t)n−2 ,
∂x2
∂2u
= c2 (m (m − 1) (x − c t)m−2 + n (n − 1) (x + c t)n−2 ).
∂t2
sen(x + c t) + cos(x − c t)
Analogamente, a função: u(x, t) = satisfaz à equação da
2
onda. De fato.
∂2u 1
2
= − (sen(x + c t) + cos(x − c t)),
∂x 2
∂2u c2
= − (sen(x + c t) + cos(x − c t)).
∂t2 2
112 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
Se (x, y) 6= (0, 0), f (x, y) possui derivadas parciais de todas as ordens; em (0, 0) as
derivadas parciais de f (x, y) existem e são todas nulas:
∂f ∂f
Para todo y 6= 0, f (0, y) = 0, ∂x (0, y) = −y, ∂y (0, y) = 0 e:
∂2f ∂2f
(0, y) = −1, (0, y) = 0.
∂x∂y ∂y∂x
−(x2 +y 2 )
f (x, y) = (x2 − y 2 ) e 2
∂f
Figura 5.20: Gráficos de f e ∂x , respectivamente.
∂f ∂2f
Figura 5.21: Gráficos de ∂y e ∂x∂y , respectivamente.
114 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
2 2
1 1
0 0
-1 -1
-2 -2
-2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2
∂f
Figura 5.22: Curvas de diversos níveis de f e ∂x , respectivamente.
2 2
1 1
0 0
-1 -1
-2 -2
-2 -1 0 1 2 -2 -1 0 1 2
∂f ∂2f
Figura 5.23: Curvas de diversos níveis de ∂y e ∂x∂y , respectivamente.
∂f
Por outro lado, fazendo g = ∂x :
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + e = +
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂s ∂x ∂s ∂y ∂s
5.8. REGRA DA CADEIA 115
x y
r s r s
dz ∂z dx ∂z dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt
x y
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z ∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
= + + , = + +
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂z ∂r ∂s ∂x ∂s ∂y ∂s ∂z ∂s
e
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
= + +
∂t ∂x ∂t ∂y ∂t ∂z ∂t
x y z
r s t r s t r s t
x z y
dw ∂w dx ∂w dy ∂w dz
= + +
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt
Exemplo 5.14.
dw
[1] Calcule se w = f (x, y, z) = x y z onde x = x(t) = t2 , y = y(t) = t e
dt
z = z(t) = t4 .
dw ∂w dx ∂w dy ∂w dz
= + + ,
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt
∂w ∂w ∂w
= y z = t × t4 = t5 , = x z = t2 × t4 = t6 e = x y = t2 × t = t3 . Por outro
∂x ∂y ∂z
dx dy dz
lado, temos que = 2 t, =1eS = 4 t3 ; então;
dt dt dt
dw
= 2 t6 + t6 + 4 t6 = 7 t6 .
dt
Observe que podemos obter o mesmo resultado fazendo a composição das funções:
dw
w = f (t2 , t, t4 ) = t2 × t × t4 = t7 , então = 7 t6 .
dt
Pode explicar por que isto ocorre?
[2] Seja w = f (x, y, z) = x2 + y 2 + 2 z 2 , se:
∂w ∂w ∂w
Calcule , e .
∂ρ ∂α ∂θ
∂w ∂w ∂x ∂w ∂y ∂w ∂z
= + + = 2 x sen(α) cos(θ) + 2 y sen(α) sen(θ) + 4 z cos(α);
∂ρ ∂x ∂ρ ∂y ∂ρ ∂z ∂ρ
logo, utilizando a definição das funções x, y e z temos:
∂w
= 2 ρ sen2 (α) cos2 (θ) + sen2 (θ) + 4 ρ cos2 (α) = 2 ρ + 2 ρ cos2 (α).
∂ρ
Como antes, se fazemos w = f (ρ, α, θ) = ρ2 + ρ2 cos2 (α), obtemos:
∂w ∂w ∂w
= 2 ρ + 2 ρ cos2 (α), = −2 ρ2 cos(α) sen(α) e = 0.
∂ρ ∂α ∂θ
5.8. REGRA DA CADEIA 117
θ
x
y
Sejam x = x(t) e y = y(t) os lados no instante t e θ = arctg x o ângulo em questão;
pela regra da cadeia:
dθ ∂θ dx ∂θ dy y dx x dy
= + =− 2 + 2 ;
dt ∂x dt ∂y dt x + y 2 dt x + y 2 dt
dx dy
temos x = 10, = 1; y = 12, = −2, pois y decresce. Substituindo estes valores
dt dt
dθ 8 8
na expressão anterior = − ; logo, decresce à razão de rad/seg.
dt 61 61
[4] A resistência R, em Ohms, de um circuito é dada por R = EI , onde I é a cor-
rente em ampères e E é a força eletromotriz, em volts. Num certo instante, quando
E = 120 volts e I = 15 ampères, E aumenta numa velocidade de 0.1 volts/seg e I
diminui à velocidade de 0.05 ampères/seg. Determine a taxa de variação instantâ-
nea de R.
E
Como R = R(E, I) = . Sejam E = E(t) a força eletromotriz no instante t e
I
I = I(t) a corrente no instante t. Pela regra da cadeia:
dR ∂R dE ∂R dI 1 dE E dI
= + = + − 2 .
dt ∂E dt ∂I dt I dt I dt
dE dI
Temos E = 120, = 0.1, I = 15, = −0.05, pois I decresce. Substituindo estes
dt dt
valores na expressão anterior:
dR 1
= Ohm/seg.
dt 30
[5] A lei de um gás ideal confinado é P V = k T , onde P é a pressão, V é o vo-
lume, T é a temperatura e k > 0 constante. O gás está sendo aquecido à razão de
2 graus/min e a pressão aumenta à razão de 0.5 kg/min. Se em certo instante, a
temperatura é de 200 graus e a pressão é de 10 kg/cm2 , ache a razão com que varia
o volume para k = 8.
118 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
T
V (P, T ) = 8 = 8 T P −1 .
P
Sejam P = P (t) a pressão do gás no instante t e T = T (t) a temperatura do gás no
dT dP
instante t. Pela regra da cadeia e usando que =2e = 0.5:
dt dt
dV ∂V dT ∂V dP 4 T
= + = (4 − ).
dt ∂T dt ∂P dt P P
Como T = 200 e P = 10, substituindo estes valores na expressão anterior:
dV 32
= − cm3 /min.
dt 5
32
O volume decresce à razão de cm3 /min.
5
[6] De um funil cônico escoa água à razão de 18 πcm3 /seg. Se a geratriz faz com o
eixo do cone um ângulo α = π3 , determine a velocidade com que baixa o nível de
água no funil, no momento em que o raio da base do volume líquido é igual a 6 cm.
b x2 a y 3
De fato, seja u = − ; então, z = f (u). Pela regra da cadeia:
2 3
∂z dz ∂u ∂z dz ∂u
= = f ′ (u) b x e = = −f ′ (u) a y 2 ;
∂x du ∂x ∂y du ∂y
∂z ∂z
logo, a y 2 + bx = f ′ (u) (a b x y 2 − a b x y 2 ) = 0.
∂x ∂y
[8] Equação da onda: Seja u = u(x, t) de classe C 2 . A equação homogênea da onda
é dada por:
∂2u 2
2 ∂ u
= c ,
∂t2 ∂x2
A solução (chamada de d’Alambert) desta equação é dada por:
onde f e g são funções reais de uma variável duas vezes diferenciáveis. De fato,
pela regra da cadeia:
∂2u ∂2u
= f ′′ (x + c t) + g′′ (x − c t) e = c2 (f ′′ (x + c t) + g′′ (x − c t)),
∂x2 ∂t2
∂2u 2
2 ∂ u
ou seja, = c .
∂t2 ∂x2
5.9 Exercícios
1. Calcule as derivadas parciais das seguintes funções:
∂w ∂w ∂w
2. Seja + + = 0. Verifique se as seguintes funções satisfazem à equa-
∂x ∂y ∂z
ção:
√
(a) w = ex−y + cos(y − z) + z−x (c) w = ln(ex + ey + ez )
(b) w = sen(ex + ey + ez ) (d) w = cos(x2 + y 2 + z 2 )
∂R R 2
Verifique que: = .
∂Ri Ri
4. Determine a equação do plano tangente ao gráfico da função z = f (x, y) no
ponto P se:
9. Calcule, aproximadamente:
√
(a) 4
1.00222 + 0.00232 + 0.000982 . (d) (12.03 × 10.04)1.08 .
√
(b) 0.98 × 0.99 × 1.02. (e) 8.99 × 9.99 − 1.013
(c) 3.001×(2.0023)3 ×cos((1.002) π). (f) 1.0023 × 2.9931 3 + cos(1.00012π).
(a) z = x3 y − 2 x2 y 2 + 5 x y − 2 x (h) w = x3 y 2 z + 2 (x + y + z)
(b) z = x cos(x y) − y sen(x y) x3 − y 3
(c) z = cos(x3 + x y) (i) w =
x2 + y 3
(d) z = arctg(x2 − 2 x y)
2 2
(j) w = exyz
(e) z = ex +y
(f) w = x2 y 3 z 4 (k) w = log4 (x2 + y z + x y z)
2 z3
(g) w = cos(x + y + z) (l) w = exy
∂2f ∂2f
+ = 0.
∂x2 ∂y 2
y
(a) f (x, y) = e−x cos(y). (c) f (x, y) = arctg , x > 0.
p x
(b) f (x, y) = ln( x2 + y 2 ).
dz dw
13. Usando a regra da cadeia para z = f (x, y) e w = f (x, y, z), calcule e :
dt dt
122 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
(a) z = x2 − y 2 , x = 3t − s, y = t + 2s
y
(b) z = e x , x = 2s cos(t), y = 4s sen(t)
(c) z = x2 + y 2 , x = cosh(s) cos(t),
y = senh(s) sen(t)
(d) z = x2 y −2 , x = s2 − t, y = 2st
y
(e) z = cosh( ), x = 3t2 s, y = 6tes
x
p
(f) ) z = 1 + x2 + y 2 , x = set , y = se−t
(g) z = arcsen(3x + y), x = s2 , y = sen(st)
(h) w = xey , x = arctg(rst), y = ln(3rs + 5st)
(i) w = x2 + y 2 + z 2 , x = rsen(t)cos(s), y = rsen(t)sen(s), z = rcos(t)
p
(j) w = x2 + y 2 + z 2 , x = tg(t), y = cos(r), z = sen(s)
(k) w = xy + yz + zx, x = tr, y = st, z = ts
(l) w = log5 (xy + yz + zx), x = t2 r, y = st2 , z = t2 s
5.9. EXERCÍCIOS 123
17. Considere a lei de um gás ideal confinado, para k = 10. Determine a taxa de
variação da temperatura no instante em que o volume do gás é de 120 cm3 e
o gás está sob pressão de 8 din/cm2 , sabendo que o volume cresce à razão de
2 cm3 /seg e a pressão decresce à razão de 0.1 din/cm2 .
∂z ∂z ∂z sen(θ) ∂z ∂z ∂z cos(θ)
= cos(θ) − e = sen(θ) + .
∂x ∂r ∂θ r ∂y ∂r ∂θ r
∂f ∂g ∂f ∂g
= e =− .
∂x ∂y ∂y ∂x
∂f 1 ∂g ∂g 1 ∂f
= e =− .
∂r r ∂θ ∂r r ∂θ
∂f ∂f ∂f
x +y +z = nf (x, y, z).
∂x ∂y ∂z
124 CAPÍTULO 5. DERIVADAS PARCIAIS
Capítulo 6
DERIVADA DIRECIONAL
6.1 Introdução
Suponha que estamos numa ladeira de uma montanha e desejamos determinar a
inclinação da montanha na direção do eixo dos z. Se a montanha fosse representada
pelo gráfico da função z = f (x, y), então, já saberíamos determinar a inclinação em
∂f
duas direções diferentes, a saber, na direção do eixo dos x utilizando (x, y) e na
∂x
∂f
direção do eixo dos y utilizando (x, y).
∂y
Neste parágrafo veremos como utilizar derivada para determinar a inclinação em
qualquer direção; para isto definimos um novo tipo de derivada chamada direcio-
nal. Este conceito generaliza o de derivada parcial, isto é, as derivadas parciais de
uma função podem ser obtidas como casos particulares das derivadas direcionais.
∂f f (x + t v1 , y + t v2 ) − f (x, y)
(x, y) = lim
∂v t−→0 t
125
126 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
se o limite existe.
Exemplo 6.1.
[1] A função: 2
x y se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) = x4 + y 2 ,
0 se (x, y) = (0, 0)
logo,
√ 2 √
∂f 3t t (x + y + z) 3 (x y + x z + x y)
= lim + +
∂v t→0
√ 9 3 3
3 (x y + x z + x y)
= .
3
∂f f (x + t, y, z) − f (x, y, z) ∂f
(x, y, z) = lim = (x, y, z).
∂e1 t→0 t ∂x
Analogamente se ~v = e2 = (0, 1, 0) e ~v = e3 = (0, 0, 1):
∂f ∂f ∂f ∂f
(x, y, z) = (x, y, z) e (x, y, z) = (x, y, z).
∂e2 ∂y ∂e3 ∂z
Figura 6.1:
Pode acontecer que a derivada direcional de uma função num ponto numa certa
direção exista e a derivada direcional da mesma função no mesmo ponto em outra
direção não exista.
c(t)
y +t
0 A
e2
v
y0
e1
x0 x 0+t
Figura 6.2:
Exemplo 6.2.
O potencial elétrico numa região do espaço é dado por V (x, y, z) = x2 + 4 y 2 + 9 z 2 .
Ache a taxa de variação de V no ponto (2, −1, 3) e na direção de (2, −1, 3) para a
origem.
(2, −1, 3) 1
O vetor (2, −1, 3) não é unitário; logo, ~v = 2, −1, 3 . Então:
=√
k(2, −1, 3)k 14
2t t 3t 2 t 2 t 2 3 t 2
f x + √ ,y − √ ,z + √ = x+ √ +4 y− √ +9 z+ √ ;
14 14 14 14 14 14
e,
2t t 3t 1 √
f x + √ ,y − √ ,z + √ − f (x, y, z) = t 89 t + 2 14 (2 x − 4 y + 27 z) .
14 14 14 14
√
∂f 1 √ 14
Logo, (2 x − 4 y + 27 z). En-
= lim 89 t + 2 14 (2 x − 4 y + 27 z) =
∂v t−→0 14 7
tão: √
∂f 89 14
(2, −1, 3) = .
∂v 7
Se f é diferenciável no ponto x0 , então, f possui todas as derivadas direcionais em
x0 . A recíproca é falsa. Procure exemplos.
Equivalentemente:
∂f ∂f ∂f
∇f (x) = (x) e~1 + (x) e~2 + ............ + (x) e~n .
∂x1 ∂x2 ∂xn
∂f ∂f ∂f
∇f (x, y, z) = (x, y, z), (x, y, z) (x, y, z)
∂x ∂y ∂z
Analogamente para n = 2.
A rigor ∇f é uma função que associa a cada ponto x ∈ A ⊂ Rn um único vetor
∇f (x) ∈ Rn . Este tipo de função é chamado campo de vetores. O nome se jus-
tifica se expressarmos graficamente ∇f do seguinte modo: em cada ponto x ∈ A
desenhamos um vetor com origem em x e com o comprimento e direção de ∇f (x).
Exemplo 6.3.
[3] Se f (x, y) = sen(x) sen(y); então, ∇f (x, y) = (cos(x) sen(y), sen(x) cos(y)).
6.3. GRADIENTE DE UMA FUNÇÃO 131
∂f
(x) = ∇f (x) · ~v
∂v
Para a prova, veja o apêndice. Se n = 2, qualquer vetor unitário ~v pode ser escrito
na forma cos(θ), sen(θ) , onde θ é o ângulo diretor de ~v. Logo:
∂f ∂f ∂f
(x, y) = cos(θ) (x, y) + sen(θ) (x, y)
∂v ∂x ∂y
Exemplo 6.4.
p
[1] Calcule as derivadas direcionais de z = f (x, y) = ln( x2 + y 2 ) na direção do
vetor (1, 1).
132 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
∂f 1 2 2 y z + 2 x z + 2 x y
(x, y, z) = y z, x z, x y · , , = .
∂v 3 3 3 3
[3] Calcule as derivadas direcionais de w = f (x, y, z) = ex + y z na direção do vetor
(−1, 5, −2).
1
O vetor (−1, 5, −2) não é unitário; logo ~v = √ (−1, 5, −2).
30
∂f 1 −ex + 5 z − 2 y
(x, y, z) = √ (ex , z, y) · (−1, 5, −2) = √ .
∂v 30 30
∂f
≤ k∇f k.
∂v
π ∇f
Se α = , então, ∇f é ortogonal a ~v. Se consideramos o vetor unitário ~v = ,
2 k∇f k
então,
∂f ∇f k∇f k2
= ∇f · = = k∇f k.
∂v k∇f k k∇f k
Logo, temos a igualdade quando derivamos na direção de ∇f .
Figura 6.8:
Exemplo 6.5.
100 x y
[1] Se T (x, y) = é a temperatura em graus Celsius, sobre uma lâmina
x2
+ 4 y2 + 4
metálica, x e y medidos em cm, determine a direção de crescimento máximo de T
a partir do ponto (1, 1) e a taxa máxima de crescimento de T , nesse ponto.
Pela proposição anterior, no ponto (1, 1), a função cresce mais rapidamente na di-
reção de ∇T (1, 1) e a taxa máxima de crescimento nesta direção é k∇T (1, 1)k.
100
y (4 − x2 + 4 y 2 ), x (4 + x2 − 4 y 2 ) ;
∇T (x, y) = 2 2 2
(4 + x + 4 y )
√
100 500 2 ∼
e = 8.729o por centímetro.
∇T (1, 1) = 2 7, 1 k∇T (1, 1)k =
9 92
2
2
1.5
1.5
1 1
0.5 0.5
0
0.5 1 1.5 2 0 0.5 1 1.5 2
Figura 6.9:
em volts, x e y em cm.
(a) Determine a taxa de variação do potencial em qualquer direção paralela ao eixo
dos x.
(b) Determine a taxa de variação do potencial em qualquer direção paralela ao eixo
dos y.
(c) Determine a taxa de variação do potencial na direção do vetor (1, 1).
(d) Qual é a taxa máxima de variação do potencial no ponto (1, 2)?
(e) Em que direção, a partir da origem, o potencial aumenta e diminui?
(a) Qualquer direção paralela ao eixo dos x é dada pelo vetor ~v = (1, 0); logo:
∂V ∂V x2 +y 2
(x, y) = (x, y) = 2 (x2 − 10) e− 20 .
∂v ∂x
(b) Analogamente, qualquer direção paralela ao eixo dos y é dada pelo vetor ~v =
(0, 1); logo:
∂V ∂V x2 +y 2
(x, y) = (x, y) = 2 x y e− 20 .
∂v ∂y
√
2
(c) O vetor (1, 1) não é unitário; normalizando o vetor obtemos ~v = 2 (1, 1) e
calculamos:
∂V
(x, y) = ∇V (x, y) · ~v .
∂v
Então:
∂V ∂V x2 +y 2
∇V (x, y) = (x, y), (x, y) = 2 e− 20 (x2 − 10, x y);
∂x ∂y
∂V √ √ x2 +y 2
(x, y) = 2 ∇V (x, y) · (1, 1) = 2 e− 20 (x2 + x y − 10).
∂v
6.3. GRADIENTE DE UMA FUNÇÃO 135
logo:
√
2 85
k∇V (1, 2)k = √ volts.
4
e
1 1
(a) (−1, 1) não é unitário; logo, ~v = − √ , √ ; então,
2 2
∂T √
(3, 4) = ∇T (3, 4) · ~v = 3 2.
∂v
∂T
(b) Seja ~v = (a, b) tal que a2 + b2 = 1; (3, 4) = 0 se (3, 4) · (a, b) = 0; logo, obtemos
∂v
o seguinte sistema: (
a2 + b2 = 1
3 a + 4 b = 0,
4 3
com solução a = ± e b = ∓ . As direções solicitadas são (4, −3) e (−4, 3).
5 5
[5] A equação da superfície de uma montanha é z = f (x, y) = 1200 − 3 x2 − 2 y 2 ,
onde as distâncias são medidas em metros. Suponha que os pontos do eixo positivo
dos x estão a leste e os pontos do eixo positivo dos y ao norte e que um alpinista
está no ponto (−10, 5, 850).
(b) Se o alpinista se mover na direção leste, ele estará subindo ou descendo e qual
será sua velocidade?
(c) Se o alpinista se mover na direção sudoeste, ele estará subindo ou descendo e
qual será sua velocidade?
(d) Em que direção ele estará percorrendo um caminho plano?
∂f ∇f (x, y) ∂f
Sabemos que atinge o máximo valor se ~v = e = k∇f (x, y)k.
∂v k∇f (x, y)k ∂v
(a) ∇f (x, y) = (−6 x, −4 y) e ∇f (−10, 5) = (60, −20). A direção da parte que tem a
inclinação mais acentuada é (3, −1).
O L
Figura 6.14:
∂f ∂f
(−10, 5) = (−10, 5) = 60.
∂v ∂x
O alpinista estará subindo a uma razão de 60 m/min.
(c) O vetor na direção
√ sudoeste
√ é (−1, −1); logo, o vetor unitário nesta direção é
2 2
dado por: ~v = (− ,− ); veja o desenho:
2 2
138 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
Figura 6.15:
∂f √
(−10, 5) = ∇f (−10, 5) · ~v = −20 2.
∂v
√
O alpinista estará descendo a uma razão de 20 2 m/min.
(d) Seja ~v = (cos(α), sen(α)) vetor unitário. Devemos determinar α tal que:
∂f
(−10, 5) = ∇f (−10, 5) · ~v = 0,
∂v
que é equivalente a 3 cos(α) − sen(α) = 0; logo tg(α) = 3. Utilizando a seguinte
identidade trigonométrica:
tg2 (α)
sen2 (α) = ,
1 + tg2 (α)
√ √
3 10 p 10
obtemos sen(α) = ± e cos(α) = 1 − sen (α) = ±
2 . O alpinista estará
10 10
percorrendo um caminho plano na direção de (1, 3) ou de (−1, −3).
é o gráfico de g.
Em geral uma equação do tipo f (x, y) = c quando define y em função de x o faz
apenas localmente (ou seja numa vizinhança de um ponto). Como veremos nos
exemplos, nem sempre uma equação do tipo f (x, y) = c define alguma função
implicitamente. Para isto, basta considerar c ∈
/ Im(f ).
Exemplo 6.6.
p
g1 (x) = 1 − x2 se A1 = {(x, y) ∈ R2 / y > 0},
e
p
g2 (x) = − 1 − x2 se A2 = {(x, y) ∈ R2 / y < 0}.
c
y = g(x) = se x 6= 0.
x
Nosso objetivo é dar condições suficientes para que seja possível obter uma fun-
ção definida implicitamente. Exceto para as equações mais simples, por exemplo,
lineares, quadráticas, esta questão não é simples. O estudo das funções definidas
implicitamente tem muitas aplicações não só na Matemática como em outras Ciên-
cias.
[4] O sistema:
(
x2 + y 2 + z 2 = 1
x + y + z = 0,
∂F
(x, g(x))
g (x) = − ∂x
′
.
∂F
(x, g(x))
∂y
140 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
g(x)
I2
f=c
x I1
Figura 6.16:
Exemplo 6.7.
ex−y + 2 x
y′ = .
ex−y + 1
[3] Seja f (x, y) = (x − 2)3 y + x ey−1 . Não podemos afirmar que f (x, y) = 0 define
implicitamente uma função de x num retângulo aberto centrado em (1, 1). De fato,
f (1, 1) = 0, f é de classe C k mas:
∂f 3 y−1
(1, 1) = (x − 2) + x e = 0.
∂y (1,1)
6.5. GRADIENTE E CONJUNTOS DE NÍVEL 141
1.5
0.5
0
0 0.5 1 1.5 2
∂f ∂f
(x, , y, g(x, y)) (x, , y, g(x, y))
∂g ∂g ∂y
= − ∂x e =− .
∂x ∂f ∂y ∂f
(x, y, g(x, y)) (x, y, g(x, y))
∂z ∂z
∂f
(x0 ) = ∇f (x0 ) · ~v = 0.
∂v
Proposição 6.3. Seja x0 ∈ A tal que ∇f (x0 ) 6= ~0. Então ∇f (x0 ) é perpendicular ao
conjunto de nível de f que passa pelo ponto x0 .
Sc 3
Sc
2
Sc
1
Se (x0 , y0 ) ∈ Cc tal que ∇f (x0 , y0 ) 6= ~0. Pela proposição 6.3, segue que a equação
da reta tangente à curva de nível f (x, y) = c no ponto (x0 , y0 ) é
∇f (x0 , y0 ) · (x − x0 , y − y0 ) = 0
ou:
∂f ∂f
(x0 , y0 )(x − x0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 ) = 0
∂x ∂y
e a equação da reta normal é:
∂f ∂f
(x0 , y0 )(y − y0 ) − (x0 , y0 )(x − x0 ) = 0
∂x ∂y
Exemplo 6.8.
x2 y 2
[2] Determine a equação da reta tangente à elipse + = 1, que é paralela à reta
16 9
x + y = 0.
x2 y 2
Seja f (x, y) = + e g(x, y) = x + y. Pelo exercício anterior para a = 4 e b = 3,
16 9
temos:
9 x x0 + 16 y y0 = 144;
esta reta deve ser paralela à reta x + y = 0; logo, os vetores normais devem ser
paralelos, isto é, devemos resolver o sistema:
∇f (x0 , y0 ) = λ∇g(x0 , y0 )
2 2
x0 + y0 = 1.
16 9
Ou, equivalentemente:
(1) x0 = 8 λ
(2) 2 y0 = 9 λ
(3) x20 y02
+ = 1.
16 9
16 9
Fazendo (1) = (2) e utilizando (3), temos: (x0 , y0 ) = ± , ; logo, no ponto
5 5
16 9 16 9
, , temos x + y = 5 e no ponto − , − , temos
5 5 5 5
x + y = −5.
-4 -2 2 4
-2
-4
[3] Determine a equação da reta normal à parábola y 2 = −8 x que passa pelo ponto
(−5, 0).
144 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
-5 -4 -3 -2 -1
-2
-4
∇F (x0 , y0 ) · ∇G(x0 , y0 )
cos(α) =
k∇F (x0 , y0 )k k∇G(x0 , y0 )k
Exemplo 6.9.
∇f (−1, 2) · ∇g(−1, 2)
cos(α) =
k∇f (−1, 2)k k∇g(−1, 2)k
√
10
e cos(α) = .
10
-2 -1
-2
Figura 6.21:
∇f (−2, 2) · ∇g(−2, 2)
cos(α) =
k∇f (−2, 2)k · k∇g(−2, 2)k
√
5
e cos(α) = 5 .
-2 -1 1 2
-1
-2
-3
Figura 6.22:
146 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
O gráfico de uma função y = f (x) pode ser considerado como a curva de nível zero
de F (x, y) = y − f (x); então:
Sc = {(x, y, z) ∈ R3 /f (x, y, z) = c}
∇f (x0 , y0 , z0 ) · (x − x0 , y − y0 , z − z0 ) = 0
∂f ∂f ∂f
(x0 , y0 , z0 ) (x − x0 ) + (x0 , y0 , z0 ) (y − y0 ) + (x0 , y0 , z0 ) (z − z0 ) = 0
∂x ∂y ∂z
Logo, a reta normal ao plano tangente deve ter a direção do gradiente e as equações
paramétricas desta reta no ponto (x0 , y0 , z0 ) são:
∂f
x(t) =
x0 + t (x0 , y0 , z0 )
∂x
∂f
y(t) = y0 + t (x0 , y0 , z0 )
∂y
∂f
z(t) =
z0 + t (x0 , y0 , z0 ), t ∈ R.
∂z
∇f (x, y, z)
~n(x, y, z) = .
k∇f (x, y, z)k
Exemplo 6.10.
[1] Determine o vetor normal unitário à superfície sen(x y) = ez no ponto (1, π2 , 0).
Seja f (x, y, z) = sen(x y) − ez . A superfície do exemplo é a superfície de nível zero
de f ;
S0 = {(x, y, z) ∈ R3 /f (x, y, z) = 0}.
Logo, ∇f (x, y, z) = (y cos(x y), x cos(x y), −ez ) e ∇f (1, π2 , 0) = (0, 0, −1) é o vetor
normal unitário à superfície S.
6.7. GRADIENTE E SUPERFÍCIES DE NÍVEL 147
-1
0.0
0.5 -2
2.0
1.0
1.5
1.5
[2] Determine o vetor normal unitário à superfície z = x2 y 2 +y+1 no ponto (0, 0, 1).
Seja f (x, y, z) = x2 y 2 + y − z. A superfície do problema é a superfície de nível −1
de f ;
S−1 = {(x, y, z) ∈ R3 /f (x, y, z) = 0}.
Logo, ∇f (x, y, z) = (2 x y 2 , 2 x2 y + 1, −1) e ∇f (0, 0, 1) = (0, 1, −1); então,
1
~n(0, 0, 1) = √ (0, 1, −1).
2
-1.0 1.0
-0.5 0.5
0.0 0.0
0.5 -0.5
1.0 -1.0
3
Figura 6.25:
Exemplo 6.11.
[1] Seja f uma função de classe C 1 tal que f (1, 1, 2) = 1 e ∇f (1, 1, 2) = (2, 1, 3).
A equação f (1, 1, 2) = 1 define implícitamente uma função g? No caso afirmativo,
determine a equação do plano tangente ao gráfico de g no ponto (1, 1, 2).
∂f ∂f
Como ∇f (1, 1, 2) = (2, 1, 3); então, temos que (1, 1, 2) = 2, (1, 1, 2) = 1 e
∂x ∂y
∂f
(1, 1, 2) = 3. Pelo teorema da função implícita, existe z = g(x, y) de classe C 1 no
∂z
ponto (1, 1), g(1, 1) = 2 e:
∂f ∂f
(1, 1, 2)) (1, 1, 2)
∂g 2 ∂g ∂y 1
(1, 1) = ∂x =− e (1, 1) = − =− .
∂x ∂f 3 ∂y ∂f 3
(1, 1, 2)) (1, 1, 2)
∂z ∂z
Logo, a equação do plano tangente ao gráfico de g no ponto (1, 1, 2) é:
∂g ∂g 6 − 2x − y
z = g(1, 1) + (1, 1) (x − 1) + (1, 1) (y − 1) = ;
∂x ∂y 3
equivalentemente, 3 z + 2 x + y = 6.
[2] O cone x2 + y 2 − z 2 = 0 pode ser considerado como a superfície de nível c = 0
da função f (x, y, z) = x2 + y 2 − z 2 . Determinaremos
√ as equações do plano tangente
e da reta normal à superfície no ponto (1, 1, 2):
√ √
∇f (1, 1, 2) · (x − 1, y − 1, z − 2) = 0.
√ √
Temos ∇f (x, y, z) = (2 x, 2 y, √−2 z) e ∇f (1, 1, 2) = 2(1, 1, − 2); então, a √equação
do plano tangente é x + y − 2z = 0 e a reta normal passando por (1, 1, 2) tem
equações paramétricas:
x = 1 + 2 t
y = 1 + 2t
√ √
z= 2 − 2 2 t;
6.7. GRADIENTE E SUPERFÍCIES DE NÍVEL 149
√
o plano tangente
√ à superfície contem a reta na direção (1, 1, 2) perpendicular ao
∇f (1, 1, 2).
2
1
0
-1
-2
2
1.5
1
0.5
0
-2
-1
0
1
2
Figura 6.26:
∇f (1, 1, 1) · (x − 1, y − 1, z − 1) = 0; ∇f (x, y, z) = (3 y, 3 x, 2 z) e
∇f (1, 1, 1) = (3, 3, 2);
então, a equação é:
3 x + 3 y + 2 z = 8.
[4] Determine:
2 z2 √
(a) O vetor normal unitário a 5 x2 + y 2 − = 10 nos pontos (1, 0, 0) e (1, 5, 0).
5
2 z2
(b) A equação do plano tangente à superfície 5 x2 + y 2 − = 10 no ponto
√ 5
(1, 5, 0).
2 z2 4z
(a) Seja f (x, y, z) = 5 x2 + y 2 − ; ∇f (x, y, z) = (10 x, 2 y, − ). Então:
5 5
√ √
∇f (1, 0, 0) ∇f (1, 5, 0) 30 √
~
n1 = = (1, 0, 0) e ~n2 = √ = (5, 5, 0).
k∇f (1, 0, 0)k k∇f (1, 5, 0)k 30
√
(b) No ponto (1, 5, 0), teremos:
√
5x + 5 y = 10.
150 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
Figura 6.27:
y2 z2
x2 + + =1
4 9
paralelos ao plano x + y + z = 0.
Como o plano x + y + z = 0 é paralelo aos planos tangentes à superfície, então os
vetores normais a ambos os planos devem ser paralelos; logo, existe λ 6= 0 tal que
∇f (x0 , y0 , z0 ) = λ(1, 1, 1), para algum (x0 , y0 , z0 ) na superfície.
y0 2
Como ∇f (x0 , y0 , z0 ) = (2x0 , , z0 ). Devemos resolver o sistema:
2 9
2 x0 = λ
y0 = 2λ
2 z0 = 9λ,
r
2 y2 z2 2
sendo x0 + 0 + 0 = 1; logo λ = ± ; obtemos, assim, os pontos:
4 9 7
r
2 1 9
p=± , 2, .
7 2 2
√
14
Logo, ∇f p = ± 1, 1, 1 ; então, as equações dos planos tangentes nestes
7
pontos, são: √
x + y + z = ± 14.
[6] Determine a equação do plano tangente no ponto (x0 , y0 , z0 ) à superfície defi-
nida por:
A x2 + B y 2 + C z 2 = D
onde A, B, C, D ∈ R.
Consideremos f (x, y, z) = A x2 + B y 2 + C z 2 − D; logo, temos que:
∇f (x0 , y0 , z0 ) = (2 A x0 , 2 B y0 , 2 C z0 )
6.7. GRADIENTE E SUPERFÍCIES DE NÍVEL 151
A x0 x + B y0 y + C z0 z = D
x0 x y0 y z0 z
+ 2 + 2 =1
a2 b c
x0 x y0 y z
2 2
−2 2 − =0
a b c
F (x, y, z) = 0 e G(x, y, z) = 0
w = F (x, y, z) e w = G(x, y, z)
tais que existam os gradientes e sejam não nulos neste ponto. As superfícies são
as superfícies de nível c = 0 de w = F (x, y, z) e w = G(x, y, z), respectivamente.
∇F (x0 , y0 , z0 ) e ∇G(x0 , y0 , z0 ) são os vetores normais às superfícies de nível:
∇F (x0 , y0 , z0 ) · ∇G(x0 , y0 , z0 )
cos(α) =
k∇F (x0 , y0 , z0 )k k∇G(x0 , y0 , z0 )k
∂F ∂G ∂F ∂G ∂F ∂G
+ + =0
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z
Exemplo 6.12.
[1] Determine o ângulo formado pelas superfícies:
p
z − exy + 1 = 0 e z − ln( x2 + y 2 ) = 0
no ponto (0, 1, 0).
p
Sejam F (x, y, z) = z − exy + 1 e G(x, y, z) = z − ln( x2 + y 2 );
−x −y
∇F (x, y, z) = (−y exy , −x exy , 1), ∇G(x, y, z) = ( , 2 , 1),
x2+ y x + y2
2
π
logo, ∇F (1, 2, 1) · G(1, 2, 1) = 0; então, cos(α) = 0 e: α = .
2
Sejam w = F (x, y, z), w = G(x, y, z) duas funções tais que as derivadas parciais
existam e P = (x0 , y0 , z0 ) um ponto comum às duas superfícies. Considere os
vetores:
N1 = ∇F (x0 , y0 , z0 ) e N2 = ∇G(x0 , y0 , z0 ),
N1 é normal à S1 no ponto P e N2 é normal à S2 no ponto P . Logo N1 e N2 são
normais a C no ponto P . Se N1 e N2 não são paralelas, então o vetor tangente a C
no ponto P tem a mesma direção que N1 × N2 no ponto P (produto vetorial dos
vetores normais). Como isto vale para qualquer ponto P da interseção, temos que
se N1 × N2 = (a, b, c), então a equação na forma parámetrica da reta tangente a C
no ponto P é:
x = x0 + t a
y = y0 + t b
z = z0 + t c, t ∈ R.
logo, (9, −6, 2) × (3, −3, −4) = 3 (10, 14, −3); a equação, na forma paramétrica, da
reta tangente pedida é:
x = 3 + 10 t
y = −3 + 14 t
z = 2 − 3 t.
154 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL
6.8 Exercícios
1. Calcule o gradiente das seguintes funções:
xy
(a) z = 2 x2 + 5 y 2 (h) w =
1 z
(b) z = 2 (i) w = ln(x2 + y 2 + z 2 + 1)
x + y2
(c) w = 3 x2 + y 2 − 4 z 2 1
(j) w =
(d) w = cos(x y) + sen(y z) x2 + y 2 + z 2 + 1
(e) w = ln(x2 + y 2 + z 2 ) (k) w = log6 (x + y 2 + z 3 )
(f) w = cos(2 x) cos(3 y) senh(4 x) x y2 z3
(g) w = x y ez + y z ex (l) w =
x2 + y 2 + z 2 + 1
f g ∇f −f ∇g
(a) ∇(f + g) = ∇f + ∇g (c) ∇ g = g2 se g 6= 0
(b) ∇(f g) = f ∇g + g ∇f
2 2
5. Se f (x, y) = 2 e−x + e−3y é a altura de uma montanha na posição (x, y), em
que direção, partindo de (1, 0) se deveria caminhar para subir a montanha
mais rapidamente?.
x2 − y 2
6. Em que direção a derivada direcional de f (x, y) = no ponto (1, 1) é
x2 + y 2
zero?.
7. Uma função tem derivada direcional igual a 2 na direção do vetor (2, 2), no
ponto (1, 2) é igual a −3 na direção do vetor (1, −1), no mesmo ponto. Deter-
mine o gradiente d função no ponto (1, 2).
9. Uma lámina de metal está situada num plano de modo que a temperatura
T = T (x, y) num ponto (x, y) é inversamente proporcional á distância do
ponto á origem. Sabendo que a temperatura no ponto P = (3, 4) é 100o C,
determine:
11. Um nave está perto da órbita de um planeta na posição (1, 1, 1). Sabendo que
a temperatura da blindagem da nave em cada ponto é dada por T (x, y, z) =
2 2 2
e−(x +3y +2z ) graus, determine a direção que a nave deve tomar para perder
temperatura o mais rapidamente possível.
13. A densidade de uma bola esférica de centro na origem, num ponto (x, y, z)
é proporcional ao quadrado da distn̂cia do ponto á origem. E fetuando um
deslocamento a partir do ponto (1, 2, 3) do interior da bola, na direção do
vetor (1, 1/2, −1), a densidade aumenta ou diminui? Justifique.
17. Determine o ângulo entre os gradientes da função : f (x, y) = ln( xy ) nos pon-
tos (1/2, 1/4) e (1, 1).
1
19. O potencial V associado a um campo elétrico E é dado por V (x, y) = √ .
x2 +y 2
Sabendo que E = −grad(V ), determine E(4, 3). Em que direção, a partir do
ponto (4, 3) a taxa de variação do potencial é máxima?
20. Sejam φ, η e ψ funções de uma variável real com derivadas de segunda ordem
satisfazendo:
x2
1
21. Verifique que w(x, t) = √
t
e− 4kt , t > 0 e k constante, é solução da equação do
calor:
∂w ∂2w
−k = 0.
∂t ∂x2
158 CAPÍTULO 6. DERIVADA DIRECIONAL