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Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Gabriela de Castro Pereira
e profissional, refletindo diretamente em nossa Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci- Produção Audiovisual:
mento advindos de profissionais que possuam Heber Acuña Berger
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Leonardo Mateus Gusmão Lopes
cia no mercado de trabalho. Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
Gestão de Produção:
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Fotos:
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
Shutterstock
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
ÉTICA EM PSICOLOGIA
ÉTICA E MORAL
PROF.A MA. PRISCILA REGINA DAIUTO
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................4
1 - CONCEITOS DE ÉTICA E MORAL E SUA RELAÇÃO............................................................................................5
1.1. ÉTICA E MORAL....................................................................................................................................................5
1.1.1. SENSO MORAL E CONSCIÊNCIA MORAL.......................................................................................................6
1.1.2. DILEMAS ÉTICOS..............................................................................................................................................6
1.1.3. ÉTICA E OUTRAS CIÊNCIAS............................................................................................................................. 7
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 12
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Na primeira unidade, pretende-se contextualizar o aluno sobre os conceitos de ética e
moral, bem como levá-lo a refletir sobre como estes fazem parte de nosso dia a dia e deixamos
de notar que a cada pequena escolha, mesmo sem perceber estamos fazendo uso de nossa ética
e moral.
Existem diferentes formas de conceituar ética e moral e muitas vezes essas nomenclaturas
são utilizadas como sinônimos por alguns autores e principalmente pelo senso comum quando
se diz por exemplo: Fulano não tem ética. No entanto, é interessante observar como este tema
faz parte do nosso dia a dia e está ligado a outros como política, economia, cultura e bem-estar.
Atualmente, por meio dos jornais e noticiários, até mesmo das redes sociais, é possível ver
o uso desses termos de modo até mesmo indiscriminado, principalmente quando correlacionados
ao contexto político e social, sendo importante a elucidação de seu significado e uma reflexão
sobre o uso que tem sido feito desses conceitos.
Além disso, visa-se contribuir para uma maior reflexão por parte do aluno e posterior
profissional a respeito da necessidade de tomada de consciência sobre o modo de agir em
determinadas situações a partir do seguinte binômio: O que é bom para mim/ O que é bom para
a sociedade.
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ENSINO A DISTÂNCIA
No passado, houve épocas em que a pobreza e a castidade eram os valores mais altos da
escala ético-religiosa. Isto explica os grandes movimentos monacais, assim, no século passado, o
ideal do homem cristão enaltecia muito mais o burguês culto, casado, com família grande e boas
economias acumuladas.
Não seria exagerado afirmar que o esforço de teorização no campo da ética se debate
com o problema da variação dos costumes e os grandes pensadores éticos sempre buscaram
formulações que explicassem, a partir de alguns princípios mais universais, tanto a igualdade do
gênero humano no que há de mais fundamental, quanto as próprias variações. Uma boa teoria
ética deveria atender a pretensão de universalidade, ainda que simultaneamente capaz de explicar
as variações de comportamento, características das diferentes formações culturais e históricas.
Chauí (2000) menciona diversos exemplos de dilemas morais, tais como: Um rapaz
namora, há tempos, uma moça de quem gosta muito e é por ela correspondido; conhece uma
outra; apaixona-se perdidamente e é correspondido; ama duas mulheres e ambas o amam. Pode
ter dois amores simultâneos, ou estará traindo a ambos e a si mesmo? Deve magoar uma delas e
a si mesmo, rompendo com uma para ficar com a outra? O amor exige uma única pessoa amada
ou pode ser múltiplo? Que sentirão as duas mulheres, se ele lhes contar o que se passa? Ou deverá
mentir para ambas? Que fazer? Se, enquanto está atormentado pela decisão, um conhecido o vê
ora com uma das mulheres, ora com a outra e, conhecendo uma delas, deve contar a ela o que
viu? Em nome da amizade, deve falar ou calar?
Ou ainda: Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente,
recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa irregularidades que
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ENSINO A DISTÂNCIA
De acordo com Vazquez (1984), a ética está diretamente relacionada ao Direito, pois as
leis, de modo geral, partem de princípios éticos, inclusive as leis vão mudando e se aperfeiçoando
conforme as sociedades também evoluem e os princípios morais se aperfeiçoam, no entanto,
não se restringe ao direito, pois nem tudo que é considerado uma falta ética é um crime, por
exemplo, em nossa sociedade, trair o namorado(a) é entendido como errado, porém não pode
ser criminalizado quem comete este ato por si só.
Outras ciências, como economia, estão relacionadas à ética, pois uma escolha, por
exemplo de um governo em priorizar um determinado grupo social, pode prejudicar um outro
grupo oposto. No caso de ciências sociais e antropologia, que estudam o homem em sociedade
e o homem em diferentes tempos históricos respectivamente, também têm ligação com a ética,
pois cada sociedade e cada homem histórico possui uma ética e alguns traços, por exemplo
dos homens das cavernas, que ainda são preservados, como a necessidade de se abrigar para se
proteger, que hoje permanece mas apresenta variações, como não querer apenas se abrigar do frio
e dos animais selvagens, como anteriormente, mas querer morar em um bairro X em uma casa Y.
No caso da Psicologia Vazquez (1984), esta afirma que tanto a psicologia quanto a
ética possuem como foco o comportamento humano, a maneira de agir sobre determinadas
circunstâncias, muitas vezes envolvendo conflitos éticos dos mais simples aos mais graves,
havendo a necessidade de reflexão para a tomada de decisões a partir da consciência moral.
De acordo com Valls (1994), a ética também está diretamente ligada à religião, no sentido
de que grande parte dos princípios morais vigentes na maior parte das sociedades partem de
princípios religiosos, porém também não se restringem a estes.
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ENSINO A DISTÂNCIA
A laicidade do Estado deve ser entendida como princípio pétreo, jamais pode ser
colocada em questão, pois é sob essa base, segura e inquestionável, que se as-
senta a igualdade de direitos aos diversos segmentos da população brasileira,
cuja extraordinária diversidade cultural e religiosa, uma das maiores do planeta,
constitui um formidável potencial para resolução de inúmeros problemas da so-
ciedade.
O Estado Brasileiro, entretanto, não nasceu laico. Durante séculos, o país viveu
sob a égide de uma religião, o que determinou a interferência do dogma religioso
na política do Estado. Durante esse período, ocorreram perseguições religiosas e
muitas arbitrariedades foram cometidas. Com a República, o país tornou-se ofi-
cialmente laico e, com a Constituição de 1988, esse fato foi reafirmado de forma
Afirmar que o Estado é laico não implica alegar que o povo deva ser desprovido
de espiritualidade e da prática religiosa. No Brasil, como se sabe, o povo experi-
menta forte sentimento de religiosidade, expresso por meio de múltiplas formas
de adesão religiosa, dadas as suas raízes indígenas, europeias e africanas, a cujas
determinações culturais e religiosas se associaram outras, advindas do continen-
te asiático. São exatamente os princípios constitucionalmente assegurados que
permitiram a ampliação das denominações religiosas, hoje presentes na cultura
nacional, e também concederam aos cidadãos brasileiros o direito de declararem-
-se não adeptos de qualquer religião. Afirma-se, portanto, e, antes de tudo, o “direi-
to à liberdade de consciência e de crença”.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Mas pautar-se na obrigatória laicidade não implica negar uma interface que pode
ser estabelecida pela psicologia e a religião, e pela psicologia e a espiritualidade.
A religião é um dos elementos mais complexos e irredutíveis da tessitura das cul-
turas. Aborda a relação das pessoas com aspectos transcendentais da existência.
Seus fundamentos e práticas orientam de forma significativa as ações humanas.
Pessoas e instituições que orientam seu fazer social tendo por referência a reli-
gião o fazem, a partir de um pressuposto que reflete suas crenças.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Para entender melhor sobre diferentes momentos históricos e uma mesma ética
dominante, assista ao filme Quanto vale ou é por quilo?. O filme traz uma ana-
logia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo
marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII, um
capitão-do-mato captura uma escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la
ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos
dias atuais, uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comu-
nidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores
comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada.
Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador
de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.
Veja o trailer em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-110753/trai-
ler-19433095/
Ao assistir ao filme, será possível observar que mesmo com o passar dos anos o
preconceito e exploração dos negros continuam sendo aceitos como naturais de
acordo com a ética vigente, mesmo que ocorram de formas diferentes.
Nosso país e o mundo, de modo geral, muitas vezes, agem como se a escravidão
nem tivesse ocorrido ou como se não tivesse deixado marcas na sociedade e até
Figura 2 - Filme quanto vale ou é por quilo. Fonte: Adoro Cinema (2012)
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2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante que todos os cidadãos conheçam as teorias sobre ética e moral e que acima
de tudo reflitam sobre a moral dominante na cultura e tempo histórico em que vivem, mas que
também estudem as diferentes éticas existentes em sua própria localidade no passado e também
em outras diferentes culturas, buscando compreender que a moral se modifica com o passar do
tempo, e que desta forma, não há uma verdade universal sobre a forma correta de agir.
Mesmo os grandes filósofos e pensadores não conseguiram chegar a um consenso sobre
o bem e mal ou sobre o correto e o errado, pois sempre devem ser analisados os seguintes pontos:
a situação, o contexto, as diferenças individuais, enfim, podemos observar que este é um tema
complexo e que não se esgota por aqui.
É imprescindível que como cidadãos busquemos refletir sobre os motivos pelos quais
agimos de determinada forma ou julgamos algo como correto ou errado sobre as influências
culturais que adquirimos desde o convívio com nossa própria família, amigos, igreja, escola; a fim
de entendermos que não existem verdades universais e algo que já foi visto como correto, como
é o caso da escravidão, que hoje é tido como um absurdo histórico pela maioria (não todas) das
culturas.
Faz-se necessário ainda que em determinadas profissões, como é o caso da Psicologia, haja
um empenho constante dos estudantes e mesmo dos profissionais já formados há muito tempo em
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
ÉTICA EM PSICOLOGIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 14
1 - O FUNDAMENTO DEONTOLÓGICO DA ÉTICA.................................................................................................... 15
1.1. ÉTICA E FORMAÇÃO DE POSTURA PROFISSIONAL........................................................................................ 15
1.2. PROFISSÃO, EXERCÍCIO LEGAL E RESPONSABILIDADES............................................................................. 16
1.3. PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DOS PSICÓLOGOS................................................................................ 17
1.4. MÉTODOS E TÉCNICAS A SEREM UTILIZADOS DE ACORDO COM ORIENTAÇÕES DO CONSELHO REGIO-
NAL DE PSICOLOGIA................................................................................................................................................. 17
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 21
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
O trabalho no mundo capitalista é não apenas uma forma de sobrevivência como
também passa a fazer parte da subjetividade dos indivíduos e até mesmo da nossa personalidade.
Quando nos apresentamos, por exemplo, costumamos dizer sou fulano, trabalho em tal lugar, ou
estudo psicologia. Desta forma, as profissões passam a constituir em uma parte fundamental da
existência humana, muitas vezes inclusive passa-se a maior parte do tempo diário no trabalho
se comparado a qualquer outra atividade, sendo responsável também em grande parte pelo
adoecimento mental dos cidadãos devido as grandes exigências, competitividade, como afirma
Dejours (1998), as relações de trabalho, dentro das organizações, frequentemente, despojam o
trabalhador de sua subjetividade, excluindo o sujeito e fazendo do homem uma vítima do seu
trabalho.
Uma profissão se constitui e institucionaliza em virtude das demandas que visa atender e
que requerem saber especializado, domínio e tecnologias adequadas, além de forte adesão a um
conjunto de padrões éticos e fundamentais para garantir a qualidade dos serviços disponibilizados
a população, toda profissão enquanto atividade humana traz deveres, obrigações, atos a realizar
ou proibições, visando o benefício alheio, o bem comum, resultando da consciência de servir o
ser humano em suas necessidades.
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• Prestar serviços em situações de calamidade pública ou grave crise social, o que não
precisa ser remunerado e o profissional não pode visar lucro ou benefício pessoal nessas
situações.
• Deve ter como foco seu cliente e suas necessidades, respeitando seus valores e virtudes,
atendendo inclusive seus interesses morais e espirituais, entendendo que cada um possui
uma subjetividade e cultura diferentes.
• Em nossa vida de modo geral e também no trabalho temos uma certa liberdade de
atuação, porém é ilusório acreditar em uma liberdade plena, pois está sempre é limitada
pela responsabilidade, que significa responder por, pois o ser ético é consciente de suas
responsabilidades e resultados de seus atos, as leis são fundamentais em uma sociedade
ao estabelecer limites e responsabilidades, moldando as liberdades individuais, a
responsabilidade inclusive protege os indivíduos do exercício incorreto da liberdade que
pode trazer graves consequências e quando bem exercida aumenta a liberdade.
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Para realização de pesquisas com seres humanos deve-se seguir o emanado na Resolução
do Conselho Nacional de Saúde 196/1996, disponível no site: www.conselho.saude.gov.br,
o psicólogo pesquisador deve ainda seguir as seguintes resoluções do Conselho Federal de
Psicologia: Resolução CFP 10/1997, Resolução CFP 11/1997 e Resolução CFP 6/2000, disponíveis
no site do CFP (www.pol.org.br). O reconhecimento da validade de novos métodos e técnicas
dependerá da ampla divulgação dos resultados e do reconhecimento da comunidade científica,
não apenas da conclusão da pesquisa.
O Prazo de Guarda do Material – Os documentos escritos, decorrentes de avaliação
psicológica, assim como todo o material que os fundamentou, deverão ser guardados pelo prazo
mínimo de 5 anos, observando-se a responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da
instituição em que ocorreu a avaliação psicológica. Esse prazo poderá ser ampliado nos casos
previstos em lei, por determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja necessária
a manutenção da guarda por maior tempo. (Resolução CFP 007/2003)
A Validade dos conteúdos dos documentos – O prazo de validade do conteúdo dos
documentos escritos, decorrentes das avaliações psicológicas, deverá seguir normas vigentes.
Caso não haja definição legal, o próprio psicólogo avaliador poderá indicar o prazo de validade do
conteúdo emitido no documento produzido, em função das características avaliadas, informações
obtidas e dos objetivos da avaliação. Ao definir o prazo, o psicólogo deverá ter condições de
fundamentar sua indicação, se solicitado.
As Condições para guarda de documentos – Prontuários e outros documentos
produzidos pelo psicólogo, assim como testes em branco e manuais, devem ser guardados em
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Nos últimos anos tem-se verificado que a ética profissional se tem centrado na
articulação de princípios morais gerais da ação e a sua utilização na tomada de
decisões e na justificação de ações com argumentos racionais por dedução, par-
tindo de princípios gerais e regras derivadas aplicando-as a casos particulares.
A partir dos termos ética, compromisso, amor e vocação é possível pensar sobre
a escolha por uma profissão que já se inicia ao ingressar em um curso de gradua-
ção, é possível imaginarmos que estes termos isoladamente não garantem suces-
so profissional, mas sim que agindo em conjunto são fundamentais na formação
e atuação profissional. Reflita sobre a escolha feita pelo curso de psicologia e a
ética, compromisso e vocação envolvidas nesse caminho.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Para mais informações sobre a escolha pela profissão de Psicologia e seus aspectos
éticos, ler o artigo O psicólogo brasileiro: sua atuação e formação profissional: http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931989000100003
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
ÉTICA EM PSICOLOGIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................23
1 - CONSTRUÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO....................................................................................24
1.1. CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO (RESOLUÇÃO CFP N° 10/2015)..................................25
1.2. SIGILO/QUEBRA DE SIGILO..............................................................................................................................30
1.3. PAPEL DO CONSELHO REGIONAL E FEDERAL DE PSICOLOGIA...................................................................32
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................36
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ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
De acordo com Jornal do Federal 50 anos de Psicologia no Brasil (2012), o primeiro
Código de Ética que orientou a conduta dos(as) psicólogos (as) foi elaborado pela Associação
Brasileira de Psicologia em 1967 e conforme a Resolução CFP 008/1975 “oficiosamente” pautava
as atividades do(a) psicólogo(a). Em 1975, o CFP aprova o Código da Associação Brasileira de
Psicologia com algumas modificações e o publica como o Código de Ética dos Psicólogos do
Brasil. Em 1979, a Resolução CFP 029/1979 revoga a anterior e estabelece o novo Código de Ética
dos Psicólogos. O código atual é publicado em 2005 (Resolução CFP 010/2005). Identificamos,
desde o primeiro Código, a preocupação com uma atuação que preservasse sempre a dignidade
do indivíduo e com a atualização constante dos conhecimentos teóricos e técnicos. A menção à
relação cuidadosa com outras profissões e ao cuidado com a sociedade aparece desde o primeiro
Código, embora a inserção de preocupações com questões sociais tenha se ampliado claramente
no decorrer das mudanças propostas.
Para Santos (2007), os Princípios Fundamentais são as bases do Código de Ética, diretrizes
que espelham as crenças a respeito de como deve ser a atuação do profissional e por onde deve
caminhar a ciência psicológica. Os artigos que seguem os Princípios Fundamentais são regras que
mapeiam a prática, ambos, princípios fundamentais e artigos, sofreram as mudanças decorrentes
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ENSINO A DISTÂNCIA
a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem orientar a relação
do psicólogo com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência, pois
b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções relativos aos
direitos individuais e coletivos, questão crucial para as relações que estabelece com a
sociedade, os colegas de profissão e os usuários ou beneficiários dos seus serviços.
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em suas práticas
particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não se restringem a práticas
específicas e surgem em quaisquer contextos de atuação.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Art. 1º
– São deveres fundamentais dos psicólogos:
a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código;
b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais
esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e
apropriadas à natureza desses serviços, utilizando
princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na
ciência psicológica, na ética e na legislação profissional;
d) Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de
emergência, sem visar benefício pessoal;
e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os
direitos do usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;
f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações
concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional;
g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da pres-
Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços
psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de
decisões que afetem o usuário ou beneficiário;
h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir
da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os
documentos pertinentes ao bom termo do trabalho;
I) Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo, guarda e
forma de divulgação do material privativo do psicólogo sejam feitas conforme
os princípios deste Código;
j) Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais, respeito,
consideração e solidariedade, e, quando solicitado, colaborar com estes, salvo
impedimento por motivo relevante;
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ENSINO A DISTÂNCIA
Art. 2º
– Ao psicólogo é vedado:
a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de
orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas
funções profissionais;
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas
psicológicas como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de
violência;
d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam
o exercício ilegal da profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade
profissional;
e) Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou
contravenções penais praticados por psicólogos na prestação de serviços
profissionais;
f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento
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Art. 3º
– O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma organização,
considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas e as práticas nela vigentes
e sua compatibilidade com os princípios e regras deste Código.
Parágrafo único:
Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a prestar serviços e,
se pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente.
Art. 4º
– Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo:
a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as condições do
usuário ou beneficiário;
b) Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o comunicará
ao usuário ou beneficiário antes do início do trabalho a ser realizado;
c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente do valor
acordado.
Art. 5º
– O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações, garantirá que:
a) As atividades de emergência não sejam interrompidas;
b)Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários dos
serviços atingidos pela mesma.
Art. 6º
– O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos:
Art. 7º
– O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que estejam
sendo efetuados por outro profissional, nas seguintes situações:
a) A pedido do profissional responsável pelo serviço;
b) Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço, quando
dará imediata ciência ao profissional;
c) Quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da
interrupção voluntária e definitiva do serviço;
d) Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte da
metodologia adotada.
Art. 8º
– Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito,
o psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis,
observadas as determinações da legislação vigente:
§1°
– No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá ser
efetuado e comunicado às autoridades com petentes;
§2°
– O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem
necessários para garantir a proteção integral do atendido.
Art. 9º
– É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio
da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que
tenha acesso no exercício profissional.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Art. 10
– Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do
disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código,
excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra
de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo único
– Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá
restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.
Art. 11
– Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações,
considerando o previsto neste Código.
Art. 12
– Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o
psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos
objetivos do trabalho.
Art. 13
– No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado
aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu
benefício.
Art. 14
– A utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática psicológica
Art. 15
– Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer motivos, ele
deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais.
§ 1°
– Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar todo o
material ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização
pelo psicólogo substituto.
§ 2°
– Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo responsável
informará ao Conselho Regional de Psicologia, que
providenciará a destinação dos arquivos confidenciais.
Art. 16
– O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a
produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias:
a) Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela divulgação
dos resultados, com o objetivo de proteger as pessoas, grupos, organizações e
comunidades envolvidas;
b)Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante
consentimento livre e esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação
específica e respeitando os princípios deste Código;
c) Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo interesse
manifesto destes;
d)Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados das
pesquisas ou estudos, após seu encerramento, sempre que assim o desejarem.
Art. 17
– Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer, informar, orientar
e exigir dos estudantes a observância dos princípios e normas contidas neste
Código.
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ENSINO A DISTÂNCIA
Art. 18
– O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos
instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício
ilegal da profissão.
Art. 19
– O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação, zelará
para que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das
atribuições, da base científica e do papel social da profissão.
Art. 20
– O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer meios,
individual ou coletivamente:
a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro;
b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua;
c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas e
práticas que estejam reconhecidas ou regulamentadas
pela profissão;
d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;
e) Não fará previsão taxativa de resultados;
f) Não fará auto-promoção em detrimento de outros profissionais;
g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras categorias
profissionais;
h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.
Art. 22
– As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão resolvidos
pelos Conselhos Regionais de Psicologia, ad referendum do Conselho Federal
de Psicologia.
Art. 23
– Competirá ao Conselho Federal de Psicologia firmar jurisprudência quanto
aos casos omissos e fazê-la incorporar a este Código.
Art. 24
– O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho
Federal de Psicologia, por iniciativa própria ou da categoria, ouvidos os
Conselhos Regionais de Psicologia.
Art. 25
– Este Código entra em vigor em 27 de agosto de 2005.
Este Código de Ética Profissional é fruto de amplos debates ocorridos entre os
anos de 2003 e 2005, envolvendo:
- 15 fóruns regionais de Ética, que culminaram com o II Fórum Nacional de
Ética;
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O Código de Ética Profissional dos psicólogos traz que em termos gerais o sigilo deverá
ser quebrado quando julgar necessário decidindo pelo menor prejuízo, porém na prática essa
decisão nem sempre é fácil, de qualquer forma, a inviolabilidade do segredo não pode ser absoluta
pois pode envolver danos ao próprio paciente, ao psicólogo, a terceiros ou até mesmo danos
sociais mais graves, como por exemplo, em uma situação hipotética em que um paciente diga
que planeja jogar uma bomba em uma escola.. Para tornar a situação mais complexa, o paciente
em questão pode estar dizendo isso “da boca para fora”, então o profissional deverá ter além de
conhecimento, bastante bom senso para tomar a decisão sobre a quebra ou não do sigilo.
Segundo Benevides e Antòn (1987), as possíveis causas da revelação de um segredo
profissional encontram-se fundamentadas no direito civil ou penal e nas próprias normas ético-
legais da profissão, sendo as principais elencadas:
- Bem comum: Mesmo que seja contra a vontade do paciente, situações que possam gerar
danos para o interesse coletivo ou público podem fazer com que haja a necessidade de
- Quando causar danos ou prejuízos a terceiros: Desde que o dano seja real, esteja por
se concretizar, seja realmente relevante e grave, mesmo assim deverá ser revelado apenas
o necessário. É o caso por exemplo de pacientes que estejam para cometer um crime,
roubar, matar alguém, dar um grande golpe.
- Em casos que envolvem crianças e adolescentes, bem como pessoas com deficiência
ou com transtornos mentais severos deverá ser dada especial atenção quando se
observar, por exemplo, situações de violência, abuso ou negligência por parte dos pais ou
responsáveis.
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Como se deve, contudo, lidar com esse tipo de documento de forma a garantir o
necessário sigilo e, ao mesmo tempo, atender outras exigências da profissão:
Vale lembrar que entre essas exigências está a obrigatoriedade do registro docu-
mental decorrente da prestação de serviços psicológicos, prevista pela Resolução
CFP 001/2009. Resolução que, em seu artigo 2º, aponta as informações que de-
vem ser registradas no prontuário pelo psicólogo, como: identificação do usuário/
instituição; avaliação de demanda e definição dos objetivos do trabalho; registro
da evolução dos atendimentos, de modo a permitir o conhecimento do caso e seu
acompanhamento, bem como os procedimentos técnico-científicos adotados; re-
gistro de Encaminhamento ou Encerramento; cópia de outros documentos produ-
zidos pelo psicólogo para o usuário/instituição do serviço de psicologia prestado,
que deverá ser arquivada, além do registro da data de emissão, finalidade e desti-
natário).
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Essa mesma orientação se aplica nos casos de atendimento por equipes multi-
profissionais, nos quais a situação de um paciente pode ser examinada em con-
junto por profissionais diversos de diferentes especialidades. “De acordo com o
artigo 6º, do Código de Ética Profissional dos Psicólogos - compartilhará somente
informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o cará-
ter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade de quem as
recebeu.
Esses registros que farão parte do prontuário do usuário também devem ser iden-
tificados pelo nome completo do profissional, como dispõe a Portaria do Minis-
tério da Saúde 1820/2009 sobre essa questão, em seu artigo 3º, que assegura à
pessoa atendida no inciso “IV - registro atualizado e legível no prontuário, das se-
guintes informações: ....h) identificação do responsável pelas anotações.” “Quanto
a esta questão, orientamos inclusive que os psicólogos identifiquem assinatura,
nome completo, n.° de inscrição no CRP nos registros realizados”.
Por fim, a resolução, em seu art. 4°, aponta que a guarda do registro documental é
de responsabilidade do psicólogo e/ou da instituição em que ocorreu o serviço. O
período de guarda deve ser de, no mínimo, 05 (cinco) anos, podendo ser ampliado
nos casos previstos em lei. Por exemplo, na área da Saúde, a guarda do prontuário
é de no mínimo 20 (vinte) anos. Deve-se garantir que o registro documental seja
mantido em local que garanta sigilo e privacidade e fique à disposição dos Conse-
lhos de Psicologia para orientação e fiscalização, de modo que sirva como meio
de prova idônea para instruir processos disciplinares e à defesa legal.
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Em cada um desses casos, frente a uma problemática, o psicólogo toma uma de-
cisão, qualquer decisão que o psicólogo toma frente a um dilema está apoiada em
três aspectos fundamentais: a consciência do problema com que se defronta e as
consequências da sua ação; a linha teórica adotada, que dará os parâmetros e a
fundamentação para a ação e a responsabilização pela ação tomada, enfim, todo
o caminho de tomada de decisão implica em um psicólogo ético e competente.
O filme As faces da verdade conta a história de Rachel Armstrong, uma jovem re-
pórter da secção nacional do Capitol Sun-Times, um dos mais importantes jornais
diários de Washington. Rachel escreve um artigo explosivo, revelando a identidade
de uma agente da CIA sob disfarce, Erica Van Doren, que ao ser publicada desen-
cadeia um verdadeiro vendaval, levando o Governo a pedir a identificação da fonte
de Rachel. Com o apoio do seu editor, Bonnie Benjamin, do advogado do jornal,
Avril Aaronson e do marido, Ray, Rachel desafia o carismático e decidido Procu-
rador, Patton Dubois. Quando Rachel também se recusa a revelar a sua fonte ao
Juíz Distrital Hall, este acusa-a de desrespeito pelo Tribunal e manda-a para a ca-
deia, afirmando que só ela tem o poder de sair da cela e que o tempo a passar no
Centro de detenção a ajudará a percebê-lo. A história segue a dura experiência de
Rachel atrás das grades, bem como a luta legal empreendida pelo seu advogado,
Albert Burnside, que cita a Primeira Emenda da Constituição, quando leva o caso
ao Supremo Tribunal de Justiça.
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Mas toda a gente está ansiosa por saber: quem é afinal a fonte e porque razão
está Rachel disposta a sacrificar-se para a proteger? (https://filmow.com/faces-
-da-verdade-t9590/)
Ao final do filme correlacionando-o com o material estudado será possível refletir
sobre a importância do sigilo no ambiente profissional.
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
As profissões de modo geral obedecem a ética geral de uma dada sociedade, possuindo
também uma ética específica, que no caso da maioria dos cursos de nível superior está explicitada
através de documentos chamados Códigos de Ética, no caso da psicologia no Brasil foram
desenvolvidos três códigos sendo o de 2005 vigente na atualidade, o mesmo se divide em 25
artigos que trazem proibições, recomendações sobre o modo de agir de modo geral e com outros
profissionais psicólogos ou não, com crianças e adolescentes, com relação a discriminação, como
fazer propaganda se seus serviços, como agir com relação a pesquisas, aplicação de testes, etc.,
tratando-se de recomendações gerais, pois o campo de atuação do psicólogo é muito amplo,
assim em algumas situações deverá fazer uma reflexão sobre o melhor modo de agir sempre
tendo como base o código e outros documentos do Conselho Federal de Psicologia.
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Cabe ressaltar também a importância do sigilo que é uma premissa básica do serviço
prestado pelo psicólogo, devendo este zelar pela manutenção do sigilo inclusive na guarda e
manutenção de materiais escritos, no entanto quando o sujeito coloca em risco a própria vida
ou de outros, quando há ordem judicial ou quando a quebra do sigilo já faz parte do serviço
prestado o profissional deverá decidir pelo menor prejuízo e se necessário quebrar o sigilo,
sempre lembrando de falar apenas o necessário a quem de fato possa intervir na situação.
Os Conselhos Regionais de Psicologia devem dar um suporte aos profissionais além de
ser responsável pela fiscalização do exercício incorreto da profissão e aplicação de penalidades
caso ocorram, devendo sempre ser avaliada a situação visando a busca do menor prejuízo aos
envolvidos.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
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DISCIPLINA:
ÉTICA EM PSICOLOGIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................39
1 - PRECONCEITO, ESTEREÓTIPOS E DISCRIMINAÇÃO......................................................................................40
1.1. PAPEL DA PSICOLOGIA FRENTE AO PRECONCEITO......................................................................................42
1.2. HOMOFOBIA: ASPECTOS ÉTICOS PARA OS PROFISSIONAIS DE PSICOLOGIA..........................................43
1.3. SERVIÇOS PSICOLÓGICOS REALIZADOS POR MEIOS TECNOLÓGICOS......................................................44
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................................50
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INTRODUÇÃO
De acordo com Bock (2011), a psicologia brasileira foi construída, ou melhor, inventada
pelos psicólogos. Em vários espaços foram inauguradas práticas e novos campos, tornando a
Psicologia uma profissão de interesse social, caminho percorrido com disputas e projetos
distintos. Sem dúvida, a abertura de novos cursos em todo país, a partir da década 70, colocou na
Universidade as camadas médias e possibilitou uma composição de categoria profissional para
além dos filhos das elites, assim, a situação era propícia para o desenvolvimento de um projeto
de compromisso social.
A psicologia, atualmente, se insere em várias áreas, o que é um testemunho da
complexidade do humano, sendo a psicologia rica devido a essa diversidade, revelando um
trabalho complexo que exige não somente conhecimentos de sua ciência como do contexto onde
atua, alocando a profissão de psicólogo(a) em si mesma como atividade multidisciplinar, tendo
a interdisciplinaridade como paradigma para a atuação profissional, sendo o grande desafio, a
defesa e reconstrução de sua identidade.
A ideia de compromisso social torna a psicologia uma prática comprometida com a
realidade social do país, de acordo com Bock (2011), discutir o compromisso social da psicologia
significa sermos capazes de avaliar sua inserção como ciência e profissão na sociedade, apontando
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Muitas vezes, quando não fazemos uma reflexão mais aprofundada, avaliamos as
pessoas apenas a partir dos estereótipos ou rótulos que atribuímos a elas e quando, por exemplo,
rotulamos alguém como sendo “preguiçoso”, por mais que essa pessoa se esforce e apresente
outras características como ser muito trabalhador, prevalece a “marca” sobre ele de preguiçoso.
Pode-se dizer que temos uma ativação automática dos estereótipos assim que nos deparamos com
determinada situação ou pessoa, mas a partir do processo de reflexão e reavaliação da primeira
impressão passa-se a uma ativação controlada e não mais automática.
Ainda de acordo com Rodrigues et al. (2000), o preconceito pode ser positivo ou negativo,
e também pode ser vivido por todos os grupos e não só as chamadas minorias, mas costumamos
usar esse termo para atitudes negativas, assim, o preconceito pode ser entendido como atitude
hostil ou negativa com relação a determinado grupo, não levando necessariamente a atos hostis ou
comportamentos agressivos. Uma das causas do preconceito e discriminação é a competição que
gera a ideia de que um grupo só pode obter sucesso com o fracasso de outro, os autores indicam
pesquisas em que um grupo passou a hostilizar o outro por detalhes como a cor dos olhos. A
competitividade é a base da economia capitalista, mas não é a única responsável pelo preconceito,
além disso, há os fatores da personalidade e da aprendizagem social, desde crianças aprendemos
a conviver em sociedade com nossos pais, parentes, vizinhos, igreja, escola, etc., porém do ponto
de vista ético, a partir de um dado momento precisamos refletir se o que aprendemos está mesmo
correto e mesmo que esteja precisamos entender que não há verdades absolutas, no exemplo do
Holocausto citado anteriormente, na época em que ocorreu grande parte da população europeia
acreditava que até mesmo torturar e matar pessoas porque possuíam uma crença ou raça diferente
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Essa resolução ratificou o que já tinha sido definido pela Organização Mundial de Saúde
e colocou um divisor de águas na preservação dos direitos individuais e na maneira como o
profissional deve considerar o atendimento de pacientes homossexuais, principalmente para
aqueles que têm restrições à homossexualidade. A posição do Conselho Federal de Psicologia
sobre o tema, no mínimo, contribuiu para inibir práticas preconceituosas nos atendimentos e
induzir os mais intolerantes à reflexão, na medida em que abriu campo para que aqueles que se
julgarem prejudicados no atendimento dos serviços psicológicos se defendam.
A Resolução 01/99 está em sintonia com a Constituição Federal, que assegura “o bem de
todos, sem preconceitos” e tem o propósito de reafirmar que a sexualidade faz parte da identidade
do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade, e fazer com que o psicólogo use seu
conhecimento para esclarecer essas questões a fim de que a sociedade e a categoria superem
discriminações.
Para o Conselho Federal, a chamada “orientação sexual” não é algo que se mude, pois faz
parte integrante do sujeito e é resultado de um longo caminho pulsional que não possui uma rota
pré-estabelecida e muito menos um objeto único o qual todos deveriam almejar. Segundo o CFP,
o que determina a maneira como o sujeito vai experimentar a sua sexualidade é a interação de
inúmeros fatores psicossociais.
Ao normatizar a matéria sobre orientação sexual, o CFP espera que os psicólogos não
exerçam qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos homoerótica nem
tampouco orientem, de maneira coercitiva, tratamentos não solicitados. Além disso, não
poderão se pronunciar publicamente nos meios de comunicação de massa de modo a reforçar
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Cabe ressaltar que é bastante recente esta prática havendo a necessidade de grande
cuidado e compromisso ético, pois pode-se pensar que o vínculo psicólogo- paciente fique
comprometido sem estarem frente a frente, além do fato de que é preciso estabelecer um contrato
de forma bastante clara entre as partes, estipulando, método utilizado, dias, horários, duração dos
atendimentos, independente do meio utilizado.
De acordo com CFP (2019), o Conselho Federal de Psicologia, ao publicar a Resolução
CFP nº 11/2018, atualiza a Resolução CFP nº 11/2012 que trata sobre atendimento psicológico on-
line e demais serviços realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância. A resolução
atual amplia as possibilidades de oferta de serviços de Psicologia mediados por Tecnologias da
informação e comunicação, mantendo as exigências previstas no Código de Ética e exigindo
o cadastro individual e orientação do profissional junto ao Conselho Regional de Psicologia
para possíveis apurações em caso de prestação incorretas de serviço. Com a nova resolução,
o profissional de Psicologia se torna responsável pela adequação e pertinência dos métodos e
técnicas na prestação de serviços, não havendo necessidade de vinculação a um site.
Ainda de acordo com CFP (2019), a psicóloga ou psicólogo poderá oferecer consultas
ou atendimentos psicológicos de diferentes tipos por meio das tecnologias da informação e
comunicação, desde que cada tecnologia utilizada guarde coerência e fundamentação na ciência,
na legislação e nos parâmetros éticos da profissão. O atendimento, portanto, não poderá ocorrer
sem critérios, cabendo ao profissional fundamentar, inclusive nos registros da prestação do
serviço, se a tecnologia utilizada é tecnicamente adequada, metodologicamente pertinente e
eticamente respaldada.
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A consolidação e garantia destes direitos é uma luta e conquista diária. Por isto
que, ao mesmo tempo em que a doutrina do Direito Humano vai sendo construída,
é preciso organizar as instâncias para garanti-los e estimular permanentemente a
militância dos cidadãos em sua defesa.
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Um grande salto para a psicologia no que diz respeito a sua evolução enquanto
ciência embasada na subjetividade e com olhar voltado a participação política e
responsabilidade social ocorreu na década de 70 após ditadura em consonância
com as lutas sociais por melhores condições de trabalho, pela libertação sexual
feminina, igualdade de gênero, queda do autoritarismo, pelo fim das instituições
totais. Principalmente através do efetivo envolvimento na Luta antimanicomial, fo-
cando nos direitos sociais e humanos, surgindo a psicologia social e comunitária,
o que se consolidou ainda mais com a Constituição Cidadã de 1988.
Ainda para o jornal, a visão permanece basicamente a mesma nas décadas se-
guintes, apenas a partir da década de 1990 com o neoliberalismo, configura-se um
novo papel para os psicólogos com a maior reivindicação por políticas públicas
em todas as áreas e a inserção desse profissional em diversas áreas de atuação
acompanhada de considerável aumento no número de faculdades e universida-
des que ofereciam a formação em psicologia e na quantidade de pessoas da clas-
se média que conseguiam chegar a universidade, possibilitando diminuir o caráter
elitista da profissão, devendo na atualidade com a sociedade fortemente voltada
ao consumo, repensar suas práticas e valores, refletindo sobre a subjetividade
que os psicólogos podem e querem ajudar a construir, mais voltada a convivência
coletiva.
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2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
O preconceito é muito presente em toda a história da humanidade e especificamente na
sociedade brasileira o que pode estar correlacionado com baixo nível de escolaridade de grande
parte da população, baixo nível de desenvolvimento cultural, desconhecimento de sua própria
história, egocentrismo, baixa empatia, individualismo, marcas também do mundo capitalista em
que vivemos. Apesar de ser uma tarefa difícil acabar com o preconceito, entendemos a importância
de trabalharmos em prol de sua redução, pois isso já faria diferença para a população vítima desse
comportamento.
Além disso, o tema preconceito, embora não pareça, é bastante amplo e objeto de pesquisa
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REFERÊNCIAS
ADORO CINEMA. Quanto vale ou é por quilo?. s/d. Disponível em: http://www.adorocinema.
com/filmes/filme-110753/trailer-19433095/. Acesso em: 01 fev. 2019.
CFP. CFP publica nova resolução sobre atendimento psicológico on line. s/d. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/cfp/conheca-o-cfp/. Acesso em: 20 jan. 2019
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REFERÊNCIAS
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez,
1998.
RODRIGUES, A.; ASSMAR, E.; JABLONSKY, B. Psicologia Social. 18ª ED. Rio de Janeiro:
Vozes, 2000.
SANTOS, B.S. Crítica da razão indolente: contra o desperdício de experiência. Vol. 1. São Paulo:
Cortez, 2007.
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