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1- Enquadramento conceptual
“A qualidade do turismo não passa pelo luxo do estabelecimento hoteleiro, mas antes pela
capacidade de acompanhamento dos desejos e motivações da procura e uma forte adaptação a
situações novas “ (Cunha 1997, pág. 21).
Partindo da opinião de Cunha, centraremos a nossa oferta, de modo a, responder às preferências dos
turistas, proporcionando-lhe flexibilidade através de uma oferta variada, com grande enfoque na
animação ambiental, procurando estratégias, que conciliem de uma forma sustentada, os desejos da
procura com os recursos endógenos, criando ao mesmo tempo, mais-valias para a comunidade local.
Perante o esgotamento do turismo de massas, tirando partido da localização deste hotel, propõe-se a
exploração de forma planeada e em harmonia com os princípios da sustentabilidade ambiental,
criando um cluster ambiental, aonde iremos ancorar a revitalização desta unidade hoteleira. Esta
nova abordagem turística, terá o seu enfoque no turismo em espaço rural (TER) e no turismo de
natureza.
Esta aposta deve ser feita de forma planeada, de maneira a ir de encontro às motivações dos utentes
e á preservação dos recursos naturais, de acordo com o plano de gestão da área protegida aonde este
hotel está inserido. Nesse sentido e projectando a dinamização das actividades de uma forma
sustentada, centraremos o espaço natural classificado como motor da nova dinâmica, apostando em
parcerias com outros agentes ligados a esta área protegida, principalmente com os seus órgãos de
gestão.
O espaço natural, assume-se aqui como um valor, cultural, biológico e turístico, nesse sentido
iremos explorar o seu “consumo”, através da contemplação e contacto com uma paisagem muito
pouco antropizada.
A localização desta unidade hoteleira numa área protegida e o reconhecimento desta zona como
importante reserva cultural e ambiental, contribui para a definição da nova dimensão, valor e função
que se pretende imprimir a esta unidade turística, aproveitando as novas funções atribuídas a este
tipo de espaços naturais, destacando-se as actividades recreativas, científicas e turísticas.
Estes espaços naturais, de grande riqueza biológica, para serem valorizados em termos turísticos,
devem ser objecto de intervenções mínimas, de modo a tornar o seu usufruto sustentável.
Qualquer intervenção nesta área deve ser planeada com os gestores da área protegida e devidamente
licenciada. Assim e não tendo o conhecimento prévio do existente, é natural que seja necessário
implementar algumas medidas, capazes de harmonizar o ecossistema natural com as actividades
propostas, através de acções sustentadas, nomeadamente: abertura e manutenção de veredas,
limpeza de vegetação excedente, sinalização orientadora e interpretativa, identificação de espaços
de riqueza biológica, delimitação de áreas para prática de actividades, elaboração de cartografia e de
um plano de emergência.
As albufeiras apresentam potencialidades turísticas a par de algumas fragilidades, para minimizar o
impacto devem ser tomadas medidas de gestão eficazes e sustentáveis, nomeadamente através de
um plano de gestão de modo a regular os seus usos.
3- Plano de acção
• Elaboração de informação para distribuir aos clientes sobre a fauna, flora e geologia locais;
• Formação dos colaboradores em matéria correlacionadas com a conservação da natureza e da
biodiversidade;
• Adopção de boas práticas ambientais;
• Elaboração de informação para distribuir aos clientes sobre origem e modos de produção dos
produtos alimentares utilizados, os quais serão tendencialmente de origem biológica e
produzidos na unidade agrícola aonde o hotel está integrado;
• Uso predominante de flora local nos espaços exteriores do empreendimento, excepto nas áreas
de uso agrícola;
• Elaboração de informação sobre serviços complementares que garantam a possibilidade de
usufruto do património natural da região por parte dos clientes, nomeadamente através de
animação turística, visitação das áreas naturais, desporto da natureza ou interpretação
ambiental.
• Implementação de um Sistema de gestão ambiental certificado pela Norma ISO 14001, para
alcançar este objectivo, propõe-se primeiro a certificação ambiental do Eco-Hotel, que consiste
numa certificação ambiental pouco exigente em termos burocráticos. Este sistema visa facilitar
a iniciação de uma política eficaz de protecção ambiental, constituindo uma base sólida para
obter a certificação ISO 14001;
• Candidatura ao rótulo ecológico comunitário aplicável a serviços de alojamento turístico, tendo
por referência a Decisão da Comissão n.º 2003/287/CE, de 14 de Abril;
• Elaboração de um projecto de conservação da natureza e da biodiversidade, aprovado pelo
ICNB, I. P., o qual, deve ser transversal a todas as actividades complementares ao alojamento
de acordo com os seguintes critérios:
1- O projecto proposto, visa a compatibilização das várias actividades ligadas á animação
ambiental oferecidas por este hotel, com a sustentabilidade do espaço aonde elas são
realizadas e da própria área protegida, nesse sentido o projecto irá incidir em zonas piloto,
coincidentes com as actividades propostas aos turistas, os quais poderão optar por uma
participação activa no projecto, nomeadamente através da observação e monitorização de
aves e da flora;
2- Os valores naturais alvo do projecto, serão a fauna e a flora;
3- O cronograma da execução do projecto será adequado aos objectivos do projecto;
4- O projecto será uma mais-valia para a conservação do património natural, monitorizando
os fluxos migratórios das aves, a ocorrência das várias espécies da flora, a sua conservação
e o impacto que as actividades exercidas no âmbito do turismo de natureza, tem neste
espaço natural;
5- O projecto a apresentar, deve contar com a participação dos vigilantes da Natureza e dos
técnicos da área protegida, bem como envolver os turistas nas actividades do próprio
projecto, disponibilização serviços de visitação e actividades de educação ambiental
associados ao projecto.
b) Animação ambiental e desportiva
Esta unidade hoteleira irá central grande parte das suas actividades de animação, viradas para a
natureza, com especial enfoque, nas actividades previstas no projecto de conservação da natureza e
da biodiversidade a apresentar ao ICNB, no âmbito do pedido de classificação como turismo de
natureza.
Como foi descrito nas linhas gerais do projecto, irão existir actividades no âmbito do mesmo,
executadas pelos próprios hóspedes, proporcionando assim uma experiência única de contacto e
observação da natureza, a qual, será integrada num estudo científico. Nesse sentido serão
organizadas palestras sobre a biodiversidade da área protegida, que serão complementadas com
observações de campo, devidamente organizadas e os grupos que queiram integrar o projecto, ser-
lhe-á dada formação específica de modo a integrá-los no espírito do projecto, esperando que esta
estratégia fidelize estes turistas.
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Legislação: Decreto-lei 39/2008; Portaria nº 261/2009: Decisão da Comissão n.º 2003/287/CE