HA’MASKILIM
O livro dos iniciados
Iº Grau – Aprendiz
Malchut – Olam Ha’Assiah
Alef Yaakov
Pomar
de Romãs
Desde o princípio da transmissão da Tradição Primordial com
Adam, Chanóch, Matusalém, Noach, Shem, Avraham, Yitschak,
Yaacov, Iossef até Moshé, nosso mestre e sua transmissão até os
tanaítas e os amoritas, o Sagrado sempre foi estudado por meio de
quatro níveis de entendimento, que são explorados de acordo com a
qualidade intelectual e a sensibilidade espiritual de cada indivíduo. Ao
que isso se assemelha? Havia uma princesa de uma província
desconhecida que gostaria de casar-se com o filho do Rei. O
casamento aconteceu e no momento das núpcias, o filho do Rei
olhou para ela e percebeu que ela estava adornada com um belo
vestido de púrpura e pedras preciosas, um colar com os sete metais
preciosos, uma máscara e uma coroa de ouro; e ele teve de despi-la
por completo e retirar um a um dos seus adornos para então poder
deitar-se com ela.
Igualmente, a Divina Presença se enfeita com os adornos para
esconder sua beleza do profano e não ser reconhecida pelo ímpio em
todo o seu esplendor, por isso, o vestido, o colar, a máscara e a
coroa. Afinal, o que é a Torá? É um pomar de romãs. E o que é um
pomar de romãs? O desdobrar infinito de Sua doçura e beleza
através dos séculos. Está escrito (Tehilim 1:2-3): “(...) sua plena
satisfação está na Torá de Elohim, e na Sua Torá medito, dia e noite!
Ela [a Torá] é como a árvore plantada à margem de águas correntes:
dá fruto no tempo apropriado e suas folhas não murcham; tudo
quanto realiza prospera!” - Portanto, o que é a Torá? É a Estrutura
1
que outrora fora completada em Avraham e revelada para a
2
Comunidade de Israel com Moshé, nosso mestre.
A Torá é a Estrutura? Ao que isso se assemelha? O Rei
gostaria de enviar uma mensagem para os seus servos que outrora
foram enviados para uma província muito distante, no entanto, ele
não pode correr o risco que a mensagem fosse corrompida no
1
Neste sentido, refere-se a sefirá de Chéssed na Árvore das Vidas.
2
Este termo é utilizado na Cabalá para classificar Malchut.
3
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
4
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
para matar e aprender a usá-la para criar e por estes meios [de ação]
o aprendiz conquista a confiança de D‟s que começa a revelar, de
acordo com sua capacidade de discernimento, os Seus caminhos que
são misteriosos, doces e de boa sorte. O aprendiz irá, pela simples
lógica, sugerir que se comece o estudo pela via da narrativa e então,
adquira o conhecimento das indicações e comparações para só então
estudar o segredo. No entanto, esta via é questionável por aqueles
4
que foram definidos como SePhaRDi , definidos com o mesmo
acrônimo PRDS, porém, com as letras permutadas para SPRD.
Por que eles foram chamados com esse nome? Porque o
costume SePhaRDi estuda primeiro o Sod [segredo] e depois a Pshat
[narrativa] - SodPshatRemezDrash. Mas, como podem compreender
o segredo sem a narrativa? As razões pelas quais se cumpre as
mitsvot não são apenas pela sua moral intrínseca, mas por motivos
espirituais, tesouros sagrados escondidos e guardados para aqueles
que adquirem similaridade de forma com D‟s. Se compreende o
segredo antes da narrativa quando se vive a experiência do segredo
diariamente.
Existe um conto hagádico da tradição que revela a santidade
que existe nos Palácios Celestiais e como pode ser arriscado
introduzir-se neles sem o devido mérito. Assim está escrito (Talmud
Hagigah 14b): “Os rabinos ensinaram: Quatro entraram no Pardes.
Eles eram Ben Azzai, Ben Zoma, Acher e Akiva. Akiva disse-lhes:
Quando você chegar ao lugar de pedras de mármore puro, não diga:
„Água! Água!' porque se diz (Tehilim 101:7): „Aquele que fala
inverdades não se colocará diante dos Meus olhos.‟" - Ben Azzai
olhou e morreu. Quanto a ele, está escrito (Tehilim 116:15): "Preciosa
aos olhos de D's é a morte de Seus piedosos.” - Ben Zoma olhou e foi
ferido. Quanto a ele, está escrito (Mishley 25:16).: 'Você encontrou
mel? Coma o quanto você precisar, para que você não fique cheio e
vomite.‟ - Acher cortou as plantações. Rabi Akiva entrou em paz e
saiu em paz.
E existe ainda outra versão da lenda encontrada no Zohar 1,
26b e Tikunei Ha‟Zohar 40, que acrescenta à história: “O antigo Saba
(um homem velho) levantou-se e disse (para Shimon bar Yochai):
4
Sefardita (em hebraico ספרדים, sefaradi; no plural, sefaradim) é o termo usado para
referir aos descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha.
5
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
"Rabi, rabi! Qual é o significado do que o Rabi Akiva disse aos seus
alunos: Quando você chega ao lugar de pedras de mármore puro,
não diga 'Água! Água!' para que não se coloquem em perigo, pois se
diz (Tehilim 101:7): “Aquele que fala inverdades não ficará diante dos
Meus olhos” - Mas não está escrito (Bereshit 1:6): Haverá um
firmamento entre as águas e ele separará entre a água (acima do
firmamento) e água (abaixo do firmamento)? Se a Torá descreve a
divisão das águas em superior e inferior, por que deveria ser
problemático mencionar essa divisão ou até mesmo recordá-la na
visão mística? Outrossim, uma vez que existem águas superiores e
inferiores, por que Rabi Akiva os avisou: "Não digas: Água! Água!”?
O Luzeiro (um título para Shimon bar Yochai) respondeu:
"Saba, é apropriado que você revele esse segredo que os chevraya
(círculo de discípulos de Rabi Shimon) não entenderam claramente."
O antigo Saba respondeu: "Rabi, rabi, Lâmpada Sagrada.
Certamente as pedras de mármore puro são a letra yod - uma do yod
superior da letra alef, e uma do yod inferior da letra alef. Aqui não há
impureza espiritual, apenas pedras de mármore puro, então não há
separação entre uma água e outra, elas formam uma unidade única
do aspecto da Árvore das Vidas, que é o vav no meio da letra alef.”
Interessante notarmos que a experiência do PRDS não se trata
exclusivamente de aprendizado/comunicação entre professor e aluno
ou algo meramente explicativo pela lógica, mas, trata-se de uma
experiência de visão mística e verdadeira ascensão espiritual do
discípulo para uma província desconhecida, onde ele transcende
5
todos os limites de sua consciência. O cabalista Moshe Cordovero
6
se aprofunda em sua obra magna Pardes Rimonim , naquilo que foi
5
Moses ben Jacob Cordovero (hebraico: קֹורדֹובֵירו ְ )משהou Moshe ou Moshê e
também Moisés Cordovero; Foi um rabino e cabalista galileu de Safed; Nascido em
1522; Morreu em 25 de junho de 1570. Pertencia a uma família espanhola,
provavelmente de Córdoba devido ao nome "Cordovero". Depois de ter estudado
literatura rabínica sob a orientação de Yosef Karo, Cordovero, aos vinte anos de idade,
foi iniciado por seu cunhado Salomão Al -abi nos mistérios da Cabalá, no qual ele logo
se tornou uma autoridade reconhecida. Foi uma figura central no desenvolvimento
histórico da Cabalá, líder de uma escola mística no séc. XVI em Safed, Israel. Ele é
conhecido pelo acrônimo Ramak (hebraico: )רמ"ק.
6
Pardes Rimonim (que significa “Pomar de Romãs") é um texto principal da Cabala ,
composto em 1548 pelo místico judeu Moses ben Jacob Cordovero em Safed, Galiléia.
Safed do séc. XVI viu a sistematização teórica das visões teosóficas cabalísticas
6
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
explicado pelo Zohar sobre o que Rabi Akiva ensinou aos seus
discípulos que pretendiam subir a Montanha Sagrada. Assim está
escrito (Pardes, Shaar Arachei HaKinuim, sv Mayim): “O significado
da exortação de Rabi Akiva é que os Sábios não devem declarar que
existem dois tipos de água. E que não há [dois tipos de água], pois
estaria causando uma separação [no Reino Divino, onde todas as
coisas estão unificadas].
Este é o significado de "não diga 'água! água!'" - não diga que
existem dois tipos de água, para que você não se coloque em perigo
por causa do pecado da separação. Por isso o velho fez duas
perguntas, ambas verdadeiras perguntas: "Haverá um firmamento
entre as águas” (Bereshit 1:6) - Assim, há dois tipos de água e uma
separação entre eles. Neste caso, não parece ser permitido referir-se
a dois tipos de água? Ainda mais problemático é que a própria Torá
afirma: "Ele deve separar entre águas e águas" - a água acima do
firmamento e a água abaixo do firmamento - esta é uma separação
completa. O velho fez uma segunda pergunta: “As águas são na
verdade de dois tipos: água acima do firmamento e água abaixo do
firmamento [em rios, lagos e mares]. Por que então Rabi Akiva os
exortou a não dizer „água! água!‟ para que não se ponham em
perigo?" Pelo contrário; deve ser permitido mencionar dois tipos de
água, pois isso não é pior do que a linguagem usada pela Torá, e
esta também é a situação de fato! Ora, o Rabi Shimon não desejava
explicar esse assunto ele mesmo; ele queria que seus discípulos
ouvissem do velho.
O velho explicou que cada uma das pedras de mármore [da
visão mística ao subir a Montanha Sagrada] representa a letra yod.
Como explicamos em outro lugar, isso significa um yod no início e um
yod no final, de acordo com a explicação mística de "Eu sou o
primeiro e o último" (Yesha‟yahu 44:6). O primeiro yod representa
Chochmá, e o segundo yod representa Malchut, que também é
Chochmá de acordo com a explicação mística da luz que retorna de
baixo para cima [o segredo da dissolução e coagulação] chamada
Ohr Chozer. O yod superior é o yod do Tetragrammaton (yod-he-vav-
7
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
8
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
9
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
10
Sefer Ha Maskilim – O Livro dos Iniciados בס’‘ ד
Alef Yaakov
11